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Grécia Antiga e o Período Helenístico

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Edessa
Bizâncio
Istambul (atual)
Delfos
Corinto
Políegas
Imbros
Tenedos
Lemnos
Icos
Tasos
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Peparetos
Magara
Argos
Olímpia
Cefalônia
Corcira Larissa
Leucas
Zanto
Messena
Pilos
Esfactéria
Potidaco
Samotrácia
Pela
Ábidos
Hecatones
Helesponto
PérgamoAmbracia
Termópilas
Halonesos
Elis
Esparta
Citera
Anafe TelosThera
Olinto
Proconeses
Tróia
Ceos Siros
Cós
Icária
Samos
Quios
Paira
Leros
Paros
Cimolos
Sitnos
Melos
Cálcis Sardes
Magnésia
Mileto
Epidauro
Andros
Delos
Rodes
Cárpatos
Cnossos
Gortina
Amargos
Astipaleia
Naxos
Trezena
Lesbos
Mitilene
Faceia
Patras
Atenas
Maratona
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GÓLIDA
Grécia no séc. V a.C. Neste mapa, é possível observar as cidades-estados gregas, bem como a Macedônia. 
Atlas histórico escolar. MEC/Fename. 
O Período Helenístico (ou Helenismo) compreende o período que se estende desde do século IV a.C. até o início da Idade 
Média, apresentando características gregas e romanas. Seu início está intrinsecamente ligado à figura de Alexandre, o Grande, 
rei da Macedônia, e às suas expedições e conquistas. 
A palavra helenismo, do grego hellenismós, significa “falar grego”. Assim, helenista é o nome dado àqueles que utilizaram o 
idioma grego para se comunicar, seja por escrito ou apenas oralmente. Helenístico também pode se referir àquele que adotara 
o grego como segunda língua. Por exemplo, no livro Atos dos Apóstolos, presente na Bíblia Sagrada, a palavra helenístico foi 
utilizada para se referir aos judeus que substituíram sua língua materna pelo grego. É importante notar que, com o tempo, 
Helenismo: a difusão da cultura 
grega e a busca pela felicidade
Pág 01
a palavra helenismo deixa de se referir somente a 
uma transformação de idioma para abranger toda uma 
cultura helenística. Dessa forma, passou a representar 
o fenômeno de aculturação dos outros povos que, não 
sendo gregos ou orientais, adotaram a cultura e a forma 
de viver e conceber o mundo dos gregos. Para que tal 
transformação fosse efetuada, foi fundamental a figura 
de Alexandre, conhecido como o maior conquistador e 
estrategista da Antiguidade.
O REINO DA MACEDÔNIA
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Busto de Filipe II à mostra na Gliptoteca Ny Carlsberg
Localizado na Península dos Bálcãs ou Península Balcânica, 
o reino da Macedônia situava-se na região nordeste da 
Grécia. A maioria de sua população era formada por 
camponeses livres que se dedicavam a tarefas ligadas à 
terra e à criação de gado. Apesar de algumas diferenças, 
a língua macedônica era muito semelhante à língua grega. 
Os atenienses, pertencentes à maior e mais importante 
cidade grega, tinham um modo muito peculiar de ver 
os estrangeiros. Embora fossem também gregos, os 
macedônicos eram desprezados pelos atenienses, sendo 
considerados bárbaros e devendo ser mantidos longe das 
glórias e dos privilégios reservados somente aos “verdadeiros 
homens gregos”.
No ano de 359 a.C., Filipe se torna rei da Macedônia, aos 23 
anos de idade, no lugar do rei Amintas IV, ficando conhecido 
então como Filipe II. Filipe II foi assassinado em 336 a.C., ao 
ser apunhalado por um de seus soldados, Pausânias, diante 
da população durante o festival de outubro. Nesse festival, 
comemoravam-se as cerimônias de casamento da Macedônia, 
inclusive o da filha do rei, Cleópatra. Aproveitando aquela 
ocasião, Filipe II fez uma espécie de encontro internacional, 
convidando vários enviados das cidades-estados gregas e 
outros líderes dos povos balcânicos.
N
0 450 km
Império de Alexandre
Batalhas
Morte de Dario
(330)
Morte de Alexandre
(323)
Gaugamela
(331)
Báctria
Babilônia
Górdio
Trácia 
Mênfis 
Alexandria
Oásis de Siwa
Pella Granicius (334)
Isso (333)
DESERTO DA
ARÁBIA
ÍNDIA
EGITO
ASSÍRIA
MACEDÔNIA
PÉRSIA
SAARA
ANATÓLIA
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Mesopotâmia
Pasárgada
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Ecbatana
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Morte de Dario
(330)
Pasárgada
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Susa
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Morte de Alexandre
(323)
Gaugamela
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Babilônia
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Isso (333)
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MACEDÔNIA
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Mesopotâmia
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Rio Dniester
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Rio Eufrates
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MAR 
CÁSPIO
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DE
ARAL
OCEANO
ÍNDICO
MAR MEDITERRÂNEO
G
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LFO PÉRSICO
O Império Macedônico conquistado por Filipe e por Alexandre: 
território que se estendia dos Bálcãs à Índia, incluindo o Egito 
e a Báctria (aproximadamente o atual Afeganistão). 
Antes de se tornar um grande rei, com glórias e honrarias 
devidas somente aos deuses, Filipe havia passado três 
anos como refém na cidade grega de Tebas, num momento 
em que o reino da Macedônia enfrentava uma grande 
crise, devido às guerras em que o reino esteve envolvido. 
Em Tebas, Filipe teve a oportunidade de estudar as táticas 
de guerra mais sofisticadas de seu tempo e também as 
inovações estratégicas militares tebanas, principalmente a 
falange. Ao regressar para a Macedônia em 360 a.C., tendo 
também estudado os métodos militares dos gregos, com 
sua experiência, Filipe montou as falanges, constituídas 
de dez fileiras de infantaria armada com novas lanças, 
duas vezes mais longas do que aquelas comumente 
utilizadas, possuindo cada uma cerca de cinco metros de 
extensão. Com tal formação, os soldados que carregavam 
tais lanças podiam ficar mais distantes do que os que 
estavam à frente na batalha. Desse modo, as lanças da 
retaguarda, projetando-se entre as da primeira fileira, 
eram absolutamente devastadoras contra os exércitos 
inimigos. Como resultado dessa disposição e técnica, as 
falanges formavam um escudo, quase como um ouriço, 
praticamente indestrutível. Apoiando a retaguarda, havia 
a cavalaria. Os homens que a constituíam portavam uma 
armadura diferente em força e peso e combatiam por trás 
os opositores, deixando os inimigos encurralados. Como 
reforço, o exército de Filipe ainda possuía as catapultas, 
capazes de lançar pedras de mais de dez quilos a distâncias 
que chegavam a 200 metros. Enfim, Filipe da Macedônia 
formou um exército com força e perícia quase indestrutíveis, 
composto de homens bem treinados e dispostos à conquista 
do mundo, que se iniciou pela Grécia, já enfraquecida 
devido à Guerra do Peloponeso. 
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Os soldados (ou falangistas) mantinham uma formação cerrada, 
com as armas das primeiras linhas projetadas para a frente, de 
modo que seria impossível atingir qualquer homem da formação 
sem ser perfurado por alguma lança. Essas lanças, chamadas 
sarissas, mediam de quatro a cinco metros e eram constituídas 
apenas de uma ponta afiada e um contrapeso. Os membros 
restantes da formação, aqueles que ficavam longe da primeira 
linha, mantinham as lanças elevadas em média de 45º graus, 
numa posição de prontidão e anulando parcialmente um ataque 
pelo alto, por exemplo, caso a cavalaria inimiga saltasse sobre 
a primeira linha de lanças. Os homens que ficavam nas últimas 
fileiras da falange eram usados como substitutos, quando os 
soldados da frente morriam ou tombavam, além de constituirem 
uma força de “empurrão” para toda a formação, de modo que 
o inimigo era literalmente esmagado sob o avanço do Exército.
