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Apostila ANA - Gestão Pública das Águas

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Rui Costa 
Governador 
João Leão 
Vice governador 
José Geraldo dos Reis Santos 
Secretário do Meio Ambiente 
Iara Martins Icó Sousa 
Chefe de Gabinete 
Márcia Cristina Telles de Araújo Guedes 
Diretora Geral do INEMA 
Aderbal de Castro Meira Filho 
Superintendente de Políticas e Planejamento Ambientais - SPA 
Luiz Antônio Ferraro Junior 
Superintendente de Estudos e Pesquisas Ambientais - SEP 
Kitty de Queiroz Tavares 
Diretora de Estudos Avançados em Meio Ambiente - DEAMA/SPA 
Jabson Machado Prado 
Diretor Geral 
Eva Cristina de Castro Borges 
Assessoria de Planejamento e Gestão - APG 
Ivone Maria de Carvalho 
Coordenadora do PDA e Assessoria Especial 
Rodolfo Souza Araujo Neto 
Coordenação de Gestão Organizacional e de TIC - APG 
Ana Paula Porto Santos 
Coordenadora de Comunicação da Assessoria de Comunicação – Ascom/SEMA 
Equipe da Deama 
Alexsandro Silva Santos, Cassiana Marchesan, Felipe Bastos Lobo Silva, Ilyuska Makarya 
Rodrigues Barbosa, Isabela Souza Santana, Luís Fabrício Moura Viana Santos, Maíra Alves dos 
Santos, Patrícia Rabelo Nunes da Silva, Zoltan Romero. Estagiários: Yanka Schramm Oliveira, 
Talita Jesus da Silva, Veronisse Leite De Oliveira. Colaboradores: Carlos Augusto Costa Dos 
Santos Junior, Tiago Jordao Porto Santos, Luzia Luna Pamponet Vilas Boas, Larissa Cayres De 
Souza, Joseval Souza De Almeida, Adriano Cassiano Dos Santos, Lorena de Jesus Barbosa. 
Elaboração 
Cássio Marcelo Silva Castro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2017 
 
 
Secretaria do Meio Ambiente – Sema 
Superintendência de Estudos e Pesquisas Ambientais – SEP 
Diretoria de Estudos Avançados em Meio Ambiente – Deama 
Av. Luis Viana Filho, 3ª Avenida, n° 390, Plataforma IV, Ala Norte, 4º andar Centro Administrativo 
da Bahia - 41.745-005 - Salvador – Bahia 
Telefone: (71) 3115-9813/3801 - Fax: (71) 3115-3891 
http://www.sema.ba.gov.br // e-mail: deama@sema.ba.gov.br 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO 
 
I – OBJETIVO 
 
II - MÓDULO 1 - POLÍTICA NACIONAL E ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS: RELEVÂNCIA E 
APLICABILIDADE DOS SEUS INSTRUMENTOS DE GESTÃO 
Semana 1 
Aula 1 – Linha do tempo: principais eventos internacionais, nacionais e estaduais sobre águas 
Aula 2 – Histórico da legislação brasileira sobre águas até 1934: o código das águas 
Material de Apoio 
Avaliação 
 
Semana 2 
Aula 3 – Antecedentes da política nacional de recursos hídricos 
Material de Apoio 
Avaliação 
Aula 4 – A política nacional de recursos hídricos 
Material de Apoio 
Avaliação 
Aula 5 – Uso múltiplo das águas 
Aula 6 – Bacia hidrográfica 
Material de Apoio 
 
Semana 3 
Aula 7 – Política estadual de recursos hídricos 
Aula 8 – Planos de recursos hídricos 
Aula 9 – Enquadramento dos corpos d’água em classes, segundo seus usos preponderantes 
Material de Apoio 
Avaliação 
Aula 10 – Instrumento de controle: outorga de direito de uso de recursos hídricos 
 
III - MÓDULO 2 – GESTÃO PÚBLICA DAS ÁGUAS: DESCENTRALIZAÇÃO E PARTICIPAÇÃO DOS 
COMITÊS DE BACIA HIDROGRÁFICA 
 
Semana 4 
Aula 1- Descentralização na gestão de recursos hídricos no estado da Bahia 
Aula 2 – Estrutura e instrumentos dos comitês de bacia 
Material de Apoio 
 
IV - MÓDULO 3 – PLANEJANDO O COMITÊ ESTRATÉGIAS E PLANOS DE AÇÃO LOCAL 
Aulas 1, 2 e 3 
Planejando o comitê 
Avaliação 
 
V – BIBLIOGRAFIA 
 
ANEXOS 
ANEXO I - Quadro Comparativo das Políticas Nacional e Estadual de Gerenciamento dos 
Recursos Hídricos: princípios, diretrizes, objetivos e instrumentos 
ANEXO II - Pequeno Histórico Legal e Institucional da Gestão de 
Recursos Hídricos no Estado da Bahia 
ANEXO III - Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado da Bahia 
 
GLOSSÁRIO 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
ANA Agência Nacional de Água 
BA ou Ba Estado da Bahia 
BH Bacia Hidrográfica 
CBH Comitê de Bacia Hidrográfica 
CF/88 Constituição Federal de 1988 
CE/89 Constituição Estadual da Bahia de 1989 
CEPRAM Conselho Estadual de Meio Ambiente 
CERB Companhia Ambiental e de Recursos Hídricos da Bahia 
CONERH Conselho Estadual de Recursos Hídricos (Ba) 
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente 
CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos 
EAD Educação à Distância 
FERHBA Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Ba) 
INGA Instituto de Gestão das Águas e Clima (órgão extinto) 
INEMA Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos 
l/s Litros por segundo 
LDO Lei de Diretrizes Orçamentárias 
LOA Lei Orçamentária Anual 
m³ Metros cúbicos 
MOP Manual de Orçamento Público 
MPOG Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão do Governo 
Federal 
ONU Organização das Nações Unidas 
PERH Plano Estadual de Recursos Hídricos 
PGRH Projeto de Gerenciamento dos Recursos Hídricos 
PNRH Política Nacional de Recursos Hídricos 
PPA Plano Plurianual 
PPA-P Plano Plurianual Participativo 
PRH Planos de Recursos Hídricos 
RPGA Regiões de Planejamento e Gestão das Águas do Estado da Bahia 
SEIA Sistema Estadual de Informações Ambientais e de Recursos 
Hídricos 
SEGREH Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos 
SEMA Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Ba) 
SEMARH Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (órgão 
substituído pela Sema) 
SEP Sistema Estadual de Planejamento 
SEPLAN Secretaria do Planejamento do Estado da Bahia 
SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos 
SISEMA Sistema Estadual do Meio Ambiente (Ba) 
SRH Superintendência de Recursos Hídricos (órgão atualmente extinto) 
TI Tecnologia da Informação 
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a 
Cultura. 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Linha do Tempo 
Figura 2 - Principais Usos da Água 
Figura 3 - Usos Múltiplos da Água 
Figura 4 - Bacia Hidrográfica 
Figura 5 - Regiões de Planejamento e Gestão das Águas (RPGA) 
Figura 6 - Divisão Hidrográfica Nacional 
Figura 7 - Drenagem na Bacia Hidrográfica 
Figura 8 - Interface dos Planos de Bacia com os instrumentos de gestão dos recursos 
hídricos 
Figura 9 - Concepção metodológica dos planos de recursos hídricos 
Figura 10 - Fases de elaboração do Plano de Recursos Hídricos e proposta de 
enquadramento dos cursos d’água 
Figura 11 - Os três rios do Enquadramento 
Figura 12 - O Enquadramento dos corpos d’água em classes, segundo seus usos 
preponderantes 
Figura 13 - Etapas do processo de Enquadramento 
Figura 14 - Interface do Enquadramento com os instrumentos de gestão 
dos recursos hídricos 
Figura 15 - Esquema do processo de Enquadramento dos corpos d’água 
Figura 16 - Bahia: Territórios de Identidade 
Figura 17 - Instrumentos de Planejamento 
Figura 18 - Programa Água para Todos 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 - Aumento projetado nas demandas mundiais de água entre 2000 e 2050. 
Quadro 2 - Atuação dos órgãos do Segrerh 
Quadro 3 - Exemplo de Estrutura Completa Da Programação Orçamentária - Órgão 
Público 
Quadro 4 - Atividade: Planilha de Orçamento 
Quadro 5 - Região de Planejamento de Gestão das Águas (RPGA) 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O Governo do Estado da Bahia desde 1995 vem implementando a sua Política Estadual 
de Recursos Hídricos. Durante pouco mais de duas décadas, vem avançando 
paulatinamente na implantação de seus instrumentos gerenciais, a exemplo dos planos 
de recursos hídricos, da outorga, da cobrança pelo uso dos recursos hídricos, do 
fortalecimento das instituições que integram o sistema de gerenciamento dos recursos 
hídricos (Segreh). 
A implementação dessa Política Pública somente se viabiliza com a participação do 
Poder Público, dos Usuários da Água e da Sociedade Civil, conforme determina a Lei 
Federal nº 9.433/97 ao estabelecer a Política Nacional de Recursos Hídricos. 
Seguindo os fundamentos, os objetivos, as diretrizes, os instrumentos e os aspectos 
institucionais dessa política pública de alcance nacional, o Estado da Bahia editou a sua 
Política Estadual de Recursos Hídricos, com a edição da vigente Lei nº 11.612/2009. 
Antes disso,foi instituído o Conselho Estadual de Recursos Hídricos (COERH), em 
1998, e com os Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs), a partir de 2005, que 
preparou as bases para a participação social nos termos do Sistema Estadual de 
Gerenciamento de Recursos Hídricos. 
Nesse contexto, entende o Estado da Bahia a necessidade de capacitar os atores 
envolvidos nesse processo, do ponto de vista teórico, razão pela qual se faz necessária 
a edição deste Curso de Educação a Distância - EAD, que tem como tema a “GESTÃO 
PÚBLICA DAS ÁGUAS”, como mecanismo de fortalecimento institucional dessa gestão, 
ministrando o seguinte conteúdo: As Políticas Nacional e Estadual de Recursos 
Hídricos: relevância e aplicabilidade dos seus instrumentos de gestão; Gestão Pública 
das Águas: descentralização e participação dos Comitês de Bacia Hidrográfica; e 
Planejando o Comitê Estratégias e Planos de Ação Local. 
 
