Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fernanda Jorge Martins – 4º Período @fernandamartins.med 1 APG IV MAIS OU MENOS Objetivos: 1. Revisar a morfofisiologia da tireóide e como seus hormônios atuam. 2. Compreender a fisiopatologia do hipotireoidismo e hipertireoidismo. 3. Entender as manifestações clínicas dessas patologias. Morfofisiologia da Tireóide A glândula tireoide, em formato de borboleta, está localizada logo abaixo da laringe. É composta pelos lobos direito e esquerdo, um em cada lado da traqueia, conectados por um istmo, anteriormente à traqueia; Cerca de 50% das glândulas tireoides apresentam um pequeno terceiro lobo, chamado de lobo piramidal, que se estende superiormente a partir do istmo; Ele é uma das maiores glândulas endócrinas do corpo humano, pesando de 15 a 20 g; A glândula tireoide possui dois diferentes tipos celulares: células C (do inglês, clear), que secretam um hormônio regulador de cálcio, chamado de calcitonina, e as células foliculares, que secretam os hormônios da tireoide; Microscópicos sacos esféricos chamados de folículos da tireoide constituem grande parte da glândula tireoide. A parede de cada folículo é constituída principalmente por células foliculares, cuja maioria se estende até o lúmen do folículo. Uma membrana basal envolve cada folículo; Quando as células foliculares estão inativas, seu formato varia de cúbico a pavimentoso, porém, sob a influência do TSH, passam a secretar ativamente e sua forma varia de cúbica a colunar. As células foliculares produzem dois hormônios: tiroxina, também chamada de tetraiodotironina (T4), pois contém quatro átomos de iodo, e tri-iodotironina (T3), que contém três átomos de iodo. T3 e T4 juntas também são chamadas de hormônios da tireoide; Entre os folículos, podem ser encontradas algumas células chamadas de células parafoliculares ou células C. Elas produzem o hormônio calcitonina (CT), que ajuda a regular a homeostasia do cálcio. Formação, armazenamento e liberação dos hormônios da tireóide A glândula tireoide é a única glândula endócrina que armazena seu produto secretório em grandes quantidades, normalmente o suficiente para cerca de 100 dias. A síntese e a secreção de T3 e T4 ocorrem da seguinte forma: A síntese dos hormônios da tireoide ocorre nos folículos tireoideanos (também chamados de ácinos), estruturas esféricas. O Fernanda Jorge Martins – 4º Período @fernandamartins.med 2 APG IV centro oco de cada folículo é preenchido com uma mistura pegajosa de glicoproteínas, denominada coloide; O coloide mantém um suprimento de 2 a 3 meses de hormônios da tireoide. As células foliculares que cercam o coloide sintetizam uma glicoproteína, chamada de tireoglobulina, e enzimas para a síntese dos hormônios da tireoide. Essas proteínas são empacotadas em vesículas e secretadas no centro do folículo. As células foliculares também concentram ativamente o iodo da dieta, usando o simporte sódio-iodo (NIS); Retenção de iodeto: As células foliculares da tireoide retêm íons iodeto, transportando-os ativamente do sangue para o citosol. Por conta disso, em geral, a glândula tireoide contém a maioria do iodeto corporal; Síntese de tireoglobulina: Ao mesmo tempo que retêm Iodo, as células foliculares também sintetizam tireoglobulina (TGB), uma grande glicoproteína produzida no retículo endoplasmático rugoso, modificada no complexo de Golgi e armazenada em vesículas secretoras. As vesículas sofrem exocitose, o que libera TGB para o lúmen do folículo; Oxidação de iodeto: Parte dos aminoácidos na TGB consiste em tirosinas que se tornarão iodadas. Entretanto, íons iodeto com carga elétrica negativa não conseguem se ligar à tirosina até que sofram oxidação (remoção de elétrons); Na medida em que os íons iodeto são oxidados, eles atravessam a membrana para o lúmen do folículo; Conforme o I2 entra no coloide, a enzima tireoide peroxidase remove um elétron do iodo e adiciona o iodo à tirosina na molécula de tireoglobulina. A adição de um iodo à tirosina cria a monoiodotirosina (MIT); A adição de um segundo iodo cria a di- iodotirosina (DIT). MIT e DIT, então, sofrem uma reação de acoplamento. Uma MIT e uma DIT combinam-se para formar o hormônio da tireoide tri-iodotironina, ou T3; Duas DIT unem-se para formar a tetraiodotironina (T4, também conhecida como tiroxina). Neste ponto, os hormônios ainda estão ligados à tireoglobulina. Quando a