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Gestão de Recursos Hídricos rad e Rac

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Brasília-DF. 
Gestão de RecuRsos HídRicos – 
Rad e Rac
Elaboração
Natalia Borges Marcelino
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APrESEntAção .................................................................................................................................. 4
orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA ..................................................................... 5
introdução ..................................................................................................................................... 7
unidAdE i
CAMPO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS ...................................................................................... 9
CAPÍtuLo 1 
GEREnCIAMEnTO DE RECURSOS HÍDRICOS ............................................................................. 9
CAPÍtuLo 2 
BACIAS HIDROGRáfICAS ...................................................................................................... 12
CAPÍtuLo 3 
SISTEMA nACIOnAl DE GEREnCIAMEnTO DE RECURSOS HÍDRICOS ........................................ 22
CAPÍtuLo 4
PlAnO nACIOnAl DE RECURSOS HÍDRICOS .......................................................................... 30
unidAdE ii
InSTRUMEnTOS DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS .......................................................................... 36
CAPÍtuLo 1
OS PlAnOS DE RECURSOS HÍDRICOS .................................................................................... 36
CAPÍtuLo 2
O EnqUADRAMEnTO DOS CORPOS DE áGUA ....................................................................... 38
CAPÍtuLo 3
A OUTORGA DOS DIREITOS DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS ................................................. 41
CAPÍtuLo 4
SISTEMA nACIOnAl DE InfORMAçõES SOBRE RECURSOS HÍDRICOS - SnIRH .......................... 45
CAPÍtuLo 5
COBRAnçA DO USO DE RECURSOS HÍDRICOS ...................................................................... 47
unidAdE iii
A EXPERIÊnCIA BRASIlEIRA nO GEREnCIAMEnTO DE RECURSOS HÍDRICOS ......................................... 50
CAPÍtuLo 1
COMITÊS DE BACIAS ............................................................................................................. 50
CAPÍtuLo 2
AGÊnCIAS DE áGUA ............................................................................................................. 55
PArA (não) FinALizAr ...................................................................................................................... 58
rEFErênCiAS .................................................................................................................................... 59
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem 
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela 
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade 
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos 
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma 
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para 
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar 
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a 
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de 
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões 
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao 
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e 
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos 
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
6
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não 
há registro de menção).
Avaliação Final
Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, 
que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única 
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber 
se pode ou não receber a certificação.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
introdução
“Me interessa o futuro porque é aonde vou passar o resto da 
minha vida.” 
(Woody Allen)
Dada a importância do bem mais precioso da humanidade, a água, governos de muitos países há 
tempos, vêm preocupando-se em criar políticas e comissões regulamentadas para o trato da água, 
garantindo que sua população possa receber esse bem de qualidade em todo o território.
Este curso dispõe de informações sobre a maneira como o governo brasileiro se comporta perante o 
tema Recursos Hídricos. Lembrando que o Brasil é o quinto maior país em extensão territorial, que 
conta com a maior reserva de água doce do mundo. Estruturado em onze capítulos, este material 
objetiva estimular o leitor a buscar cada vez mais informações.
Conta-se com bibliotecas virtuais com artigos, relatórios, mapas, livros etc. para que possa aproveitar 
o máximo o conhecimento transmitido.
Lembrando sempre que o maior responsável pelo tamanho do seu conhecimento é você mesmo! 
Sejam bem-vindos!
objetivos
 » Aprofundar os conhecimentos teóricos sobre a disciplina em pauta.
 » Ampliar a compreensão das diversas concepções acerca da disciplina.
 » Desenvolver uma concepção curricular do ensino pretendido, no que se refere ao 
tema.
 » Refletir sobre as questões pertinentes ao ensino do assunto.
 » Estimular a reflexão crítica e a produção discente na área em questão.
 » Favorecer a formação crítica e criativa do educando.
 » Construir habilidades e competências na área específica.
8
9
unidAdE i
CAMPo dE gEStão 
dE rECurSoS 
HÍdriCoS
CAPÍtuLo 1 
gerenciamento de recursos hídricos
O aproveitamento dos Recursos Hídricos requer concepção, planejamento, projeto, construção e 
operação de meios para o domínio e a utilização das águas. Embora seja, em princípio, função de 
engenheiros civis,necessita dos serviços de especialistas em outros campos. Os problemas relativos 
aos recursos hídricos interessam também a economistas, especialistas no campo das ciências 
políticas, geólogos, engenheiros mecânicos e eletricistas, químicos, biólogos e a outros especialistas 
em ciências sociais e naturais. Cada projeto de aproveitamento de recurso hídrico supõe um conjunto 
específico de condições físicas às quais deve ser condicionado, razão pela qual dificilmente podem 
ser aproveitados projetos padronizados que conduzam a soluções simples, estereotipadas. As 
condições específicas de cada projeto devem ser satisfeitas por meio de aplicação integrada dos 
conhecimentos fundamentais de várias disciplinas.
As condições de acesso aos recursos hídricos ocorrem 
mediante uma boa gestão e um adequado processo 
político. Planejamento, no conceito da ciência econômica, 
que é bastante empregado, é a forma de conciliar recursos 
escassos e necessidades abundantes. Em recursos hídricos, 
o planejamento pode ser definido como conjunto de 
procedimentos organizados que visam ao atendimento das 
demandas de água, considerada a disponibilidade restrita 
desse recurso. Todavia, o planejamento de recursos 
hídricos reveste-se de especial complexidade, haja vista as 
peculiaridades expostas anteriormente.
Gerenciamento de recursos hídricos é a maneira pela qual 
se pretende realizar o levantamento da situação atual e 
resolver os problemas de escassez relativos aos recursos 
hídricos, visando a desenvolver o uso adequado e a 
otimização dos recursos hídricos em prol a sociedade. 
Assim, como boa parte dos projetos governamentais do Brasil (se não a totalidade), para que o 
gerenciamento de recursos hídricos ocorra, depende-se de um incentivo político. Com a motivação 
10
UNIDADE I │ CAMPO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS
política adequada será possível planejar o aproveitamento e o controle dos recursos hídricos 
e adquirir meios de implantar as obras e as medidas recomendadas, controlando-se, assim, as 
variáveis que possam afastar os efeitos nocivos ao planejado.
Somente na década de 1960, países como Estados Unidos, França, Alemanha e 
Grã-Bretanha renovaram suas leis e suas instituições à procura de maior eficácia na 
recuperação e na conservação dos recursos hídricos.
O planejamento dos recursos hídricos visa à avaliação prospectiva das demandas e das disponibilidades 
desses recursos e a sua alocação entre usos múltiplos, de forma a obter os máximos benefícios 
econômicos e sociais, com a mínima degradação ambiental. É necessário planejar em longo prazo, 
em razão do tempo de maturação das obras hidráulicas, da vida útil dessas obras e da repercussão das 
decisões tomadas, que podem atingir várias gerações, sendo muitas vezes, irreversíveis.
A administração de recursos hídricos é o conjunto de ações necessárias para tornar efetivo o 
planejamento, com os devidos suportes técnicos, jurídicos e administrativos. Além disso, é 
instrumento de revisão permanente e dinâmica o plano, permitindo ajuste de objetivos e metas a 
novas conjunturas, sem o que o plano torna-se obsoleto e irreal.
Alguns princípios fundamentais que devem nortear qualquer processo de gerenciamento de recursos 
hídricos que se queira implementar são:
 » acesso aos recursos hídricos deve ser um direito de todos; 
 » a água deve ser considerada um bem econômico;
 » a bacia hidrográfica deve ser adotada como unidade de planejamento;
 » a disponibilidade da água deve ser distribuída segundo critérios sociais, econômicos 
e ambientais;
 » deve haver um sistema de planejamento e controle;
 » a cooperação internacional deve visar ao intercâmbio científico e tecnológico;
 » desenvolvimento tecnológico e desenvolvimento de recursos humanos deve ser 
constante;
 » quando os rios atravessam ou servem de fronteiras entre países, a cooperação 
internacional é indispensável;
 » os usuários devem participar da administração da água; 
 » a avaliação sistemática dos recursos hídricos de um país é uma responsabilidade 
nacional e recursos financeiros devem ser assegurados para isso e;
 » a educação ambiental deve estar presente em toda ação programada.
11
CAMPO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS │ UNIDADE I
A gestão dos recursos hídricos é decisão política, motivada pela escassez relativa de tais recursos e 
pela necessidade de preservação para as futuras gerações.
Historicamente, essa gestão tem acontecido em países ou regiões em que a pouca água decorre 
da aridez do clima ou da poluição, havendo limitação ao desenvolvimento econômico e social. A 
decisão política é, normalmente, tomada em condições em que a escassez já é efetiva.
Quando a escassez é prevista para médio ou longo prazo, apenas preocupações conservacionistas 
podem levar à gestão dos recursos hídricos. De forma ainda lenta, isso tem ocorrido, principalmente, 
a partir da década de 1970, com os ambientalistas organizando-se e agindo de forma a provocar a 
antecipação de ações que visem à conservação dos recursos hídricos, antes que as situações atinjam 
índices críticos.
figura 1. Gráfico de porcentagem de água doce x salgada no mundo.
O que os gráficos anteriores nos levam a concluir? Faça um pequeno texto inspirado 
nos gráficos salientando a importância da água e sua situação frágil no mundo.
