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SOI II - APG 14 - Tireoide

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15/09/2022 FAMEG | Afya 1 
Marcela Beltrão 
Tireoide
 
 
1. Definir a embriologia, histologia e 
morfofisiologia da tireoide; 
2. Compreender a formação e o 
desaparecimento do ducto tireoglosso; 
3. Apontar quais hormônios são secretados e 
os que regulam a tireoide, além de 
apresentar suas funções; 
 
 
 
A glândula tireoide se desenvolve a partir 
do endoderma da porção cefálica do tubo 
digestivo. Aparece como proliferação epitelial no 
assoalho da faringe entre o tubérculo ímpar e a 
cópula, no ponto indicado mais tarde pelo forame 
cego. Subsequentemente, a tireoide desde na 
frente do intestino faríngeo como um divertículo 
bilobado. Durante essa migração, a tireoide 
permanece conectada à língua por um canal 
estreito, o ducto tireoglosso. Mais tarde, esse 
ducto desaparece. 
Com a continuação do desenvolvimento, a 
glândula tireoide desce para frente do osso hioide 
e das cartilagens laríngeas. Ela alcança sua posição 
final na frente da traqueia na sétima semana. 
Nesse período, ela adquiriu um pequeno istmo 
mediano e dois lobos laterais. A tireoide começa a 
funcionar por volta do final do terceiro mês, 
quando se tornam visíveis os primeiros folículos 
contendo coloide. As células foliculares produzem 
o coloide, que funciona como fonte de tiroxina e de 
tri-iodotironina. As células parafoliculares, ou C, 
derivadas do corpo ultimobranquial produzem 
calcitonina. 
 
 
FIGURA 1: A. O PRIMÓRDIO DA TIREOIDE SURGE COMO UM DIVERTÍCULO 
EPITELIAL NA LINHA MÉDIA DA FARINGE, IMEDIATAMENTE CAUDAL AO 
TUBÉRCULO ÍMPAR. B. POSIÇÃO DA GLÂNDULA TIREOIDE NO ADULTO. 
LINHA PONTILHADA, VIA DE MIGRAÇÃO. 
 
 
A glândula tireoide, em formato de 
borboleta, está localizada logo abaixo da laringe. É 
composta pelos lobos direito e esquerdo, um em 
cada lado da traqueia, conectados por um istmo, 
anteriormente à traqueia. Cerca de 50% das 
glândulas tireoides apresentam um pequeno 
terceiro lobo, chamado de lobo piramidal, que se 
estende superiormente a partir do istmo. A massa 
normal da tireoide é de aproximadamente 30g. 
 
FIGURA 2: ANATOMIA E APARÊNCIA MICROSCÓPICA DA GLÂNDULA 
TIREOIDE, MOSTRANDO A SECREÇÃO DA TIREOGLOBULINA NO INTERIOR 
DOS FOLÍCULOS. 
A tireoide é composta de milhares de 
folículos tireoidianos, que são pequenas esferas de 
0,2 a 0,9mm de diâmetro. A parede dos folículos é 
um epitélio simples cujas células são também 
denominadas tireócitos. A cavidade dos folículos 
contém uma substância gelatinosa chamada 
coloide. A glândula é revestida por uma cápsula de 
Objetivos 
Embriologia 
Localização, histologia e hormônios 
15/09/2022 FAMEG | Afya 2 
Marcela Beltrão 
tecido conjuntivo frouxo que envia septos para o 
parênquima. Os septos se tornam gradualmente 
mais delgados ao alcançar os folículos, que são 
separados entre si principalmente por fibras 
reticulares. 
A tireoide é um órgão extremamente 
vascularizado por uma extensa rede capilar 
sanguínea e linfática que envolve os folículos. As 
células endoteliais dos capilares sanguíneos são 
fenestradas, como é comum também em outras 
glândulas endócrinas. Essa configuração facilita o 
transporte de substâncias entre as células 
endócrinas e o sangue. 
Em cortes, o aspecto dos folículos 
tireoidianos é muito variado, alguns folículos são 
grandes, cheios de coloide e revestidos por epitélio 
cúbico ou pavimentoso, e outros são menores, 
com epitélio colunar. De maneira geral, quando a 
altura média do epitélio de um número grande de 
folículos é baixa, a glândula é considerada 
hipoativa. Em contrapartida, o aumento acentuado 
na altura do epitélio folicular acompanhado por 
diminuição da quantidade de coloide e do 
diâmetro dos folículos costuma indicar 
hiperatividade da glândula. As células foliculares 
produzem dois hormônios: tiroxina, também 
chamada de tetraiodotironina (T4), pois contém 
quatro átomos de iodo, e tri-iodotironina (T3), que 
contém três átomos de iodo. T3 e T4 juntas 
também são chamadas de hormônios da tireoide. 
 
FIGURA 3: A TIREOIDE É FORMADA POR MILHARES DE PEQUENAS ESFERAS 
CHAMADAS FOLÍCULOS TIREOIDIANOS (F) PREENCHIDOS POR COLOIDE. 
[FOTOMICROGRAFIA. HE. PEQUENO AUMENTO] 
Outro tipo de célula encontrada na tireoide 
é a célula parafolicular ou célula C. Ela pode fazer 
parte do epitélio folicular ou, mais comumente, 
formar agrupamentos isolados entre os folículos 
tireoidianos. As células parafoliculares produzem 
um hormônio chamado calcitonina (CT), também 
denominado tirocalcitonina, cujo efeito principal é 
inibir a reabsorção de tecido ósseo e, em 
consequência, diminuir o nível de cálcio no plasma. 
A secreção de calcitonina é ativada por aumento da 
concentração de cálcio do plasma. 
 
