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Unidade 2 - ELEMENTOS DO CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO EDUCACIONAL MODERNO E 
CONTEMPORÂNEO 
Tópico 1 - DECLÍNIO DO PENSAMENTO CRISTÃO E O FORTALECIMENTO DO HUMANISMO 
MODERNO 
Tópico 2 - A FORMAÇÃO DO SISTEMA LAICO DE ENSINO NO OCIDENTE CONTEMPORÂNEO 
Tópico 3 - OS DESAFIOS EDUCACIONAIS NO CONTEXTO DA PÓS-MODERNIDADE 
 
UNIDADE 2 
Tópico1 
 
ELEMENTOS DO CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO EDUCACIONAL MODERNO E 
CONTEMPORÂNEO 
• reconhecer o contexto histórico e filosófico no qual os principais pensadores da época renascentista e do 
Iluminismo formularam e defenderam suas ideias e teorias; 
• identificar o impacto de instituições como as corporações de ofício, universidades, o movimento da reforma 
religiosa, a formação do Estado laico e a Revolução Industrial ao contexto educacional; 
• relacionar as principais concepções teórico-filosóficas e metodológicas que passaram a ser defendidas e 
legitimadas em meio à comunidade científica, nas instituições políticas e educacionais da época moderna; 
• abordar as principais escolas e pensadores da educação do século XX, bem como o contexto político, 
econômico e sociocultural que propiciaram as condições para que as mesmas se desenvolvem. 
TÓPICO 1 
DECLÍNIO DO PENSAMENTO CRISTÃO E O FORTALECIMENTO DO HUMANISMO MODERNO 
1 INTRODUÇÃO 
Caro acadêmico! Os fundamentos do processo educativo no contexto histórico e filosófico que transcorreram 
entre o Renascimento e o Iluminismo podem ser compreendidos cronologicamente como baixa Idade Média, 
que transcorreu entre os anos finais do século XV e que se estendeu até os últimos anos do século XVIII. 
Algumas alterações e invenções ocorridas nos últimos 400 anos foram responsáveis por uma nova forma 
dos seres humanos viverem. Antes do século XV, vivíamos num mundo encravado, isto é, não havia trocas 
humanas e comerciais perenes entre os diversos continentes. Porém, no século XV, as viagens de Cristóvão 
Colombo, encontrando em sua rota o continente americano, e Vasco da Gama, achando um novo caminho 
marítimo para alcançar as Índias, são os reflexos de um mundo que se transformou, iniciando um processo 
de ocidentalização do mundo (CHAUNU, 1978). 
Em outras palavras, a partir do século XVI, os países da Europa Ocidental começaram a impor as suas 
formas de organização social para os demais povos da Terra, em um sistema de exploração colonial. Porém, 
outras transformações ocorreram também nos campos político, religioso, artístico e cultural. No campo 
político, tivemos o fim do Império Bizantino com a queda de Constantinopla em 1453, tomada pelos turcos 
otomanos, o que significou um avanço da religião islâmica nas fronteiras da Europa Ocidental. 
No campo religioso, a Reforma Protestante, simbolizada pelos líderes Martinho Lutero e João Calvino, 
rompeu com a autoridade do papa em todos os países europeus, autoridade mantida apenas nos países da 
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Europa no qual a Reforma não prosperou, como nas penínsulas ibérica e itálica. No tocante aos aspectos 
artísticos e culturais, o maior símbolo destes novos tempos no mundo ocidental foi o Renascimento artístico 
e cultural, que teve como principal local a Itália dos Bórgia e dos Médici, as principais famílias que 
patrocinavam as artes, o denominado mecenato artístico. 
A partir do movimento do Iluminismo, somado às transformações que ocorreram a partir do século XVIII, ou 
da chamada Idade Moderna, caracterizada especialmente pelos eventos da Revolução Francesa e a 
Independência dos Estados Unidos da América e a Revolução Industrial, eis que se instaura uma nova forma 
de pensar a vida em comunidade e de produzir o saber. Agora a composição do Estado é laica, ou seja, 
ausente de integrantes do clero. A produção do conhecimento deixou de ser tutelada e financiada pela Igreja, 
posição que vai ser ocupada pelos grupos econômicos da burguesia, que vai favorecer que os estudos de 
cunho científico e não mais sobre os dogmas religiosos e as questões teológicas. 
Segundo Ghiraldelli Jr. (1999), a filosofia da educação moderna consistiu em uma aliança entre a filosofia 
do sujeito e a educação humanista, cuja preocupação residiu em que o processo educativo garantisse a 
formação do sujeito racional, autônomo e consciente, o que, por sua vez, foi forjado por meio de uma 
educação monológica, verticalizada e autoritária, que valorizava métodos e concepções teóricas frente à 
experiência e prática cotidiana. 
Ao longo de mais de quase três séculos ocorreram muitas transformações do ponto de vista político, 
econômico, social e cultural, assim como no que diz respeito à mentalidade e ao imaginário, dos modos de 
viver, de morrer, de transformar e elaborar as matérias-primas, o transportar, negociar e consumir os 
produtos, de explicar os fenômenos da natureza e as questões da origem, sentido e da finitude humana. 
No campo das ideias pode-se relacionar a invenção da imprensa e as práticas de leitura: Trovadorismo, 
Renascença, Reforma, Contrarreforma, a superação dos regimes de monarquia (antigo regime) pelos de 
repúblicas democráticas, os primeiros processos de independência de colônias de metrópoles (E.U.A), a 
Revolução Francesa, a Declaração dos Direitos Humanos, a laicização do Estado, a secularização da 
sociedade (enfraquecimento das explicações sagradas/religiosas), fortalecimento das ideias racionais, o 
princípio da dúvida, as investigações, os métodos científicos, a abordagem dialética, as concepções de tese, 
antítese e síntese. 
No contexto filosófico registrou-se o recuo do pensamento escolástico e o avanço de um pensamento menos 
especulativo e contemplativo. A partir da época moderna, o campo filosófico dedicou-se às questões práticas 
e almejava aplicação em meio à sociedade daquele tempo, o que fez com que a teologia e a filosofia 
tradicional passassem a considerar outras áreas do conhecimento, tais como as ciências exatas e naturais. 
A partir da época moderna, os experimentos científicos, o uso de métodos, os processos de observação, a 
formulação de hipóteses e registros de deduções se fizeram cada vez mais presentes na produção do 
conhecimento, ou seja, prevaleceu a visão científica e mecanicista do mundo. 
Caro acadêmico! Ao longo desta unidade de estudos ilustraremos e teceremos maiores definições e 
exemplificações sobre este quadro que foi brevemente apresentado. Prossiga na leitura com atenção e 
concentração. 
2 O IMPACTO DAS GRANDES NAVEGAÇÕES E DA PRENSA DE GUTTENBERG NO 
CENÁRIO EDUCACIONAL, POLÍTICO E SOCIAL 
Nas áreas técnicas e científicas ocorreram mudanças significativas, como no campo da navegação, o 
processo de manufatura e industrialização da produção, a substituição do trabalho servil pelo trabalho 
assalariado, a troca natural e escambo pelo comércio financeiro, a gradual migração para as cidades da 
população que residia no campo. 
Por outro lado, pertencem ao mesmo período as práticas de colonização por parte das nações europeias 
em regiões como a América, regiões ainda mais no interior da África e Ásia, que, por sua vez, forneceriam 
matérias-primas e artigos de luxo. Um dos processos de transformaçãodo mundo ocidental durante a 
ruptura da Idade Média para a Idade Moderna foi o perene desenvolvimento de contatos entre os europeus 
e os povos americanos, africanos e asiáticos. Uma das razões apontadas seria a existência, no sul de 
Portugal, de uma escola de navegadores, a afamada “Escola de Sagres”. 
É atribuída ao infante português D. Henrique (1394-1460) a idealização da escola. Não se tratava de uma 
escola formal, foi uma escola que levava o lema de “O talento de bem-fazer”. No estaleiro de Lagos, região 
de Algarve, se dava a construção de embarcações. Toda vez que uma expedição era feita, relatórios e 
registros deveriam ser redigidos a fim de servir de referência a melhorias e ampliações ao que já existia em 
Sagres. 
Chaunu (1978) apresenta que ocorreu forte especulação sobre a existência da Escola propriamente dita e 
cogitava-se que tal escola não tenha existido, pois acredita-se que as navegações foram possíveis pelo 
desenvolvimento empírico (experimental) dos navegadores. A ideia de escola, porém, pode ser 
compreendida de um modo amplo, isto é, um modo próprio dos portugueses em navegar pelos oceanos. 
As navegações ibéricas constituíram uma ação social que envolvia aprendizado constante entre aprendizes-
marinheiros e mestres de navegação. Em geral, este aprendizado, na época, não era feito em uma escola 
de aprendizes-marinheiros, mas sim no cotidiano de bordo em alto-mar. Além destes personagens, podemos 
destacar os cosmógrafos, autores dos mapas que representavam as descobertas marítimas. 
1492 - A Conquista do Paraíso. Ridley Scott, França/Espanha,1992. 
Filme que retrata a era das grandes navegações, a corrida marítima entre Portugal e Espanha, os 
investimentos das cortes daqueles países na descoberta, conquista e exploração de novas terras. A 
produção ilustra, em especial, a trajetória de Cristóvão Colombo, o contato com as populações no novo 
mundo e os choques e encontros culturais. 
Johannes Guttenberg, por volta dos anos de 1450, foi responsável pela invenção da imprensa, que superou 
os problemas que haviam até então para com as atividades de registro e comunicação de informações, 
documentos e demais conhecimentos. Gumbrecht (1998) explica que a invenção da prensa possibilitou a 
produção e a reprodução de livros em maior quantidade, em menor tempo, além de descentralizar esta 
tarefa que antes somente era feita por copistas, domínios que se resignavam no interior de mosteiros e 
igrejas. 
Outras consequências podem ser deduzidas ainda, como a confecção das bíblias que foram utilizadas na 
difusão da Reforma Protestante, agora traduzidas e impressas fora dos domínios católicos. Por outro lado, 
logo a prensa foi utilizada na emissão de notas bancárias, cédulas, cartas de crédito, normas, leis, salvo-
condutos, entre outros. 