Após a conquista da Grécia, os macedônicos se puseram 
à conquista da Pérsia, que possuía um vasto império, 
e dominaram também outros povos, sendo atraídos, 
principalmente, por tesouros e terras cultiváveis. Foi durante 
as comemorações que antecederiam o início da conquista 
dos persas que Filipe II veio a falecer, assumindo o trono 
então seu filho,Alexandre.
ALEXANDRE, O GRANDE: 
VIDA E CONQUISTAS 
Busto de Alexandre. Cópia romana em mármore do original 
de Lisipo, de 330 a.C. (Museu do Louvre). Segundo Plutarco, 
as esculturas de Lisipo representavam fielmente o famoso 
conquistador macedônio.
Com a morte de Filipe II, Alexandre (356-323 a.C.) se 
tornou rei da Macedônia, com apenas 20 anos. No entanto, 
sua pouca idade não representou qualquer empecilho 
para a genialidade de uma das figuras mais importantes 
da história da Antiguidade. Tendo construído um dos 
maiores impérios da história, alguns homens de seu tempo 
chegaram a afirmar que Alexandre pertencia à descendência 
direta de Zeus. Antes de se tornar rei, Alexandre já tinha 
tido experiências políticas e militares ao lado do pai. 
Aos 16 anos, por exemplo, quando Filipe liderou um ataque 
contra a cidade de Bizâncio em 340 a.C., Alexandre assumiu o 
controle do reino da Macedônia. Já na batalha de Queroneia, 
decisiva na conquista de Atenas, Alexandre liderou a 
cavalaria, o que foi fundamental para a vitória macedônica. 
Conta-se que sua personalidade era sobremaneira singular. Por 
um lado, era um homem de visão diferenciada, extremamente 
inteligente, que buscava construir uma síntese entre o Oriente 
e o Ocidente. Alexandre era conhecido por seu respeito aos 
derrotados e por sua admiração pelas ciências e pelas artes, 
o que ficou claro com a criação da cidade de Alexandria (atual 
Istambul), que se tornou, substituindo Atenas, a cidade mais 
importante do mundo em sua época, devido ao seu caráter 
cultural, científico e econômico (talvez pela influência do 
mestre e preceptor Aristóteles, que educou Alexandre durante 
sua infância), sendo substituída por Roma somente trezentos 
anos depois. Por outro lado, Alexandre apresentava-se como 
um homem extremamente instável, violento e cruel, inclusive 
com aqueles que lhe eram mais próximos. 
Como resultado de todas as suas campanhas e guerras, 
Alexandre criou um império que se estendia da Grécia à 
extremidade da Índia. Como rei e general de seus exércitos, 
nunca perdeu uma batalha. Não voltou para a Macedônia, 
sua terra natal, depois de suas conquistas, permanecendo 
na Babilônia até sua morte.
Em 323 a.C., com apenas 33 anos, Alexandre morreu, 
vitimado por uma febre. Seus generais passaram, então, 
a disputar o poder entre si. O vasto império acabou se 
dividindo em reinos menores, entre os quais se destacam 
a Macedônia, a Síria, Pérgamo e o Egito. Os generais de 
Alexandre se tornaram os governantes desses reinos, que 
permaneceram até as invasões romanas.
As consequências das conquistas 
de Alexandre para a cultura grega 
e para a Filosofia
A consequência política mais importante dos feitos de 
Alexandre foi o desmoronamento da importância sociopolítica 
da poleis grega. Com as conquistas sobre toda a Grécia, a 
liberdade dos homens livres, característica que sustentava 
a democracia grega, mais propriamente a ateniense, perdeu 
sua força e vivacidade. Atenas, a principal polis grega, 
agora, fazia parte dos povos conquistados. Por mais que 
Alexandre respeitasse os atenienses e mantivesse a cidade 
Pág 03
como sua aliada, a liberdade, sustentáculo da democracia, 
foi duramente atingida. Após a morte de Alexandre, com a 
formação dos reinos do Egito, da Síria, da Macedônia e de 
Pérgamo, a importância da cidade livre, da polis, foi perdida 
e seu ideal de independência e liberdade foi praticamente 
esquecido. Desse modo, a polis pensada por Platão e 
Aristóteles, com seus ideais de moralidade e organização 
tidos como a forma perfeita de organização social e política, 
passou a ser vista como uma utopia.
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Alexandre Magno e seu cavalo Bucéfalo, na Batalha de Isso. 
Mosaico encontrado em Pompeia, hoje no Museu Arqueológico 
Nacional, em Nápoles.
De cidadão, o homem grego se tornou súdito. Já não era 
a assembleia de homens livres que governava a cidade, mas 
agora eles recebiam ordens e tinham de acatá-las, uma vez 
que estavam submetidos pela força e pelo poder militar e 
político da Macedônia. 
Em 146 a.C., com as invasões romanas, a Grécia perdeu 
totalmente sua liberdade, tornando-se província de Roma. 
Desse modo, os gregos, não podendo definitivamente 
retornar ao ideal de cidadania da polis, aquele que valorizava 
os ideais cívicos de sua cidade e por isso o homem se 
identificava somente com ela (prova disso era o tratamento 
dos gregos dispensado aos estrangeiros), passaram a 
valorizar uma ideia cosmopolita, ou seja, já que não havia 
uma cidade com a qual o sujeito se identificasse, o mundo 
passaria, então, a ser sua cidade. 
Nesse novo contexto de cosmopolitismo, o homem não 
estava mais preocupado em se tornar cidadão, passando 
agora a se preocupar consigo próprio, não tendo mais como 
identidade a comunidade política, mas sim o indivíduo, 
o homem particular, ou seja, ele mesmo. Desse modo, se 
a cultura do mundo clássico, das cidades-estados gregas, 
se empenhava em formar o cidadão, esse novo mundo criado 
por Alexandre trouxe à tona o indivíduo, que, ao contrário do 
cidadão antigo, que se preocupava com o bem e com a felicidade 
de todos, passou a se preocupar consigo e com a sua felicidade. 
Ética e política tornaram-se coisas distintas. A ética clássica, 
presente até Aristóteles, baseava-se na união entre homem 
e cidadão, sendo que o bom político era, consequentemente, 
o melhor homem. Agora, a ética se estruturava de maneira 
autônoma, buscando compreender como o homem singular 
deve agir e viver para ser feliz particularmente. 
Da cultura helênica para a 
cultura helenística
Com as conquistas de Alexandre, o mundo se tornou um só 
reino. Isso significa que a cultura dos helenos, que antes era 
preservada somente entre os povos gregos, principalmente 
em Atenas, foi difundida pelo mundo. Por cultuar os ideais 
gregos, Alexandre, ao dominar os demais povos, difundiu a 
cultura helena, que se espalhou pelo mundo e foi absorvida, 
de um ou de outro modo, por todos os povos conquistados. 
A própria Roma, que mais tarde dominou a Macedônia, 
absorveu a cultura grega, por exemplo, quando renomeou 
os deuses gregos e os cultuou em seus ritos religiosos. 
