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Prévia do material em texto

PNBE Na Escola
Literatura fora da caixa
Guia 2 
Anos iniciais do Ensino Fundamental
Presidência da República
Ministério da Educação
Secretaria Executiva
Secretaria da Educação Básica
Guia 2
PNBE Na Escola 
Literatura fora da caixa
Anos iniciais do Ensino Fundamental
PrEsidêNcia da rEPúBlica
MiNistério da Educação
sEcrEtaria ExEcutiva
sEcrEtaria dE Educação Básica
dirEtoria dE ForMulação dE coNtEúdos EducacioNais
coordENação GEral dE MatEriais didáticos
Equipe técnico-Pedagógica – coGEaM/sEB
Andrea Kluge Pereira
Cecíl ia Correia Lima
José Ricardo Albernás Lima
Lucineide Bezerra Dantas
Lunalva da Conceição Gomes
Maria Marismene Gonzaga
Equipe de apoio administrativo – coGEaM/sEB
Gabriela Brito de Araújo
Gislenilson Silva de Matos
Neil iane Caixeta Guimarães
Paulo Roberto Gonçalves da Cunha
seleção de originais e coordenação da edição
Magda Becker Soares
Aparecida Paiva
Planejamento editorial e preparação de textos
Ana Paiva
Rogerio Mol
Projeto gráfico e diagramação
Christ iane Costa
tiragem 
Guia 2 – PNBE: Literatura fora da caixa – Anos iniciais do Ensino Fundamental
651.860 exemplares
PNBE na escola : l i teratura fora da caixa / Ministério da Educação ; elaborada pelo Centro 
de Alfabetização, Leitura e Escrita da Universidade Federal de Minas Gerais. – [Brasí l ia : 
Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2014].
 3 v. 
 Guia 1 : Educação infanti l – Guia 2: Anos iniciais do Ensino Fundamental – Guia 3: 
Educação de Jovens e Adultos.
 ISBN: 978-85-7783-155-5
 1. Programa Nacional Bibl ioteca da Escola. 2. Acervo. 3. Mediação pedagógica. 
4. Educação l i terária. I. Brasi l. Ministério da Educação. I I. Universidade Federal de Minas 
Gerais. Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita.
CDU 028.1(036) 
ApresentAção
Ministério da Educação 
introdução 
Magda Soares 
Aparecida Paiva
teXtos eM Verso – Poema, Quadra, 
Par lenda, Cant iga, Trava-L íngua, Adiv inha
Célia Regina Delácio 
pArA ForMAr Le itores Bons de prosA 
João Luís Ceccantini 
Thiago Alves Valente
A L iterAturA Me ALCAnçA peLAs iMAGens 
Que A Const itueM: Ref lexões epis to lares
Flávia Brocchetto Ramos
pArA A Le iturA de h istóriAs 
eM QuAdrinhos e de nArrAt iVAs 
de F iCção por iMAGens: 
In t rodução a aspectos narrat ivos e gráf icos
Juvenal Zanchetta Jr. 
pnBe 2014 
oBrAs seLeC ionAdAs
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17 
 
29
 
49 
65 
 
 
 
79
Sumár io
ApresentAção
Ministério da Educação 
A distribuição de obras de literatura pelo Programa Nacional Biblio-
teca da Escola (PNBE) já passou por diversos formatos. Em todos eles, o 
objetivo do Ministério da Educação (MEC) sempre foi proporcionar aos 
alunos da rede pública o acesso a bens culturais que circulam socialmente, 
de forma a contribuir para o desenvolvimento das potencialidades dos 
leitores, favorecendo, assim, a inserção desses alunos na cultura letrada. 
No entanto, apenas o acesso aos livros não garante sua apropria-
ção, sendo de fundamental importância a mediação do professor para a 
formação dos leitores. Mediar a leitura significa intervir para aproximar 
o leitor da obra e, nesse sentido, o trabalho do professor assume uma 
dimensão maior, uma vez que extrapola os limites do texto escrito, pro-
movendo o resgate e a ampliação das experiências de vida dos alunos e 
do professor mediador. 
Para auxiliar os professores nessa tarefa, o MEC vem, ao longo dos 
anos, produzindo materiais voltados para o uso dos acervos do PNBE, 
como o Guia do Livronauta (PNBE 1998),1 História e Histórias (PNBE 
1999), o Catálogo Literatura na Infância: imagens e palavras (PNBE 2008),2 
além de outras publicações voltadas para a formação de leitores, como a 
Revista Leituras, o kit Por uma Política de Formação de Leitores3 e o volume 
20 – Literatura Infantil – Coleção Explorando o Ensino.4
Dando prosseguimento à essa ação formativa, este Ministério está 
encaminhando às bibliotecas das escolas que oferecem Educação Infantil 
(creche e pré-escola), anos iniciais do Ensino Fundamental e/ou Educa-
ção de Jovens e Adultos esta publicação PNBE na escola: Literatura fora da 
caixa. Composta por três volumes, ela traz um conjunto de textos que, 
certamente, irão contribuir para uma mediação mais efetiva, de forma a 
proporcionar aos alunos diferentes experiências com a leitura literária.
Essa publicação foi elaborada pelo Centro de Alfabetização, Leitura 
1 Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me001878.pdf
2 Disponível em http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Avalmat/literatura_na_in-
fancia.pdf 
3 Disponíveis em http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=ar-
ticle&id=16896&Itemid=1134 
4 Disponível em http://portaldoprofessor.mec.gov.br/linksCursosMateriais.html?cate-
goria=117
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e Escrita (CEALE), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 
responsável pelo processo de avaliação, seleção e composição dos acervos. 
Cada acervo, concebido para o uso coletivo de alunos e professores, 
vem acompanhado desta publicação. Os acervos estão organizados em 
quatro categorias:
Categoria 1: Para as instituições de educação infantil que atendem 
creche foram formados 2 (dois) acervos distintos, com 25 (vinte e cinco) 
obras cada, num total de 50 (cinquenta) obras.
Categoria 2: Para as instituições de educação infantil que atendem 
pré-escola foram formados 2 (dois) acervos distintos, com 25 (vinte e 
cinco) obras cada, num total de 50 (cinquenta) obras.
Categoria 3: Para as escolas que oferecem os anos iniciais do ensino 
fundamental foram formados 4 (quatro) acervos distintos, com 25 (vinte 
e cinco) obras cada, num total de 100 (cem) obras.
Categoria 4: Para as escolas que oferecem educação de jovens e 
adultos foram formados 2 (dois) acervos distintos, com 25 (vinte e cinco) 
obras cada, num total de 50 (cinquenta) obras.
Nem todas as escolas receberão todos os acervos, porque a distribui-
ção está relacionada ao número de alunos matriculados. Mas, ao final dos 
volumes, consta a relação de todas as obras selecionadas de forma que os 
professores possam conhecer a totalidade dos títulos.
As obras selecionadas, além de diversificadas do ponto de vista te-
mático, dos gêneros e formatos, também diferem do ponto de vista do 
grau de complexidade. Portanto, os acervos são compostos por obras que 
estimulam a leitura autônoma por parte de crianças, jovens e adultos em 
processo de alfabetização ou propiciam a professores e alunos alternativas 
interessantes de leitura compartilhada. 
No que diz respeito à educação infantil, este Ministério, consideran-
do a necessidade de garantir material de apoio à educação de crianças 
nessa etapa de ensino, ampliou a distribuição dos acervos voltados para 
a educação infantil, encaminhando-os, não apenas às bibliotecas dessas 
escolas, mas, também, para salas de aula e outros espaços onde se dá o 
trabalho com crianças de 0 a 3 anos (creche) e de 4 e 5 anos (pré-escola). 
Este Ministério, ao incluir nos acervos de livros de literatura essa 
publicação, espera contribuir, de forma efetiva, com a circulação e leitura 
das obras que compõem os acervos do PNBE 2014 e, de modo especial, 
com a formação leitora de alunos e professores.
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introdução
Magda Soares 
Aparecida Paiva
Você tem em mãos o guia dos anos iniciais 
do Ensino Fundamental do PNBE 2014. Este 
volume é um dos dos três guias que serão dis-
ponibilizados pelo MEC para acompanhar os 
acervos selecionados pelo Programa Nacional 
Biblioteca da Escola. Além deste guia, foram 
produzidos mais dois: um para a Educação In-
fantil e um para a Educação de Jovens e Adultos, 
segmentos contemplados por esta edição do 
Programa. Esperamosque você, de posse deste 
guia, tenha uma oportunidade concreta de cres-
cimento como mediador(a) de leitura literária 
na escola e de enriquecimento de sua formação 
como leitor de literatura, o que, acreditamos, o 
ajudará a dar um novo significado às práticas 
de leitura literária com seus alunos, em sala de 
aula, ou na biblioteca escolar.
Nosso propósito com esse “guia”, esse ma-
terial de apoio, é possibilitar a você um acesso 
dialogado ao universo literário das obras que 
constituem os acervos do PNBE 2014, propon-
do orientações de uso desses acervos na escola, 
pelos professores e pelos profissionais que atuam 
nas bibliotecas escolares, com apresentação e 
discussão pedagógica de gêneros, autores, temá-
ticas, competências literárias e outras formas de 
conhecimento e apreciação das obras.
Assim, além dessa apresentação inicial, 
que explicita nosso desejo de contribuir efe-
tivamente com a circulação e leitura das obras 
que compõem os acervos do PNBE 2014, e, 
de modo muito especial, com sua formação 
leitora, apresentamos a você um conjunto de 
textos que representam os gêneros selecionados 
para o acervo: prosa, verso, imagem e história 
em quadrinhos. 
divisão interna do Guia
Cada um dos textos, impressos após a apre-
sentação deste guia, foi planejado especialmente 
para você, mediador de leitura; são textos escri-
tos em linguagem simples e direta onde cada au-
tor(a) procura discutir as especificidades de cada 
gênero, abordando obras que o representam, no 
intuito de que essas leituras funcionem como 
exemplos e incentivo para a apropriação dos 
acervos pelos mediadores de leitura, de forma 
a enriquecer as atividades de leitura na escola. 