A prensa de Guttenberg a que a história atribui o mérito principal, não só pela ideia dos tipos móveis, “a 
tipografia”, mas também pelo seu aperfeiçoamento, já era conhecida e utilizada para cunhar moedas, 
espremer uvas, fazer impressões em tecido e acetinar o papel. Pode ter sido na Casa da Moeda do arcebispo 
de Mogúncia, onde tanto o pai como o tio eram funcionários, que Gutenberg aprendeu a arte da precisão 
em trabalhos de metal. 
Nos primeiros documentos impressos e produzidos contam-se várias edições do “Donato” e bulas de 
indulgências concedidas pelo Papa Nicolau V. No início da década de 1450, Guttenberg iniciou a impressão 
da célebre Bíblia de 42 linhas (em duas colunas), publicada cinco anos mais tarde. Das cerca de 300 cópias 
da Bíblia então produzidas, ainda existem cerca de 40. 
Com a ocorrência de guerras, a imprensa se difundiu amplamente. O primeiro livro impresso por Guttenberg 
foi uma Bíblia em latim, em uma versão impressa da Vulgata de São Jerônimo, tradutor da Bíblia Católica 
ainda no século IV. Porém, não foram apenas livros religiosos que passaram a ser publicados. As 
possibilidades de se reproduzir diversos compêndios sobre as mais variadas questões, nos campos do 
Direito, da Teologia e da Medicina, eram incalculáveis. Outra questão importante que significou uma 
profunda alteração no modo do homem ocidental lidar com o conhecimento era relacionada à forma de se 
instruir. 
A forma de as autoridades civis e eclesiásticas lidarem com os livros também foi sendo alterada. Isto porque 
a difusão de conhecimento proporcionada através dos livros poderia abalar os pilares ideológicos da 
sociedade ocidental. Instrumentos organizacionais de censura foram desenvolvidos nas diversas 
monarquias. Este órgão em Portugal tivera o nome de Mesa de Consciência e Ordens, e visava impedir a 
publicação ou circulação de livros subversivos à ordem pública tanto no reino quanto nas colônias. O 
Vaticano criou uma relação de livros que os fiéis não deveriam ler. O Índex papal era um dos símbolos 
máximos de intolerância do catolicismo em relação à liberdade de pensamento e fé. Liberdade esta que 
também não era presente nos países protestantes. 
A resposta da Igreja Católica diante do movimento de impressão de livros e compêndios fora de seu controle 
foi lançar mão de algumas estratégias de censura que visavam impedir a publicação e a circulação de livros 
considerados subversivos aos dogmas religiosos e à ordem pública. Uma das formas de controle foi a 
publicação do Index Librorum Prohibitorum (Índice de Livros Proibidos), mais conhecido como Index, lista 
expedida pelo Vaticano, pelo papa Paulo IV, no ano de 1559, em que constavam os livros considerados 
proibidos. 
A lista foi modificada ao longo do tempo, mas já estiveram inscritas nela obras de pensadores e cientistas 
como Galileu Galilei, Nicolau Copérnico, Giordano Bruno, Nicolau Maquiavel, Erasmo de Roterdã, Baruch 
de Espinosa, John Locke, Denis Diderot, Blaise Pascal, Thomas Hobbes, René Descartes, Rousseau, 
Montesquieu, entre outros escritores e romancistas. 
CURIOSIDADE: INDEX 
O Index deixou de existir no ano de 1966, com o Papa João Paulo VI, mas até hoje é prática do Vaticano 
publicar uma notificação quando determinado livro fere os principais dogmas da instituição. Dentre as obras 
que recentemente foram notificadas pelo Vaticano tem-se os livros dos escritores Dan Brown e J. K. Rowling. 
A título de síntese, cabe ressaltar que um dos principais benefícios que a imprensa trouxe foi a maior 
circulação de conhecimento através dos livros. Com isto, se processou, no Ocidente, uma alteração nas 
práticas de leitura. Pois, com os antigos pergaminhos, as leituras em geral eram feitas em voz alta, sendo o 
ato de ler uma ação comunitária. Com a imprensa, a ideia de uma leitura individualista ganhou corpo. Pois, 
em grande parte, o livro passou a ser lido de forma silenciosa. 
3 ELEMENTOS DO CONTEXTO FILOSÓFICO E CIENTÍFICO DA RENASCENÇA 
A Renascença corresponde ao momento histórico, intelectual e artístico que se desenrolou entre as épocas 
medieval e moderna. Alguns estudiosos estabelecem em termos cronológicos o período transcorrido entre 
os anos de 1300 e 1650. Como o nome já sugere, tratou-se do renascimento dos antigos valores e modelos 
de civilização que foram hegemônicos no passado, no passado da Grécia e Roma clássica. O retorno aos 
padrões da antiguidade clássica significa a invocação e valorização dos ideais do humanismo (Homem) e 
da natureza, em detrimento das concepções dogmáticas do teocentrismo, do divino e sobrenatural. 
Corvisier (1976) explica que o teocentrismo almejava justificar pela vertente religiosa e divina as atividades 
e pesquisas científicas e eruditas ao longo da Idade Média. A nomenclatura de teocentrismo comporta a 
nominação de Theo, que significa Deus (Theo – em latim) era o centro de todas as preocupações 
intelectuais. A partir do renascimento, entre os séculos XIV-XVII, os intelectuais passaram a se preocupar 
com o entendimento cada vez mais natural do homem, como um ser, uma espécie da natureza. 
Foi neste período que as escolas filosóficas cada vez mais estabelecem suas teses e demarcam suas 
fronteiras,passando a exercer hegemonia em relação às demais vertentes do pensamento; em especial, o 
tomismo e a escolástica passam a ser criticados. No interior do pensamento religioso católico ocorria o 
enfraquecimento do domínio papal, e, se não bastasse, no seio da própria Igreja ocorriam divergências, 
como foi o caso dos impasses entre franciscanos e dominicanos. 
Aquino (2013) aponta que na baixa Idade Média a filosofa aristotélica já se difundia em meio à Inglaterra, 
sendo que Roger Bacon (1214-1294) foi um dos primeiros a manifestar simpatia. Bacon defendia que 
teologia e conhecimento científico deveriam ser vistos como indissociáveis, e que, por sua vez, se fazia 
necessário demonstrar interesse sistemático, total e absoluto, observação direta da realidade, acompanhada 
de raciocínios, o que posteriormente possibilitou a formulação de métodos experimentais. 
Fatores históricos podem ser elencados como favorecedores deste cenário de mudanças no campo 
filosófico, tais como os impasses entre França e Inglaterra que foram levados a cabo por meio da Guerra 
dos Cem Anos, epidemias como a da peste bubônica e uma série de transformações políticas e econômicas, 
entre elas o renascimento comercial. 
Os “homens do Renascimento” reuniam interesses e preocupações para com muitas áreas do 
conhecimento, tais como engenharias, astronomia, física, anatomia, artes, filosofia e política, ou seja, um 
indivíduo que percebia a natureza e a realidade e a procurava compreender e explicar pelo viés da 
interdisciplinaridade, por meio da associação de conhecimentos das mais diferentes áreas, a título de 
exemplo é possível citar o italiano Leonardo da Vinci, que atuou e deixou projetos na pintura, escultura, 
arquitetura, na engenharia, recursos de guerra, entre outros. 
Uma das condições para que o Renascimento ocorresse foi o fato da prática do mecenato. No caso italiano, 
o mecenato foi empreendido especialmente pela Igreja católica. A Igreja Católica Apostólica Romana foi 
responsável por patrocinar os artistas tais como Rafael, Leonardo da Vinci, Michelangelo, que produziram 
obras para a decoração e preenchimento dos espaços no interior das Igrejas, capelas, mosteiros e 
conventos em diversas cidades da Itália. Quando a hegemonia dos dogmas católicos foi contestada, os 
patrocinadores das artes foram a nobreza e a burguesia. 
Burg, Fronza e Silva (2013) explicam que entre os séculos XV e XVI surgiu uma nova espiritualidade e 
relação para com as coisas visíveis e não visíveis, os fenômenos da natureza e do espírito. Um dos 
estudiosos que se destacou nesta perspectiva do conhecimento e da ciência foi Giordano Bruno, que por 
meio do uso de um microscópio, conseguiu propor que o planeta terra possuía forma redonda. Porém, foi 
vítima da perseguição dos sensores da Igreja Católica, pois as teorias de Giordano Bruno, contestavam os 
dogmas católicos, e estes o julgaram no tribunal da Santa Inquisição e condenaram à morte na fogueira. 
Nicolau Maquiavel foi outro grande nome do Renascimento italiano, foi responsável por escrever a obra O 
príncipe, que discorre sobre as maneiras mais adequadas pela qual um príncipe deve conduzir, administrar 
e manter o poder. Trata-se de uma obra que ultrapassou a época renascentista e seguiu ao longo da época 
moderna e contemporânea como um dos principais documentos acerta da política e governabilidade de 
estados laicos. 
Entre as principais teses contidas na obra de Maquiavel encontra-se a de que um príncipe e/ou um 
governante devem estar atentos aos adversários, aos companheiros e aliados, pois estes sem distinção, 
possuem ambições pelo poder e facilmente podem conspirar contra o príncipe; uma guerra jamais deve ser 
adiada e que em nome dos fins, dos benefícios que são oferecidos, os meios não serão questionados, pois 
todos compreendem e perdoam os custos que possam ter exigido. 
Aranha (1996) destaca também o francês Michel de Montaigne, que viveu ao longo do século XVI. Também 
é reconhecido como um dos grandes nomes do Renascimento. Em suas obras foi responsável por refletir 
sobre a natureza humana e deixou três escritos sobre os temas educacionais que são: da afeição dos pais 
pelos filhos, da pedantia e da educação das crianças. A autora relaciona também os escritos de Erasmo de 
Roterdã, que foi responsável por escrever Elogio da loucura e Manual do soldado cristão, obras em que 
exercitava seu pensamento crítico com relação à sociedade feudal. Fez críticas ferrenhas ao clero e às 
hierarquias no interior da Igreja, e advogava a favor dos valores humanistas, e na compreensão do homem 
não meramente como um pecador, mas como um ser em processo de conscientização e capaz de 
melhoramentos. 
