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CONSTIPAÇÃO INTESTINAL Constipação é a evacuação difícil, infrequente ou aparentemente incompleta. Normalmente caracterizada por evacuações menor de 3 vezes por semana. Afeta cerca de 12% a 19% da população. É mais frequente em mulheres e tende a piorar com a idade. Pode ser causada por uma alimentação pobre em fibras, sedentarismo e polifarmácia. Os sintomas são diminuição no numero de evacuações, sensação de evacuação incompleta, fezes ressecadas, ausência de urgência para defecação e distensão, desconforto abdominal, dor ou sintomas gerais (cefaleia, náuseas, vômitos e mal estar). A motilidade intestinal ocorre através da musculatura circular concêntrica, que realiza os movimentos de contração. Isso se dá pela contração das células da musculatura lisa e de sua integração e modulação por nervos entéricos e extrínsecos e pelas células intersticiais de Cajal. O controle extrínseco da função motoro gastrointestinal consiste no efluxo parassimpático cranial e sacral. Isso ocorre através do nervo vago, que inerva o trato gastrointestinal desde o estomago até o colón direito. As células intersticiais de Cajal são células marca-passos que ativam espontaneamente e que coordenam a contração muscular e distorção do sentido. O cólon normal exibe contrações de curta duração e um tônus ou contratilidade de base. As contrações fásicas não propagadas tem função na segmentação do colon em haustros, compartimentam o cólon e facilitam a mistura, retenção de resíduos e formação das fezes sólidas. As contrações propagadas por sua vez, contribuem para os movimentos da massa fecal no cólon. Esses movimentos são estimulados pela ingestão de alimentos e ingesta de fibras. O intestino possui diversas inervações intrínsecas (SNA), que são plexos mioentérico e submucoso e independentes do SNC. Os plexos mioentéricos são responsáveis por movimentos do intestino para formar o bolo fecal. O plexo mucoso manda impulsos elétricos para reabsorver a água durante todo o trajeto. Utilizam neuropeptídeos. Já a inervação extrínseca sai ao longo da coluna cervical e tem a função de movimentar e produzir os ruídos hidroaéreos. Comunica com o SNC para controlar e regular o Ph, osmolaridade, variações de glicose, temperatura, tração, mediadores, estímulos químicos, inflamatórios e mecânicos. A motilidade gastrointestinal tem controle hormonal inespecífico liberando VIP, T3, Noradrenalina, peptídeos e neuropeptídeos. Já a secreção pós prandial de hormônios específicos, ocorrendo uma ação endócrinas e parácrinas, secretando secretina, CCK, gastrina, insulina, histamina, leplina, incretinas e serotonina. Além disso, é liberado motina, prostaglandianas, VIP e encefalinas. A constipação pode ser aguda, com menos de 4 semanas ou crônica, com mais de 12 semanas. Distúrbios da motilidade: - Trânsito normal – é uma constipação funcional e é a forma mais comum. Provoca desconforto abdominal e flatulência. Responde a dieta, fibras e hidratação. Refratária. - Trânsito Lento – ocorre mais em mulheres jovens e inicia-se na puberdade. Causa dor abdominal, flatulência, desconforto abdominal e urgência evacuatória. Inercia colonica. - Distúrbio Defecação - é a disfunção do assoalho pélvico ou do canal anal. Tem medo e dor para evacuar (fezes volumosas de grosso calibre que entopem o vaso) que pode ser justificada por fissura anal, hemorroidas e abuso físico. Ignora ou suprime a urgência evacuatória leva a quadros graves. A defecação dissinérgica - normalmente envolve o relaxamento coordenado dos músculos puborretal e do esfíncter anal externo, juntamente com o aumento da pressão intra-abdominal e a inibição da atividade de segmentação colônica. Nesse caso a defecação é ineficaz e está associada a uma falha no relaxamento ou contração inadequada dos músculos puborretal e esfíncter anal externo. A Síndrome do Intestino Irritável (SII): A ativação dos circuitos autônomos centrais induzida pelo estresse desempenha um papel importante na regulação da motilidade, secreção e modulação imunológica. Os principais sintomas são dor abdominal crônica e hábitos intestinais alterados. Os critérios de ROMA: -> 2 ou mais dos seguintes sintomas nos últimos 6 meses: - Esforço ao menos em 25% das evacuações - Fezes ressecadas ou duras ao menos em 25% das evacuações - Sensação de evacuação incompleta ao menos em 25% das evacuações - Sensação de bloqueio anorretal ao menos em 25% das evacuações - Manobra manual de facilitação das evacuações ao menos em 25% das evacuações - Distúrbios de evacuação que não preenchem os critérios de SIL. -> Fezes amolecidas presentes raramente com uso de laxativos -> Critério insuficiente para síndrome do intestino irritável. As causas da constipação: - Hábitos de Vida – fibras vegetais insuficientes, pouca ingestão de líquidos, falta de alimentação adequada, sedentarismo, negligencia ao reflexo de evacuação, viagens e hospitalizações e pouca disponibilidade de sanitários. - Fatores externos – drogas (opioides, anticolinérgicos, antidepressivos, anticonvulsivantes e antiácidos a base de alumínios) e uso abusivo de laxantes (causa hipotonia da musculatura). - Relacionados ao trato gastrointestinal – doença do cólon, alteração do plexo miontérico (doença de chagas), obstrução, estenoses, doença diverticular, megacólon e doenças anorretais (incluindo hemorroidas) - Alterações endócrinas e metabólicas – hipotireoidismo, hipocalemia, hipomagnesemia, uremia, DM e hipercalcemia. - Neurológicas – doença de Parkinson, esclerose múltipla, lesão medular, lesão de nervos parassimpáticos e neuropatia automica. - Psíquicas – depressão, anorexia nervosa, bulimia, distúrbios obsessivos e negação do ato evacuatório. SINAIS DE ALERTA - Mudança de hábitos intestinal sem justificativa - Idade > 50 anos - Perda ponderal - Anemia - Sangramento - Antecedente de retocolite ulcerativa - Antecedente familiar de neoplasia ou doença inflamatória intestinal COMPLICAÇÕES - Obstrução - Perfuração colônica - Diverticulose - Diarreia paradoxal No exame físico deve observar se há dor abdominal se há distensão abdominal, meteorismo, borborigmos e flatulência, presença de fezes palpáveis em cólon descendente, presença de massas, anormalidades anorretais e toque retal. Os exames que podem ser realizados são: - Cálcio, potássio, TSH, hemograma, colonoscopia, manometria com teste de expulsão de balão, defecografia, radiografias para estudo de trânsito ou estudos cintiográficos. O tratamento consiste em: - Redução do estresse - Correção do erro alimentar - Aumentar a ingestão de água e líquidos - Suplementação de fibras - Atividade física - Mudança comportamental (criar ritmo, regularidade, persistência) - Terapia cognitivo-comportamental - Exclusão de doença orgânica - Adequação de medicamentos se possível - Cirurgia - Medicamentos – incremento de fibras, laxantes osmóticos, laxantes estimulantes e laxantes procinéticos
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