 
I – OBJETIVO 
 
Este Curso EAD tem como objetivo qualificar os atores sociais que participam do 
processo de gestão das águas de dominialidade do Estado da Bahia, em processo 
participativo, nos termos estabelecidos na Política Estadual de Recursos Hídricos do 
Estado da Bahia instituída pela Lei Estadual n° 11.612/2009, bem como as alterações 
determinadas pelas Leis estaduais n° 12.035/2010 e n° 12.377/2011, que tem por base 
legal a Lei Federal nº 9433/97 que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos 
(PNRH). As duas políticas de recursos hídricos, nacional e estadual, definem os 
aspectos institucionais envolvidos para fazer frente a essa gestão: Sistema Nacional de 
Gerenciamento dos Recursos Hídricos (Singreh) e o Sistema Estadual de 
Gerenciamento dos Recursos Hídricos (Segreh), que somente podem funcionar 
adequadamente com a participação qualificada dos atores que os integram. 
MÓDULO 1 – AS POLÍTICAS NACIONAL E ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS: 
RELEVÂNCIA E APLICABILIDADE DOS SEUS INSTRUMENTOS DE GESTÃO 
 
 
OBJETIVOS: 
 
 Conhecer os eventos e marcos internacionais, nacionais e estaduais 
relacionados com a gestão das águas. 
 
 Conhecer a importância das Políticas Nacional e Estadual de Recursos 
Hídricos, com seus fundamentos, objetivos e diretrizes, para entender sua 
relevância e aplicabilidade, em base participativa, com vistas à atuação dos 
membros Comitê de Bacia Hidrográfica (CBH) na gestão das águas e sua 
articulação nos sistemas nacional e estadual de recursos hídricos; 
 
 Capacitar membros de Comitê para a formulação e a implementação de 
processos de planejamento no âmbito de uma bacia hidrográfica. 
 
 Promover o fortalecimento e a ampliação da participação e controle social 
através da identificação das atribuições dos membros dos Comitês quanto à 
elaboração dos Planos de Recursos Hídricos, do Enquadramento dos 
Corpos de Água, da outorga, da cobrança pelo uso de recursos hídricos, 
dentre outros instrumentos de gestão dos recursos hídricos; 
 
 Dotar os membros de colegiados de recursos hídricos do conhecimento 
técnico-legal necessário para atuarem com responsabilidade na gestão dos 
recursos hídricos de dominialidade do Estado da Bahia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SEMANA 1 
 
Aula 1 – Linha do tempo: principais eventos internacionais, nacionais e estaduais 
sobre águas 
 
1.1 Linha do Tempo 
 
Para se compreender o momento atual da gestão das águas no Brasil, é necessário 
conhecer os principais eventos internacionais e os instrumentos normativos de maior 
relevância, que foram instituídos no cenário nacional e estadual. A sequência de 
eventos é consequência da crise mundial da água em razão do crescimento da 
demanda pelo uso desse importante bem para alimentar os processos produtivos no 
atual mundo capitalista. 
 
No nível nacional, em 1934, foi editado o Decreto Federal nº 24.642 – Código das 
Águas, o primeiro grande instrumento legal de gestão das águas brasileiras, que definiu 
que as águas são públicas de uso comum de todos (pertencentes à União, Estados e 
Municípios) e declarou a existência de águas particulares. 
 
Esse Decreto trata do aproveitamento das águas superficiais e subterrâneas e das 
águas pluviais; e da energia hidrelétrica e das concessões e autorizações da União 
para a sua utilização, dentre outros temas. 
 
O Código de Águas ainda está vigente, tendo sido derrogados alguns de seus artigos, 
em razão da edição da Constituição Federal/88 e da Lei Federal nº 9.433/97, que 
instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos. 
 
No cenário internacional, em 1972, vale destacar a importância da Conferência de 
Estocolmo que foi o primeiro grande evento organizado pela Organização das Nações 
Unidas (ONU) para discutir o meio ambiente de maneira global. Estabeleceu 26 
princípios, dentre os quais se destaca o Princípio 2: ... “Os recursos naturais da terra 
incluídos o ar, a água, a terra, a flora e a fauna e especialmente amostras 
representativas dos ecossistemas naturais devem ser preservados em benefício das 
gerações presentes e futuras, mediante uma cuidadosa planificação ou ordenamento”. 
 
Em 1977, realizou-se a Conferência de Mar del Plata, na Argentina, da qual decorreu a 
DECLARAÇÃO DE MAR DEL PLATA como resultado do primeiro grande evento 
internacional sobre as águas doces. O foco desse evento era o abastecimento humano 
e o saneamento básico. Os principais temas tratados durante essa Conferência, foram: 
 
- a busca da eficiência no uso da água; 
- o controle da poluição e suas implicações na saúde humana; 
- o planejamento para o uso da água; 
- a educação e a pesquisa sobre o emprego e o destino dos recursos hídricos; 
- o estímulo à cooperação internacional. 
 
Durante esse 1º evento internacional de alcance mundial sobre águas doces, os países 
se comprometeram em promover políticas públicas específicas de acesso à água de 
qualidade e ao saneamento básico para a totalidade da população, até o ano de 1990. 
 
Como consequência da realização desse evento, foi definido o período de 1981 a 1990 
como sendo a Década Internacional da Água. Ainda que não tivesse sido alcançada a 
meta de levar a água para a totalidade da população até 1990, importantes resultados 
práticos foram obtidos, a exemplo da: 
 
- criação de ministérios de recursos hídricos em diversos países; 
- realizaxção de inúmeras pesquisas sobre as águas; 
- difusão da crise da água e suas possíveis consequências; 
- criação de diversos programas internacionais de cooperação técnica e científica 
relacionados com os recursos hídricos. 
 
Quatro anos mais tarde, em 1981, foi aprovada a Lei Federal nº 6.938, que instituiu a 
Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), que tem por objetivo a preservação, 
melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no 
País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança 
nacional e à proteção da dignidade da vida humana. 
 
Essa Lei definiu os instrumentos da PNMA e o Sistema Nacional de Meio Ambiente 
(Sisnama) para poder viabilizar, do ponto de vista institucional, essa importante política 
pública. 
 
Em 1988, no cenário nacional, foi promulgada a CONSTITUIÇÃO FEDERAL (CF/88) 
que trouxe importantes alterações no marco legal de recursos hídricos, destacando que 
a água é um recurso de dominialidade pública (da União, dos Estados e do Distrito 
Federal) e que os Estados/Distrito Federal passam a ter, também, a dominialidade 
sobre as águas subterrâneas. Nesse momento, os Municípios deixaram de ter a 
dominialidade sobre as águas, conforme havia sido previsto pelo Código de Águas. 
 
A Constituição Federal de 88 atribuiu à União a responsabilidade de instituir o sistema 
nacional de gerenciamento dos recursos hídricos e a definição de outorga de direitos de 
seu uso (art. 21, inciso XIX). 
 
Um ano depois, em 1989, foi promulgada a CONSTITUIÇÃO ESTADUAL (CE/89) da 
qual consta um capítulo específico sobrea Política Hídrica e Mineral do Estado da 
Bahia (arts. 198 a 204), destinando-se ao aproveitamento racional dos recursos hídricos 
e minerais, devendo ser implementada de forma descentralizada, participativa e 
integrada em relação aos demais recursos naturais. Estabeleceu também a 
necessidade de se instituir o Plano Estadual de Recursos Hídricos e de se cobrar pelo 
uso da água. 
 
Em 1992, no cenário internacional, houve o segundo grande evento internacional sobre 
águas doces (15 anos após a Conferência de Mar del Plata). Trata-se da Conferência 
Internacional sobre Água e Desenvolvimento Sustentável, da qual resultou a 
DECLARAÇÃO DE DUBLIN. Quatro importantes princípios foram defendidos durante 
esse evento: 
 
- a água potável deve ser considerada como um recurso vulnerável e finito, 
essencial para sustentar a vida, o desenvolvimento e o meio ambiente; 
- o manejo da água deve ser baseado em uma abordagem participativa, com 
consulta ao público, envolvendo os usuários participar no planejamento e na 
implementação dos projetos; 
- as mulheres têm papel central na provisão, manejo e salvaguarda da água; 
- a água deve ser reconhecida como um bem econômico. 
 
O foco desse 2º grande evento internacional sobre águas doces foi o abastecimento de 
água como um dos fatores de solução para questões sociais e ambientais: Água em 
uma perspectiva de desenvolvimento sustentável. 
 
A maioria dos pressupostos defendidos nesse evento passou a ser adotada na 
legislação nacional e estadual de recursos hídricos, dentre os quais se destaca a sua 
gestão participativa. A partir desse evento, e adotando-se a bacia hidrográfica como 
base de planejamento, foram criadas redes de organismos interessados na gestão 
mundial de bacias fluviais para facilitar o intercâmbio de experiências e conhecimento, a 
exemplo da Rede Interamericana de Recursos Hídricos (RIRH), em 1994, e da Rede 
Internacional de Organismos de Bacias (RIOB), em 1996. 
 
No mesmo ano, também no Cenário Internacional, houve a CONFERÊNCIA DO RIO-
92. Durante essa Conferência foram recomendados sete programas relacionados com 
a temática água/recurso hídricos, a saber: 
 
a) Desenvolvimento e manejo integrado dos recursos hídricos; 
b) Avaliação de recursos hídricos; 
c) Proteção dos recursos hídricos, da qualidade da água e dos ecossistemas aquáticos; 
d) Abastecimento de água potável e saneamento; 
e) Água e desenvolvimento sustentável; 
f) Água para a produção sustentável de alimentos e desenvolvimento rural sustentável; 
g) Impactos da mudança do clima sobre os recursos hídricos. 
 
Durante essa Conferência da ONU, foi recomendado que o Dia Mundial da Água fosse 
celebrado no dia 22 de março, fato esse que, no Brasil, essa data foi estabelecida em 
consequência da edição da Lei Federal nº 10.670/2003. 
 
