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ESAB - Pluralismo Religioso e Diálogo Macro-ecumênico

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Prévia do material em texto

MÓDULO DE: 
PLURALISMO RELIGIOSO E DIÁLOGO 
 
AUTORIA: 
GABRIELE GREGGERSEN 
 
 
 
 
Copyright © 2012, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
2 
Copyright © 2012, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
Módulo de: Pluralismo Religioso e Diálago 
Autoria: Gabriele Greggersen 
 
Primeira edição: 2012 
 
 
CITAÇÃO DE MARCAS NOTÓRIAS 
Várias marcas registradas são citadas no conteúdo deste módulo. Mais do que simplesmente 
listar esses nomes e informar quem possui seus direitos de exploração ou ainda imprimir 
logotipos, o autor declara estar utilizando tais nomes apenas para fins editoriais acadêmicos. 
Declara ainda, que sua utilização tem como objetivo, exclusivamente na aplicação didática, 
beneficiando e divulgando a marca do detentor, sem a intenção de infringir as regras básicas 
de autenticidade de sua utilização e direitos autorais. 
E por fim, declara estar utilizando parte de alguns circuitos eletrônicos, os quais foram 
analisados em pesquisas de laboratório e de literaturas já editadas, que se encontram 
expostas ao comércio livre editorial. 
 
 
 
 
 
 
3 
Copyright © 2012, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
Todos os direitos desta edição reservados à 
ESAB – ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL LTDA 
http://www.esab.edu.br 
Av. Santa Leopoldina, nº 840/07 
Bairro Itaparica – Vila Velha, ES 
CEP: 29102-040 
Copyright © 2012, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
 
4 
Copyright © 2012, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
Apresentação 
Olá você, 
Esse curso foi escrito especialmente para você que está interessado em conhecer o mundo 
fantástico das religiões com o colorido característico de sua diversidade e, ao mesmo tempo, 
seus pontos em comum. 
O que é ética e qual a sua relação com as religiões e a religiosidade? O que é igualdade, 
desigualdade e como as religiões se relacionam entre si? Quais os conceitos de Pluralismo 
religioso que se tem hoje? Como lidar com a religiosidade nas instituições da 
contemporaneidade, especialmente na escola, como espaço multicultural e potencialmente 
intercultural? O que é ecumenismo e diálogo inter-religioso e qual a sua evolução histórica? 
Essas e outras questões serão tratadas, da forma mais imparcial possível, mas sem negar o 
fato de que a neutralidade seja impossível, até mesmo da parte do professor e que, portanto, 
o viés de cada um deve ser assumido. Somente assim, e não, simulando uma imparcialidade 
artificial, é que o aluno terá condições de decidir por si só e julgar todos os posicionamentos 
diversificados apresentados durante o desenvolvimento do curso e assumir o seu (ou, se 
preferir, não assumir nenhum). 
Como se trata de um curso voltado para educadores, também faremos, sempre que possível, 
pontes com a educação, que é o nosso topos de origem e permanente, mas também 
estaremos focando a teologia e as ciências da religião. 
Assim, os textos e vídeos apresentados não são reflexo de posicionamentos pessoais e são 
os mais objetivos possível, não pretendendo configurar ofensa a nenhuma religião particular, 
que merecem todas o nosso mais profundo respeito. 
 
5 
Copyright © 2012, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
Longe de querermos dar resposta definitiva a muitos dos problemas e questões levantadas 
no curso, vou estimular o diálogo desde logo, procurando apresentar diversos pontos de 
vista, deixando certas questões em aberto, mas também, fazendo um recorte da literatura 
que acredito trazer luz para discussão das mesmas. 
Esperamos que o curso possa prendê-lo e despertar em você um desejo de investigação e 
indagação crítica sobre os diversos assuntos abordados e discutidos nas unidades e nos 
fóruns. 
 
 
Objetivo 
- Compreender e discutir a variedade cultural e religiosa dos povos e o conceito de diálogo 
inter-religioso; 
- Discutir a relação entre o “eu” e o “outro”; a identidade e a alteridade em questões culturais 
e religiosas. 
- Incentivar a não discriminação em relação às diferenças culturais, étnicas e religiosas, sem 
deixar de posicionar-se diante delas; 
- incentivar a acolhida, o respeito e convivência harmoniosa entre as diferentes religiões, os 
direitos humanos e a paz mundial; 
- compreender e aplicar os conceitos de pluralismo, multi- e interculturalidade, tolerância e 
não discriminação para a área de educação. 
 
6 
Copyright © 2012, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
Ementa 
Ética; religião e legislação brasileira; diálogo inter-religioso; história da constituição legal das 
religiões no Brasil. 
 