12
CAPÍtuLo 2 
Bacias hidrográficas
Em 2000, a distribuição dos índices de cobertura por bacia hidrográfica era o apresentado na 
Figura 3, notando-se desempenho menos satisfatório nas bacias localizadas a Norte e Nordeste do 
país. Importante informação não revelada diretamente pelos levantamentos do IBGE relativos à 
cobertura é quanto à forma como o abastecimento ocorre com regularidade, oferecendo-se o devido 
acesso tarifário à população, atendendo-se aos padrões de portabilidade, entre outras variáveis. 
Suspeita-se que nem sempre o atendimento cumpre com os requisitos considerados adequados, o 
que é reforçado com a constatação do financiamento sem regularidade aos serviços e das limitações 
operacionais que muitos apresentam.
A ideia de abundância serviu durante muito tempo como suporte à cultura do desperdício da água 
disponível à não realização dos investimentos necessários para seu uso e proteção mais eficientes, e 
à sua pequena valorização econômica.
figura 2. Bacia Hidrográfica localizada no Amazonas.
13
CAMPO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS │ UNIDADE I
figura 3. Cobertura domiciliar por rede de abastecimento de água, segundo municípios e bacia hidrográfica. 
Brasil, 2000
Os problemas de escassez hídrica no Brasil decorrem, fundamentalmente, da combinação 
do crescimento exagerado das demandas localizadas e da degradação da qualidade das águas. 
Esse quadro é uma consequência do aumento desordenado dos processos de urbanização, de 
industrialização e de expansão agrícola, verificada a partir da década de 1950. O crescimento 
demográfico brasileiro associado às transformações por que passou o perfil da economia do país 
refletiu-se de maneira notável sobre o uso de seus recursos hídricos na Segunda metade do século.
A migração da população do campo para a cidade e a industrialização, além de exercerem 
significativo aumento na demanda das águas dos mananciais também exigiram o crescimento 
do parque gerador de energia elétrica que, por sua vez, implicou na necessidade de construção 
apreciável de aproveitamentos hidrelétricos. Adicionalmente, o aumento da população reclamou 
por maior produção de alimentos, o que veio a encontrar na agricultura irrigada o canal apropriado 
para satisfazer essa demanda. 
14
UNIDADE I │ CAMPO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS
Ao longo da década de 1970 e, mais acentuadamente na década de 1980, a sociedade começou a 
despertar para as ameaças a que estava sujeita se não mudasse de comportamento quanto ao uso 
de seus recursos hídricos. Nesse período, várias comissões interministeriais foram instituídas para 
encontrar meios de aprimorar nosso sistema de uso múltiplo dos recursos hídricos e minimizar os 
riscosde comprometimento de sua qualidade, principalmente no que se refere às futuras gerações, 
pois a vulnerabilidade desse recurso natural já havia começado a se fazer sentir. 
Faça uma pesquisa e liste as principais Bacias Hidrográficas e suas localizações 
no Brasil.
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Na tabela 1, são mostradas algumas informações sobre as bacias hídricas brasileiras.
Tabela1. Informações sobre bacias hídricas brasileiras.
No BACIA HIDROGRÁFICA
Área População Densidade 
hab/km²
Vazão m³/s
Disponibilidade 
Hídrica Disponibilidade 
Per Capita m³/
hab.ano10³km² % hab. % km³/ano %
1 Amazônica 3.900 46 6.687.893 4,3 1,7 133.380 4206 73 628.940
2 Tocantins 757 8,9 3.503.365 2,2 4,6 11.800 372 6,5 106.220
3 Atlântico Norte/Nordeste 1.029 12 31.253.068 20 30,4 9.050 285 5 9.130
4 São Francisco 634 7,4 11.734.966 7,5 18,5 2.850 90 1,6 7.660
5 Atlântico Leste 545 6,4 35.880.413 23 65,8 4.350 137 2,4 3.820
6a Paraguai 368 4,3 1.820.569 1,2 4,9 1.290 41 0,7 22.340
6b Paraná 877 10 49.924.540 32 56,9 11.000 347 6 6.950
7 Uruguai 178 2,1 3.837.972 2,4 21,6 4.150 131 2,3 34.100
8 Atlântico Sudeste 224 2,6 12.427.377 7,9 55,5 4.300 136 2,4 10.910
  BRASIL 8.512 100 157.070.163 100 18,5 182.170 5.745 100 36.580
Mais de 73% da água doce disponível do País encontra-se na bacia Amazônica, que 
é habitada por menos de 5% da população. Portanto, apenas 27% dos recursos 
hídricos brasileiros estão disponíveis para 95% da população.
15
CAMPO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS │ UNIDADE I
gerenciamento por bacias hidrográficas
Ao longo do século XX, a administração federal brasileira experimenta vários modelos de gestão 
de recursos hídricos, entre opções centralizadoras ou descentralizadas, estatizantes ou liberais, 
nacionalistas ou abertas aos investimentos estrangeiros, segundo o contexto político de cada época. 
Nestes movimentos, percebe-se nitidamente a necessidade de articulação institucional, intersetorial 
e nas três instâncias federativas – União, estados e municípios –, como resposta às restrições 
institucionais e legais, bem como de financiamento, para o setor de recursos hídricos.
Em 1978 surge a primeira experiência de superação do tradicional enfoque setorial, 
focada no uso das bacias hidrográficas como unidade de gestão.
A criação do Comitê Executivo de Estudos Integrados de Bacias Hidrográficas (CEEIBH), constituído 
conjuntamente pelos Ministérios de Minas e Energia e do Interior. Mais de dez comitês de rios 
federais são criados, responsáveis pela 
classificação dos cursos de água da União, o estudo integrado e o acompanhamento 
da utilização racional dos recursos hídricos das bacias hidrográficas dos 
rios federais, o aproveitamento múltiplo dos cursos de água e a mitigação de 
consequências nocivas à ecologia da região.
Apesar da proposta inovadora, esses comitês tinham participação exclusiva de técnicos do meio 
ambiente, com enfoque de proteção e disciplinamento das atividades produtivas com impacto 
sobre os recursos naturais. Em 1981, aprovou-se a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei no 
6.938), que cria o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) e lança as bases para a busca do 
desenvolvimento sustentável; a Política institui instrumentos como o Estudo de Impacto Ambiental 
(EIA) e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA).
A nova legislação também cria, no âmbito federal e dos Estados, órgãos e instituições dedicadas à 
gestão do meio ambiente, responsáveis pelo licenciamento e fiscalização de atividades produtivas 
potencialmente poluidoras, além de áreas de especial interesse ambiental. Os instrumentos adotados 
pelo setor ambiental têm a natureza de “Comando e Controle” e são baseados na capacidade do 
Estado de definir limites de emissão e fiscalizar o seu cumprimento.
Nesse contexto, o uso dos recursos hídricos passa a ser submetido a controles crescentes: em 1986, 
por exemplo, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) adota a exigência de estudos 
de impacto ambiental para novas hidrelétricas, além de estabelecer uma minuciosa classificação 
das águas doces, salinas e salobras do País e definir limites para substâncias nos corpos de água, 
determinando critérios de qualidade para o recurso.
O Brasil apresentava então um retrospecto bem sucedido em várias frentes.
 » Expansão de sistemas de abastecimento de água tratada (embora o mesmo não 
tenha ocorrido nas áreas mais pobres e em relação aos sistemas de tratamento de 
esgotos domésticos, pela falta de investimentos).
16
UNIDADE I │ CAMPO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS
 » Sucesso do setor de hidroeletricidade no atendimento da demanda de expansão 
urbana e do segmento industrial.
 » Expansão reduzida de áreas irrigadas no país, em particular, no semiárido.
 » Redução da poluição industrial, propiciada pelos instrumentos do licenciamento 
ambiental e fiscalização, restrita aos agentes privados.
Por outro lado, constatavam-se os limites dos instrumentos e capacidades setoriais para promover 
isoladamente novos avanços. Alguns dos principais problemas relacionados aos recursos hídricos 
exigem novos paradigmas de planejamento e de gestão, notadamente, a busca da sustentabilidade 
pela via de abordagens integradas, com soluções multidisciplinares.
Consumo nacional de água
No que se refere à quantidade e à regularidade do fornecimento de água, as Figuras 4 e 5 possibilitam 
algumas inferências. Na Figura 4, evidencia-se que os estados com menores faixas de consumo per 
capita localizam-se nas Regiões Norte e Nordeste, mas que não necessariamente, o valor do consumo 
per capita esteja associado à escassez de água superficial característica da bacia hidrográfica, mas 
possivelmente, em nível de desenvolvimento regional e à qualidade da gestão.
figura 4. faixas de consumo per capita de água, segundo estados e bacias hidrográficas. Brasil, 2000.
17
CAMPO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS │ UNIDADE I
Faça uma pesquisa em fontes atualizadas e desenhe um gráfico separado por estados 
brasileiros, relacionando a quantidade de população com a quantidade de água disponível
figura 5. Proporção de distritos com racionamento de água, segundo estados e bacias hidrográficas. Brasil, 2000.
