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ANATOMIA, FISIOLOGIA E PATOLOGIAS DO SISTEMA ENDÓCRINO SISTEMA ENDÓCRINO O sistema endócrino é composto por um grupo de glândulas e órgãos que regulam e controlam várias funções do organismo por meio da produção e secreção de hormônios. Os hormônios endócrinos são secretados por células especializadas e transportados, através do sangue, até a célula alvo, ou em circunstâncias especificas até outras células do próprio sistema endócrino (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). O termo endócrino é utilizado para caracterizar uma substância que permanece no organismo, em contraste com secreções do tipo exócrinas, que são produzidas e secretadas no interior de cavidades ou até mesmo externamente ao corpo, como por exemplo o suor, produzido por glândulas sudoríparas que estão presentes na pele (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Os órgãos que fazem parte do sistema endócrino estão distribuídos por todo o corpo (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Localização das glândulas do sistema endócrino TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14 ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. 9788527728867. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527728867/. Acesso em: 11 Apr 2021 GLÂNDULAS DO SISTEMA ENDÓCRINO As principais glândulas do sistema endócrino que individualmente fabricam um ou mais hormônios específicos, são (COSTANZO, 2018; HALL, 2021): Hipotálamo Hipófise Glândula tireoide Glândulas paratireoides Células ilhotas do pâncreas Glândulas adrenais Testículos Ovários ATIVIDADE HORMONAL Função dos receptores hormonais A principal característica dos hormônios produzidos pelas glândulas do sistema endócrino, é que circulam por todo o corpo através do sangue, porém atuam apenas em receptores específicos de uma determinada célula-alvo. Por exemplo, o hormônio folículo estimulante (FSH) se liga apenas em receptores das células dos ovários e dos testículos, estimulando o funcionamento desses órgãos, ajudando na regulação da maturação puberal, da liberação dos hormônios sexuais e dos processos reprodutivos, porém não atuam em células ilhotas do pâncreas, assim como de outros órgãos (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Além dos hormônios, os neurotransmissores produzidos por células do sistema nervoso (neurônios), também atuam em receptores específicos, e dessa forma exercem sua influência (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). A todo momento os receptores estão sendo degradados e novos são sintetizados pela própria célula. Portanto, uma única célula pode possuir uma quantidade de receptores que pode variar de 2 mil a 100 mil receptores para um único hormônio. Sendo assim, existe um efeito denominado de infrarregulação, que pode ocorrer quando a concentração de um determinado hormônio estiver muito acima do limite, havendo a diminuição da quantidade de receptores, ou seja, a degradação será maior que a sua síntese, e nesse caso a célula fica menos sensível a ação desse hormônio (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). O oposto também pode acontecer. E isso acontece quando a concentração de um determinado hormônio está muito abaixo do normal, ocorrendo o efeito de suprarregulação, nessa situação a quantidade de receptores aumenta, tornando a célula mais responsiva ao hormônio (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Correlação Clínica Existem hormônios sintéticos que naturalmente podem causar o bloqueio de receptores de alguns hormônios. Um grande exemplo é o RU486 (Mifepristona), essa droga é utilizada para induzir aborto. A molécula química se liga aos receptores de progesterona e não permite que o hormônio progesterona produzido naturalmente pela mulher se ligue aos seus receptores, não deixando que o hormônio feminino exerça seu efeito normal. A progesterona nesse caso, é responsável por preparar o revestimento uterino para a nidação do óvulo fecundado. Sendo assim, quando uma gestante usa essa droga (RU486), as condições uterinas necessárias para suprir o embrião não são mantidas, o desenvolvimento embrionário é interrompido e o embrião se desprende do revestimento uterino. Esse exemplo ilustra um importante princípio endócrino: se um hormônio é impedido de interagir com seus receptores, não consegue realizar suas funções normais. Hormônios de ação local e hormônios circulantes Os hormônios endócrinos podem ser classificados como locais e circulantes (COSTANZO, 2018; HALL, 2021): o Os hormônios circulantes compreendem a maioria dos hormônios do sistema endócrino. Esses hormônios são sintetizados por células secretoras e liberados no líquido intersticial (líquido que preenche a parte vazia entre as células teciduais e os vasos capilares sanguíneos), e logo após passam para a circulação sanguínea. o Os hormônios locais, também denominados de parácrinos ou autócrinos, são aqueles que atuam nas células vizinhas ou nas mesmas células que os secretam, respectivamente, sem antes, passar para a corrente sanguínea. Normalmente, os hormônios parácrinos ou autócrinos são inativados rapidamente. No entanto, os hormônios circulantes podem permanecer no sangue e exercer seus efeitos por alguns minutos ou, às vezes, por algumas horas. Em tempo, os hormônios circulantes são inativados pelo fígado e excretados pelos rins. Em caso de insuficiência renal ou hepática, é possível observar níveis sanguíneos muito elevados de hormônios (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Comparação entre hormônios circulantes e locais (autócrinos e parácrinos) TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14 ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. 9788527728867. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527728867/. Acesso em: 11 Apr 2021 Classes químicas dos hormônios Os hormônios são divididos em duas classes: hormônios lipossolúveis e hormônios hidrossolúveis. É de extrema importância compreender essas duas classes, porque exercem efeitos de maneiras diferentes. Veja (COSTANZO, 2018; HALL, 2021): o Hormônio lipossolúveis: fazem parte dessa classe, os hormônios esteróides, hormônios da glândula tireoide e o óxido nítrico (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Hormônios esteroides: são derivados do colesterol. Não se dissolvem bem em água e, após sua secreção, são transportados ligados às proteínas carreadoras plasmáticas. Se difundem através da membrana plasmática e se ligam a proteínas citoplasmáticas de ligação. O complexo esteróide-proteína de ligação se difunde para o núcleo e ativa um elemento de resposta hormonal, o que inicia a transcrição e a tradução do DNA. Geralmente o seu efeito é mais demorado, devido todo esse processo necessário (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Hormônios da tireoide: os hormônios tireoideanos são, o T3 e o T4. Esses hormônios são sintetizados pela conexão de iodo ao aminoácido tirosina. Os anéis benzeno na estrutura química do T3 ou T4 tornam essas moléculas muito lipossolúveis (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Óxido nítrico: é um hormônio e um neurotransmissor. A sua síntese é catalisada pela enzima óxido nítrico sintase (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). o Hormônios hidrossolúveis: fazem parte dessa classe, os hormônios aminados, hormônios proteicos e peptídicos e os hormônios eicosanoides (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Hormônios aminados: são sintetizados pela descarboxilação (remoção da molécula de CO2) ou modificação de determinados aminoácidos. São chamados de aminados porque retêm um grupo amina (–NH3+). As catecolaminas – epinefrina, norepinefrina e dopamina – são sintetizadas pela modificação do aminoácido tirosina. A histamina é sintetizada a partir do aminoácido histidina por mastócitos e plaquetas. A serotonina e melatonina derivam do triptofano (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Hormônios peptídicos e os hormônios proteicos: são polímeros de aminoácidos. Os menores hormônios peptídicos são compostospor cadeias de 3 a 49 aminoácidos; os maiores hormônios proteicos apresentam 50 a 200 aminoácidos. O hormônio antidiurético e a ocitocina são exemplos de hormônios peptídicos; o hormônio do crescimento humano e a insulina são hormônios proteicos. Vários hormônios proteicos, como o hormônio tireoestimulante, possuem grupos de carboidrato afixados e, dessa forma, são hormônios glicoproteicos (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Hormônios eicosanoides: são derivados do ácido araquidônico, um ácido graxo de 20 carbonos. Os dois principais tipos de eicosanoides são as prostaglandinas (PG) e os leucotrienos (LT). Os eicosanoides são importantes hormônios locais, podendo atuar também como hormônios circulantes (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Transporte hormonal no sangue Os hormônios lipossolúveis e hidrossolúveis circulam pelo sangue ligados a proteínas transportadoras ou de forma livre. Nesse caso, de forma mais especifica os hormônios lipossolúveis normalmente são transportados ligados a proteínas transportadoras. Já os hormônios hidrossolúveis, de forma livre. As proteínas responsáveis pelo transporte no caso dos hormônios lipossolúveis, são sintetizadas pelas células do fígado, denominadas de hepatócitos, e apresentam três funções importantes (COSTANZO, 2018; HALL, 2021): 1. Permitir que os hormônios lipossolúveis fiquem temporariamente hidrossolúveis, aumentando, desse modo, sua solubilidade no sangue. 2. Retardar a passagem de moléculas hormonais pequenas pelo mecanismo de filtragem nos rins, reduzindo, assim, a perda hormonal através da urina. 