Curto (1993) explica que os estudos e escritos de Erasmo ganharam amplos alcances e adeptos. Martinho 
Lutero foi um dos leitores de Erasmo de Roterdã, mesmo tendo rompido com seu pensamento anos depois. 
Em Portugal, o pensamento de Roterdã se fez presente por meio de alguns intelectuais no Colégio das Artes 
em Coimbra, que sem demora foram descobertos e rapidamente foram censurados e expulsos do local. A 
substituição dos sacerdotes erasmistas foi procedida com sacerdotes oriundos da ordem jesuítica recém-
criadas a fim de difundir os ideais religiosos católicos. 
Outro estudioso renascentista, amigo de Erasmo de Roterdã, foi Thomas Morus, intelectual inglês 
responsável por redigir a obra A utopia, na qual descrevia uma sociedade imaginária desprovida de 
desigualdades sociais. A partir de a A utopia foi possível designar como ‘utópicas’ ideologias, crenças, 
sociedades, correntes de pensamento que almejavam alcançar estágios de sociedade e posturas do ser 
humano diferentes dos registros históricos de guerra e das experiências de injustiça, ignorância, opressão 
e dominação. No caso específico da educação é possível reconhecer como utópicas as propostas 
educacionais que foram feitas pelos pensadores do século XVI, em que estava presente as concepções de 
virtude, bondade, justiça, equidade, liberdade, tolerância, amor e ética. 
3.1 AS UNIVERSIDADES, AS CORPORAÇÕES DE OFÍCIO, AS GRAMÁTICAS E O DE CLÍNIO 
DO LATIM 
As universidades e as corporações de ofício revelam quanto o processo educativo medieval era estanque. 
Existia uma forte divisão entre o trabalho braçal e o trabalho mental, assim como uma forte divisão entre as 
classes sociais. Com as preceptorias ou nas antigas corporações de ofício, a relação de ensino-
aprendizagem era autoritária, pois de um lado tínhamos um personagem detentor do saber – o mestre – e 
de outro lado um receptor de instruções – o aprendiz. O exemplo cotidiano do mestre era a principal forma 
de o aprendiz poder aprender o seu ofício. Porém, com a imprensa, a relação de saber começou a ser 
alterada, pois os livros poderiam auxiliar os professores na tarefa educacional. 
Teixeira (1977) explica que as corporações eram destinadas ao trabalho manual. As universidades, ao 
trabalho intelectual. Porém, estas duas instituições, separadas, se uniram em uma nova forma de pensar a 
universidade e a produção de conhecimento. Este processo de união entre o saber mecânico e o 
conhecimento acadêmico ocorreu no movimento intelectual conhecido como Renascimento. 
Na Renascença ocorreu o declínio do latim e o fortalecimento das línguas nacionais nas universidades e 
instituições governamentais dos países nascentes. Em grande parte, os países surgem do declínio da frágil 
unidade representada pelo Sacro Império Romano Germânico. Porém, as diversas regiões dos distintos 
países falavam diferentes dialetos. Por isso, o fato de se ter um único idioma nacional foi também uma 
disputa política entre as províncias. 
Burg, Fronza e Silva (2013) explicam que no final do século XV e meados do século XVI foram redigidas 
gramáticas significativas na Península Ibérica, como por exemplo a Gramática da Língua Castelhana, escrita 
por espanhol Antônio Nebrija, em 1492, e a Gramática da Língua Portuguesa escrita por Fernando Oliveira 
em 1536. A publicaçãoe a difusão das gramáticas nacionais foram responsáveis pela retomada do ensino 
nas línguas nacionais, e por outro lado pelo desprestígio e detrimento do latim. Nos países protestantes, o 
declínio do latim foi também agravado pelas questões teológicas e dogmáticas. Como já explicamos, as 
alterações e influências religiosas no ensino ocorridas nos séculos XVI e XVII ocorreram devido às 
transformações nas diretrizes religiosas oriundas da Reforma Protestante. 
O latim foi a língua oficial do papado e de toda a ritualística católica enquanto a Igreja católica era 
hegemônica no campo das ideologias religiosas. O latim foi utilizado em cerimônias religiosas até o século 
XX, especialmente nos países católicos. No chamado Antigo Regime, era comum o chamado direito divino 
dos reis. Portanto, nos campos do direito e da administração, o latim se tornara um idioma ainda muito 
solicitado, especialmente com uso de conceitos e termos jurídicos e administrativos. 
TERMOS LATINOS 
Modus operandi: modo de operar, modo de proceder 
Sine qua non: condição sem a qual, indispensável, essencial 
Curriculum vitae: carreira de vida 
In loco: no próprio local 
In natura: de acordo com a natureza 
Status quo: situação das coisas, estado atual 
Tabula rasa: falta de experiência. 
Como pudemos estudar, o conceito de Renascimento remete à ideia de retomada dos valores greco-
romanos da época clássica, porém agora, no que diz respeito às línguas em que os conhecimentos eram 
ministrados, ocorreu a substituição do latim e do grego, tidas como línguas universais até então, pelas 
línguas dos países europeus emergentes da Idade Média, como o francês, o alemão, o inglês, entre outras. 
Assim, pode-se interpretar que ocorria todo um movimento político de valorização das línguas nacionais e 
que desabilitava a ideia de uma única língua que tendia ao internacionalismo como idioma e língua oficial. 
PARA REFLETIR: 
Caro acadêmico! Nos tempos atuais, em meio à sociedade globalizada, observa-se o enfraquecimento das 
línguas nacionais e/ou regionais e, em contrapartida, o fortalecimento do idioma inglês como ferramenta de 
inclusão e acesso dos indivíduos à internacionalização; porém, em outras sociedades e épocas históricas o 
panorama se apresentava de forma diferente, outras línguas foram hegemônicas. No caso do latim, pode-
se dizer que ele permanece presente no campo da teologia católica e do direito, que muito se utilizam ainda 
de expressões deste idioma. 
3.2 IMPLICAÇÕES DA REFORMA PROTESTANTE E DA CONTRARREFORMA NO CAMPO 
RELIGIOSO E EDUCACIONAL 
A Reforma Protestante foi um movimento religioso que ocorreu na Europa do século XVI. Para melhor 
compreendermos este evento ligado às questões da fé, devemos compreender o contexto social que 
possibilitou a alteração das ideias dos indivíduos em relação às suas crenças. As principais questões 
conjunturais ocorreram décadas anteriores. Trata-se da invenção da imprensa por Johannes Gutemberg, 
que permitiu uma maior circulação de livros, da queda do denominado Império Bizantino, conquistados pelos 
turcos otomanos, a conquista de Granada pela Espanha e a Descoberta da América, o que possibilitou aos 
europeus uma nova consciência em relação a sua presença no mundo. 
Como já apresentamos anteriormente, a imprensa foi inventada por Johannes Guttenberg, que desenvolveu 
uma máquina tipográfica que republicava diversas folhas impressas, não sendo assim mais necessárias as 
ações dos copistas medievais, que reproduziam os escritos com a sua caligrafia pessoal. Em um universo 
de mentalidade fortemente cristã é simbólico que o primeiro livro publicado por Guttenberg tenha sido 
justamente a bíblia. A impressão possibilitou uma maior e mais ágil circulação de informações na Europa da 
segunda metade do século XV. 
Assim, as formas pelas quais os europeus passaram a compreender o mundo estavam se alterando de 
forma rápida. Esta alteração das sensibilidades, porém, não foi acompanhada por uma profunda alteração 
na teologia da cristandade latina. No ocidente, grande parte do ensino ministrado pela Igreja continuava o 
mesmo que em séculos anteriores. Com isto, novas formas de teologia e filosofia, para além da escolástica 
e do nominalismo foram criadas ao longo dos séculos XVI e XVII. 
O evento principal a desencadear a Reforma foi a publicação, pelo monge agostiniano Martinho Lutero, de 
95 teses, na qual ele criticou alguns postulados católicos romanos, em especial a venda de indulgências. O 
contexto para tal crítica se relaciona à visita de um representante papal aos territórios de língua alemã, 
Tetzel, que vendia o perdão dos pecados, a indulgência. Neste debate sobre a salvação das almas, se 
desencadeou um processo de profunda alteração da vida social, política e econômica de todo o mundo. 
Em relação à Reforma Protestante, temos alguns vetores explicativos. O mais popular, do lado católico, 
afirma ter sido a Reforma uma revolta cometida por um padre que desejava fugir do voto de celibato, 
causando grande desonra ao ocidente cristão. Por sua vez, explicações de senso comum, do lado 
protestante, afirma ter sido a Reforma uma ação comandada por um servo de Deus, Martinho Lutero, contra 
a corrupção e luxúria da igreja católica, cujo principal símbolo de degradação seria o Vaticano e sua vida 
suntuosa. Tais explicações de senso comum nos impedem de compreender as motivações da Reforma 
Protestante assim como da Reforma Católica ou Contrarreforma. 
Um segundo vetor explicativo indica a Reforma como um processo que é explicado apenas pelo viés 
econômico e político da formação e fortalecimento de Estados Nacionais ao longo do século XVI. Tal vetor 
explicativo é frágil, pois os principais países envolvidos na Reforma e Contrarreforma, a Itália e a Alemanha, 
tiveram sua unidade política apenas quatro séculos após o movimento reformador. Portanto, a melhor 
compreensão da Reforma, segundo alguns especialistas católicos, como Jean Delumeau (DELUMEAU; 
1989), ou protestantes, como Timothy George (GEORGE 1993), é compreendermos a teologia proposta 
pelos reformadores e suas consequências políticas, sociais e econômicas. 
Quatro foram os principais reformadores. Martinho Lutero, João Calvino, Ulrico Zwinglio e Meno Simons. 
Duas foram as principais formas de relação com o Estado: a reforma Radical e a Reforma Magisterial. E 
quatro as famílias de igrejas que surgiram do movimento reformador: luteranos, anglicanos, calvinistas e 
batistas. 