Em 1995, no Estado da Bahia, foi editada a Lei nº 6.855, que instituiu a Política, o 
Gerenciamento e o Plano Estadual de Recursos Hídricos. Ressalta-se que essa política 
hídrica estadual foi instituída antes mesmo da Política Nacional de Gerenciamento dos 
Recursos Hídricos, de 1997. Esse fato foi motivado em razão da existência de inúmeros 
problemas sociais e econômicos que vinham ocorrendo, principalmente no sertão, 
devido à forte escassez hídrica, típica do clima semiárido que predomina no território do 
estado. 
 
Nessa sequência de datas, no ano de 1997 foi aprovada a Lei Federal nº 9.433, que 
instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e o sistema nacional de 
gerenciamento de recursos hídricos. Essa Lei foi promulgada no sentido de atender ao 
disposto na Constituição Federal de 1988, que determinava a competência da União 
para estabelecer o Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos – 
(Singreh). Esse marco regulatório dos recursos hídricos do país estabeleceu os 
fundamentos, princípios, diretrizes, instrumentos e os aspectos institucionais envolvidos 
na gestão dos recursos hídricos, além das penalidades e sanções administrativas 
aplicáveis. 
 
Um ano mais tarde, em 1998, no cenário internacional, houve o 3º grande evento 
internacional sobre águas doces. Trata-se da Conferência Internacional sobre Água e 
Desenvolvimento Sustentável, realizada em Paris, da qual resultou a DECLARAÇÃO 
DE PARIS, durante a qual foi aprovado o documento "Água para o Século XXI”, 
elaborado pelo Conselho Mundial da Água. Nesse documento foi reforçada a questão 
da participação da sociedade civil em todos os níveis de gestão das águas e defendidas 
três importantes linhas de ação: 
 
- o aprimoramento do conhecimento dos recursos hídricos e seus usos na 
perspectiva de uma gestão sustentável; 
- o desenvolvimento de recursos humanos e institucional para a gestão a água; 
- a definição de estratégias de gestão sustentável da água e suas fontes de 
financiamento, tendo sido identificada a necessidade da cobrança pelo uso da 
água como mecanismo de ingresso de recursos para garantir a sua 
administração. 
 
Ainda no mesmo ano de 1998, no Estado da Bahia foi editada a Lei nº 7.354 que criou o 
Conselho Estadual de Recursos Hídricos (Conerh), importante marco no processo de 
gestão participativa dos recursos hídricos do Estado, instância colegiada de caráter 
deliberativo e de representação, no âmbito estadual da Política Estadual de Recursos 
Hídricos de 1995. 
 
Em 2000, no cenário nacional, a Lei Federal nº 9.984 criou a Agência Nacional de 
Águas (ANA). Houve a necessidade de se complementar o sistema nacional de 
gerenciamento dos recursos hídricos com a criação dessa autarquia federal sob regime 
especial, com autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do Meio 
Ambiente (MMA), com a finalidade de implementar a Política Nacional de Recursos 
Hídricos. 
 
Dentre as atribuições da ANA podem ser mencionadas: outorgar o direito de uso de 
recursos hídricos em corpos de água de domínio da União, bem como a sua cobrança e 
fiscalização; além de estimular e apoiar as iniciativas voltadas para a criação de 
Comitês de Bacia Hidrográfica de dominialidade da União. 
 
Em 2002, no cenário internacional, foram avaliados os avanços da Agenda 21, nos 10 
anos após a realização da RIO 92, com vistas à criação de mecanismos que 
facilitassem medidas efetivas para a sua implementação. Desse evento resultou a 
DECLARAÇÃO DE JOANESBURGO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - 
RIO + 10. Nessa oportunidade ocorreram amplos debates que tiveram foco em (5) cinco 
áreas prioritárias: água, energia, saúde, produtividade agrícola e biodiversidade. 
 
Nesse mesmo, no nível estadual, foi editada a Lei nº 8.194/2002 que lançou as bases 
da cobrança pelo uso dos recursos hídricos no Estado da Bahia; instituiu o Fundo 
Estadual de Recursos Hídricos e reorganizou o Conerh. 
 
Em 2005, no nível estadual, foi editado o Decreto nº 9.747/2005 com o objetivo de 
disciplinar a Lei nº 8.194/2002, de modo a criar, do ponto de visa legal, as condições 
para a efetivação da cobrança pelo uso da água no Estado, que se iniciou, 
efetivamente, a partir de 1º de janeiro de 2006. Trata-se da cobrança pelo uso dos 
recursos hídricos relaciona à prestação do serviço de fornecimento de água bruta dos 
reservatórios (sob a administração do órgão gestor de recursos hídricos) das 
Concessionárias do Serviço de Abastecimento de Água Bruta. 
 
Há que se ressaltar que essa cobrança tem natureza jurídica distinta daquela que foi 
estabelecida na Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei Federal nº 9.433/97). 
Ainda no ano de 2005, o Estado da Bahia institui os Comitês de Bacia Hidrográfica 
(CBH) e ampliou as competências do Conerh, mediante a edição da Lei nº 9.843. Esse 
instrumento legal é um marco no processo de democratização da gestão das águas no 
Estado, pois somente a partir desse momento puderam ser instituídos os Comitês de 
Bacia Hidrográfica na Bahia, que foram previstos na Lei Federal nº 9.433/97.Em 2009, o Estado instituiu uma nova Política Estadual de Recursos Hídricos, mediante 
a edição da Lei nº 11.612, marco legal atualmente vigente, que estabeleceu os 
princípios, objetivos, diretrizes e os instrumentos dessa política pública estadual, bem 
como o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Segreh), no qual se 
destacam os colegiados de recursos hídricos: Conerh e CBHs com suas atribuições 
legais. Disciplina, ainda, as águas subterrâneas e o Fundo Estadual de Recursos 
Hídricos (Ferhba). É importante ressaltar que essa Lei buscou, além de alinhar a 
legislação estadual de recursos hídricos à legislação federal, a aproximação com a 
legislação ambiental do Estado. 
 
Por fim, em 2011, a Lei Estadual nº 12.212 criou o Instituto do Meio Ambiente e 
Recursos Hídricos (Inema), órgão gestor do meio ambiente e dos recursos hídricos do 
Estado, que teve como consequência imediata a unificação da gestão ambiental com a 
de recursos hídricos, no âmbito da administração pública estadual. 
 
Figura 1 - Linha do tempo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Elaboração própria, com base no texto do item 1.1 deste Curso EAD. 
 
Aula 2 – Histórico da legislação brasileira sobre águas até 1934: o Código de 
Águas 
 
1.2 O Código de Águas 
 
Desde o descobrimento do Brasil, em 1500, e até por volta de 1930, eram escassas as 
preocupações com a proteção dos recursos ambientais. As normas jurídicas vigentes 
durante esse período tinham por objetivo assegurar a preservação dos recursos que 
tinham valor econômico de interesse para a expansão ultramarina, a exemplo do pau-
brasil e outras riquezas florestais. 
 
A Constituição Imperial de 1824 não trouxe qualquer dispositivo sobre a tutela 
ambiental. Dom Pedro II, em uma iniciativa pontual, em 1882, determinou o 
reflorestamento da Floresta da Tijuca com o objetivo de assegurar a oferta de água, 
ameaçada devido ao desmatamento realizado naquela região. 
 
O Código Penal de 1890, no entanto, trazia em seu texto dispositivo acerca da proteção 
das águas. O art. 162 desse diploma legal determinava que “corromper ou conspurcar a 
água potável de uso comum ou particular, tornando-a impossível de beber ou nociva à 
saúde. Pena: prisão celular de 1 (um) a 3 (três) anos." 
 
A sociedade brasileira deu seus primeiros passos para a instituição de aparato legal e 
institucional destinado para o controle do uso dos seus recursos naturais somente com 
o advento da República, por ocasião da primeira Constituição republicana, promulgada 
em 1891. Continha apenas uma referência indireta ao uso dos recursos hídricos, com 
destaque à navegação. Contudo, destacou-se por iniciar o controle legal das atividades 
exploratórias, mas ainda sem qualquer tipo de visão voltada à conservação do recurso. 
 
Com a crise econômica de fins do século XIX e início do século XX, passou-se a exigir 
maior utilização da energia elétrica para a manutenção dos processos produtivos 
industriais, como decorrência da substituição do modelo econômico – do agrário para o 
industrial. 
 
Já no século XX, em 1916, o Código Civil faz menção à água com relação à regulação 
do direito de uso desse recurso apenas no que diz respeito ao direito de vizinhança e 
na utilização da água como um bem de domínio privado: a água poderia ser utilizada 
desde que fossem resguardados os direitos de vizinhança, às relações entre 
particulares e à prevenção, ou solução, de conflitos gerados pelo uso da água. 
 
A Administração Federal se dá conta da necessidade da imposição de normas 
reguladoras uma vez que os serviços relacionados ao fornecimento de água 
continuavam precários. Adicionalmente, tornava-se necessário superar a cultura 
marcada pelo patrimonialismo clássico, explicitado na 1ª Constituição republicana, cujo 
texto reconhecia o direito à propriedade, sem especificar a dominialidade das águas, 
entendendo-se que acompanhava a propriedade do solo. 
 
Nas Constituições Federativas de 1934 e 1937, não trouxe inovações nessa matéria, 
muito embora explicitassem as competências dos entes federados, atribuindo 
privativamente à União legislar sobre bens do domínio federal, riquezas do subsolo, 
mineração, metalurgia, águas, energia hidrelétrica, florestas, caça e pesca e a sua 
exploração. 
 