Já no caso do racionamento de água (Figura 5), verifica-se que os estados com maior proporção de 
distritos com essa condição estão na Região Nordeste, embora todos os estados da Região Sudeste, 
à exceção do Espírito Santo, revelem de 10 a 20% de seus distritos com racionamento, sugerindo 
explicações que combinam situações de escassez de água nos mananciais com elevadas populações 
e crescimento demográfico, além de possíveis deficiências na gestão.
Consumo mundial de água
Atualmente, há mais de 1 bilhão de pessoas sem disponibilidade de água suficiente para consumo 
doméstico e se estima que, em 30 anos, haverá 5,5 bilhões de pessoas vivendo em áreas com 
moderada ou séria falta d’água. A população mundial e suas atividades antrópicas já atingiram uma 
escala de utilização dos recursos naturais disponíveis que obriga a todos a pensar no futuro de uma 
nova forma. 
18
UNIDADE I │ CAMPO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS
É previsto que a população mundial estabilize-se, por volta do ano 2050, entre 10 e 
12 bilhões de habitantes, o que representa cerca de 5 bilhões a mais que a população 
atual, enquanto a quantidade de água disponível para o uso permanece a mesma.
Considera-se, atualmente,que a quantidade total de água na Terra, de 1.386 milhões de km³, tem 
permanecido de modo aproximadamente constante durante os últimos 500 milhões de anos. Vale 
ressaltar, todavia, que as quantidades estocadas nos diferentes reservatórios individuais de água da 
Terra variaram substancialmente ao longo desse período. A distribuição dos volumes estocados nos 
principais reservatórios de água da Terra é demonstrada na Tabela 2, na qual se verifica que 97,5% 
do volume total de água da Terra são de água salgada, formando os oceanos, e somente 2,5% são 
de água doce. Ressalta-se que a maior parte dessa água doce (68,7%) está armazenada nas calotas 
polares e geleiras. A forma de armazenamento em que os recursos hídricos estão mais acessíveis ao 
uso humano e de ecossistemas é a água doce contida em lagos e rios, o que corresponde a apenas 
0,27% do volume de água doce da Terra é cerca de 0,007% do volume total de água.
Mesmo tendo a Terra um volume total de água da ordem de 1.386 milhões de km³, o 
que efetivamente está disponível ao uso humano é muito pouco (0,007%).
Tabela 2. Reservatórios de água
As águas da Terra encontram-se em permanente movimento, constituindo o Ciclo Hidrológico. 
Efetivamente, desde os primórdios dos tempos geológicos, a água (líquida ou sólida) que é 
transformada em vapor pela energia solar que atinge a superfície da Terra (oceanos, mares, 
19
CAMPO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS │ UNIDADE I
continentes e ilhas) e pela transpiração dos organismos vivos, sobe para a atmosfera, onde esfria 
progressivamente, dando origem às nuvens. Essas massas de água voltam para a Terra sob a ação 
da gravidade, principalmente nas formas de chuva, neblina e neve.
O ciclo hidrológico é responsável pelo movimento de enormes quantidades de água ao redor 
do mundo. Parte desse movimento é rápido, pois, em média, uma gota de água permanece 
aproximadamente 16 dias em um rio e cerca de 8 dias na atmosfera (Tabela 3). Entretanto, esse 
tempo pode estender-se por milhares de anos para a água que atravessa lentamente um aquífero 
profundo. Assim, as gotas de água reciclam-se continuamente.
Tabela 3. Ciclo hidrológico.
O acesso ao volume total de água estocada nos diferentes reservatórios existentes na Terra não 
é uma tarefa elementar, pois, como se verifica na Tabela 3, o ciclo hidrológico ocorre de forma 
muito variável e dinâmica. Para satisfazer à demanda de água, a humanidade tem modificado 
o ciclo hidrológico desde o início de sua história, mediante a construção de poços, barragens, 
açudes, aquedutos, sistemas de abastecimento, sistemas de drenagem projetos de irrigação e 
outras estruturas. Os governos e as entidades públicas gastam grandes importâncias de dinheiro 
para implementar e manter essas instalações. No entanto, apesar dessas iniciativas, em 1995, 
aproximadamente 20% dos 5,7 bilhões de habitantes da Terra sofriam com a falta de um sistema 
de abastecimento confiável de água e, além disso, mais de 50% da população não dispunha de um 
sistema adequado de instalações sanitárias.
“Só percebemos o valor da água depois que a fonte seca.”
Provérbio popular
Devido ao acesso mais fácil, as formas mais importantes de armazenamento de água doce para o uso 
da humanidade e dos ecossistemas são rios, reservatórios e lagos, que representam apenas 0,27% do 
volume total de água doce da Terra, 93.100 km³. Entretanto, a contribuição de um único componente 
20
UNIDADE I │ CAMPO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS
do ciclo hidrológico para a circulação global de água não depende apenas do volume estocado, mas, 
em grande parte, do seu período de renovação. Com base nos dados da Tabela 3, verifica-se que 
o período para a renovação da água em determinados meios varia consideravelmente e, como a 
água dos rios tem um tempo de permanência muito curto em relação aos outros reservatórios, ela 
favorece substancialmente a elevação da taxa de renovação da água por meio do ciclo hidrológico.
O mesmo ocorre com o armazenamento da água na atmosfera, que é de aproximadamente 8 dias, 
isto é, no prazo de uma a duas semanas, a água que sobe à atmosfera retorna à superfície da Terra, 
podendo reabastecer o fluxo dos rios, a umidade do solo, as reservas de água subterrânea, ou cair 
diretamente nos espelhos líquidos dos lagos, oceanos e outros reservatórios, renovando as suas 
reservas e melhorando a sua qualidade à medida que proporciona a diluição de seus constituintes. 
figura 6. Ciclo hidrológico médio anual da Terra.
Onde: C = precipitação nos continentes;
EvtC = evapotranspiração nos continentes;
ESS = escoamento superficial;
ESB = escoamento básico ou subterrâneo;
Po = precipitação nos oceanos;
Eo = evaporação nos oceanos.
Portanto, observa-se na Figura 6 que, anualmente, cerca de 119.000 km³ de água são precipitados 
sobre os continentes, dos quais aproximadamente 74.200 km3 evapotranspiram retornando à 
atmosfera em forma de vapor, 42.600 km³ formam o escoamento superficial e 2.200 km³ formam 
o escoamento subterrâneo. Assim, esses 42.600 km³ constituem, em média, o limite máximo de 
renovação dos recursos hídricos em um ano.
21
CAMPO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS │ UNIDADE I
Efetuando-se o balanço das informações contidas na Figura 5, nota-se que o ciclo hidrológico é 
realmente um sistema fechado. Dos 119.000 km³/ano precipitados sobre os continentes, 74.200 
km³/ano (62%) retornam à atmosfera e 44.800 km³/ano (38%) escoam até os oceanos. Por sua vez, 
nos oceanos, o volume precipitado é de 458.000 km³/ano, enquanto a evaporação é de 502.800 
km³/ano, o que gera um excedente de vapor d’água na atmosfera de 44.800 km³/ano. Portanto, 
nota-se que o volume de água que escoa dos continentes para os oceanos é igual ao valor que retorna 
dos oceanos para os continentes em forma de vapor d’água, fechando o ciclo.
Seguindo o tema da Figura 6, de que toda água no planeta está em um ciclo fechado, 
faça uma pesquisa sobre o ciclo das geleiras no mundo. Busque fontes atualizadas e 
faça um comparativo para ver se o mesmo ciclo fechado se aplica. Tenha em mente: 
a mesma quantidade de gelo que derrete no verão é a mesma quantidade de gelo 
que congela no inverno?
22
CAPÍtuLo 3 
Sistema nacional de gerenciamento de 
recursos hídricos
O ano de 1988 marca um momento de especial importância para o processo de redemocratização 
do País, com a promulgação, pelo Congresso Nacional, de uma nova Constituição, em vigor até 
os dias de hoje. Questões como a redistribuição de atribuições entre União, estados e municípios, 
a descentralização e o fomento à iniciativa privada foram tratados na nova Carta, na busca da 
retomada do desenvolvimento.
A nova Constituição estabelece princípios e diretrizes que têm forte repercussão sobre a gestão dos 
recursos hídricos, bem como sobre a proteção ambiental no Brasil, que ganha inclusive um capítulo 
próprio no texto constitucional. Nele, fica consagrado que o meio ambiente é um bem de uso comum 
do povo e essencial à qualidade de vida, e que cabe tanto ao Poder Público, quanto aos particulares, 
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e para as futuras gerações. As águas não recebem na 
Constituição de 1988 uma menção específica, mas estão presentes em diversos artigos, revelando 
um enfoque de uso mais econômico desses recursos. Entre as mudanças, destacam-se as seguintes.
 » Altera-se a dominialidade das águas, colocando-as exclusivamente no âmbito da 
União e dos estados, ficando excluído o domínio dos municípios.
 » Extingue-se o domínio das águas particulares, admitido no Código de Águas até 
então vigente. As águas tornam-se, assim, exclusivamente públicas.
 » Torna-se competência da União legislar sobre águas e sobre energia elétrica, bem 
como instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos.
A partir dos princípios e obrigações estabelecidos na Constituição de 1988, é instituída em 1997 a 
Política Nacional dos Recursos Hídricos e criado o Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos 
Hídricos (SINGREH),por meio da promulgação da Lei Nacional no 9.433/1997.