3. Oferecer uma pronta reserva de hormônio na corrente sanguínea Normalmente, 0,1 a 10% das moléculas de um hormônio lipossolúvel estão livres, ou seja, não estão ligadas as proteínas transportadoras. Essa fração livre se difunde para fora dos capilares, se liga a receptores e desencadeia respostas, ou seja, apenas a fração livre que exerce efeito. Conforme as moléculas livres de hormônio deixam o sangue e se ligam a seus receptores, as proteínas transportadoras liberam novas moléculas para repor a fração livre (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Correlação clínica Os hormônios da tireoide e os hormônios esteróides mesmo administrados por via oral são altamente efetivos. Isso porque, esses hormônios não sofrem degradação durante o processo de digestão e atravessam com facilidade a mucosa intestinal (enterócitos) por serem lipossolúveis. Por outro lado, o mesmo não acontece com os hormônios proteicos ou peptídicos, como por exemplo, a insulina. Esses não são efetivos quando administrados por via oral porque enzimas digestivas os degradam, quebrando as suas ligações peptídicas. Por essa razão, as pessoas que são diabéticas e dependentes de insulina precisam administrá-la por injeção subcutânea. Mecanismos de ação dos hormônios Para compreender como os hormônios agem, é importante entender tudo vai depender do tipo de hormônio, assim como da célula-alvo. Isso significa que diferentes células podem responder de formas diferentes a um mesmo hormônio. Por exemplo, nos hepatócitos a insulina estimula a produção de glicogênio, já nas células de gordura (adipócitos), estimula a síntese de triglicerídeos. Os principais efeitos hormonais são (COSTANZO, 2018; HALL, 2021): o Alteração da permeabilidade da membrana plasmática; o Estimulação do transporte de uma substância para dentro ou para fora de células- alvo; o Alteração da velocidade de reações metabólicas específicas; o Promoção de contrações da musculatura lisa ou cardíaca. Os receptores de hormônios lipossolúveis estão localizados dentro das células-alvo, enquanto os receptores de hormônios hidrossolúveis fazem parte da membrana plasmática das células-alvo (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Ação dos hormônios lipossolúveis Como já mencionado anteriormente, os receptores de hormônios lipossolúveis estão localizados dentro das células-alvo. E seu mecanismo de ação ocorre da seguinte forma (COSTANZO, 2018; HALL, 2021): 1. A fração livre do hormônio lipossolúvel que passou da corrente sanguínea para o líquido intersticial, passa para o interior da célula-alvo através da bicamada lipídica da membrana plasmática; 2. O hormônio estando no citoplasma da célula-alvo, se liga aos receptores presentes no citosol ou no núcleo, ativando-os. O complexo receptor-hormônio ativado modifica a expressão do gene: ativando ou desativando genes específicos do DNA nuclear; 3. E com a transcrição do DNA, novos RNA mensageiros são formados, e passam do núcleo para o citoplasma da célula, onde ocorre a sua tradução e síntese de proteínas, nos ribossomos; 4. As novas proteínas alteram a atividade das células e causam respostas típicas do hormônio em questão. Mecanismo de ação dos hormônios lipossolúveis esteroides e tireóideos. TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14 ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. 9788527728867. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527728867/. Acesso em: 11 Apr 2021 Ação dos hormônios hidrossolúveis Os hormônios hidrossolúveis não conseguem passar através da bicamada lipídica da membrana plasmática da células-alvo. Em razão disso, os receptores de hormônios hidrossolúveis estão projetados na superfície da membrana plasmática. E de uma forma bem objetiva, o hormônio hidrossolúvel se liga a um receptor de superfície, atuando como um primeiro mensageiro (o hormônio), promovendo a produção de um segundo mensageiro (AMP cíclico, cAMP) dentro da célula, onde acontecem respostas específicas estimuladas pelo hormônio. Portanto, a ação de um típico hormônio hidrossolúvel ocorre da seguinte maneira (COSTANZO, 2018; HALL, 2021): 1. O hormônio hidrossolúvel se liga a receptores presentes na superfície celular. O complexo receptor-hormônio ativa uma proteína da membrana chamada de proteína G. A proteína G ativada, por sua vez, ativa a adenilato ciclase. 2. A adenilato ciclase converte ATP em AMP cíclico (cAMP). Uma vez que o local ativo da enzima é na superfície interna da membrana plasmática, essa reação ocorre no citosol da célula. 3. O AMP cíclico (segundo mensageiro) ativa uma ou mais proteinoquinases, as quais podem estar livres no citosol ou ligadas à membrana plasmática. A proteinoquinase é uma enzima que fosforila (adiciona um grupo fosfato) outras proteínas celulares (como enzimas). O doador do grupo fosfato é o ATP, que é convertido em ADP. 4. As proteinoquinases fosforilam uma ou mais proteínas celulares. A fosforilação ativa algumas dessas proteínas e inativa outras, como um interruptor. 5. As proteínas fosforiladas, por sua vez, causam reações que produzem respostas fisiológicas. Existem proteinoquinases diferentes no interior das células-alvo distintas e dentro de diferentes organelas da mesma célula-alvo. Assim, uma proteinoquinase pode desencadear a síntese de glicogênio, outra pode causar a degradação de triglicerídeo, uma terceira pode promover a síntese de proteína e assim por diante. Conforme observado na etapa 4, a fosforilação por uma proteinoquinase também pode inibir determinadas proteínas. Por exemplo, algumas das quinases liberadas quando a epinefrina se liga aos hepatócitos inativam uma enzima necessária para a síntese de glicogênio. 6. Após um breve período, uma enzima chamada fosfodiesterase inativa o cAMP. Dessa forma, a resposta da célula é desativada a não ser que a ligação de novas moléculas hormonais a seus receptores na membrana plasmática continue. Mecanismo de ação dos hormônios hidrossolúveis (aminas, peptídicos, proteicos e eicosanoides). TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14 ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. 9788527728867. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527728867/. Acesso em: 11 Apr 2021 Funções do Sistema EndócrinoAs secreções endócrinas, em conjunto com o sistema nervoso, coordenam o balanço hidroeletrolítico, o metabolismo, a reprodução e a absorção de nutrientes (JUNQUEIRA, 2018; COSTANZO, 2018; HALL, 2021). o Balanço hidroeletrolítico: reflete a complexa integração entre a ingestão, a perda, a produção e consumo. Veja alguns exemplos (COSTANZO, 2018; HALL, 2021): O balanço da água depende do hormônio antidiurético, da pressão de perfusão renal e de qualquer sistema que altere o Na+, plasmático com a água intracelular, intersticial e plasmática. A regulação endócrina do K+ plasmático é feita pela aldosterona, com o K+ do líquido intracelular. O Ca++ plasmático é regulado, com muita precisão, pelo hormônio das paratireoides e pela calcitonina, com os cristais ósseo de Ca++ como reservatório tampão; A glicose é regulada pela insulina, pelo glucagon e pelas ações metabólicas do cortisol, do hormônio do crescimento e da epinefrina, com o glicogênio hepático atuando como reservatório tampão. REGULAÇÃO DO SISTEMA ENDÓCRINO Quando uma glândula do sistema endócrino é estimulada, ela libera seus hormônios com mais frequência, aumentando a concentração sanguínea do hormônio. Na ausência de estimulação, o nível sanguíneo do hormônio diminui. A regulação da secreção normalmente evita a produção excessiva ou insuficiente de qualquer hormônio, ajudando a manter a homeostasia (JUNQUEIRA, 2018; COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Dessa forma, a secreção hormonal é regulada por (COSTANZO, 2018; HALL, 2021): 1. Sinais do sistema nervoso; 2. Alterações químicas no sangue; 3. Outros hormônios. Porém, a maioria dos sistemas regulatórios hormonais atua via feedback negativo, no entanto, alguns operam por feedback positivo. O mecanismo de feedback, também denominado mecanismo de retroalimentação, corresponde a um conjunto de respostas produzidas pelo nosso organismo diante de alguma alteração (JUNQUEIRA, 2018; COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Feedback negativo ou retroalimentação negativa: é um dos mecanismos mais importantes para a manutenção da homeostase do nosso corpo, ou seja, para o equilíbrio interno. Esse mecanismo garante uma mudança contrária em relação à alteração inicial, ou seja, produz respostas que reduzem o estímulo inicial (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Feedback positivo ou retroalimentação positiva: ocorre em menor quantidade quando comparado ao mecanismo de feedback negativo. O feedback positivo, diferentemente do negativo, garante o aumento do estímulo que causa desequilíbrio, reforçando-o. Desse modo, nem sempre o feedback positivo é benéfico, desencadeando, em alguns casos, efeitos prejudiciais ao organismo (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Agora, depois de termos uma ideia geral das funções dos hormônios no sistema endócrino e como é realizada a regulação do sistema endócrino, voltamo-nos às discussões das várias glândulas endócrinas e os hormônios que secretam (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). HIPOTÁLAMO E HIPÓFISE O hipotálamo é uma região do encéfalo, localizado abaixo do tálamo e, é a principal conexão entre os sistemas nervoso e o sistema endócrino. As células no hipotálamo sintetizam, pelo menos, nove hormônios diferentes e a hipófise secreta sete. Juntos, esses hormônios desempenham funções importantes na regulação de praticamente todos os aspectos do crescimento, desenvolvimento, metabolismo e homeostasia. Os hormônios hipotalâmicos, são (COSTANZO, 2018; HALL, 2021): 1. Hormônio liberador da Corticotropina (CRH) 2. Hormônio liberador da Tireotropina (THRH) 3. Hormônio inibidor da prolactina (PIH), dopamina 4. Hormônio liberador da prolactina (PRH) 5. Hormônio liberador do hormônio do crescimento (GHRH) 6. Hormônio inibidor do hormônio do crescimento (GHIH) (somatostatina) 7. Hormônio liberador das gonadotrofinas (GnRH) 8. Hormônio antidiurético (ADH) 9. Hormônio ocitocina A glândula hipófise, também denominada de pituitária, e glândula endócrina “mestre” é uma pequena estrutura (1 grama), em forma de ervilha localizada na superfície basal do hipotálamo. Está conectada ao hipotálamo pelo pedúnculo hipofisário (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). A hipófise apresenta duas partes anatômicas e funcionalmente separadas: a adeno- hipófise (lobo anterior) e a neuro-hipófise (lobo posterior) (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Hipotálamo e hipófise e sua irrigação sanguínea TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14 ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. 