síntese hormonal está completa, o complexo tireoglobulina-T3/T4 é recapturado pelas células foliculares em vesículas 4. As enzimas intracelulares liberam os hormônios T3 e T4 da proteína tireoglobulina; Acoplamento de T1 e T2: Durante a última etapa da síntese dos hormônios da tireoide, duas moléculas de T2 se juntam para formar T4 ou uma de T1 com uma de T2 se unem para formar T3; Pinocitose e digestão de coloide: Gotículas de coloide penetram de novo nas células foliculares por pinocitose e se juntam aos lisossomos. Enzimas digestivas nos lisossomos degradam a TGB, separando moléculas de T3 e T4; Fernanda Jorge Martins – 4º Período @fernandamartins.med 3 APG IV Secreção de hormônios da tireoide: Como são lipossolúveis, T3 e T4 se difundem através da membrana plasmática para o líquido intersticial e, em seguida, para o sangue. Em geral, T4 é secretada em maior quantidade que T3, mas T3 é muitas vezes mais potente; Além disso, depois que a T4 entra no corpo celular, a maioria dela é convertida a T3 por remoção de um iodo. - Transporte no sangue: Mais de 99% de T3 e T4 se combinam a proteínas transportadoras no sangue, principalmente à globulina transportadora de tiroxina (TBG); Por anos pensou-se que o T4 era o hormônio ativo, porém, hoje, sabemos que o T3 é de 3 a 5 vezes biologicamente mais ativo, e que o T3 é o hormônio ativo nas células-alvo. As células-alvo produzem cerca de 85% do T3 ativo por meio de enzimas, chamadas de deiodinases, que removem um iodo do T4. A ativação do hormônio no tecido-alvo acrescenta outro nível de controle, pois os tecidos-alvo individualmente podem controlar a sua exposição ao hormônio ativo, regulando sua síntese enzimática tecidual. Ação dos hormônios da tireóide Uma vez que a maioria das células corporais apresenta receptores para hormônios da tireoide, T3 e T4 exercem seus efeitos por todo o corpo; Os hormônios da tireoide aumentam a taxa metabólica basal (TMB), que consiste no consumo de oxigênio em condições basais ou padrão (acordado, em repouso e jejum) por meio da estimulação do uso de oxigênio celular na produção de ATP. Quando a taxa metabólica basal aumenta, o metabolismo celular dos carboidratos, lipídios e proteínas se torna mais intenso; Outro efeito importante dos hormônios da tireoide é o de estimular a síntese de bombas adicionais de sódio e potássio (Na+- K+ ATPase), o que utiliza grandes quantidades de ATP para continuamente ejetar íons sódio do citosol no líquido extracelular e íons potássio do líquido extracelular no citosol; Com a produção e a utilização de mais ATP pelas células, mais calor é liberado e a temperatura corporal sobe. Esse fenômeno é chamado de efeito calorigênico. Dessa maneira, os hormônios da tireoide têm participação importante na manutenção da temperatura corporal normal. Mamíferos normais são capazes de sobreviver a temperaturas muito baixas, mas aqueles cuja glândula tireoide foi removida não conseguem; Na regulação do metabolismo, os hormônios da tireoide estimulam a síntese de proteína e aumentam o uso de glicose e ácidos graxos para a produção de ATP. Além disso, intensificam a lipólise e a excreção de Fernanda Jorge Martins – 4º Período @fernandamartins.med 4 APG IV colesterol, reduzindo, dessemodo, o nível de colesterol sanguíneo; Os hormônios da tireoide intensificam algumas ações das catecolaminas (norepinefrina e epinefrina), pois promovem a suprarregulação dos receptores beta (β). Por essa razão, os sinais/sintomas do hipertireoidismo incluem frequência cardíaca aumentada, batimentos cardíacos mais fortes e pressão arterial elevada; Junto com o hormônio do crescimento e com a insulina, os hormônios da tireoide aceleram o crescimento corporal, sobretudo o crescimento dos sistemas nervoso e esquelético. A deficiência de hormônios da tireoide durante o desenvolvimento fetal ou infância causa grave retardo mental e restrição do crescimento ósseo. Hipertireoidismo Tireotoxicose é a síndrome clinica de hipermetabolismo devido ao aumento nos níveis séricos de tiroxina (T4) e /ou tri- iodotironina (T3); Hipertireoidismo corresponde à elevação dos níveis de hormônios da tireoide causado por aumento na sua biossíntese e secreção pela tireoide. Assim, a forma mais comum de tireotoxicose por hipertireoidismo é a doença de Graves. Doença de Graves É uma síndrome caracterizada por hipertireoidismo, oftalmopatia, dermopatia localizada (mixedema pré-tibial) e, às vezes, acropaquia (forma arredondada do leito ungueal). É uma doença de etiologia autoimune com predisposição familiar forte. Patogênese A natureza autoimune está relacionada com a produção de imunoglobulinas ou anticorpos estimuladores da tireoide (TSI) dirigidos diretamente ao receptor de TSH. A produção de TSI é dependente dos linfócitos T, e essas imunoglobulinas mimetizam a ação do TSH, ativando a proteína G acoplada ao receptor, o sistema adenilciclase e, consequentemente, a produção de monofosfato de adenosina cíclico (AMPc) provocando excesso de produção de hormônio tireoidiano, hiperplasia e hipertrofia dos folículos tireóideos; Ao contrário do que se observa com o TSH, o efeito causado por esses autoanticorpos não é bloqueado pelo feedback negativo, levando a hiperprodução hormonal crônica. Na fase ativa da doença, concentrações de anticorpo antirreceptor de TSH (TRAb) podem ser observados em quase todos os pacientes afetados. Fatores que podem provocar a resposta imune Gestação, principalmente o pós parto; Excesso de iodo, principalmente em locais com a deficiência desse material; Interferon-alfa, podendo estar relacionado com a modificação da resposta imune; Fernanda Jorge Martins – 4º Período @fernandamartins.med 5 APG IV Infecções virais ou bacterianas; Estresse psicológico; Predomina em mulheres, devido aos efeitos moduladores dos estrógenos no sistema imune. A doença de graves pode ser iniciada por dois mecanismos: através de clones anormais de linfócitos T auxiliares autorreativos ou pela apresentação de antígeno anormal às células foliculares tireoidianas, independente ou em resposta a citocinas (IL-1, IFN-gama e TNF-alfa) liberadas por linfócitos T ou pelas células dendríticas ou macrófagos infiltrados na glândula. Fatores genéticos podem estar envolvidos também; A patogênese da oftalmopatia pode envolver linfócitos TCD8+ e anticorpos citotóxicos sensibilizados a um antígeno comum, como o receptor de TSH encontrado nos fibroblastos orbitai, músculo orbital e tecido tireóideo; As citocinas desses linfócitos podem ocasionar a ativação e proliferação dos fibroblastosorbitais e dos pré-adipócitos, resultando em quantidades crescentes de gordura retro-orbital e de glicosaminoglicanos, assim como edema dos músculos oculares; isto resulta em proptose (protusão) dos globos oculares e diplopia, assim como vermelhidão, congestão e edema conjuntival e periorbital; A patogênese da dermatopatia tireóidea (mixedema pré-tibial) e da rara inflamação subperiosteal das falanges das mãos e dos pés (osteopatia ou acropatia tireóidea) também pode envolver a estimulação de citocinas linfocitárias de fibroblastos nestes locais. Manifestações Extratireóideas A oftalmopatia evidente ocorre em cerca de 50% dos pacientes com doença de Graves; A dermopatia ou mixedema pré-tibial tem como localização a área pré-tibial e o dorso dos pés e é causada pela deposição de glicosaminoglicanos na derme dessa região podendo promover prurido e às vezes, dor. Esses glicosaminoglicanos (ácido hialurônico) são produzidos através da estimulação por citocinas dos linfócitos. A lesão é caracterizada pelo espessamento da pele com pápulas ou placas elevadas hiperpigmentadas violáceas; Na doença de Graves, nos casos mais graves, existe associação de baqueteamento e osteoartropatia dos dedos das mãos e pés, constituindo a acropaquia de Graves. Essas lesões afetam predominantemente a parte distal dos ossos e a reação dos tecidos moles é firme, indolor, sem rubor nem calor local. Quadro Clínico Pode ser divido nas típicas de hipertireoidismo e as específicas de doença de Graves. Fernanda Jorge Martins – 4º Período @fernandamartins.med 6 APG IV Esse quadro clínico vai ser determinado pela intensidade, duração da doença de Graves e idade do paciente. Por exemplo: Em individuos de 20 a 50 anos, as manifestações clínicas envolvem: nervosismo, fatigabilidade fácil, palpitações, hipercinesia, diarreia, intolerância ao calor, sudorese, perda de peso, comprometimento exoftálmico (proptose, retração palpebral ou exoftalmia); Em pacientes pré-adolescentes existe crescimento linear rápido, com aceleração da maturação óssea; Como avanço da idade, a perda de peso e apetite fica menor, enquanto a irritabilidade e intolerância ao calor fica menos frequente, a miopatia é bastante grave, com perda de massa muscular, impedindo