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PM-SP POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO FILOSOFIA INTRODUÇÃO À FILOSOFIA Livro Eletrônico 2 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br SUMÁRIO Introdução à Filosofia ..................................................................................3 Apresentação e Metodologia .........................................................................4 1. História da Filosofia – Instrumentos de Pesquisa .........................................6 1.2. Introdução à Filosofia da Ciência ..........................................................25 1.3. Introdução à Filosofia da Cultura ..........................................................28 1.4. Introdução à Filosofia da Arte ..............................................................31 1.5. O Intelecto – O Empirismo e Criticismo .................................................35 1.6. Democracia e Justiça ..........................................................................40 1.7. Direitos Humanos...............................................................................43 Questões de Concurso ...............................................................................48 Gabarito ..................................................................................................67 Questões Comentadas ...............................................................................68 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 3 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br INTRODUÇÃO À FILOSOFIA Júlio César Amaro é graduado em Filosofia pelo Instituto de Ensino Superior do Centro Oeste – IESCO (2010), com especialização em Docência do Ensino Superior e Gestão & Orientação Educacional pela Faculdade de Tecnologia Equipe Darwin – FTED (2011). Atualmente, leciona Filosofia e Sociologia para o Ensino Médio e desenvolve projetos transversais e interdisciplinares para o Ensino Fundamental (Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal – Rede Pública de Ensino). Também lecio- na Filosofia para o Ensino Superior (Cursos de Pedagogia e Administração – Rede Privada de Ensino), além de possuir experiência com cursos preparatórios para concursos e pré-vestibulares. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 4 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br Apresentação e Metodologia Olá, querido(a) estudante, tudo bem? Iniciarei nossa conversa afirmando que é um enorme prazer poder contribuir para a realização de um sonho que também já compartilhei: a aprovação em um concurso. Como sabemos, o funcionalismo público é o objetivo de grande parte dos cidadãos(as) brasileiros(as) e podemos enumerar vários motivos para tal fator como, dentre outros, motivações econômicas, busca por estabilidade profissional/ financeira e, porque não, realização pessoal?! Dessa forma, por se tratar de um objetivo compartilhado por um grande número de pessoas, existe uma ampla con- corrência para a ocupação das respectivas vagas e é justamente nesse sentido que buscarei dar minha contribuição. Como visto, possuo formação em Filosofia, assunto que sempre chamou minha atenção e uma área pela qual, desde os tempos de estudante da educação bási- ca, nutro uma enorme paixão. Profissionalmente, atuo há oito anos (rede pública e privada de ensino) e buscarei, nas páginas a seguir, demonstrar a importância da Filosofia, bem como sua aplicabilidade, seu desenvolvimento histórico e a parte que – sendo sincero – seja a que talvez mais lhe interesse nesse contexto: o co- nhecimento técnico e formal; para que você não encontre maiores dificuldades no certame que se aproxima. O serviço público implica uma série de responsabilidades segmentadas em di- versos setores, e, portanto, é uma injustiça atribuir suas mazelas apenas àque- les(as) que estão inseridos no mesmo. Parto desse pressuposto, pois a educação pública fez parte de toda minha formação básica e atribuo à mesma algumas de minhas realizações pessoais e meu sucesso profissional. Tive o privilégio de encon- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 5 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br trar grandes mestres na escola pública e é a realização de um sonho poder retribuir com o meu trabalho tamanha gratidão. Espero, portanto, que, mesmo atuando em áreas distintas da qual atuo, você alcance seu objetivo e tenha consciência da res- ponsabilidade que lhe será implicada. Quando o estudo é individualizado, por meio de pesquisa, resolução de exercí- cio, leitura etc., nós o executamos como uma espécie de monólogo, tendo o autor como detentor do conhecimento inquestionável. Contudo, não é essa a proposta da aula a seguir, pois a Filosofia implica necessariamente o questionamento, a dúvida, a curiosidade e também a busca pela veracidade das informações que nos são transmitidas. Assim, aproveitarei a experiência que possuo em sala de aula e as dúvidas que nela surgem, para que possamos desenvolver, na medida do possível, uma atividade dialogada. É respondendo às suas dúvidas que seu aprendizado será desenvolvido e memorizado da melhor maneira possível. Durante a aula, você en- contrará algumas questões comentadas, tais questões serão reforçadas numa lista de exercício com gabarito e demais comentários ao final. Aproveite para testar seu entendimento. O estudo é uma tarefa que exige bastante disciplina, autocontrole, adminis- tração do tempo e uma enorme responsabilidade consigo mesmo. Desejo a você, estudante, sucesso nesse processo e em sua finalidade; tenha em mente que nossas conquistas são precedidas de alguns esforços e abdicações. Vamos juntos nessa caminhada. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 6 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br 1. História da Filosofia – Instrumentos de Pesquisa Antes de iniciarmos nossa conversa sobre a História da Filosofia propriamente dita, é importante fazermos uma análise de conjuntura para o seu surgimento, posterior desenvolvimento e, por fim, buscarmos uma compreensão acerca das características do conhecimento filosófico, tendo em vista que o mesmo é fruto de um processo evolutivo e transitório. O nascimento da Filosofia não é, portanto, um fato que se deu isoladamente, a Filosofia surge como consequência de contextuali- zações sociais e históricas, como veremos a seguir. A racionalidade é uma característica que costumamos utilizar para diferenciar o ser humano das demais espécies, correto? O que, por vezes, não destacamos é o fato de que essa mesma racionalidade gera uma série de outras características que também poderão ser utilizadas para a mesma diferenciação. O ser humanobusca compreender o espaço que ocupa, os fenômenos que presencia, bem como a realidade na qual está inserido para que também possa intervir na mesma. Isso não é um privilégio do homem moderno, pós-revolução industrial, capitalista ou contemporâneo. A curiosidade é uma característica que nos acompanha ao longo de toda a nossa história. Utilizarei a própria natureza para que fique mais clara tal análise. Hoje, compre- endemos sem maiores dificuldades alguns fenômenos naturais, compreendemos o que ocasiona uma chuva, um relâmpago, um terremoto etc. Agora, querido(a) estudante, imagine as pessoas querendo compreender esses mesmos fenômenos há mais de dois mil anos. Algo que lhe parece tão óbvio, foi motivo de diversas te- orias e impulsionou anos de suposições e reflexões. Inicialmente, as respostas para os respectivos fenômenos – não só naturais, mas também sociais e até mesmo de O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 7 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br cunho pessoal – eram dadas por meio de atribuições divinas, ou seja, as coisas eram vistas como dádivas ou castigo dos deuses, aconteciam de acordo com suas vontades; às vezes, uma benção e, em outros casos, castigo. É assim que entenderemos no que consiste o conhecimento mitológico, um tipo de conhecimento que antecedeu o filosófico e se caracteriza por não passar por sistematizações e encadeamentos lógicos de raciocínio; é de caráter religioso e se baseia na fé. Você já deve ter visto em filmes, livros