Além desses textos básicos, há, ao final de 
cada guia, a relação de todos os títulos selecio-
nados no PNBE 2014, separados por segmento, 
categoria e gênero. Esperamos, com esse nosso 
esforço, duas coisas: socializar com você os livros 
selecionados no PNBE 2014, a fim de que você 
possa usufruir desse acervo como leitor(a) de 
literatura, independente do segmento em que 
atue, provocando em você o desejo de lê-los 
e compartilhá-los com seus alunos. Por outro 
lado, esse nosso movimento de apresentar visu-
almente, ao final de cada guia, todo o acervo do 
PNBE 2014 também pretende fomentar uma 
curiosidade nos mediadores de leitura, assim 
como uma maior circulação das obras na escola, 
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ao deixar claro o quanto são tênues as separações por segmento, faixa 
etária, ou qualquer outro tipo de categorização e que, o mais importante, 
é a literatura de qualidade estar disponível.
Por fim, gostaríamos de ressaltar que a relação das obras adquiridas pelo 
PNBE ainda oferece um parâmetro relevante a respeito do quadro geral dos 
livros veiculados nas escolas públicas brasileiras. Ao observar gêneros, autorias 
e categorias, o professor, ainda que sua escola não tenha alguns desses títulos 
em seu acervo, dispõe de um conjunto de dados que podem funcionar como 
baliza para a escolha de material de leitura, considerando que a qualidade 
literária é item primordial para a seleção dos acervos do PNBE.
Para começo de conversa, alguns dados para você se situar
O Programa Nacional Biblioteca da Escola – PNBE1 – foi instituído 
em 1997 e tem como objetivo principal democratizar o acesso a obras de 
literatura infantojuvenil, brasileiras e estrangeiras, e a materiais de pesquisa 
e de referência a professores e alunos das escolas públicas brasileiras. O 
Programa é executado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da 
Educação – FNDE – em parceria com a Secretaria de Educação Básica 
do Ministério da Educação – SEB/MEC. Você pode obter informações 
sobre todas as edições do Programa no site do MEC, buscando por PNBE.
Para que você tenha uma ideia da magnitude desse Programa, vamos 
apresentar a seguir dados do investimento feito no período de 2006 a 
2013. Os dados de 2014 ainda estão sendo processados. Observe bem o 
volume de recursos investidos. 
Agora, com base no quadro a seguir, preste especial atenção na 
quantidade de escolas e alunos atendidos no período de 2006 a 2013 
e projete a espantosa quantidade de livros distribuídos pelo Programa 
1 Se você quiser saber mais sobre o PNBE, como por exemplo sua história, processo de 
seleção e constituição de acervos, cf. FNDE: http://www.fnde.gov.br/ e cf. PAIVA, 
Aparecida (org.). Literatura fora da caixa: O PNBE na escola – distribuição, circulação e 
leitura. São Paulo: Editora UNESP, 2012.
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desde sua criação. Muitas vezes, os professores de 
escolas menores, que recebem uma quantidade 
pequena de acervos, não imaginam a quantidade 
de livros de literatura que são distribuídos ano 
a ano. No entanto, no que pese esse grande 
número de livros distribuídos, se pensarmos no 
tamanho do nosso País, na carência das nossas 
escolas públicas e na quantidade de alunos que 
elas atendem, sempre haveremos de reivindicar 
um aumento no volume de investimento.
o que foi oferecido para 
a seleção dos acervos?
Para que você tenha uma ideia da quantidade 
de livros inscritos no PNBE 2014, abarcando os 
segmentos Educação Infantil, anos iniciais do Ensi-
no Fundamental e EJA, observe o gráfico a seguir:
Observe que é a categoria 3 – livros inscri-
tos para os anos iniciais do Ensino Fundamental 
– que recebe o maior número de inscrições de 
livros pelas editoras: mais da metade dos inscri-
tos. Por outro lado, a inscrição é muito pequena 
para livros destinados às crianças de 0 a 3 anos 
– apenas 3% – o que evidencia a pouca produ-
ção editorial que há para esse segmento, ainda 
não contemplado pelas editoras. No entanto, é 
uma produção importante, porque já na creche 
a criança merece oportunidades de contato com 
livros adequados para a idade, que promovem 
sua entrada no mundo da escrita. 
o segmento anos iniciais 
do Ensino Fundamental
Obedecendo ao que foi previsto no edital 
do PNBE 2014, deveriam ser selecionadas, para 
cada acervo literário destinado aos anos iniciais 
do Ensino Fundamental, obras de cada um dos 
três agrupamentos seguintes:
1. Textos em verso – poema, quadra, par-
lenda, cantiga, trava-língua;
2. Textos em prosa – pequenas histórias, 
novela, conto, crônica, teatro, clássicos 
da literatura infantil; 
3. Livros de imagens e livros de histórias em 
quadrinhos, dentre os quais se incluem 
obras clássicas da literatura universal, ar-
tisticamente adaptadas ao público dos 
anos iniciais do Ensino Fundamental.
Os livros inscritos para os anos iniciais do 
Ensino Fundamental se distribuíram de forma 
muito diferenciada por esses três agrupamen-
tos; observe, no gráfico a seguir, a percentagem 
dos inscritos por agrupamento e, portanto, as 
possibilidades de escolha oferecidas para a com-
posição dos acervos:
Os números evidenciam que a quantidade 
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de livros em prosa inscritos pelas editoras é muito superior à dos inscritos 
nas outras categorias, o que permite supor que a produção de livros para 
os anos iniciais do Ensino Fundamental vem privilegiando, de forma 
significativa, a prosa.
Sob determinado aspecto, essa predominância da prosa entre os livros 
inscritos é positiva: é fundamental que a criança, na etapa em que está 
consolidando seu domínio da leitura autônoma e começando a se inserir, 
de forma sistemática, no mundo da escrita, vivencie com frequência e 
intensidade o texto em prosa, para que, além de imergir no mundo do 
imaginário e da fantasia dos contos e das narrativas, e também no mundo 
da informação, vá desenvolvendo sua competência leitora e o conheci-
mento dos usos e funções da escrita. Entretanto, surpreende a inscrição 
de número pequeno de livros de poemas, que muito atraem as crianças e 
são importantes para introduzi-las no mundo da poesia. 
Apesar dodesequilíbrio no número de livros inscritos em cada categoria e 
por gênero, na seleção final para compor os acervos destinados aos anos iniciais 
do Ensino Fundamental, incluímos, em cada um dos acervos, livros de todas 
categorias – prosa, verso, imagem, história em quadrinhos – mesmo havendo, 
pelo já exposto, mais alternativas de escolha de prosa – isso explica por que 
os livros em prosa são mais numerosos nos acervos. Mas você encontrará, nos 
acervos 2014, livros de todas as categorias previstas no Edital, o que propicia 
às crianças a vivência de diferentes gêneros e a possibilidade de desenvolver 
conceitos, conhecimentos e habilidades peculiares a cada um deles.
Do grande número de livros inscritos no PNBE, do desequilíbrio 
na distribuição deles pelas cinco categorias a serem contempladas, dos 
diversos critérios a serem obedecidos, que serão indicados no item abaixo, 
enfim, desse universo de possibilidades, foi necessário selecionar apenas 
os 100 títulos previstos em Edital2 para os anos iniciais do Ensino Fun-
damental e distribuí-los por quatro acervos de 25 livros cada. Foi o que 
fizemos e, pode-se facilmente concluir, não foi uma tarefa fácil.
com que critérios foram escolhidos 
os livros para compor os acervos?
Além de constituir cada acervo com diferentes categorias de livro 
e diferentes gêneros, procuramos ainda selecionar os livros pelo critério 
de sua qualidade: qualidade textual, que se revela nos aspectos éticos, 
estéticos e literários, na estruturação narrativa, poética ou imagética, numa 
escolha vocabular que não só respeite, mas também amplie o repertório 
linguístico de crianças na faixa etária correspondente à Educação Infan-
til; qualidade temática, que se manifesta na diversidade e adequação 
dos temas, e no atendimento aos interesses das crianças, aos diferentes 
contextos sociais e culturais em que vivem e ao nível dos conhecimentos 
2 Ao final deste guia, você encontrará a relação completa de todos os acervos do 
PNBE 2014.
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prévios que possuem; qualidade gráfica, que 
se traduz na excelência de um projeto gráfico 
capaz de motivar e enriquecer a interação do 
leitor com o livro: qualidade estética das ilus-
trações, articulação entre texto e ilustrações, e 
uso de recursos gráficos adequados à criança na 
etapa inicial de inserção no mundo da escrita.
Foi ainda critério para constituição dos 
acervos a seleção, entre as obras consideradas 
de qualidade, nos vários agrupamentos – prosa, 
verso, imagem e história em quadrinhos –, da-
quelas que representassem diferentes níveis de 
dificuldades, de modo a atender a crianças em 
variados níveis tanto de compreensão dos usos 
e funções da escrita quanto de desenvolvimento 
de sua competência leitora, possibilitando assim 
formas diferentes de interação com o livro, seja 
pela via da leitura autônoma, sobretudo no mo-
mento da entrada no ensino fundamental, aos 
seis anos, seja pela leitura mediada pelo professor.