FIGURA 4: CORTE DE UMA TIREOIDE MOSTRANDO OS FOLÍCULOS CUJA 
PAREDE É FORMADA POR UM EPITÉLIO SIMPLES CÚBICO DE CÉLULAS 
FOLICULARES (SETAS). OS FOLÍCULOS SÃO PREENCHIDOS POR UM 
MATERIAL AMORFO - O COLOIDE (C). CÉLULAS PARAFOLICULARES (PF), 
PRODUTORAS DE CALCITONINA, SE SITUAM ENTRE FOLÍCULOS. 
[FOTOMICROGRAFIA. HE. MÉDIO AUMENTO] 
 
FIGURA 5: A E B, ANATOMIA DA GLÂNDULA TIREOIDE. C, IMAGEM DA 
CAPTAÇÃO DE PERTECNETATO POR UMA GLÂNDULA TIREOIDE NORMAL. 
 
 
 
A glândula tireoide é a única glândula 
endócrina que armazena seu produto secretório 
em grandes quantidades – normalmente o 
suficiente para cerca de 100 dias. 
A síntese e secreção de T3 e T4 ocorrem da 
seguinte forma: 
1. Retenção de iodeto. As células foliculares da 
tireoide retêm íons iodeto (I-), transportando-
os ativamente do sangue para o citosol. Por 
conta disso, em geral, a glândula tireoide 
contém a maioria do iodeto corporal. 
Formação, armazenamento e liberação dos 
hormônios da tireoide 
15/09/2022 FAMEG | Afya 3 
Marcela Beltrão 
2. Síntese de tireoglobulina. Ao mesmo tempo 
que retêm iodeto, as células foliculares 
também sintetizam tireoglobulina (TGB), uma 
grande glicoproteína produzida no retículo 
endoplasmático rugoso, modificada no 
complexo de Golgi e armazenada em vesículas 
secretoras. As vesículas sofrem exocitose, o 
que libera TGB para o lúmen do folículo. 
3. Oxidação de iodeto. Parte dos aminoácidos na 
TGB consiste em tirosinas que se tornarão 
iodadas. Entretanto, íons iodeto com carga 
elétrica negativa não conseguem se ligar à 
tirosina até que sofram oxidação (remoção de 
elétrons) para iodeto: 2 I- I2. Na medida em 
que os íons iodeto são oxidados, eles 
atravessam a membrana para o lúmen do 
folículo. 
4. Iodação da tirosina. Conforme moléculas de 
iodo (I2) se formam, elas reagem com as 
tirosinas integrantes das moléculas de 
tireoglobulina. A ligação de um átomo de iodo 
produz monoiodotirosina (MIT) e a de dois 
produz diiodotirosina (DIT). A TGB com átomos 
de iodo fixados é um material viscoso que se 
acumula e é armazenado no lúmen do folículo 
da tireoide, chamado de coloide. 
5. Acoplamento de T1 e T2. Durante a última etapa 
da síntese dos hormônios da tireoide, duas 
moléculas de DIT se juntam para formar T4 ou 
uma de MIT com uma de DIT se unem para 
formar T3. 
6. Pinocitose e digestão de coloide. Gotículas de 
coloide penetram de novo nas células 
foliculares por pinocitose e se juntam aos 
lisossomos. Enzimas digestivas nos lisossomos 
degradam a TGB, separando moléculas de T3 e 
T4. 
7. Secreção de hormônios da tireoide. Como são 
lipossolúveis, T3 e T4 se difundem através da 
membrana plasmática para o líquido intersticial 
e, em seguida, para o sangue. Em geral, T4 é 
secretada em maior quantidade que T3, mas T3 
é muitas vezes mais potente. Além disso, 
depois que a T4 entra no corpo celular, a 
maioria dela é convertida a T3 por remoção de 
um iodo. 
8. Transporte no sangue. Mais de 99% de T3 e T4 
se combinam a proteínas transportadoras no 
sangue, principalmente à globulina 
transportadora de tiroxina (TBG). 
 
FIGURA 6: SÍNTESE (SETAS AZUIS) E SECREÇÃO (SETAS VERMELHAS) DOS 
HORMÔNIOS TIREOIDEOS PELAS CÉLULAS EPITELIAIS DA TIREOIDE. AS SETAS 
BRANCAS INDICAM AS VIAS ENVOLVIDAS NA CONSERVAÇÃO DO IODO E 
AMINOÁCIDOS. 
 
 
 
O hormôniotireóideo age essencialmente 
sobre todas as células e tecidos do corpo e tem 
muitas ações diretas, mas também age por vias 
mais sutis para otimizar as ações de muitos outros 
hormônios e neurotransmissores. 
Tem como principais ações o aumento da 
taxa metabólica basal, a estimulação a síntese de 
proteínas, acentuam o uso de glicose e ácidos 
graxos para a produção de ATP, intensificam a 
lipólise, aumentam a excreção de colesterol, 
aceleram o crescimento corporal e contribuem 
para o desenvolvimento do sistema nervoso. 
 Efeitos Cardiovasculares 
O T3 aumenta a frequência cardíaca, 
garantindo, assim, um aporte suficiente de O2 para 
os tecidos. A frequencia cardíaca em descanso e o 
volume de ejeção são aumentados. A velocidade e 
a força das contrações do miocárdio são 
melhoradas e o tempo de relaxamento diastólico é 
diminuído. A pressão sanguínea sistólica é 
modestamente aumentada e a pressão sanguínea 
diastólica é diminuída. A pressão de pulso ampliada 
resultante reflete os efeitos combinados de 
volume de ejeção aumentado e redução da 
Efeitos fisiológicos do hormônio tireóideo 
O desequilíbrio na função da tireoide é uma das doenças 
endócrinas mais comuns. 
15/09/2022 FAMEG | Afya 4 
Marcela Beltrão 
resistência vascular periférica total, secundária à 
dilatação dos vasos sanguíneos na pele, músculo e 
coração. Esses efeitos, por sua vez, são em parte 
decorrentes do aumento, nos tecidos, da produção 
de calor e CO2 induzidos pelo hormônio tireóideo. 
Entretanto, ao mesmo tempo, o hormônio 
tireóideo diminui a resistência vascular sistêmica 
pela dilatação das arteríolas de resistência na 
circulação periférica. O volume total do sangue é 
aumentado pela ativação do eixo renina-
angiotensina-aldosterona, assim, aumentando a 
reabsorção renal tubular de sódio. 
Os efeitos inotrópicos cardíacos do T3 são 
indiretos, mediados pelo aumento da resposta às 
catecolaminas, e diretos. A captação de cálcio pelo 
miocárdio é aumentada, o que aumenta a força 
contrátil. O hormônio tireóideo inibe a expressão 
do anticarreador Na+-Ca2+, aumentando, assim, a 
[Ca2+] intramiocelular. O T3 aumenta a velocidade e 
a força da contração miocárdica. Esse hormônio 
também aumenta os canais rianodina Ca2+ no 
retículo sarcoplasmático durante a sístole. A Ca2+-
ATPase do retículo sarcoplasmático (SERCA) é 
aumentada pelo T3 e, como resultado, o sequestro 
de cálcio durante a diástole é facilitado e o tempo 
de relaxamento é encurtado. 
 