9788527728867. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527728867/. Acesso em: 11 Apr 2021 Hipófise anterior (adeno-hipófise) Representa 75% do peso total da glândula e é composta por tecido epitelial. A hipófise anterior secreta seis hormônios, dois dos quais atuam sobre tecidos-alvo finais, e quatro dos quais controlam as secreções de outras glândulas endócrinas. A adeno-hipófise possui 5 tipos de células secretoras, denominadas de células (JUNQUEIRA, 2018; COSTANZO, 2018; HALL, 2021): 1. Somatotróficas: células especializadas da adeno-hipófise secretoras de hormônio do crescimento (GH), que por sua vez, estimula vários tecidos a secretarem fatores de crescimento insulino-símiles (IGF), hormônios que estimulam o crescimento corporal geral e regulam os aspectos do metabolismo; 2. Tireotróficas: células especializadas da adeno-hipófise secretoras de hormônio tireoestimulante (TSH), também denominado de tireotrofina. O TSH controla as secreções dos hormônios tireoideanos (T3 e T4) e outras atividades da glândula tireoide; 3. Gonadotróficas: células especializadas da adeno-hipófise secretoras de duas gonadotrofinas: Hormônio folículo estimulante (FSH) e Hormônio luteinizante (LH). Esses dois hormônios (FSH e LH) atuam nas gônadas, estimulando a secreção de estrogênio e progesterona e a maturação de ovócitos nos ovários, além de estimularem a produção de espermatozoides e a secreção de testosterona nos testículos; 4. Lactotróficas: células especializadas da adeno-hipófise secretoras de prolactina (PRL), que inicia a produção de leite nas glândulas mamárias. A prolactina não atua em órgão intermediário, atua diretamente no tecido-alvo. 5. Corticotróficas: células especializadas da adeno-hipófise secretoras do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), também conhecido como corticotrofina, que estimula o córtex da glândula suprarrenal a secretar glicocorticoides como o cortisol. É importante compreende que a liberação dos hormônios da adeno-hipófise é estimulada por hormônios liberadores e suprimida por hormônios inibidores do hipotálamo. Sendo assim, os hormônios hipotalâmicos constituem uma ligação importante entre os sistemas nervoso e endócrino (SILVERTHORN, 2017; COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Regulação das células hipotalâmicas neurossecretoras e corticotróficas da adeno-hipófise por feedback negativo. As setas verdes sólidas indicam estímulo das secreções; as setas vermelhas pontilhadas querem dizer inibição da secreção via feedback negativo. TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14 ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. 9788527728867. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527728867/. Acesso em: 11 Apr 2021 Portanto, com base no esquema apresentado na figura acima, podemos observar que o cortisol secretado pelo córtex da glândula suprarrenal suprime a secreção de CRH e ACTH. Ou seja, níveis de cortisol elevados inibem a liberação de ACTH da adeno-hipófise (SILVERTHORN, 2017; COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Veja também a seguir, que a secreção do hormônio do crescimento (GH) é estimulada pelo hormônio liberador de hormônio do crescimento (GHRH) e inibida pelo hormônio inibidor de hormônio do crescimento (GHIH) (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Efeitosdo hormônio do crescimento (GH) e dos fatores insulina-símiles (IGF). As setas sólidas verdes indicam estímulo da secreção; as setas pontilhadas vermelhas indicam inibição da secreção via feedback negativo. TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14 ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. 9788527728867. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527728867/. Acesso em: 11 Apr 2021 Correlação Clínica A hiperglicemia pode ser um indício de excesso de hormônio do crescimento (GH). Nesse caso, se a hiperglicemia se tornar persistente, o pâncreas será forçado a secretar uma maior quantidade de insulina de forma contínua. O grande problema é que se essa produção de insulina demorar semanas ou meses, ocorrerá o esgotamento das células beta pancreáticas. Portanto, a secreção excessiva de hormônio do crescimento pode contribuir para a fisiopatologia de diabetes mellitus. Hipófise posterior (neuro-hipófise) Os axônios das células hipotalâmicas neurossecretoras formam o trato hipotálamo-hipofisial que se estende dos núcleos paraventricular e supraóptico até a neuro-hipófise. A ocitocina e o hormônio antidiurético (ADH, vasopressina) são sintetizados no hipotálamo e transportados, por axônios, para a neuro-hipófise, para sua secreção (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Potenciais de ação, que chegam a essas terminações nervosas secretam ocitocina ou ADH no sangue de modo muito semelhante à liberação de neurotransmissores por outros nervos. Além dessas terminações nervosas, a neuro-hipófise contém células gliais, que sustentam e nutrem as terminações nervosas (SILVERTHORN, 2017; COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Trato hipotálamo-hipofisial da Neuro-hipófise TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14 ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. 9788527728867. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527728867/. Acesso em: 11 Apr 2021 Funções da ocitocina e ADH o A ocitocina promove a contração uterina, auxiliando, assim, o trabalho de parto. Ela também provoca a “descida” do leite, subsequente a sucção (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). o O ADH é secretado em virtude do aumento da osmolaridade plasmática, geralmente, vinculados a variações da concentração plasmática de Na+. A hipotensão e a hipovolemia têm uma importância menor na estimulação da liberação de ADH, bem como o estresse e o trauma (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). O sangue chega à neuro-hipófise pelas artérias hipofisárias inferiores, ramos da artéria carótida interna. Na neuro-hipófise, as artérias hipofisárias inferiores drenam para o plexo capilar do infundíbulo, uma rede capilar que recebe a ocitocina e o hormônio antidiurético secretados. Desse plexo, os hormônios passam para as veias porto-hipofisárias posteriores para serem distribuídos às células-alvo em outros tecidos (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Veja na figura abaixo, todo o processo de regulação da secreção e ações do hormônio antidiurético (COSTANZO, 2018; HALL, 2021): Mecanismo de ação do hormônio antidiurético TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14 ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. 9788527728867. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527728867/. Acesso em: 11 Apr 2021 GLÂNDULA TIREÓIDE A glândula tireoide está localizada abaixo da laringe, e tem formato de uma borboleta. Possui dois lobos, um em cada lado da traqueia, lobo direito e lobo esquerdo. Essa glândula pesa aproximadamente 30 gramas (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Grande parte da glândula tireoide é constituída por microscópicos sacos esféricos denominados de folículos da tireoide. Células foliculares constituem as paredes de cada folículo da tireoide, e uma membrana envolve externamente cada folículo. As células foliculares quando estão inativas apresentam uma morfologia cúbica ou pavimentosa, no entanto, sobre a influência do TSH, são ativadas e passam a secretar hormônios e sua morfologia muda para colunar. Essas células foliculares da tireoide são responsáveis pela síntese de dois hormônios (COSTANZO, 2018; HALL, 2021): Tiroxina, também denominado de tetraiodotironina (T4); Tri-iodotironina (T3) Localização e histologia da glândula tireoide TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14 ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. 9788527728867. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527728867/. Acesso em: 11 Apr 2021 E entre os folículos, podem ser encontradas algumas células chamadas de células parafoliculares ou células C. Elas produzem o hormônio calcitonina (CT), que ajuda a regular a homeostasia do cálcio (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Os dois hormônios, T3 e o T4 em conjunto, formam o hormônio tireóideo. Este, embora derivado de um aminoácido, age como um hormônio esteróide. No plasma sanguíneo, 99% do hormônio tireóideo são transportados ligados à globulina ligadora de tiroxina. O hormônio tireóideo se liga à proteína receptora intracelular e altera a transcrição e tradução do DNA (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Os efeitos dos hormônios tireóideos são crônicos: o efeito biológico do T3 é mais rápido e requer três dias para seu pico de ação; e o efeito biológico do T4 é mais lento e exige 11 dias para seu efeito máximo (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Funções dos hormônios da tireoide A maioria das células corporais possuem receptores específicos para os hormônios da tireoide, sendo assim, pode exercer efeitos por todo o corpo. As ações são (COSTANZO, 2018; HALL, 2021): o Aumentam a taxa metabólica basal; o Eleva o consumo de carboidratos e aumenta o tamanho e a densidade das mitocôndrias; o Promove o crescimento, sendo necessário para o crescimento normal das crianças; o Aumenta a atividade mental e as outras secreções endócrinas; o Auxilia na adaptação aos ambientes frios, o frio estimula sua liberação, o que aumenta o metabolismo basal e gera calor como subproduto do metabolismo. o Estímulo à síntese de Na+/K+ ATPase o Promove síntese de proteínas o Estímulo a lipólise Regulação da síntese e da liberação do Hormônio Tireóideo Das duas formas ativas, o T4 é produzido em maior quantidade, representando 90% da secreção da glândula tireoide. O T3 é mais estável do que o T4, apresentando maior potência do que o T4. Sendo assim, o T3 é, geralmente, considerado como a forma intracelular ativa do hormônio da tireoide (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). O hormônio tireóideo (T3 e o T4) são sintetizados no icolóide dos folículos tireóideos. Esses folículos contêm a glicoproteína tireoglobulina (TGB). As células foliculares tireóideas transportam, ativamente o iodo (I-) da corrente sanguínea para o interior dos folículos (coloide), onde é oxidado e em seguida se combina com os resíduos tirosínicos (iodação da tirosina) de tireoglobulina, formando a monoiodotirosina (T1), depois a diiodotirosina (T2), e por fim, T3 e T4. A proteína TGB contendo os hormônios T3 e T4 é endocitada pela célula folicular mantendo-a no interior de lisossomos e, em seguida os hormônios T3 e T4 são separados da proteína e secretados na corrente sanguínea que serão transportados no sangue pela globulina transportadora de tiroxina (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Veja todo esse processo da síntese e secreção dos hormônios da tireoide, na figura abaixo. Etapas da síntese e secreção dos hormônios da tireoide. TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14 ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. 9788527728867. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527728867/. Acesso em: 11 Apr 2021 O iodo obtido através da alimentação é fundamental para a síntese dos hormônios da tireoide. O iodo natural é disponívelnas áreas costeiras (água salgada). Nos Estados Unidos, o iodo é adicionado ao sal a fim de prevenir sua deficiência. O iodo ingerido é absorvido pelo trato gastrointestinal (TGI) e o circulante é captado pelas células foliculares da glândula tireoide ou eliminado pelos rins (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). O feedback regulatório se dá, basicamente, pela inibição da liberação de TRH e TSH (hipotálamo e adeno-hipófise, respectivamente) pelo T3 quando está elevado no sangue (feedback negativo) (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Regulação da secreção dos hormônios da tireoide: Feedback negativo TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14 ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. 9788527728867. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527728867/. Acesso em: 11 Apr 2021 Paratormônio e calcitonina O paratormônio e a calcitonina, são hormônios responsáveis pela regulação dos níveis plasmáticos do cálcio (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). O paratormônio é secretado pelas glândulas paratireoides (4 pequenas glândulas) que estão anexadas na face posterior da glândula tireoide, e é responsável pela elevação dos níveis do cálcio plasmático. A reabsorção óssea, estimulada pelo paratormônio, aumenta de forma aguda, a absorção dos sais de Ca++ recém depositados e eleva, cronicamente, o número e a atividade dos osteoclastos. O paratormônio também aumenta a atividade renal da vitamina D3, o que aumenta a absorção gastrointestinal do cálcio presente na alimentação (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Localização e histologia das glândulas paratireoides. TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14 ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. 9788527728867. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527728867/. Acesso em: 11 Apr 2021 A calcitonina, é secretada pelas células parafoliculares da tireoide, age reduzindo o Ca++ plasmático, pelo aumento da deposição de cristais de Ca++ nos ossos, estimulando, transitoriamente, a atividade dos osteoblastos e, em condições crônicas, estimulando a formação de novas células osteoblásticas. O efeito desse hormônio é mais pronunciado em crianças que tem reservatório de armazenamento ósseo de Ca++ mais lábil. Tem importância reduzida em adultos (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). A secreção de calcitonina é controlada por um sistema de feedback negativo. Veja na figura abaixo, todo o mecanismo de regulação do nível sanguíneo de cálcio, pela calcitonina e pelo paratormônio. Esses dois hormônios são antagônicos (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Funções da calcitonina (setas verdes), paratormônio (setas azuis) e calcitriol (setas laranjas) na homeostasia do cálcio. TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14 ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. 9788527728867. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527728867/. Acesso em: 11 Apr 2021 Dos dois hormônios, o paratormônio é o regulador do Ca++ plasmático biologicamente mais potente e a calcitonina tem, apenas, papel secundário (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). GLÂNDULAS SUPRARRENAIS As glândulas suprarrenais, são duas glândulas endócrinas, localizadas na região superior (polo superior) de cada rim no espaço retroperitoneal (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Localização das glândulas suprarrenais TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14 ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. 9788527728867. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527728867/. Acesso em: 11 Apr 2021 Essas glândulas são revestidas externamente por uma cápsula de tecido conjuntivo, e são altamente vascularizadas. E de um ponto de vista estrutural e funcional, essas glândulas se diferenciam em duas regiões distintas, denominadas de: córtex da glândula suprarrenal e medula da glândula suprarrenal (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Córtex da glândula suprarrenal Do ponto de vista histológico, a glândula suprarrenal é dividida no córtex externo e na medula interna. O córtex da medula suprarrenal apresenta três zonas, denominada de (COSTANZO, 2018; HALL, 2021): Zona glomerulosa: a mais externa, que secreta o hormônio mineralocorticoide aldosterona; Zona fasciculada: a média, que secreta os glicocorticoides: cortisol e corticosterona; Zona reticulada: a mais interna, que secreta hormônio sexual androgênico diidrostestosterona. A corticosterona e a desoxicorticosterona são secretadas em pequenas quantidades e tem efeitos mineralocorticoides e glicocorticoides (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Os hormônios adrenocorticais (produzidos no córtex) são esteróides, formados a partir de um núcleo de colesterol (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Histologia das glândulas suprarrenais TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14 ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. 9788527728867. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527728867/. Acesso em: 11 Apr 2021 Ação dos hormônios produzidos pelo córtex das glândulas suprarrenais Mineralocorticoides A aldosterona é o principal hormônio mineralocorticoide produzido pelo córtex das glândulas suprarrenais. É responsável pela regulação da homeostasia de dois tipos de íons (íon sódio, Na+ e íon potássio, K+), e ajuda a ajustar a pressão arterial e o volume de sangue. A aldosterona também promove a excreção de íons H+ na urina; essa eliminação de ácidos (íons H+) do corpo pode ajudar a evitar a acidose (pH abaixo de 7,35). Veja no esquema abaixo todo o processo de regulação da secreção de aldosterona pela via renina-angiotensina-aldosterona (RAA) (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Mecanismo de regulação da secreção de aldosterona pela via renina-angiotensina-aldosterona (RAA). TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14 ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. 9788527728867. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527728867/. Acesso em: 11 Apr 2021 Metade da aldosterona produzida pela glândula suprarrenal circula no plasma sanguíneo de forma livre, e a outra parte circula ligada às proteínas plasmáticas de transporte. A proteína é metabolizada (degradada) no fígado e, excretada através da urina e fezes, como glicuronídeo ou sulfato. A aldosterona, como hormônio esteróide, consegue cruzar a membrana plasmática, se liga às proteínas receptoras presentes no citoplasma celular, e agindo no núcleo da célula, afeta a transcrição e a tradução do DNA. A aldosterona pode estimular intensamente a atividade da Na+/K+ ATPase, por efeito não-genômico. E por fim, o ACTH tem efeito permissivo sobre a produção e a secreção da aldosterona (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Glicocorticoides Os glicocorticoides, que são responsáveis pela regulação do metabolismo e a resistência ao estresse, são o cortisol, a corticosterona e a cortisona. Todos produzidos na zona fasciculada do córtex da glândula suprarrenal, e o cortisol é o glicocorticoide produzido primariamente e em maior quantidade, e responsável por aproximadamente 95% de todas as atividades glicocorticoides (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Após a sua secreção no plasma sanguíneo, 94% do cortisol se liga à transcortina, globulina transportadora de cortisol, e 6% fica livre. Esse glicocorticoide também é metabolizado pelo fígado e excretado pela urina e nas fezes como glicuronídeo ou sulfato (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). O cortisol, assim como os demais glicocorticoides exerce os seguintes efeitos (COSTANZO, 2018; HALL, 2021): Degradação de proteínas Formação de glicose Lipólise Resistencia ao estresse Efeitos anti-inflamatórios Depressão das respostas imunes A secreção de cortisolpela glândula suprarrenal é controlada pelo hipotálamo e pela hipófise. O hipotálamo secreta o hormônio liberador da Corticotropina (CRH). O CRH é transportado até a hipófise anterior (adeno-hipófise), onde ele (CRH) estimula a liberação de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). O ACTH viaja pelo sangue, até as glândulas suprarrenais, onde promove a conversão de do colesterol em pregnenolona (hormônio base para formação do cortisol). O córtex libera o cortisol produzido. A regulação por feedback negativo da secreção do cortisol se dá pela inibição da secreção do CRH e ACTH quando os níveis de cortisol plasmático estão aumentados (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Regulação por feedback negativo da secreção do cortisol. http://psiqweb.net/index.php/estresse-2/estresse-alteracoes-hormonais/ A secreção de glicocorticoides apresenta um forte ritmo circadiano, ou seja, é elevado no início da manhã, e baixo no final da tarde. Além disso, a liberação do cortisol é aumentada por diversos estresses. Como por exemplo, estímulos dolorosos e estresse emocional promovem a liberação hipotalâmica de CRH, hormônio hipotalâmico que é responsável pela a ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Androgênios O córtex da glândula suprarrenal tanto do homem quanto da mulher secreta pequenas quantidades de androgênios fracos. A Desidroepiandrosterona (DHEA) é o principal hormônio androgênico produzido e secretado pelas glândulas suprarrenais. Os testículos, depois da puberdade também liberam uma grande quantidade do hormônio androgênio testosterona. Sendo assim, a quantidade de hormônios androgênios secretados pelas glândulas suprarrenais no homem é normalmente tão pequena que seus efeitos são insignificantes (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Já nas mulheres, os androgênios secretados pelas glândulas suprarrenais desempenham funções importantes. São responsáveis pela libido (desejo sexual) e são convertidos em estrogênios (hormônio sexual feminino) por outros tecidos corporais. Após a menopausa, quando os hormônios ovarianos cessam, todos os estrogênios femininos são provenientes da conversão dos androgênios das glândulas suprarrenais. Os androgênios suprarrenais também estimulam o crescimento de pelos axilares e púbicos nos meninos e nas meninas e contribuem para o estirão de crescimento pré-puberal. Embora o controle da secreção suprarrenal de androgênio não seja http://psiqweb.net/index.php/estresse-2/estresse-alteracoes-hormonais/ totalmente compreendido, o principal hormônio que estimula sua secreção é o ACTH (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Medula da glândula suprarrenal A medula da glândula suprarrenal, consiste em um gânglio simpático da divisão autônoma do sistema nervoso modificado, ou seja, está sob o controle do sistema nervoso simpático. Na medula da suprarrenal, existe células denominadas de células de cromafins, produtoras de hormônios. Essas células são inervadas por neurônios pré-ganglionares da divisão simpática do SNA, produtores de acetilcolina. A acetilcolina liberada exerce um controle sobre essas células de cromafins, estimulando a liberação de hormônios como epinefrina (adrenalina) ou norepinefrina (noradrenalina) com muita rapidez. A proporção de liberação de epinefrina pode variar, mas, em repouso, 80% da secreção medular é de epinefrina e 20% de norepinefrina (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Ações da epinefrina (adrenalina) e da norepinefrina (noradrenalina): o Contração da musculatura lisa vascular; o Aumento da frequência cardíaca o Inibição da atividade muscular lisa do TGI Inervação simpática e produção de catecolaminas (epinefrina e norepinefrina) https://slideplayer.com.br/slide/9496492/ A epinefrina (adrenalina) tem fortes efeitos sobre os receptores beta adrenérgicos e, consequentemente, é um estimulador mais potente da frequência cardíaca, mas é um estimulador menos potente da contração da musculatura lisa vascular do que a norepinefrina (noradrenalina). A epinefrina (adrenalina) exerce fortes efeitos metabólicos, elevando o metabolismo basal em 100%, e aumentando a gliconeogênese hepática e muscular, bem como da lipólise, nos adipócitos (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Controle da secreção de epinefrina (adrenalina) e norepinefrina (noradrenalina) Em situações de estresse e durante a prática de exercícios, impulsos provenientes do hipotálamo acionam os neurônios pré-ganglionares simpáticos que, por sua vez, estimulam as células cromafins a secretarem epinefrina e norepinefrina. Esses dois hormônios intensificam a resposta de luta ou fuga (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Ao aumentar a frequência e a força de contração cardíacas, a epinefrina e a norepinefrina elevam o débito cardíaco e a pressão arterial. Além disso, aumentam o fluxo de sangue para o coração, o fígado, os músculos esqueléticos e o tecido adiposo; dilatam as vias respiratórias para os pulmões e elevam os níveis sanguíneos de glicose e ácidos graxos (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). PÂNCREAS O pâncreas, uma importante glândula do corpo humano, é responsável pela produção de hormônios e enzimas digestivas. Por apresentar essa dupla função, essa estrutura pode ser considerada um órgão do sistema endócrino e digestório (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Localização e histologia do pâncreas TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14 ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. 9788527728867. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527728867/. Acesso em: 11 Apr 2021 O pâncreas é um órgão achatado que mede cerca de 12,5 a 15 cm de comprimento. Localiza-se na curvatura do duodeno, a primeira parte do intestino delgado, e consiste em uma cabeça, um corpo e uma cauda. Aproximadamente 99% das células exócrinas do pâncreas estão distribuídas em grupos chamados ácinos. Os ácinos produzem enzimas que fluem para o sistema digestório por uma rede de ductos. Espalhados entre os ácinos exócrinos existem 1 a 2 milhões de minúsculos grupos de tecido endócrino, chamados de ilhotas pancreáticas ou ilhotas de Langerhans (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Ilhotas pancreáticas ou de Langerhans As ilhotas de Langerhans são compostas por 4 tipos celulares distintos, cada um secretando um hormônio regulador diferente na corrente sanguínea. Estas células secretoras, são (COSTANZO, 2018; HALL, 2021): Células alfa: secretam o polipeptídeo glucagon; Células beta: são as mais numerosas (70%) e secretam insulina; Células delta: secretam Somatostatina, idêntica ao hormônio inibidor do hormônio do crescimento secretado pelo hipotálamo; Células F: secretam polipeptídeo pancreático. As secreções das células das ilhotas interagem com outras células das ilhotas, de modo parácrino. A insulina inibe a liberação de glucagon e a Somatostatina inibe a liberação de insulina e de glucagon. O polipeptídeo pancreático inibe a secreção de Somatostatina, a contração da vesícula biliar e a secreção de enzimas digestivas pelo pâncreas (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Controle da secreção de insulina e glucagon A principal ação da insulina é reduzir os níveis de glicose plasmática que se encontra muito elevada. O glucagon, por outro lado, tem como função principal elevar o nível plasmático de glicose que se encontra abaixo do normal. O nível de glicose sanguínea controla a secreção desses dois hormônios via feedback negativo. Veja na figura abaixo, esse mecanismo (COSTANZO, 2018; HALL, 2021): Regulação por feedback negativo da secreção de glucagon (setas azuis) e insulina (setas laranja). TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14 ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. 9788527728867. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527728867/. Acesso em: 11 Apr 2021 InsulinaA insulina é uma proteína, derivada de um pré-pró-hormônio e de um pró-hormônio, com o peptídeo C sendo o remanescente do pró-hormônio. Pessoas que recebem uma suplementação exógena de insulina devido a incapacidade de produzir e liberar a insulina endógena, a concentração do hormônio peptídeo C pode ser usada para quantificar a produção endógena de insulina (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). A insulina circula de forma livre no plasma sanguíneo, e apresenta uma meia-vida plasmática curta, de seis minutos. E sua eliminação do plasma sanguíneo é realizada pelo fígado e rins. Quando circulante no plasma sanguíneo, tem como função se ligar a receptores (receptores de insulina, RI) presentes na superfície das células de tecidos-alvos e promover o aumento da captação de glicose pelas células, através do transportador de glicose, denominado de GLUT4, principalmente. Quando a insulina se liga ao seu receptor especifico, um sinal de transdução no citoplasma da célula é gerado, sinalizando para a célula inserir transportadores GLUT4 na membrana plasmática, para permitir a entrada celular de glicose (COSTANZO, 2018; HALL, 2021) (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Entrada de glicose na célula alvo pelo transportador de glicose GLUT4 https://g-se.com/como-afecta-el-ejercicio-de-fuerza-sobre-los-glut4-importancia-en- sujetos-diabeticos-bp-N57cfb26d6d829 Glucagon O glucagon é um