Não basta a presença do livro: 
o papel dos formadores de leitores
O PNBE tem cumprido o importante papel 
de fazer chegar até as escolas públicas brasileiras 
livros de literatura para todos os segmentos da 
escolaridade: educação infantil, anos iniciais do 
ensino fundamental, anos finais do ensino fun-
damental, ensino médio, educação de jovens e 
adultos. Em suas várias edições, o Programa vem 
ampliando o seu alcance, apontando o quanto 
é diversificado o público leitor que frequenta 
as bibliotecas escolares. Essa condição variável 
e múltipla requer o olhar sensível e nuançado 
para as especificidades de cada fase de formação 
e também para as peculiaridades das mediações 
que envolvem cada segmento da escolaridade. 
Mediações que acontecem nos espaços e tempos 
dedicados à leitura na escola.
Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, 
em que estão crianças de 6 a 10 anos, não po-
deria ser diferente. Nesta fase, a leitura literária 
ainda conta em grande medida com a mediação 
de professores e bibliotecários, em atividades de 
contação de histórias e de leitura de poemas, que 
possibilitem a construção de sentidos por esse 
leitor que já pode ler sozinho, mas ainda depen-
de da orientação daqueles que se encarregam 
da formação de leitores. Espera-se que, nesse 
segmento da escolaridade, as crianças tenham 
contato permanente com esses bens culturais 
que são os livros de literatura, para que se fami-
liarizem com eles de modo a interagir com a lin-
guagem literária – nos textos e nas ilustrações –, 
desenvolvendo também a compreensão dos usos 
sociais da escrita. Todo o trabalho com o livro de 
literatura, se feito de maneira adequada quando 
as crianças iniciam a sua trajetória escolar, pode 
despertar o gosto pela leitura e o interesse por 
livros, e pode ainda contribuir consideravelmen-
te para a etapa posterior, quando espera-se que 
o aluno tenha já domínio da leitura. Mas, para 
que isso ocorra, as experiências com a leitura 
literária precisam ser bem-sucedidas, de modo a 
aguçar a vontade de ler mais e conhecer outros 
livros que compõem o grande acervo de obras 
da cultura escrita endereçado a crianças e jovens. 
Nas situações de leitura autônoma ou media-
da que ocorrem nos anos iniciais, vale apostar 
numa relação cúmplice e aproximada entre o 
mediador e a criança, em que aquele promo-
va e incentive manifestações – palavras, gestos, 
avaliações, comentários – das crianças diante do 
que leem, e em geral não leem de forma passiva, 
podendo-se assim planejar e conduzir de forma 
mais adequada a leitura literária.
Leitura silenciosa, compartilhada ou mediada: incentivar.
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a literatura na escola: formando leitores
Depois de um longo caminho percorrido pelo livro, desde sua inscrição 
no PNBE, pela sua editora, até a sua seleção para compor o acervo do Pro-
grama e posterior aquisição pelo FNDE para distribuição, ele, finalmente, 
chega à escola. Se há dados seguros dessa distribuição, como você pôde 
observar no início desta introdução, o mesmo não podemos dizer da sua 
recepção, circulação e uso nas escolas públicas do País. Com menos segurança 
ainda podemos elencar ações que viabilizam a formação de professores e 
de profissionais que atuam nas bibliotecas escolares para o reconhecimento 
do potencial da literatura disponibilizada e suas possibilidades formativas e 
educativas no cotidiano escolar, em especial, na sala de aula e na biblioteca.
Mas por acreditar na qualidade literária destes acervos, nosso papel 
inclui um desejo de divulgação dos acervos do PNBE, e por isso chega 
até você este material de apoio, para que os profissionais responsáveis pelo 
processo de mediação de leitura na escola dele se apropriem e depois 
façam circular os conhecimentos.
Assim, nossa expectativa é a de que você, que está lendo esse guia – o 
que certamente indica que os acervos do PNBE chegaram em sua escola –, 
se envolva nesse processo, da forma mais colaborativa possível. Nessa 
perspectiva, vamos apresentar, desde já, algumas sugestões que podem 
ser implementadas na escola. 
chegada e presença 
dos livros na sua escola
Sugerimos que você reflita inicialmente sobre algumas questões:
•	Os	acervos	do	PNBE	estão	em	minha	escola?	Onde?
•	Foi	feita	ou	vai	ser	feita	divulgação	sobre	a	chegada	desses	acervos	
na	escola?
•	É	ou	será	desenvolvido	algum	trabalho	de	mediação	com	esses	
acervos?
•	Os	acervos	do	PNBE	têm	sido	postos	à	disposição	dos	alunos	e	
têm	sido	procurados	por	eles?
Essas são algumas questões que podem nortear a ação coletiva dos me-
diadores de leitura no espaço escolar. E veja que estamos falando de espaço 
escolar, porque acreditamos que a voz do docente não pode ser isolada, todos 
são mediadores de leitura, os professores, os profissionais da biblioteca, os 
gestores, enfim, os diferentes mediadores de leitura do contexto escolar são 
aqueles que detém o poderde fazer o livro circular. Se os mediadores se 
propõem a conhecer os acervos do PNBE, suas características e potenciali-
dades, e se o trabalho for coletivo, tanto será mais fácil naturalizar, valorizar 
positivamente a atividade da leitura junto aos leitores iniciantes. O espaço 
escolar, então, passaria a ser concebido como privilegiado para as atividades 
de leitura. Enfim, se os próprios mediadores intensificarem suas práticas de 
leitura, o livro de literatura poderá ocupar o centro da escola.
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os livros na biblioteca
A biblioteca precisa ser assumida como o espaço da socialização, não 
do isolamento; inúmeras atividades positivas e prazerosas de leitura podem 
ser desenvolvidas nela: a contação ou leitura de histórias, fábulas, contos 
de fadas; a leitura ou a recitação de poemas; a busca de informações em 
livros informativos; e tantas outras atividades que levam a criança ainda 
não alfabetizada a apreciar e diferenciar gêneros. 
A criança pode ser ela mesma protagonista de atividades, como: atuando 
em teatrinho de fantoches; narrando oralmente suas experiências; ouvindo 
e contando causos e histórias de pescador. 
A biblioteca tem também o papel de aproximar dela as crianças, potenciais 
leitores. Atividades simples, como uma “festa” para receber novos acervos ou 
a divulgação em cartazes de novos livros atraem a atenção e o interesse das 
crianças. O importante é que os profissionais que trabalham nesse local se 
reconheçam como mediadores no trabalho de formação de leitores. Assim, 
uma vez concebida como local de leitura, interação e experimentação, a 
biblioteca se converte em referência de cultura e conhecimento para o leitor.
os livros na sala de aula
Professor,	 sua	turma	está	recebendo	os	acervos	do	PNBE-2014.	
São	100	novos	livros,	que	poderão	ser	usados	em	espaços	variados:	salas	
de	aula,	bibliotecas	escolares,	anfiteatros,	e	em	áreas	externas	tais	como	
pátios,	não	devendo	estar	restritos	a	espaços	internos.	Para	isso,	a	inte-
ração	entre	responsável	pela	biblioteca	e	professor	é	importante,	não	só	
para	controle	do	acervo,	mas	também	para	uma	colaboração	que	pode	
ser	rica,	entre	esses	dois	mediadores	de	leitura.	
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Várias atividades podem ser desenvolvidas 
em sala de aula com livros da biblioteca, como: 
após a leitura pela professora, as crianças podem 
representar em desenhos partes da história, fábu-
la ou conto de fadas; a história ou fábula lida pela 
professora pode ser dramatizada pelas crianças; 
as crianças podem apresentar e “ler” um livro 
de imagem para os colegas de uma outra sala; as 
crianças podem recontar oralmente uma história 
que foi lida pela professora; as crianças podem 
memorizar e recitar poemas curtos; as crianças 
podem preparar um cartaz de propaganda de 
um livro de que tenham gostado, para expô-lo 
na biblioteca e incentivar colegas a procurá-lo; 
as crianças podem escrever sua avaliação de li-
vros lidos, compondo um guia de orientação de 
Ler pode ser uma deliciosa descoberta para as crianças.
escolhas, de modo que este fique na biblioteca 
para consulta de colegas.
Além disso, a professora, em parceria com a 
pessoa responsável pela biblioteca, pode orientar 
o empréstimo de livros para as crianças, com 
objetivos principais: para que a criança leia em 
casa, ou para que familiares leiam o livro para a 
criança, no caso de esta ainda não ser capaz de 
leitura autônoma, ou para que a criança leia o 
livro para familiares. 
concluindo
Agora, finalmente, você vai poder entrar em 
contato com os textos que discutem as prin-
cipais categorias de seleção voltadas aos anos 
iniciais do Ensino Fundamental – prosa, verso, 
imagem e história em quadrinhos. Pesquisadores 
e professores, com larga experiência na área da 
leitura e de literatura, comentarão, cada um ao 
seu modo, a concepção de gênero que subjaz a 
cada categoria e apresentarão análises textuais 
e ilustradas de algumas obras selecionadas pelo 
PNBE 2014, como exemplos das possibilidades 
de uso e prática das obras para este segmento.
Desejamos a você uma boa leitura dos tex-
tos que compõem esse guia e, de modo muito 
especial, uma prazerosa leitura dos livros selecio-
nados para 2014, além de um excelente trabalho 
de mediação com os alunos.
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teXtos eM Verso – 
Poema, Quad ra , Pa r l enda , 
Can t i ga , Trava-L íngua , Ad i v i nha
Célia Regina Delácio1 
A educação do ser poético
Por que motivo as crianças, de modo geral, são poetas e,
com o tempo, deixam de sê-lo?
Será a poesia um estado de infância relacionada com a
necessidade de jogo, a ausência de conhecimento livresco,
a despreocupação com os mandamentos práticos de viver
– estado de pureza da mente, em suma?
[...]
O que eu pediria à escola, se não me faltassem luzes
pedagógicas, era considerar a poesia como primeira visão
direta das coisas e, depois, como veículo de informação
prática e teórica, preservando em cada aluno o fundo
mágico, lúdico, intuitivo e criativo, que se identifica basicamente
com a sensibilidade poética.