FIGURA 7: MECANISMOS PELOS QUAIS OS HORMÔNIOS DA TIREOIDE 
AUMENTAM O DÉBITO CARDÍACO. OS MECANISMOS INDIRETOS SÃO, 
PROVAVELMENTE, MAIS IMPORTANTES QUANTITATIVAMENTE. 
 Efeitos no Metabolismo Basal 
O hormonio tireóideo aumenta a taxa basal 
de consumo de oxigênio e a produção de calor (ex. 
taxa metabólica basal). Aumenta a expressão das 
proteínas desacopladoras mitocondriais (UCP, 
uncoupling proteins). Essa ação é observada em 
todos os tecidos exceto no cérebro, gônadas e 
baço. A captação e a oxidação de glicose e ácidos 
graxos são aumentadas, da mesma forma que a 
reciclagem de lactato-glicose e de ácidos graxos-
triglicerídeos. O hormônio tireóideo não aumenta 
a utilização do O2 induzida pela dieta, e pode não 
alterar a eficiência da utilização de energia durante 
o exercício. 
A termogênese precisa aumentar 
concomitantemente com a utilização do O2. Assim, 
variações na temperatura corpórea são paralelas 
às flutuações na disponibilidade do hormônio da 
tireoide. O aumento potencial na temperatura 
corpórea, entretanto, é moderado por um 
aumento compensatório na perda de calor pelo 
aumento apropriado do fluxo sanguíneo, sudorese 
e respiração, processos mediados pelo hormônio 
tireóideo. O hipertireoidismo é acompanhado por 
intolerância ao calor, enquanto o hipotireoidismo 
é acompanhado pela intolerância ao frio. 
O aumento da utilização de O2 é, 
basicamente, dependente de um aumento no 
suprimento de substratos que possam ser 
oxidados. O T3 aumenta a absorção de glicose no 
trato gastrointestinal e aumenta o seu turnover 
(captação, oxidação e síntese de glicose). No tecido 
adiposo, o hormônio tireóideo induz as enzimas de 
síntese de ácidos graxos, acetil-CoA carboxilase e 
ácido graxo sintase, e intensifica a lipólise pelo 
aumento do número de receptores β-
adrenérgicos. O hormônio tireóideo também 
aumenta a depuração de quilomícrons. Assim, o 
turnover de lipídeos (liberação de ácidos graxos 
livres do tecido adiposo e sua oxidação) é 
aumentado. 
O turnover de proteínas (liberação de 
aminoácidos do músculo, degradação de proteínas 
e, em menor intensidade, síntese proteica e 
formação de ureia) é, também, aumentado. O T3 
potencializa os efeitos estimulantes da epinefrina, 
norepinefrina, glucagon, cortisol e o hormônio do 
crescimento sobre a gliconeogênese, lipólise, 
cetogênese e a proteólise de proteínas lábeis, 
respectivamente. O efeito metabólico geral do T3 
foi adequadamente descrito como um agente que 
acelera a resposta à fome. Ademais, o hormônio 
tireóideo estimula a síntese de colesterol e, mais 
intensamente, a oxidação e a secreção biliar do 
colesterol. O efeito final é um decréscimo dos 
níveis plasmáticos e corpóreos de colesterol total e 
ligado a lipoproteínas de baixa densidade. 
15/09/2022 FAMEG | Afya 5 
Marcela Beltrão 
A depuração metabólica dos hormônios 
esteroides de adrenal e gônadas, algumas 
vitaminas B e certas drogas administradas é 
também aumentada pelo hormônio tireóideo. 
 Efeitos Respiratórios 
O hormônio tireóideo estimula a utilização 
de O2 e também aumenta o aporte de O2. 
Apropriadamente, o T3 aumenta a frequencia 
respiratória em repouso, a ventilação minuto e a 
resposta ventilatória à hipercapnia (presença de 
doses excessivas de dióxido de carbono no sangue) 
e hipóxia (diminuição das taxas de oxigênio no ar, 
no sangue arterial ou nos tecidos). Estas ações 
mantêm a Po2 arterial normal, quando a utilização 
de O2 está elevada, e uma Pco2 normal quando a 
produção de CO2 está aumentada. Além disso, o 
hematócrito aumenta discretamente e, portanto, 
melhora a capacidade transportadora de O2. Esse 
aumento na massa de células vermelhas 
sanguíneas resulta do estímulo da produção de 
eritropoetina pelos rins. 
 Efeitos na Musculatura Esquelética 
A função normal dos músculos esqueléticos 
também requer quantidades ótimas do hormônio 
da tireoide. Essa necessidade pode estar 
relacionada à regulação da produção e 
armazenamento de energia. A glicólise e a 
glicogenólise são aumentadas, e o glicogênio e a 
fosfocreatina são diminuídos por um excesso de T4 
e T3. A incapacidade do músculo de captar e 
fosforilar a creatina resulta em um aumento da sua 
excreção urinária. 
 Efeitos no Sistema Nervoso Autônomo e Ação 
das Catecolaminas 
Os hormônios da tireoide são sinérgicos 
com as catecolaminas e aumentam a taxa 
metabólica, a produção de calor, a frequência 
cardíaca, a atividade motora e a excitação do 
sistema nervoso central. O T3 pode aumentar a 
atividade motora do sistema nervoso simpático por 
aumentar o número de receptores β-adrenérgicos 
no músculo cardíaco e a geração de mensageiros 
intracelulares secundários, tais como o AMPc. 
 Efeitos no Crescimento e Maturação 
Outro efeito importante do hormônio 