andar. O hipertireoidismo pode piorar a intolerância à glicose em paciente diabético insulinodependente, por aumentar a necessidade de insulina, e raramente provocar hipoglicemia. Complicações Crise tireotóxica (tempestade tireóidea) consiste na exarcebação aguda de todos os sinais e sintomas da tireotoxicose, podendo levar até ao óbito; Ocasionalmente, pode se apresentar de forma leve como uma reação febril sem causa aparente; As manifestações clínicas dessa crise consistem em hipermetabolismo acentuado e resposta adrenérgica excessiva. A febre varia entre 38°C a 41°C e está associada a fogachos e sudorese, ocorre taquicardia acentuada, com frequencia, com fibrilação atrial e alta pressão de pulso. Os sintomas de agitação incluem agitação, delíreo e coma; Os sintomas gastrointestinais incluem náusea, vômito, diarreia e icterícea; Em casos mais graves pode ocorrer insuficiência cardíaca e choque. Hipotireoidismo O hipotireoidismo é definido como uma síndrome clínica e laboratorialdecorrente da deficiência na ação periférica dos hormônios tireoidianos tri-iodotironina (T3) e tiroxina (T4); Pode ser classificada em hipotireoidismo congênito ou adquirida. Além dessa classificação ainda existe a divisão em primário, em que há comprometimento da tireoide, levando à diminuição da produção e Fernanda Jorge Martins – 4º Período @fernandamartins.med 7 APG IV secreção de T3 e T4, ou em hipotireoidismo secundário, referente ao acometimento da hipófise, com diminuição na secreção de TSH, ou em terciário, quando ocorre diminuição de secreção de TRH. Os hipotireoidismos secundário e terciário podem ser chamados de central. Hipotireoidismo Congênita As causas mais comuns de hipotireoidismo congênito são alterações no desenvolvimento da glândula (disgenesia) e defeitos na síntese de hormônios da tireoide (disormonogênese), causando o hipotireoidismo primário. Ele está relacionado com o primário ou com o secundário. Disgenesia Tireoidiana: Defeitos no desenvolvimentoda tireoide podem compreender ausência completa da glândula (atireose), ausência parcial da tireoide (hemiagenesia), hipoplasia da glândula e defeito na migração das células tireóideas durante o periodo embriológico (ectopia). Disormonogênese: Os erros inatos da formaçãodos hormônios tireoidianos podem ser classificados da seguinte maneira: incapacidade de concentrar iodo, defeito na organificação do iodo por alteração da enzima tireoperoxidade (TPO) ou do sistema H2O2, defeito na síntese e transporte da tireoglobulina, atividade diminuída da iodotirosina desalogenase. Hipotireoidismo Secundário: Pode ocorrer por mutações em fatores de transcrição, como LHX3, LHX4, HEXS1, POUF1 e PROP1, envolvidos na organogênese hipofisária. Resistência aos hormônios tireoidianos A resistência aos hormônios tireoidianos compreende outra causa de hipotireoidismo congênito que ocorre através de mutações no gene do receptor do hormônio tireoidiano na região de ligação do T3; Mutações inativadoras do gene MCT8 também constituem outra causa, ainda mais rara de resistência aos hormônios tireoidianos. Hipotireoidismo Adquirido Carência de Iodo: Como no Brasil o sal é iodado, atualmente o hipotireoidismo causado por essa carência é raramente visto na sua apresentação como cretinismo endêmico; Tireoidite Crônica Autoimune (Tireoidite de Hashimoto): É a causa mais frequente em adultos, podendo ser observado infiltração linfocítica importante na glândula, levando até a fibrose. A tireoidite de Hashimoto é caracterizada pela presença de anticorpos contra os antígenos tireoidianos, com tireoglobulina (anti-Tg), tireoperoxidade (anti-TPO) e sódio- iodo simportador (NIS). Patogênese: Fernanda Jorge Martins – 4º Período @fernandamartins.med 8 APG IV O mecanismo envolve tanto a imunidade celular quando a humoral, com infiltrado de células B e células T citotóxicas na tireoide. Em pacientes com essa doença ocorre a expressão pelas células foliculares do gene Fas, pertencente aos genes ligados a fatores de necrose tumoral. A destruição das células da tireoide pode ser explicada pela interação do Fas com seu ligante na superfície das células foliculares. A apoptose dessas células é mediada também pelos linfócitos TCD8+ que destroem seus alvos, além da produção local de citocinas, como TNF, interleucinas e IFN. Essas citocinas contribuem para ampliação da resposta inflamatória prejudicando