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MSV1 08/06/2016 RT4 Nome: Bárbara Corrêa Castanheira Jéssica Delgado Pimentel Tema: Trinca à quente por solidificação INTRODUÇÃO Os aços estruturais de baixo carbono tem a sua resistência a corrosão melhorada devido a adição de baixos teores de elementos de liga como Si, P, Cu, Cr e Mo. Estudos revelam que o uso do fósforo pode ser benéfico à resistência a corrosão quando em teores 0,06% se usado em conjunto com o Cu em teores 0,03% sem alterar as propriedades mecânicas do material. Da mesma forma, o Si também melhora a resistência a corrosão na presença de Cr, Cu e Si. A fissuração na solidificação, um tipo de trinca à quente, que pode ocorrer no metal de solda em altas temperaturas, próximo a temperatura solidus, decorrente da presença do filme líquido com impurezas que permanecem entre as dendritas ao final da solidificação. A formação da trinca está associada a fatores mecânicos e metalúrgicos presentes na tabela abaixo. Tabela 1. Fatores que influenciam a trinca à quente. Fatores Mecânicos Fatores Metalúrgicos Tamanho e espessura do material Presença e distribuição de filmes líquidos nos contornos de grão durante o final da solidificação Projeto da junta Tamanho e forma da poça de fusão A tendência de formação de trincas à quente é verificada pelo teste de soldabilidade Varestraint, o qual avalia tanto a soldabilidade do metal base quanto a influência das variáveis do processo de soldagem sobre o trincamento à quente. A figura abaixo representa a execução do ensaio. Apesar de ser um ensaio qualitativo, o número de trincas e seus respectivos comprimentos totais, ou comprimento máximo de trinca são parâmetros usados para uma avaliação quantitativa. Figura 1. Ensaio de Varestraint. O Índice de Sensibilidade à Fissuração (ISF) e Hot Cracking Sensitivity (HCS) são fórmulas utilizadas para avaliação quantitativa da influência da composição química do metal de solda na sensibilidade à fissuração. ISF =230%C + 190%S + 75%P +45% Nb - 12,3%Si - 5,4%Mn - 1 HCS = %C [%S + P + (%Si/25) + (%Ni/100 )] x 10 3 / [3%Mn + %Cr + %Mo + %V] Portanto, nesse artigo é estudado a tendência de formação de trincas de solidificação nos novos aços com adições de P e Si, segundo o ensaio de Varestraint, e também a adequeação dos consumíveis usuais. MATERIAIS E MÉTODOS Nas Tabelas 2 e 3 são apresentadas a composição química dos metais base e a composição especificada dos consumíveis utilizados. Tabela 2. Valores típicos da composição química dos metais de adição (% peso). Classificação do consumível Elementos (%) C Si Mn Cr Ni Cu F55A5-ECW-W 0,06 0,40 1,00 0,55 0,65 0,70 F48AZ-EL12 0,05 0,90 1,45 - - 0,10 Tabela 3. Composição química dos aços (% em peso). AÇOS Elementos (%) C Mn Si P S Cu Cr Ni Al USI-SAC-350 0,10 1,09 1,10 0,046 0,005 0,09 0,20 0,01 0,021 ASTM A709 345W 0,18 1,29 0,25 0,016 0,005 0,26 0,51 0,19 0,014 A avaliação da tendência à fissuração na solidificação dos metais base e das soldas foi realizada utilizando o ensaio Varestraint. Para este ensaio, foi utilizado o processo de soldagem TIG com uma fonte Digitec 600 e os seguintes parâmetros: • Corrente: 150 A • Comprimento do arco: 2,5mm • Velocidade de soldagem: 20 cm/min. • Vazão de gás: 12l/min. • Gás de proteção: Argônio (10 l/min) Para o metal base foram testados 8 (oito) corpos de prova de cada aço em 3 (três) matrizes diferentes, correspondentes às deformações de 2,5; 3 e 4%. Os corpos de prova foram usinados a partir de uma chapa de 12,7mm de espessura e a dimensão final dos mesmos foi de comprimento igual a 185mm, largura de 50mm e espessura de 4mm. Os corpos de prova foram retirados do centro da chapa para maximizar o efeito da segregação. Para o metal de solda foram testados 5 (cinco) corpos de prova de cada solda e foi utilizada apenas a matriz de deformação de 4%. Foram medidos o comprimento total das trincas, o número de trincas e o máximo comprimento de trinca. Os corpos de prova soldados para o ensaio Varestraint foram obtidos pela deposição de 2 passes sobre chapa do metal base com arco submerso, sendo obtidos 4 (quatro) grupos de soldas identificadas como apresentado abaixo: • Solda A10.61 - Aço ASTM A 709 com consumível F55A5-ECW-W • Solda A10.81 - Aço ASTM A 709 com consumível F48AZ- EL 12 • Solda S10.61 - Aço USI SAC 350 com consumível F55A5-ECW-W • Solda S10.81 - Aço USI SAC 350 com consumível F48AZ- EL 12 Os parâmetros de soldagem usados foram: • Corrente: 550A • Velocidade de soldagem: 40cm/min. • Tensão: 30V • Diâmetro do arame: 3,2mm Estas condições de soldagem resultaram