tireóideo é promover o crescimento e a 
maturação. Uma quantidade pequena, mas crucial, 
de hormônio tireóideo atravessa a placenta e o 
eixo tireóideos fetal torna-se funcional no meio da 
gestação. Os hormônios da tireoide são 
importantíssimos para o desenvolvimento 
neurológico normal e a formação apropriada dos 
ossos no feto. Em bebês, quantidades insuficientes 
de hormônios da tireoide fetal causam cretinismo, 
caracterizado por retardo mental irreversível e 
estatura pequena. 
 Efeitos nos Ossos, Tecidos Duros e Derme 
O hormônio tireóideo estimula a 
ossificação endocondral, o crescimento ósseo 
linear e a maturação dos centros epifisários ósseos. 
O T3 aumenta a maturação e a atividade dos 
condrócitos na placa de crescimento cartilaginosa,em parte pelo aumento da produção e ação de 
fatores de crescimento locais. Embora o hormônio 
tireóideo não seja necessário para o crescimento 
linear até após o nascimento, é essencial para a 
maturação normal dos centros de crescimento nos 
ossos de fetos em desenvolvimento. O T3 também 
estimula a remodelação óssea em adultos. 
O desenvolvimento e erupção progressivos 
dos dentes dependem do hormônio tireóideo, bem 
como o ciclo normal de crescimento e maturação 
da epiderme, seus folículos capilares e unhas. Os 
processos de degradação normal nessas estruturas 
e no tecido tegumentar também são estimulados 
pelo hormônio da tireoide. Desta maneira, tanto 
quantidades elevadas quanto reduzidas de 
hormônio tireóideo podem levar à perda de cabelo 
e formação anormal das unhas. 
O hormônio tireóideo altera a estrutura do 
tecido subcutâneo pela inibição da síntese e 
aumento da degradação dos mucopolissacarídeos 
(glicosaminoglicanos) e fibronectina no tecido 
conjuntivo extracelular. 
 Efeitos no Sistema Nervoso 
O hormônio tireóideo regula a velocidade e 
o ritmo do desenvolvimento do sistema nervoso 
central. A deficiência do hormônio tireóideo, no 
útero e no início da infância, diminui o crescimento 
do córtex cerebral e cerebelar, a proliferação dos 
axônios e a ramificação dos dendritos, assim como 
a sinaptogênese, mielinização e migração celular. 
Danos cerebrais irreversíveis são consequências da 
falta de reconhecimento e tratamento da 
deficiência de hormônio tireóideo imediatamente 
após o nascimento. Os defeitos estruturais 
descritos são acompanhados por anormalidades 
bioquímicas. Níveis diminuídos de hormônio 
tireóideo reduzem o tamanho das células, o 
conteúdo de proteínas. RNA e proteínas associadas 
15/09/2022 FAMEG | Afya 6 
Marcela Beltrão 
a microtúbulos e tubulinas, o conteúdo proteico e 
lipídico da mielina, a produção local de fatores 
críticos de crescimento e a taxa de síntese de 
proteínas. 
O hormônio tireóideo também aumenta a 
vivacidade, o estado de alerta, a resposta a vários 
estímulos, a audição, a consciência de fome, a 
memória e a capacidade de aprendizagem; além do 
fato de o tônus emocional normal depender da 
disponibilidade adequada de hormônio da tireoide. 
Além disso, a velocidade e amplitude dos reflexos 
nervosos periféricos são aumentadas pelo 
hormônio da tireoide, bem como a motilidade do 
trato gastrointestinal. 
 Efeitos nos Ossos, Tecidos Duros e Derme 
Os hormônios da tireoide desempenham 
um importante papel permissivo na regulação da 
função reprodutiva, tanto em homens como em 
mulheres. O ciclo ovariano normal de 
desenvolvimento e maturação folicular, e 
ovulação, o processo testicular homólogo de 
espermatogênese, e a manutenção de uma 
gravidez saudável são todos interrompidos por 
alterações significativas nos níveis de hormônios da 
tireoide. Em parte, esses efeitos deletérios podem 
ser causados por alterações no metabolismo ou 
disponibilidade dos hormônios esteroides. Por 
exemplo, o hormônio tireóideo estimula a síntese 
hepática e libera a globulina ligadora de esteroides 
sexuais. 
O hormônio tireóideo também tem efeitos 
significativos sobre outros componentes do 
sistema endócrino. A produção pituitária do 
hormônio do crescimento é aumentada pelo 
hormônio da tireoide, enquanto que a da 
prolactina é diminuída. A secreção adrenocortical 
de cortisol bem como a depuração desse hormônio 
são estimulados, mas os níveis de cortisol livre no 
plasma permanecem normais. A relação entre 
estrogênio e androgênio é aumentada em homens 
(nos quais pode ocorrer crescimento de seios, nos 
casos de hipertireoidismo). A diminuição da 
produção tanto do hormônio paratireóideo quanto 
de 1,25-(OH)2-vitamina D são consequências 
compensatórias do efeito do hormônio tireóideo 
sobre a reabsorção óssea. 
O tamanho do rim, o fluxo plasmático renal, 
a taxa de filtração glomerular e a taxa de transporte 
de várias substâncias também são aumentadas 
pelo hormônio da tireoide. 
 