ainda mais a função das células foliculares. Predisposição genética: A suscetibilidade à tireoidite autoimune é determinada por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Pode-se associar a tireoidite de Hashimoto ao sistema do antígeno leucocitário humano (HLA), aos polimorfismos em diversos genes ligados à tireoide, a alterações cromossômicas como (Síndrome de Down e de Turner). Fatores ambientais: Essa doença vai ser mais frequente em regiões com maior aporte de iodo do que com insuficiência de iodo. Substâncias que afetam a secreção dos hormônios tireoidianos Meios de contraste iodados Essas substâncias são usadas em exames radiológicos, como tomografia e angiografia e esses contrastes iônicos contem grandes quantidades de iodeto. O efeito inibitório na síntese hormonal geralmente everte-se espontaneamente após alguns dias, podendo causar alterações em TSH e T4 livre após 1 a 2 semanas da sobrecarga aguda em indivíduos normais. Amiodarona: É um antiarrítmico usado em casos de fibrilação atrial que pode causar disfunção tireoidiana devido a sua composição rica em iodo e inibindoa desiodinase tipo 2, diminuindo a conversão de T4 para T3. Interferon: O IFN-alfa é um produto de linfócitos B e macrófagos que possui: Propriedades antiviral, antiproliferativa e imunomoduladora. Levando à exacerbação dos efeitos dos linfócitos TCD8+ e da resposta das células NK. As disfunções tireoidianas relacionadascom o uso de IFN-alfa são mais observadas em pacientes com infecção crônica pelo vírus da hepatite C. O uso de IFN-alfa pode levar a indução ou exacerbação de tireoidite autoimune preexistente ou agir diretamente destruindo a glândula tireoidiana. Fernanda Jorge Martins – 4º Período @fernandamartins.med 9 APG IV Lítio: O carbonato de lítio inibe a liberação dos hormônios tireoidianos por alterar a polimerização da tubulina, além de inibir a ação do TSH. Substâncias que inibem a secreção de TSH Glicocorticoide: Podem diminuir a secreção de TSH por ação direta na secreção de TRH hipotalâmico ou inibem a conversão de T4 para T3. Dopamina e dobutamina: Causam supressão do TSH após administração de doses comumente usadas em terapia intensiva. Ácidos retinóicos: Ocorre supressão de TSH, além de aumento da degradação periférica dos hormônios tireoidianos, levando a um quadro de hipotireoidismo central reversível. Hipotireoidismo Central Craniofaringioma ou lesões granulomatosas podem provocar hipotireoidismo terciário diminuindo a secreção de TRH; Doenças que acometem a hipófise, como adenoma hipofisário, que diminui a secreção de TSH por destruição do tireotrofos, também podem ser causadoras de hipotireoidismo secundário; Geralmente, as lesões que causam hipotireoidismo central também causam deficiência de outros hormônios secretados pela adenohipófise, principalmente GH, ACTH e elevam a secreção de PRL. Manifestações Clínicas Hipotireoidismo Congênito: Um dos sinais mais característicos é o alargamento da fontanela posterior com suturas craniana abertas, resultante do atraso na maturação esquelética. Outras manifestações incluem: icterícia prolongada, dificuldade de sucção, hipotonia, língua aumentada, choro rouco e a presença de hérnia umbilical. Hipotireoidismo na criança e no adolescente: Quando essa doença não é tratada pode evoluir para um quadro clínico grave caracterizado por retardo mental, baixa estatura, macroglossia, hérnica umbilical, hipotonia, edemas generalizados e face típica de cretinismo. Hipotireoidismo no Adulto: As manifestações clínicas vão depender da causa, velocidade de instalação, da idade, do grau de deficiência hormonal e também das características individuais. O quadro clínico reflete a falta do hormônio da tireoide, levando à diminuição generalizada dos processos metabólicos e ao acúmulo intersticial de diversos tecidos de glicosaminoglicanos que são hidrofílicos. Pode ocorrer hiponatremia, hiperlipidemia, anemia e elevação das concentrações séricas de enzimas musculares (CPK). Fernanda Jorge Martins – 4º Período @fernandamartins.med 10 APG IV Pode ocorrer bócio e até mesmo atrofia da glândula, variando apenas no grau de hiperplasia das células foliculares, infiltração linfocítica e fibrose. Geralmente a tireoide é de consistência firme e com superfície irregular. Referências Bibliográficas 1. Diehl LA, Migliano Porto JNC. Endocrinologia. 1ed. São Paulo: Medcel; 2018.
Compartilhar