Por sua vez, o Código Penal de 1940 associou a proteção dos recursos hídricos com o 
direito à saúde, pois não se podia assegurá-la em um ambiente degradado. Nesse 
sentido, dispôs que ... “corromper ou poluir água potável de uso comum ou particular, 
tornando-a imprópria para o consumo ou nociva à saúde. Pena: reclusão de 2 (dois) a 5 
(cinco) anos. Se o crime é culposo – pena: detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano" 
(art. 271). 
Por sua vez, a Constituição Federal de 1946 preocupou-se em explicitar os bens da 
União e dos Estados, destacando, do ponto de vista das águas, como bens da União 
...“os lagos e quaisquer correntes de água em terrenos do seu domínio ou que banhem 
mais de um Estado, sirvam de limite com outros países ou se estendam a território 
estrangeiro, e bem assim as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros 
países” eram bens da União (art. 34). A mesma Carta Constitucional determinou como 
bens do Estado... “os lagos e rios em terrenos do seu domínio e os que têm nascentes 
e foz no território estadual” (art. 35). 
O Código das Águas assegurou ênfase ao setor elétrico e de transporte. As iniciativas 
de desenvolvimento a partir de 1960 foram influenciadas pelas ideias de gestão global e 
equilibrada da água, ainda que de maneira incipiente, uma vez que continuaram a 
prevalecer os interesses setoriais, como no caso da criação do Departamento Nacional 
de Águas e Energia Elétrica (Dnae), em 1968, e do Plano Nacional de Saneamento 
Básico, em 1971, com destaque para os setores elétrico e de saneamento. 
A década de 1970 foi um marco nas discussões sobre as questões ambientais e o uso 
da água, pautadas nas necessidades de grandes usuários e dos problemas 
relacionados aos eventos extremos – secas e inundações. O Governo Federal era 
responsável pelas decisões e as bacias hidrográficas não eram consideradas, até 
aquele momento, unidades territoriais de planejamento e gestão. Apenas nos primeiros 
anos da década de 70 foram instituídos organismos de desenvolvimento influenciados 
por abordagem setorial (saneamento e setor elétrico). 
 
Nessa sequência cronológica, é importante ressaltar a edição da Lei Federal nº 
6.938/81, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente e o Sistema Nacional de 
Meio Ambiente (Sisnama), integrado por órgãos federais, estaduais e municipais, 
responsáveis pela proteção ambiental. O órgão superior desse Sistema, o Conselho 
Nacional do Meio Ambiente (Conama) contempla dentre suas atribuições, “estabelecer 
normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio 
ambiente com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, principalmente os 
hídricos” (art. 8º, inciso VII). 
 
No exercício de sua competência, o Conama editou a Resolução 20/86, que inaugurou, 
no âmbito nacional, a gestão da qualidade das águas. 
 
A CF/88 - a Carta Magna vigente, estipulou que as águas são bens públicos de uso 
comum do povo, não mais existindo águas comuns ou particulares. 
 
O estado de São Paulo foi pioneiro na instituição de Política Estadual de Recursos 
Hídricos a partir da Lei Estadual nº 7.663/91, e na criação de órgãos consultivos e 
deliberativos, o Conselho de Recursos Hídricos no âmbito estadual e os Comitês de 
Bacia com atuação nas unidades hidrográficas. Em 1993, nesse estado, foi criado o 
Comitê de Bacia Hidrográfica dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), sendo que 
em 1996, já haviam sido implantados 18 CBHs nesse estado. 
 
Considerando-se a situação crítica em que se encontravamos recursos hídricos de 
muitos estados, antes mesmo que fosse instituída a política hídrica nacional, formam 
editando suas próprias políticas hídricas, como foi o caso do estado do Ceará, em 
1992, tendo sido seguido pelos estados de Santa Catarina e Distrito Federal, em 1993; 
Minas Gerais e Rio Grande do Sul, em 1994; e Sergipe e Bahia em 1995. 
 
MATERIAL DE APOIO 
 
VÍDEO 
Vídeo – “O caminho das Águas” - https://www.youtube.com/watch?v=bMeM9TByxxo 
AVALIAÇÃO 
 
Questões 
 
Caro aluno (a), 
Vocês terão uma sequência de 06 questões múltipla escolha a serem preenchidas. 
Estas questões aparecerão uma por vez, sendo que assim que responder a questão, 
será disponibilizado a próxima. 
 
1. Quais foram os três importantes eventos internacionais sobre águas? 
 
2. Assinale duas, das três Declarações abaixo mencionadas, que deram ênfase na 
necessidade de se realizar a gestão das águas de modo participativo e 
descentralizado: 
( ) Declaração de Mar del Plata/77 
( ) Declaração de Dublin/92 
( ) Declaração de Paris/98 
 
3. A partir de que ano se celebra, no Brasil, o dia 22 de março como sendo o Dia 
Mundial da Água? 
 
4. “Água” não tem o mesmo significado de “Recursos Hídricos”. Assim: 
a) Qual dos dois termos é mais amplo? ( ) Água ( ) Recursos Hídricos 
b) Qual dos dois termos tem conotação econômica? ( ) Água ( ) Recursos Hídricos 
 
https://www.youtube.com/watch?v=bMeM9TByxxo
5. O Código de Águas atribui a dominialidade das águas: 
( ) à União 
( ) aos Estados 
( ) aos Municípios 
( ) aos particulares 
( ) todas as alternativas anteriores estão corretas 
 
6. O órgão gestor do meio ambiente do Estado da Bahia (Inema) passou a ser, 
também, gestor dos recursos a partir de que data? 
( ) 1995 
( ) 1998 
( ) 2009 
( ) 2011 
 
 
SEMANA 2 
 
Aula 3 – Antecedentes da Política Nacional de Recursos Hídricos 
 
1.3 Antecedentes 
 
O Decreto Federal nº 24.643/34 – Código de Águas estabeleceu o regime jurídico para 
as questões relacionadas ao uso da água. Foi considerado um instrumento legal 
inovador para à época e respeitado como uma das mais completas normas legais a 
respeito da água já concebidas até aquele momento. Esse Código foi um marco na 
mudança de conceitos relativos ao uso e à propriedade da água: sua classificação e 
utilização e ao aproveitamento do potencial hidráulico. 
 
Quanto à dominialidade, estipulou que as águas podem ser: 
 
Públicas de uso comum: 
• Os mares territoriais, nos mesmos incluídos os golfos, baías, enseadas e portos; 
• As correntes, canais, lagos e lagoas navegáveis ou flutuáveis; 
• As correntes de que se façam estas águas; 
• As fontes e reservatórios públicos 
• As nascentes quando forem de tal modo consideráveis; 
• Os braços de quaisquer correntes públicas, desde que os mesmos influam na 
navegabilidade ou flutuabilidade (art. 2º) 
 
Públicas dominicais: 
• Todas as águas situadas em terrenos que também o sejam, quando as mesmas 
não forem do domínio público de uso comum ou não forem comuns (art. 6º) 
 
Águas particulares: 
• As nascentes e todas as águas situadas em terrenos que também o sejam, 
quando as mesmas não estiverem classificadas entre as águas comuns de 
todos, as águas públicas ou as águas comuns (art. 8º). 
 
Esse inovador instrumento legal, estabeleceu critérios relacionados à: 
• Relação das águas com os terrenos às margens; 
• Como se dá o acesso aos corpos d’águas; 
• Limites das águas públicas; 
• Aproveitamento da água pelos usuários; 
• Nascentes e águas subterrâneas; 
• Águas pluviais 
• Águas nocivas 
• Energia hidráulica e seu aproveitamento 
• Propriedade das quedas d’águas 
• Navegação 
• Portos 
• Caça e pesca 
• Derivação 
• Desobstrução 
• Navegação 
• Tutela dos direitos pela administração pública e particulares 
• Competência administrativa 
• Concessões 
• Autorizações 
• Fiscalizações 
 
Aula 4. A Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) 
1.4 Fundamentos, objetivos e diretrizes da PNHR 
 
De modo a viabilizar o que a CF/88 determinou, foi instituída a Política Nacional de 
Recursos Hídricos e o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, 
através da Lei Federal nº 9.433/97, a partir dos seguintes fundamentos (art. 1º): 
 
I - a água é um bem de domínio público; 
II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; 
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o 
consumo humano e a dessedentação de animais; 
IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; 
V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional 
de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos 
Hídricos; 
VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a 
participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades (art. 1º). 
 
Conforme se pode constatar, a mencionada lei federal incorporou as orientações das 
Declarações de Mar del Plata/1977 e de Dublin/92. Assim, a água, que é classificada 
como um recurso natural renovável, em razão da demanda em escala local, regional e 
global, passou a ser encarada como um recurso natural limitado, dotado de valor 
econômico. Diante de tantas demandas, o consumo humano e a dessedentação de 
animais passou a ser considerado uso prioritário, quando se verifica a situação de 
escassez desse recurso. 
 
Nessa conjuntura, não se admite mais que os recursos hídricos sejam utilizados para 
uma única finalidade ou uso. Assim, a referida Lei Federal nº 9.433/97 definiu dentre 
seus fundamentos que se deve contemplar o seu uso múltiplo, fato esse que, por si só, 
já antecipa a necessidade de se instituir mecanismos para dirimir potenciais e reais 
conflitos entre os diversos usos e usuários. 
 
O referido instrumento legal contempla, também, como um dos seus fundamentos, que 
a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do 
Poder Público (detentor da dominialidade das águas públicas), dos usuários (que 
utilizam as águas para seus processos produtivos ou para o saneamento básico) e das 
comunidades, que buscam dar o equilíbrio entre o mercado e o agente regulador desse 
recurso. 
 
Em razão da especificidade desse recurso natural, a gestão racional e integrada dos 
recursos hídricos deve adotar um recorte territorial específico: a bacia hidrográfica. 
Esse novo espaço de gestão e de planejamento se superpõe ao dos outros territórios 
de gestão territorial, a exemplo dos limites municipais, estaduais e da União, sem falar 
que, também, não coincide com as delimitações previstas para as Regiões 
Metropolitanas, para a gestão das Unidades de Conservação ou qualquer outra já 
adotada para o planejamento urbano, biodiversidade, dentre outras. Assim, esses 
diversos espaços de planejamento devem ser integrados para que possam ser 
potencializados os efeitos do planejamento e da gestão desses territórios e dos demais 
recursos naturais. 
 
Além desses fundamentos, a Política Nacional de Recursos Hídricos, contempla os 
seguintes objetivos: 
 
I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em 
padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; 
II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte 
aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável; 
III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou 
decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais (art. 2º). 
 