 
T4 e T3 entram na célula por um processo 
mediado por um transportador e dependem de 
energia. Os receptores intracelulares de hormônio 
tireoidiano têm afinidade muito alta com a 
triiodotironina (T3). Logo, mais de 90% das 
moléculas de hormônio tireoidiano que se ligam 
aos receptores consistem em triiodotironina (T3) 
ou rT3. Muitas, mas nem todas, as ações do T3 são 
mediadas por sua ligação a um dos membros da 
família dos receptores de hormônios tireóideo (TR, 
thyroid hormone receptor). A família TR pertence à 
superfamília dos receptores nucleares que agem 
como fatores reguladores da transcrição. 
 
FIGURA 8: ATIVAÇÃO DE CÉLULAS-ALVO POR HORMÔNIO TIREOIDIANOS. A 
TIROXINA (T4) E A TRIIODOTIRONINA (T3) ENTRAM NA MEMBRANA 
CELULAR ATRAVÉS DE UM PROCESSO DE TRANSPORTE MEDIADO POR 
CARREADOR, DEPENDENTE DE ADENOSINA TRIFOSFATO. UMA GRANDE 
PARTE DE T4 É DEIODADA PARA FORMAR T3, QUE INTERAGE COM O 
RECEPTOR DE HORMÔNIO TIREOIDIANO, LIGADO COMO UM 
HETERODÍMERO AO RECEPTOR DE RETINOIDE X, DO ELEMENTO GENÉTICO 
DE RESPOSTA AO HORMÔNIO TIREOIDIANO. ESSA AÇÃO AUMENTA OU 
REDUZ A TRANSCRIÇÃO DE GENES QUE LEVAM À FORMAÇÃO DE 
PROTEÍNAS, PRODUZINDO, ASSIM, A RESPOSTA CELULAR AO HORMÔNIO 
TIREOIDIANO. SÃO DEMONSTRADAS AS AÇÕES DOS HORMÔNIOS 
TIREOIDIANOS NAS CÉLULAS DE DIFERENTES SISTEMAS. NA+-K+-ATPASES, 
ADENOSINA TRIFOSFATASE DE SÓDIO-POTÁSSIO; MRNA, ÁCIDO 
RIBONUCLEICO MENSAGEIRO; SNC, SISTEMA NERVOSO CENTRAL; TMB, 
TAXA METABÓLICA BASAL. 
 
 
Mecanismos de ação dos hormônios tireóideos 
15/09/2022 FAMEG | Afya 7 
Marcela Beltrão 
 
O mais importante regulador da função e 
crescimento da glândula tireoide é eixo 
hipotálamo-hipófise: hormônio de liberação de 
tireotrofina (TRH) – tireotrofina hormônio 
tireoestimulante (TSH). O TSH estimula cada 
aspecto da função da tireoide. O TSH tem ações 
imediatas, intermediárias e de longa duração sobre 
o epitélio da tireoide. Seus efeitos específicos na 
tireoide são: 
1. Aumento da proteólise da tireoglobulina já 
armazenada nos folículos, com resultante 
aumento da liberação dos hormônios 
tireoidianos para o sangue circulante e 
diminuição da própria substância folicular. 
2. Aumento da atividade da bomba iodeto que 
aumenta a “captação de iodeto” pelas células 
glandulares, às vezes elevando a proporção 
entre as concentrações intra e extracelular de 
iodeto na substância glandular para até oito 
vezes o normal. 
3. Aumento da iodização da tirosina para formar 
os hormônios tireoidianos. 
4. Aumento do tamanho e da atividade secretora 
das células tireoidianas. 
5. Aumento do número de células tireoidianas, 
além da transformação de células cuboides em 
colunas e grande pregueamento do epitélio 
tireoidiano nos folículos. 
Em resumo, o TSH aumenta todas as 
conhecidas atividades secretoras das células 
glandulares tireoidianas. 
A secreção de TSH pela hipófise anterior é 
controlada pelo hormônio hipotalâmico, o 
hormônio de tireotrofina (TRH), secretado por 
terminações nervosas na eminência mediana do 
hipotálamo. A partir da eminência mediana, o TRH 
é transportado para a hipófise anterior pelo sangue 
portal hipotalâmico-hipofisário. 
O TRH afeta diretamente as células da 
hipófise anterior, elevando sua secreção de TSH. O 
mecanismo molecular pelo qual o TRH provoca a 
produção de TSH pelas células secretoras da 
hipófise anterior consiste na ligação a receptores 
de TRH na membrana das células hipofisárias. Isso 
ativa o sistema de segundo mensageiro da 
fosfolipase no seu interior, produzindo grande 
quantidade de fosfolipase C, o que é seguido por 
cascata de outros segundos mensageiros, incluindo 
íons cálcio e diacilglicerol, que, finalmente, 
provocam a liberação de TSH. 
Condições que aumentam a demanda de 
ATP – ambiente frio, hipoglicemia, altitude elevada 
e gravidez – também intensificam a secreção dos 
hormônios tireóideos. 
Diversas reações emocionais também 
podem afetar a liberação de TRH e TSH e, assim, 
afetar indiretamente a secreção de hormôniostireoidianos. Agitação e ansiedade – condições que 
estimulam intensamente o sistema nervoso 
simpático – causam redução aguda da secreção de 
TSH, talvez porque esses estados aumentem o 
metabolismo e a temperatura corporal e, portanto, 
exercem efeito inverso sobre o centro de controle 
de temperatura. 
Nenhum desses efeitos emocionais nem o 
efeito do frio são observados após o 
seccionamento do pedúnculo hipofisário, 
demonstrando que ambos os efeitos são mediados 
pelo hipotálamo. 
A síntese e secreção do TSH, por sua vez, é 
inibida pelos hormônios tireóideos (feedback 
negativo) e estimuladas pelo hormônio liberador 
da tireotrofina (TRH), produzido no hipotálamo. T4 
é convertido em T3 nos tireotrofos hipofisários, sob 
ação da 5’-deiodinase tipo 2. Em seguida, o T3 se 
liga a seu receptor nuclear, inibindo a transcrição 
de TSH. Desse modo, se a função hipotalâmico-
hipofisária estiver intacta, pequenas alterações nos 
níveis dos hormônios tireóideos livres provocam 
grandes alterações nos valores séricos do TSH. Por 
isso, o TSH constitui-se no melhor indicador de 
alterações discretas da produção hormonal da 
tireoide. 
A secreção do TSH é pulsátil e apresenta um 
ritmo circadiano, com pulsos de secreção 
ocorrendo entre 22h e as 4h. 
Eixo Hipotalâmico-Hipofisário-Tireoidiano 
A secreção é intensificada pelo TRH, que estimula a 
liberação de TSH em resposta aos níveis reduzidos de 
hormônio da tireoide, taxa metabólica baixa, frio, 
gravidez e altitudes elevadas. As secreções de TRH e TSH 
são inibidas frente a níveis elevados de hormônios da 
tireoide, níveis altos de iodo suprimem a secreção de T3 
e T4. 
15/09/2022 FAMEG | Afya 8 
Marcela Beltrão 
 