Dentro da nova perspectiva de homem, visto agora como 
indivíduo, se fez necessário encontrar um novo modo de 
vida. Assim, foi preciso pensar em uma moral que levasse em 
conta o homem particular e que pudesse se constituir em uma 
forma para que este encontrasse a felicidade. Dessa maneira, 
a filosofia se dirigiu ao homem concreto e individual e, 
em alguma medida, ocupou o lugar antes reservado à 
antiga polis e à sua religião. A filosofia ofereceu novos 
conteúdos para a vida espiritual, iluminou a consciência, 
ensinou o homem a viver e a ser feliz. A preocupação 
filosófica do helenismo foi predominantemente ética, tendo 
as demais especulações filosóficas se subordinado a este 
interesse prático. Há uma concepção terapêutica da filosofia, 
segundo a qual os filósofos helenistas comparam sua arte 
com a do médico. Dessa forma, assim como os médicos 
curam os males do corpo, a filosofia cura os males da alma. 
A filosofia cuida das enfermidades da alma causadas pelas 
falsas crenças e pelos temores diante da vida e da morte. 
É nesse contexto que surgem as escolas filosóficas 
– estoicismo, epicurismo, ceticismo e cinismo –, que 
pretendem apresentar para os homens uma nova maneira 
de ser e viver que possa levá-los à felicidade. 
O ESTOICISMO
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Busto de Zenão de Cício no Museu de Pushkin
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Fundada por Zenão de Cício (332-262 a.C.), cidade 
localizada em Chipre, em 300 a.C., a escola estoica 
representou a mais importante das correntes de 
pensamento do Período Helenístico. A palavra estoicismo 
tem sua origem no termo stoa poikilé, que significa 
pórtico pintado, local em que os membros dessa escola 
se reuniam. Dentre as principais figuras que compunham 
a escola estoica, estão Cleantes (331-232 a.C.) e Crisipo 
(280-206 a.C.).A ideia de natureza é essencial para compreendermos 
o estilo de vida e a proposta de felicidade pregada pelo 
estoicismo. Segundo essa escola, a Filosofia é dividida em 
três partes, a física, a lógica e a ética, sendo esta última a 
mais importante. Nessa concepção, a Filosofia é vista como 
uma árvore, na qual os frutos correspondem à ética, a raiz 
à física e o tronco à lógica.
Para o estoicismo, o homem deve viver segundo o que é 
natural. Dentro dessa concepção ética, o homem pertenceria 
à natureza, vista como o macrocosmo, sendo o ser humano 
somente um microcosmo. Dessa forma, o microcosmo está 
submetido ao macrocosmo. Para que o homem alcance a 
felicidade verdadeira, suas ações devem estar de acordo 
com o macrocosmo, ou seja, com aquilo que a natureza 
determina. 
São três as virtudes que levariam o homem à felicidade: 
a inteligência, que o conduziria ao conhecimento e ao 
discernimento do bem e do mal; a coragem, que consiste 
em conhecer o que deve ser temido e o que não deve ser 
temido; e a justiça, que seria o conhecimento do que deve 
ser dado a cada um segundo o que lhe é devido. Em sua 
concepção, o estoicismo dirá que não existe nada além da 
vida terrena: se o homem é natureza e deve se inteirar a 
ela, ao morrer ele continua a ser natureza, de outra forma, 
certamente, mas simples natureza. “O homem dissolve-se 
na natureza.” 
Dentro de sua proposta ética, podemos perceber que o 
estoicismo estará próximo de um determinismo ou fatalismo: 
as coisas estão determinadas pela sua natureza, e, se 
assim é, o homem deve aceitar tal natureza, tal “destino” 
e cumpri-lo, fazendo sempre o que é correto. Isso não 
significa que o sujeito não tenha vontade ou capacidade 
de pensar naquilo que é certo ou errado, mas que ele deve 
aceitar o que é inevitável, se for isso o que a racionalidade 
do cosmos determinar. É importante perceber que a natureza 
não é arbitrária e irracional, por isso os estoicos insistiam no 
esforço para conhecer a racionalidade intrínseca à natureza, 
compreendendo, assim, as suas determinações, sem se 
desesperar diante delas. 
Nesse ponto, encontra-se aquilo que talvez seja o 
maior ensinamento do estoicismo: se os acontecimentos 
seguem o curso da natureza, o homem deve aceitá-los de 
forma tranquila, buscando nessa aceitação a verdadeira 
felicidade. Dessa forma, o sujeito deve alcançar a ataraxia 
(estado de paz interior) por meio da tranquilidade da alma, 
possível somente àquele que constrói sua fortaleza interior, 
ou atinge a apatheia, que seria a indiferença a tudo o que 
acontece, de modo que os fatos da vida, sendo inevitáveis 
porque são naturais, não podem tirar a paz interior 
do homem. O estoicismo ensina o homem a enfrentar 
as vicissitudes da vida de forma calma, resignada, e, 
sobretudo, digna. Esse estado é alcançado por meio do 
autocontrole e da austeridade de uma vida disciplinada e 
construída somente com o que é estritamente necessário 
à sobrevivência, sem qualquer luxo ou culto às coisas 
supérfluas. 
A escola estoica teve grande aceitação no mundo romano 
(posterior ao mundo helênico), tendo como principais 
representantes pensadores da qualidade de Sêneca 
(4 a.C.-65 d.C.) e Marco Aurélio (121-180), imperador 
de Roma após 161. Em sua versão latina, o estoicismo se 
manifestou principalmente na ideia de indiferença a tudo o 
que acontece na vida do homem, sem que este perca a paz 
interior construída com a racionalidade filosófica.
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O suicídio não era um tabu para os estoicos. Diante de uma 
situação extrema, seria a solução mais racional a ser tomada 
pelo homem. 
É interessantíssima a ideia trazida pelo estoicismo sobre 
a possibilidade do suicídio. De acordo com essa corrente, 
se a natureza é racional e o homem deve viver de acordo 
com essa racionalidade, preservando o autocontrole 
e a paz interior, em alguns casos, o suicídio se torna 
natural. Por exemplo, quando o sujeito é acometido 
de uma doença grave e incurável, que lhe causará, 
inevitavelmente, uma dor tamanha, tirando-o do controle 
de si mesmo, provocando a angústia e o sofrimento como 
consequências, afastando-o definitivamente da felicidade, 
Pág 05
o mais racional seria, portanto, deixar de viver. Por isso, 
o suicídio é visto pelos estoicos como um caminho racional 
diante de situações extremas e não como um pecado ou 
um erro. 
As influências do estoicismo serão claramente identificadas 
no cristianismo, quando este, anos depois, tecerá elogios 
ao autocontrole, à resignação diante dos acontecimentos 
e sofrimentos inevitáveis e à vida simples e abnegada em 
vista de um ideal maior que está para além desse mundo. 
O EPICURISMO: 
O ENCANTAMENTO DOS 
“JARDINS” DE EPICURO
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Busto de Epicuro
Das escolas do Período Helenístico, talvez a que defenderá 
a mensagem mais fascinante seja o epicurismo. Fundado 
por Epicuro (341-270 a.C.), o epicurismo traz como pano 
de fundo de uma vida feliz a procura pelo prazer, que deve 
ser buscado em todas as coisas, o desprezo pela morte e a 
negação do temor aos deuses. 
Epicuro nasceu em Samos e chegou a Atenas em 323 a.C., 
mesmo ano da morte de Alexandre, o Grande. Fundou sua 
escola em Atenas em 306 a.C., depois de viajar por muitos 
lugares e conhecer os homens e o mundo. Diferentemente 
das escolas de Platão (a Academia) e de Aristóteles (o Liceu), 
a escola de Epicuro não era um centro de investigação 
filosófica em busca da verdade sobre o mundo ou sobre 
o homem, identificando-se mais como um permanente 
retiro espiritual, em que os amigos se reuniam para buscar 
a felicidade por meio de uma vida simples e regrada, 
entregue à reflexão sobre o homem e à busca do prazer. 