[...]
E a arte, como a educação e tudo o mais, que fim mais
alto pode ter em mira senão este, de contribuir para a
educação do ser humano à vida, o que, numa palavra,
se chama felicidade?
Carlos Drummond de Andrade
1 Doutora em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas. Professora adjunta e pesquisadora 
da Faculdade de Comunicação, Artes e Letras da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).
introdução: começo de conversa
Caro(a) Professor(a),
Em primeiro lugar, queremos esclarecer que 
esta proposta de trabalho é apenas um caminho 
possível de ser trilhado, entre muitos outros 
caminhos que podem surgir da sua própria tra-
jetória, da leitura do acervo PNBE/2014 e das 
leituras sugeridas no final deste texto. Temos 
certeza de que é você, professor, com toda a sua 
experiência e seu conhecimento de cada turma, 
quem saberá utilizar essas sugestões da melhor 
maneira, adaptando-as e enriquecendo-as com 
suas vivências e a de seus alunos. 
Como sabemos, de um lado, alguns estudos 
apontam que boa parte dos professores não tra-
balha com a poesia na escola porque a concebem 
como um gênero difícil e pouco apreciado pe-
las crianças (CUNHA, 1976, 1986; COELHO, 
1987, 1991; SORRENTI, 2007; entre outros). 
De outro lado, muitos pesquisadores da área do 
ensino de literatura (ABRAMOVICH, 1991; 
AVERBUCK, 1988; LAJOLO, 2002; SOARES, 
2006; PINHEIRO, 2002; entre outros) reve-
lam o trabalho equivocado que é realizado por 
diversos professores ao utilizar a poesia apenas 
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para comemorar determinadas datas, transmitir 
lições de moral, inculcar determinados valores, 
ensinar gramática, medir as sílabas, responder 
questões objetivas de reprodução do texto, cir-
cular substantivos, adjetivos ou verbos entre 
outras atividades óbvias, mecânicas e desesti-
mulantes, tendo muitas vezes o livro didático 
como principal intermediário. 
Apesar dessas constatações frustrantes, é pre-
ciso sublinhar que também existem professores 
fazendo trabalhos significativos com o gênero 
no contexto escolar. Essas práticas concretizadas 
por alguns professores fazem a diferença e se 
tornam inesquecíveis na vida de seus alunos. 
Considerando a infância como o momento 
essencial de jogos e brincadeiras, ludismo e fan-
tasia (BORDINI, 1986; KIRINUS, 1998); a im-
portância da poesia na educação do ser humano; 
o fato de que para milhares de crianças brasileiras 
o contato com a poesia ocorre apenas na escola; 
a escolarização incorreta da literatura nos livros 
didáticos (LAJOLO, 2002; SOARES, 2006) e a 
necessidade urgente de uma escolarização correta 
desse gênero (SOARES, 2006), estamos trazendoesta proposta para colocarmos a poesia no lugar 
de honra que ela merece ocupar na escola.
Você, professor, é a figura principal para 
fazer a aproximação entre os textos em versos 
que compõem o PNBE/2014 e os seus alunos. 
Por isso, antes de iniciar as atividades indicadas, 
procure resgatar e escrever as suas memórias de 
leitura (cf. LAJOLO, 2005, p.39) e identificar 
os textos em verso mais marcantes. Lembre-se 
que cantigas de roda, parlendas, trava-línguas, 
poemas, quadras e adivinhas – considerados 
textos em verso nesse acervo – fazem parte das 
brincadeiras infantis e de nossa experiência com 
a função poética da linguagem (CADEMAR-
TORI, 2009, p.116-117). Recorde-se dos versos 
que fizeram parte de sua infância, adolescência 
e juventude, e como eles foram (ou não) traba-
lhados na escola. Não importa qual tenha sido 
suas experiências com esse gênero, positivas ou 
negativas, procure registrá-las. Se o seu contato 
com o gênero foi pequeno ou insignificante, 
não se preocupe porque isso pode ser mudado. 
Abra seus olhos e o seu coração para conhecer 
esse belíssimo acervo e embarque com a turma 
nessa aventura literária. 
A leitura é o seu passaporte!
Memorial de versos
Sugerimos o registro de todo esse trabalho 
de leitura, a ser desenvolvido ao longo do ano 
letivo em cada classe, em um livro ou caderno 
grande intitulado Memorial de Versos. Esse Me-
morial, que pode ser confeccionado artesanal-
mente e ilustrado pelas mãos da própria turma, 
registrará depoimentos, comentários, desenhos, 
impressões, poemas, entre outros, durante o pro-
cesso de leitura dos livros do acervo e poderá 
fazer parte da exposição de Antologias Poéticas a 
serem feitas pelos alunos e apresentadas a toda 
comunidade escolar em um evento de encer-
ramento das atividades que vamos recomendar 
mais adiante: um Sarau poético. No final, você 
terá nesse Memorial um valioso documento 
para avaliar o trabalho realizado e planejar sua 
continuidade no próximo ano escolar. 
Memória de versos nas cantigas de roda
Para resgatar a experiência dos alunos com 
textos em versos, num primeiro momento, pro-
ponha uma brincadeira de roda para aflorar a 
memória e a vivência das cantigas de roda pre-
sentes no cotidiano das crianças. Os alunos, de 
mãos dadas em forma de um círculo, giram em 
sentido horário cantando músicas folclóricas de 
roda como, por exemplo, “Ciranda, Cirandinha”. 
Uma música puxa a outra e, assim, os versos 
memorizados vão surgindo nessa brincadeira 
lúdica com as cantigas de roda. Depois dessa 
atividade, convide os alunos para registrarem 
essas cantigas juntos no Memorial de Versos. 
O objetivo desta atividade é conhecer o 
repertório de textos em versos dos alunos para 
ampliá-lo por meio do acervo do PNBE/2014, 
a fim de que eles possam se aproximar da lingua-
gem poética, compreender e gostar de ler poesia. 
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conhecer o repertório 
de versos dos alunos
Em outro momento, organize os alunos 
em grupos pequenos para conversarem sobre 
os textos em verso que conhecem e de que se 
lembram. Cada grupo escolhe um relator para 
sintetizar a conversa e depois apresentar para a 
turma. O professor registra no Memorial de Versos 
os poemas lembrados pelos alunos. 
Converse com a classe sobre esse repertório 
e procure descobrir o motivo da memorização: 
os poemas que eles mais gostaram, o que senti-
ram, que imagem lhes veio à mente, o que mais 
lhes chamou atenção. Procure anotar os aspectos 
levantados na conversa observando o que eles re-
conhecem como características do gênero (verso, 
estrofe, rima, ritmo, sonoridade, visualidade etc.). 
conhecer a história de 
leitura da comunidade 
Agora vamos ampliar um pouco mais esse 
levantamento do nosso repertório de versos e 
do repertório de nossos alunos para conhecer 
também o da comunidade. Para tanto, solicite 
aos alunos uma entrevista com os funcionários 
da escola, os familiares ou a vizinhança, a fim de 
que seja feito um levantamento sobre o que a 
comunidade conhece como textos em verso ou 
poesia. Elabore um roteiro, junto com eles, das 
perguntas a serem feitas para resgatar as memórias 
de pessoas mais velhas do bairro tais como: quais 
poemas e poetas você conhece, quais poemas 
foram mais marcantes em sua vida, quem mos-
trou esses poemas para você etc. Decida com a 
turma se a conversa com os entrevistados será 
feita individualmente, em duplas ou em grupos 
pequenos. Explique aos alunos que, ao entrevistar 
as pessoas, precisam anotar as respostas ou gravar 
as falas – desde que o entrevistado dê permissão – 
para serem transcritas depois. Em classe, os alunos 
socializam as falas dos entrevistados e registram 
os versos mencionados no Memorial de Versos. 
Somado a isso, peça-lhes para convidarem algum 
(uns) dos entrevistados para ir até a sala recitar 
os versos que lembra ou cantar alguma canção.
criar um ambiente favoravel à 
recepção dos textos em versos
Além de dar voz e socializar suas memó-
rias de versos, a dos alunos e a dos convidados 
trazidos por eles, outra atividade que antecede 
a apresentação do acervo pode ser a de criar 
espaços interessantes para favorecer o trabalho 
na sala de aula, na biblioteca escolar, na sala de 
leitura entre outras possibilidades. É importante 
disponibilizar os livros em espaços com boa lu-
minosidade, que chamem a atenção, e as crianças 
devem ter acesso livre às obras quando deseja-
rem. Planeje um lugar confortável e acolhedor 
para a leitura. É possível fazer isso com poucos 
recursos e muita criatividade. Com almofadas e 
tapetes, por exemplo, o ambiente fica informal 
e acolhedor. Planeje espaços com cenários que 
deem vazão para o imaginário como um jardim 
de versos, uma floresta ou uma nave espacial. 
Algumas atividades podem acontecer no pátio, 
na quadra ou no palco da escola (anfiteatro) e 
até mesmo numa praça do bairro. 
O trabalho preparatório do ambiente pode 
incluir a colagem de cópias coloridas das capas 
dos livros do acervo pelas paredes da escola para 
criar expectativa em torno do acervo. Pelo título 
e pela ilustração da capa de cada obra, você pode 
fazer perguntas e oferecer pistas aos estudantes 
para estes inferirem a respeito do que acham 
que vai ser abordado num livro, com o intuito 
de instigar a leitura, a observação, a atenção e 
verificar se as hipóteses dos alunos se confirmam. 
