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PATRÍCIA LINDEMANN 1 Hipertireoidismo Felino Mais comum em gatos, principalmente os mais velhos. Endocrinopatia mais comum dos felinos nos EUA e em SP. Pode ter como causas, hiperplasias, ou neoplasias como: ➔ Adenomas ➔ Adenocarcinomas Normalmente ocorre de forma bilateral. Já se sabe que gatos de cidades grandes apresentam maior incidência de hipertireoidismo, que gatos do interior. Gatos totalmente indoor, apresentam maior tendência a desenvolverem hipertireoidismo. Ainda se observa que há uma maior ocorrência em gatos com mais de 10 anos, entretanto pode ocorrer em felinos mais jovens. Sinais Clínicos Os principais sintomas clínicos que podem ser observados nos felinos são: ➔ Perda de peso. ➔ Polifagia, onde ainda ocorre perda de peso. ➔ Poliúria. ➔ Polidipsia. ➔ Vocalização intensa. ➔ Agitação. ➔ Taquipnéia. ➔ Taquicardia. ➔ Êmese. ➔ Diarreia. ➔ Cobertura pilosa irregular. ➔ Apatia. ➔ Anorexia. ➔ Letargia. Na anamnese o tutor tende a falar que apesar de já ser idoso, parece que o gato está mais agitado, como se fosse filhote novamente, está perdendo muito peso, mas come muito. Ao perceber o ECC baixo, se deve sempre pensar nas seguintes doenças crônicas catabólicas: ➔ Doença Renal Crônica. ➔ Neoplasia. PATRÍCIA LINDEMANN 2 ➔ Síndromes imunossupressivas. ➔ Doença intestinal inflamatória. ➔ Hipertireoidismo. ➔ Diabetes mellitus. Diagnóstico Hemograma Normalmente se observa uma leucocitose inflamatória, de estresse, pois ele está em estresse constante, e secretam mais cortisol. Ainda pode se observar no hemograma, tanto anemia, como policitemia, pelo aumento dos precursores, ou desidratação (poliúria intensa). Já a anemia nesses casos se desenvolve normalmente pela presença de mais comorbidades e enfermidade. Bioquímica Sérica Pode se observar muitas vezes azotemia, por desidratação, ou por uma doença renal também desenvolvida pelo animal. Pode ser por motivo renal, ou pré-renal. Alguns casos podem ocorrer de se observar a diminuição da creatinina sérica nesses pacientes, pela redução intensa da massa muscular, além dos rins estarem trabalhando com alta demanda, realizando altas taxas de filtração glomerular. Às vezes na clínica podemos nos deparar com animai hipertireoideo, que não apresentam azotemia, entretanto ao tratar e deixá-lo eutireoideo, o animal pode se tornar azotêmico, pois esses animais normalmente já apresentam uma doença renal cônica mascarada, pela perda de massa muscular, e alta taxa de filtração glomerular. Além do gato normalmente apresentar aumento da pressão arterial, pela elevação da tiroxina. O SDMA pode ser uma dosagem boa de avaliação para esses pacientes, pois ele se eleva antes da creatinina, com apenas 40% dos néfrons comprometidos. Deve ser dosado duas vezes em um intervalo de 14 dias, e se as duas dosagens estiverem aumentadas (>14µg/dL) PATRÍCIA LINDEMANN 3 A hiperfosfatemia também pode ocorrer, assim como a hipocalemia, que pode desenvolver no animal, um hiperparatireoidismo secundário pelo aumento do PTH. Esses pacientes normalmente chagam na clínica com ventroflexão cervical, ou seja, pescoço caído. Pode ocorrer aumento de FA e ALT. T4 total estará aumentado. TSH estará diminuído. Urinálise Se estiver cursando com poliúria, a densidade vai estar reduzida. E há uma tendência desses animais serem proteinúricos, se vendo necessário dosar creatinina e proteína urinária para ver a razão proteína/creatinina urinária, e caso esteja maior que 0,4 o animal está proteinúrico. Exame físico A palpação cervical é de extrema importância, pois 80% dos gatos hipertireoideos terão tireoides aumentadas. Os gatos com hipertireoidismo podem ainda desenvolver problemas cardíacos, assim como a hipertensão, e cardiomiopatia hipertrófica, normalmente assimétrica, ou inespecífica. Tratamento O tratamento pode se dar de forma cirúrgica, onde pode-se realizar: ➔ Tireoidectomia: indicada para carcinomas invasivos, onde se preserva ao menos uma das paratireoides. Se a tireoide estiver aderida, com invasão de musculatura, esôfago, apresentar metástase pulmonar, provavelmente é carcinoma. Uma forma de tratamento é a utilização de fármacos anti-tireoidianos como: ➔ Metimazole (1,25-5 mg/gato BID até 15mg/gato): é captado pela tireoide e inibe a produção hormonal, dessa forma, se o tratamento for interrompido, vai ocorrer recidiva, pois, a fonte do problema não é tratada. PATRÍCIA LINDEMANN 4 Como não é tratado a origem, esse paciente normalmente necessita aumento das doses, e quando a dose chega a 15mg/gato, é necessário se procurar outra terapia, pois se aumentar a dose, o paciente começa a presentar efeitos colaterais mais intensos, e se perde o controle do hipertireoidismo e acabar gerando hipertireoidismo refratário. O vômito é o principal efeito colateral desse fármaco para gatos. A dieta é uma forma de tratamento, entretanto não está disponível no Brasil ainda, pois essa dieta consiste na redução do iodo da alimentação, conferido pela ração Tryroid Care y/d da Hills, que apresenta: ➔ Teor reduzido de iodo, para desestimular a produção tireoideana. ➔ Teor reduzido de Na e P, pois se sabe que esses gatos tendem a acumular esses elementos. ➔ Rico em taurina para preservar a função cardíaca e muscular, L-carnitina e ômega 3, para tentar mante a integridade muscular. ➔ Os primeiros resultados começas a ser observados em 3 semanas de uso. Esses pacientes não podem ter acesso a outros alimentos, pois vai fornecer iodo, impedindo o controle. Como não é tratamento, pode desenvolver no animal o hipertireoidismo refratário. A iodoterapia é uma possibilidade, em que se aplica de forma subcutânea iodo radioativo, que é captado pela tireoide e causa destruição de células hiperplasiadas, adenomatosas ou carcinomatosas da tireoide, mantendo apenas células saudáveis. Essa é a terapia mais simples, efetiva e segura podendo apresentar uma resposta de 1 a 12 semanas. Onde e 90 a 95 % dos casos se torna curativa em dose única, podendo em alguns casos haver necessidade de repetição da terapia. Entretanto esse tratamento apresenta alto custo e no Brasil só há possibilidade de ser realizado em São Paulo. Monitoramento Determinação do T4 total. PATRÍCIA LINDEMANN 5 ➔ 4-6 semanas após início do tratamento ➔ A cada 3 meses. ➔ A cada 6 meses. ➔ (a cada ajuste de dose, reavaliar em 15-30 dias). ➔ Avaliação dos parâmetros renais, pois pode haver piora da azotemia. Melhorar as condições gerais do paciente: ganho de peso, pelame, ECC, resolução da taquicardia e das alterações comportamentais. Monitorar: creatinina, ureia, densidade urinária, P, K, TFG estabiliza 30 dias após eutireoidismo. T4 livre por diálise de equilíbrio não é indicado para monitorar Hipertireoidismo em felinos.
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