ou revistas, uma tempestade atribuída a um Deus, uma paixão atribuída à Afrodite, uma guerra motivada por interesses divinos, correto?! Era dessa forma que as indagações humanas eram res- pondidas, por meio de contos, histórias, fábulas escritas por poetas, que eram tidos como escolhidos pelos deuses, uma espécie de autoridade máxima do conhecimento. CURIOSIDADE: na mitologia grega, Afrodite é conhecida como a Deusa do amor e, em algumas citações, é apontada como mãe de Eros (que em outras obras é mencionado como filho do Caos). Eros, na mitologia romana, é conhecido como Cupido, lhe soa familiar? Atualmente, ainda criamos histórias fabulosas e fantasiosas que se baseiam puramente na imaginação. Continuamos criando heróis, deuses e semideuses. A diferença é que a mitologia que ainda se faz presente em nossas vidas tornou-se uma maneira de entretenimento, não a utilizamos mais como valor de verdade ou referencial de conhecimento. Consumimos livros, revistas, roupas, filmes etc. com os respectivos heróis, simpatizamos com alguns deles, não gostamos de outros, mas não recorremos aos mesmos em situações de risco ou para alcançarmos res- postas para nossas dúvidas. Quando nos referimos a um atleta, por exemplo, como O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 8 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br um “mito”, a ideia que se quer transmite é de grande superioridade em relação aos oponentes, porém, é sabido que, por trás de tamanha superioridade, existe treino, abdicação de algo e bastante dedicação, não contribuições sacras, já que sabemos que se trata de um ser humano, não um herói ou um Deus. Dizemos que Mike Tyson é um “mito” dos ringues, tratamos Senna como um “mito” das pistas, Usain Bolt como “mito” do atletismo etc. Todavia, continuamos vendo, ne- les, seres humanos, por mais fantásticos que sejam em suas respectivas funções. Professor, ainda hoje é possível percebermos resquícios disso, concorda? Algumas pessoas ainda atribuem alguns acontecimentos a vontade divina, não é mesmo?! Sim, a religião faz com que as pessoas façam esse tipo de relação. Partindo dessa ideia, você pode compreender como o politeísmo (vários deuses) era à época. Esses Deuses, que hoje relacionamos apenas a contos e fábulas, eram tidos como verda- deiros, as pessoas os cultuavam, idolatravam e o seguiam, guerras aconteciam em nome desses deuses, essa era a fé, conforme boa parte da humanidade ainda tem. Na Mitologia, Humanos Deuses Semideuses ou Heróis – Não possuem pode- res e são mortais. – Possuem poderes e são imortais. – Junção entre deuses e seres humanos: possuem poderes, mas são mortais. Imagem de Zeus em Mármore, Século II – Museu Britânico; Deus dos deuses, do trovão e da ordem. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 9 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br O fato é que o conhecimento humano é transitório e evolutivo, nunca estático e permanente, memorize isso. Ou seja, tais explicações pautadas em ações e inte- resses divinos não foram satisfatórias para o decorrer histórico e deixou de respon- der à curiosidade humana, que buscou outra maneira de responder e compreender o mundo e os mais distintos fenômenos. CALMA! Ainda é cedo para falarmos sobre o conhecimento científico. É nesse contexto que o conhecimento filosófico se de- senvolverá, pois era necessário que fosse desenvolvido um tipo de conhecimento que passasse por uma sistematização lógica, fosse racional e buscasse respostas mais concretas para tantas perguntas. Entretanto, o nascimento da Filosofia não representou o fim da Mitologia, trata-se de um processo de transição. Tan- to é que alguns filósofos elaboravam histórias mitológicas como um meio de com- preensão de suas respectivas teorias. Para que você tenha uma ideia mais ampla sobre isso, mais adiante trataremos do Mito da Caverna, de Platão. Pelo fato do conhecimento humano ser evolutivo, a banca pode usar isso para con- fundir os candidatos. Um tipo de conhecimento pode substituir o outro, mas isso não implica necessariamente num fim; o conhecimento filosófico não significará o fim do mitológico, assim como o conhecimento científico não representará o fim do filosófico. Fique atento(a). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 10 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br ESQUEMA: Conhecimento Mitológico Conhecimento Filosófico – Não possui sistematização racional; – Ilógico; – Possui caráter religioso; – Baseia-se na fé. – Requer sistematização racional; – É Lógico; – Não possui caráter religioso; – Baseia-se na razão. Mas, professor, se a Filosofia buscou explicações mais fundamentadas, por que seu desenvolvimento não implicou o fim da mitologia? A resposta é simples caríssimo(a) estudante, as pessoas não costumam reagir bem quando sua fé é colocada à prova, certo?! Os deuses da mitologia eram cultu- ados, idolatrados e seguidos. Não foram raras as vezes que o desenvolvimento da Filosofia encontrou resistência e foi visto como um simples ato de blasfêmia. Pes- soas foram perseguidas, tiveram obras destruídas, recuaram com suas reflexões e até mesmo morreram,ao longo de toda a nossa história (não só da Filosofia), buscando uma evolução para o conhecimento humano. Se partirmos das características do conhecimento filosófico como tal, torna-se difícil uma definição de datas, locais e pessoas que deram o pontapé inicial para seu desenvolvimento, mas a História da Filosofia, assim como a História de um modo geral, se fundamenta em registros e tais registros vão nos mostrar que a Filosofia ocidental surgiu na Grécia Antiga por volta século VII a.C com o filósofo Tales de Mileto (Mileto corresponde à cidade de Tales – o local era uma maneira de diferen- ciar os pensadores na época), conhecido como o primeiro pensador a indagar ra- cionalmente o universo. Portanto, problematizando ou não, o nascimento do saber filosófico relaciona-o com a Grécia, pois não lhe faltarão fundamentos teóricos para uma possível resposta sobre o surgimento da Filosofia. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 11 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br A criação do termo FILOSOFIA é atribuída a Pitágoras – isso mesmo, o mesmo que você estudou nas aulas de Matemática – e é uma junção de duas palavras gregas: Philo = Amor; e Sophia = Sabedoria. Portanto, Filosofia significa amizade/amor à sabedoria e o filósofo é aquele que direciona seu intelecto na construção do conhe- cimento, aquele que ama a sabedoria. Lindo, não é mesmo?! Esse período inicial da Filosofia é conhecido como FILOSOFIA ANTIGA, e pode- mos dividi-la em três momentos: o pré-socrático, o clássico e o pós-socrático (ou- tros autores o dividem em até quatro, acrescentando aí o período Greco-Romano; como as características referentes ao conhecimento filosófico permanecem próxi- mas, simplificaremos em Pré, Socrática – Clássica – e Pós-Socrática). É importan- tíssimo que você compreenda a diferença entre tais momentos. Lembre-se de que o que vai definir um filósofo como pré ou pós-socrático ou de períodos distintos, não é propriamente uma ordenação cronológica, o momento em que ele viveu, mas sim as características de suas reflexões, que irão se relacionar com as características de algum período específico, como veremos nas páginas que estão por vir. Seria de uma redundância sem tamanho você caracterizar o período pré-socrá- tico como aquele que antecede a existência de Sócrates e o pós como o período posterior a ele, apenas. A Filosofia pré-socrática é marcada pela tentativa de com- preensão da natureza (que antes era respondida por meio da Mitologia, NÃO SE PERCA) e pela busca de um princípio original, algo que tenha dado início a tudo – O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 12 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br compreende-se a substância original como ARCHÉ (Princípio). Por estarem voltados à natureza, os pré-socráticos são conhecidos também como naturalistas ou filósofos da natureza. Cosmologia – investigação acerca da origem do universo/mundo. Uma das maiores discussões acerca da origem do universo foi protagonizada pelos filósofos Heráclito (535 – 475 a.C) e Parmênides (530 – 460 a.C), discussão essa que se estendeu entre outros filósofos e períodos da Filosofia. Ao afirmar que “é impossível nos banharmos duas vezes no mesmo rio”, Heráclito defendia a ideia de um mundo em movimento constante, o que ele vai denominar como Devir (constante transformação), as coisas não são, estão sendo; para ele, essa transfor- mação que faz com que as coisas existam e também deixem de existir, portanto, é o princípio de tudo. Já Parmênides parte da ideia de que as coisas não podem ser e não ser ao mesmo tempo (SER = único, imóvel, estático e permanente), ou seja, para Parmênides, as coisas possuem uma essência, denominada por ele como Ser, e é essa essência que dá origem às coisas, sendo, portanto, o princípio. Exemplificando: para Heráclito, o dia está em constante transformação para se tornar noite, assim como o quente está em constante transformação para se tornar frio, vice-versa (mundo transitório). Já para Parmênides, o dia é o dia e a noite é a noite, assim como o quente é o quente e o frio é o frio, as coisas possuem sua essência; aquilo que não é não pode ser afirmado (mundo estático). Para Tales de Mileto, tido como o primeiro filósofo grego do qual se tem no- tícia, como visto, “a água é o elemento primordial de todas as coisas”. Ou seja, o filósofo defendia a ideia de que a substância original, o princípio (arché) era água, por se tratar de um elemento indispensável para a criação, manutenção e até mesmo de decomposição. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 13 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br Diversas teorias surgiram acerca da origem do mundo/universo nesse período da Filosofia (pré-socrática), daí o motivo de sua caracterização enquanto natura- lista. É IMPORTANTE destacar que existiam os filósofos monistas (defendiam uma substância enquanto original) e os filósofos pluralistas (defendiam que várias subs- tâncias em conjunto, davam origem a tudo). Já o período clássico é marcado pela presença de figuras como Sócrates, Platão e Aristóteles, que viam a Filosofia como uma ferramenta para que a verdade fosse alcançada e a relacionavam com valores de ética e virtudes; diferente dos Sofistas, que viam o encadeamento lógico do raciocínio como um instrumento de persuasão. No decorrer da história da Filosofia, o termo Sofista adquiriu um tom pejorativo, pois, diferente dos clássicos, eles cobravam por seus ensinamentos. Porém, por andarem em várias cidades, utilizando o conhecimento como um instrumento de sobrevivên- cia, os Sofistas foram responsáveis pela propagação do conhecimento filosófico. A ruptura do período pré para o pós-socrático é caracterizada principalmente pelo objeto de investigação da Filosofia, ou seja, se antes as indagações filosóficas estavam direcionadas à compreensão dos fenômenos naturais e do princípio, a Fi- losofia pós-socrática se volta para a compreensão das relações sociais e do próprio homem; entretanto, a ferramenta para a compreensão da natureza ou do homem continua a mesma: a razão. A divisão da Filosofia Antiga em Pré e Pós-Socrática recebe a respectiva nomencla- tura, porque Sócrates é considerado um dos principais responsáveis pela transição do naturalismo para o antropocentrismo. Um fato curioso é que não há registros de obras escritas por Sócrates, e, dessa forma, o que sabemos sobre o pensamento do filósofo foi escrito por alguns de seus contemporâneos e discípulos; o principal expoente do pensamento socrático foi Platão. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 14 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.brO método socrático é conhecido como Maiêutica, que significa: parto de ideias. Tal método consistia num diálogo crítico entre interlocutores, em que Sócrates, por meio de perguntas e sem afirmações diretas, buscava levar seu interlocutor à contradição. Dessa forma, o interlocutor observaria uma falha no seu raciocínio, buscando reconstruir seu pensamento, “dando luz” às novas ideias. “Só sei que nada sei” é uma expressão socrática que objetiva demonstrar que se reconhecer como ignorante lhe coloca em vantagem sobre aquele que acha que domina o conhecimento. Tal reconhecimento lhe permitirá a busca pela sabedoria, diferente daquele que acha que já sabe. 1. (PROFESSOR FILOSOFIA/INSTITUTO FEDERAL-RS/2010) Sócrates inaugura o período clássico da filosofia grega, também chamado de período antropológico. O problema do conhecimento passou a ser uma problemática central na filosofia socrática, pois “a briga” de Sócrates com os sofistas tinha por objetivo resgatar o amor pela sabedoria e a valorização pela busca da verdade. Nesse contexto, Sócra- tes inaugura seu método que se fundamenta em dois princípios básicos, que são: a) A indução e dedução das verdades lógicas. b) A doxa e o lógos convergindo para o conceito racional. c) A ironia e a Maiêutica enquanto caminhos para conhecer a verdade através do autoconhecimento (conhecer-te a ti mesmo). d) O diálogo e a dúvida dialética. e) A amizade e a justiça social. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 15 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br Letra c. Algumas afirmações que antecedem a questão podem lhe auxiliar nessa resposta. Vimos que a Filosofia pós-socrática coloca o homem como objeto de estudo (o que se relaciona com o “conhecer-te a ti mesmo”) e vimos que o método socrático se desenvolvia sem afirmações, apenas com perguntas (ironia) com o objetivo de levar o interlocutor à contradição; assim, o conhecimento emana da própria pessoa ao buscar reconstruir seu pensamento. Daí o termo: Maiêutica. Portanto, a alternativa correta é a letra c. A alternativa d pode lhe confundir um pouco, todavia, Sócrates não levanta dúvidas acerca do que seu interlocutor afirma, ele demonstra que, por conta das contradições, tais afirmações são falhas. Esteja atento(a) aos detalhes. O desfecho da vida de Sócrates é descrito por Platão em sua obra Apologia a Sócrates. Resumidamente, trata-se de um livro escrito em forma de diálogo, que retrata um episódio específico da vida de Sócrates, seu julgamento após uma série de acusações. Sócrates faz sua própria defesa e utiliza a refutação como estratégia, demonstrando, em vários momentos, as contradições e falhas nos argumentos de seus acusadores. No entanto, a estratégia de Sócrates não traz o resultado espera- do e Sócrates é condenado à morte. Porém, o filósofo tinha a opção de negar seus ensinamentos e viver no exílio para se livrar de sua pena. Sócrates considera que aceitar a proposta seria uma confissão de culpa e prefere a própria morte que viver como um estrangeiro no exílio. Sua morte se deu por meio de envenenamento – cálice de cicuta. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 16 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br A morte de Sócrates, de Jacques-Louis David, 1787. Na obra, Sócrates passa um ensinamento aos discípulos ao encarar com naturalidade a morte. PRINCIPAIS PENSADORES ANTIGOS: Tales de Mileto; Heráclito; Parmênides; Sócrates; Platão; Aristóteles etc. Quadro Escola de Atenas: Rafael (1510-1512) A pintura propõe um encontro entre pensadores da Antiguidade. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 17 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br FILOSOFIA ANTIGA PRÉ-SOCRÁTICA PÓS-SOCRÁTICA – Cosmogonia; – Naturalismo; – Substância Original: o Arché. -Ferramenta de investigação: Razão. – Antropocentrismo (homem no centro); – Compreensão das relações sociais e do próprio homem; – Ferramenta de investigação: Razão. Continuando nossa análise histórica do desenvolvimento filosófico, chegamos ao período medieval. Um conhecimento mínimo acerca da história geral lhe ajudará bastante na compreensão da história da Filosofia, basta relacionar as respectivas áreas de conhecimento e buscar um consenso entre ambas. Pois bem, você deve se recordar que, nas aulas de História, o período medie- val é marcado, dentre outras características, pelo poder do Clero, correto? Idade Média e Igreja Católica são assuntos entrelaçados se a abordagem for histórica. Essa assimilação não está equivocada e influenciará bastante nas características do conhecimento filosófico. Como visto anteriormente, a transição do conhecimento mitológico para o filo- sófico foi uma espécie de quebra de paradigma, pois o saber filosófico foi no cami- nho oposto ao percorrido da época (explicações de cunho teológico). Entretanto, no mundo greco-romano (Séc. III d.C.), não era de grande sensatez a recusa divina – momento de aceitação do cristianismo enquanto religião e sua expansão. Por não ter uma fundamentação racional acerca de suas convicções, vimos que o politeísmo (vários deuses) entra em declínio enquanto referencial de conhecimen- to e, em seguida, temos um rápido crescimento de uma religião monoteísta (um Deus), o cristianismo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 18 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br Enquanto religião, o cristianismo busca dar uma sistematização lógica para os seus dogmas e é nesse ponto que começa sua relação com a Filosofia, dando início ao período conhecido como a FILOSOFIA MEDIEVAL. A Filosofia Medieval é marcada principalmente pelo Teocentrismo – Deus no centro – e pela tentativa de conciliação entre a fé e a razão, sendo que a primeira irá se sobressair em re- lação à segunda. Mas, espera aí, professor! A Filosofia que sempre buscou a compreensão racio- nal das coisas é marcada pelo teocentrismo na Idade Média? Isso me parece muito contraditório! É isso mesmo que você leu caríssimo(a) estudante! A Filosofia Medieval é mar- cada, sobretudo, pelo teocentrismo. Com isso, quero dizer que a fé ganha um espaço de maior importância que a razão. A razão nesse período vai ser utilizada como uma espécie de ferramenta de justificação para fé, ficando em segundo pla- no, numa condição de serviçal da fé. Para que fique mais claro, imagine como exemplo o diálogo que segue: – Olá, João, você acredita em Deus? – Sim, Maria. (FÉ) – Por quê? Em seguida, João explica o porquê da sua crença em Deus (Razão). Essa foi uma preocupação do Clero, expor os seus dogmas que, obviamente, se pautam na fé; mas, se questionado, o mesmo Clero conseguiria explicar racional-mente a sua crença, e, assim, a Filosofia, que inicialmente (Antiga) questionou a fé da época, passou a ser utilizada como uma maneira de justificar a fé (mesmo que a fé não fosse mais a mesma – o politeísmo foi gradativamente substituído pelo O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 19 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br monoteísmo). Todavia, nesse período o conhecimento humano é visto como uma dádiva divina. Portanto, a fé é vista como mais importante e irá se sobressair em relação à razão. Santo Agostinho de Hipona 354-430 d.C. Os primeiros filósofos convertidos ao cristianismo deram forma e fundamenta- ção ao pensamento cristão, conhecidos como “pais” (patres), daí a origem do nome Patrística. A Filosofia Medieval, que é marcada por dois períodos, a Patrística (que tem Santo Agostinho como seu principal expoente e de inspiração platônica – fun- damentação racional e expansão do cristianismo) e a Escolástica (que tem Tomás de Aquino como seu principal expoente e de inspiração aristotélica – conciliação entre fé e razão, tentativa de demonstrar racionalmente a existência de Deus). Entretanto, a fé permanecerá plena no aspecto IMPORTÂNCIA nos dois momentos. SUGESTÃO: para uma boa análise acerca do processo de aceitação e expansão do cristianismo, bem como de sua relação com o saber filosófico, uma boa dica é o filme ÁGORA, de 2009, dirigido por Alejandro Amenábar. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 20 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br Tomás de Aquino (1225 – 1274). PRINCIPAIS PENSADORES MEDIEVAIS: Santo Agostinho e Tomás de Aquino. De forma pejorativa, o período medieval é conhecido em várias abordagens como período das trevas, como uma espécie de referência ao conhecimento pouco difundido ou limitado às determinações do Clero. Mas, contraditório ou não, foi na Idade Média que surgiram as primeiras universidades. Já por volta dos séculos XVII-XVIII, o contexto histórico-social era bem di- ferente do contexto de aceitação e expansão do cristianismo. Você se lembra, e espero que não se esqueça, de que o conhecimento humano é resultado de um processo evolutivo, correto? As pessoas já se sentiam mais à vontade em questionar os dogmas cristãos e tínhamos o desenvolvimento de um tipo de co- nhecimento que hoje entendemos por conhecimento científico, aí se desenvolve a FILOSOFIA MODERNA. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 21 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br No período filosófico moderno, temos a retomada de uma característica própria da Filosofia Antiga, e, dessa forma, me atrevo em afirmar que, além de evolutivo e transitório, o conhecimento humano pode ser cíclico. Espero que você esteja lendo com a devida atenção, está?! Se a resposta for afirmativa, você já deve ter com- preendido qual retomada foi essa. No período moderno, tivemos uma revalorização da razão enquanto referencial de conhecimento. Ou seja, tínhamos o ser humano enquanto construtor de co- nhecimento (Filosofia Antiga); valoriza-se a fé e o conhecimento passa a ser visto como uma dádiva divina (Filosofia Medieval) e, até onde chegamos com nossos es- tudos, novamente nos enxergamos enquanto sujeitos capazes de construir, desen- volver e aperfeiçoar o conhecimento (Filosofia Moderna). Nesse sentido, a questão epistemológica (acerca do desenvolvimento do conhecimento humano) é uma das maiores discussões da Filosofia Moderna; dividindo-a, em grande parte, entre filó- sofos racionalistas e empiristas – o que será detalhado nos tópicos que seguirão no decorrer das aulas. PRINCIPAIS PENSADORES MODERNOS: René Descartes; John Locke; Nicolau Maquiavel; Montaigne etc. MEMORIZE: • FILOSOFIA ANTIGA (RAZÃO); • FILOSOFIA MEDIEVAL (FÉ); • FILOSOFIA MODERNA (REVALORIZAÇÃO DA RAZÃO). Todavia, como você já deve ter ouvido por aí, “o tempo não para” e outras formas de conhecimento – além do mitológico e filosófico, que já esmiuçamos por aqui – se desenvolveram e, cada um ao seu modo, tenta explicar o mundo. Como, por exem- plo, o conhecimento de senso comum, tão antigo quanto o mitológico e o filosófico. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 22 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br Conhecimento de senso comum: tipo de conhecimento compartilhado por um grande número de pessoas; não passa por questionamentos e não é subme- tido a comprovações; conhecimento prático e desenvolvido a partir de experiên- cias cotidianas. Exemplo: você pode associar um tempo nublado à chuva. No entanto, ao fazer tal ligação, você continua sem compreender o que ocasiona a chuva e pode se equivo- car, pois não são todas as vezes que o tempo nublado ocasiona em chuva. Nessa constante fluidez do tempo, se desenvolve o conhecimento científico (fa- laremos mais sobre suas propriedades nas páginas seguintes), que passa a ser visto como um tipo de conhecimento mais seguro, o que mais se aproxima da verdade e que, assim como o conhecimento filosófico, busca respostas para o mundo, para a natureza, para nós, enquanto seres vivos e sociais etc. É nesse período de valoriza- ção do conhecimento científico que se desenvolve o que chamamos de FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA. Mas, não se engane; a Filosofia ainda tem sua aplicabilidade, mesmo inserida num mundo que supervaloriza o conhecimento científico. Pois é, professor. Chegamos ao ponto que eu queria e que me deixa intriga- do. Parece-me uma perda de tempo enorme estudar e compreender a Filosofia, tendo em vista que a sociedade atual valoriza apenas o conhecimento científico, não concorda?! Discordo categoricamente e explicarei o motivo. Afinal, seria uma incoerência enor- me da minha parte não enxergar utilidade na Filosofia no mundo moderno e me de- bruçar sobre a compreensão e propagação da mesma, concorda?! Mas tal colocação é de uma enorme validade e mais comum do que você imagina. Não a vejo como uma crítica negativa à Filosofia, pelo contrário, está exatamente nesse ponto o entendimen- to sobre a aplicabilidade da Filosofia em nossas vidas no mundo contemporâneo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 23 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br Veja bem, a ciência – com toda a sua magnitude, complexidade e excelência – ainda não respondeu questões próprias da existência humana, como o idealismo,a própria sociedade pós-capitalismo com seus problemas e desigualdades etc. Além disso, algumas verdades tidas como científicas, perderam sua validade ou foram substituídas com o decorrer do tempo. Podemos também questionar a própria me- todologia de pesquisa e desenvolvimento de teses científicas, quem o fará? A pró- pria ciência? Não! E é aí que vemos o desenvolvimento e a importância da Filosofia, caro(a) estudante. Ou seja, o objeto de estudo da Filosofia Contemporânea é a própria humanidade. 