A Lei no 9.433/1997 está em sintonia com os conceitos derivados das conferências 
internacionais sobre meio ambiente e recursos hídricos, como a Conferência de Mar 
Del Plata e o Terceiro Fórum Mundial da Água.
Faça uma resenha sobre as conferências internacionais “Conferência de Mar Del 
Plata” e o “Terceiro Fórum Mundial da Água”. Destaque os temas debatidos em cada 
uma e mostre o que há em comum entre elas.
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CAMPO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS │ UNIDADE I
 
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A Lei estabelece os seguintes fundamentos: 
 » água como bem de domínio público; 
 » água como recurso limitado, dotado de valor econômico; 
 » consumo humano como prioridade e dessedentação de animais; 
 » uso múltiplo das águas; 
 » bacia hidrográfica como unidade de planejamento e gestão; 
 » gestão descentralizada e participativa.
Quanto aos seus objetivos, a Lei propõe: 
 » assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, nos 
padrões de qualidade adequados;
 » utilizar racional e integradamente os recursos hídricos; 
 » prevenir de eventos hidrológicos críticos.
Em termos de diretrizes gerais de ação, está previsto:
 » gestão sistemática da quantidade e qualidade; 
 » adequação às diversidades regionais (físicas, bióticas, econômicas, sociais e 
culturais); 
 » integração com a gestão ambiental; 
 » articulação com o planejamento regional e com a gestão do uso do solo; 
 » integração com sistemas estuarinos e zonas costeiras.
Para colocar em prática tais princípios e garantir a descentralização e a participação social, o 
SINGREH é dotado de um conjunto de instâncias decisórias composto de um colegiado deliberativo 
superior, formado pelo Conselho Nacional dos Recursos Hídricos e seus correspondentes nos 
24
UNIDADE I │ CAMPO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS
estados, os Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; colegiados regionais deliberativos a serem 
instalados nas unidades de planejamento e gestão, os Comitês de Bacias Hidrográficas de Rios 
Federais e os Comitês de Bacias Hidrográficas de Rios Estaduais; e instâncias executivas das decisões 
dos colegiados regionais, as Agências de Água de âmbito federal e estadual.
Os componentes se propõem a operar de maneira articulada, conforme a Figura 7, a seguir.
figura 7. Sistema SInGREH.
Histórico da evolução legislativa sobre as águas 
do Brasil
Amplie o seu conhecimento!
Acesse a biblioteca virtual! Lá você encontrará a Lei das Águas. É importante, como 
gestor, conhecer os atuais instrumentos legais.
25
CAMPO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS │ UNIDADE I
A primeira Constituição a viger no Brasil em 1824, disciplinava muito pouco sobre a água, onde o 
proprietário que tivesse em suas terras privadas mananciais de águas subterrâneas era o dono delas. 
A Constituição seguinte de 1891 também não disciplinou sobre o domínio das águas, porém definiu 
as competências para legislar sobre a navegação sendo de o Congresso Nacional legislar quanto à 
navegação dos rios que banhassem mais de um Estado, ou se estendessem a territórios estrangeiros, 
e dos estados ou da União, quanto a navegação interior. 
Somente na Constituição de 1934 é que foi estabelecido um dispositivo ambientalista, que 
determinava a competência privativa da União para legislar sobre a água, essa também sendo de 
domínio da União, onde aos estados pertenceriam às margens de rios e lagos navegáveis, destinados 
ao uso público, se não pertencessem por algum título a domínio federal, municipal ou particular. 
A grande preocupação relativa à água era que essa é fonte de energia elétrica, sendo que o seu 
aproveitamento industrial de águas e de energia hidráulica, dependiam de autorização ou de 
concessão federal. As minas e demais riquezas do subsolo e quedas de águas eram consideradas 
propriedade distinta da do solo para efeito de exploração ou aproveitamento industrial. A 
Constituição de 1937 manteve o mesmo tratamento dado pela Constituição de 1934. A Constituição 
de 1946 apenas incluiu entre os bens de domínio dos Estados, os lagos e rios, em terrenos do seu 
domínio, e os que possuíssem nascente e foz no território estadual. As constituições de 1967 e 1969, 
não tiveram modificações relevantes ao tratamento das águas em relação às constituições anteriores.
Na promulgação da Constituição de 1988 foi delimitado sobre o sistema jurídico ambiental, em 
decorrência da água, recebeu uma nova regulamentação legal a fim de preservar e conservar para as 
gerações futuras, logo a constituição passou a considerar as águas como bem do Estado, inexistindo 
águas particulares ou águas municipais, considerando dessa forma todas as águas de domínio 
público (Art. 20, caput, III; art.26 caput, I: art. 176, caput. Todos da CF).
As águas subterrâneas, que anteriormente não possuíam titular definido, passaram a ser de 
domínio estadual, até mesmo com gestão compartilhada por outros estados como é o caso do 
aquífero Guarani que abrange oito estados brasileiros, porém, há divergência doutrinaria acerca 
do tema e, há aqueles que defendem a dominialidade da União nos casos em que banhem mais de 
um estado.
O Brasil é um Estado Federado e com ele existe um ordenamento jurídico válido em todo território 
nacional. Com isso, constitui-se a repartição de competências que se divide em competências 
legislativas e administrativas ou materiais. Esse sistema de divisão de competência engloba três 
níveis de diferentes estatalidades que são União, estados e municípios.
O artigo 24 da CF/1988 trata das questões referentes ao meio ambiente, sendo 
então a União responsável pela edição de normas gerais, principiológicas, e aos 
estados-membros a de normas especificas, suplementando a legislação federal.
O artigo 22, IV, da CF/1988 dispõe que a competência para legislar sobre 
as águas é privativa da União, porem como dispõe o parágrafo único do 
citado artigo, lei complementar poderá autorizar os estados a legislar sobre 
questões especificas.
26
UNIDADE I │ CAMPO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS
No entanto, há uma contradição aparente no artigo 24, IV, que atribui a competência concorrente a 
União, estados e Distrito Federal no que compete legislar sobre meio ambiente, e como a água é um 
recurso natural inclui-se nesse inciso. Essa contradição ocorre pelo fato de a competência privativa 
da União ir de encontro à competência dos estados de estabelecer regras administrativas sobre os 
bens de seu domínio.
Na realidade, o que se deseja é vedar a criação de direito sobre águas, que é de competência privativa 
da União, considerando a melhor interpretação a extraída do artigo 24, ao ver que a competência 
para legislar sobre normas gerais é atribuída a União, cabendo aos estados e ao Distrito Federal 
legislar complementarmente e ao município suplementarmente, cabendo a esses legislar sobre 
assuntos de interesses locais com base no art. 30, I e II da CF/1988.
A competência de instituir um sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir 
critérios de outorga de direito de uso, é exclusivo da União (art. 21, XIX, da CF/1988).
A nossa Constituição Estadual prevê a criação de sistemas estaduais de gerenciamento de recursos 
hídricos, o artigo 171 da Constituição Estadual é um dos principais artigos referente à água, nele 
estão contidos quatro grandes princípios nagestão das águas, que são: 
 » gestão das águas através de um Sistema Estadual de Recursos Hídricos;
 » adoção da bacia hidrográfica como unidade básica de planejamento e intervenção; 
 » estabelecimento da outorga e tarifação dos recursos hídricos e (princípio do usuário 
pagador); 
 » reversão.
O princípio do usuário pagador surgiu com a necessidade de o estado ter que racionar o uso das 
águas devido à situação atual dos recursos hídricos, esse princípio agrega dois preço ao uso da água: 
um corresponde na retirada da água com intuito de frear o consumo, e o outro corresponde à tarifa 
de esgoto, também no sentido de frear seu lançamento.
O princípio da reversão que dispôs sobre a necessidade de que os recursos arrecadados pela utilização 
da água devessem ser reaplicados na própria bacia, faz com que o princípio do usuário pagador (PUP) 
seja mais eficaz, porque a sua arrecadação será utilizada para o planejamento e para as intervenções, 
estruturais ou não, da bacia da qual provieram. (art. 171, § 3o Constituição Estadual).
O Código Civil de 1916 também disciplinou alguns dos seus artigos para a água, esses artigos somente 
disciplinavam sobre o direito de utilização das águas, não se referindo diretamente ao seu domínio 
em 1934 o Governo Provisório decorrente da revolução de 30 promulgou o Decreto no 24,643, o 
chama do Código das Águas, logo as disposições referentes à água, que estavam no CC de 1916, 
foram quase todas recepcionadas no Código das Águas.
O Código das Águas foi criado devido à necessidade de regulamentar a apropriação das águas 
para fins de geração de energia elétrica. o Brasil deixava de ser um país essencialmente agrícola, a 
indústria se expandia e as águas eram tratadas como um dos elementos básicos do desenvolvimento 
por ser matéria-prima para a geração de eletricidade, subproduto essencial da industrialização.
27
CAMPO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS │ UNIDADE I
O Código abrangia vários aspectos como: aplicação de penalidades, propriedade, domínio, 
aproveitamento das águas, navegação, regras sobre as águas nocivas, força hidráulica e seu 
aproveitamento, concessões e autorizações, fiscalização, relações com o solo e sua propriedade, 
desapropriação, derivações e desobstrução.