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Detalhe da obra Escola de Atenas, de Rafael Sanzio. Em 
destaque, Epicuro. 
Rejeitando o dualismo alma e corpo, Epicuro dirá que o 
homem e o mundo são formados por átomos, ideia retirada 
do pré-socrático Demócrito. Segundo este, os átomos, que 
em si são eternos, se juntam formando todos os seres, 
inclusive o homem. Uma vez que tais seres são destruídos, 
esses átomos são separados e voltam à natureza, formando 
então outros seres. Na concepção religiosa do epicurismo, 
não existiria vida após a morte, uma vez que a própria alma 
humana é formada também por átomos e, quando o homem 
morre, esses átomos são simplesmente dispersados. Assim, 
Epicuro vai contra a preocupação dos homens em querer 
agradar os deuses com ritos e sacrifícios, uma vez que não 
há por que agradá-los, já que a alma não irá para junto 
deles após a morte. Além disso, Epicuro, em sua Carta sobre 
a felicidade, escrita para seu amigo Meneceu, dirá que os 
deuses vivem em um lugar chamado de intermundo, não 
se importando com a vida dos homens, e, por isso, estes 
também não deveriam se preocupar em agradá-los, pois 
deles “nada temos a esperar e nada a temer”. 
Dentro de uma visão materialista, Epicuro dirá que o 
único conhecimento verdadeiro é aquele obtido por meio 
dos sentidos, que também são materiais, sendo eles os 
instrumentos pelos quais o homem conhece os seres do 
mundo. Desse modo, o epicurismo valorizará as sensações, 
pois entende que elas são o testemunho imediato dos 
sentidos, sendo sempre verdadeiras. 
Se não há vida após a morte e o destino, em certa 
medida, segue a natureza dos seres, sendo que o homem 
pode também seguir algumas coisas determinadas por 
si mesmo, resta ao homem buscar uma vida feliz nesta 
realidade terrena, vivendo cada dia como uma construção 
propriamente humana em busca do prazer. A boa vida, 
a felicidade neste mundo, deve ser a meta a ser atingida 
pelo sujeito. 
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Ao contrário do que se pensou por muito tempo, Epicuro 
não pregava uma vida de prazeres imoderados e sem 
limites, não podendo ser considerado, assim, o defensor de 
um hedonismo1 raso e superficial, no sentido de que o que 
vale na vida é o prazer em si mesmo, sem consequênciasde qualquer natureza. 
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O hedonismo, no sentido mais conhecido da palavra, é a busca 
pelo prazer sem medida e sem consequências. Se entendido 
deste modo, o epicurismo não pode ser chamado de hedonismo.
El hedonismo, de Ana Roldán. 
Segundo a doutrina epicurista, o homem atinge uma vida 
feliz à medida que busca o prazer de forma moderada e 
equilibrada. Há uma clara distinção entre os prazeres ligados 
ao corpo e os prazeres ligados à alma, sendo estes mais 
importantes do que aqueles. Não são todos os prazeres que 
trazem a tranquilidade, mas somente os prazeres simples e 
racionalmente discernidos. Nas palavras de Epicuro, “todo 
prazer é bom, mas nem todos devem ser desejados. Toda 
dor é ruim, mas nem toda dor deve ser rejeitada”. Segundo 
a ética epicurista, o homem feliz é aquele que é austero 
e moderado, buscando os prazeres simples e virtuosos, 
racionalmente escolhidos. É por isso que o filósofo dirá que, 
de todas as virtudes, a mais valiosa é a prudência, pois é 
por meio dela que o homem é capaz de discernir os prazeres 
e escolher os melhores. Assim, Epicuro estabelece uma 
hierarquia entre os prazeres, dividindo-os em:
1º. Prazeres naturais e necessários. Exemplo: comer o 
suficiente para saciar a fome.
2º. Prazeres naturais e não necessários: Exemplo: 
comer comidas refinadas.
3º. Prazeres não naturais e não necessários: Exemplo: 
riqueza, poder e prestígio.
Segundo Epicuro, os prazeres da primeira categoria devem 
ser buscados, os da segunda podem ser buscados de vez 
em quando e os da terceira nunca devem ser buscados, pois 
são insaciáveis e levariam o homem à angústia. 
Sobre o mal e a dor, Epicuro dirá que ambos são inevitáveis. 
Desse modo, dirá que o mal físico ou é facilmente suportável 
ou, se é insuportável, dura pouco e leva à morte. E a morte 
não deve ser vista com medo ou como um mal em si, ela é, 
simplesmente, a suspensão dos sentidos. Epicuro, em sua 
Carta, dirá que “quando ela (a morte) está presente, nós 
não estamos, e quando nós estamos presentes, ela não está 
presente”, por isso, a morte não deve representar nada para 
o homem. Já em relação aos males da alma, Epicuro dirá que 
a filosofia é capaz de curá-los e de libertar completamente 
o homem de tais males. 
Como devemos viver: a síntese 
de Epicuro
Epicuro nos forneceu uma síntese de sua mensagem no 
chamado quadri-fármaco (ou quatro remédios para os males 
do mundo), que consiste em quatro lições a serem seguidas 
para se alcançar a verdadeira felicidade:
1ª. São vãos os temores dos deuses e do além.
2ª. É absurdo o medo da morte.
3ª. O prazer, quando for entendido de modo justo, está 
à disposição de todos.
4ª. O mal ou é de breve duração ou é facilmente 
suportável. 
Seguindo esses princípios, o homem poderá alcançar a paz 
interior, a absoluta imperturbabilidade, sendo então feliz.
No fim de sua Carta sobre a felicidade, Epicuro diz: 
Medita, pois, todas essas coisas e muitas outras a 
elas congêneres, dia e noite, contigo mesmo e com teus 
semelhantes, e nunca mais te sentirás perturbado, quer 
acordado, quer dormindo, mas viverás como um deus entre 
os homens. Porque não se assemelha absolutamente a um 
mortal o homem que vive entre bens imortais. 
EPICURO. Carta sobre a felicidade a Meneceu. Ed. bilíngue, 
grego/português. Tradução de Álvaro Lorencini e 
Enzo Del Carratore. São Paulo: Editora Unesp, 1997.
1 Hedonismo: doutrina que encontra no prazer o sumo bem e na busca do prazer o objetivo da vida do homem. Os cirenaicos são 
os fundadores dessa doutrina, colocando os prazeres do corpo acima dos prazeres da alma. Mas mesmo os cirenaicos condenavam 
os excessos e diziam ser necessário manter um domínio sobre si mesmo ao experimentar os prazeres. 
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CETICISMO
Busto de Pirro, fundador do ceticismo 
Fundado por Pirro de Élida (365/360-275/270 a.C.), 
o ceticismo, também conhecido como pirronismo, é uma 
das escolas mais importantes do Período Helenístico. 
Apesar de a tradição considerar o ceticismo como uma 
escola, ao contrário de Epicuro e dos estoicos, o ceticismo 
foi mais um pensamento, uma ideia que se disseminou pelo 
mundo do que propriamente uma escola. Os seguidores 
de Pirro não eram discípulos, mas simples admiradores 
que tomavam sua vida e atitudes como modelo para a 
busca da felicidade.