Para ampliar o trabalho preparatório, esco-
lha um poema de sua preferência e ensaie com 
cuidado sua leitura. A leitura de um poema 
feita pelo professor pode ser bastante instigante 
e provocar encantamento nas crianças, se for 
bem ensaiada e caprichada, feita com a entoação 
adequada, com expressividade e entusiasmo. Para 
isso, o professor precisa alimentar sua sensibili-
dade, ampliar seu repertório de leitura de poe-
mas, ousar a experimentação, vivenciar poemas 
de diferentes formas, temas e autores. Por fim, 
vale a pena criar espaços de encantamento, um 
ambiente propício para uma educação estética.
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Para encantar, é preciso encantar-se
Com efeito, antes de mostrar o acervo para 
os alunos, é preciso criar oportunidades para 
os professores e outros mediadores da esco-
la conhecerem os livros por fora (capa, título, 
autores, orelhas, quarta capa, formato, textura 
etc.) e por dentro (conteúdo e forma). A equipe 
escolar precisa aproximar-se e envolver-se com 
os textos em verso do PNBE/2014, adentrar 
as páginas, criando uma familiaridade com os 
livros para utilizá-los de maneira inventiva e 
significativa tanto para os educandos quanto 
para os educadores. 
Esse belo acervo literário possibilita uma 
viagem poética para diversos lugares, épocas e 
para dentro do próprio “viajante”. Cada poeta 
tem seu estilo para expressar suas emoções e seus 
sentimentos, com ou sem rima, em versos curtos 
ou longos, e cada um tem um jeito diferente e 
especial de olhar paraas coisas e fazer o leitor 
se surpreender com os sentidos do texto. Ao 
lermos poemas, rimos, choramos, sonhamos, 
pensamos, compreendemos melhor o mundo e 
a nossa existência. Viajar no mundo imaginário 
da poesia viabiliza descobertas extraordinárias, 
sensações e pensamentos. Na poesia, o autor diz 
muito com poucas palavras. Alguns exemplos 
de poemas curtos, os haicais formados por três 
versos com 17 sílabas, podem ser encontrados 
em Antologia Ilustrada da poesia brasileira para 
crianças de qualquer idade. Em duas outras obras, 
os haicais aparecem com exclusividade: Jardim 
de menino poeta e Palavras são pássaros. 
Neste acervo do PNBE, há muitas vozes 
com diversos tons e modos de expressão das 
ideias e sentimentos – bem-humorado, român-
tico, dramático, melancólico, brincalhão etc. Há 
poetas vivos e outros que já morreram, mas se 
tornaram inesquecíveis como Cecília Meireles, 
Manuel Bandeira, Mario Quintana e Sylvia Or-
thof; há poetas de várias partes do Brasil, criando 
diferentes paisagens, pessoas, bichos e assuntos. 
Além dos poetas nacionais, também temos a 
presença de um ilustre estrangeiro: Robert Louis 
Stevenson, escritor escocês que figura nesse 
acervo com poemas selecionados e traduzidos 
da clássica obra de poesia infantil Jardim de versos 
de uma criança (1885). 
O acervo do PNBE 2014 apresenta ainda 
uma variedade de temas e formas, com uma 
diversidade de tendências e de vivências. Ao 
ler os livros, você verá que o trabalho de cada 
poeta é muito diferente mesmo que o tema seja 
semelhante. Observe que há uma multiplicidade 
enorme de poemas sobre bichos, temática que, 
segundo os especialistas (LAJOLO, ZILBER-
MAN, 1987, p. 151-152; ZILBERMAN, 2005, 
p. 131-135), tem forte apelo sobre as crianças 
especialmente porque proporciona a simbo-
lização dos infantes. Os bichos aparecem em 
Antologia ilustrada da poesia brasileira, Ou isto ou 
aquilo, Jardim de menino poeta, Lili inventa o mundo, 
Trinca-trova, 111 poemas para crianças, entre outros. 
Alguns desses livros tematizam os animais do 
princípio ao fim como é o caso de Bichos do 
lixo, Cobras e lagartos, Rindo escondido e O livro 
dos pássaros mágicos. Também temos bichos que 
falam e têm as qualidades e as fraquezas dos 
seres humanos em Três fábulas de Esopo, obra 
que reconta três narrativas curtas em verso com 
uma moral da história no final. 
Como vê, há muitas maneiras diferentes 
para abordar o mesmo tema; explique para os 
alunos que cada poeta tem um jeito de enxer-
gar o mundo e de organizá-lo por meio das 
palavras. Experimente fazer comparações com 
os alunos entre essas várias formas encontradas 
pelos autores de dizer os bichos. Apresente dois ou 
mais poemas do acervo com temas semelhantes 
e peça uma apreciação oral dos alunos sobre as 
semelhanças e diferenças entre eles. 
Aproveite para mostrar como um autor relê 
o outro depois de muitos anos ou até mesmo 
séculos e em outro contexto. Paulo Garfunkel, 
por exemplo, reconta no Brasil do século XXI 
fábulas que foram criadas na Grécia do século 
VI a.C. com humor e atualidade. Trata-se de 
narrativas poéticas cujas histórias refletem sobre 
a natureza humana.
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Outra bela narrativa contemporânea em 
verso que dialoga com a versão da tradição oral 
é o Chapeuzinho Amarelo, de Chico Buarque. A 
história é uma releitura do conto clássico Cha-
peuzinho Vermelho que inova ao brincar com as 
palavras e inverte a história original, mostrando 
o poder da palavra para eliminar o medo e a 
valorização da linguagem. Peça para os alunos 
compararem as personagens das duas histórias, 
verificando como Chapeuzinho Amarelo e o 
Lobo dialogam com a versão tradicional do con-
to Chapeuzinho Vermelho, dos Irmãos Grimm.
Temos outros poemas em forma de nar-
rativas humorísticas, líricas ou dramáticas. Chá 
de sumiço são poemas curtos que jogam com as 
palavras, de forma lúdica, lírica e bem-humo-
rada. Também temos os poemas que tematizam 
brincadeiras e que brincam com as próprias 
palavras, a exemplo de: Alfabeto escalafobético. 
Enfim, os livros têm diferentes cores, ta-
manhos e formatos. Do mesmo modo, encon-
tramos diferentes formas do ilustrador olhar o 
poema e diferentes técnicas: desenho, aquarela, 
origami, colagens em papel artesanal, gravura, 
computação gráfica, entre outros. Segue abaixo 
um quadro dos livros e seus respectivos autores e 
temas para você visualizar a riqueza do material 
que a escola recebeu no acervo do PNBE/2014. 
Quadro dos livros de poemas infantis e seus autores e temas do acervo pnBe/2014
Alfabeto escalafobético Claudio Fragata Brincadeiras com letras e palavras.
A menina e o céu Leo Cunha
Poemas sobre o céu: sol, estrelas, chuva, co-
meta etc.
Antologia ilustrada da poesia 
brasileira: para crianças de 
qualquer idade
Adriana Calcanhotto 
(organização e ilustrações)
Temas variados: relação do ser humano com 
a natureza, a saudade da infância perdida, a 
pureza, o trabalho, o desejo ou a sua falta etc.
Bichos do lixo Ferreira Gullar
Animais feitos com recortes coloridos de 
restos de papéis. 
Chá de sumiço e outros poemas 
assombrados
André Ricardo Aguiar
Minicontos e a crônica dos personagens de 
terror com suas aflições e dilemas cotidianos. 
Medos infantis.
Chapeuzinho Amarelo Chico Buarque
Medo do desconhecido, descoberta da ale-
gria de viver, poder da palavra.
Cobras e lagartos Wania Amarante
Poemas sobre animais leves e pequenos, 
grandes e pesados, misteriosos etc.
Jardim de menino poeta Maria Valéria Rezende
Haicais inspirados na observação da natureza 
e em momentos do cotidiano.
Jardim de versos
Robert Louis Stevenson
(seleção e tradução de 
Ligia Cademartori)
O cotidiano, as brincadeiras e fantasias do 
universo infantil.
Lili inventa o mundo Mario Quintana
A reinvenção do mundo pelo olhar infantil: 
a rotina, as coisas simples, os pequenos acon-
tecimentos, a natureza, as pessoas, os animais.
Limeriques do bípede apaixonado Tatiana Belinky
Aventuras de um menino apaixonado que 
se disfarça de bichos para atrair a atenção 
de sua amada.
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Mula sem cabeça e outras histórias Sylvia Orthof
Três narrativas em versos sobre folclore, 
identidade, aniversários, receitas.
O livro dos pássaros mágicos Heloisa Prieto
Histórias que envolvem aves – reais ou fan-
tásticas – presentes em diferentes culturas.
Os sinos Manuel Bandeira
Anunciação/chamamento de momentos de 
alegria, sofrimento e morte.
Ou isto ou aquilo Cecília Meireles
O cotidiano marcado pela dúvida e pela 
dificuldade de decisão: as escolhas.
Palavras são pássaros Angela Leite de Souza
Haicais que apresentam obras de artistas re-
nomados, tanto brasileiros quanto estrangei-
ros, abordando várias manifestações da arte 
(pintura, cinema, música, teatro, dança etc.).
Receitas da vó para salvar a vida Neide Barros O carinho das avós para seus netos.
Rindo escondido João Proteti Bichos vivendo situações divertidas.
Três fábulas de Esopo Paulo Garfunkel
Três histórias com reflexões sobre a natureza 
humana.
Trinca-trova Ciça
Temas populares próximos do universo in-
fantil: hora do almoço, avós, brincadeiras 
com as palavras, bichos de estimação, hora 
de dormir etc.
111 poemas para crianças Sérgio Capparelli
Diversos assuntos do mundo infantil: coisas, 
animais, casa, cidade, identidade, nonsense, 
jogos e adivinhas, música de ouvido, poemas 
visuais, a natureza, os dias e as noites.
todo dia é dia de poesia
Para conhecer esse maravilhoso acervo, na 
sequência, vamos apresentar para você algumas 
sugestões de atividade mais gerais a partir de uma 
obra específica do acervo para instigar os alunos 
na leitura de todo o restante.