A maioria das medidas de conservarão, proteção e recuperação necessitavam de normas reguladoras, 
essas não foram criadas, ao contrario das destinadas á exploração energética, porém décadas mais 
tarde esses instrumentos foram adotados por outras legislações brasileiras.
A principal diferença entre o CC de 1916 e o Código das Águas é que esse trata as águas como recurso 
dotado de valor econômico para a coletividade e por isso merecendo maior atenção do Estado, ao 
passo que aquele não reconhecia o real valor econômico da água sendo sua regulamentação voltada 
basicamente para o direito de vizinhança.
Embora o Código das Águas seja um texto antigo, apresenta partes ainda vigentes, embora tenha 
sido modificado por leis posteriores.
A Lei no 4.771/1965 que instituiu o Código florestal, que determinou a 
preservação das florestas e demais formas de vegetação situada ao longo 
dos rios, cursos d’águas, nascentes, lagos, lagoas ou reservatórios e assim 
protegendo de forma reflexa a vazão e a qualidade da água.
A Lei no 5.138/1967 estabeleceu sobre a Política de Saneamento básico, tratando 
especificamente sobre o sistema de esgota e de drenagem de águas pluviais.
A Lei no 6.662/1979 estabeleceu sobre a Política Nacional de Irrigação com o 
intuito de controlar a utilização da água usada na irrigação, dentre outras.
A Lei no 6.938, que veio a instituir a política Nacional do Meio Ambiente, 
e posteriormente alterada pela lei no 7.804, que se tornou umas das 
regulamentações ambientais brasileiras mais importante, trazendo consigo o 
início do pensamento holístico.
Com a instituição desta lei foi implantado o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SINAMA), que tem 
como órgão superior o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), ao qual compete, entre 
outras atribuições “estabelecer normas e critérios e padrões relativos ao controle e a manutenção 
da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, principalmente 
os hídricos”.
A lei no 7347/1985 foi a que criou o instrumento processual adequado para reprimir ou impedir 
danos ao meio ambiente, além de outros interesses difusos e coletivos da sociedade.
Em 8/1/1997 entrou em vigor a Lei Federal no 9.433/1997, a “Lei das Águas” criada para instituir 
a Política Nacional de Recursos Hídricos e criar o Sistema Nacional de Gerenciamento de 
Recursos Hídricos. 
Seus artigos tratam sobre a política nacional de recursos hídricos, seus fundamentos, objetivos, 
diretrizes de ação e instrumentos, dando principal ênfase à outorga e a possível cobrança pelo uso 
28
UNIDADE I │ CAMPO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS
desse recurso, também especifica os órgãos que irão compor o Sistema Nacional de Gerenciamento 
de Recursos Hídricos.
A Lei Federal no 9.433, de 8/1/1997, institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o 
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da 
Constituição Federal e dá outras providências.
Trata-se de uma lei atual, avançada e importante para a ordenação territorial, em seu sentido 
mais amplo, caracterizada por uma descentralização de ações, contra uma concentração de poder, 
claramente ressaltados no texto da referida lei, que proclama os princípios básicos praticados hoje 
em todos os países que avançaram na gestão de seus recursos hídricos, quais sejam.
 » adoção da bacia hidrográfica como unidade de planejamento;
 » usos múltiplos da água;
 » reconhecimento da água como um bem finito e vulnerável; 
 » gestão descentralizada e participativa.
Ainda são aspectos relevantes da Lei no 9.433/1997 os cinco instrumentos essenciais à boa gestão 
do uso da água.
 » Plano Nacional de Recursos Hídricos, que é o documento programático para o 
setor. Trata-se de um trabalho extenuante não só de atualização e consolidação dos 
chamados Planos Diretores de Recursos Hídricos, que são elaborados por bacia (ou 
conjunto de bacias) hidrográfica.
 » Outorga de direito de uso dos recursos hídricos, que é um instrumento pelo qual 
o usuário recebe autorização, concessão ou permissão para fazer uso da água. 
Constitui o elemento central do controle para o uso racional dos recursos hídricos, 
o que induz o usuário a uma disciplina desse uso.
 » Cobrança pelo uso da água, essencial para criar as condições de equilíbrio entre 
as forças da oferta (disponibilidade de água) e da demanda, promovendo, em 
consequência, a harmonia entre os usuários competidores.
 » Enquadramento dos corpos de água em classes de uso, que permite fazer a ligação 
entre a gestão da quantidade e a gestão da qualidade da água. É extremamente 
importante para se estabelecer um sistema de vigilância sobre os níveis de qualidade 
da água dos mananciais.
 » Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos, encarregado de coletar, 
organizar, criticar e difundir a base de dados relativa aos recursos hídricos, seus 
usos, o balanço hídrico de cada manancial e de cada bacia, provendo gestores, 
usuários, sociedade civil com as condições necessárias ao processo decisório.
Em relação ao arranjo institucional, os organismos criados pelo novo sistema são:
 » o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, órgão mais elevado da hierarquia 
do Sistema Nacional de Recursos Hídricos em termos administrativos, a quem 
29
CAMPO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS │ UNIDADE I
cabe decidir sobre as grandes questões do setor, além de dirimir as contendas de 
maior vulto;
 » os comitês de bacias hidrográficas, tipo de organização inteiramente novo na 
administração dos bens públicos do Brasil, contando com a participação dos usuários, 
prefeituras, sociedade civil organizada, demais níveis de governo (estaduais e federal), 
e destinados a agir como fórum de decisão no âmbitode cada bacia hidrográfica;
 » as agências de água, também um tipo de organismo inteiramente novo, destinado a 
gerir os recursos oriundos da cobrança pelo uso da água;
 » as organizações civis de recursos hídricos, que são entidades atuantes no setor de 
planejamento e gestão do uso dos recursos hídricos e que podem ter destacada 
participação no processo decisório e de monitoramento das ações.
30
CAPÍtuLo 4
Plano nacional de recursos hídricos
Lei no 9.433/1997
A Lei n.o 9.433/1997 institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de 
Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH), estabelecendo os instrumentos da Política, entre 
os quais os Planos de Recursos Hídricos, definidos como planos diretores que visam a fundamentar 
e orientar a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e o Gerenciamento dos 
recursos hídricos (art. 6o), devendo ser elaborados por bacia hidrográfica (Plano de Bacia), por 
estado (Planos Estaduais) e para o País (Plano Nacional), conforme o art. 8o da referida lei.
O Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) configura-se como um planejamento estratégico 
para o período de 2005-2020, que estabelece diretrizes, programas e metas, pactuados socialmente 
por meio de um amplo processo de discussão, que visam assegurar às atuais e futuras gerações 
a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos, 
com base no manejo integrado dos recursos hídricos. Por meio de suas proposições, o PNRH 
orienta a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos bem como o Gerenciamento 
dos Recursos Hídricos no País, apontando os caminhos para o uso da água no Brasil. Dada à 
natureza do PNRH, coube à SRH, como órgão coordenador e formulador da Política Nacional 
de Recursos Hídricos, a coordenação para a sua elaboração (Decreto no 4.755, de 20 de junho 
de 2003).
O Plano se encontra inserido no PPA 2004-2007 e configura-se como uma das prioridades do 
Ministério do Meio Ambiente e do Governo Federal. Cabe ressaltar o caráter continuado que deve 
ser conferido a esse Plano Nacional de Recursos Hídricos, incorporando o progresso ocorrido e as 
novas perspectivas e decisões que se apresentarem. Nesse aspecto, o próprio PNRH já estabelece a 
31
CAMPO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS │ UNIDADE I
necessidade de suas revisões, e a resolução de aprovação do Plano (CNRH no 58, de 30 de janeiro de 
2006) define essa periodicidade. 
Com a atribuição de acompanhar, analisar e emitir parecer sobre o Plano Nacional de Recursos 
Hídricos foi criada, no âmbito do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, a Câmara Técnica 
do PNRH (CT-PNRH/CNRH), por meio da Resolução CNRH no 4, de 10 de junho de 1999. 
Para prover a necessária função executiva de elaboração do PNRH, a CTPNRH/CNRH criou o 
Grupo Técnico de Coordenação e Elaboração do Plano (GTCE/PNRH), composto pela Secretaria 
de Recursos Hídricos (SRH/MMA) e pela Agência Nacional de Águas (ANA). O GTCE/PNRH 
configura-se, portanto, como o Núcleo Executor do PNRH, assumindo a função de suporte à sua 
execução técnica.
A base físico-territorial utilizada pelo PNRH segue as diretrizes estabelecidas pela Resolução CNRH 
no 30, de 11 de dezembro de 2002, e adota como recorte geográfico para seu nível 1, a Divisão 
Hidrográfica Nacional, estabelecida pela Resolução CNRH no 32, de 15 de outubro de 2003, que 
define 12 regiões hidrográficas para o País.
O processo de sua elaboração adotou uma vertente regional e outra nacional. A vertente regional 
foi desenvolvida no âmbito das 12 Regiões Hidrográficas, com o apoio das Comissões Executivas 
Regionais (CERs), tendo sido realizadas reuniões e seminários nas regiões e 27 Encontros 
Públicos Estaduais. A vertente nacional apoiou-se em Oficinas e Seminários Nacionais, dentre 
a oficina do segmento usuários, na qual esteve inserida a discussão sobre o saneamento e suas 
interfaces com os recursos hídricos. O processo de elaboração do PNRH baseou-se, portanto, 
num conjunto de discussões e informações técnicas, que amparam o processo de articulação 
política, proporcionando a consolidação e a difusão do conhecimento existente nas diversas 
organizações que atuam no Sistema Nacional e nos Sistemas Estaduais de Gerenciamento de 
Recursos Hídricos.