Pirro fez parte do Exército de Alexandre, o Grande, 
e com ele foi até a Índia. Nesse caminho, percebeu que 
as convicções gregas, as verdades que até então eram 
arraigadas e inquestionáveis de sua tradição, não passavam 
de um modo particular de ver o mundo, ou seja, as verdades 
ditas pelos gregos, que pareciam incontestáveis e evidentes, 
eram somente mais uma visão particular ao lado de outras 
visões diferentes sobre os mesmos assuntos. Com isso, 
Pirro concluiu que verdades únicas e absolutas não existem, 
não passando de opiniões. 
Pirro não deixou nada escrito, a exemplo de alguns 
pré-socráticos e do próprio Sócrates. Quem escreveu sobre 
seus ensinamentos foi seu seguidor Tímon. Segundo Tímon, 
para que o homem seja feliz, ele deve ficar atento a três 
coisas: 
• Como são as coisas por natureza.
• Qual deve ser nossa disposição em relação a elas.
• O que nos ocorrerá se nos comportarmos assim. 
De acordo com Tímon, Pirro dá uma resposta a tais 
questionamentos:
1. As coisas são igualmente sem diferença, sem 
estabilidade, indiscriminadas; logo, nem nossas 
sensações nem nossas opiniões são verdadeiras ou 
falsas;
2. Sendo assim, não é necessário ter fé nas coisas, mas 
sim permanecer sem opiniões, sem inclinações, sem 
agitações, dizendo a respeito de tudo: “é não mais 
do que não é”, “é e não é”, ou “nem é, nem não é”;
3. Aqueles que se encontram nessa posição, ou seja, 
aqueles que atingirem tal atitude frente às coisas, 
em primeiro lugar alcançarão a apatia e depois 
a imperturbabilidade. Ou seja, essas pessoas 
alcançarão a felicidade. 
A dúvida é uma das atitudes do cético. Será que realmente 
existem verdades absolutas sobre as coisas? Para o ceticismo, 
não. 
A ideia central do ceticismo é, portanto, que o homem 
não pode encontrar uma verdade absoluta sobre nada 
no mundo. Dessa forma, cético é aquele que não busca a 
verdade, pois sabe que ela é impossível de ser atingida, 
seja porque o homem não tem condições de encontrá-la, 
seja porque ela não existe. De uma forma ou de outra, a 
postura do homem deve ser a de se abster de julgar o que 
as coisas são, de não emitir qualquer resposta à pergunta: 
o que é? Assim, se as coisas são indiferentes, sem medida e 
indiscerníveis, sendo que os sentidos, a razão, o pensamento 
não podem dizer o que as coisas são ou deixam de ser, o 
homem deve se contentar em simplesmente não buscar 
a verdade, permanecendo sem nenhuma inclinação, na 
total indiferença. É essa indiferença que levaria o homem 
à felicidade. Não há por que se angustiar e perder a paz 
interior em busca da verdade, pois esta não existe ou é 
impossível de ser encontrada. Está aqui o ponto principal 
da argumentação cética, resumida no conceito de époche, 
que significa a suspensão do juízo. 
Um dos mais importantes representantes do ceticismo 
foi Sexto Empírico (séc. II), que escreveu suas Hipotiposes 
Pirrônicas, principal fonte que temos de conhecimento do 
ceticismo antigo. Em sua obra, ele dirá que o ceticismo é 
“a faculdade de opor de todas as maneiras possíveis os 
fenômenos e os noumenos [coisas em si mesmas, essências 
das coisas], e daí chegarmos, pelo equilíbrio das coisas e 
das razões opostas, primeiro à suspensão do julgamento 
(epokhé) e, depois, à indiferença (ataraxia)”. 
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Diógenes, o cínico mais famoso. Andava com uma lanterna nas 
mãos em busca de um homem que fosse realmente justo. 
A palavra cínico, provavelmente utilizada pela primeira vez 
para se referir a Diógenes de Sinope, tido como o fundador 
dessa escola filosófica, provém do grego kynismóou kynós e 
do latim cynismu, que significa “cão”. Desse modo, Diógenes 
e os demais cínicos ficaram conhecidos como os “cães da 
cidade”. Porém, Antístenes, seguidor de Sócrates e quase 
contemporâneo de Platão, foi o primeiro a viver segundo 
os princípios adotados pelo cinismo, sendo considerado, 
portanto, seu primeiro fundador. Nesse caso, Diógenes é 
visto como uma espécie de refundador do cinismo, pois é 
ele o maior e mais importante expoente desse pensamento.
A ideia central do cinismo é a mais anticultural das 
concepções filosóficas da Grécia Antiga: Diógenes declarou 
que toda pesquisa filosófica abstrata e teórica, bem como 
a matemática, a física, a astronomia, a música e todo e 
qualquer outro tipo de conhecimento teórico, é inútil para 
levar o homem à felicidade. Essa concepção é claramente 
identificável com sua célebre “procura pelo homem”. Conta-se 
que Diógenes saía pela cidade, de dia, com uma lanterna 
na mão, dizendo procurar “um homem que fosse justo”. 
Com isso, ele queria encontrar um só homem que vivesse 
de acordo com a natureza, longe de todas as convenções 
da sociedade e indiferente ao próprio capricho da sorte e 
do destino, sabendo reencontrar sua verdadeira e original 
natureza, vivendo conforme essa natureza e com isso 
alcançando a verdadeira felicidade. 
O modo de vida do cínico, em especial de Diógenes, 
resume o porquê de os participantes dessa escola serem 
conhecidos como os “cães”: os cães não se importam com 
nada, não perdem a paz em busca de comida, mas comem o 
que aparece; não se angustiam porque não têm onde dormir, 
mas dormem em qualquer lugar e, sobretudo, não têm 
qualquer vergonha em fazer o que é natural, satisfazendo 
suas necessidades em frente a todos e quando sentem 
vontade. Da mesma forma deveriam ser os homens, que 
devem agir sem se preocupar com as convenções sociais ou 
qualquer norma de conduta. É interessante observar que é 
o animal que diz para o cínico como ele deve viver e agir, 
e não o contrário: uma vida sem metas (metas que a 
sociedade coloca como necessárias, como obter riquezas 
e prestígio), uma vida sem necessidade de moradia fixa e 
também sem conforto. Segundo o cinismo, esses prazeres 
são criados pelos homens e são dispensáveis à vida feliz. 
Segundo Diógenes, “quanto mais se eliminam as 
necessidades supérfluas, mais se é livre”. Tal liberdade 
pregada pelos cínicos se manifestava em todos os sentidos: 
liberdade da palavra, pois diziam o que queriam da forma 
que queriam, sendo considerados, por isso, arrogantes; 
e liberdade da ação, pois faziam o que queriam, em qualquer 
lugar que estivessem e diante de qualquer pessoa. 
O trecho a seguir nos dá uma visão mais clara do modo 
de viver e pensar dos cínicos: 
Costumava fazer qualquer coisa à luz do sol, mesmo o 
que diz respeito a Demeter e Afrodite (comer e amar). [...] 
Se comer não é estranho, nem mesmo na praça pública 
é estranho. Não é estranho comer; portanto, também 
não é estranho comer na praça pública. [...] Costumava 
masturbar-se em público e dizia: quem me dera pudesse 
aplacar a fome esfregando-me o ventre. 
DIÓGENES, Laércio. VI, 69.