Como você sabe, a poesia provoca o inusi-
tado, o inesperado e o extraordinário, por isso 
precisa estar presente diariamente no ambiente 
escolar. Brinde o início e o final de cada dia com 
um verso, alimentandopor toda a vida a alma 
das crianças com poesia e criando oportunida-
des para despertar o prazer da audição/leitura 
de poemas nos alunos. Assim como o pão nosso 
é alimento de cada dia, cabe a você, professor, 
oferecer “a poesia de cada dia” todos os dias. Dê 
também oportunidade para que o aluno possa 
compartilhar seus versos preferidos com os co-
legas e o professor. 
Para tanto, propomos que os alunos dos pri-
meiros anos do ensino fundamental convivam dia-
riamente com os textos em verso, ouvindo/lendo 
poesias, declamando, musicando, dramatizando, en-
fim, desenvolvendo inúmeras atividades relacionadas 
ao universo poético e às infinitas possibilidades da 
palavra durante o ano letivo e não apenas em um 
determinado momento. Além dos horários diários 
reservados à leitura compartilhada e à audição de 
poemas sem compromisso, procure reservar pelo 
menos uma hora de aula semanal para garantir que o 
espaço da poesia seja de fato efetivado em sua classe. 
Então, a partir de agora, vamos decretar que 
todo dia é dia de poesia?
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Possibilidades de utilização dos textos em verso na escola
Nas várias obras teóricas sobre como trabalhar poesia com crianças 
(ABRAMOVICH, 1991; AVERBUCK, 1988; BORDINI, 1986; PINHEI-
RO, 2002; entre outras), há uma convergência no que diz respeito à criação 
de oportunidades para que o aluno seja motivado e sinta prazer em ouvir/
ler poemas por meio da voz do professor, da própria voz, da voz dos colegas 
de turma e, ainda, dos próprios poetas ou mesmo dos atores (é o caso de 
Paulo Autran) lendo poemas em CDs ou DVDs disponíveis no mercado 
ou na internet. Observe que é consenso entre os estudiosos que as diferentes 
abordagens do poema em sala de aula, sobretudo nas fases iniciais de ensino 
fundamental, consideram a leitura oral um de seus procedimentos básicos.
o professor lê para os alunos
Leia ou recite poemas sempre para seus alunos, todos os dias, porque, 
além do encantamento das palavras, pode levar as crianças à compreensão do 
sentido. Lembre-se que você é modelo para os alunos, portanto, precisa treinar 
antes para caprichar na leitura oral, cuidando da entonação, do ritmo e da 
pausa. É preciso contagiar os alunos para que eles tragam e leiam os poemas 
de que mais gostam. Nas recomendações de Fanny Abramovich (1991, p.95):
Se a professora for ler um poema para a classe – que o conheça 
bem, que o tenha lido várias vezes antes, que o tenha sentido, 
percebido, saboreado. Para que passe a emoção verdadeira, o 
ritmo e a cadência pedidos, que sublinhe o importante, que 
faça pausas para que cada ouvinte possa cobrir – por si próprio 
– cada passagem, cada estrofe, cada mudança...
leitura silenciosa
Você precisa motivar e despertar o interesse de seus alunos para o 
exercício da leitura de poesia. Para isso, disponibilize o acervo dos textos 
em verso na sala de aula ou na biblioteca escolar, deixando os alunos à 
vontade para explorarem os livros e conhecê-los por meio de uma leitura 
silenciosa para somente mais adiante ousar recitá-la. Em seguida, faça co-
mentários sobre o autor, a leitura e o poema; elabore perguntas, ouça os 
questionamentos, sugira uma nova leitura pelos alunos para, finalmente, 
pedir uma apresentação da poesia por todos, formando um grupo de vozes. 
leitura oral
A leitura oral do poema com crianças menores sempre cumpre o 
importante papel de aproximá-las da materialidade do poema, possibili-
tando que memorizem versos, percebam sons e ritmos, recriem situações, 
descubram imagens etc. (COELHO, 1987; CUNHA, 1976; PINHEIRO, 
2002; entre outros). Por essas e outras razões, poesia pede voz, individual ou 
coletiva, em duplas, trios, quartetos etc. Tais vozes, por meio de diferentes 
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leituras e releituras orais, auxiliam os alunos a 
encontrarem o tom e o ritmo adequado do po-
ema, além de contribuírem com a compreensão 
do poema e para a formação do gosto da poesia.
Essa diversidade de modalidades de leitura 
é uma prática fundamental para conhecer o 
acervo do PNBE/2014, de maneira lúdica, livre 
e envolvente, podendo ser acompanhada de 
anotações dos poemas favoritos para posterior-
mente cada aluno fazer sua antologia poética 
com os poemas mais apreciados por cada um.
caça aos poemas: antologia poética 
Vamos propor um projeto para os anos ini-
ciais do Ensino Fundamental conhecerem todo 
o acervo de textos em verso do PNBE 2014. 
Inspirado na obra Antologia ilustrada da poesia 
brasileira mobilize os alunos para conhecerem 
os livros do acervo de fora para dentro e de 
dentro para fora. A organizadora dessa obra, 
Adriana Calcanhotto, selecionou e ilustrou 
poemas curtos de 41 escritores brasileiros de 
diferentes períodos – do século XIX ao XXI: 
de Gonçalves Dias a Gregório Duviver, com 
desenhos feitos com lápis e aquarela. Na quarta 
capa do livro, o professor de poesia Eduardo 
Coelho apresenta essa antologia com ênfase na 
variedade de formas poéticas (e de temas) para 
ampliar a educação estética (e sentimental) de 
crianças de qualquer idade: “[...] metrificada e 
rimada; em versos livres, com linguagem mais 
prosaica, textos sintéticos e visuais, típicos da 
poesia concreta ou, nos casos dos haicais, em 
diálogo com a poesia japonesa”. 
Esta antologia foi escolhida como nosso 
modelo exemplar por ser uma amostra muito 
rica do que podemos encontrar na poesia brasi-
leira. Apesar de toda essa diversidade numa única 
obra, o acervo do PNBE oferece mais, muito 
mais... E essa riqueza precisa ser descoberta pelas 
crianças. Desse modo, a proposta é fazer uma 
espécie de “caça ao tesouro”, ou melhor, “caça 
aos poemas”. Com esse espírito de aventura, 
os alunos vão ler livremente todos os livros 
do acervo, ao longo do ano, para garimparem 
seus poemas preferi-
dos. Mas isso requer 
muitas leituras, indi-
viduais e silenciosas, 
orais e comparti-
lhadas. É preciso se 
aproximar dos versos 
e criar alguma inti-
midade com eles.
Em nosso mo-
delo, a “antologiazi-
nha íntima”, como chama Adriana Calcanhotto, 
os critérios para selecionar os poemas vieram da 
intimidade estabelecida entre textos e autora, ou 
seja, de como ela conseguiu “enxergar” a primei-
ra imagem trazida pelos poemas e rabiscá-los. O 
critério de seleção pode ser o mesmo da cantora/
poeta ou você pode criar outros critérios para 
cada aluno produzir sua antologia pessoal.
Você pode, por exemplo, combinar de cada 
aluno escolher um ou dois poemas de cada autor 
por obra para copiar e ilustrar na elaboração 
da antologia pessoal. Peça para eles escolherem 
apenas os poemas que falaram mais fundo no 
coração, que emocionaram pela beleza, que cau-
saram sensações. Para tanto, é necessário realizar 
muitas leituras e conversas sobre os poemas, 
uma aproximação efetiva e afetiva com os textos 
lidos, criando espaços de vivência de interação. 
A seguir, sugerimos uma série de atividades 
possíveis de serem realizadas:
1.	 Leitura	feita	pelo	professor;	
2.	 Leitura	silenciosa	individual	feita	pelos	
alunos;
3.	 Leitura	em	voz	alta,	 individual,	 feita	
pelos	alunos;
4.	 Leitura	em	pares;
5.	 Leitura	em	coro;
6.	 Jograis;
7.	 Leitura	rítmica	para	explorar	o	aspecto	
rítmico	do	poema;
8.	 Leitura	de	poemas	visuais;
9.	 Leitura	musicalizada	do	poema,	uti-
lizando	melodias	de	cantiga	de	roda,	
canções	folclóricas	etc.;
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10.	Audição	de	poemas	que	estão	musica-
dos	ou	declamados;
11.	Criação	de	ritmos	com	a	batida	de	ins-
trumentos	ou	do	próprio	corpo;
12.	Montagem	teatral	com	poesia	ou	perfor-
mances	poéticas:	trabalho	de	voz,	gestos,	
expressão	corporal,	caracterização	da	
personagem	do	poema;
13.	Releitura	dos	alunos	com	comentários	
e	discussões.
Como vemos, são muitas e diversas as opções 
de leitura de poemas na escola. Depois de tra-
balhar essasatividades de apreciação e de leitura, 
de fruição e curtição, é chegado o momento 
de releitura para aprofundar um pouco mais o 
conhecimento do aluno, privilegiando conversas 
sobre o texto, a respeito dos sentidos do poema, 
para posteriormente registrar no Memorial o que 
foi apreendido. Pergunte aos alunos sobre o que 
fala o poema que foi lido e escreva suas respostas 
no quadro, observando que os leitores podem 
interpretar um mesmo poema de forma diferente, 
porém a multiplicidade de interpretações precisa 
ser coerente com o texto. Relacione os senti-
mentos expressos pelo poeta com as experiências 
e os sentimentos dos alunos. Também instigue 
seus alunos a identificarem os elementos que 
compõem o poema, ou seja, a forma e os recur-
sos poéticos utilizados nos versos, acionando os 
conhecimentos prévios e trocando opiniões para 
reconhecerem as características da organização 
do poema. Quando for necessário, faça esclare-
cimentos sobre o gênero, o tema e o vocabulário 
utilizados, assim como busque informações a 
respeito do autor e da sua obra em outras fontes. 