hormônio extremamente potente, liberado pela diminuição da glicose plasmática. O glucagon atua no fígado, elevando a glicose plasmática, uma ação oposta da insulina. O glucagon promove a glicogenólise hepática (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). O consumo de proteínas aumenta a secreção de glucagon e de insulina. A liberação simultânea da insulina e de glucagon permitem às células usarem e armazenarem glicose sem que ocorra redução acentuada dos níveis de glicose no sangue. O glucagon é liberado durante o exercício e auxilia a prevenir a hipoglicemia, a despeito do aumento do uso de glicose pelo músculo (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Somatostatina As Somatostatina é um polipeptídeo com diversas ações inibitórias e com meia-vida curta de dois minutos. A sua liberação é estimulada mediante níveis plasmáticos elevados de https://g-se.com/como-afecta-el-ejercicio-de-fuerza-sobre-los-glut4-importancia-en-sujetos-diabeticos-bp-N57cfb26d6d829 https://g-se.com/como-afecta-el-ejercicio-de-fuerza-sobre-los-glut4-importancia-en-sujetos-diabeticos-bp-N57cfb26d6d829 aminoácidos, de ácidos graxos e de glicose. Além disso, a Somatostatina também é estimulada pelos hormônios gastrointestinais (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). A Somatostatina inibe a liberação de insulina e de glucagon, e diminui a atividade e a secreção pelo trato gastrointestinal. O resultado final da sua ação é retardar a absorção de nutrientes, pelo TGI, prolongando, assim, a duração da absorção intestinal dos alimentos após uma refeição (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). OVÁRIOS E TESTÍCULOS As gônadas (ovários e testículos) são órgãos que produzem os gametas masculino e feminino, os espermatozoides e ovócitos, respectivamente; e também secretam hormônios (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Ovários Os ovários são duas glândulas do sistema reprodutor feminino, localizados na cavidade pélvica e responsáveis pela síntese de vários hormônios esteroides, inclusive dois estrogênios (estradiol e estrona) e progesterona, e pelo armazenamento das células reprodutivas, os óvulos (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). O estrogênio e a progesterona são os principais hormônios sexuais femininos, e juntamente com o hormônio folículo estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH) da adeno- hipófise, regulam o ciclo menstrual, mantem a gravidez e prepara as glândulas mamarias para a lactação (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Na puberdade esses hormônios são responsáveis pelo crescimento das glândulas mamarias, e o alargamento dos quadris, e ajudam a manter as características sexuais femininas secundárias. A inibina é um outro hormônio produzido pelos ovários que tem a capacidade de inibir a secreção do FSH. Durante a gravidez, as gônadas femininas (ovários) e a placenta produzem um hormônio peptídico denominado de relaxina (RLX), que aumenta a flexibilidade da sínfise púbica durante a gravidez e ajuda a dilatar o colo uterino durante o parto. Essas ações ajudam a facilitar a passagem do bebê pelo alargamento do canal do parto (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Testículos Os testículos, também chamados de gônadas masculinas são parte do sistema reprodutivo do homem. Estão localizados no sacro escrotal, atrás do pênis e fora da cavidade abdominal. O principal hormônio produzido e secretado pelos testículos é a testosterona, um androgênio ou hormônio sexual masculino (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). A testosterona promove a migração (descida) dos testículos para o escroto antes do nascimento, regula a produção de espermatozoides e estimula o desenvolvimento e a manutenção de características sexuais secundárias masculinas, como crescimento de barba e engrossamento da voz. Os testículos também produzem inibina, que inibe a secreção de FSH (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Regulação dos hormônios sexuais masculino Os hormônios hipofisários FSH e LH atuam no funcionamento dos testículos. A LH estimula as células de Leydig a produzir testosterona e a FSH atua na produção de espermatozoides (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). As células Leydig, por indução do LH, produz a testosterona. Este processo inicia-se ainda na fase embrionária e é responsável pela diferenciação dos órgãos sexuais masculinos. Durante toda a infância o LH mantém-se com níveis baixos. Na puberdade o nível de testosterona aumenta e como consequência dá-se o desenvolvimento dos órgãos sexuais primários e secundários e o início da espermatogênese que será ininterrupta até ao final da vida. Os níveis de Testosterona que devem ser sensivelmente constantes para a produção contínua de espermatozoides, são controlados pelo complexo hipotálamo-hipófise através de um mecanismo de feedback negativo (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Regulação hormonal do Sistema Reprodutor Masculino http://forum.netxplica.com/viewtopic.php?t=14680&start=0&postdays=0&postorder=a sc&highlight=&sid=8e814c95fec8fdfffcfe7c1951a87af1 Se o nível de testosterona é elevado, este inibe a produção do hormônio hipotalâmico (GnRH) que provoca uma diminuição da libertação dos hormônios hipofisários, FSH e LH. Havendo uma diminuição desses hormônios (FSH e LH) no sangue irá provocar uma diminuição da secreção da testosterona (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Se o nível de testosterona é baixo, dá-se o aumento da GnRH que irá induzir uma maior produção do FSH e LH e estes por sua vez irão provocar um aumento da produção de testosterona (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Os estímulos externos, como fortes emoções, stress, ou internos, como por exemplo doenças, afetam o sistema nervoso, nomeadamente o hipotálamo e condicionam o controlo do sistema reprodutor. Glândula pineal e Timo A glândula pineal, localizada na parte superior do terceiro ventrículo do encéfalo na linha mediana, também conhecida como conarium, epífise cerebral ou simplesmente pineal, é uma pequena glândula endócrina no cérebro dos vertebrados. É composta por massas de neuroglia e células secretoras chamadas de pinealócitos. A glândula pineal produz e secreta melatonina, um hormônio derivado da serotonina que modula os padrões de sono nos ciclos circadianos e sazonais (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Localização da glândula pineal: A produção de melatonina é estimulada por vias noradrenérgicas estimuladas pela escuridão. KOCH, Birgit C. P.; NAGTEGAAL, J. Elsbeth; KERKHOF, Gerard A.; et al. Circadian sleep-wake rhythm disturbances in end-stage renal disease. Nature Reviews. Nephrology, v. 5, n. 7, p. 407–416, 2009. Durante o sono,os níveis plasmáticos de melatonina sobem 10 vezes e, depois, caem de novo antes do despertar. Pequenas doses de melatonina administradas por via oral conseguem induzir o sono e reajustar os ritmos diários, o que pode beneficiar os profissionais cujos turnos de trabalho alternam-se entre horas do dia e da noite. A melatonina também é um antioxidante potente que pode oferecer alguma proteção contra radicais livres prejudiciais (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). O timo é uma glândula linfóide primária especializada do sistema imunológico. Dentro do timo, os linfócitos T amadurecem. O timo também produz hormônios, tais como: timosina, fator tímico humoral (THF), fator tímico (TF) e timopoetina. Esses hormônios são responsáveis por promover a maturação dos linfócitos T e por retardar o processo de envelhecimento. Essa glândula está localizada atrás do esterno, entre os pulmões (COSTANZO, 2018; HALL, 2021). Representação anatômica e localização do timo no corpo humano https://www.samaelaunweor.org/nociones-fundamentales-de-endocrinologia-y- criminologia/la-glandula-del-timo https://www.samaelaunweor.org/nociones-fundamentales-de-endocrinologia-y-criminologia/la-glandula-del-timo https://www.samaelaunweor.org/nociones-fundamentales-de-endocrinologia-y-criminologia/la-glandula-del-timo FISIOPATOLOGIA DOS DISTÚRBIOS DO SISTEMA ENDÓCRINO Os distúrbios do sistema endócrino muitas vezes envolvem hipossecreção, que é a liberação inadequada de um hormônio, ou hipersecreção, que consiste na liberação excessiva de um hormônio. Em outros casos, há alteração dos receptores hormonais, número inadequado de receptores ou defeitos nos sistemas de segundo mensageiro. Uma vez que os hormônios são distribuídos no sangue para os tecidos-alvo por todo o corpo, problemas associados à disfunção endócrina também podem ser disseminados (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Fisiopatologia dos distúrbios hipofisários O hipotálamo e a hipófise estão implicados na fisiopatologia de uma variedade de doenças complexas. Como (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016): ADENOMA HIPOFISÁRIO O adenoma hipofisário é um tumor de origem epitelial e benigno. Esse tipo de tumor pode originar-se de células secretoras de hormônios, e dessa forma acaba provocando diversas síndromes caracterizadas por uma produção excessiva de hormônios (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Característica clínica Esse tipo de tumor é muito comum e são observados em cerca de 1 em cada 6 necropsias. E são em sua maioria, clinicamente inaparentes, ou seja, o indivíduo possui e não fica sabendo, isso ´porque a produção do hormônio não alcança o limiar crítico para produzir sintomas clínicos (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Geralmente quando o indivíduo procura uma assistência médica, os sinais e sintomas estão relacionados com a expansão da massa tumoral provocando uma pressão intracraniana, provocando cefaleia, diabetes insípido, e alterações visuais, assim como