Sobre o Autor 
Graduada em Pedagogia, com habilitação em Administração Escolar, Mestrado e Doutorado 
em História e Filosofia da Educação pela Universidade de São Paulo; 
Graduada em Teologia pela Faculdade Teológica Sul Americana. 
Pós-Doutora em História das Idéias Contemporâneas do Instituto de Estudos Avançados da 
Universidade de São Paulo; 
Professora, consultora de projetos de Educação à Distância e autora na área de Pedagogia e 
Filosofia. 
Especialista em Formação de Professores para Atuação em EaD pela Escola Aberta do 
Brasil. 
Tradutora e doutoranda em Estudos da Tradução pela Universidade Federal de Santa 
Catarina. 
 
7 
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SUMÁRIO 
 
UNIDADE 1 ............................................................................................................................ 10 
Faça o que eu Digo...: Notas sobre Ética e Valores ............................................................ 10 
UNIDADE 2 ............................................................................................................................ 19 
A Clássica Ética das Virtudes ............................................................................................. 19 
UNIDADE 3 ............................................................................................................................ 27 
Religião: quem precisa dela? .............................................................................................. 27 
UNIDADE 4 ............................................................................................................................ 30 
Ética, moral e cristianismo .................................................................................................. 30 
UNIDADE 5 ............................................................................................................................ 34 
Uns mais Iguais que Outros? .............................................................................................. 34 
UNIDADE 6 ............................................................................................................................ 40 
Igualdade em Meio à Diversidade ....................................................................................... 40 
UNIDADE 7 ............................................................................................................................ 45 
A Religião e religiosidade na Legislação Brasileira ............................................................. 45 
UNIDADE 8 ............................................................................................................................ 49 
Trajetórias do sagrado no Brasil ......................................................................................... 49 
UNIDADE 9 ............................................................................................................................ 55 
A diversidade das Religiões do Mundo ............................................................................... 55 
UNIDADE 10 .......................................................................................................................... 59 
 
8 
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Revisão, Atividades e Fórum de Discussão ........................................................................59 
UNIDADE 11 .......................................................................................................................... 61 
Conceito de Pluralismo e Pluralismo Religioso ................................................................... 61 
UNIDADE 12 .......................................................................................................................... 66 
Ainda sobre o Pluralismo Religioso ..................................................................................... 66 
UNIDADE 13 .......................................................................................................................... 69 
Diálogo inter-religioso .......................................................................................................... 69 
UNIDADE 14 .......................................................................................................................... 73 
Ainda sobre o Diálogo Inter-religioso .................................................................................. 73 
UNIDADE 15 .......................................................................................................................... 76 
Teorias Contemporâneas e Diálogo: o ecumenismo........................................................... 76 
UNIDADE 16 .......................................................................................................................... 78 
O intolerável na tolerância ................................................................................................... 78 
Projeto Sala do Professor - Programa 9 ................................................................................................................. 85 
UNIDADE 17 .......................................................................................................................... 86 
Etnocentrismo ..................................................................................................................... 86 
UNIDADE 18 .......................................................................................................................... 92 
Multiculturalismo.................................................................................................................. 92 
UNIDADE 19 .......................................................................................................................... 98 
Multiculturalismo e educação .............................................................................................. 98 
UNIDADE 20 ........................................................................................................................ 105 
Revisão, atividades e explicação do Fórum ...................................................................... 105 
UNIDADE 21 ........................................................................................................................ 107 
Interculturalidade ............................................................................................................... 107 
 
9 
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UNIDADE 22 ........................................................................................................................ 114 
Ciência, Misticismo e Religião ........................................................................................... 114 
UNIDADE 23 ........................................................................................................................ 118 
Diálogo e Ensino Religioso ............................................................................................... 118 
UNIDADE 24 ........................................................................................................................ 126 
Laicismo e religião............................................................................................................. 126 
UNIDADE 25 ........................................................................................................................ 132 
Religiosidade e Manipulação ............................................................................................ 132 
UNIDADE 26 ........................................................................................................................ 140 
Pós-modernismo: a desconstrução de discursos totalitários ............................................. 140 
UNIDADE 27 ........................................................................................................................ 146 
Feminismo e diálogo inter-religioso ................................................................................... 146 
UNIDADE 28 ........................................................................................................................ 154 
Diálogo com a Religiosidade Afro-Brasileira e Indígena ................................................... 154 
UNIDADE 29 ........................................................................................................................ 164 
Pluralismo e Diálogo para o Terceiro Milênio .................................................................... 164 
UNIDADE 30 ........................................................................................................................ 170 
Revisão, atividades e explicação do Fórum ...................................................................... 170 
GLOSSÁRIO ........................................................................................................................ 174 
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 187 
 