FIGURA 17 - MARTINHO LUTERO 
FIGURA 18 - JOÃO CALVINO 
FIGURA 19 - ÚLRICO ZWINGLIO 
FIGURA 20 - MENO SIMONS 
Começando nossa narrativa pelos reformadores, Martinho Lutero foi o principal líder a iniciar o movimento. 
Sua principal proposição teológica está exposta no pequeno livro Da Liberdade Cristã (LUTERO, 2001). 
Nele, apontou as principais proposições teológicas seguidas pelas principais correntes do protestantismo. 
Infalibilidade da bíblia, sacerdócio de todos os crentes, justificação pela fé e salvação pela graça. Isto é, a 
bíblia, e não a tradição da igreja, deve ser o guia de fé dos fiéis, deste modo, todo o cristão é capaz de 
compreender a bíblia, e não somente os sacerdotes. 
A salvação é uma graça imerecida concedida por Deus, sendo impossível o homem chegar próximo a Deus 
se não tiver fé. Estes postulados teológicos são, até o presente, as principais características das doutrinas 
das igrejas protestantes ao redor do globo. Também todo o aspecto exterior da fé foi abolido, como as rezas 
decoradas, a intercessão pelos santos, a realização de jejuns periódicos e peregrinações a lugares santos, 
que não são presentes no protestantismo. 
João Calvino foi um reformador que atuou na França e na Suíça, mais especificamente na cidade de 
Genebra, da qual foi um dos principais líderes ao longo de sua vida. Calvino escreveu uma das principais 
obras da teologia protestante do século XVI, As Institutas da Religião Cristã. 
Sua principal formulação foi a denominada teologia da predestinação. Por ela Calvinoafirmou que alguns 
cristãos foram escolhidos por Deus para a salvação, devido a Deus tudo conhecer. Deste modo, a graça 
irresistível de Deus seria a principal diferença entre os escolhidos e os rejeitados pela cólera divina. Em 
oposição à teologia de Calvino, no século XVII, surgiu o teólogo Jacob Armínio, para quem a predestinação 
não ocorreria do modo explicado por Calvino, pois Deus dotou o homem de livre-arbítrio. O debate entre 
calvinistas e arminianos se estende através dos séculos. 
Ulrico Zwinglio e Meno Simons são dois grandes nomes na formulação da teologia protestante, porém, não 
tiveram o mesmo destaque que Lutero e Calvino. Zwinglio era suíço e foi contemporâneo de Lutero. Suas 
teologias eram próximas, porém discordaram no que tange à Ceia do Senhor, sendo a presença real de 
Cristo no pão e vinho da celebração litúrgica o ponto crucial do debate. 
Meno Simons era holandês e esteve vinculado ao movimento anabatista. Para os anabatistas, a principal 
discordância com Lutero e Calvino era em relação ao batismo de crianças, fato pelo qual os menonitas e 
demais grupos anabatistas discordavam, afirmando que apenas adultos poderiam ser batizados. Porém, a 
principal diferença entre os anabatistas e os demais reformadores estava vinculado à relação com o Estado. 
A relação igreja Estado é fundamental para uma aprofundada compreensão da Reforma, pois o termo 
protestante foi cunhado na Dieta de Espira, em 1529, na qual os príncipes alemães protestaram à 
perseguição de Lutero. Assim, a relação igreja e Estado é importante para a compreensão da Reforma, que 
foi dividida em dois grandes grupos pelo erudito George Willians: reforma magisterial e reforma radical. Pela 
reforma magisterial se compreendem os reformadores que tinham apoio dos magistrados. Isto é, dos juízes 
e em grande parte dos príncipes. Neste grupo estão Lutero e Calvino. 
Para a reforma radical, cujo grupo mais simbólico foram os dos anabatistas, tivemos uma oposição rad ical 
ao Estado, sendo o grupo de reformadores radicais, liderados por Tomaz Munzer, responsável por ações 
violentas nos principados alemães, buscando efetivar o fim dos privilégios feudais. O movimento anabatista 
teve dura perseguição dos príncipes, que apoiados por Lutero, dizimaram a espada os radicais anabatistas. 
Mesmo Meno Simons, que vivia nos Países Baixos e era pacifista, sofreu forte perseguição. 
Além destes grupos, outro importante polo da Reforma Protestante foi a Grã-Bretanha. Nela tivemos o 
anglicanismo, o presbiterianismo, o metodismo e o denominado puritanismo. A fundação da Igreja Anglicana 
está ligada ao fato do rei inglês Henrique VIII desejar o divórcio de Catarina de Aragão, não autorizado pelo 
papado. Em grande parte, a Igreja Anglicana manteve os rituais próximos da igreja católica, com o diferencial 
dos padres contraírem matrimônio. 
Na Escócia, um líder religioso, John Nnox, coordenou a fundação da Igreja Presbiteriana, profundamente 
inspirada nos escritos de João Calvino. Entre os povos de língua inglesa se destacou um grupo especial, os 
puritanos, que devido à perseguição religiosa imigraram para os Estados Unidos da América. No século 
XVIII, no interior do anglicanismo, surgiu um grupo reformador liderado pelos irmãos John e Charles Wesley, 
que foram os inspiradores da igreja Metodista. Também da Inglaterra, um grupo de refugiados ingleses partiu 
para a Holanda em 1608, fundando a Igreja Batista. 
O movimento de reforma cristã teve um profundo impacto na história e na filosofia da educação. Isto porque 
a teologia da infalibilidade bíblica e do sacerdócio universal, além da ampla divulgação das sagradas 
escrituras gerou um impulso por alfabetização nos países europeus que aderiram à Reforma. Deste modo, 
Lutero afirmou ser dever do príncipe garantir a educação de todos os cidadãos. Com isto, a alfabetização 
das massas ganhou um grande impulso. Outro impulso ocorreu em relação ao ensino universitário, em 
especial nos países de língua inglesa. Pois, parte das principais universidades dos Estados Unidos da 
América, como o caso da prestigiada Universidade Harvard, surgiu como centro de estudos na área de 
teologia. Deste modo, os países de maioria protestante tiveram um maior capital cultural na disputa com os 
países que não passaram pelo movimento reformador. 
Contudo, a afirmação acima não implica afirmar que os povos de maioria católica não se preocuparam com 
as questões educacionais. Todavia, as preocupações eram teologicamente motivadas em um sentido 
oposto. Para melhor compreender a relação dos católicos com a educação, se faz necessário compreender 
o catolicismo que foi formulado no Concílio de Trento. 
A Igreja Católica Romana respondeu teologicamente às proposições dos reformadores. Em relação à 
proposição da infalibilidade da bíblia, os teólogos católicos apontaram que as escrituras deveriam ser 
interpretadas pelo magistério da igreja. Assim, não havia sentido em se traduzir a Vulgata de São Jerônimo 
(versão da bíblia católica) do latim para os idiomas nacionais. Em relação à salvação como fruto da graça 
mediante a fé, a igreja compreendeu que graça e fé deveriam ser acompanhadas de obras. Tal compreensão 
de vida de fé fora seguida de algumas reformas, como a instituição de seminários para a formação do clero, 
além do estabelecimento da primeira comunhão enquanto rito de iniciação da criança nas lides da fé. 
As principais articulações da relação entre fé e educação estavam ligadas às ordens religiosas, pois foram 
as ordens dos agostinianos, beneditinos, franciscanos, dominicanos e jesuítas as principais divulgadoras 
dos ideais religiosos católicos ao redor do mundo nos séculos subsequentes ao Concílio Tridentino, os 
jesuítas, ordem fundada por Santo Inácio de Loyola, com grande destaque na América Portuguesa, em 
especial na catequização dos Indígenas. 
A principal cidade brasileira, São Paulo, surgiu como um colégio jesuítico fundado para catequizar os 
indígenas. Não apenas na América Portuguesa os Jesuítas tiveram grande destaque na educação. Também 
grande parte da elite dos países europeus tivera educação jesuítica. Dentre estes, podemos nos lembrar 
que René Descartes foi aluno de escola jesuíta na França do século XVII (SEBE, 1982). 
FIGURA 21 - SANTO INÁCIO DE LOYOLA 
Ao longo dos séculos XVI, XVII e XVIII surgiram novas ordens religiosas na Europa. Algumas, como 
reformulação de antigas ordens, como os capuchinhos, reformadores da ordem franciscana, e os 
agostinianos recoletos, reformadoras da Ordem de Santo Agostinho. Também é deste período a Ordem do 
Oratório. 
Entre os principais educadores católicos ligados à educação temos o nome de João Batista de Lassale. 
Sacerdote francês, que fundou escolas para alfabetizar crianças pobres, sendo considerado o padroeiro dos 
professores primários. 
Em análise comparativa, tanto os países católicos quanto os países protestantes investiram em educação. 
A principal diferença está na ênfase. Enquanto países católicos investiram apenas na educação das elites, 
os países protestantes investiram em educação para todos os indivíduos. Com isto, o número de analfabetos 
entre os protestantes tendia a ser menor que dentre os católicos, com repercussões grandes no 
desenvolvimento social e político dos países. 
As disputas entre católicos e protestantes na Europa fora intensa ao longo dos séculos XVI e XVII. Estas 
disputas, porém, se tornaram menores com a denominada Pax de Wetsphalia, na qual encerraram as 
Guerras de Religião na Europa. Também as disputas entre católicos e protestantes foram questionadas pelo 
pensamento iluminista. 
Caro acadêmico! No sentido de aprofundar os conteúdos e contextualizar a trajetória de Lutero enquanto 
reformador religioso, procure assistir ao filme que sugerimos a seguir: 
4 PRINCÍPIOS CIENTÍFICOS E FILOSÓFICOS DA ÉPOCA MODERNA 
Burg, Fronza e Silva (2013) explicam que mesmo diante de um quadro desanimador com relação ao acesso 
e a real democratização do ensino que perdurou até oséculo XIX, as transformações sociopolíticas ocorridas 
a partir do século XVI, forneceram as condições necessárias para que a escolaridade média da população 
fosse ampliada, uma vez que boa parte da população analfabeta, agora pode ter acesso à alfabetização. 