Legislação estadual de recursos hídricos
Vários estados, tendo em vista o fato de serem detentores de domínio sobre as águas, aprovaram suas 
respectivas leis de organização administrativa para o setor de recursos hídricos. Até o momento, 19 
estados já contam com leis próprias (Tabela 4).
Como não poderia deixar de ser, na implantação dos sistemas de gerenciamento têm-se constatado 
que, frequentemente, as leis não estão adequadas às condições locais, suscitando ajustes e revisões. É 
o caso, por exemplo, da Lei no 11.504, de 20/6/1994, de Minas Gerais, que mais tarde foi substituída 
pela Lei no 13.199, de 29/11/1999, contemplando a cobrança pelo uso dos recursos hídricos e a 
instituição das agências de água.
No caso do Distrito Federal, a Lei no 512, de 28/7/1993, foi substituída pela Lei no 2.725, de 13 
de junho de 2001. A nova lei distrital consagra os comitês de bacia hidrográfica como a base do 
sistema de gerenciamento dos recursos hídricos. Desse modo, ficará garantida forte participação da 
sociedade como gestora dos recursos hídricos, tal como ocorre na Lei Federal no 9.433/1997.
32
UNIDADE I │ CAMPO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS
Tabela 4. leis estaduais de Recursos Hídricos.
ESTADO
LEI SOBRE POLÍTICA E SISTEMA DE GERENCIAMENTO 
DE RECURSOS HÍDRICOS
ALAGOAS
Lei no 5.965, de 10/11/1997 – Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos, institui o Sistema Estadual de 
Gerenciamento Integrado de Recursos Integrado de Recursos Hidrícos e dá outras providências.
BAHIA
Lei no 6.855, de 12/5/1995 – Dispõe sobre a Política, o Gerenciamento e o Plano Estadual de Recursos Hídricos e 
dá outras providências.
CEARÁ
Lei no 11.996, de 24/7/1992 – Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos, institui o Sistema Integrado de 
Gestão de Recursos Hídrícos (SIGERH) e dá outras providências.
DISTRITO FEDERAL
Lei no 512, de 28/7/1993 – Dispõe sobre a Política de Recursos Hídricos no Distrito Federal, institui o Sistema de 
Gerenciamento integrado de Recursos Hídricos (SGIRH-DF), e dá outras providências.
Lei no 2.725 de 13 de junho de 2001 – Institui a Política de Recursos Hídricos do Distrito Federal, cria o Sistema de 
Gerenciamento de Recursos Hídricos do Distrito Federal e dá outras providências.
ESPÍRITO SANTO
Lei no 5.818, de 30/12/1998 – Dispõe sobre a Política estadual de Recursos Hídricos, institui o Sistema Integrado 
de Gerenciamento e Monitoramento do Recursos Hídricos, do Estado do Espírito Santo (SIGERH-ES), e dá outras 
providências.
GOIÁS Lei no 13.123, de 16/7/1997 – Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos e dá outras providências.
MARANHÃO
Lei no 7.052, de 22/12/1997 – Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos, institui o Sistema 
Gerenciamento Integrado de Recursos Hídricos e dá outras providências.
MATO GROSSO
Lei no 6.945, de 5/11/1997 – Dispõe sobre a Política Estadual de Recuroso Hídricos, institui o Sistema Estadual de 
Recursos Hídricos e dá outras providências.
MINAS GERAIS Lei no 13.199, de 29/1/1999 – Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos e dá outras providências.
PARAÍBA Lei no 6.308, de 2/7/1996 – Institui a Política Estadual de Recursos Hídricos, suas diretrizes e dá outras providências.
PARANÁ
Lei no 12.726, de 26/111999 – Institui a Política Estadual de Recursos Hídricos, cria o Sistema Estadual de 
Gerênciamento de Recursos Hídricos e dá outras providências.
PERNAMBUCO
Lei no 11.426, de 17/1/1997 – Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos e o Plano Estadual de 
Recursos Hídricos, institui o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos e dá outras providências. 
PIAUÍ
Lei no 5.615, de 17/8/2000 – Dispõe sobre a PolíticaEstadual de Recursos Hídricos, institui o Sistema Estadual de 
Gerenciamento de Recursos Hídricos e dá outras providências.
RIO DE JANEIRO
Lei no 3.239, de 2/8/1999 – Institui a Política Estadual de Recursos Hídricos, cria o Sistema Estadual de 
Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta a Constituição Estadual em seu artigo 261, §1o, inciso VII, e dá 
outras providências. 
RIO GRANDE DO NORTE
Lei no 6.908, de 1/7/1996 – Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos, institui o Sistema Integrado de 
Gestão de Recursos Hídricos (SIGERH) e dá outras providências.
RIO GRANDE DO SUL
Lei no 10.350, de 30/12/1994 – Institui o Sistema Estadual de Recursos Hídricos, regulamentando o artigo 171 da 
Constituição do Estado do Rio Grande do Sul.
SANTA CATARINA Lei no 9.748, de 30/11/1994 – Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos e dá outras providências.
SÃO PAULO
Lei no 7.663, de 30/12/1991 – Estabelece normas e orientação à Política Estadual de Recursos Hídricos bem como 
ao Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
SERGIPE
Lei no 3.870, de 25/9/1997 – Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídicos, e institui o Sistema Integrado de 
Gerenciamento de Recuros Hidricos e dá outras providências.
O Decreto Federal no 5.440, de 4 de maio de 2005, estabeleceu a obrigatoriedade 
para os municípios apresentarem, juntamente com a conta d’água, os resultados 
de análises físicas, químicas e biológicas. Uma forma de impelir os municípios a 
tomarem medidas para o monitoramento das águas e avaliação de sua qualidade.
Verifique se no seu estado essas medidas já estão sendo implementadas!. 
33
CAMPO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS │ UNIDADE I
Agência nacional de Águas (AnA)
Criada a partir da Lei no 9.984, de 2000, a Agência Nacional de Águas (ANA) é uma agência 
executiva e regulatória, uma autarquia em regime especial dotada de autonomia gerencial e 
financeira, estabilidade de quadros dirigentes e independência decisória (como órgão permanente 
de Estado).
A ANA foi criada para impulsionar a Política Nacional dos Recursos Hídricos, surgindo como 
resposta institucional ao reconhecimento da complexidade e dificuldades inerentes à implementação 
do SINGREH que, apesar do marco legal favorável, não gerou em a priori, a resposta esperada 
por parte da sociedade e atores envolvidos. Assim, procurou-se, com a criação da ANA, dar maior 
dinâmica aos Comitês de Bacia e apoiar a efetiva implementação do novo conjunto de instrumentos 
de gestão disponível a partir da nova política para os recursos hídricos.
As competências básicas da ANA são as seguintes. 
 » Encargos indelegáveis de emissão de outorgas de direitos de uso da água. 
 » Fiscalização dos usos e usuários de recursos hídricos. 
 » Cobrança pelo uso da água, podendo delegar tarefas operacionais às agências de 
água de bacias hidrográficas.
Visite <http://www.ana.gov.br/bibliotecavirtual/>, nesse site é possível encontrar 
todo conteúdo discutido neste material.
Comitês de bacia hidrográfica
Os Comitês de Bacia são instâncias deliberativas regionais, instaladas nas unidades de planejamento 
e gestão (as bacias hidrográficas); funcionam como espaço de articulação entre as diversas partes 
interessadas no uso e proteção dos recursos hídricos locais. Os Comitês podem ter um total de 
membros variável, desde que respeitada a proporcionalidade entre os setores.
 » Até 40% de representantes dos Poderes Públicos.
 » Até 40% de representantes de setores usuários das águas.
 » Pelos menos 20% de representantes da sociedade civil.
34
UNIDADE I │ CAMPO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS
As competências básicas do Comitê são as seguintes.
 » Arbitrar conflitos de uso de recursos hídricos.
 » Aprovar e acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da bacia 
hidrográfica. 
 » Propor aos Conselhos Nacional e Estadual os usos insignificantes a serem isentos da 
obrigatoriedade de outorga pelo direito de uso da água. 
 » Propor valores e estabelecer mecanismos para a cobrança pelo uso da água.
Agências de água de bacias hidrográficas
São instâncias executivas responsáveis pela implementação das decisões dos respectivos Comitês de 
Bacia. Apresentam perfil variável, segundo diferentes alternativas institucionais atualmente em curso.
 » Empresa pública de economia mista (modelo adotado no Estado do Ceará).
 » Autarquia pública regional (Estado do Rio Grande do Sul).
 » Fundação de direito privado (Estado de São Paulo).
 » Além disso, podem ser com os seguintes perfis.
 » Organização Social autônoma (OS), entidades civis de direito privado, com maior 
flexibilidade gerencial e operacional.
 » Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), entidades de direito 
privado, passíveis de credenciamento frente ao setor público para a oferta de 
serviços não exclusivos.
Suas competências básicas incluem as seguintes. 