 
 
10 
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UNIDADE 1 
Faça o que eu Digo...: Notas sobre Ética e Valores 
 
 
http://ceticismo.net/2008/02/26/moralidade-etica-e-religiao/ 
 
Objetivo: Compreender o conceito de ética e suas relações com os valores e com a religião 
 
Olá você, 
 
E então? Pronto para ingressar no mundo mágico das religiões e do diálogo entre elas? 
Nessa unidade e na próxima, empreenderemos uma primeira aproximação desse módulo, 
levantando os conceitos de ética em suas relações com a cultura, os valores e a religião, 
 
11 
Copyright © 2012, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
pois essa é uma condição essencial para compreendermos o curso como um todo. 
Tentaremos demonstrar no que segue, que, sem o pressuposto de uma ética global ou 
universal, não se pode falar em pluralismo, nem em diálogo inter-religioso. 
Embora haja uma diversidade grande de conceitos de cultura, a partir da formação das 
sociedades capitalistas e industriais, também chamadas de “civilizadas”, ela se define como 
sendo as convenções sociais, regras sociais e éticas, crenças e costumes de uma 
sociedade, expressas pelas suas instituições, práticas, políticas e ações sociais. 
Na atual Constituição Federativa do Brasil, lemos, no artigo 216, os elementos que fazem 
parte do patrimônio cultural a que todos os cidadãos brasileiros têm direito de acesso: 
 
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e 
imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à 
identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade 
brasileira, nos quais se incluem: 
I - as formas de expressão; 
II - os modos de criar, fazer e viver; 
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; 
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às 
manifestações artístico-culturais; 
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, 
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico (CONSTITUIÇÃO, 1988. 
Disponível: 
<http://www.senado.gov.br/legislacao/const/con1988/CON1988_05.10.1988/CON1988
.pdf>. Acesso 28 Jun, 2012.) 
 
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Tanto a religião quanto a cultura se encaixam nos “modos de viver e fazer viver”, ou seja, no 
estilo de vida da população, que é tão diversificado quanto à própria cultura e as formas de 
expressão da religiosidade. E esse estilo se orienta por uma tábua de valores explícita ou 
implícita, que também é chamada de moral, e que conscientemente ou não, tem a religião 
como uma de suas bases. Mores, no latim, significa costumes, de modo que a moral abranja 
os valores que orientam as práticas de uma sociedade. Já a ética, tem uma conotação mais 
ampla. 
De acordo com o Aurélio, a ética é o “estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta 
humana, suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a 
determinada sociedade, seja de modo absoluto.” Ou seja, embora o comportamento moral se 
confunda em grande parte com a ética, por estar nela inserido, este não dá conta da 
abrangência do conceito de ética. Pois, além do comportamento, a ética envolve um juízo, ou 
seja, um julgamento entre o bem e o mal, além de toda uma filosofia. 
Nesse sentido, Vázquez (apud, NASH, Laura L. 1993, p. 121) esclarece qual a relação entre 
esses dois conceitos: 
 
Os problemas éticos caracterizam-se pela sua generalidade e isto os distingue dos 
problemas morais da vida cotidiana, que são os que nos apresentam nas situações 
concretas. O ético transforma-se assim numa espécie de legislador do comportamento 
moral dos indivíduos ou da comunidade. Mas a função fundamental da ética é a 
mesma de toda teoria: explicar, esclarecer ou investigar uma determinada realidade, 
elaborando os conceitos correspondentes [...] Mas o campo da ética nem está à 
margem da moral efetiva, nem tampouco se limita a uma determinada forma temporal 
e relativa da mesma. 
 