Poesia na internet
Para saber mais sobre cada autor e sua obra, 
você pode aproveitar o interesse das crianças no 
mundo digital e propor uma pesquisa na rede 
mundial de computadores. Trata-se de uma ati-
vidade que, além de ampliar o conhecimento e 
familiarizar a criança com o gênero e os autores, 
possibilitará ao educando perceber que a literatura 
circula em outros tipos de suportes textuais. Há 
muitos endereços eletrônicos sobre poesia na in-
ternet que reúnem poetas, obras e informações, 
mas para esta atividade sugerimos que os alunos 
comecem a pesquisar os sítios dos próprios es-
critores contemporâneos presentes nesse acervo 
como, por exemplo, Adriana Calcanhotto, Claudio 
Fragata, Chico Buarque, Leo Cunha entre outros:
•	Adriana Calcanhotto 
http://www.adrianacalcanhotto.com
•	Claudio Fragata 
http://www.quintaldoclaudio.com.br
•	Chico Buarque 
http://www.chicobuarque.com.br
•	Leo Cunha 
http://www.leocunha.jex.com.br
Nos sítios de cada escritor(a) podemos en-
contrar muitas informações para enriquecer o 
trabalho em sala de aula, tais como a biografia, 
fotos, todos os livros, poemas animados, galeria, 
notícias, prêmios, fortuna crítica, entrevista, can-
ções etc. Verifique se os poetas vivos que fazem 
parte do acervo têm blog, facebook ou twitter. 
Então, vamos navegar no oceano virtual 
da poesia? 
Nessa navegação, também podemos ouvir 
poemas que compõem a obra Ou isto ou aquilo, 
de Cecília Meireles, declamados pelo ator Paulo 
Autran – disponível em http://www.youtube.
com/watch?v=wEh8MmYnFGY. 
Entre outras opções, essa mesma obra de 
Cecília Meireles é musicada por Luís Pedro 
Fonseca em 1978, para a peça de teatro ho-
mônima, e gravada por Lena d’ Água em 1992, 
cujo acesso está disponível em http://www.
youtube.com/playlist?list=PL3E090FB52BA-
54FB9 e ainda no endereço eletrônico: http://
aguaparacriancas.blogspot.com.br.
Antes da audição, explique para os alunos 
que as canções que serão ouvidas foram cria-
das primeiro como poemas para serem lidos e 
somente depois é que foram musicados. É o 
caso igualmente do clássico da música infantil 
A arca de Noé, de Vinicius de Moraes, cujo poema 
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“A casa”, que integra a Antologia ilustrada da 
poesia brasileira, foi gravado por um grande in-
térprete e pode ser acessado em http://www.
youtube.com/watch?v=A_Ad_BkOml8. 
Além da musicalização dos poemas, po-
demos fazer muitas outras boas descobertas 
na internet de atividades realizadas com os 
textos em verso que compõem o acervo do 
PNBE/2014 – por exemplo, a história de Cha-
peuzinho Amarelo, de Chico Buarque, contada 
por Carol Levy em http://www.youtube.com/
watch?v=Wvy560Pqz0c. Ao realizar buscas de 
vídeos infantis na rede referentes a esta narrativa 
poética, encontramos ainda recitais, coros, peças 
teatrais, entre outras manifestações artísticas, 
concretizadas por alunos.
imagens visuais
Após o importante trabalho de voz com os 
alunos, chamando a atenção para a música das 
palavras (sonoridade e ritmo), é preciso mostrar 
que um poema não é somente som, mas as pa-
lavras também sugerem imagens na mente do 
leitor. Para Cademartori (2009, p.106), os re-
cursos da poesia são inúmeros, porém há textos 
em que as imagens sugestivas se impõem sobre 
as ideias: “Há a poesia em que predominam as 
intenções plásticas, com a disposição de dar a 
ver as coisas concretas ao nosso redor.” Não se 
esqueça de que a visualidade foi o critério de 
seleção dos poemas utilizado por Adriana Cal-
canhotto para organizar sua Antologia, ou seja, 
sua escolha foi pautada na imagem trazida pelos 
poemas quando ela os lia.
Com essa inspiração, depois da leitura oral 
do poema, proponha para as crianças fazerem 
ilustrações, ou seja, cada um interpreta o poema 
escolhido por meio de um desenho, desenvolven-
do sua capacidade de expressão. Não é necessário 
a escola dispor de recursos materiais, apenas lápis 
e papel. Os alunos entram com o entusiasmo e a 
criatividade, orientados para o fato de que a ima-
gem a ser elaborada precisa dialogar com o tex-
to, ampliando seus significados. Convide-os para 
sentir a emoção da palavra traduzida na imagem, 
com a orientação de que é preciso ler e reler bem 
o poema para “enxergar” seu texto visual.
Destacamos que esse é um momento pro-
pício para você, professor, valorizar o trabalho do 
ilustrador com o devido crédito, mostrando que 
este artista também é considerado coautor da obra, 
por isso seu nome e sua biografia estão presentes 
nos livros. Essa atividade pode ser feita em parceria 
com a disciplina de Artes para, a partir do próprio 
acervo de textos em verso, oferecer subsídios acerca 
dos tipos de materiais e das possibilidades de téc-
nicas a serem utilizadas (origami, recortes de papel, 
aquarela etc.). Além disso, aproveite para chamar 
a atenção sobre a importância do projeto gráfico 
na elaboração do livro infantil: qualidade do papel, 
diagramação, capa, quarta capa, tipo de letra etc.
Na sequência, cada aluno apresenta seu de-
senho para os colegas da classe e conversa sobre 
sua interpretação. Aos poucos, os alunos vão ad-
quirindo proximidade com os seus poetas favo-
ritos. Finalizada essa atividade, o poema copiado 
junto com o desenho na folha de cada um pode 
ser exposto em um mural (confeccionado pelos 
alunos, se for o caso) na sala de aula, na biblioteca 
ou nos corredores da escola durante o período 
de uma semana ou de um mês. Após esse perío-
do de exposição, os trabalhos são retirados com 
cuidado e guardados para serem encadernados 
como antologias poéticas no final do ano letivo.
sarau poético
Em festa de final do ano letivo, organize um 
sarau para que os estudantes leiam, recitem, can-
tem e/ou dramatizem seus poemas preferidos 
para a comunidade escolar. A declamação pode 
ser feita junto com a exposição das antologias 
poéticas organizadas e ilustradas por cada aluno 
ao longo do ano escolar para divulgar e com-
partilhar o trabalho realizado com a apreciação 
dos familiares e da comunidade escolar. 
Explique-lhes que sarau é uma reunião fes-
tiva entre amigos, uma prática social em que as 
pessoas se reúnem para apreciarem manifestações 
artísticas, nesse caso para apresentação/audição 
de poesia e interação com o público ouvinte.
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Se possível, procure envolver toda escola 
nesse evento e até mesmo decorar o lugar para 
esse acontecimento de encerramento. Cada tur-
ma da escola participa do sarau para fazer alguma 
atividade que mostre às pessoas da comunida-
de o quanto o poema escolhido é importante. 
Sugerimos que cada aluno selecione e leia dois 
poemas que mais tenha gostado. A leitura pode 
ser individual, em dupla ou em grupo. Deixe-os 
à vontade para tomar a decisão, encaminhando 
as atividades preparatórias dosarau de maneira 
participativa, prazerosa, lúdica e criativa. 
Como atividade complementar, com a ajuda 
de outros professores, construa com os alunos o 
convite para o público ouvinte e a arte dos car-
tazes para divulgação, depois peça para eles se en-
carregarem da distribuição. O mais importante, 
no entanto, é ensaiar a exibição dos poemas com 
os alunos, atentando para a exploração dos re-
cursos da oralidade: a entonação de voz, o ritmo, 
a fluência e a dicção. Ao lado disso, oriente-os 
para valorizarem os sentimentos que o texto faz 
emergir a fim de partilharem conhecimentos e 
se deliciarem com a nutrição dos poemas. Cui-
de de tudo procurando envolvê-los em todo o 
processo de planejamento e execução do sarau. 
Não se esqueça de que o êxito dessa propos-
ta depende, sobretudo, do seu entusiasmo e de 
sua condução, afinal de contas você, professor, 
é o modelo a ser seguido. Finalize este projeto 
deixando uma marca positiva e inesquecível na 
história de leitura em versos de cada aluno e da 
comunidade em que a escola está inserida. Caro 
professor, essa história não termina aqui, ano que 
vem tem mais, como uma história sem fim... 
considerações finais de 
um começo de conversa
Como últimas palavras, queremos enfati-
zar que o gênero escolhido pode possibilitar 
às crianças vivências de contato aprofundado 
primeiramente consigo mesmas e posterior-
mente com o mundo ao seu redor, porque se-
rão revividas memórias da mais tenra infância, 
com textos que exploram o ritmo, a melodia, 
o lúdico, entre muitos outros recursos. No de-
correr deste trabalho, pretendemos ampliar essa 
vivência/esse repertório ofertando textos em 
versos de alta qualidade de maneira lúdica e 
atrativa, procurando desenvolver a familiaridade 
da criança com a linguagem poética, a percep-
ção de si, do outro e da realidade, bem como o 
enriquecimento da sensibilidade.