Durante os séculos XV a XVIII, a humanidade passou por uma verdadeira revolução do conhecimento, pois, 
em grande parte, os principais paradigmas que o homem do Ocidente medieval se utilizava como verdades 
absolutas foram desmentidos. Uma visão mítica do mundo se transformou de uma visão teocêntrica em uma 
visão antropocêntrica. Isto é, ao invés de enxergar a presença divina em todos os campos de atuação 
humana, os pensadores passaram a considerar apenas a razão como forma máxima de se alcançar a 
verdade dos fatos. 
Podemos afirmar que houve um primeiro momento pelo qual o homem ocidental passou a questionar as 
verdades estabelecidas pelos eruditos medievais. Durante os séculos XV e XVI, alguns eruditos 
questionaram algumas verdades cristalizadas. Podemos citar alguns homens que realizaram algumas 
façanhas. Harwey e Miguel Servetto foram estudiosos pioneiros da anatomia humana, ao dissecarem alguns 
cadáveres e descobrirem o processo de funcionamento da corrente sanguínea humana. Servetto foi 
perseguido na Espanha por suas crenças religiosas. Fugiu para Genebra, na Suíça, onde foi condenado à 
pena de morte por João Calvino, devido à sua crença antitrinitariana. Isto é, Servetto não acreditava na ideia 
de trindade. 
Nicolau Copérnico e Galileu Galilei afirmaram que a Terra era redonda. O que estes cientistas revelaram 
eram afirmações científicas contrárias às ideias de Lactâncio, erudito do século IV, para quem a Terra era 
plana. Com a Viagem de Circunavegação de Fernão de Magalhães, se teve uma comprovação empírica de 
que a Terra era uma esfera. 
Em relação à astronomia, um dos principais cientistas foi Kepler, autor da lei de gravitação dos planetas. 
Isto é, este astrônomo compreendeu que alguns planetas giram em torno de outros, formando elipses, e 
muitos dos diversos planetas das distintas galáxias giram em torno de diversas estrelas. Um exemplo é a 
Lua, que gira ao redor do planeta Terra, que por sua vez, assim como outros planetas, gravita ao redor do 
Sol, que por sua vez é uma estrela que irradia a luz que mantém a vida em nosso planeta. 
A ciência moderna se desenvolveu e consolidou ao longo dos séculos XVII, XVIII e XIX, tratou-se de um 
conhecimento obtido de forma natural, independente e desarticulado das dimensões sobrenaturais, 
mitológicas, mágicas e fantásticas da realidade. É quando se acentua o distanciamento entre o campo da 
fé, do espiritual, do religioso, do sagrado e do eterno (poder invisível) e o campo do temporal, do método, 
do racional, do profano e do leigo (poder visível). 
A ciência acabou por se tornar uma ideologia dominante – o cientificismo, uma forma de saber superior, 
criada pelo positivismo no século XIX. A ciência resumia-se na busca pela verdade a qualquer custo, 
almejava extrair todos os segredos que houvesse na natureza, e para tanto deveria proceder a uma rigorosa 
observação empírica, lançando mão da imaginação, dos sentimentos e das emoções quando investigava 
tanto os seres da natureza como os fatos e acontecimentos humanos. 
A obra que ocupa o posto de marco-fundante da ciência ocidental sem sombra de dúvidas foi o Discurso do 
método, redigida por René Descartes, que foi educado em um colégio jesuíta e foi membro oficial do exército 
francês. Nesta obra, o autor trata da forma como se deve proceder quando que se quer alcançar a verdade 
através dos recursos da razão. A obra de Descartes trata em especial de como o homem pode ser sujeito 
responsável pela resolução dos próprios problemas, agora sem precisar recorrer as explicações divinas e 
bíblicas. Discurso do método foi publicado no século XVII e até os dias atuais permanece como sendo a 
célebre obra do pensamento racional e científico ocidental. 
Caro acadêmico! No sentido de identificar de forma sistematizada o pensamento de René Descartes, 
observe com atenção o quadro a seguir: 
QUADRO 1 - SÍNTESE DO PENSAMENTO DE RENÉ DESCARTES 
Talvez o principal personagem da Revolução Científica que a Idade Moderna vivenciou foi Isaac Newton. 
Assim como Miguel Servetto, Newton possuía profunda fé religiosa e era antitrinitariano. Seu principal livro 
sobre questões religiosas trata sobre as profecias de Daniel e do Apocalipse sobre o final dos tempos. 
Porém, não foram as suas reflexões teológicas as principais contribuições ao pensamento no Ocidente, mas 
sim suas reflexões sobre a natureza (CORVISIER, 1976). 
Uma das lendas sobre a descoberta da lei da gravidade indica que Newton estava debaixo de uma macieira 
e uma fruta madura havia caído sobre a sua cabeça. Este fato havia funcionado como um despertar para a 
elaboração de suas descobertas científicas: as leis da física. A palavra física significa em grego “natureza”. 
O que Newton observou foi que a natureza possui mecanismos que se repetem. A estes eventos repetitivos 
denominou lei. A lei da gravitação é uma das mais conhecidas, assim como a lei de ação e reação. 
Alguns movimentos sociais, políticos e religiosos foram responsáveis pela valorização da educação no 
mundo ocidental. Entre estes, já abordamos a Reforma Protestante. Outro movimento que motivou 
alterações sociais e educacionais foi o Iluminismo. De maneira geral, o Iluminismo, ou século das luzes ou 
da ilustração, foi um movimento intelectual e cultural do século XVIII, que almejava libertar o homem das 
crenças mitológicas e de toda herança dogmática da época medieval. Defendia os princípios da razão crítica, 
do progresso, da autonomia dos indivíduos e da liberdade de pensamento. 
O Iluminismo não foi uma invenção da sociedade de sua época propriamente dita, sustentava-se em bases 
teóricas que já haviam sido defendidas ainda na Antiguidade e também na época da Renascença, porém 
encontrou no século XVIII o melhor momento de alcance e amplitude. Dentre os principais intelectuais 
iluministas, podemos nos lembrar de alguns nomes, como Voltaire, Rousseau, Diderot, entre tantos outros 
pensadores. 
Abbagnano (2007) descreve que é possível entender o Iluminismo como uma linha filosófica que defende a 
razão como crítica e guia a todos os campos da experiência humana. Kant (1724-1804) defende que o 
Iluminismo contou com o empirismo como um grande aliado, ambos garantiram a abertura do domínio da 
ciência e, em geral, do conhecimento, que por sua vez favoreceu à crítica da razão, no sentido de que toda 
verdade poderia e deveria ser colocada à prova, e eventualmente modificada, corrigida ou abandonada. 
Os fundamentos teóricos que favorecem a ancoragem do movimento do Iluminismo podem ser encontrados 
na física e sistematizados na obra de I. Newton (1643-1727), ‘Princípios matemáticos de filosofia natural, 
publicada em 1687; nas pesquisas de Boyle (1627-1691), que encaminham a química como ciência positiva; 
na obra de Buffon (1707-1788) e de outros naturalistas, que assinalam as ciências biológicas como 
responsáveis por explicar as etapas fundamentais de desenvolvimento. 
O empirismo foi o ponto de partida e o pressuposto da filosofia defendida, por exemplo, por Voltaire (1694-
1778), Diderot (1713-1784) e D'Alembert (1717-1783). A Enciclopédia continha o pensamento contrário aos 
privilégios que foram reclamados posteriormente na Revolução Francesa, defendia a felicidade ou o bem-
estar do gênero humano, alcançados e desfrutados através de práticas tolerantes e com fé no progresso. 
Estas noções enfraqueceram a ideia de fatalidade histórica que impedia qualquer iniciativa de transformação 
da realidade. 
Em relação às questões ligadas à educação, podemos compreender que o autor que possuiu maior 
destaque dentre os filósofos iluministas foi Rousseau. Este destaque se deve ao seu principal livro 
relacionado à temática educacional, Emílio (GADOTTI, s.d., p. 87-89). Uma das principaisteses defendida 
por Rousseau é a de que o homem nasce bom, porém o meio o corrompe. Esta ideia, a de que o homem 
nasce bom e é corrompido pelo meio foi uma das maiores influências do iluminismo para as ideias 
pedagógicas nos séculos posteriores. 
Isaac Newton, físico, matemático, filósofo e teólogo inglês, ficou amplamente conhecido com os três volumes 
de ‘Princípios matemáticos da filosofia natural’, nos quais constam as famosas Leis de Newton, que 
compõem os princípios da mecânica e de todo o pensamento moderno. As Leis de Newton contêm o 
princípio de ‘inércia’, em que todo corpo continua em seu estado (repouso ou movimento) a menos que seja 
forçado a mudar; o princípio de ‘dinâmica’, em que a mudança é proporcional à força atribuída; e o princípio 
de ‘ação e reação’, em que para toda ação há sempre uma reação oposta e em igual proporção. 
Immanuel Kant (1724-1804) tem sua produção intelectual e filosófica denominada de filosofia crítica, 
idealismo transcendental, que tinha como finalidade estabelecer um método cognitivo e uma doutrina da 
experiência pelo uso da razão que suplantasse a metafísica racionalista dos séculos XVII e XVIII, que ele 
chamava de sono dogmático. Kant foi leitor de Isaac Newton (1643-1727), John Locke (1632-1704), Gottfried 
Wilhelm Leibniz (1646-1716) e David Hume (1711-1776). 
Nos estudos de Kant percebe-se o forte afastamento da noção de que a Providência divina representava 
um fator determinante da História, a ampla defesa da ideia de racionalidade e de télos (fim/alvo) e de 
progresso, de que, se há passos contínuos, conduziriam a humanidade à emancipação plena. A história, 
guiada pela razão, seria a fonte maior a partir da qual se alcançaria a liberdade e a perfeição humana. Estas 
intenções contagiariam a humanidade e se realizariam em escala universal. A ideia de uma história universal 
se realizaria na conjugação das forças do homem de posse e uso da razão apoiado nas disposições da 
natureza. 