 
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Copyright © 2012, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
Assim, a ética, longe de reduzir-se a um moralismo simplista de uma lista de coisas que se 
“pode” ou “não pode” fazer, não se limita ao comportamento, que é regulado pelas 
convenções sociais e subjetivas, mas abrange algo que procede do reconhecimento de um 
valor objetivo intrínseco às próprias coisas. 
Para Aristóteles, a ética, que vem de ethos, no grego, está ligada a mores de uma forma 
peculiar. Enquanto a moral dos costumes, como por exemplo, os ritos, são relativos; a ética, 
para ser verdadeira, tem que se fundar na intuição das coisas essenciais e invariáveis, e na 
transcendência. Ou seja, a ética, para ser legítima, tem que ser universal e absoluta. 
Isso é bem estranho para os seus ouvidos, não é mesmo? Estudaremos o pensamento 
contemporâneo, que de uma forma ou de outra, influencia o nosso próprio pensamento mais 
no final do módulo. 
Nesse meio tempo, pedimos que você abra um parêntesis e tente entender outras formas de 
pensamento, o que em si já é um exercício que será constantemente necessário para o 
acompanhamento desse módulo. 
Retomando, então, além dos valores intrínsecos às coisas, que são universais ou ao menos 
universalizáveis, como a dignidade humana, a justiça, o respeito à natureza, há os valores 
relativos, como a etiqueta social, o comportamento no trabalho, as leis decretadas pelos 
governos, etc. Enquanto em alguns países, comer de faca e garfo é o normal, em outros, 
deve-se comer com as mãos ou com palitos. Enquanto em alguns países a lei prevê a 
proibição do fumo em lugares públicos, outros países se omitem quanto a isso. Os valores 
relativos não são próprios das coisas, mas constructos sociais, culturais e históricos. Eles 
normalmente se baseiam na experiência, mas também se orientam pela cultura e por 
princípios religiosos. Toda cultura pode ser diferenciada pelos seus valores, sendo alguns 
comuns a toda a humanidade, como o amor, a fé, a esperança; e outros, relativos à história, 
geografia, aspectos sócio-políticos de cada povo e de cada nação. 
 
14 
Copyright © 2012, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
Os valores nos fazem estabelecer listas de prioridades que guiam as nossas decisões 
cotidianas. Por outro lado, o fato da ética estar ligada a valores, não quer dizer, que ela seja 
puramente subjetiva e relativa, pelo contrário, o valor das coisas guia-se, em última instância 
por grandes referencias éticos universais. 
O trabalho em equipe entre bandidos, por exemplo, que provam essa capacidade no assalto 
a um banco, não pode ser considerado louvável. Ou a disciplina na exploração desenfreada 
do trabalho humano ou da natureza. Os valores relativos, portanto, dependem de um 
contexto, que é preciso levar em conta, antes do julgamento sobre o certo e o errado. 
Mas a ética não se limita ao mero costume ou à simples convenção social e a valores de 
uma cultura ou uma religião, mas está ligada a referenciais, que por sua vez, dependem de 
critérios que precisam ter uma dimensão mais ampla, objetiva e permanente, sem a qual 
seria simplesmente impossível falar em “direitos humanos”. 
Precisamente por sua abrangência, tais direitos não podem ser codificados e programados 
por uma máquina ou impostos por um governo totalitário, mas dependem da educação, 
entendida como conscientização autônoma e do diálogo e entendimento entre os povos. 
Assim, para fins didáticos o estudo da ética é dividido em dois campos: da ética geral, que 
trata das grandes questões universais, como “o que é liberdade?”; “o quê, a justiça”; “o quê, 
o bem e o mal?”, etc.; e da ética específica, ou aplicada ao dia a dia, no caso, ao cotidiano 
em geral, das empresas, que é mais adequadamente denominada de “moral”, mas se 
convencionou chamar de “código de ética”. 
Acontece que esses dois planos encontram-se intimamente mesclados na realidade da vida. 
A maioria das pessoas procura esquivar-se ao máximo das grandes questões da vida, que 
perpassam toda a história da humanidade, como a morte, o sofrimento e a injustiça e do 
grande dilema humano, que é o lidar com a diversidade moral e religiosa, sem pôr em risco a 
unidade ética, como elucida Valls: 
 
 
15 
Copyright © 2012, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
a ética tem pelo menos também uma função descritiva: precisa procurar conhecer, apoiando-
se em estudos de antropologia cultural e semelhantes, os costumes das diferentes épocas e 
dos diferentes lugares. Mas ela não apenas retrata os costumes: apresenta também algumas 
grandes teorias, que não se identificam totalmente com as formas de sabedoria que 
geralmente concentram os ideais de cada grupo humano. A ética tem sido também uma 
reflexão teórica, com uma validade mais universal (VALLS, 1999, p. 11-12). 
 