O que se verifica desse conjunto de objetivos é que o Brasil buscou integrar a gestão 
dos recursos hídricos com a gestão ambiental. Desse modo, privilegiou o Princípio do 
Desenvolvimento Sustentável, nos termos defendidos no Rio – 92, mediante a 
utilização racional e integrada dos recursos hídricos, passandoa se considerar a água 
como um bem finito, ainda que classificado como um recurso natural renovável. 
 
Além disso, deu ênfase à prevenção e defesa contra os eventos hidrológicos críticos, a 
exemplo das secas, enchentes, deslizamentos de encostas, que estão fortemente 
relacionados à ocorrência de fenômenos climáticos, também denominados “eventos 
extremos”, seja em decorrência de intervenções humanas no meio ambiente, ou 
mesmo, em decorrência de catástrofes naturais. 
 
Tudo isso se insere no contexto da minimização e da adaptação às mudanças 
climáticas, cujos princípios vêm tentando nortear os rumos do desenvolvimento do 
capitalismo moderno, em um cenário de forte pressão sobre o uso dos recursos 
naturais, dentre eles, os recursos hídricos 
 
As diretrizes gerais estabelecidas para a condução da política publica dos recursos 
hídricos foram assim elencadas: 
 
I - a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de 
quantidade e qualidade; 
II - a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, 
demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País; 
III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental; 
IV - a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores usuários e 
com os planejamentos regional, estadual e nacional; 
V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo; 
VI - a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e 
zonas costeiras (art. 3º da Lei Federal nº 9.433/97). 
 
A gestão dos recursos hídricos pode se viabilizar de diversas formas. No entanto, o 
Brasil indicou as diretrizes gerais para que isso ocorra. Assim, a gestão integrada dos 
recursos hídricos não deve separar os aspectos relacionados com a qualidade e a 
quantidade desse recurso natural. 
 
A quantidade e a qualidade dos recursos hídricos devem ser gerenciadas 
conjuntamente, pois não se pode dizer que haja disponibilidade hídrica quando esse 
recurso natural, mesmo que abundante, se encontre com sua qualidade comprometida. 
 
Isso mostra a necessidade de articulação do planejamento de recursos hídricos com o 
dos setores usuários (da agricultura, indústria, abastecimento, dentre outros usuários 
dos recursos hídricos), com o planejamento regional, estadual e nacional, pois de nada 
adianta gerenciar as águas sem que sejam conhecidas as demandas dos diversos 
setores usuários desse recurso. 
 
Outra diretriz relevante é a da articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso 
do solo. A qualidade e a disponibilidade hídrica dependem dos usos que ocorrem na 
bacia hidrográfica. Assim, gerenciar água significa gerenciar território. Na gestão de 
recursos hídricos interessa muito saber que uso se faz do território, seja nas áreas 
urbanas ou rurais. 
 
Somente para se ter um exemplo, basta ver a relação do uso da água com a produção 
agrícola de soja, algodão, borracha, café, frutas tropicais. Qualquer aumento na 
produção desses produtos impacta na qualidade e na disponibilidade hídrica. Assim, 
não se pode dissociar a gestão das águas da gestão do uso do solo. 
 
Considerando-se, ainda, a importância dos 8.500 km de costa brasileira, foi 
estabelecida como uma das diretrizes da Política Nacional de Recursos Hídricos, a 
integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas 
costeiras. Como pensar em balneabilidade das praias, se as águas doces, ao chegarem 
ao mar, trazem os contaminantes resultantes de todos os usos que se realizam no 
interior da bacia hidrográfica? Como estruturar uma política de turismo na Zona 
Costeira Brasileira, se as águas doces, que chegam ao mar, levam resíduos da 
atividade agrícola, indústria, mineral e urbana? 
 
A tudo isso se somam as diferenças decorrentes dos aspectos culturais, econômicos e 
administrativos desse vasto território, com trechos que tiveram forte influência dos 
imigrantes europeus e asiáticos, bem como a existência de áreas que contam com 
predominância da cultura negra ou indígena. Caso sejam desconsiderados esses 
aspectos culturais, poucos resultados serão obtidos na implementação da política 
pública de recursos hídricos. Por essa razão, uma das diretrizes gerais dessa Política, 
contemplou a necessidade de se fazer a adequação da gestão dos recursos hídricos às 
diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das 
diversas regiões do País. 
 
MATERIAL DE APOIO 
 
VIDEOS: 
 
Vídeo - "A Lei das Águas do Brasil" - https://www.youtube.com/watch?v=bH08pGb50-
k&feature=youtu.be 
Vídeo - "NBR Entrevista - Cobrança pelo uso da água avança no país" – 
https://www.youtube.com/watch?v=HObJ9SHapww 
Vídeo - "Planos de Recursos Hídricos e o Enquadramento de Corpos d´Água" - 
https://www.youtube.com/watch?v=f2Yj9NYID9w 
https://www.youtube.com/watch?v=bH08pGb50-k&feature=youtu.be
https://www.youtube.com/watch?v=bH08pGb50-k&feature=youtu.be
https://www.youtube.com/watch?v=HObJ9SHapww
https://www.youtube.com/watch?v=f2Yj9NYID9w
LEITURA DE NORMAS 
 Decreto nº 24. 643, de 10 de julho de 1934 – Código de Águas 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d24643.htm 
 
 Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997 - Política Nacional de Recursos Hídricos 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9433.htm 
 
TEXTO 
 
SARAVIA, E. & FERRAREZI, E. (Organizadores). Políticas Públicas. Coletânea / 
Organizadores: Enrique Saravia e Elisabete Ferrarezi. – Brasília: ENAP, 2006. 
Link de acesso: http://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/1254/1/cppv1_0101_saravia.pdf 
 
AVALIAÇÃO 
 
Caro aluno(a), 
Vocês terão uma sequência de 10 questões múltipla escolha a serem preenchidas. 
Estas questões aparecerão uma por vez, sendo que assim que responder a questão, 
será disponibilizado a próxima. 
 
1 – De acordo com os fundamentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, 
instituída pela Lei nº 9.433/97, a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada 
e participativa. Quem participa desse processo de gestão? (assinale apenas uma das 
alternativas) 
( ) Poder Público 
( ) Usuários da água e comunidades 
( ) Sociedade civil e Governo Federal 
( ) Poder Público, Sociedade Civil e Usuários da água 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d24643.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9433.htm
http://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/1254/1/cppv1_0101_saravia.pdf
2. Qual é a unidade territorial eleita para a implementação da Política Nacional de 
Recursos Hídricos? 
( ) Bacia hidrográfica 
( ) Territórios de Identidade 
( ) Região Metropolitana 
( ) Unidades de Conservação 
 
3. De acordo com os fundamentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, em 
situação de escassez, são considerados usos prioritários: (podem ser assinaladas 
diversas alternativas) 
( ) irrigação 
( ) abastecimento humano 
( ) dessedentação de animais 
( ) atividade industrial 
( ) as atividades desenvolvidas na Zona Costeira 
 
4. De acordo com a Constituição Federal de 1988, de quem é a água? (assinale apenas 
uma das alternativas) 
( ) é um bem de domínio público 
( ) é um bem do Poder Público e dos particulares 
( ) é um bem de dominialidade dos municípios e dos Estados 
( ) todas as alternativas estão corretas 
 
 5. De acordo com o Código de Águas de 1934, a quem era atribuída a dominialidade 
das águas (assinale apenas uma das alternativas) 
( ) bem de domínio público 
( ) bem da União, dos Estados, dos Municípios e dos particulares 
( ) bem dos particulares 
( ) todas as alternativas estão erradas 
 
6. As águas subterrâneas passaram a ser de dominialidade dos Estados a partir de que 
momento? 
( ) a partir da edição do Código de Águas 
( ) a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988 
( ) a partir da instituição da Política Nacional de Recursos Hídricos, em 1997 
( ) a partirda Constituição Federal de 1937 
 
7. São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, de acordo com a Lei nº 
9.433/97: (podem ser assinaladas diversas alternativas) 
( ) outorga de direito de uso dos recursos hídricos 
( ) licenciamento ambiental 
( ) criação de espaços protegidos 
( ) plano de recursos hídricos 
( ) cobrança pelo uso da água 
( ) autorização de supressão da vegetação 
( ) enquadramento dos cursos d’água 
( ) sistema de informações sobre recursos hídricos 
 
8. São colegiados de recursos hídricos, de natureza deliberativa e consultiva: 
( ) Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH 
( ) Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos 
( ) Comitês de Bacias Hidrográficas 
( ) todas as alternativas anteriores 
 
9. Antes da edição da Política Nacional de Recursos Hídricos de 1997, os colegiados 
de recursos hídricos, tinham natureza: 
( ) deliberativa 
( ) consultiva 
 
10. Aprovar a instituição de um comitê de bacia hidrográfica de um rio de dominialidade 
da União, é da competência: 
( ) do Conselho Nacional de Recursos Hídricos 
( ) do Conselho Estadual de Recursos Hídricos 
( ) do Comitê de Bacia Hidrográfica 
( ) do Governo Federal. 
 
 
Aula 5 – Uso múltiplo das águas 
 
1.5 Uso Múltiplo das Águas 
 
O conceito de uso múltiplo surgiu na década de 50, fora do Brasil, para se contrapor a 
uma tradição bastante arraigada de que o uso dos cursos d’água deve ser planejado 
segundo os interesses do setor de geração de energia elétrica. No Brasil, esse conceito 
se fortalece a partir da década de 80, quando se identificou com maior clareza que há 
a necessidade de se assegurar o uso dos recursos hídricos a todos os setores 
interessados, em condições de gerar benefícios sociais. 
 
A Política Nacional de Recursos Hídricos menciona entre os seus fundamentos que a 
gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas. Isso 
significa que os usuários de água não devem impossibilitar que outras atividades 
possam ocorrer e se desenvolver. 
 
Dentre os diversos usos da água, podem ser mencionados o uso para abastecimento 
humano, dessedentação de animais, indústria, irrigação, indústria, lazer com recreação 
de contato primário, aquicultura e pesca, geração de energia e navegação. 
 