Os cínicos desprezavam o prazer, pois, segundo eles, 
o prazer não só debilita o físico, mas escraviza a alma, 
que se torna dependente das coisas ou homens que trazem 
tal prazer. Dessa maneira, os cínicos viam como ideal de vida 
a ser alcançado a autarquia, ou seja, bastar-se a si mesmo, 
sendo preciso, para isso, a apatia e a indiferença diante de 
todas as coisas. Conta-se que um dia Alexandre, o Grande, 
foi visitar Diógenes, que estava em seu barril (ele vivia em 
um barril), a tomar o sol da manhã. Chegando perto de 
Diógenes, Alexandre, o homem mais rico e poderoso da 
Terra, disse: “Pede-me o que quiseres que eu te darei”. Ao 
qual Diógenes responde: “Não me faça sombra. Devolve meu 
sol”. Apesar de parecer uma anedota, a história resume o 
ideal do cinismo: o homem não necessita de nada a não ser 
daquilo que a própria natureza se encarregou de lhe dar. 
Nada que não seja natural é essencial à vida, e a felicidade 
só pode ser alcançada a partir de uma vida simples e de 
acordo com a natureza. 
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Alexandre visita Diógenes. O rei admirava tanto o “cão” que 
disse: “Na verdade, se eu não fosse Alexandre, gostaria de ser 
Diógenes”.
O encontro de Alexandre com Diógenes de Sinope. Pierre Pujet, 
1680. Museu do Louvre. 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01. Intelectual e espiritualmente, de fato, a época de 
Alexandre assinala na Grécia uma mudança decisiva, 
que afetou especialmente as minorias cultas. No novo 
mundo dos grandes impérios, quando a civilização grega 
já tinha se espalhado por todo o Oriente próximo, [...] os 
horizontes do indivíduo grego viam-se consideravelmente 
alargados, mas ao mesmo tempo este havia perdido o 
sentimento de segurança que a vida da antiga cidade 
podia lhe dar.
Segundo o texto, no Período Helenístico, “os horizontes 
do indivíduo grego viam-se consideravelmente alargados, 
mas ao mesmo tempo este havia perdido o sentimento 
de segurança que a vida da antiga cidade podia lhe dar”. 
REDIJA um texto explicando o que isso representou para 
os gregos dessa época.
02. EXPLIQUE por que a ideia de cosmopolitismo foi 
importante para o Período Helenístico. 
03. No Período Helenístico “a sensação de isolamento, 
desenraizamento e insegurança era, de fato, forte o bastante 
para estimular muitos homens a buscar uma forma de vida 
que lhes proporcionasse uma íntima sensação de segurança 
e estabilidade. Isto foi o que as novas filosofias do Período 
Helenístico se puseram a proclamar.”
A partir do trecho anterior, REDIJA um texto explicando a 
importância das escolas filosóficas para o Período Helenístico. 
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. (UFMG) Leia este trecho:
Dependendo das condições anteriores, o mesmo vinho 
parece azedo para aqueles que acabaram de comer 
tâmaras ou figos, mas parece ser doce para aqueles que 
consumiram nozes ou grão-de-bico. E o vestíbulo da casa 
de banhos esquenta os que entram, mas esfria os que 
saem, se ficam esperando nele. Dependendo de se estar 
com medo ou confiante, o mesmo objeto parece temível 
ou terrível ao covarde, mas de forma alguma a alguém 
mais corajoso. Dependendo de se estar em sofrimento ou 
em situação agradável, as mesmas coisas são irritantes 
para os que sofrem, e agradáveis para os que estão bem.
..........................................................................
.......................................................................... 
Se, então, não se pode preferir uma aparência à outra, 
com ou sem uma demonstração ou um critério, as 
diferentes aparências que ocorrerem, em diferentes 
condições, serão indecidíveis. De modo que a suspensão 
do juízo com relação à natureza dos existentes externos 
é introduzida também desse modo.
SEXTO EMPÍRICO. Hipotiposes pirrônicas I, 110-117.
Com base na leitura desse trecho, REDIJA um texto 
caracterizando a corrente filosófica que defende as 
afirmações nele contidas.
02. Habituar-se às coisas simples, a um modo de vida não 
luxuoso, portanto, não só é conveniente para a saúde, 
como ainda proporciona ao homem os meios para 
enfrentar corajosamente as adversidades da vida: nos 
períodos em que conseguimos levar uma existência rica, 
predispõe o nosso ânimo para melhor aproveitá-la, e nos 
prepara para enfrentar sem temor as vicissitudes da sorte.
EPICURO. Carta sobre a felicidade (a Meneceu). 
Tradução de Álvaro Lorencini e Enzo Del Carratore. 
São Paulo: Editora UNESP, 2002. p. 41.
REDIJA um texto respondendo à seguinte pergunta: 
simplicidade é sinônimo de felicidade?
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03. Leia o trecho a seguir.
Mas acontecem muitos sobressaltos tristes, horríveis, 
duros de se agüentar. 
Como não podia afastar-vos deles, armei vossos espíritos 
contra todos: suportai bravamente. Nisto vós estais à 
frentede um deus: ele está à margem do sofrimento dos 
males, vós, acima do sofrimento.
Desprezai a pobreza: ninguém vive tão pobre quanto 
nasceu. Desprezai a dor: ou ela terá um fim ou vos dará 
um. Desprezai a morte: a qual vos finda ou vos transfere. 
Desprezai o destino: não dei a ele nenhuma lança com 
que ferisse o espírito.
Antes de tudo, tomei precauções para que ninguém vos 
retivesse contra a vontade; a porta está aberta: se não 
quiserdes lutar, é lícito fugir. Por isso, de todas as coisas 
que desejei que fossem inevitáveis para vós, nenhuma 
fiz mais fácil do que morrer.
Coloquei a vida num declive: basta um empurrãozinho. 
Prestai um pouco de atenção e vereis como é breve e 
ligeiro o caminho que leva à liberdade [...]
A isso que se chama morrer, esse instante em que a 
alma se separa do corpo é breve demais para que se 
possa perceber tão grande velocidade: ou o nó apertou 
a garganta, ou a água impediu a respiração, ou a dureza 
do chão arrebentou os que caíram de cabeça, ou a sucção 
de fogo interrompeu o respirar; seja o que for, voa. Por 
acaso enrubesceis?
Passa rápido o que temestes tanto tempo!
SÊNECA. Carta sobre a Providência Divina.
A partir da leitura do trecho anterior e de outros 
conhecimentos sobre o assunto, REDIJA um texto 
caracterizando e explicando a corrente filosófica expressa 
por ele. 
04. Também ele, em criança, e ainda depois, foi supersticioso, 
teve um arsenal inteiro de crendices, que a mãe lhe 
incutiu e que aos vinte anos desapareceram. No dia em 
que deixou cair toda essa vegetação parasita, e ficou só 
o tronco da religião, ele, como tivesse recebido da mãe 
ambos os ensinos, envolveu-os na mesma dúvida, e logo 
depois em uma só negação total [...]
A partir do trecho anterior, retirado do livro A cartomante, 
de Machado de Assis, REDIJA um texto identificando a 
corrente filosófica presente no trecho e explicando sua 
premissa fundamental. 
05. É por essa razão que afirmamos que o prazer é o início e 
o fim de uma vida feliz. Com efeito, nós o identificamos 
como o bem primeiro e inerente ao ser humano, em razão 
dele praticamos toda escolha ou recusa, e a ele chegamos 
escolhendo todo bem de acordo com a distinção entre 
prazer e dor.
EPICURO. Carta sobre a felicidade (a Meneceu). 
Tradução de Álvaro Lorencini e Enzo Del Carratore. 
São Paulo: Editora UNESP, 2002. p. 41.
A partir do texto e de outros conhecimentos sobre o 
assunto, REDIJA um texto se posicionando a favor de ou 
contra a seguinte afirmação: o homem feliz é aquele que 
busca o prazer e se afasta da dor em todas as ocasiões. 