Embora o relativismo do “espírito do tempo” (Zeitgeist, no alemão, sendo Zeit=tempo e 
Geist= Espírito) tendesse mais à negação dos princípios universais, por uma “tolerância” 
(falaremos mais sobre ela em outra unidade) e aceitação “democrática” da diversidade dos 
modos de vida humanos, muitos princípios da ética encontram-se implícitos na sabedoria dos 
povos. Eles são geralmente expressos na mitologia, no folclore, nos provérbios e no que 
costumamos chamar de “bom-senso”. 
Basta ler qualquer jornal para se entender que certos comportamentos parecem 
indiscutivelmente “bons”, “desejáveis” ou “nobres”, enquanto outros são tão “deploráveis”, 
“desprezíveis” e “degradantes”, que não requerem maiores explicações. Podemos ver 
exemplos disso nos jornais diários de todo o mundo. Isso também pode ser observado no dia 
a dia do trabalho. 
Hoje, embora a ética seja algo bastante procurado, há uma discrepância nítida entre o vivido 
e o recomendado; entre “ser” e o “dever ser”. É a lei conhecida no Brasil como “Faça o que 
eu digo, mas não faça o que eu faço”. Muitos vivem de forma simplesmente amoral, sem 
quaisquer pruridos e poucos entendem o conceito de ética, no seu sentido completo. Outros 
preferem o que Nietzsche chamava de “ideologia do gado”, ou seja, simplesmenteser “Maria 
vai com as outras” e cuidar apenas de agir de acordo com o “politicamente correto”, pondo 
em risco sua própria individualidade, como nos mostra o Professor Álvaro Valls (1999, p. 47): 
 
 
16 
Copyright © 2012, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
A reflexão ético-social do século XX trouxe... outra observação importante: na 
massificação atual, a maioria hoje talvez já não se comporte mais eticamente, pois 
não vive imoral, mas amoralmente. Os meios de comunicação de massa, a ideologia, 
os aparatos econômicos e do Estado, já não permitem mais a existência de sujeitos 
livres, de cidadãos conscientes e participantes, de consciências com capacidade 
julgadora. Seria o fim do indivíduo? 
 
Assim, a ética tem mais a ver com um estilo de ser e viver, do que com atos isolados. E não 
se pode falar em “neutralidade”, quando se trata de valores universais. Ou os valores éticos 
existem e nós os assumimos, ou valerá a lei da selva, do mais forte e do fazer o que bem se 
entende. 
E a religião, como se encaixa nessa discussão? Como veremos mais adiante no livro de 
Rubem Alves, O que é Religião, a palavra significa religar alguma coisa ou alguém. No caso, 
reestabelecer a comunicação do homem com Deus. Ora, mas você poderá me perguntar: 
Para quê Deus, numa sociedade que já o negou faz tempo e o substituiu por tecnologia, pela 
ciência, pela autossuficiência humana? 
Uma resposta possível se encontra frase do literato russo Dostoievski: “Se Deus não existe, 
tudo é permitido”. Se invertermos a frase para seu lado positivo, Se Deus existe, há regras 
para o jogo da humanidade e de suas sociedades, e regras não criadas pelos homens 
apenas. 
Se a humanidade fosse perfeita, ou tendesse à perfeição, então poderíamos deixar a cargo 
dos mais perfeitos inventar as regras para o bom convívio. Mas isso se prova ilusório a cada 
grande acontecimento da história (ou a cada ocorrência particular registrada como crimes 
nos jornais), como as grandes guerras, a luta pelo poder, as mesquinharias, a injustiça e a 
destruição do planeta. Mas como não há perfeição humana, então temos que apelar a outra 
 
17 
Copyright © 2012, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
autoridade, essa sim, perfeita, a que convencionamos chamar de Deus ou do Criador, ou do 
Ser Supremo, Absoluto e não criado. 
A grande questão, então, é identificar tais regras e as formas de comunicação delas à 
humanidade. Daí que a grande maioria das religiões do planeta tenham um livro sagrado e 
incluam a prática do culto ou liturgia e a oração, como elementos basilares. 
Mas a relação entre ética e religião não é tão tranquila. A religião, sendo uma instituição 
humana, também é sujeita a falhas, de modo que nenhuma pode reivindicar deter todas as 
verdades e todo o conhecimento a respeito do bem e do mal. Do contrário, recairíamos no 
moralismo ou fundamentalismo religioso. 
Sem a religião, fica difícil o ser humano expressar as suas angústias existenciais e 
teológicas. Através da comunhão, meditação e celebração muitas dessas angústias 
merecem tratamento adequado e podem ajudar uma pessoa a se decidir pelo bem, ao invés 
do mal, não por mero medo do castigo ,mas pelo reconhecimento de que o bem é a melhor 
escolha. 
Claro que isso não acontece sempre e é preciso saber canalizar a religiosidade humana - 
que é um aspecto inalienável em qualquer ser humano, mesmo daquele que se declara 
agnóstico ou ateu, que tem a sua própria moral - para o bem comum. 
Esperamos que essa unidade o tenha feito pensar sobre a muito falada ética e infelizmente 
tão pouco praticada. Aguardamos vocês para a próxima! 
 