Depois de todas essas atividades, os alunos 
geralmente se sentem motivados para se aventu-
rarem na escrita ou reescrita de poemas. Nesta 
proposta não trabalhamos com a produção es-
crita de poemas como objetivo, mas como um 
trabalho subsequente porque acreditamos que 
antes de os estudantes escreverem seus próprios 
poemas precisam ser imersos no universo da 
poesia. Eles precisam de bons modelos para se 
influenciar e emocionar, deixar seus sentimen-
tos aflorarem e, enfim, se encantar. Feita essa 
aproximação afetiva das crianças com os textos 
em verso, de maneira gradual e efetiva ao longo 
do ano, cumpriremos nosso objetivo principal 
porque, por meio da educação do ser poético na 
escola, conseguiremos formar leitores sensíveis 
e pessoas melhores para o exercício poético da 
escrita e da vida.
Desejamos a você um excelente trabalho 
com o acervo do PNBE 2014!
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BORDINI, Maria da Glória. Poesia infantil. São 
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CADEMARTORI, Lígia. Aventuras poéticas: 
imagens, sons e sentidos. In: ______. O professor 
e a literatura: para pequenos, médios e grandes. Belo 
Horizonte: Autêntica, 2009. p. 97-127. (Série 
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CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura 
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pArA ForMAr Leitores 
Bons de prosA
João Luís Ceccantini1 
Thiago Alves Valente2 
Das categorias de obras literárias que compõem os acervos do PNBE, 
a prosa é uma das mais ricas e possui enorme apelo para despertar nos 
estudantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental a paixão pela leitura 
e pela literatura. A prosa literária (que se opõe ao texto em verso e à poesia) 
desdobra-se em diversos gêneros textuais narrativos tais como o romance, 
a novela, o conto, o mito, a fábula, a lenda, entre tantos outros. Permite 
ao professor uma abordagem dinâmica, criativa e das mais produtivas para 
desenvolver nos alunos não apenas competências de leitura e de escrita, 
mas para propiciar a eles uma experiência de formação, no mais amplo 
sentido da palavra. A leitura de boas obras literárias de prosa de ficção 
estimulao intelecto dos estudantes, desenvolve sua imaginação, auxilia na 
elaboração de suas emoções, contribui para a construção de sua identi-
dade e de seu amadurecimento cognitivo e ético, além, naturalmente, de 
desenvolver sua capacidade linguística. Isso, para dizer o mínimo.
Por outro lado, esse infinito potencial que as narrativas infantojuvenis 
têm a oferecer aos alunos pode ser subaproveitado ou mesmo desperdiçado 
se, no momento de sua exploração na sala de aula, o mediador (professor 
ou profissional da biblioteca) conferir às obras literárias disponíveis um 
tratamento excessivamente escolarizado, pragmático, utilitário, ou, num 
outro modo de dizer, “tarefeiro”. Para que os acervos cumpram de fato 
seu papel e as obras possam ser fruídas na sua inteireza, é necessário que 
o mediador deixe de lado práticas cristalizadas no cotidiano escolar e, 
por vezes, internalizadas no trabalho diário com o livro didático, do qual, 
naturalmente, se reconhece a importância, mas cuja natureza implica 
metodologia de trabalho bastante diferente da exigida pela obra literária. 
1 Doutor em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e 
professor assistente da UNESP.
2 Doutor em Letras pela UNESP-Assis e professor da Universidade Estadual do Norte 
do Paraná (UENP-Cornélio Procópio).
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A literatura, para ser fruída como objeto 
estético pleno, capaz de deixar marcas profundas 
nos leitores, pede uma condução mais aberta. 
Não pode ser aniquilada, por exemplo, por um 
amontoado de tarefas escolares preocupadas 
apenas em “controlar” se uma determinada lei-
tura foi realizada. Sob a pesada coerção de fichas, 
questionários, provas e similares não há história 
que resista, não há linguagem que sensibilize, 
não há enredo que envolva e faça sonhar. 
Inúmeras pesquisas vêm demonstrando, já há 
décadas, que os projetos de formação de leitores 
que alcançam efetivo sucesso nos seus propósitos 
são, em sua grande maioria, aqueles que não he-
sitam em dar um peso substantivo à ideia do “ler 
por ler”. Ou seja, mais do que atividades tecni-
cistas ou mirabolantes realizadas a partir de uma 
dada leitura, a ênfase do processo é direcionada à 
leitura em si mesma de uma obra literária de boa 
qualidade e à conversa sistemática sobre o livro 
lido, realizada pelo professor com seus alunos e/
ou entre os próprios alunos. O que não significa 
que não se possa ou não se deva propor atividades 
a partir da leitura de uma obra literária; estas po-
dem e devem ser realizadas, mas, com delicadeza, 
para não relegar o texto em si a segundo plano, 
adotando-se, sobretudo, uma perspectiva tanto 
afinada com a busca contínua da construção de 
sentidos para a obra lida quanto empenhada em 
valorizar as dimensões afetivas e lúdicas próprias 
da leitura literária, que geralmente envolvem a 
ação de compartilhar com outros sujeitos a leitura 
realizada. É preciso, de uma vez por todas, varrer 
para longe a “culpa” de dedicar um grande núme-
ro de aulas à leitura de obras literárias para e com os 
alunos e à conversa alongada sobre as obras lidas. 
Trata-se de atividade lúdica e de trabalho sério. 
Há que se reconhecer, decisivamente, o papel 
inestimável que essa atividade pode desempenhar 
na formação dos estudantes.
A meta a ser alcançada com a leitura do 
texto literário, por mais fugidia que pareça, tem 
de evitar arbitrariedades e artificialismos, para 
buscar responder a uma necessidade interior 
e legítima do sujeito leitor – ainda que ele a 
desconheça. E a pessoa mais indicada para de-
sencadear esse processo é o mediador experien-
te, que está familiarizado com o horizonte de 
seus leitores, domina os livros à sua disposição, 
escolhe os mais adequados ao perfil de seus 
potenciais leitores e se empenha em despertar 
o desejo para que conheçam tais obras. Para 
isso, esse mediador sempre as disponibiliza aos 
alunos (porque, diariamente, leva as obras à sala 
de aula ou conduz os estudantes à biblioteca); 
discorre sobre os temas abordados pelas his-
tórias; chama a atenção para as ilustrações das 
obras; cria possibilidades de escolha das obras 
que serão lidas; apresenta autores e ilustradores, 
contando sobre seus “feitos e proezas”; apresenta 
aos estudantes fragmentos das obras nos quais 
a linguagem se revela bonita, surpreendente, 
brincalhona, musical, provocadora... 
É preciso aceitar a concepção do “ler por ler” 
como um desafio pedagógico, apostando que a 
boa literatura possui qualidades suficientes para 
cumprir uma função importante, rica e complexa, 
se encontrar condições propícias para sua circu-
lação, fundadas no esforço contínuo de construir 
sentidos para as narrativas lidas. No contexto esco-
lar, isso significa apostar nas qualidades já evocadas 
do bom texto literário e, acima de tudo, abrir 
espaço permanente para que os leitores tenham 
voz; instigá-los a comentar, sem censura, a obra 
lida; estimulá-los a comparar uma dada obra com 
tantas outras e com a realidade à sua volta; levá-los 
a compartilhar, de diferentes maneiras e com o 
maior número possível de leitores, os sentidos que 
propõem para uma obra lida. E cabe ao mediador 
auxiliar na expansão desses sentidos pelo conhe-
cimento privilegiado que pode ter da natureza 
da literatura, de um modo geral, e do gênero 
narrativo, em particular, cujas características são 
comentadas de forma breve a seguir. 
a narrativa literária
A narrativa é uma das formas mais comuns 
do emprego da linguagem verbal no dia a dia, se 
não a predominante. Isso porque contar algo que 
se passou com alguém (ou com alguma coisa) 
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é uma ação desempenhada a todo momento nas mais diversas situações. 
E para essas situações são desenvolvidos diferentes modos de narrar, ou 
seja, para dizer o que se deseja ou se precisa dizer recorre-se a determi-
nados elementos dispostos ou empregados de determinadas formas. Isso 
também se faz presente nos textos históricos, jornalísticos e literários. 
Aqui trataremos especificamente de narrativas literárias com o objetivo 
de atender à dimensão formadora de crianças leitoras no espaço escolar.
Um aspecto básico que o mediador deve levar em conta após uma pri-
meira fruição subjetiva da obra é o de que uma narrativa literária se configura 
por dois níveis essenciais e complementares: aquele nível que diz respeito 
aos acontecimentos narrados (o que é narrado?) – a história; e o nível que se 
refere ao modo pelo qual esses acontecimentos são narrados (como se nar-
ra?) – a narração3. Assimilar profundamente a ideia dessas duas dimensões que 
configuram a narrativa confere um olhar muito mais apurado e sensível para 
a prosa de ficção, pois assim ficamos atentos não apenas aos fatos presentes 
numa narrativa, mas também à ordem em que se fazem presentes, às relações 
que mantêm entre si, ao ritmo com que são contados, ao modo como os 
seres ou coisas envolvidas com esses fatos são apresentados, à voz que conta 
a história, ao ponto de vista que essa voz assume para contá-la; à linguagem 
empregada na obra, seja pela voz do narrador, seja pela das personagens etc. 
Numa das acepções mais elementares do que seja uma narrativa, cos-
tuma-se afirmar que ela se constitui pela associação de uma personagem 
a uma ação principal. A essa acepção, conforme o teórico consultado, se 
acrescentam muitas outras dimensões, o que, contudo, não invalida essa 
formulação básica. De modo geral, em uma narrativa encontramos um 
sujeito que narra (pode ser um narrador fora da história ou nela inserido 
na condição de personagem principal ou secundário) e o objeto de seu 
relato; e uma ou mais personagens que realizam ou sofrem ações em um 
tempo e um espaço, explicitados ou não, conforme as intenções do narrador. 
Sobre o narrador, é sempre imperativo enfatizar que jamais deve ser 
confundido com o escritor, ser de carne e osso

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