 
 
Figura 2 – Principais Usos da Água 
 
Uso humano 
 
 
Dessedentação animal 
 
 
Recreação e contato 
primário 
 
 
Aquicultura e pesca 
 
Irrigação 
 
Processos industriais 
 
Hidroeletricidade 
 
 
Navegação 
 
 
 
 
 
 
 
 
Qualquer tipo de atividade humana altera, em maior ou menor grau, as condições 
originais das águas superficiais ou subterrâneas. 
 
O uso dos recursos hídricos pode ser classificado como consuntivo e não consuntivo: 
 
 Uso consuntivo: é quando é retirada uma determinada quantidade de água dos 
mananciais e, depois de utilizada, uma quantidade menor e/ou com qualidade 
inferior é devolvida aos corpos d’água: ou seja, parte da água retirada é 
consumida durante seu uso. Exemplos: abastecimento, irrigação, processos 
industriais, outros. 
 
 Uso não consuntivo: é aquele uso da água que, depois de utilizada, é 
devolvida a esses mananciais a mesma quantidade e com a mesma qualidade, 
ou ainda, nos usos em que a água serve apenas como veículo para uma certa 
atividade, ou seja, a água não é consumida durante seu uso. Exemplos: pesca e 
navegação. 
 
No caso dos usos consuntivos, assim podem ser estimados os coeficientes de retorno 
apresentados para cada tipo de uso: 
 Demanda de uso urbano – 0,8 
 Demanda de uso industrial – 0,8 
 Demanda de uso rural – 0,5 
 Demanda para criação animal – 0,2 
 Demanda para irrigação – 0,2 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3 – Usos Múltiplos da Água 
 
 
 
Fonte 
Quadro 1 - Aumento projetado nas demandas mundiais de água entre 2000 e 2050. 
 
Fonte: Shiklomanov (1999), citado por ABC (2104). (incluir as informações dessas 
duas publicações na bibliografia) 
 
 
Considerando que cada tipo de atividade demanda água com diferentes requisitos de 
condições e padrões da qualidade, há que se respeitar os usos prioritários da água, em 
situações de escassez, que são: consumo humano e dessedentação de animais (art. 
1º, inciso III da Lei Federal nº 9.433/97; e art. 2º, inciso II da Lei Estadual nº 
11.611/2009). 
 
 
Aula 6 – Bacia hidrográfica 
 
1.6 A Bacia Hidrográfica 
 
A bacia hidrográfica, do ponto de vista técnico e legal, é a unidade territorial para a 
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema 
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos”, conforme estabelece a Lei Federal 
nº 9.433/97 (art. 1º, inciso V). 
 
Entende-se por bacia hidrográfica o “espaço geográfico delimitado pelo respectivo 
Divisor de Águas cujo escoamento superficial converge para seu interior sendo captado 
pela rede de drenagem que lhe concerne”, conforme a definição apresentada pela ANA 
(2015 a) ou, ainda, "o conjunto de terras drenadas por um rio principal e seus 
afluentes", conforme definição trazida por GUERRA (1978). 
 
Figura 4 – Bacia Hidrográfica 
 
 
 
Na Figura 4 verificam-se duas bacias hidrográficas separadas pelo Interflúvio ou Divisor 
de Águas, definido como sendo o ...”limite topográfico formado pela linha contínua de 
todos os pontos de maior altitude local, que separa bacias hidrográficas adjacentes e 
delimita subdivisões de bacias maiores em bacias menores (sub-bacias), caracterizado 
pelas direções divergentes de escoamento superficial de um lado e de outro dessa 
mesma linha”, conforme definição da ANA (2015a). 
 
Na mesma Figura 4 pode-se inferir a fluidez das águas, que escorrem superficialmente 
(do lugar mais alto para o lugar mais baixo), através de uma rede de drenagem 
(escoamento superficial), bem como através do escoamento em subsuperfície 
(escoamento subterrâneo). 
 
Para se compreender as características que influenciam no escoamento das águas de 
uma bacia hidrográfica, conforme TUCCI (2009), há que se conhecer: 
 
a) os aspectos geomorfológicos e geológicos da bacia: como é a declividade do terreno, 
e quais são os tipos de rocha; 
 
b) as características hidrológicas: a quantidade de chuva que cai e em que períodos do 
ano ela se concentra; a evapotranspiração; a declividade do rio; a quantidade de água 
superficial e subterrânea disponível (disponibilidade hídrica); 
 
c) a qualidade das águas superficiais e subterrâneas; 
 
d) as alterações provocadas pelos diversos usos do território: agricultura, indústria, 
cidades, dentre outros, que acabam afetando a qualidade das águas, visto que esses 
usos podem contaminar as águas por esgoto doméstico; efluentes industriais; resíduos 
sólidos; pesticidas; fertilizantes; carreamento do solo, como consequências dos 
processos erosivos; 
 
e) os usos consuntivos e não-consuntivos dos recursos hídricos. 
 
 
MATERIAL DE APOIO 
 
VÍDEO 
 
“O ciclo da água” - https://www.youtube.com/watch?v=vW5-xrV3Bq4 
 
 
SEMANA 3 
 
Aula 7 – Política Estadual de Recursos Hídricos 
 
1.7 A Política Estadual de Recursos Hídricos 
 
1.7.1 Aspectos Constitucionais 
 
A Constituição Estadual de 1989 – CE/89 conta com o Capítulo sobre a “Política Hídrica 
e Mineral”, na qual declara que deve ser descentralizada, participativa e integrada em 
relação aos demais recursos naturais, propiciando o uso múltiplo das águas, e 
priorizando o abastecimento às populações (art. 198). 
 
Esse Capítulo da CE/89 menciona que a utilização dos recursos hídricos será cobrada, 
segundo as diretrizes do Plano Estadual de Recursos Hídricos, devendo ser 
consideradas as características e o porte da utilização; as peculiaridades de cada bacia 
hidrográfica; e as condições socioeconômicas dos usuários (art. 200). Estabelece, 
ainda, que os recursos financeiros destinados ao Estado, resultantes da participação naexploração dos potenciais de energia hidráulica, petróleo, gás natural e outros recursos 
minerais, serão aplicados na geração de energia e energização rural e de forma a 
garantir a adequada gestão dos recursos hídricos e minerais (art. 204). 
 
https://www.youtube.com/watch?v=vW5-xrV3Bq4
Do ponto de vista ambiental, a CE/89 proíbe o “lançamento de resíduos hospitalares, 
industriais e de esgotos residenciais, sem tratamento, diretamente em praias, rios, 
lagos e demais cursos d’água, devendo os expurgos e dejetos, após conveniente 
tratamento, sofrer controle e avaliação de órgãos técnicos governamentais, quanto aos 
teores de poluição” (inciso VII do art. 226 da CE/89). 
 
Vale a pena ressalvar que a CE/89, ao apresentar o que considera patrimônio estadual, 
destacou os vales de alguns rios estaduais: os vales e as veredas dos afluentes da 
margem esquerda do Rio São Francisco, os vales dos Rios Paraguaçu e das Contas 
(incisos VI e VII do seu art. 216). 
 
1.7.2 Princípios, objetivos e diretrizes da Política Estadual de Recursos 
Hídricos 
 
Considerando que o Estado da Bahia detém a dominialidade das águas que lhe foram 
atribuídas pela CF/88, e mesmo sabendo que cabe à União instituir direitos e deveres 
sobre águas, há a necessidade de se estabelecer um marco legal no nível estadual em 
relação a essa matéria. 
 
Assim, foi instituída a Lei nº 11.612/2009 (com alterações subsequentes) que 
estabelece a forma como Estado da Bahia deve fazer a gestão das águas de sua 
dominialidade. Essa Lei define os princípios, os objetivos, os instrumentos, as 
responsabilidades institucionais, as infrações e penalidades previstas para quem 
descumpre com as previsões legais sobre essa política pública estadual. 
 
Em consonância com a Política Nacional de Recursos Hídricos, o Estado de Bahia, ao 
editar a sua Política Estadual de Recursos Hídricos, adotou os seguintes Princípios: 
 
“I - todos têm direito ao acesso à água, bem de uso comum do povo, recurso natural 
indispensável à vida, à promoção social e ao desenvolvimento; 
 
II - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo 
humano e a dessedentação de animais; 
 
III - a gestão de recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; 
 
IV - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; 
 
V - o gerenciamento do uso das águas deve ser descentralizado, com a participação do 
Poder Público, dos usuários e das comunidades; 
 
VI - a bacia hidrográfica é a unidade territorial definida para o planejamento e o 
gerenciamento dos recursos hídricos, devendo ser articulada com a política de 
Territórios de Identidade; 
 
VII - do usuário-pagador e do poluidor-pagador; 
 
VIII - da responsabilidade e da ética ambiental” (art. 2º da Lei nº 11.612/2009 e 
alterações). 
 
Verifica-se que são adotados os mesmos princípios da Política Nacional de Recursos 
Hídricos, incluindo outros três dispositivos que se referem à integração dessa política 
com a de meio ambiente: a questão do acesso à água, como recurso natural 
indispensável à vida, à promoção social e ao desenvolvimento; a adoção do Princípio 
do Usuário-Pagador e Poluidor – Pagador; e da Responsabilidade Ambiental. 
 
A inserção do Princípio do Usuário-Pagador reforça a questão da cobrança: aquele que 
usa, paga! Além disso, reforça a responsabilidade ambiental frente ao uso da água, 
com a inclusão do Princípio do Poluidor-Pagador, princípio basilar da gestão ambiental. 
 
Tudo isso traduziu a vontade de integrar a gestão ambiental com a de recursos 
hídricos, fato esse que se evidenciou, de forma institucional, em 2011, quando foi criado 
o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos/INEMA, órgão gestor de meio 
ambiente e dos recursos hídricos. 
 
O que se pretendeu com a instituição dessa política pública? O Estado da Bahia buscou 
atender aos seguintes objetivos: 
 
“I - assegurar que os recursos hídricos sejam utilizados pelas atuais e futuras gerações, 
de forma racional e com padrões satisfatórios de qualidade e de proteção à 
biodiversidade; 
 
II - compatibilizar o uso da água com os objetivos estratégicos da promoção social, do 
desenvolvimento regional e da sustentabilidade ambiental; 
 
III - assegurar medidas de prevenção e defesa contra danos ambientais e eventos 
hidrológicos críticos de origem natural ou decorrente do uso dos recursos naturais; 
 
IV - assegurar a equidade e a justa distribuição de ônus e benefícios pelo uso dos 
recursos hídricos” (art. 3º da Lei nº 11.612/2009). 
 