2. (PROFESSOR DE FILOSOFIA/INSTITUTO FEDERAL RS/2010) O mundo atual é uma realidade multiforme e complexa que tem inspirado muitos filósofos a debru- çar-se sobre as questões que são colocadas à sociedade, com variedade de posi- ções e criatividade, num leque de opções que pose assim definir-se: a) Apesar de sua importância as questões ambientais não têm captado a atenção dos filósofos. b) Em questões políticas a grande maioria dos filósofos atuais defende os regimes fortes e ditaduras. c) A globalização contribuiu para dar ao pensamento oriental, nomeadamente às doutrinas tradicionais indianas e chinesas, ascendência dominante sobre a filosofia ocidental. d) No que se refere à bioética todos os problemas morais devem ser decididos pe- las ciências médicas sem recurso à filosofia. e) As grandes “escolas” ou tendências doutrinárias do século XX, como neoesco- lástica, existencialismo, e marxismo, cederam lugar a outras tendências e teorias, mas não desapareceram. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 24 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br Letra e. Ao iniciarmos nossa conversa sobre Filosofia Contemporânea, vimos que ela se refere às questões próprias da humanidade e isso torna a coisa bastante abrangen- te, correto? Perceba que várias alternativas parecem correta justamente por esse motivo; no entanto, estão erradas por limitarem à uma abordagem (ou falta dela – como a alternativa a) específica. Nesse sentido, a alternativa correta é a letra e, pois leva em consideração o aumento do leque filosófico sem descartar assuntos anteriormente discutidos. Perceba como a banca tenta confundir o(a) candidato(a), não caia nessa. PRINCIPAIS PENSADORES CONTEMPORÂNEOS: Karl Marx; Theodor Adorno; Jean-Paul Sartre; Friedrich Nietzsche etc. É muita informação não é mesmo? Então, memorize o quadro abaixo, pois isso lhe auxiliará bastante. RESUMINDO... ANTIGA MÉDIA MODERNA CONTEMPORÂNEA – Pré e pós Socrática; – Naturalismo e Antropocentrismo; – Referencial de Conhecimento: RAZÃO. – Patrística e Esco- lástica; – Teocentrismo; – Referencial de Conhecimento: FÉ. – Discussão Epistemológica – Conhecimento Humano; – Antropocentrismo – Revalorização da Razão. – Compreensão da Existência humana; – Existencialismo; – Razão; – Materialismo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 25 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br 1.2. Introdução à Filosofia da Ciência Antes de falarmos sobre a relação do conhecimento filosófico com o conhecimen- to científico, é necessário que fique claro as características do conhecimento cientí- fico (tendo em vista que, nas páginas anteriores, você já compreendeu as caracte- rísticas do conhecimento filosófico). Um conhecimento, para que seja reconhecido enquanto científico, deve possuir algumas características, como: problematização, metodologia de investigação, sistematização, pesquisa, se basear em observações e experimentações e, por fim, ser comprovado. Entretanto, é importante destacar que o conhecimento científico é falível, o que significa que ele não é insubstituível. Professor, lendo as características do conhecimento científico me sinto confuso, pois se aproximam bastante das características do conhecimento filosófico, não é mesmo? Concordo, caríssimo(a) estudante, e fico feliz que esteja tão atento(a) aos deta- lhes. O que vai diferenciar ambos os conhecimentos é uma linha tênue e que exige bastante atenção, não é à toa que alguns historiadores se referem à Filosofia como mãe de todas as ciências. No conhecimento científico, a razão e sistematização lógica devem estar diretamente ligadas à comprovação e é aí que está a chave do negócio: para ser considerado filosófico, um conhecimento requer sistematização lógica do raciocínio; para um conhecimento ser considerado científico, essa mesma sistematização deve estar acompanhada da comprovação. Voltando à história, um movimento europeu no século XVIII, conhecido como POSITIVISMO, defendia a valorização do conhecimento científico enquanto referen- cial de verdade. Tal movimento foi encabeçado por Augusto Comte (1798 – 1857) e fez com que a ciência se estendesse a várias áreas, inclusive nas questões sociais; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 26 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br daí o surgimento da Sociologia. Para Comte, o conhecimento humano passou por três estágios (Lei dos Três Estados) de desenvolvimento, são eles: o Teológico, o Metafísico e o Científico/Positivo. TEOLÓGICO METAFÍSICO CIENTÍFICO/POSITIVO – Fenômenos naturais e sociais explicados enquanto resultados de ações divinas. – A busca por explicações recorrem à reflexão para a compreensão das coisas; respostas abstratas. – Explicações que se pautam em observações, hipóteses e formulações de leis universais. Para Comte, o estágio mais evoluído do conhecimento humano é o terceiro e último, o científico/positivo. Repare que essa evolução do conhecimento humano se assemelha com o que estamos discutindo desde o princípio da aula, compare o quadro acima, com a transição que mencionamos do conhecimento mitológico para o filosófico e para o científico. Ficou claro agora que o conhecimento humano não é estático?! No que se refere ao conhecimento, estamos em constante transição. Augusto Comte (1798 – 1857). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 27 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br Compreendendo a diferença entre o conhecimento filosófico e o conhecimento científico, vamos à relação entre ambos. Anteriormente, você já me questionou quanto à aplicabilidade da Filosofia num mundo que supervaloriza a Ciência, se recorda? E é para responder a tal questionamento que falaremos sobre a Filosofia da Ciência. Podemos utilizar a Filosofia para pensar, compreender e questionar a própria Ciência. A Filosofia da Ciência surge a partir da investigação de problemas que vão sen- do desenvolvidos por meio da reflexão acerca da própria ciência e de sua metodo- logia de pesquisa, como: o conhecimento científico pode mesmo ser comprovado? Podemos refutá-lo? É possível verificar a universalidade e definiçõescientíficas? A ciência é definitiva ou provisória? A ciência é defensável? Além das questões gerais, há os problemas específicos, pois o conhecimento científico também é dividido em áreas, como a Física, Biologia, Química, Matemática, Sociologia etc. ESQUEMA: Refutável Passível de questionamento. Verificável Passível de confirmação. Defensável Passível de sustentação. Karl Popper (1902-1994) foi um filósofo que defendeu a ideia de que, para ser considerada científica, uma teoria deve ser falseável, o que significa que pode ser refutada, questionada, ou seja, nada impede uma possível revisão e reformulação. Thomas Kuhn (1922-1996) trata o conhecimento científico como um pro- cesso histórico e desconexo. Ou seja, a ciência é cumulativa e gera rupturas com suposições anteriores, o que Kuhn denomina enquanto revolução científica. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 28 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br Peter Singer (1946) é um filósofo que, ao tratar do especismo (discriminação moral contra certos seres por serem de determinada espécie), faz, por consequ- ência, uma dura crítica à metodologia científica que recorre à utilização de animais como cobaias para que determinadas “verdades” sejam alcançadas em benefício da espécie humana, que se coloca em sobreposição às demais espécies. Portanto, é nesse sentido que Filosofia e Ciência se relacionam. As ponderações filosóficas levantam uma espécie de preocupação quanto à utilização do conheci- mento científico como única maneira do saber humano, sendo supervalorizado e utilizado como critério indubitável de verdade. Perceba que tudo o que lhe foi dito acerca da relação entre Ciência e Filosofia e os filósofos apresentados nesse con- texto correspondem a um momento específico da História da Filosofia, que você viu anteriormente, a Filosofia Contemporânea. 1.3. Introdução à Filosofia da Cultura Vimos anteriormente que uma característica frequentemente utilizada para nos diferenciar das demais espécies é a racionalidade. Em seguida, vimos que essa mesma racionalidade nos leva a outras características que também serão utilizadas para a respectiva diferenciação, uma delas é o fato de sermos culturais. Ao afirmar- mos que somos seres culturais, queremos dizer que a humanidade é uma espécie capaz de intervir no espaço que se encontra, transformando a natureza para o seu próprio benefício; daí a importância do momento em que o ser humano deixou de se reconhecer apenas como um ser natural, mas também como um ser capaz de desenvolver conhecimento, portanto, capaz de mudar o espaço em que vive. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 29 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br Ao definirmos cultura com uma breve relação às comidas típicas, festas, costu- mes, tradições, sotaques, dentre outras diferenças regionais, estamos fazendo uma definição que não deixa de ser correta, mas que, por outro lado, peca pela superficia- lidade e pelo simplismo. Ou seja, podemos falar sobre cultura de distintas maneiras. NATURAL CULTURAL – Não necessita de intervenção humana para sua existência. – Só existe a partir da intervenção humana. Se analisarmos uma construção que utilizamos como abrigo, como, por exem- plo, nossas próprias casas, percebemos que ela é feita a partir da utilização de uma série de recursos naturais. Transformamos o barro em tijolos, transformamos madeira em móveis, a energia que dá o funcionamento para nossos eletros tam- bém é criada a partir de recursos naturais, enfim, dependemos de uma série de recursos naturais e transformamos algo que é natural em cultural, transformamos a natureza para o nosso próprio benefício e, ao fazermos isso, estamos produzindo cultura. Ou seja, somos seres culturais, independentemente do local ou do povo no qual estejamos inseridos. Mas, professor, nesse sentido, posso definir alguns animais como seres cultu- rais também. Por exemplo, o Castor intervém na natureza para represar água, o João de Barro intervém na natureza para construir sua casa. Concorda? Bela observação! Todavia, a diferença é que nosso conhecimento é transitório e evolutivo, está lembrado(a)? E essa característica, que tanto repetimos aqui, vai refletir nesse aspecto cultural. O que estou querendo dizer com isso, meu(minha) amigo(a), é que, se você investigar como um João de Barro construía sua casa há mil anos, como um Castor constrói sua represa há muitos anos, você não encontra- rá diferenças na forma em que esses animais constroem hoje e, nós, pelo contrário, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 30 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br evoluímos constantemente; a forma como construímos nossas casas mudou nos últimos mil, cem, cinquenta anos que seja. A evolução é uma constante na história da humanidade. A própria ideia acerca de definição da Cultura passa por processos transitórios ao longo da História. No século XIII, o termo relacionava-se com o cultivo da terra, até mesmo pela definição etimológica da palavra (Do latim Colere = Ato ou modo de cultivo). No século XIV, o termo passa a ter um significado de ação/transforma- ção. A partir do século XVIII, trata-se cultura num sentido figurado, ou seja, segui- do de um complemento, por exemplo: cultura de massa. No Iluminismo, trata-se cultura como a soma de saberes que são desenvolvidos, memorizados, transmiti- dos e aperfeiçoados. As reflexões filosóficas destacam o fato de que a as culturas se desenvolvem a partir de suas respectivas necessidades. Ou seja, não podemos analisar uma cultu- ra distinta da nossa a partir do nosso ponto de vista; isso já foi fator motivador de vários conflitos, quando, por algum motivo, determinada cultura se julga superior ou mais evoluída que outras. O ideal é que estejamos inseridos na cultura que se investiga. Costumamos valorizar aquilo que faz parte do nosso cotidiano, pois en- xergamos suas utilidades e nos tornamos dependentes dessas criações, como, por exemplo, as criações tecnológicas (entendendo por Tecnologia tudo o que é criado para facilitar a vida humana, diferente de modernidade). E o que faz parte do nos- so dia a dia, dependendo da cultura – já que, além da distinção temporal, existe a distinção local – não terá aplicabilidade alguma. Outras mudanças que podemos observar de acordo com a cultura, são os juízos morais – nossas ideias e imposições acerca do certo e do errado. Além das dife- renças regionais, tais mudanças podem ser vistas também com o tempo, e é muito provável que algo que causasse um espanto para uma ou duas gerações anteriores à sua, seja visto por você com muita naturalidade. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br31 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br Filosofia e Cultura são assuntos que estão diretamente relacionados. Basta que você observe a cultura Grega Antiga e relacione suas características com as características da Filosofia daquela época. Observe a cultura medieval e o pensa- mento filosófico da época. Analise a transição da cultura medieval para a moderna e veja como isso refletirá na Filosofia. Portanto, História, Filosofia e Cultura são assuntos interligados. Não se esqueça: NÃO existe uma Cultura, o que existem são Culturas! 1.4. Introdução à Filosofia da Arte Mesmo que existam diferentes definições acerca do conhecimento filosófico, imagino que, nessa altura do campeonato, você já compreendeu as características intrínsecas da Filosofia. Sendo assim, que tal você mesmo, baseado em tais ca- racterísticas, tentar defini-la? Feito isso, relacione seu conceito de filosofia com o conceito que você carrega de arte. Conseguiu? Difícil não é mesmo? “Tá” aí uma característica em comum entre a Filosofia e a Arte, em ambas não há um consen- so quanto à sua definição. Segundo Jorge Coli, em seu livro O que é Arte, a arte é uma “certa manifestação de atividade humana em que nossos sentimentos são admirativos”; aí será nosso ponto de partida. Embora estejam relacionadas e sejam abordadas em conjunto por diversos au- tores, a Filosofia da Arte se distingue do conceito de Estética e devemos prestar atenção para que possamos trabalhar ambas em conjunto ou separadamente. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 32 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br A palavra estética – que vemos nos outdoors, propagandas e que tanto relacio- namos com os padrões e procedimentos de beleza – vem do grego “aisthetiké” e pode ser traduzida como “aquilo que é perceptível”, ou seja, aquilo que percebemos por meio dos nossos sentidos. Em outras palavras, aquilo que agrada os sentidos e entendemos como Belo. Enquanto disciplina filosófica, a estética tem como prin- cipal objeto de estudo a obra de arte. Assim, da mesma forma que fazemos juízos morais, juízos de valores, também somos capazes e costumamos fazer juízo estéti- co acerca das coisas; porém, não existe unanimidade quando o assunto é uma de- finição para a o Belo. Alguns filósofos defendem a beleza como algo subjetivo (você achar ou não algo belo) e outros filósofos defendem a beleza como algo objetivo (uma coisa é ou não é bela). Você deve ter em mente sempre a característica problematizadora e investiga- tiva da Filosofia e com a Filosofia da Arte não é diferente. Ela não vai se limitar à abordagem estética de uma obra de arte (seja ela cênica ou plástica), mas também O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 33 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br investiga suas características que a diferenciam da técnica, se ela possui ou não caráter de entretenimento, possui ou não responsabilidade social, se pode ou não ser apropriada, se é produzida ou não com finalidade pré-definidas. Não é necessário muito esforço para que você compreenda a arte (seja em forma de pinturas, esculturas, músicas, filmes, poemas etc.) como um meio de transmissão de alguma mensagem, como, por exemplo, uma mensagem de cunho político, crítica a padrões estabelecidos, dentre outros. Mona Lisa (1503-1507) de Leonardo da Vinci. Desde a Antiguidade, alguns filósofos, como Platão, debruçaram suas reflexões para nossa ideia de beleza e da própria arte. O filósofo nos traz uma perspectiva negativa da arte, pois, segundo ele, existem dois mundos: o inteligível (ideal) e o sensível (percebido pelos sentidos). Para Platão, o mundo perfeito é o inteligível, permanente, enquanto o mundo sensível é transitório e múltiplo, apenas uma cópia do mundo ideal. A arte, por sua vez, segundo Platãol, é uma reprodução do mundo sensível, ou seja, uma cópia da cópia. 