FIGURA 9: ESQUEMA DE FEEDBACK DO HORMÔNIO TIREOIDIANO. 
 
O hormônio produzido pelas células 
parafoliculares da glândula tireoide é a calcitonina 
(CT). A CT diminui o nível sanguíneo de cálcio por 
meio da ação dos osteoclastos, células que 
degradam a matriz celular óssea. A secreção de CT 
é controlada por um sistema de feedback negativo. 
Quando o nível de sanguíneo de calcitonina 
esta elevado, ocorre queda da concentração 
sanguínea de cálcio e fosfato, com inibição da 
reabsorção óssea (degradação da matriz óssea 
extracelular) pelos osteoblastos e aceleração da 
captação de cálcio e fosfato na matriz óssea 
extracelular. 
 
 
FIGURA 10: PACIENTE COM EXOFTALMIA POR HIPERTIREOIDISMO. 
Calcitonina 
A miacalcina, um extrato da calcitonina derivado do salmão que 
é 10 vezes mais potente que a calcitonina humana, é prescrita 
no tratamento de osteoporose. 
Na maioria dos pacientes com hipertireoidismo, o tamanho da 
tireoide aumenta duas a três vezes acima do normal, com 
enorme hiperplasia e pregueamento do revestimento celular 
folicular para o interior dos folículos, de modo que o número 
de células aumenta muito. Além disso, cada célula aumenta sua 
secreção por muitas vezes; estudos de captação de iodo 
radioativo indicam que algumas das glândulas hiperplásicas 
secretam hormônio tireoidiano em quantidades 5 a 15 vezes 
kj,kp 
maiores que o normal. 
A doença de Graves, a forma mais comum de hipertireoidismo, 
é uma doença autoimune, na qual os anticorpos, chamados 
Imunoglobulinas estimulantes da tireoide (TSIs), formam-se 
contra o receptor de TSH na glândula tireoide. Esses anticorpos 
se ligam ao mesmo receptor que liga o TSH e provoca a ativação 
contínua dos sistemas celulares do AMPc, com resultante 
desenvolvimento de hipertireoidismo. Os anticorpos TSI têm 
efeito estimulante prolongado na secreção da glândula 
tireoide, durando até 12 horas, em contraste com o curto 
tempo para o TSH, de pouco mais de 1 hora. O alto nível de 
secreção do hormônio tireoidiano, causado pelo TSI, por sua 
vez, suprime a formação de TSH pela hipófise anterior. 
Portanto, as concentrações de TSH ficam abaixo da normal 
(muitas vezes, essencialmente zero), em vez de aumentadas, 
em quase todos os pacientes com doença de Graves. 
Os anticorpos causadores do hipertireoidismo decorrem, quase 
certamente, do desenvolvimento da autoimunidade contra o 
tecido tireoidiano. Presume-se que, em algum momento da 
história clínica da pessoa, foi liberado um excesso de antígenos 
pelas células tireoidianas, resultando na formação de 
anticorpos contra a tireoide. 
Adenoma tireoidiano. Ocasionalmente, o hipertireoidismo 
resulta de adenoma (tumor) localizado, que se desenvolve no 
tecido da tireoide e secreta grande quantidade de hormônio 
tireoidiano. Essa apresentação é diferente da forma mais 
comum de hipertireoidismo, pois, em geral, não está associada 
à evidencia de doença autoimune. Enquanto o adenoma 
secreta grandes quantidades de hormônio tireoidiano, a função 
secretora de todo o restante da tireoide é quase totalmente 
inibida, porque o hormônio tireoidiano do adenoma suprime a 
produção de TSH pela hipófise. 
O hipertireoidismo apresenta sintomas como estado de alta 
excitabilidade, intolerância ao calor, redução da sudorese, 
perda de peso ligeira a extrema, graus variáveis de diarreia, 
fraqueza muscular, nervosismo ou outros transtornos 
psíquicos, fadiga extrema, acompanhada de insônia e tremor 
nas mãos. 
A maior parte das pessoas com hipertireoidismo desenvolve 
algum grau de protusão dos globos oculares, chamado de 
exoftalmia. 
Para o caso usual de hipertireoidismo, o exame diagnóstico 
mais preciso é a medição direta da concentração de tiroxina 
“livre” no plasma. 
Patologias 
15/09/2022 FAMEG | Afya 9 
Marcela Beltrão 
 