Martinazzo (2010) explica que para Kant o sujeito, por meio da educação, pode sair da menoridade na qual 
se encontra, e a educação seria a arte de transformar homens em homens. Pelo processo educativo o 
“homem torna-se homem” com capacidade reflexiva e autônoma para decidir com liberdade e sem depender 
de condições exteriores para tal. Segundo Kant, a educação deveria durar “até o momento em que a 
natureza determinou que o homem se governe a si mesmo” (KANT, 1999, p. 32). 
A finalidade da educação moderna esteve centrada na construção de sujeitos livres, autônomos e 
responsáveis, com plena capacidade de poder escolher racionalmente os fins adequados e, de forma livre 
e consciente, submeter-se aos mesmos. Nas concepções modernas de educação, a busca da autonomia 
seria o objetivo máximo da educação, e esta deveria ser fundamentada na razão. 
Um dos mitos criados ao redor dos cientistas dos séculos XVI, XVII e XVIII é que eles fossem ateístas. O 
que podemos observar nos seus escritos e nas suas ações sociais é que possuíam profunda fé em Deus e 
em geral eram cristãos convictos. A que por vezes se opuseram foi contra o obscurantismo das elites 
eclesiásticas, universitárias e políticas, que enxergavam nas descobertas do processo de funcionamento do 
corpo humano ou da natureza que os circundava uma oposição ou mesmo um risco ao poder que possuíam. 
Estas mesmas elites eclesiásticas eram capazes de condenar diversas pessoas à pena de morte por motivos 
fúteis, como se apresentou em muitos autos de fé da Santa Inquisição. Muitos outros homens e mulheres 
foram acusados de bruxarias ou de práticas diabólicas, mas se tratavam apenas de pessoas com 
pensamento distinto do que os dispositivos de poder ensinavam como correto. 
O contexto filosófico que diz respeito à época moderna compreende pouco mais de 200 anos, pode-se dizer 
que está circunscrito ao intervalo de tempo entre os séculos XVI e XVIII. Franciotti (2009) argumenta que as 
formulações filosóficas que foram propostas neste período acabaram de ultrapassar a cronologia e o próprio 
campo da filosofia, tais como ‘penso, logo existo’, de Descartes; ‘o homem é naturalmente bom, é a 
sociedade que o perverte’, proposta por Rousseau; e ‘o coração tem razões que a própria razão 
desconhece’, formulada por Pascal. 
No campo da compreensão e da postura do ser humano forja-se o conceito de subjetividade como dimensão 
epistêmica do sujeito, como uma forma de consciência, capaz de constituir as certezas, as verdades em 
todas as instâncias: 
A subjetividade pode ser descrita por meio de “formas de consciência”: o eu, a pessoa, o cidadão e o sujeito 
epistemológico. O eu é a identidade, formada das vivências psíquicas; é a forma de consciência mais 
singular, pois as vivências psíquicas são o que se tem de menos compartilhável. A pessoa é a consciência 
moral; é o sujeito como juiz do certo e do errado, do bem e do mal. O cidadão é a consciência política; o 
sujeito como o juiz dos direitos e deveres da vida na cidade. O sujeito epistemológico é a consciência 
intelectual. O sujeito como juiz do verdadeiro e do falso; o detentor da linguagem e do pensamento 
conceitual; trata-se da forma de consciência mais universal (GHIRALDELLI JR., 1999, p. 23). 
Entre os principais conceitos defendidos pelos pensadores modernos pode-se relacionar a razão 
matemática, na condição de proporção e da relação das grandezas entre si; a visão científica e mecanicista 
do mundo. Entre as preocupações dos pensadores da época moderna estava a ideia de como conhecemos 
as coisas, a realidade e o mundo; e, por sua vez, o limite das faculdades e sentidos humanos, que poderia 
ser sanado com o uso de métodos rigorosos e a razão no campo do raciocínio explicativo, que foram 
consolidados por meio das escolas filosóficas do empirismo e do racionalismo. 
Observe no quadro a seguir como as duas escolas filosóficas que perpassaram o contexto educacional da 
época moderna podem ser sistematizadas: 
QUADRO 2 - SÍNTESE DAS PRINCIPAIS CORRENTES FILOSÓFICAS MODERNAS 
Outra vertente dos pensadores foi a dos contratualistas, porém agora com preocupações mais específicas 
do campo jurídico, político e da organização da sociedade propriamente dita, no sentido de que a sociedade 
moderna, o Estado civil, as constituições, as leis, os contratos forneciam as condições necessárias que 
garantiriam a vida pacífica, sem discórdia, em justiça e liberdade entre os indivíduos e as sociedades. 
Observe que a seguir procuramos relacionar de maneira esquemática o pensamento contratualista e quais 
foram os principais simpatizantes: 
QUADRO 3 - SÍNTESE DO PENSAMENTO CONTRATUALISTA 
Thomas Hobbes (1588-1679) parte do conceito do Direito natural (Jus naturalismo), cujo preceito ensina que 
todo homem tem direito à vida e ao que é necessário para mantê-la, também (principalmente) à liberdade. 
Para ele, todos são livres, ainda que uns sejam fracos e outros fortes. Um contrato social, conforme o Direito 
Romano, só tem validade se ambas as partes forem livres e iguais e, por vontade própria, consentem ao 
que está contratado, pactuado. 
Para Hobbes, há três motivações intrínsecas no ser humano: a competição, a desconfiança e a glória (a 
vaidade). O estado natural de guerra é porque todos se imaginam poderosos, perseguidos e traídos, para 
tanto o Estado Civil moderno regulamentaria a vida, as regras do jogo/guerra e da liberdade, permitindo a 
todos condições iguais na competição. 
Caro acadêmico! Os autores das duas correntes filosóficas modernas ainda serão analisados com maior 
profundidade ao longo desta unidade. Para potencializar seu conhecimento, esteja atento e reúna o maior 
número de elementos e argumentos possíveis sobre cada um deles. 
4.1 ELEMENTOS DO CONTEXTO EDUCACIONAL MODERNO: A EDUCAÇÃO REALISTA DO 
SÉCULO XVII 
Brug, Fronza e Silva (2013) explicam que a partir do século XVI, teólogos católicos e os protestantes, 
teceram profundos debates, todavia foi o momento em que os intelectuais idealistas entram no debate e 
passam afundar escolas sob sua orientação educacional. O italiano Vitorino Feltre, em 1428, foi convidado 
a ministrar aulas junto à universidade de Veneza e Pádua, pelo príncipe de Mântua, na qual pode fundar 
uma escola e permanecer nela até o seu falecimento. 
Monroe (1979) descreve que Vitorino Feltre não chegou a deixar seus ideais educacionais e pedagógicos 
registrados, porém é reconhecido como um dos educadores renascentista pioneiros. Algumas das escolas 
que foram fundadas na época da renascença destinavam-se especialmente à nobreza e podiam ser 
encontradas nas cidades de Pádua, Veneza e Florença. Em outras regiões da Europa como a Alemanha, 
passaram a existir escolas infantis que eram tuteladas diretamente pelas cortes, leia-se: escola às elites; 
por outro lado ocorriam também os ginásios, cujo fundador foi João Sturn. 
A Idade Moderna foi o momento histórico de muitas transformações no que diz respeito ao cenário político, 
econômico, científico, intelectual e educacional. Em meio a este contexto as primeiras escolas de 
alfabetização e educação primária, que eram novidade no cenário educacional europeu, não passaram 
ilesas. As primeiras escolas, nas quais a maior parte da elite europeia se alfabetizou, contavam com 
preceptores, que supervisionavam, orientavam e acompanhavam as atividades escolares. 
O século XVI no campo intelectual é conhecido como humanista-renascentista, já no campo artístico é 
reconhecido como o período barroco, já no campo educacional se desenvolveu a tendência do realismo 
pedagógico. 
Caro acadêmico! Não se esqueça de que os pensadores do Renascimento foram chamados de ‘utópicos’, 
ou seja, que lançavam e almejavam teorias idealizadas e de difícil realização. Logo o século seguinte, o 
século XVII, foi de compensação pelo aspecto racional, metódico e realista, embasado pelo pensamento 
dos pesadores como John Locke, João Amós Comenius e Francis Fenelon. 
John Locke (1632-1704), filósofo e pensador britânico, preceptor dos filhos do conde de Shaftesburg, foi um 
estudioso que contribuiu na produção do conhecimento que pretendia superar a tradição medieval. Se 
destacou nas áreas da filosofia, da economia, política, religião e educação. Seus estudos se inserem no 
contexto histórico e filosófico do pensamento pedagógico moderno e seus pensamentos ganharam 
importância, pois foi o estudioso que defendeu o empirismo, ou seja, que acredita que o conhecimento seja 
consequência da experiência, que não existem ideias inatas, ou seja, ideias com as quais nós já nascemos; 
ao invés disso, propôs que o que sabemos aprende-se tudo pelo caminho da experiência. Criticou 
enfaticamente as ideias medievais, o descaso atribuído às línguas vernaculares e aos cálculos, e ênfase 
atribuída ao latim. 
Na obra de quatro volumes ‘Ensaio sobre o entendimento humano’, pensamentos sobre a educação, 
apresentou a expressão latina pela qual ficou muito conhecido, que é a de tábula rasa, que procurava 
explicar que o ser humano nasce como um papel em branco e que vai sendo preenchido ao longo de sua 
vida. Foi defensor da separação de poderes entre Igreja e Estado, ou seja, defendeu o Estado laico. 
CONCEITO: ESTADO LAICO: 
Casanova (1994) refere-se, histórica e normativamente, à emancipação do Estado e do ensino público dos 
poderes eclesiásticos e de toda referência e legitimação religiosa, à neutralidade confessional das 
instituições políticas e estatais, à autonomia dos poderes político e religioso, à neutralidade do Estado em 
matéria religiosa (ou a concessão de tratamento estatal isonômico às diferentes agremiações religiosas), à 
tolerância religiosa e às liberdades de consciência, de religião (incluindo a de escolher não ter religião) e de 
culto. 