 
 
 
 
 
18 
Copyright © 2012, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
 Assista ao vídeo: 
 
O que é ética e moral? - Mario Sergio Cortella no programa do Jô (parte 1 e 2) 
<http://www.youtube.com/watch?v=HraxZ0DKYNo&feature=relmfu>. Acesso 01 Ago., 2012. 
<http://www.youtube.com/watch?v=RFlVgcl4A1M&feature=related>. Acesso 01 Ago., 2012. 
 
 
 
19 
Copyright © 2012, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
UNIDADE 2 
A Clássica Ética das Virtudes 
 
 
http://presentepravoce.wordpress.com 
 
Objetivo: Compreender o conceito de ética e suas relações com os valores e com a religião 
 
20 
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Olá você, 
Bem vindas (os) a mais uma unidade! 
Para complementar a conversa da aula passada, falaremos um pouco da chamada “ética 
clássica”, ou “ética das virtudes cardeais”, assim denominadas, por servir como norte, da 
mesma forma que os pontos cardeais, numa sociedade que vive dizendo que não tem 
tempo, mas na verdade tem é preguiça para tratar de questões profundas e 
comprometedoras que envolvem os valores e a religião. 
É claro que hoje existe uma diversidade de ideias sobre ética, como se pode inferir pelo 
material acrescentado a essa unidade. Mas optamos conscientemente pela ética das 
virtudes, cunhada por Aristóteles em Ética a Nicômaco, precisamente por ser “clássica” e 
testada pelo tempo. 
A formação ética necessariamente passa pela educação e pela cidadania. E ela tem que ser 
tão incisiva e vivencial, que arranque velhos paradigmas equivocados, como os extremos do 
mero moralismo e do relativismo moral, pela raiz. 
Isso significa mexer com o cotidiano e com os hábitos diários das pessoas, que atualmente 
são dominadas pela cultura de massa e seus valores descartáveis, veiculados pela mídia, e 
fazê-las refletir um pouco mais profundamente sobre os seus próprios valores. 
As quatro virtudes cardeais aristotélicas foram retomadas por vários autores ao longo da 
história, desde os medievais, até os modernos e contemporâneos, precisamente por esse 
seu caráter universal, capaz de responder aos anseios de várias épocas, inclusive a nossa. 
São elas: 
 
 
 
 
21 
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1. Justiça ou Equidade: 
 
Trata-se de uma das virtudes mais cobiçadas por todo o mundo e uma contra a qual a maior 
parte das pessoas se queixa, quando sentem sua falta. 
Infelizmente, quando se fala em justiça hoje, muitos a 
confundem ou limitam ao sentido forense, dos 
advogados e legisladores, ligados ao chamado 
“Ministério da Justiça”. 
O filósofo e teólogo alemão, Josef Pieper, assim a 
define: 
 “A justiça já foi chamada também ‘arte de conviver’, uma 
formulação que por sua vez pode também ser mal-
interpretada, como se não se tratasse de nada mais do 
que de arranjar-se com os outros”. Não é isso, no 
entanto, o que se quer dizer, e sim, mais propriamente, 
um conviver em que cada um recebe o que lhe é 
devido... E assim, nos casos devidos, deve novamente 
entrar no lugar da Justiça (impossibilitada de realizar-se) 
outra coisa: a piedade. A atitude de honra e de respeito 
(não realizado apenas interiormente) que diz: ‘Devo-te 
algo que não posso pagar, e manifesto que estou 
consciente disso através dessas atitudes. ’ Quando nos sabemos assim agraciados e 
endividados diante de deus e dos homens, não pautamos tão facilmente nossa vida pela 
atitude de reivindicações que pergunta: “O que me é devido?” (PIEPER, Josef, 2012, online). 
 
 
http://www.checaribe.com/?p=219 1 
 
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2. Fortaleza, coragem ou perseverança: 
 
Estamos lidando aqui com aquele indivíduo que é fraco e consciente de sua fraqueza, mas 
que resiste bravamente. Por exemplo, aquela pessoa que sabe que está com câncer, mas 
que não entrega os pontos e continua a sua vida normalmente, quando possível. Aquela 
mulher trabalhadora, abandonada pelo marido e que se desdobra para oferecer uma vida 
confortável para os filhos, etc. Pieper assim a define: 
 
Fortaleza, heroísmo, vitória: tais conceitos sempre são pensados em bloco.... o bem não se 
impõe por si mesmo, como opinam os liberalismos, para que sito ocorra, há necessidade do 
empenho da pessoa. Empenhar-sepela realização do bem contra o poder do mal (que às 
vezes também poderá ser um super poder), eis aí circunscrito de forma bem completa aquilo 
que perfaz o ato da virtude da Fortaleza... E nós, tarde nascidos começamos a perceber 
porque os antigos consideravam a parte essencial da Fortaleza o resistir, e não o atacar 
(PIEPER, Josef, 2012, online). 
 