FIGURA 11: PACIENTE COM MIXEDEMA. 
Os efeitos do hipotireoidismo, em geral, são opostos aos do 
hipertireoidismo, mas alguns mecanismos fisiológicos são 
específicos dessa patologia. O hipotireoidismo, assim como o 
hipertireoidismo, é provavelmente iniciado por autoimunidade 
contra a tireoide (doença de Hashimoto), mas, nesse caso, é a 
imunidade que destrói a glândula, em vez de estimula-la. A 
tireoide da maioria desses pacientes apresenta “tireoidite” 
autoimune, que significa inflamação da tireoide. A tireoidite 
causa deterioração progressiva e, por fim, fibrose da glândula, 
resultando em diminuição ou ausência da secreção do 
hormônio tireoidiano. Muitos outros tipos de hipotireoidismo 
podem ocorrer, frequentemente, associados ao aumento da 
glândula, chamado de bócio. 
O termo “bócio” significa um grande aumento da tireoide. 
Conforme ressaltado na discussão sobre o metabolismo do 
iodo, cerca de 50mg de iodo por ano são necessários para a 
formação de quantidade adequada de hormônio tireoidiano. 
Em certas regiões do mundo, existe quantidade insuficiente de 
iodo no solo, de modo que os alimentos não possuem sequer 
essa minúscula quantidade. Portanto, nos tempos anteriores 
ao sal de cozinha iodado, muitas pessoas que viviam nessas 
áreas desenvolviam tireoides extremamente aumentadas, 
chamadas bócios endêmicos. 
O mecanismo de desenvolvimento de grandes bócios 
endêmicos é o seguinte: a falta de iodo impede a produção 
tanto de tiroxina quanto de triiodotironina. Como resultado, 
não há hormônios disponíveis para inibir a produção de TSH 
pela hipófise anterior, que passa a secretar quantidade 
excessiva desse hormônio. O TSH, então, estimula as células 
tireoidianas a secretar grande quantidade de coloide de 
tireoglobulina nos folículos, e a glândula torna-se cada vez 
maior. Entretanto, devido à falta de iodo, a produção de 
tiroxina e triiodotironina não ocorre na molécula de 
tireoglobulina e, portanto, não causa a supressão normal da 
produção de TSH pela hipófise anterior. Os folículos adquirem 
um enorme tamanho, e a tireoide pode aumentar 10 a 20 
vezes. 
Bócio Coloide Atóxico Iodopático. O aumento da tireoide, 
semelhante ao que acontece no bócio coloide endêmico, pode 
também ocorrer em pessoas que não apresentam deficiência 
de iodo. Essas glândulas aumentadas podem secretar 
quantidade normal de hormônios tireoidianos; entretanto, 
com mais frequência, sua secreção é reduzida, como o bócio 
coloide endêmico. 
A causa exata do aumento da tireoide em pacientescom bócio 
coloide idiopático não é conhecida, mas a maioria desses 
pacientes apresenta ligeiro hipotireoidismo que, então, leva ao 
aumento da secreção de TSH e ao crescimento progressivo das 
porções não inflamadas da glândula. Essa teoria poderia 
explicar porque essas glândulas são, em geral, nodulares, com 
o crescimento de algumas porções da glândula, enquanto 
outras são destruídas pela tireoide. Em algumas pessoas com 
bócio coloide, a tireoide apresenta anormalidade no sistema 
enzimático necessário para a formação dos hormônios 
tireoidianos. 
No hipotireoidismo causado por tireoidite, bócio coloide 
endêmico, bócio coloide idiopático, destruição da tireoide por 
radiação ou remoção cirúrgica da glândula, os efeitos 
fisiológicos são os mesmos. Eles incluem fadiga e sonolência 
extrema, provocando 12 a 14 horas de sono por dia, extrema 
lentidão muscular, redução da frequência cardíaca, do débito 
cardíaco e do volume sanguíneo, ocasionalmente aumento de 
peso, constipação, lentidão mental, insuficiência de muitas 
funções tróficas do organismo, evidenciada por redução do 
crescimento do cabelo e descamação da pele, desenvolvimento 
de rouquidão e, em casos graves, de aparência edematosa em 
todo o corpo, chamada mixedema. 
O mixedema se desenvolve no indivíduo que tem ausência 
quase total da função do hormônio tireoidiano. Apresenta 
flacidez sob os olhos e o inchaço na face. Nessa condição, por 
motivos não explicados, a quantidade muito elevada de ácido 
hialurônico e sulfato de condroitina, ligados a proteínas, forma 
um excesso de gel tecidual nos espaços intersticiais, 
aumentando a quantidade total do líquido intersticial. Como o 
líquido em excesso trata-se de um gel, é essencialmente 
imóvel, e o edema é deprimível. 
Alguns alimentos contêm substâncias bociogênicas com 
atividade antitireoidiana, semelhante ao propiltiouracil, 
levando ao aumento da tireoide, estimulado pelo TSH. Tais 
substâncias bociogênicas são encontradas especialmente em 
algumas variedades de nabo e repolho. 
Aterosclerose no Hipotireoidismo. A falta de hormônio 
tireoidiano aumenta a concentração sanguínea de colesterol, 
devido à alteração do metabolismo dos lipídeos e do colesterol 
e à redução de sua excreção hepática na bile. Geralmente, a 
elevação do colesterol sanguíneo está associada ao aumento 
da aterosclerose. Portanto, muitos pacientes com 
hipotireoidismo, particularmente os com mixedema, 
desenvolvem aterosclerose, que, por sua vez, resulta em 
doença vascular periférica, surdez e doença arterial 
coronariana, com consequente redução da expectativa de vida. 
Os exames já descritos para o diagnóstico do hipertireoidismo 
apresentam resultados opostos no hipotireoidismo. A 
concentração sanguínea de tiroxina livre é baixa. O 
metabolismo basal no mixedema varia entre -30 e -50, e a 
secreção de TSH pela hipófise anterior, quando se administra 
uma dose de TRH, fica, em geral, muito aumentada (exceto em 
raros casos de hipotireoidismo causado por redução da 
resposta da hipófise ao TRH). 
15/09/2022 FAMEG | Afya 10 
Marcela Beltrão 
 