Cambi (1999) explica que Locke teoriza sobre uma educação que se destinava tanto a homens como a 
mulheres e que tinha por objetivo endurecer, regular e moldar a delicadeza e os demasiados cuidados, que 
seria obtida por meio de uma espécie de “educação do corpo”, este entendido como um vaso de argila (como 
se exprime Locke), que impunha ajustes desde os modos de vestir, que deveriam parecer nem leves nem 
pesados, ao mesmo tempo a robustez e a possibilidade da vida "ao ar livre", válida tanto para os rapazes 
como para as moças” (CAMBI, 1999). 
Para Locke, as capacidades e as competências do ser humano são inatas, mas o conhecimento e as 
habilidades são construídos. Defendendo estas ideias, colocava-se contrário às noções de dom artístico. 
Para Locke, o pensamento e a memória humana consistem em uma espécie de tábula rasa a ser preenchida 
e o corpo como um vaso de argila, passível de moldagem. Os estudiosos apontam que seus estudos e 
teorizações no campo da educação destinam-se à Educação Física e recebe diversas críticas, pois seu 
pensamento sugeria uma espécie de controle e atos de mutilação com relação ao corpo com justificativa 
educativa. 
QUADRO 4 - SÍNTESE DO PENSAMENTO DE JOHN LOCKE 
Francis Fenelon (1567-1622) foi um bispo católico francês. E, assim como Locke, trabalhou como preceptor 
de uma família nobre. No caso, Fenelon foi o responsável pela instrução de um dos netos de Luiz XIV, o 
“Rei Sol”. Seu destaque foi propor uma pedagogia para as mulheres. Como retrato da mentalidade da época, 
acreditava que as moças deveriam se dedicar a conhecimentos religiosos e morais, que as capacitassem 
para bem desenvolver suas funções sociais como esposas e mães de famílias. As escolas para mulheres 
foram desenvolvidas na França, sendo a de Saint-Cry um símbolo da educação feminina da monarquia 
francesa antes da Revolução Francesa (ARANHA, 2006). 
Outro importante pensador presente na história da educação ocidental é o tcheco João Amós Comenius 
(1562-1670). Formado em Teologia, não conseguiu ser ordenado sacerdote devido aos problemas políticos 
oriundos na Europa durante a Guerra dos Trinta Anos, um dos conflitos militares oriundos das disputas 
territoriais entre príncipes católicos e protestantes. 
As suas reflexões sobre educação são marcadas por sua perspicácia em relação ao amadurecimento dos 
seres humanos. Seus principais livros foram Pródomus da Pansofia, no qual propunha a organização e 
ampliação do acesso ao ensino como um modo de pôr fim às guerras. Em Porta aberta às línguas, propôs 
uma inovadora metodologia para o ensino do latim. Porém, sua principal contribuição para a tarefa 
educacional foi a Didática magna (1657) ou Grande didática. Comenius compreendia o homem e suas fases 
de desenvolvimento da seguinte forma: 
Portanto, o que é inicialmente o homem? Uma massa informe e bruta. Depois, assume o contorno de um 
pequeno corpo, mas sem sentidos e movimento. A seguir, começa a movimentar-se e por força da natureza 
vem à luz; pouco a pouco manifestam-se os olhos, os ouvidos e os outros sentidos. Após um certo tempo 
manifesta-se o sentido interno, quando ele percebe que vê, ouve e sente. A seguir será manifestado o 
intelecto, apreendendo as diferenças entre as coisas; finalmente, a vontade, dirigindo-se a alguns objetos e 
fugindo de outros, assume papel de governante (COMENIUS, 1997, p. 44). 
Para Comenius (1997, p. 58), “nossa mente não apreende só as coisas próximas, mas também aproxima 
de si as distantes (em lugar e tempo), alça-se às mais difíceis, indaga as ocultas, descobre as veladas, 
esforça-se por investigar também as imperscrutáveis: é algo infinito e sem limite”. Portanto, dedicou-se em 
formular um método universal que facilitaria o ensino do maior número de conteúdos e conhecimentos, 
ensinar tudo e a todos (Omnes Omnia Omnimo), em que os objetivos e os resultados seriam alcançados 
rápida e solidamente e de modo satisfatório, e que se destinaria a um amplo público de interessados. 
Criticava as formas enfadonhas e tortuosas de ensino e aprendizagem, bem como a especialidade e 
restrição a determinados saberes e ofícios, assim como as restrições de sexo (homens e mulheres), de 
classes sociais (agricultores, comerciantes, operários, administradores) e aos que apresentavamsinais de 
deficiências (mental e outras debilidades), que acompanhavam as instituições escolares da época. 
Enfatizava a necessidade de se subdividir o processo de ensino em níveis e graus mediante a faixa etária 
dos estudantes, bem como abordava questões de falta de interesse e motivação por parte dos estudantes. 
Para Comenius (1997), a educação deveria observar os seguintes preceitos: 
I. Começar cedo, antes da corrupção das inteligências. 
II. Fazer a devida preparação dos espíritos. 
III. Proceder às coisas gerais para as coisas particulares. 
IV. Proceder às coisas mais fáceis para as mais difíceis. 
V. Não sobrecarregar ninguém com demasiados trabalhos escolares. 
VI. Proceder de forma lenta. 
VII. Não constranger os espíritos a fazer aquilo que não desejam, permitir que seja de forma espontânea, 
tendo em vista método e a idade ideal. 
VIII. Ensinar todas as coisas, colocando-as imediatamente sob os sentidos. 
IX. Dar ênfase à utilidade imediata dos conhecimentos. 
X. Utilizar sempre com um só e o mesmo método. 
XI. Prezar por um andamento suave e agradável das atividades. 
Comenius defendia que se devia saber tudo, mas não nos aspectos superficiais e vulgares dos saberes, 
antes os fundamentos, os princípios, as razões e os objetivos dos principais conhecimentos da natureza e 
daqueles que o homem foi responsável. Para tanto, classificou as coisas em três naturezas: objetos de 
observação: o céu, Sol, Lua, as rochas, as estrelas, os fenômenos naturais, entre outros; objetos de 
imitação: a ordem que rege o mundo, a natureza e o homem; objetos de fruição: o não palpável, o metafísico, 
o imaterial, o divino, de natureza simbólica e espiritual. 
O que podemos compreender nestes pensadores realistas é a ideia da importância da educação para o 
desenvolvimento humano. Porém, não apenas do ponto de vista da utopia, do sonho de se viver em uma 
sociedade marcada pela perfeição. A ideia educacional principal era um pouco mais prática, uma noção da 
necessidade da educação na alteração de comportamentos e pensamentos no cotidiano dos discentes. 
Muito mais que um sonho de sociedade, os autores em análise tiveram em suas experiências pessoais a 
principal motivação para escrever seus livros. 
As experiências pessoais de Fenelon e Locke como preceptores os motivaram a pensar uma educação para 
as moças e de melhor qualidade. As dificuldades de vivenciar uma guerra motivaram Comenius a escrever 
sobre a paz universal. Estas são as razões principais de as reflexões destes intelectuais não serem teóricas, 
mas, sim, metodológicas. Isto é, o método de ensino, as faixas etárias apropriadas para o ensino de 
determinados conteúdos e quais os conteúdos a se ensinar foram os pontos principais das reflexões dos 
pedagogos seiscentistas. 
4.2 OS MANUAIS DE ETIQUETA E DE BONS COSTUMES 
Burg, Fronza e Silva (2013) explicam que os manuais de etiqueta, as dietas e cardápios variados e refinados 
representam uma novidade aos homens do Renascimento, mas a partir de então fazem parte das 
preocupações da vida pública e privada da sociedade ocidental até os dias atuais. Por meio das expressões, 
comportamentos e posturas nos momentos festivos, em meios aos baquetes e no cotidiano no interior dos 
palácios, as elites econômicas e políticas afirmavam-se por meio da demonstração de modos refinados, 
sofisticados e elegantes. 
Elias (1993) explica que os autores renascentistas que já mencionamos antes nesta unidade, Leonardo da 
Vinci e Erasmo de Roterdã foram, além de outras coisas, já mencionadas anteriormente, autores de manuais 
de etiqueta e cardápios gastronômicos. Nos manuais constavam desde noções de como os nobres deveriam 
se portar e apresentar à mesa assim como cuidados higiênicos que deveriam ser observados no cotidiano. 
A título de exemplo tem-se que não era de bom tom escarar na mão direita e usar a mesma mão para pegar 
algum pedaço de carne. Neste contexto não se pode negligenciar a informação de que os artefatos de garfo 
e faca representavam utensílios raros, que muitas vezes eram objetos de disputas em heranças de pai para 
filho. 
Ribeiro (1990) explica que além das questões de etiqueta e bons costumes, havia também segregações e 
distinções sociais que eram obtidas pelas questões de honra, ou melhor pelas noções de status quo, ou 
seja, que se baseava na importância e no reconhecimento que a família obtinha em meio à sociedade. O 
status era obtido pela demonstração de boa apresentação nos bailes, cafés, museus e galerias, por meio 
do uso de trajes elegantes, perucas, vestidos e demais acessórios enobrecedores. 
Burg, Fronza e Silva (2013) explicam que foi nas confrarias duelistas, que funcionavam nos castelos e 
palácios da nobreza, que as regras de etiqueta e bons costumes eram aprendidas; destinavam-se 
especialmente aos integrantes da elites e nobres praticantes de esgrima. Além das atividades de esgrima, 
a montaria representava outra atividade, quem quisesse se distinguir deveria apresentar conhecimentos e 
demostrar habilidade. 
Caro acadêmico! Observe com atenção o texto "Escolas Filosóficas: um panorama", escrito pelo professor 
Kevin Daniel dos Santos Leyser, pois contempla explicações sobre as correntes filosóficas que compõem a 
matriz do pensamento ocidental e o pano de fundo filosófico em que se desenvolveram os autores que já 
foram mencionados até aqui e que ainda serão mencionados ao longo das próximas unidades. Mas, para 
saber mais, prossiga na leitura. 