 » Atuar como secretaria executiva do respectivo comitê. 
 » Manter cadastro de usuários e balanço atualizado das disponibilidades hídricas.
 » Efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso da água. 
 » Elaborar o Plano de Recursos Hídricos, para aprovação do respectivo comitê de bacia. 
 » Promover estudos e analisar planos, projetos e obras a serem financiados à conta da 
cobrança pelo uso da água.
instrumentos de gestão
Além da estrutura institucional, a Política Nacional e Recursos Hídricos estabelece um conjunto de 
cinco instrumentos principais de gestão, desenhados para dotar as agências do sistema e demais 
interessados dos meios efetivos para se atingir as metas propostas. 
35
CAMPO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS │ UNIDADE I
 » Os planos de recursos hídricos, formulados em três níveis - para o País (Plano 
Nacional), para as Unidades da Federação (Planos Estaduais) e para as bacias 
hidrográficas.
 » O enquadramento dos corpos d’água em classes segundo os seus usos preponderantes, 
sinalizando objetivos de qualidade a serem alcançados quando da implantação dos 
planos de bacia.
 » A outorga pelo direito de uso da água, como instrumento de regulação pública 
(estatal) de uso, tornada compatível com os objetivos socialmente estabelecidos nos 
planos e respectivos enquadramentos. 
 » A cobrança pelo direito de uso de recursos hídricos, sinalizando que a água tem 
valor econômico e que sua disponibilidade corresponde a um preço social (público).
 » Um sistema de informações sobre recursos hídricos, onde estão reunidos, consistidos 
e disponíveis dados de oferta (disponibilidades), de demandas (cadastros de 
usuários) e sistemas de apoio à decisão.
36
unidAdE ii
inStruMEntoS 
dE gEStão dE 
rECurSoS HÍdriCoS
CAPÍtuLo 1
os planos de recursos hídricos
A Lei Nacional no 9.433/1997, em seu artigo 5o, define os instrumentos legais para operacionalizar, 
de forma eficaz, as ações necessárias à gestão integrada dos recursos hídricos, tendo como referência 
os fundamentos e os objetivos da Política Nacional bem como as diretrizes gerais de ação para sua 
implementação, já abordadas nos itens anteriores.
Por seu turno, a Lei Federal no 9.984/2000, que dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas 
(ANA), estabelece, em seu art. 4o, inciso II, que cabe à ANA “disciplinar, em caráter normativo, a 
implementação, a operacionalização, o controle e a avaliação dos instrumentos da Política Nacional 
de Recursos Hídricos”.
O conjunto de instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos inclui os planos de recursos 
hídricos para o país (Plano Nacional), para as Unidades da Federação (Planos Estaduais) e para as bacias 
hidrográficas; o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo seus usos preponderantes; a 
outorga de direitos de uso dos recursos hídricos; a cobrança pelo uso de recursos hídricos; o Sistema de 
Informação sobre Recursos Hídricos; e a compensação a municípios, cujas disposições foram vetadas 
no texto da Lei Federal, mas continua a figurar como instrumento da Política Nacional de Recursos 
Hídricos, posto queo inciso V, do art. 5o da Lei no 9.433/1997 não foi vetado.
Os planos de recursos hídricos são o primeiro instrumento mencionado pela Política Nacional de 
Recursos Hídricos. De acordo com o disposto no art. 6o da Lei no 9.433/1997, são planos diretores 
que visam a fundamentar e a orientar a implementação da política e o gerenciamento dos recursos 
hídricos. O art. 7o determina que os planos de recursos hídricos contemplem perspectivas de longo 
prazo, com horizonte de planejamento compatível com o período de implantação de seus programas 
e projetos e também o seguinte conteúdo mínimo:
I. diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos;
II. análise de alternativas de crescimento demográfico, de evolução de atividades 
produtivas e de modificações dos padrões de ocupação do solo;
III. balanço de disponibilidades e demandas futuras dos recursos hídricos, em 
quantidade e qualidade, com identificação de conflitos potenciais;
37
CAMPO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS │ UNIDADE I
IV. metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da qualidade 
dos recursos hídricos disponíveis;
V. medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetos a serem 
implantados para atendimento das metas previstas;
VI. prioridades para outorga de direitos de uso de recursos hídricos;
VII. diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
VIII. propostas para a criação de áreas sujeitas a restrições de uso com vistas à proteção 
dos recursos hídricos.
Além das definições expressas na Lei no 9.433/1997, no âmbito da União incluem-se, no marco legal 
regente do planejamento dos recursos hídricos, as Resoluções no 17, de 29 de maio de 2001, e no 22, 
de 24 de maio de 2002, emanadas do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH). A primeira 
estabelece as diretrizes para os planos de recursos hídricos de bacia hidrográfica, detalhando os 
tópicos recomendados para seu conteúdo mínimo. 
A segunda contempla diretrizes para inserção dos estudos sobre águas subterrâneas nos planos 
de recursos hídricos, considerando a temática dos múltiplos usos dessas águas, as peculiaridades 
dos aquíferos e os aspectos relacionados à sua qualidade e quantidade. No que diz respeito às 
responsabilidades pela execução e pela elaboração dos planos de recursos hídricos, o Decreto no 
4.755, de 20 de junho de 2003 estabelece as competências da Secretaria de Recursos Hídricos do 
Ministério do Meio Ambiente, dentre as quais se destacam “coordenar a elaboração e auxiliar no 
acompanhamento da implementação do Plano Nacional de Recursos Hídricos”. Por seu turno, 
a competência legal da ANA quanto à implantação, ao monitoramento e à avaliação do Plano 
Nacional de Recursos Hídricos é estabelecida pela Lei Federal no 9.984/2000, em seu art. 4o, 
inciso XVIII, a saber:
XVIII – participar da elaboração do Plano Nacional de Recursos Hídricos e 
supervisionar sua implementação.
38
CAPÍtuLo 2
o enquadramento dos corpos de água
O enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água, também 
é um instrumento de planejamento, que visa a estabelecer as metas de qualidade a serem atendidas 
em determinado espaço temporal. Em outras palavras, cada classe de qualidade dos corpos hídricos 
correspondem às necessidades e os usos potenciais definidos pela sociedade, que devem ser 
assegurados mediante a implementação dos planos de bacia.
Esse instrumento vem sendo utilizado no Brasil desde a década de 1980, sob o amparo legal da 
Portaria MINTER no 13/1976. Posteriormente, desde 1986, o Conselho Nacional de Meio Ambiente 
(CONAMA), por intermédio da sua Resolução no 20 (atual Resolução no 357/2005), identificou 
as classes de uso nas quais os corpos d’água poderiam ser enquadrados, com os correspondentes 
parâmetros de qualidade. Com o advento da Lei no 9.433/1997, que possui entre seus objetivos 
“assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água em padrões de 
qualidade adequados aos respectivos usos”, este instrumento foi incorporado à Política Nacional 
de Recursos Hídricos. Segundo o art. 9o, o enquadramento objetiva assegurar às águas qualidade 
compatível com os usos mais exigentes a que forem destinadas e diminuir os custos de combate à 
poluição, mediante ações preventivas.
A Resolução CNRH no 12/2000 estabelece os procedimentos para o enquadramento dos corpos 
de água em classes segundo os usos preponderantes. De acordo com o art. 4o dessa resolução, o 
enquadramento deverá ser desenvolvido “em conformidade com o Plano de Recursos Hídricos da 
bacia e os Planos de Recursos Hídricos Estadual ou Distrital, Regional e Nacional e, se não existirem 
ou forem insuficientes, com base em estudos específicos propostos e aprovados pelas respectivas 
instituições competentes do sistema de gerenciamento dos recursos hídricos”.
Como instrumento de gestão de recursos hídricos, o enquadramento representa um elemento de 
articulação e integração da gestão ambiental com a das águas, o que encontra respaldo no art. 10 
da Lei no 9.433/1997, a saber: “as classes de corpos de água serão estabelecidas pela legislação 
ambiental”. Portanto, sua implementação exige a articulação das instituições de gerenciamento e dos 
colegiados de ambos os sistemas: o SINGREH e o SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente).
De acordo com a Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos, o enquadramento deve ser 
estabelecido pelo CNRH ou Conselhos Estaduais, mediante proposta apresentada pela Agência de 
Bacia Hidrográfica ao respectivo Comitê. Por seu turno, a Resolução CNRH no 12/2000, em seu 
art. 8o, determina a observância dos seguintes procedimentos na etapa de aprovação da proposta de 
enquadramento e respectivos atos jurídicos:
§ 1o – As alternativas de enquadramento, bem como os seus benefícios 
socioeconômicos e ambientais, os custos e os prazos decorrentes, serão 
divulgadas de maneira ampla e apresentadas na forma de audiências públicas, 
convocadas com esta finalidade pelo Comitê de Bacia Hidrográfica.
39
CAMPO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS │ UNIDADE I
§ 2o – A seleção de alternativa de enquadramento será efetuada pelo Comitê 
de Bacia Hidrográfica, que a submeterá ao Conselho Nacional de Recursos 
Hídricos ou ao respectivo Conselho Estadual ou Distrital de Recursos Hídricos, 
de acordo com a esfera de competência.