pode provocar manifestações de excesso ou deficiência de um ou mais hormônios hipofisários (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Imagem de Ressonância Magnética do encéfalo evidenciando um tumor hipofisário (seta) https://bestpractice.bmj.com/topics/pt-br/1030 Qualquer tipo de célula da hipófise pode sofrer hiperplasia e originar um tumor. O fato de o paciente com o tumor hipofisário apresentar efeitos compressivos ou sintomas atribuíveis a hormônios hipofisários irá depender do tamanho, da velocidade de crescimento e das características secretoras do tumor. Portanto, o tipo de hormônio secretado pelo tumor, se houver, vai depender do tipo celular que originou o tumor (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). O gigantismo e a acromegalia são doenças causadas pela secreção excessiva (hipersecreção) de hormônio do crescimento (GH), e o oposto (hipossecreção) causa nanismo hipofisário. E a galactorreia que é a produção de leite nas mamas de homens ou de mulheres que não estão amamentando, ocorre em pacientes com tumor hipofisário, denominado de prolactinoma, secretor de prolactina. E além desses distúrbios (gigantismo, acromegalia e nanismo hipofisário) que estão associados a adeno-hipófise, o distúrbio mais comum associado à disfunção da neuro-hipófise é o diabetes insípido (DI) (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). PROLACTINOMA Os prolactinomas são os adenomas de hipófise mais comuns e frequentemente afetam mulheres jovens, em faixa etária de fertilidade. A hiperprolactinemia causa hipogonadismo, irregularidade menstrual ou amenorreia em mulheres, níveis baixos de testosterona sérica em homens e infertilidade e disfunção sexual em ambos os gêneros (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Macroprolactinomas podem causar cefaleia, aliteração visual e hipopituitarismo. O tratamento clínico com agonista dopaminérgico é o padrão-ouro, sendo a cabergolina a droga de escolha por sua maior eficácia e tolerabilidade (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). https://bestpractice.bmj.com/topics/pt-br/1030 Em cerca de 20% dos casos, o tratamento é parcial ou totalmente ineficaz, situação na qual a cirurgia, em geral por via transesfenoidal, está indicada. A radioterapia é indicada somente para controle de crescimento tumoral em casos invasivos/agressivos. Nos Macroprolactinomas invasivos, a abordagem em geral necessária é a de diversas modalidades terapêuticas combinadas, incluindo debulking (cirurgia) e drogas recém-aprovadas como a temozolamida. Com relação à gestação, a droga de escolha para induzir a ovulação ainda é a bromocriptina (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). GIGANTISMO A hipersecreção de GH durante a infância causa gigantismo, caracterizado por um crescimento anormal dos ossos longos. A pessoa cresce e fica muito alta, porém as proporções corporais são praticamente normais. A produção excessiva do GH é quase sempre provocada por um tumor secretor desse hormônio, e é um tumor benigno (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Além do crescimento anormal, outras manifestações clinicas estão associadas como insuficiência cardíaca, fraqueza e problemas de visão são comuns (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). O diagnóstico é baseado em exames de sangue e de imagem do crânio e das mãos. Tomografia computadorizada (TC) ou imagem por Ressonância Magnética do encéfalo são realizadas para descobrir a causa (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Uma combinação de cirurgia, radioterapia e terapia medicamentosa é usada para tratar a superprodução do hormônio do crescimento (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Gigantismo: um homem de 22 anos de idade com gigantismo hipofisário ao lado de seu gêmeo idêntico. TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14 ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. 9788527728867. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527728867/. Acesso em: 11 Apr 2021 ACROMEGALIA A acromegalia é uma doença causada pela hipersecreção de GH durante a idade adulta. Embora o GH não promova mais o crescimento dos ossos longos porque as lâminas epifisiais já estão fechadas, os ossos das mãos, pés, da face e mandíbula se espessam e outros tecidos crescem. Além disso, pálpebras, lábios, língua e nariz aumentam, a pele se espessa e desenvolve sulcos, especialmente na fronte e nas plantas dos pés (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Característicasfaciais de uma pessoa com acromegalia: ossos da bochecha pronunciados, protuberância do osso frontal, alargamento do maxilar e linhas do rosto proeminentes https://pt.wikipedia.org/wiki/Acromegalia Características clínicas https://pt.wikipedia.org/wiki/Acromegalia Complicações cardiovasculares e respiratórias representam as principais causas de morte nos acromegálicos. Atualmente, o diagnóstico é realizado de acordo com as diretrizes do consenso de 2000: ausência de supressão do GH para um valor <1ng/mL e IGF-1 elevado (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Avanços em todas as modalidades terapêuticas têm ocorrido, propiciando o controle bioquímico da doença em um número cada vez maior de pacientes. Estudos prévios mostraram que a obtenção de níveis seguros de GH (GH médio <2,5ng/mL) e de IGF-1 normal reduz a taxa de mortalidade para o normal. Em 2002, foram publicadas diretrizes para o manejo da acromegalia, o qual envolve, muitas vezes, uma abordagem multidisciplinar (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Tratamento A cirurgia transesfenoidal (TSS) é o tratamento primário de escolha para acromegalia, sendo utilizada a via nasal nos pacientes do ambulatório de pesquisa em acromegalia (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). A terapia medicamentosa atualmente representa a segunda opção de tratamento, após ressecção cirúrgica do adenoma hipofisário. Os análogos de Somatostatina, os agonistas dopaminérgicos e os antagonistas do receptor de GH são os grupos de drogas disponíveis para esta finalidade (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). NANISMO HIPOFISÁRIO O nanismo hipofisário é causado pela hipossecreção de GH durante os anos de crescimento, retardando o crescimento ósseo e as lâminas epifisiais fecham-se antes que a altura normal seja alcançada (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Essa anormalidade hormonal afeta a altura, assim como outros órgãos do corpo também não crescem e as proporções corporais são semelhantes às infantis (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). O tratamento exige administração de GH durante a infância, antes do fechamento das lâminas epifisiais (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). DIABETES INSÍPIDO O diabetes insípido é uma síndrome de poliúria (micção excessiva - acima de 2,5 litros por dia) que resulta da incapacidade de concentrar a urina e, portanto, de conservar a água, em consequência da ausência de ação do ADH (vasopressina) (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Características clínicas O diabetes insípido é o distúrbio associado a neuro-hipófise (hipófise posterior) mais comum. Surge em decorrência de defeitos nos receptores do ADH ou da incapacidade de secreta-lo. Existe dois tipos de diabetes insípido (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016): o Diabetes insípido neurogênico: resulta da hipossecreção de ADH, em geral causada por tumor encefálico, traumatismo cranioencefálico ou cirurgia craniana que danifica a neuro-hipófise ou o hipotálamo. o Diabetes insípido nefrogênico: os rins não respondem ao hormônio antidiurético. O funcionamento dos receptores de ADH pode não estar apropriado ou os rins podem estar lesados. Manifestações clínicas Uma manifestação comum das duas formas de diabetes insípido é a excreção de grandes volumes de urina (poliúria), com consequentes desidratação e sede. É comum a ocorrência de enurese nas crianças. Como se perde muita água na urina, a pessoa com diabetes insípido pode morrer de desidratação se ficar privada de água por apenas 1 dia ou dois (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Tratamento O tratamento do diabetes insípido neurogênico envolve reposição hormonal, em geral para o resto da vida. A injeção subcutânea ou spray nasal de análogos do hormônio antidiurético é efetiva (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). O tratamento do diabetes insípido nefrogênico é mais complexo e depende da natureza da disfunção renal. A restrição de sal na dieta e, paradoxalmente, o uso de certos medicamentos diuréticos são úteis (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Fisiopatologia dos distúrbios da glândula tireoide Os distúrbios da glândula tireoide são condições que afetam o bom funcionamento da glândula e podem colocar em risco todo o organismo. Estima-se que 60% da população brasileira venham desenvolver algum nódulo na tireoide, seja criança, adulto ou idoso (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). A patogênese dos distúrbios mais comuns da tireoide provavelmente envolve um processo autoimune, com sensibilização dos linfócitos do próprio hospedeiro a vários antígenos da tireoide. Até o momento três antígenos já foram descritos: a tireoglobulina (Tg), a tireoide peroxidase (TPO) e o receptor de TSH. E os fatores ambientais e genéticos podem ser responsáveis pelo início de doença autoimune da tireoide (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Portanto, os distúrbios da glândula tireoide afetam todos os principais sistemas do corpo e estão entre os problemas endócrinos mais comuns. Esses distúrbios são (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016): HIPOTIREOIDISMO O hipotireoidismo é uma das doenças endócrinas mais