No que se refere às diretrizes da Política Estadual de Recursos Hídricos, foram 
definidas as seguintes: 
“I - a articulação com o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos - 
Singreh;
 
II - a inserção da dimensão ambiental e de recursos hídricos nas políticas, planos, 
programas, projetos e atos da Administração Pública; 
III - a integração do gerenciamento dos recursos hídricos com as políticas públicas 
federais, estaduais ou municipais de meio ambiente, saúde, saneamento, habitação, 
uso do solo e desenvolvimento urbano e regional e outras de relevante interesse social 
que tenham inter-relação com a gestão das águas;
 
IV - a inter-relação da gestão das bacias hidrográficas com a gestão dos domínios 
aquíferos, os sistemas deltaicos, estuarinos e a Zona Costeira;
 
V - a adequação sistemática dos recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, 
demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do Estado; 
VI - a gestão integrada, sem dissociação dos aspectos quantitativo e 
qualitativo,
considerando as fases do ciclo hidrológico;
 
VII - a maximização dos benefícios sociais e econômicos resultantes 
do
aproveitamento múltiplo e integrado dos recursos hídricos;
 
VIII - a priorização de ações, serviços e obras que visem assegurar disponibilidade de 
águas nas regiões com escassez; 
IX - o desenvolvimento permanente de programas de conservação e proteção das 
águas contra a poluição e a exploração excessiva ou não controlada;
 
X - o estímulo e o fomento à mobilização, participação e controle social para a gestão 
das águas, com atenção especial à participação dos povos e comunidades tradicionais 
e dos segmentos sociais vulneráveis;
 
XI - a promoção da educação para o uso dos recursos hídricos, com o objetivo de 
sensibilizar a coletividade a respeito da necessidade de conservação e de utilização 
sustentável deste recurso e de capacitá-la para participação ativa na sua defesa;
 
XII - a utilização racional das águas superficiais e subterrâneas;
 
XIII - a promoção das tecnologias eco-sustentáveis, voltadas para o uso racional, 
conservação e recondução dos recursos hídricos para o reuso, reciclagem e outras 
formas de tratamento da água e de efluentes;
 
XIV - a utilização de instrumentos econômicos e tributários de estímulo ao uso racional 
e à conservação dos recursos hídricos” (art. 4º da Lei nº 11.612/2009). 
 
Comparando-se com as diretrizes da Política Nacional de Recursos Hídricos, pode-se 
dizer que as da Política Estadual são mais amplas, pois se encontram complementadas 
pelas seguintes: 
 
a) a utilização racional dos recursos hídricos (superficiais e subterrâneos) a partir da de 
instrumentos económicos e tributários; a promoção de tecnologias eco-sustentáveis; 
com o desenvolvimento permanente de programas de conservação e proteção das 
águas contra a poluição e a exploração excessiva ou não controlada; 
b) a maximização dos benefícios sociais e econômicos resultantes do aproveitamento 
múltiplo e integrado dos recursos hídricos; 
 
c) a articulação com o Singreh e a inserção da dimensão ambiental e de recursos 
hídricos nas diversas políticas da Administração Pública; 
d) a promoção da educação para o uso dos recursos hídricos e o estímulo e o fomento 
à mobilização, participação e controle social para a gestão das águas, comatenção 
especial à participação dos povos e comunidades tradicionais e dos segmentos sociais 
vulneráveis. 
 
Isso mostra a preocupação do Estado em viabilizar a sua política hídrica nos mesmos 
termos da legislação federal, porém, acrescentando outros caminhos para se buscar o 
uso racional dos recursos hídricos. 
 
Merece destaque nessa Política Estadual, a inserção de um capítulo referente às aguas 
subterrâneas. Conforme estabeleceu a CF/88, a dominialidade das águas subterrâneas 
coube aos Estados. Assim, trata-se de um assunto que deve ser disciplinado na esfera 
estadual. O Estado da Bahia conta com importantes aquíferos que devem ser 
protegidos, a exemplo dos Aquíferos das Bacias Sedimentares do Recôncavo, Tucano, 
Urucuia. De modo a assegurar a quantidade e a qualidade desses aquíferos, o órgão 
gestor e executor da Política Estadual de Recursos Hídricos do Estado deve viabilizar 
uma série de ações para a sua proteção (arts. 38 e 39 da Lei nº 11.612/2009). 
 
O ANEXO I traz um quadro comparativo entre as políticas nacional e estadual de 
gerenciamento dos recursos hídricos em relação aos seus Princípios, Diretrizes, 
Objetivos e instrumentos. 
 
1.7.3 Instrumentos 
 
São instrumentos da Política Estadual de Recursos Hídricos, de acordo com o at. 5º da 
Lei nº 11.612/2009: 
I - o Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH); 
II - os Planos de Bacias Hidrográficas; 
III - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo seus usos 
preponderantes; 
IV - a outorga de direito de uso de recursos hídricos; 
V - a cobrança pelo uso de recursos hídricos; 
VI - o Sistema Estadual de Informações Ambientais e de Recursos Hídricos (Seia); 
VII - a qualidade e o monitoramento dos recursos hídricos; 
VIII - a fiscalização do uso de recursos hídricos; 
IX - o Fundo Estadual de Recursos Hídricos da Bahia (Ferhba). 
 
Comparando-se com os instrumentos da PNRH, a Lei Estadual acrescentou novos 
instrumentos, conforme se verifica no ANEXO I. 
 
1.7.4 A Divisão Hidrográfica Estadual 
Todo o planejamento e a implementação da gestão dos recursos hídricos de 
dominialidade do Estado se encontram apoiados em 25 Regiões de Planejamento e 
Gestão das Águas (RPGAs), que foram instituídas pela Resolução Conerh nº 43/2009, 
alterada pela Resolução Conerh nº 80/2011. Toda a atuação dos Comitês de Bacias 
Hidrográficas se baseia nessa mesma regionalização, conforme se verifica na 
regionalização apresentada na Figura 5. 
 
Figura 5 - Regiões de Planejamento e Gestão das Águas (RPGA) 
 
Fonte: www.inema.ba.gov.br/serviços/mpas-temáticos/ (acessado em 13/10/2015). 
 
Ao se fazer a correlação dessa Divisão Hidrográfica Estadual com a Divisão 
Hidrográfica Nacional, pode-se dizer que as 25 RPGAs do Estado da Bahia se 
http://www.inema.ba.gov.br/serviços/mpas-temáticos/
encontram em duas Regiões Hidrográficas Nacionais: Atlântico Leste e Rio São 
Francisco, assim distribuídas: 
 
REGIÃO HIDROGRÁFICA NACIONAL DO ATLÂNTICO LESTE, com 14 RPGAs: 
I - Riacho Doce; 
II - Rio Mucuri; 
III - Rios Peruípe, Itanhém e Jucuruçu; 
IV - Rios dos Frades, Buranhém e Santo Antônio; 
V - Rio Jequitinhonha; 
VI - Rio Pardo; 
VII- Leste; 
VIII - Rio de Contas; 
IX –Recôncavo Sul; 
X – Rio Paraguaçu; 
XI – Recôncavo Norte e Inhambupe; 
XII – Rio Itapicuru; 
XIII – Rio Real; 
XIV – Rio Vaza Barris. 
 
REGIÃO HIDROGRÁFICA NACIONAL DO RIO SÃO FRANCISCO, com 11 RPGAs: 
XV – Riacho do Tará; 
XVI – Rios Macururé e Curaçá; 
XVII - Rio Salitre; 
XVIII – Rios Verde e Jacaré; 
XIX – Lago de Sobradinho; 
XX – Rios Paramirim e Santo Onofre; 
XXI – Rio Grande e dos Riachos da Serra Dourada e do Brejo Velho; 
XXII – Rio Carnaíba de Dentro; 
XXIII – Rio Corrente e Riacho do Ramalho; 
XXIV – Rio Carinhanha; 
XXV – Rio Verde Grande 
 
Figura 6 – Divisão Hidrográfica Nacional 
 
Fonte: Anexos I e II da Resolução CNRH nº 32/2003. 
 
1.7 5 Águas Subterrâneas 
 
Conforme se mencionou, a Constituição Federal/88 (no inciso I do seu art. 26), pela 
primeira vez, mencionou que a dominialidade das águas subterrâneas é dos Estados. 
Por essa razão, o capítulo sobre águas subterrâneas consta da legislação estadual e 
não consta da lei que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos. Essas águas 
subterrâneas estão sujeitas a programas permanentes de conservação e proteção, 
visando ao seu uso sustentado e estão disciplinadas nos arts. 36 a 42 da Lei da 
Política Estadual de Recursos Hídricos. 
 
É importante ressaltar que as águas classificadas como “águas minerais” terão a sua 
utilização regida pela legislação federal. 
 
1.7.6 O Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Segreh) 
 
O Segreh trata dos aspectos institucionais envolvidos na gestão dos recursos hídricos 
no Estado da Bahia. Em outras palavras, trata de “quem é quem” na gestão das aguas 
de dominialidade estadual. Esse Sistema tem por objetivo: 
 formular e implementar a Política Estadual de Recursos Hídricos; 
 coordenar a gestão integrada das águas; 
 planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a conservação dos 
recursos hídricos e a recuperação da qualidade das águas. (Art. 43) 
Considerando que a gestão dos recursos hídricos deve ser integrada, o Segreh, de 
acordo com o art. 44 da Lei nº 11.612/2009, deverá estar integrado com: 
 o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh); 
 o Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama); 
 o Sistema Estadual do Meio Ambiente (Sisema). 
 
Integram o SEGREH: 
 o Conselho Estadual de Recursos Hídricos (Conerh); 
 a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema); 
 o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema); 
 os Comitês de Bacia Hidrográfica; 
 as Agências de Bacia Hidrográfica; 
 os órgãos setoriais e/ou sistêmicos, cujas atividades ou competências 
guardem relação com a gestão ou uso dos recursos hídricos do Estado da 
Bahia; 
 Companhia Ambiental e de Recursos Hídricos da Bahia (Cerb) (art. 45). 
 