LEITURA COMPLEMENTAR 
ESCOLAS FILOSÓFICAS: UM PANORAMA 
Kevin Daniel dos Santos Leyser 
As escolas filosóficas podem ser sistematizadas em quatro correntes de pensamento, que são o idealismo, 
o realismo, o pragmatismo e o existencialismo. O idealismo e o realismo derivam dos pensamentos e escritos 
dos antigos filósofos gregos, Platão e Aristóteles, que por sua vez já foram discutidas na Unidade 1. As 
outras duas são mais contemporâneas, o pragmatismo e o existencialismo. No entanto, os educadores que 
compartilham um desses conjuntos distintos de crenças sobre a natureza da realidade atualmente aplicam 
cada uma dessas filosofias gerais em salas de aula. Vamos explorar cada uma dessas escolas metafísicas 
de pensamento: 
1- Idealismo: é uma abordagem filosófica que tem como princípio central que as ideias são a única realidade 
verdadeira, a única coisa que vale a pena conhecer. Em busca da verdade, beleza e justiça que é duradoura 
e eterna, o foco está no raciocínio consciente na mente. Platão, pai do idealismo, abraçou esta visão cerca 
de 400 anos A.E.C., em seu famoso livro A República. Platão acreditava que havia dois mundos. O primeiro 
é o mundo espiritual ou mental, que é eterno, permanente, ordenado, regular e universal. Há também o 
mundo da aparência, o mundo experimentado através da visão, do toque, do cheiro, do gosto e do som, que 
está mudando, imperfeito e desordenado. Esta divisão é muitas vezes referida como a dualidade da mente 
e do corpo. Reagindo contra o que ele percebia como um foco excessivo na imediação do mundo físico e 
sensorial, Platão descreveu uma sociedade utópica na qual a educação para o corpo e a alma seria toda a 
beleza e perfeição da qual são capazes como um ideal. Em sua alegoria da caverna, as sombras do mundo 
sensorial devem ser superadas com a luz da razão ou da verdade universal. Para compreender a verdade, 
é preciso buscar o conhecimento e identificar-se com a Mente Absoluta. Platão também acreditava que a 
alma está totalmente formada antes do nascimento e é perfeita e em harmonia com o Ser Universal. O 
processo de nascimento verifica essa perfeição, de modo que a educação exige que à consciência sejam 
trazidas ideias latentes (conceitos totalmente formados). 
No idealismo, o objetivo da educação é descobrir e desenvolver as habilidades e a excelência moral de cada 
indivíduo para melhor servir à sociedade. A ênfase curricular é assunto da mente: literatura, história, filosofia 
e religião. Os métodos de ensino centram-se no tratamento deideias através de palestra, discussão e 
diálogo socrático (um método de ensino que utiliza o questionamento para ajudar os alunos a descobrir e 
clarificar o conhecimento). Introspecção, intuição, insight e lógica são usados para levar à consciência as 
formas ou conceitos que estão latentes na mente. O caráter é desenvolvido através da imitação de exemplos 
e heróis. 
2- Realismo: Os realistas acreditam que a realidade existe independentemente da mente humana. A 
realidade última é o mundo dos objetos físicos. O foco desta perspectiva está no corpo/objetos. A verdade, 
portanto, é objetiva – aquilo que pode ser observado. Aristóteles, um estudante de Platão que rompeu com 
a filosofia idealista de seu mentor, é chamado o pai do realismo e do método científico. Nesta visão 
metafísica, o objetivo é compreender a realidade objetiva através do escrutínio diligente e imparcial de todos 
os dados observáveis. Aristóteles acreditava que, para compreender um objeto, sua forma última deveria 
ser entendida, aquilo que não mudava. Por exemplo, uma rosa existe se uma pessoa está ou não consciente 
dela. Uma rosa pode existir na mente sem estar fisicamente presente, mas em última análise, a rosa 
compartilha propriedades com todas as outras rosas e flores (sua forma), embora uma rosa pode ser 
vermelha e outra amarela. Aristóteles também foi o primeiro a ensinar a lógica como uma disciplina formal, 
a fim de ser capaz de raciocinar sobre eventos e aspectos físicos. O exercício do pensamento racional é 
visto como o fim último da humanidade. O currículo realista enfatiza o assunto do mundo físico, 
particularmente a ciência e a matemática. O professor organiza e apresenta o conteúdo sistematicamente 
dentro de uma disciplina, demonstrando o uso de critérios na tomada de decisões. Os métodos de ensino 
centram-se no domínio dos fatos e das competências básicas através da demonstração e da recitação. Os 
alunos também devem demonstrar a capacidade de pensar criticamente e cientificamente, usando 
observação e experimentação. O currículo deve ser abordado cientificamente, padronizado e baseado em 
disciplina distinta. O caráter é desenvolvido através da formação nas regras de conduta. 
3- Pragmatismo (Experiencialismo): Para os pragmáticos, apenas as coisas que são experimentadas ou 
observadas são reais. Nesta filosofia americana do final do século XIX, o foco está na realidade da 
experiência. Ao contrário dos realistas e racionalistas, os pragmatistas acreditam que a realidade está em 
constante mudança e que aprendemos melhor através da aplicação de nossas experiências e pensamentos 
aos problemas, à medida que surgem. O universo é dinâmico e evolutivo, uma visão do mundo "tornando-
se". Não há uma verdade absoluta e imutável, mas sim, a verdade é o que funciona. O pragmatismo deriva 
do ensinamento de Charles Sanders Peirce (1839-1914), que acreditava que o pensamento deve produzir 
ação, em vez de ficar na mente e levar à indecisão. John Dewey (1859-1952) aplicou a filosofia pragmatista 
em suas abordagens progressivas. Ele acreditava que os aprendizes deviam adaptar-se uns aos outros e 
ao seu ambiente. As escolas devem enfatizar o assunto da experiência social. Toda aprendizagem depende 
do contexto de lugar, tempo e circunstância. Diferentes grupos culturais e étnicos aprendem a trabalhar em 
cooperação e a contribuir para uma sociedade democrática. O objetivo final é a criação de uma nova ordem 
social. O desenvolvimento do caráter baseia-se na tomada de decisões de grupo à luz das consequências. 
Para os pragmatistas, os métodos de ensino se concentram na resolução de problemas práticos, 
experimentação e projetos, muitas vezes fazendo com que os alunos trabalhem em grupos. O currículo deve 
reunir as disciplinas para se concentrar na resolução de problemas de forma interdisciplinar. Ao invés de 
passar corpos de conhecimento organizados para novos alunos, os pragmatistas acreditam que os alunos 
devem aplicar seus conhecimentos a situações reais por meio de pesquisas experimentais. Isso prepara os 
alunos para a cidadania, vida diária e carreiras futuras. 
4- Existencialismo: A natureza da realidade para os existencialistas é subjetiva e está dentro do indivíduo. 
O mundo físico não tem nenhum significado inerente fora da existência humana. A escolha individual e os 
padrões individuais em vez de padrões externos são centrais. A existência vem antes de qualquer definição 
do que somos. Nós nos definimos em relação a essa existência pelas escolhas que fazemos. Não devemos 
aceitar o sistema filosófico predeterminado de outra pessoa. Em vez disso, devemos assumir a 
responsabilidade de decidir quem somos. O foco é sobre a liberdade, o desenvolvimento de indivíduos 
autênticos, tal como fazemos o significado de nossas próprias vidas. 
Existem várias orientações diferentes dentro da filosofia existencialista. Sören Kierkegaard (1813-1855), 
ministro e filósofo dinamarquês, é considerado o fundador do existencialismo. Sua orientação era cristã. 
Outro grupo de existencialistas, em grande parte europeu, acredita que devemos reconhecer a finitude de 
nossas vidas neste pequeno e frágil planeta, em vez de crer na salvação por meio de Deus. Nossa existência 
não é garantida em uma vida após a vida, então há tensão sobre a vida e a certeza da morte, da esperança 
ou do desespero. Ao contrário das abordagens europeias mais austeras onde o universo é visto como sem 
sentido quando confrontado com a certeza do fim da existência, os existencialistas americanos têm se 
concentrado mais no potencial humano e na busca de significado pessoal. O esclarecimento de valores é 
uma consequência desse movimento. Após o período sombrio da Segunda Guerra Mundial, o filósofo 
francês Jean-Paul Sartre sugeriu que, para a juventude, o momento existencial surge quando os jovens 
percebem pela primeira vez que a escolha é deles, que eles são responsáveis por si mesmos. Sua pergunta 
se transforma em "Quem sou eu e o que devo fazer?” 
Em relação à educação, o tema das aulas existencialistas deve ser uma questão de escolha pessoal. Os 
professores veem o indivíduo como uma entidade dentro de um contexto social em que o aluno deve 
confrontar os pontos de vista dos outros para esclarecer o seu próprio. O desenvolvimento do caráter 
enfatiza a responsabilidade individual pelas decisões. Respostas reais vêm de dentro do indivíduo, não de 
autoridade externa. Examinar a vida através do pensamento autêntico envolve os alunos em experiências 
de aprendizagem genuínas. Os existencialistas se opõem a pensar nos alunos como objetos a serem 
medidos, rastreados ou padronizados. Esses educadores querem que a experiência educacional se 
concentre na criação de oportunidades para autodireção e autorrealização. Eles começam com o aluno, e 
não com o conteúdo do currículo. 
Observe no quadro abaixo como estas escolas podem ser sistematizadas e quais foram os principais 
estudiosos que as seguiram: 
 
RESUMO DO TÓPICO 
Ao longo do Tópico 1, você estudou que: 
• O renascimento consistiu na retomada dos valores e padrões estéticos, filosóficos e culturais da 
antiguidade clássica greco-romana, que por sua vez colocavam o homem no centro das preocupações. 
• Entre os antecedentes que propiciaram as mudanças nos fundamentos do pensamento pedagógico 
ocorridas na época renascentista e moderna estão as invenções técnicas da prensa e da era das grandes 
navegações. 
• A invenção da imprensa por Guttenberg impactou a cultura letrada, facilitando o acesso a livros e 
proporcionando melhorias nos campos educacionais, assim como a leitura individualizada e não mais 
intermediada e guiada por uma terceira pessoa. 
• As grandes navegações possibilitaram o contato com regiões, matérias-primas e culturas que até então 
não haviam sido exploradas e colonizadas. 
• A Reforma Protestante estimulou a alfabetização da população europeia, bem como a tradução de 
documentos nas línguas regionais e que até então somente eram conhecidos nas línguas

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