comum e é caracterizado pela hiposecreção de hormônios da tireoide. As causas do hipotireoidismo e seus respectivos mecanismos patogênicos, são (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016): Congênita: Aplasia ou hipoplasia da glândula, e também por defeitos na biossíntese ou na ação dos hormônios; Adquirida o Tireoidite de Hashimoto: destruição autoimune da glândula; o Deficiência grave de iodo: diminuição da síntese, liberação dos hormônios; o Tireoidite linfocítica: diminuição da síntese, liberação dos hormônios; o Ablação da tireoide (cirurgia): diminuição da síntese, liberação dos hormônios; o Fármacos: diminuição da síntese, liberação dos hormônios; o Hipopituitarismo: secreção deficiente de TSH; o Doença hipotalâmica: secreção deficiente de TSH. No entanto, a causa mais comum é a Tireoidite de Hashimoto, que resulta da destruição autoimune da tireoide, embora a causa precipitante e o mecanismo exato da imunidade e da destruição subsequente é desconhecida (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). O hipotireoidismo também pode ser causado pela tireoidite linfocítica, depois de um período transitório de hipertireoidismo. A ablação da tireoide, seja ela por ressecção cirúrgica ou por radiação terapêutica, resulta comumente em hipotireoidismo (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). O hipotireoidismo central, é caracterizado pela secreção insuficiente de TSH na presença de baixos níveis de hormônios tireoidianos, é uma doença rara. É causado por doenças da hipófise ou do hipotálamo, que resulta em secreção diminuída ou normal de TSH (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Diversos fármacos, incluindo os medicamentos antitireoidianos tioamidas, como a propiltiouracila e o metimazol, podem produzir hipotireoidismo. As tioamidas inibem a tireoide peroxidase (TPO) e bloqueiam a síntese de hormônios tireoidiano. Além disso, a propiltiouracila, mas não o metimazol, bloqueia a conversão periférica da T4 em T3 (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Característica clínica O hipotireoidismo na idade adulta provoca mixedema, que acomete cerca de cinco vezes mais as mulheres do que os homens. Uma característicamarcante desse distúrbio é o edema (acúmulo de líquido intersticial) que faz com que os tecidos faciais fiquem túrgidos (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Pacientes com hipotireoidismo. Notar o aspecto abatido e apático das pacientes. Mixedema palpebral, face áspera e pálida. http://www.maringasaude.com.br/drwesley/hipotireoidismo.shtml Uma pessoa com mixedema apresenta redução da frequência cardíaca, baixa temperatura corporal, aumento da sensibilidade ao frio, cabelo e pele ressecados, fraqueza muscular, letargia geral e tendência a ganhar peso com facilidade. Visto que o encéfalo já atingiu a maturidade, não ocorre retardo mental, entretanto a pessoa pode ficar menos alerta. A reposição oral de hormônios da tireoide reduz os sinais/sintomas (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). http://www.maringasaude.com.br/drwesley/hipotireoidismo.shtml Histologia da glândula tireoide: folículo tireoidiano (circulo); a parede dos folículos é um epitélio cubico simples, células denominadas de tirócitos (1); a cavidade dos folículos tireoideanos contém uma substância denominada de colóide (*); outras células estão presentes na tireoide, denominadas de células parafoliculares ou células C (2). Tireoidite de Hashimoto Nos estágios iniciais da tireoidite de Hashimoto, a glândula está difusamente aumentada, firme, elástica e nodular (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Peças anatômicas da glândula tireoide normal e com tireoidite de Hashimoto http://anatpat.unicamp.br/pecasendo19.html E com a progressão da doença a glândula reduz seu tamanho. Nos estágios avançados sofre atrofia e fibrose. Ao microscópico observa-se destruição dos folículos tireoidianos e infiltração linfocítica com folículos linfoides. As células epiteliais foliculares sobreviventes são grandes, com citoplasma abundante de coloração rosada, denominadas de células de Hurthle (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Histologia da tireoide com tireoidite de Hashimoto: Folículos tireoidianos destruídos (seta preta); infiltrado inflamatório (seta azul). http://anatpat.unicamp.br/lamendo12.html Patogênese da tireoidite de Hashimoto A sua patogênese ainda é incerta. Mas é possível que um defeito nos linfócitos T supressores possibilitem a interação dos linfócitos T com antígenos específicos na membrana celular das células foliculares da tireoide. Quando esses linfócitos são sensibilizados aos antígenos tireoidianos, são produzidos autoanticorpos que reagem com esses antígenos das células foliculares. Em seguida, a liberação de citocinas e a inflamação causam destruição da glândula (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Os autoanticorpos antitireoidianos mais importantes na tireoidite de Hashimoto são os anticorpos (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016): o Antitireoglobulina (Tg Ab) o Antitireoide peroxidase (TPO Ab), também denominado de anticorpo antimicrossomal; o Bloqueador do receptor de TSH Os níveis séricos desses anticorpos não se correlacionam com a gravidade do hipotireoidismo, mas sua presença é importante para o estabelecimento do diagnóstico (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Achados laboratoriais o Nível sérico aumentado de TSH o Diminuição do nível sérico de T4 livre; o Níveis séricos diminuídos de T4 e T3 totais; o Diminuição da taxa metabólica basal; o Anemia macrocítica; o Nível elevado de colesterol o Nível sérico elevado de CK o Hiponatremia (em consequência da secreção excessiva de ADH) O hipotireoidismo grave, prolongado e não tratado pode levar a um estado denominado de coma mixedematoso (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Tratamento do hipotireoidismo É extremamente simples tanto na teoria quanto na prática, consistindo somente na reposição por via oral do hormônio tireoidiano deficitário. A L-tiroxina sintética é a preferida e mais utilizada por causa de sua potência constante (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). A administração de L-tireoxina, com sua meia-vida longa (6-7 dias), resulta em concentrações plasmáticas de T4 muito estáveis, o que não provocará efeitos sérios em um eventual esquecimento por parte do paciente, devido a esta meia-vida longa da L-Tireoxina (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Hipotireoidismo subclínico: definido por um nível elevado de TSH (> 4,5 mU/L), porém com níveis circulantes normais dos hormônios tireoidianos. O hipotireoidismo subclínico é mais comum entre mulheres e em indivíduos com mais de 65 anos de idade, nos quais a prevalência alcança 10 a 12% (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). BÓCIO O bócio, chamado popularmente de papo, é o aumento de volume na tireoide. Muitas das vezes está associado ao Hipotireoidismo ou ao Hipertireoidismo, mas essa associação não é necessária, ou obrigatória. Muitos bócios apresentam nódulos e são chamados de Bócios nodulares (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Bócio da tireoide https://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%B3cio O aumento difuso da tireoide resulta mais comumente de estimulação prolongada pelo TSH. Essa estimulação pode resultar de uma das causas do hipotireoidismo, como por exemplo na tireoidite de Hashimoto, que tem como característica níveis elevados de TSH (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). No entanto, pode ocorrer bócio em pacientes clinicamente eutireoidianas, e nesses casos as causas e mecanismos patogênicos são (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016): Deficiência de iodo: interfere na biossíntese dos hormônios; Excesso de iodo: bloqueia a secreção de hormônio Agentes bociogênicos na dieta ou na água potável: interfere na biossíntese dos hormônios; Medicação bociogênica: interfere na biossíntese dos hormônios; Lítio: bloqueia secreção de hormônios Resistência hipofisária e periférica aos hormônios tireoidianos: defeitos dos receptores. A deficiência de iodo é a causa mais comum de bócio nos países em desenvolvimento. Uma dieta contendo menos de 10µg/dia de iodo dificulta a síntese de hormônio tireoidiano, resultando na elevação dos níveis de TSH e hipertrofia da tireoide (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). https://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%B3cio HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO O hipotireoidismo congênito (HC) é uma doença caracterizada pela hiposecreção ou mesmo nula de hormônios da tireoide ao nascimento, e causa consequências devastadoras se não for tratado rapidamente (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Características clínicas Este distúrbio também é denominado de cretinismo, onde essa condição pode provocar retardo mental grave e restrição do crescimento ósseo (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016). Tipicamente o recém-nascido é normal porque os hormônios da tireoide lipossolúveis da mãe cruzaram a placenta durante a gravidez e permitiram o desenvolvimento normal. Pode ser causado por diversas situações, sendo as principais (SPRINGHOUSE, 2004; GROSSMAN; PORTH, 2015; BRASILEIRO FILHO, 2016): o Não formação ou formação incompleta da glândula tireoide; o Formação em local irregular da glândula tireoide; o Defeitos na síntese dos hormônios da tireoide; o Lesões na hipófise ou hipotálamo; Diagnóstico O diagnóstico do hipotireoidismo congênito é feito durante a maternidade nos exames de triagem neonatal, normalmente por meio do teste do pezinho, em que são coletadas algumas gotas de sangue
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