3. Temperança, moderação ou autocontrole: 
 
Essa virtude poderia ser resumida como sensatez ou saber como defender-se contra a 
autodestruição. É mais fácil reconhecermos a falta dela, do que ela em ação. Quando um 
motorista pega o volante, depois de ter tomado umas “cervejas”; quando uma mulher se 
arrisca a andar desacompanhada por uma rua escura que sabe ser perigosa; quando alguém 
bebe ou fuma ou toma drogas, come sem encontrar o limite, etc. 
Há quem diga que ser temperante é, em uma palavra, ser sóbrio e equilibrado ou assertivo, 
ter mansidão ou domínio próprio. O contraponto disso é o descontrole, o excesso, a 
 
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exagerada busca da satisfação dos próprios desejos. “Trata-se na verdade, de que 
justamente as forças do ser do homem orientadas por natureza para a auto conservação, 
aperfeiçoamento e realização, são aquelas mesmas forças que podem também desnaturar-
se para a autodestruição” (Idem). 
Em Cristianismo Puro e Simples, Lewis (2005, p. 103) comenta sobre a temperança que ela: 
.... infelizmente, é uma palavra que perdeu seu significado original. Hoje em dia ela significa a 
abstinência total de bebidas alcoólicas. Na época em que a segunda virtude cardeal recebeu 
esse nome, ela não significava nada disso. A temperança não se referia apenas à bebida, mas 
aos prazeres em geral; e não implicava abstinência, mas a moderação e o não-passar dos 
limites. (LEWIS, 2005, p. 103). 
 
Assim, a temperança realça o sabor próprio e característico de cada um, com todas suas 
potencialidades. De certa forma, diz Lewis, ela está ligada a todas as demais virtudes, já que 
todas elas têm que exercitar a moderação e equilíbrio. 
Não se trata, portanto, de uma “força bruta”. Mas daquela força que surge nos momentos de 
fraqueza. Pieper a identifica com uma espécie de “heroísmo” ou “valentia”, como o de um 
mártir, ou do professor que tem que enfrentar a difícil realidade das escolas públicas. 
 
4. Prudência, sabedoria, ou discernimento: 
 
Esta é considerada a maior de todas as virtudes, pois ela é demonstrada por aquele que fica 
com o pé firmemente fincado na realidade e a mente, aberta para o cosmos. Trata-se 
daquela pessoa que consegue ver as coisas como são, sem recair num materialismo cego, 
nem num idealismo, que vê tudo cor-de-rosa, alienado do real. 
 
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Trata-se do bom-senso, de quem manifesta uma “incorruptível ‘busca da verdade’ a respeito 
de situações nas quais costumam estar fortemente envolvidos fatores de interesse pessoal. 
O que importa, portanto, é fazer calar nossos interesses – e, talvez também ouvir o outro, 
possivelmente um oponente". 
Quem não consegue isto, ou não está disposto a isto, jamais chegará a ver a realidade como 
ela é... Consiste em transformar aquilo que foi visto, a verdade das coisas, em diretriz do 
próprio querer e agir. Só então se perfaz a virtude da Prudência, que com razão foi definida 
como ‘a arte de decidir-se corretamente. ’”(PIEPER, Josef, 2012, online). 
Ora, numa sociedade em que em tese, não existe mais a verdade, apenas as verdades, é 
cada vez mais difícil encontrarmos pessoas verdadeiramente sábias. 
Quando o homem quer demais o bem, tende a recair no vício pela via do exagero. Podemos 
ver esse fenômeno na mãe super-protetora, no diretor centralizador, no patrão paternalista, 
no perfeccionista... 
A virtude da prudência é lembrada por C.S. Lewis, como sendo o ‘espírito infantil’ (que todos 
nós, mesmo depois de adultos, de alguma forma, ainda abrigamos dentro de nós): 
A prudência significa a sabedoria prática,para para pensar nos nossos atos e em suas 
consequências. Nos dias de hoje, a maioria das pessoas já não considera a Prudência uma 
“virtude”. Inclusive, como Cristo disse que só entrariam no seu Reino os que fossem como 
crianças, muitos cristãos pensam que podem ser tolos, desde que sejam “bonzinhos”. É um 
erro. Em primeiro lugar, muitas crianças demonstram ter bastante “prudência” quando fazem 
coisas que são do seu interesse, e conseguem pensar a respeito dessas coisas com bastante 
sensatez. Em segundo lugar, como esclarece São Paulo, Cristo nunca quis que fôssemos 
como crianças na inteligência; muito pelo contrário. Ele nos exortou a ser não apenas “simples 
como as pombas” mas também “prudentes como as serpentes”. Quer de nós um coração de 
criança, mas uma cabeça de adulto. Quer-nos simples, centrados, afetuosos e dóceis no 
aprendizado, como boas crianças são; mas também quer que cada fração da inteligência que 
possuímos esteja alerta e afiada para a batalha. (LEWIS, 2005, p.101-102). 
 