06. A filosofia se preocupa com muitas questões teóricas, 
como, por exemplo: o que é a verdade? O que é o 
conhecimento? O que distingue uma boa ação de uma má 
ação? O que é justiça? Ou, ainda, o que dá legitimidade 
a um governo? Para essas questões, a filosofia oferece 
muitas respostas.
SMITH, Plínio. O que é ceticismo? São Paulo: Brasiliense, 1992. 
p. 07. Coleção Primeiros Passos, 262.
A partir dessa citação, REDIJA um texto considerando a 
seguinte afirmativa: se a filosofia responde várias coisas 
sobre as mesmas questões, podemos considerar alguma 
delas realmente verdadeira?
07. Aprovo os sentimentos fortes e generosos dos estóicos, 
que dizem que as coisas externas não são impedimento 
para a felicidade, mas que o sábio é feliz, mesmo que 
o toro de Falárides o esteja queimando. Os idiotas não 
participam de nenhum bem, pois o bem é virtude ou aquilo 
que participa as virtudes; as coisas que provêm dos bens, 
que são aquelas das quais se tem necessidade, sendo 
vantajosas, cabem apenas aos sábios, assim como as 
coisas que provêm dos males, que são aquelas das quais 
não se tem necessidade, cabem apenas aos viciosos. São, 
com efeito, coisas nocivas. E por isso todos os sábios 
são estranhos ao dano em ambos os sentidos; não são 
capazes de causar dano, nem de sofrer dano, enquanto 
os idiotas estão em situação contrária.
CRISIPO. Fr. 586. In: REALE, Giovanni. História da Filosofia: 
filosofia pagã antiga. 3. ed. São Paulo: Paulus, 2003. p. 300. 
No texto anterior, Crisipo defende uma postura estoica 
diante das adversidades do mundo. REDIJA um texto 
definindo quais os princípios defendidos pelo estoicismo 
que levariam o homem a tal postura. 
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08. Sustentava por isso que nada se pode obter na vida 
sem exercícios, aliás, o exercício é o artífice de qualquer 
sucesso. Eliminados, portanto, os esforços inúteis, 
o homem que escolhe as fadigas requeridas pela natureza 
vive feliz; a ininteligência dos esforços necessários é 
a causa da infelicidade humana. O próprio desprezo 
pelo prazer para quem esteja a isso habituado é algo 
dulcíssimo. E assim como os que estão habituados a viver 
nos prazeres passam de má vontade para um teor de vida 
contrário, também aqueles que se exercitam de modo 
contrário, com maior desenvoltura desprezam os mesmos 
prazeres. Estes eram seus preceitos e a eles conformou 
sua vida. Falsificou realmente a moeda corrente, porque 
dava menor valor às prescrições das leis do que às da 
natureza. Modelo de sua vida, dizia, foi Héracles, que 
nada antepôs à liberdade.
DIÓGENES, Laércio. Vida dos filósofos. In: REALE, Giovanni. 
História da Filosofia: filosofia pagã antiga. 3. ed. 
São Paulo: Paulus, 2003. p. 257-258.
REDIJA um texto relacionando a citação anterior com 
a ideia de “cão” trazida por Diógenes de Sinope, a qual 
caracteriza a escola do cinismo. 
SEÇÃO ENEM
01. Dizemos que a finalidade do cético é a tranqüilidade nas 
matérias de opinião. Pois, tendo começado a filosofar 
para julgar as representações e apreender quais são 
verdadeiras e quais são falsas, de modo a obter a 
tranqüilidade, deparou com uma discordância de igual 
força; e, não podendo decidi-la, suspendeu seu juízo 
sobre ela. Estando em suspensão de juízo, ocorreu-lhe 
casualmente a tranqüilidade nas matérias de opinião.
SEXTO EMPÍRICO. Hipotiposes pirrônicas.
Em virtude dessa descoberta do cético pirrônico, para 
que o homem se mantivesse no estado de tranquilidade, 
ele deveria
A) afirmar que as coisas são como aparecem. 
B) negar que as coisas são como aparecem. 
C) opor a todo argumento um argumento igual. 
D) abster-se do julgamento e não emitir opinião. 
E) recusar-se a reconhecer os dados sensíveis.
GABARITO
Fixação
01. No Período Helenístico, os gregos, por terem 
tido suas terras invadidas pelos exércitos 
macedônicos, perderam sua liberdade política e, 
como consequência, perderam a segurança 
que a cidade, sua cultura e os valores cívicos 
representavam para eles. Dessa forma, 
os gregos, em particular os atenienses, se viram 
na situação de povo dominado, o que retirou 
deles a possibilidade de se autodeterminarem e 
decidirem conjuntamente o seu futuro e o da polis. 
Por outro lado, seus horizontes se alargaram, uma 
vez que o mundo se tornou um único território, 
havendo um sincretismo de culturas, o que fez 
com que os gregos pensassem em si mesmos, 
individualmente, sem se preocuparem com a 
cidade, estando exatamente nesse fato a origem 
das escolas filosóficas do Período Helenístico. 
02. Com as invasões macedônicas, os gregos, por 
não mais se identificarem exclusivamente com 
sua cidade e seus valores, se viram pertencendo 
a um mundo muito maior. Dessa forma, não mais 
se definiam como cidadãos desta ou daquela 
cidade, mas agora se sentiam cidadãos do mundo 
ou cosmopolitas. Essa possibilidade permitiu que 
eles se desprendessem de sua origem, fazendo-os 
pensar no mundo todo como um único lugar, não 
havendo mais a ideia de estrangeiro ou cidadão. 
Sendo assim, independentemente da cidade que 
habitavam, a vida deveria ser vivida na busca da 
felicidade própria e particular. 
03. Com as conquistas de Alexandre, os homens 
gregos viram-se sem uma cidade e sem um 
ideal de vida cívica a seguir. Aquilo que lhes 
garantia a felicidade, que era justamente o 
poder de se reuniremna praça pública e juntos, 
como cidadãos, decidirem o futuro da polis, 
lhes foi retirado. Desse modo, um novo modo 
de vida deveria servir como caminho para que 
os homens pudessem novamente ser felizes, 
e foi isso que as escolas filosóficas do Período 
Helenístico se propuseram a fazer. Cada uma 
delas trazia uma maneira de ser e viver com a 
qual o homem poderia alcançar a paz interior e, 
consequentemente, a felicidade.
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Propostos
01. A corrente tratada é o ceticismo. Essa corrente de 
pensamento defende a tese de que é impossível 
encontrar o conhecimento verdadeiro. Além 
disso, para o ceticismo, ou pirronismo, o homem 
deveria suspender os juízos, pois ele não tem 
condições de saber emitir opiniões sobre os seres 
ou o mundo.
02. Resposta subjetiva (espera-se que o aluno seja 
capaz de se posicionar argumentativamente a 
favor de ou contra essa ideia. É muito útil, quando 
possível, valer-se de outros filósofos em sua 
argumentação).
 A favor: Sim, simplicidade é sinônimo de 
felicidade. Acompanhando o argumento de 
Epicuro, podemos perceber que a posse de bens 
vários e abundantes não é garantia de uma 
vida feliz e realizada. Existem muitos exemplos 
e testemunhos de pessoas que, apesar de 
terem uma vida luxuosa proporcionada pela 
riqueza, não são felizes ou realizadas, mas 
sofrem demasiadamente pela falta de algo que 
preencha seu vazio existencial. Dessa forma, 
uma vida mais simples, menos apegada aos bens 
materiais, embora estes sejam fundamentais 
para a manutenção do mínimo de conforto para a 
vida do homem, pode ser o caminho mais viável 
para a felicidade. 