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Até que um dia, um prisioneiro consegue se libertar e vai em direção à saída da caverna; lá chegando, descobre que as sombras que ele via eram apenas uma reprodução do mundo real, uma cópia. Ao retornar para avisar os demais prisioneiros do erro que eles viviam, o fugitivo encontra certa resistência dos demais, que não queriam negar algo que tiveram contato por toda a vida. O mito faz alusão ao filósofo que busca sair da caverna – mundo sensível – em direção ao conhecimento – mundo inteligível. Já na Filosofia Contemporânea, os filósofos alemães Max Horkheimer (1895-1973) e Theodor Adorno (1903-1969) desenvolveram o termo “Indústria Cultural”. Ou seja, uma análise da arte e de como a utilizam no mundo pós-capitalismo. A Indús- tria Cultural, de acordo com Adorno, consiste num fenômeno em que os bens de valor cultural são produzidos em grande escala e tornam-se bens de valor econômi- co. Você já deve ter visto a Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, obra destacada acima, de óculos, estampando camisas, bermudas, capas de discos e de cadernos etc. E qual o objetivo disso? Venda e, por consequência, LUCRO. Mas, para que a venda aconteça de uma forma satisfatória, é necessário que haja um investimento em publicidade, aí está a relação entre a Indústria Cultural e os meios de comunicação. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 35 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br Adorno, portanto, vai fazer uma análise negativa do processo de industrializa- ção da cultura, pois, segundo ele, ao investir na publicidade e nas propagandas em alta velocidade, a Indústria Cultural não permite que os indivíduos façam uma análise crítica sobre a real necessidade do consumo, pois ver o consumo como uma “oportunidade” o afasta de sua relação com a necessidade de adquirirmos algo. Assim, temos o que fica conhecido como Cultura de Massa, um fenômeno no qual os hábitos, o consumo e até mesmo o gosto das pessoas ficam cada vez mais próximos e padronizados. Já o filósofo Walter Benjamim (1892– 1940) parte do pressuposto de que essa mesma reprodução artística em larga escala não tem uma característica necessariamente negativa, pois a arte deixa de seralgo direcionado a um grupo específico, tornando-se mais acessível por consequência. 1.5. O Intelecto – O Empirismo e Criticismo Os instrumentos que desenvolvem o conhecimento humano são pautas de es- tudo e investigação desde a Antiguidade, mas é no período moderno que essa dis- cussão ganha maior dimensão, a questão; epistemológica (acerca do conhecimento humano) é uma das maiores marcas do Filosofia Moderna que, como já vimos an- teriormente, novamente reconhece o ser humano enquanto sujeito construtor de conhecimento, uma quebra de paradigma em relação ao período medieval. É nes- se contexto que conversaremos sobre o que é o Empirismo para, posteriormente, compreendermos no que consiste o Criticismo. O pensamento moderno é marcado por uma polarização no conhecimento filo- sófico. Por um lado, existiam os pensadores que defendiam o conhecimento huma- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 36 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br no como resultado intrínseco à razão (Racionalistas) e, por outro lado, existiam os filósofos que defendiam o conhecimento humano como fruto da nossa experiência sensível (Empiristas). Posteriormente, é buscada uma superação dessa dicotomia. Para um esclarecimento mais rápido acerca das máximas do Empirismo, uti- lizaremos um dos seus principais expoentes, o filósofo inglês John Locke (1632 – 1704). Locke é considerado por muitos o pai do Liberalismo, mas não é sobre seu pensamento político que trataremos a seguir, o que nos importa, nesse sentido, é sua teoria acerca da construção e desenvolvimento do conhecimento humano. John Locke (1632 – 1704). Do grego empeiria, a palavra empirismo significa “experiência sensível”. O Empirismo é uma corrente filosófica que destaca a importância da experiência sensível durante o processo de desenvolvimento do conhecimento humano. Enten- de-se por experiência sensível aquilo que podemos perceber por meio de nossos sentidos – audição, olfato, visão, tato e paladar. Ou seja, o Empirismo não vai com- pactuar com a ideia de que o conhecimento humano é uma característica inata, que carregamos naturalmente pelo simples fato de sermos humanos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 37 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br John Locke afirma, portanto, que “a mente humana é uma tabula rasa”, o que quer dizer que, ao nascermos, nossa mente é como uma folha totalmente em bran- co, sem nenhuma informação pré-concebida e, à medida em que vamos tendo con- tato com as coisas por meio dos nossos sentidos, essa folha vai sendo preenchida. Ou seja, o conhecimento humano é consequência das informações fornecidas pelos nossos sentidos. Locke distingue duas fontes para o desenvolvimento de nossas ideias; a pri- meira é o que ele chama de sensação (estímulo externo que percebemos por meio dos nossos sentidos, e a segunda é a reflexão (que faz o processamento das informações passadas pelos sentidos, e, dessa forma, é limitada às informações transmitidas pela sensação). Ou seja, o ponto de partida para o conhecimento hu- mano de acordo com John Locke e com o Empirismo, de um modo geral, são nossas experiências sensíveis. Já o Criticismo busca uma delimitação entre aquilo que podemos e não podemos conhecer. Como pressupõe o nome, trata-se de uma postura crítica em relação às possibilidades do nosso conhecimento. Diferente dos filósofos empiristas, os racionalistas defendiam a ideia de que o co- nhecimento humano advém da razão, pois as informações transmitidas pelos sen- tidos podem ser enganosas e nos conduzirem ao erro. Compreender esse debate é importante para a continuidade sobre o conceito do criticismo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 38 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br Ao contrário dos pressupostos oriundos do racionalismo e do empirismo – duas correntes epistemológicas polarizadas – alguns pensadores do criticismo aceitam e recusam algumas de suas afirmações, podendo abordá-las de uma maneira au- tônoma e independente. Um dos principais pensadores do criticismo foi Immanuel Kant (1724-1804). Alguns autores definem a filosofia Kantiana como uma tentativa de superação do impasse epistemológico. Kant acaba indo de acordo com a corrente empirista quan- do afirma que o conhecimento não pode preceder a experiência. Por outro lado, o filósofo também concorda que os dados sensoriais (informações fornecidas por nossos sentidos) só adquirem validade quando ordenados pela razão. Ou seja, nos- so conhecimento é a utilidade do real na medida humana. Immanuel Kant (1724 – 1804) 3. (PROVA PROFESSOR FILOSOFIA/INSTITUTO FEDERAL-RS/2010) Kant revela na crítica da Razão Pura que a leitura da obra de Hume o despertou de um sono dogmático. A partir de Hume, que questiona sobre os limites e possibilidade do ser O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 39 