§ 3o – O Conselho Nacional ou o respectivo Conselho Estadual ou Distrital de 
Recursos Hídricos, em consonância com as Resoluções do Conselho Nacional 
de Meio Ambiente, aprovará o enquadramento dos corpos de água, de acordo 
com a alternativa selecionada pelo Comitê de Bacia Hidrográfica, por meio 
de Resolução. 
O art. 9o da mencionada resolução define a competência dos órgãos gestores de recursos hídricos e 
dos de controle ambiental sobre as atividades de monitoramento, controle e fiscalização dos corpos 
hídricos, além da avaliação do atendimento às metas previstas pelo enquadramento.
Em 2005, a Resolução CONAMA no 20/1986 foi revisada, resultando na Resolução CONAMA no 
357/2005, que estabeleceu, para o território brasileiro, 11 classes de usos preponderantes, cinco para 
águas doces, três para salobras e três para salinas. Na sequência, apresenta-se uma sistematização 
das classes de qualidade para as águas doces e o uso a que se destinam, tendo em vista que “as águas 
de melhor qualidade podem ser aproveitadas em uso menos exigente, desde que este não prejudique 
a qualidade da água, atendidos outros requisitos pertinentes”, conforme o parágrafo único do art. 3o 
da Resolução CONAMA no 357/2005.
Alguns avanços significativos podem ser registrados com a edição dessa nova Resolução CONAMA 
no 357/2005, como a revisão e a adequação dos limites de vários parâmetros, principalmente 
levando-se em conta o aprimoramento das técnicas de monitoramento e dos equipamentos 
laboratoriais. Diferentemente da anterior, a resolução vigente define que enquanto não forem 
aprovados os enquadramentos, as águas doces serão consideradascomo classe 2, as salinas e as 
salobras, classe 1, exceto se as condições de qualidade atuais forem melhores, determinando a 
aplicação da classe mais rigorosa. 
40
UNIDADE I │ CAMPO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS
figura 8. Classes de uso - COnAMA.
Além disso, a resolução vigente é específica ao contemplar a classificação e as diretrizes ambientais 
somente para o enquadramento das águas superficiais (art. 1o), enquanto a anterior, embora mais 
utilizada para as águas superficiais, se destinava ao estabelecimento de níveis de qualidade para as 
águas doces, salobras e salinas e à determinação dos usos compatíveis a esses níveis, sem especificar 
se para corpos de águas superficiais ou subterrâneos.
41
CAPÍtuLo 3
A outorga dos direitos de uso de 
recursos hídricos
O art. 21, inciso XIX, da Constituição Federal determinou ser de competência da União a instituição 
do SINGREH e a definição dos critérios de outorga de direitos de uso de recursos hídricos. A Lei 
Nacional no 9.433/1997 regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal e estabelece 
que a outorga se constitui como um instrumento que tem como objetivos assegurar o controle 
quantitativo e qualitativo dos usos da água, superficiais ou subterrâneas, e o efetivo exercício dos 
direitos de acesso à água (art. 11). Segundo Kelman, a outorga visa a dar garantia ao usuário outorgado 
quanto à disponibilidade de água como insumo básico do processo produtivo, destacando, ainda, 
que a outorga tem valor econômico para o outorgado, uma vez que oferece garantia de acesso a um 
bem limitado.
Estão sujeitos à outorga os seguintes usos (Lei no 9.433/1997, art.12):
I - derivação e captação de parcela da água existente em um corpo de água 
para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo 
produtivo;
II - extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de 
processo produtivo;
III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou 
gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição 
final;
IV - aproveitamento de potenciais hidroelétricos;
V - outros usos que alterem o regime, a quantidade e qualidade da água 
existente em um corpo de água.
O art. 12, §1o, relaciona os usos que independem de outorga, tais como aqueles destinados ao 
abastecimento de pequenos núcleos rurais, as derivações, as captações e as acumulações de água, 
como também os lançamentos de efluentes considerados insignificantes.
Já o §2o ressalta que a outorga e a utilização de recursos hídricos com a finalidade de geração 
de energia elétrica estarão subordinadas ao Plano Nacional de Recursos Hídricos, obedecida a 
legislação setorial específica. Com o intuito de preservar os usos múltiplos, a outorga dos direitos de 
uso de recursos hídricos será estabelecida conforme as prioridades definidas nos planos de recursos 
hídricos de bacias hidrográficas, de acordo com os respectivos enquadramentos, bem como, 
considerando a manutenção de condições adequadas ao transporte aquaviário, quando for o caso.
A efetivação das outorgas dar-se-á por meio de ato da autoridade competente do Poder Executivo 
Federal, dos estados ou do Distrito Federal, em função da dominialidade das águas. A competência 
42
UNIDADE II │ INSTRUMENTOS DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS
para a emissão das outorgas em águas de domínio da União é da ANA, que poderá ser delegada aos 
estados e ao Distrito Federal, nos termos do art. 14, §1o da Lei Nacional no 9.433/1997.
A outorga é, portanto, um ato administrativo pelo qual a autoridade outorgante concede ao 
outorgado o direito de uso do recurso hídrico por prazo determinado e de acordo com os termos e 
as condições expressos no ato. A outorga não implica a alienação parcial das águas, mas o simples 
direito de seu uso, podendo ser suspensa, parcial ou totalmente, nos casos expressos no art. 15 da 
Lei no 9.433/1997.
A Lei no 9.984/2000, de criação da ANA, estabeleceu que os prazos de vigência para as outorgas de 
direitos de uso da água serão fixados em vista da função, da natureza e do porte do empreendimento, 
podendo ser prorrogados, respeitando-se as prioridades estabelecidas nos planos de recursos 
hídricos. Referentes à implantação de empreendimentos, os prazos das outorgas podem ser 
ampliados em função da sua importância social e econômica, ouvido o CNRH. Quanto aos prazos 
das outorgas concedidas a concessionárias e autorizadas de serviços públicos e de geração de energia 
elétrica, essa Lei determina que deverão ser coincidentes com os respectivos prazos dos contratos de 
concessão ou ato de autorização.
A Lei no 9.984/2000 contempla, ainda, a possibilidade de emissão de outorgas preventivas de uso 
de recursos hídricos pela ANA, com a finalidade de declarar a reserva de disponibilidade hídrica, 
possibilitando o planejamento de empreendimentos com maior segurança, mas sem conferir o 
direito de uso da água. Seu prazo de validade também será fixado em função da complexidade dos 
empreendimentos, mantendo-se, entretanto, o limite máximo de três anos. 
No caso dos aproveitamentos hidroelétricos, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) deve 
buscar junto à ANA a declaração de reserva de disponibilidade hídrica, previamente à licitação 
da concessão ou à autorização do uso de potencial de energia hidráulica em corpos de água de 
domínio da União (art. 7o da Lei no 9.984/2000). Quando esse potencial se localizar em corpos 
de água de domínio estadual, a lei determina que a declaração seja obtida em articulação com a 
respectiva entidade gestora de recursos hídricos. Essa declaração tem a mesma finalidade da outorga 
preventiva, ou seja, a reserva de disponibilidade hídrica para o planejamento de empreendimentos, 
não autorizando o direito de uso. Nesse caso, a declaração será automaticamente transformada em 
outorga do direito de uso de recursos hídricos à empresa que receber da ANEEL a concessão ou a 
autorização de uso do potencial de energia hidráulica. 
O artigo 8o da lei de criação da ANA estabelece a publicidade dos pedidos de outorga em corpos de 
água de domínio da União, assim como dos atos administrativos resultantes. Diante do exposto, 
ressalta-se a interdependência da outorga com os outros instrumentos da Política Nacional de 
Recursos Hídricos. Os planos de recursos hídricos devem conter as prioridades para a outorga dos 
direitos de uso da água, enquanto o enquadramento define metas essenciais para a análise dos 
pedidos de outorga para lançamento de efluentes. 
A legislação determina que os usos de recursos hídricos a serem cobrados sejam aqueles sujeitos 
à outorga e, ademais, os valores a serem fixados para a cobrança serão diretamente relacionados a 
parâmetros relativos às outorgas. Por sua vez, a relação da outorga com o Sistema de Informações 
sobre Recursos Hídricos advém da importância que os dados e as informações que integram tal 
43
INSTRUMENTOS DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS │ UNIDADE II
Sistema têm para a análise dos pedidos de outorga que compõem o arsenal de dados sobre as 
demandas de água e as respectivas vazões outorgadas.
Além dos artigos que regem o instrumento da outorga, tanto na Lei Federal no 9.433/1997 quanto na lei 
de criação da ANA, destaca-se, dentre as atribuições do CNRH, a faculdade de definir critérios gerais 
para esse instrumento. Até sua reunião ordinária, realizada em agosto de 2006, o CNRH aprovou 63 
resoluções, sendo seis delas diretamente relacionadas ao instrumento da outorga, a saber:
Resolução CNRH no 7/2000 Esta resolução tem a finalidade de instituir a Câmara Técnica de Integração de Procedimentos, Ações de Outorga 
e Ações Reguladoras (CTPOAR) e definir suas atribuições. 
Resolução CNRH no 12/2000 Estabelece os procedimentos para o enquadramento de corpos de água em classes, segundo os usos 
preponderantes. A despeito de tratar especificamente sobre o instrumento do enquadramento está estreitamente 
articulada às questões da outorga, pelas razões já expostas.

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