 Conselho Estadual de Recursos Hídricos – Conerh 
 
O Conerh é o órgão superior do SEGREH, que tem por finalidade o planejamento e 
acompanhamento da política estadual de recursos hídricos e das diretrizes 
governamentais voltadas para a gestão dos recursos hídricos (art. 46): 
Esse Colegiado tem importantes competências, conforme se vê do rol de funções que 
lhe foram legalmente atribuídas: normativa, deliberativa, recursal, consultiva, de 
articulação, de acompanhamento, de controle social e de representação, nos termos 
que se seguem: 
1. Funções de natureza normativa, deliberativa e recursal: 
 estabelecer diretrizes complementares para implementação da Política 
Estadual de Recursos Hídricos, aplicação de seus instrumentos e atuação 
do Segreh; 
 estabelecer os procedimentos de elaboração, implementação e revisão do 
Plano Estadual de Recursos Hídricos; 
 aprovar o Plano Estadual de Recursos Hídricos e suas alterações; 
 aprovar os valores a serem cobrados pelo uso dos recursos hídricos; 
 estabelecer as medidas para a proteção dos corpos de água, podendo 
determinar regime especial, temporário ou definitivo, para a sua utilização; 
 estabelecer as diretrizes e critérios gerais para a outorga do direito de uso 
dos recursos hídricos estaduais e para a cobrança pelo seu uso, inclusive 
pelo lançamento de efluentes; 
 aprovar a criação de unidades de gestão de recursos hídricos, constituídas 
por uma bacia hidrográfica ou por bacias hidrográficas contíguas; 
 aprovar o enquadramento dos corpos de água do domínio estadual, em 
classes, segundo seus usos preponderantes; 
 estabelecer condições, metas e prazos para que os lançamentos de 
esgotos e demais efluentes sólidos, líquidos ou gasosos sejam reutilizados, 
reciclados ou tratados antes do seu lançamento; 
 aprovar as propostas de instituição dos Comitês de Bacia Hidrográfica, bem 
comodefinir os critérios gerais para a constituição e funcionamento; 
 aprovar as propostas de criação de Agências de Bacia Hidrográfica; 
 deliberar sobre questões que lhe tenham sido encaminhadas pelos Comitês 
de Bacia Hidrográfica; 
 definir critérios para aplicação dos recursos do Fundo Estadual de Recursos 
Hídricos; 
 aprovar os planos de aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança 
pelo uso dos recursos hídricos, para aplicação prioritária nas respectivas 
unidades de gestão hidrográfica; 
 aprovar os volumes das acumulações, derivações, captações e 
lançamentos considerados de pouca expressão, para efeito de dispensa de 
outorga de direito de uso dos Recursos Hídricos; 
 estabelecer critérios e aprovar rateio de custos de obras de aproveitamento 
múltiplo de interesse comum ou coletivo; 
 aprovar as prioridades e os critérios específicos para outorga de direito de 
uso de recursos hídricos em situações de escassez; 
 autorizar a delegação do exercício de funções de competência de Agência 
de Bacia Hidrográfica às organizações civis de recursos hídricos; 
 aprovar a Divisão Hidrográfica Estadual; 
 decidir, em grau de recurso, como última instância administrativa, sobre as 
penalidades administrativas impostas pelo órgão executor da Política 
Estadual de Recursos Hídricos; 
 arbitrar, em última instância administrativa, os conflitos relacionados com o 
uso das águas de domínio estadual; 
 
2. Funções de natureza consultiva, articulação, acompanhamento, controle social 
representação: 
 fomentar a articulação do planejamento de recursos hídricos com os 
planejamentos nacionais, regionais, estaduais e dos setores usuários; 
 apresentar contribuições para a elaboração do Zoneamento Territorial 
Ambiental do Estado e do Plano Estadual de Meio Ambiente; 
 analisar propostas de alterações de legislação pertinente aos recursos 
hídricos e encaminhá-las aos órgãos competentes; 
 indicar seus representantes junto ao CNRH, Conferências de Meio 
Ambiente ou outros órgãos, instâncias ou colegiados onde tenha assento; 
 acompanhar o funcionamento do Segreh; 
 exercer o controle social sobre o uso dos recursos do Fundo Estadual de 
Recursos Hídricos; 
 articular-se com o Conselho Estadual de Meio Ambiente, a Comissão 
Interinstitucional de Educação Ambiental, o Fórum Baiano de Mudanças 
Climáticas e os demais Colegiados Ambientais. 
 
O Conerh é paritário, sendo 11 membros do Poder Público e 11 membros da sociedade 
civil e usuários da água, com a seguinte composição (conforme art. 47 da Lei Estadual 
nº 11.612/2009): 
 09 (nove) representantes do Poder Público Estadual; 
 06 (seis) representantes dos usuários de recursos hídricos; 
 05 (cinco) representantes de organizações civis de recursos hídricos; 
 02 (dois) representantes do Poder Público Municipal, sendo um usuário de 
recursos hídricos. 
Conta com o Plenário e as Câmaras Técnicas. 
 
Esse Colegiado é presidido pelo Secretário do Meio Ambiente, sendo que o suporte 
administrativo, financeiro e operacional é proporcionado pela Secretaria do Meio 
Ambiente (Sema) (art. 48 a 50). 
 
 
Os representantes do Poder Público Municipal, dos usuários de recursos hídricos e das 
organizações civis de recursos hídricos serão escolhidos entre seus pares, com 
mandato de 02 (dois) anos, com 2 suplentes, sendo permitida a recondução por igual 
período. 
 
A participação dos membros titulares ou suplentes no Conerh é considerada de 
relevante interesse público, não ensejando qualquer tipo de remuneração. 
 
Aos representantes das organizações civis fica assegurada, para o comparecimento às 
reuniões ordinárias ou extraordinárias, fora do seu Município, pagamento de despesas 
para deslocamento, alimentação e estada. 
 Comitês de Bacia Hidrográfica (CBH) 
 
Além do Conerh, o Segreh conta com outros importantes colegiados que são os 
Comitês de Bacia Hidrográfica – CBHs. Esses Comitês são órgãos de caráter 
consultivo, normativo e deliberativo, vinculados ao Conerh, cuja área de atuação se 
dá na bacia hidrográfica. 
 
Os CBHs são criados por decreto do Governador do Estado, após aprovação da 
proposta de sua instituição pelo Conerh. Esses Comitês são dirigidos por um 
Presidente, que conta com o auxílio de um Secretário, ambos eleitos entre os seus 
membros (art. 56 e 57 da Lei nº 11.612/2009). 
 
A formação dos CBHs deve ser precedida de ampla divulgação, visando garantir a 
legitimidade da participação dos interessados, cabendo à Sema e ao Inema fomentar a 
organização e a sua criação, bem como garantir o seu funcionamento (art. 58 e 59). 
 
Além das competências deliberativas, os Comitês de Bacias Hidrográficas têm 
atribuições consultivas, propositivas e de acompanhamento, nos termos que se 
seguem, de acordo com a Lei nº 11.612/2009: 
 
1. Competências deliberativas do CBH (art. 54): 
 arbitrar, em primeira instância administrativa, conflitos relacionados com o 
uso da água; 
 deliberar sobre questões que lhe tenham sido encaminhadas pela 
respectiva Agência de Bacia Hidrográfica; 
 aprovar o Plano de Bacia Hidrográfica e suas alterações. 
 
Das decisões dos Comitês de Bacia Hidrográfica caberá recurso ao Conerh. 
 
2. Competências consultivas, propositivas, de acompanhamento: 
 
 promover a participação dos representantes do Poder Público, dos usuários 
de recursos hídricos e das organizações civis, na sua área de atuação, na 
gestão integrada dos recursos hídricos; 
 acompanhar a elaboração e a implementação do Plano de Bacia 
Hidrográfica, sugerindo as providências necessárias ao cumprimento de 
suas metas; 
 propor ao Conerh: 
a) a criação de Agências de Bacia Hidrográfica; 
b) os valores para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos; 
c) o plano de aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança pelo 
uso dos recursos hídricos; 
d) as vazões das acumulações, derivações, captações e lançamentos 
considerados de pouca expressão, para efeito de dispensa de outorga do 
direito de uso (com base nos estudos técnicos e informações 
disponibilizadas pelo Inema); 
e) as prioridades e os critérios específicos para outorga de direito de uso 
de recursos hídricos em situações de escassez (com base nos estudos 
técnicos e informações disponibilizadas pelo Inema); 
f) as reduções das vazões outorgadas em casos de necessidade de 
racionamento, devidamente motivados, para efeito de revisão de outorgas 
de direito de uso de recursos hídricos; 
g) o enquadramento dos corpos d’água em classes, segundo seus usos 
preponderantes; 
h) rateio dos custos das obras de aproveitamento múltiplo dos recursos 
hídricos, de interesse comum e coletivo. 
 
Os CBHs serão compostos por representantes: 
 
 do órgão executor da política estadual de recursos hídricos; 
 dos órgãos e entidades integrantes da Administração Pública do Estado, 
com atuação na unidade de gestão hidrográfica; 
 dos usuários de recursos hídricos, com atuação na unidade de gestão 
hidrográfica; 
 dos municípios situados na área de abrangência da unidade de gestão 
hidrográfica; 
 das organizações civis de recursos hídricos com atuação comprovada na 
unidade de gestão hidrográfica. 
Poderão, ainda, integrar os CBHs, os representantes dos órgãos e entidades 
integrantes da Administração Pública da União com atuação na área de abrangência da 
unidade de gestão hidrográfica; bem como as representações das comunidades 
indígenas ali residentes ou com interesse na bacia e da Fundação Nacional do Índio 
(Funai). 
A representação do Poder Público está limitada à metade do total de membros. O 
Regimento Interno dos Comitês de Bacia Hidrográfica dispõe sobre a sua composição, 
estrutura e forma de funcionamento, conforme critérios gerais definidos pelo Conerh 
(art. 55 -57). 
Aos membros do CBH é assegurado o pagamento de despesas para deslocamento, 
alimentação e estada dos representantes

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