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br humano conhecer a verdade. Kant inaugura uma verdade revolução Copernicana se debruçando sobre o estudo das faculdades humanas voltadas para o conhecimento. A revolução copernicana de Kant consiste basicamente em que? a) Na transição do método dedutivo para a indução. b) Na investigação sobre as diferenças entre a razão, os sentimentos e as emoções. c) No estudo sobre a metafísica tradicional. d) Na investigação transcendental, ou seja, no estudo racional sobre a verdadeira capacidade humana para conhecer. e) Na crítica sobre autores da ciência medieval. Letra d. Ao tratarmos sobre o criticismo kantiano, vimos que ele busca uma superação da dicotomia entre os filósofos racionalistas e empiristas, e, dessa forma, trata-se de uma análise quanto à capacidade de desenvolvimento do conhecimento humano, ou seja, a alternativa correta é a d. Portanto, algumas alternativas podem lhe con- fundir, como a b, que trata sobre “as diferenças da razão”, tal diferenciação já é explícita em Kant, todavia, o que ele quer é estabelecer seu papel no conhecimento humano. Buscar uma superação entre debates anteriores remete à ideia de que Kant critica outros autores; assim, a alternativa e pode lhe parecer correta, mas, vimos que a questão epistemológica é predominante no período moderno, não no medieval. Não deixe que a banca examinadora lhe conduza ao erro. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 40 de 78 FILOSOFIAIntrodução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br 1.6. Democracia e Justiça O despertar do conhecimento filosófico na Grécia Antiga, conforme visto no iní- cio dessa aula, também acarretará forte influência no contexto político. O homem, que passa a se enxergar como construtor de conhecimento, também questionará as imposições que lhes são feitas cotidianamente, como, por exemplo, as leis, que antes eram decorrentes de interesses divinos. Nesse contexto de questionamento e de fundamentação do raciocínio, bem como exposições fundamentadas de interes- se, vai se desenvolver o que hoje entendemos por Democracia (Século V a.C). Por- tanto, as decisões da Pólis (Cidade/Estado) passarão a ser tomadas coletivamente, de acordo com a vontade da maioria e baseadas em critérios considerados justos. O termo Democracia é uma junção de duas palavras gregas (Demos = Povo e Kratos = Poder). Nesse sentido, não encontraríamos maiores dificuldade em defi- ni-la como um modelo governamental em que a soberania é exercida e as coisas acontecem de acordo com a vontade do povo. Mas, muita calma caríssimo(a), novamente temos que ter muita atenção com o simplismo e superficialidade das coisas, pois o conceito de Democracia relaciona-se diretamente com o conceito de cidadão, que mudou muito ao longo da história, per- mita-me dizer: ainda bem! Na Grécia Antiga, não eram considerados cidadãos estran- geiros, menores de 21 anos, escravos e mulheres. Assim, as decisões eram tomadas “democraticamente” em reuniões que se davam na ágora (praça), mas não eram todos que estavam ou eram considerados habilitados para as respectivas decisões. Você se recorda que Sócrates, como retratou Platão em Apologia a Sócrates, preferiu a morte ao exílio? Ou seja, seria considerado um estrangeiro e não partici- paria das decisões de sua terra natal, o exílio era visto como uma grande desonra. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 41 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br Com o desenvolvimento histórico, o conceito de Democracia, bem como o de Cidadão, foi se modificando; questões políticas e geográficas influenciaram direta- mente nisso, pois, com a ampliação dos Estados, seria impossível exercermos uma Democracia que exigia a presença de todos os cidadãos numa praça, concorda?! Aí, temos que diferenciar a Democracia Direta da Democracia Representativa (a partir do século XVII). Na primeira, o povo é a autoridade soberana, que exerce as funções legislativas e judiciárias; na segunda, o pilar é a soberania popular, que es- colherá os representantes que irão trabalhar de acordo com os interesses do povo. Independente do cumprimento ou não do seu objetivo, o que vivemos na atualida- de é o modelo democrático representativo. Então, professor, você está querendo dizer que temos liberdade para escolher- mos nossos representantes, porém, a partir do momento que os mesmos são elei- tos, não podemos participar das decisões políticas? O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 42 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br Não mesmo, mas a colocação é válida. O próprio voto é uma participação, não concorda? Temos também a ação direta, o plebiscito e o referendo, que são manei- ras de intervenção e consulta popular. NÃO SE ESQUEÇA! PLEBISCITO REFERENDO – Consulta popular que antecede a criação de uma lei. – Consulta popular posterior à criação de uma lei. Tivemos acontecimentos recentes no Brasil que exemplificam o quadro acima. Em 2005, tivemos uma consulta popular sobre o Estatuto do Desarmamento – Re- ferendo. Em 2011, tivemos uma consulta popular sobre a divisão do Estado do Pará – Plebiscito. Até aqui, espero que, nesse tópico, você tenha compreendido o que é e como se desenvolveu a Democracia na história, para então relacionarmos à ideia de jus- tiça. Presos às definições conceituais, podemos afirmar que justiça é agir e dar a possibilidade de as pessoas viverem em conformidade com o direito; respeito aos direitos individuais; agir em conformidade com as leis. Afirmamo$s também que a justiça deve ser e é imparcial etc. Numa perspectiva filosófica, Aristóteles define justiça em paralelo à ação moral, ou seja, para ele, a ação justa, correta e considerada virtuosa é aquela que não erra pelo excesso, assim como não erra pela falta, mas busca uma “justa medida” ou o “meio termo”. Tanto numa abordagem conceitual quanto numa linguagem filosófica, é possível relacionarmos a ideia de justiça com as ideias que já trabalhamos acerca da De- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 43 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br mocracia, pois quando as pessoas estão inseridas num contexto democrático, os conceitos intrínsecos à justiça devem vigorar, pois ambos pressupõem respeito aos direitos individuais e à própria individualidade das pessoas, bem como o acesso à lei e a imparcialidade. Curiosidade: Platão é um dos pensadores que fazem duras críticas ao modelo governamental democrático, tendo em vista que seu mestre foi “democraticamen- te” e de maneira injusta condenado à morte, pois seu julgamento se deu em forma de júri. Portanto, para Platão, as pessoas são diferentes e devem exercer funções sociais diferentes, propondo uma sociedade dividida em classes; aqueles que pro- duziam, os responsáveis pela defesa (militares) e aqueles que governariam, no caso, os sábios – filósofos. Para Platão, não são todas as pessoas que são capacita- das para participar das decisões de cunho político, ficando claro seu posicionamen- to contrário ao modelo político democrático. 1.7. Direitos Humanos Falar em Direitos Humanos na atual conjuntura exige certos cuidados, pois es- tamos inseridos numa realidade em que as pessoas não estão conformadas com as maneiras pelas quais estão expostas a todos os tipos de violência, enxergando nos Direitos Humanos uma espécie de escudo para aqueles(as) que cometem a respec- tiva violência. Nesse sentindo, é importante que você, meu(a) amigo(a), procure compreender quais são as motivações, no que consiste, a quem é direcionado e quais são os objetivos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. O que eu O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 44 de 78 FILOSOFIA Introdução à Filosofia Prof. Júlio Amaro www.grancursosonline.com.br quero dizer com isso é que, por vezes, opiniões de senso comum (já o definimos anteriormente) nem sempre contribuem para um resultado positivo numa prova. Outros conhecimentos que lhe auxiliarão na compreensão dos respectivos direi- tos já foram discutidos por nós nos tópicos anteriores, então leia as linhas que se seguem adiante com os conceitos de Democracia e Justiça
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