em uma diluição média de 57% nas soldas. Os corpos de prova para o ensaio Varestraint da solda foram usinados com as mesmas dimensões indicadas anteriormente, sendo retirados do lado da chapa contendo a solda. Foi feita ainda a caracterização metalográfica e a análise química das soldas. RESULTADOS E DISCUSSÕES A análise metalográfica revelou na zona fundida a presença de ferrita primária de contorno de grão, ferrita com segunda fase e ferrita acicular, conforme o esperado segundo a soldagem utilizada. Em comparação dos aços ASTM A709 e USI-SAC-350, com os mesmos consumíveis F55A5- ECW-W e F48AZ-EL12 para cada aço, houve uma redução no teor de carbono e um aumento no toer de Si e P na solda, como pode ser observado na tabela abaixo. Tabela 4. Composição química das soldas. Solda Elementos (%) C Si Mn Cr Ni Cu P S A10.61 0,09 0,20 1,09 0,51 0,42 0,42 0,021 0,008 S10.61 0,06 0,59 1,10 0,38 0,34 0,38 0,032 0,008 A10.81 0,11 0,67 1,34 0,29 0,13 0,23 0,024 0,008 S10.81 0,07 1,17 1,37 0,13 0,02 0,12 0,039 0,007 Observa-se nas figuras abaixo o aspecto das trincas obido pelo MEV. Assim, foi possível observar o caracter dendrítico, típico de trincas de solidificação. Em contrapartida, através do EDS não foi possível detectar os teores de P ou S, talvez por ser maior que a capacidade do equipamento. Figura 2 USI-SAC-350 500X Figura 3 ASTM A 709 500X No ensaio de Varestraint notou-se um aumento maior no comprimento total das trincas e uma menor maior trinca para o aço USI-SAC-350 em relação ao aço ASTM A709 conforme figura abaixo. Figura 4. Resultados do Ensaio de Varestraint Metal Base Relacionando os resultados obtidos com o ensaio de Varestraint e o ISF e HCS, pode-se verificar que o ISF não se apresenta como o mais adequado. Os resultados indicam que o aço ASTM A 709 é mais sensível a trinca à quente que o aço USI-SAC-350 devido ao seu maior teor de C e Si. Em contrapartida, o mais adequado é o HCS, pois indica maior sensibilidade à trinca a quente do aço USI-SAC-350 em conformidade com o resultado obtido pelo Varestraint. A avaliação da composição da solda reforça o que foi apresentado pelo HCS e Varestraint, pois o aço USI-SAC-350 apresenta maior teor de Si, este elemento é considerado prejudicial por aumentar a segregação de enxofre e, consequentemente, a fissuração a quente, embora haja contradição entre autores. A fissuração é intensificada com a maior presença de fósforo também presente no aço USI-SAC-350, por este se combinar com o enxofre. A maior presença de Mn no aço ASTM A 709, qualifica-o como mais resistente à fissuração, pois forma MnS, de maior ponto de fusão, no lugar do FeS. Tabela 4. Valores do ISF e HCS para os aços e as soldas. AÇO ISF HCS SOLDA ISF HCS ASTM A 709 32,51 1,34 A10.61 14,45 0,98 USI-SAC-350 6,98 2,74 S10.61 3,52 1,42 A10.81 12,14 1,82 S10.81 -2,43 1,53 Figura 5. Resultados do Ensaio de Varestraint na Solda. Pelo ISF ambos os consumíveis aumentam a tendência a fissuração do aço ASTM A 709.Segundo o HCS, apenas o consumível F48AZ-EL12 aumenta a susceptibilidade da solda obtida para ambos os aços. E para o ensaio de Varestraint, soldas no aço USI-SAC-350 e soldas com o consumível F48AZ- EL12 apresentam maior tendênciaa fissuração. Soldas com o consumível F48AZ-EL12, apresentam maior teor de Si, P e Mn, porém seus efeitos são menores pois se encontram diluídos pelo fluxo. Embora o Mn possua efeito benéfico neste consumível, este efeito é eliminado pela presença de Si e P. CONCLUSÃO O artigo foi complementar ao conteúdo visto na disciplina de Metalurgia da Soldagem, pois envolveu a influência dos elementos de liga na junta soldada, microconstituintes do metal de solda, o teste de soldabilidade para trinca à quente: Teste de Varestraint. Além de verificar a importância dos índices HCS e ISF na susceptibilidade na fissuração à quente. Após análise dos resultados, foi indicado que as soldas e o metal base com teores mais elevados de fósforo e silício apresentaram uma maior susceptibilidade à fissuração no ensaio Varestraint. Segundo HCS e Varestraint, o metal base e o consumível que apresenta maior tendência à fissuração, respectivamente, é o aço USI-SAC-350 e o consumível F48AZ-EL12. Portanto, considerando os dois aços a serem soldados, USI-SAC-350 e ASTM A 709, o consumível F55A5-ECW-W seria a melhor opção, onde a melhor solda será no ASTM A 709 e a do aço USI-SAC-350 pode ser considerada intermediária. REFERENCIA MODENESI, Paulo J. et. al. Avaliação da Susceptibilidade à Fissuração na Solidificação do Aço USI- SAC-350, Soldagem Insp., Vol. 9, Nº 4 [Out / Dez] 2004