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Classificação dos crimes

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CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES
1) 
a) Crime material – Infração que gera mudança no mundo exterior (resultado naturalístico) e que só se consuma quando tal resutlado é obtido.
Ex. homicídio, furto, roubo. 
Sum. 582 STJ “o roubo vai se consumar com a inversão da posse, ainda por breve espaço de tempo e momento, ainda que não seja essa posse mansa e pacífica” 
b) Crime Formal (de consumação antecipada, de resultado cortado) – A conduta descreve um resultado naturalístico, porém não é necessária a sua ocorrência para a consumação do delito. Consuma-se com a conduta e não com o resultado.
Ex. Extorsão, corrupção de menores
Enunciado da Súmula 96 STJ: "O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida." 
Enunciado da Súmula 500 STJ: "A configuração do crime do art. 244-B do ECA inde pende da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal." 
c) Crime de mera conduta – O tipo penal apenas descreve uma conduta, sem a previsão de resultado naturalístico. Jamais vai gerar esse tipo de resultado.
Ex. Violação de Domicílio, porte de arma de fogo.
Obs. Todo crime, entretanto, possui resultado jurídico, uma vez que há violação ao bem jurídico tutelado pela norma penal.
2
a) Crime Comum – Pode ser praticado por qualquer pessoa. Não exige uma característica específica do sujeito ativo. 
Ex. Homicídio, furto, extorsão.
b) Crime próprio – Exige uma característica ou condição especial do sujeito ativo. 
Ex. crimes funcionais → apenas funcionários públicos (ou particular em coautoria com func. público)
Ex. furto de coisa comum. → apenas coerdeiro, condômino ou sócio.
Obs. Há o crime bipróprio quando tanto o sujeito ativo quanto o sujeito passivo necessitam de condições especiais para a ocorrência do crime.
c) Crime de mão própria – Exige uma característica especial do agentem e só pode ser cometido por este, sem a possibilidade de delegar a conduta. Exige-se a sua atuação especial.
Ex. Falto testemunho, falsa perícia.
Obs. Os crimes de mão própria admitem participação e, em regra, não admitem a coautoria, salvo exceções raríssimas, como na falsa perícia realizada por dois peritos, em conluio, que mentem e falsificam. 
3
a) Crime simples – Delito formado por apenas um tipo penal.
Ex. furto
b) Crime complexo – Delito que resulta da fusão de dois ou mais tipos penais.
Ex. roubo (lesão corporal ou ameaça + furto)
c) Crime ultracomplexo – Possui uma qualificadora ou causa de aumento de pena que esteja previsto num tipo penal específico.
Ex. Roubo praticado com emprego de arma de fogo. (art. 157, §2º-A, I, CP)
4)
a) Crime instantâneo – Delito de consumação imeditada. 
Ex. furto, roubo.
b) Crime permanente – Delito se consuma ao longo do tempo. 
Ex. Extorsão mediante sequestro, posse de arma de fogo.
c) Crime eventualmente permanente – Furto de energia (art. 155, §3 do CP)
d) Crime instantâneo de efeitos permanentes – A consumação ocorre em momento específico, mas os efeitos do delito se prolongam no tempo.
Ex. adulteração de sinal identificador de veículo automotor, homicídio, bigamia.
e) Crime a prazo – Só haverá a consumação do delito após transcorrido o tempo legalmente determinado. 
Ex. Lesão corporal que resulta incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias (art. 129, §1º, I, CP).
5
a) Crime unissubjetivo (unilateral, monossubjetivo, de concurso eventual)
Delito que pode ser praticado por um ou vários agentes, em concurso de pessoas.
b) Crime Plurissubjetivo (plurilateral, de concurso necessário)
Delito que só pode ser praticado em concurso de agentes (coautores ou partícipes).
Ex. associação criminosa.
(art. 288 do CP), rixa (art. 137 do CP)
c) Crime eventualmente coletivo – trata-se de delito unissubjetivo que, praticado em concurso de agentes, gera aumenta de pena ou qualificadora (ex.: furto qualificado, Art. 155, § 4º, IV, CP; roubo majorado (Art. 157, § 2º, II, CP).
6
a) Crime de dano – delito que gera efetiva lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal.
Ex. lesão corporal, homicídio.
b) Crime de Perigo – Consuma-se com a exposição do bem jurídico a perigo. Divide-se em:
b.1) crime de perigo concreto: deve haver a efetiva comprovação do risco ao bem jurídico.
Ex. crime de explosão (art. 251 do CP)
b.2) Crime de perigo abstrato ou presumido – Basta a mera conduta, uma vez que a lei a presume perigosa. 
Ex. Tráfico de drogas.
Críticas: O crime de perigo abstrato sofre críticas dos doutrinadores pelo princípio da lesividade, que considera que só haverá crime, que o Direito Penal só poderá tutelar uma determinada situação, um determinado bem jurídico, quando houver uma efetiva lesão (crime de dano) ou perigo de dano para o bem jurídico tutelado pela norma penal (perigo concreto). Em nenhum moimento o princípio da lesividade ou da ofensividade trata do perigo abstrato. Segundo os doutrinadores, o Direito Penal está se “inchando” de condutas preventivas que não deveriam ser designadas, nem prescritas como crimes. 
7 
a) Crime unissubsistente – a conduta é praticada mediante somente uma ação. Não se admite o fracionamento dos atos executórios. Assim, não admite tentativa. 
Ex. Injúria, ameaça, quando cometidos verbalmente.
b) Crime plurissubsistente – A conduta pode ser fracionada. Há mais de uma ação no intuito de consumar o delito. Admite tentativa.
Ex. homicídio.
8
a) Crime comissivo ou de ação – O tipo penal descreve uma conduta positiva, uma ação.
b) Crime omissivo ou de omissão – delito cometido por meio de uma conduta negativa, uma inação. O agente deixa de fazer algo que a lei obrigava e que era possível realizar. 
Ex. omissão de socorro.
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública. 
Os crimes omissivos subdividem-se em: 
a) Crimes omissivos próprios ou puros O próprio tipo penal descreve a conduta omissiva.
 Ex.: omissão de socorro (Art.135), omissão de notificação de doença (Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória). 
Os crimes omissivos próprios podem ser praticados por qualquer pessoa e são unissubsistentes (conduta praticada mediante somente 1 ato) e não admitem a tentativa. Ademais, em regra serão crimes dolosos, mas a lei prevê algumas hipóteses culposos (ex.: omissão de cautela, Art. 13, da Lei n. 10.826/2003). 
b) Crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão 
O tipo penal apresenta uma conduta comissiva (positiva, ação), mas o agente produz o resultado naturalístico por meio de uma omissão que viola seu dever jurídico de agir. 
Quem tem o dever jurídico de agir? 
Código Penal 
Art. 13 § 2º– quem tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; quem de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; quem, com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. 
	
	Omissivos Próprios
	Omissivos impróprios (comissivos por omissão)
	Tipo penal
	Descreve uma conduta omissiva, uma inação
	Descreve uma conduta comissiva, uma ação
	Quem pode praticar
	Qualquer pessoa, a menos que o tipo penal exija qualiade específica do sujeito ativo. 
Em regra são crimes comuns.
	Somente quem tem o dever jurídico de agir, conforme estabelecido no art. 13, §2º, do CP.
São crimes próprios.
	Conatus
	Não admite tentativa.
	Admite tentativa
	Elemento subjetivo
	Em regra, dolosos.
	Compatível com o dolo e a culpa.
	Consumação
	Em regra, crimes de mera conduta
	Crimes materiais. É necessária a ocorrência do resultado naturalístico.

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