FIGURA 12: A GLÂNDULA TIREOIDE ESTÁ LOCALIZADA NA PORÇÃO 
ANTERIOR DO PESCOÇO, ONDE É FACILMENTE VISUALIZADA E PALPADA 
QUANDO AUMENTADA (BÓCIO). 
 
 
FIGURA 13: A, CRIANÇA NORMAL COM 6 ANOS DE IDADE (ESQUERDA) E 
UMA CRIANÇA COM HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO, COM 17 ANOS DE 
IDADE (DIREITA). OBSERVE PRINCIPALMENTE A BAIXA ESTATURA, 
OBESIDADE, PERNAS MALFORMADAS E A EXPRESSÃO ESTUPIDIFICADA DA 
CRIANÇA HIPOTIREÓIDEA, MENTALMENTE RETARDADA. OUTROS ASPECTOS 
SÃO O ABDOME PROEMINENTE, NARIZ ACHATADO, MANDÍBULA 
HIPOPLÁSTICA, PELE SECA E DESCAMATIVA, PUBERDADE ATRASADA E 
FRAQUEZA MUSCULAR. IMAGENS RADIOGRÁFICAS DA MÃO DE UMA 
CRIANÇA DE 13 ANOS DE IDADE (B) E DE UMA CRIANÇA COM 
HIPOTIREOIDISMO DA MESMA IDADE (C). VEJA QUE A CRIANÇA COM 
HIPOTIREOIDISMO APRESENTA UM ATRASO ACENTUADO NO 
DESENVOLVIMENTO DOS OSSOS CURTOS DAS MÃOS, DO NÚCLEO DE 
CRESCIMENTO NAS DUAS EXTREMIDADES DAS FALANGES E DO NÚCLEO DE 
CRESCIMENTO DA PORÇÃO DISTAL DO RÁDIO. 
 
 
• HALL, J.E.; GUYTON, A.C. Tratado de 
Fisiologia Médica. 13º edição. Rio de 
Janeiro: Elsevier Editora ltda, 2017. 
• BERNE, Robert M.; LEVY, Matthew N. 
Fisiologia. 6º edição. Rio de Janeiro: Elsevier 
Editora ltda, 2009. 
• VILAR, Lucio. Endocrinologia Clínica. 6º 
edição. Rio de Janeiro: Editora Guanabara 
Koogan ltda, 2016. 
• TORTORA, Gerard e DERRICKSON, Bryan. 
Princípios da Anatomia e Fisiologia. 14º 
edição. Rio de Janeiro: Editora Guanabara 
Koogan ltda, 2016. 
O cretinismo é causado por hipotireoidismo extremo em fetos, 
bebês ou crianças. Essa condição se caracteriza, especialmente, 
pela deficiência do crescimento corporal e por retardo mental. 
O cretinismo resulta da ausência congênita da tireoide 
(cretinismo congênito), de sua incapacidade de produzir 
hormônio tireoidiano devido a defeito genético, ou da 
substância de iodo na dieta (cretinismo endêmico). 
Um neonato sem tireoide pode ter aparências e funções 
normais, por ter recebido alguma quantidade (embora 
geralmente insuficiente) de hormônio tireoidiano materno, 
durante a vida uterina. Entretanto, algumas semanas após o 
nascimento, os movimentos do neonato passam a ser lentos, e 
o seu desenvolvimento físico e mental fica bastante retardado. 
O tratamento do neonato com cretinismo, em qualquer 
momento, com quantidades adequadas de iodo ou tiroxina, 
geralmente provoca a normalização do crescimento físico; 
entretanto, a menos que o cretinismo seja tratado a partir de 
algumas semanas após o nascimento, o desenvolvimento 
mental permanece retardado de forma permanente. Esse 
estado ocorre devido a retardo do crescimento, ramificação e 
mielinização das células neuronais do sistema nervoso central 
nesse momento crítico de desenvolvimento das capacidades 
mentais. O crescimento esquelético da criança com cretinismo 
é caracteristicamente mais inibido que o do tecido mole. Como 
resultado dessa desproporcionalidade do crescimento, os 
tecidos moles apresentam probabilidade de crescer 
excessivamente, dando à criança uma aparência obesa, 
estrutura brevilínea e baixa estatura. Ocasionalmente, a língua 
se torna tão grande, em relação ao crescimento esquelético, 
que obstrui a deglutição e a respiração, induzindo uma 
respiração gutural característica, que, por vezes sufoca a 
criança. 
 
Referências 
15/09/2022 FAMEG | Afya 11 
Marcela Beltrão 
• JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, José. 
Histologia básica texto e atlas. 13º edição. 
Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 
2017. 
• LANGMAN. Embriologia Médica. 13º 
edição. Rio de Janeiro: Editora Guanabara 
Koogan, 2016.

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