 Contra: Não, simplicidade não é sinônimo de 
felicidade. Ser simples não significa ser feliz, 
pois, se assim o fosse, teríamos de concordar 
que todas as pessoas que possuem uma vida 
mais luxuosa, mais rica, seriam necessariamente 
infelizes, e isso não se comprova. O que faz ou 
não uma existência feliz é a atitude interna do 
homem diante das situações. Dessa maneira, 
é totalmente possível e plausível que existam 
homens que gozem de luxos e sejam felizes, 
e homens que tenham uma vida simples, com 
poucos bens, e sejam profundamente infelizes. 
O que importa é a atitude interna do indivíduo, 
não o que ele possui, seja muito ou pouco. 
03. A corrente filosófica expressa no trecho em 
questão é o estoicismo. Sêneca foi um dos 
principais filósofos estoicos do período do Império 
Romano e suas influências foram sentidas, 
inclusive, no cristianismo. Essa corrente filosófica 
se caracteriza pela busca da apatheia, ou seja, 
a perfeita indiferença a todos os acontecimentos 
externos à vida humana, sejam eles bons ou 
maus. Assim, o estoicismo defenderá que o 
homem construa uma fortaleza interior que seja 
inabalável e que garanta a ataraxia ou paz interior. 
Nada pode tirar a paz do homem, nada pode 
retirar o homem de seu estado de autocontrole 
e concentração para a busca da sabedoria pelo 
estudo da Filosofia. Essa ideia de indiferença se 
manifesta no desprezo à dor, à morte, ao destino 
e à pobreza presente no texto. 
04. O texto representa a corrente filosófica do 
ceticismo antigo ou pirronismo. Segundo tal 
corrente, o homem deve duvidar de tudo, pois não 
existem verdades absolutas sobre nada. Aquilo 
que se tem como verdade são ideias particulares 
dos indivíduos que, não raras as vezes, são 
contrárias às ideias dos demais, o que leva à 
conclusão que nenhuma dessas ideias é, em si, 
a correta. Tal corrente tem seu início com Pirro, 
soldado do Império Macedônico que, em suas 
batalhas ao lado de Alexandre, percebeu que em 
cada localidade, em cada povo, em cada cultura, 
as verdades sobre os mesmos temas variavam. 
A partir disso, concluiu que não existem verdades 
absolutas sobre qualquer assunto. Tal ideia se 
manifesta na dúvida constante sobre todas as 
coisas, atitude própria do cético. 
05. Resposta subjetiva (espera-se que o aluno seja 
capaz de se posicionar argumentativamente a 
favor de ou contra essa ideia. É muito útil, quando 
possível, valer-se de outros filósofos em sua 
argumentação).
 A favor: O princípio de toda escolha humana é, 
de fato, a busca pela felicidade e a recusa da 
dor. Tal atitude é plenamente humana, uma 
vez que ninguém pode, por natureza, desejar a 
dor como causa de possibilidade da felicidade. 
Os animais agem dessa forma, buscando o prazer 
que, no caso, é a satisfação de seus instintos. 
Por que o homem seria diferente, se ele também 
goza de uma natureza instintiva? Tal princípio da 
satisfação do prazer e fuga da dor encontra-se 
vastamente defendido na história da Filosofia, 
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começando com Epicuro, passando por Stuart Mill 
e chegando a Nietzsche e Freud. Tomando como 
exemplo, para corroborar o argumento, Nietzsche 
dirá que a escolha daquilo que nega o prazer e 
busca deliberadamente a dor é próprio dos seres 
inferiores, da “moral de rebanho”, apregoada 
pela moral cristã ocidental, representando, 
segundo o filósofo, a decadência humana. Quem, 
em sã consciência, escolheria deliberadamente 
o sofrimento e rejeitaria o prazer? Não há 
justificativa razoável para tal atitude. Seria a 
própria desnaturalização do homem. 
 Contra: A felicidade não pode ser consequência 
somente das ações que trazem prazer ao 
homem. Se assim fosse, teríamos de afirmar que 
todos aqueles que lutam e, devido à sua luta, 
sofreram ou ainda sofrem por uma causa maior, 
moralmente justificável, como a democracia em 
regimes totalitários, não são felizes. Ao contrário, 
percebe-se que, apesar da dor, que nesse caso 
é o contrário do prazer, essas pessoas são sim 
felizes, pois seu sofrimento tem como justificativa 
uma causa maior. Como exemplo, temos Santo 
Agostinho, quando este fala sobre a distinção 
entre a cidade dos homens e a cidade de Deus. 
Segundo ele, vivemos na cidade dos homens e, 
para sermos fiéis a Deus, devemos deixar todos 
os prazeres dessa cidade terrena e, assumindo a 
dor e o sofrimento, esperarmos o momento em 
que possamos ir à cidade de Deus. Nesse caso, 
podemos dizer que a felicidade na Terra não é 
trazida pelo prazer, mas a dor seria o caminho 
para a felicidade perfeita e plena. 
06. O argumento mais legítimo para defender o 
ceticismo é justamente o de que o conhecimento 
verdadeiro não é possível, pois muitas são as 
respostas para as mesmas questões. Se muitas são 
as respostas, e várias são plausíveis e sustentadas 
pela razão, qual delas seria verdadeira? Como 
exemplo dessa tese, temos Descartes, que rejeita 
as bases filosóficas que sustentavam as ciências 
justamente porque poderiam ser colocadas 
em dúvida. Se algo é realmente verdadeiro, 
tal verdade deve se legitimar por argumentos 
irrefutáveis. Não é possível pensar em uma 
ciência, por exemplo, a Física Moderna, em que 
os resultados dos cálculos podem ser superados, 
encontrando-se outros resultados para o mesmo 
movimento dos corpos. Porém, a realidade das 
ciências humanas é outra, diferentemente das 
ciências exatas. Se, nestas, a verdade deve 
permanecer sempre a mesma, naquelas, pelo 
fato de terem como objeto o homem, e sendo 
este essencialmente indeterminado, poderíamos 
pensar que as verdades dessas ciências podem 
ser aprimoradas ou, mesmo, totalmente refeitas 
com o passar do tempo. 
07. O estoicismo é a corrente filosófica do Período 
Helenístico que prega a total resignação do 
homem diante dos acontecimentos da vida para se 
atingir a felicidade. Nesse caso, o homem deveria 
construir uma fortaleza interior de modo que as 
vicissitudes da vida, ou seja, os acontecimentos, 
bons ou maus, não lhe tirassem do estado de paz 
interior ou ataraxia. Para o estoico, o ideal seria 
atingir a apatheia, que é exatamente a indiferença 
diante de todas as coisas, pois só por meio dessa 
indiferença é possível alcançar a felicidade. Essa 
ideia é clara no texto de Crisipo quando elefala 
sobre o sábio, que suporta o fogo, ou seja, as 
adversidades e acontecimentos externos, sem 
perder contudo a paz, não sendo tais coisas 
impedimento à sua felicidade. 
08. Representante mais importante da escola cínica, 
Diógenes de Sinope demonstrou o total desprezo 
pelas coisas do mundo, sejam materiais ou não, 
em vista de uma vida simples e feliz. Para ele, 
o ideal de felicidade estaria no total desapego de 
todas as coisas, a exemplo do cão, que não tem 
nada como seu e vive inteiramente de acordo 
com sua natureza. Para os cínicos, a vida natural 
é a que deve fazer sentido para o homem, pois 
nada que não seja parte da natureza deve ser 
considerado para a busca da felicidade. O cão vive 
totalmente entregue à sua natureza e, por isso, 
vive feliz. 
Seção Enem
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