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Ainda na Idade Média, Tomás de Aquino, re-significa as quatro virtudes de Aristóteles, de 
acordo com uma perspectiva cristã, acrescentando a elas, outras três, que denominou 
“teologais”, a fé, a esperança e o amor, introduzindo a ideia de direito de resistência ao 
poder, posteriormente desenvolvido pelos reformadores, retoma e re-significa todas as sete 
virtudes. 
Lewis aproveita esse esquema de sete virtudes, quatro humanas e três transcendentes e 
divinas. Há uma só virtude que não pode ser exagerada. Ágape, um dos quatro amores, ou 
amor espiritual. 
Quando nos fixamos, quando cedemos a impulsos obsessivos acabamos com o “bom gosto” 
estragado. Tal fixação acaba sempre na decepção (desilusão) e solidão. O mundo moderno 
todo sofre deste vício, desde a época de Lewis, o entre e pós-guerra. 
 
 
 Leia o seguinte livro: 
VALLS, Álvaro L.M., O que é Ética, São Paulo: Brasiliense , 1999. Disponível: 
<http://www.4shared.com/office/uMT5og0H/Livro_-_O_Que__tica_-_lvaro_L_.html>. Acesso 
17 Jul. 2012. 
Bem, esperamos que vocês leiam todos os textos sobre esse importante tema e fiquem cada 
vez mais apaixonados pela tal da sabedoria! 
 
 
 
 
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 Leia ainda: 
SANTOS, José Luiz dos Santos, O que é Cultura. 16ª edição , reimpressão. São Paulo: 
Brasiliense, 2009. Disponível: 
<http://www.4shared.com/office/MmpDA53u/Coleo_primeiros_passos_-_O_que.html>. 
Acesso 17 Jul. 2012. 
 
 
 
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UNIDADE 3 
Religião: quem precisa dela? 
 
http://escaravelhos.blogspot.com.br/ 
Objetivo: Identificar e discutir alguns conceitos de religião e situá-los no contexto atual de 
multiculturalismo 
 
Olá você, 
Já parou para pensar sobre o conceito de religião? O que ela significa? 
 
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Nessa unidade e na próxima, vamos nos aprofundar no conceito de Religião, a partir do livro 
O que é religião, de Rubem Alves. 
Estaremos dando destaque a um capítulo, que não se encontra no livro, mas está disponível 
no blog do autor com algumas reflexões do autor sobre a obra, que você pode ler no link: 
ALVES, Rubem. “A aposta” em Transparências da eternidade, Verus, 2002. Disponível 
<http://www.rubemalves.com.br/aaposta.htm> Acesso 28 Jun 2012 
Muitos poderiam me dizer que não precisam da religião e nem, saber qual seja o sentido da 
vida, limitando-se a vivê-la. Respeito essa opinião. Mas aposto que nos momentos 
impactantes da sua vida, com a perda de um ente querido, uma doença (terminal ou não), 
um acidente de carro, você já se perguntou se a vida realmente se limita ao aqui e agora. 
Por que essas coisas nos intrigam, se não esperamos nada mais da vida? Por que muitos 
ateus ficam tão revoltados comDeus, por Ele não existir (e mal se dão conta do paradoxo)? 
Por que todos os povos do mundo conhecido têm a ideia de um deus ou pelo menos, de uma 
divindade, lugares sagrados e rituais? Por que será que não conseguimos nos livrar da idéia 
de um deus, por mais racionalistas, materialistas que sejamos? 
 
 
 1. Qual o sentido da vida, para Rubem Alves? 
2. Qual a diferença entre julgamentos éticos e religião, para Rubem Alves? 
3. Qual o significado da vida e da morte, segundo Rubem Alves? 
4. Sobre o que fala a religião, segundo Rubem Alves? 
5. Qual é a realidade-âncora dos nossos sentimentos? 
 
 
 
 
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 Leia o que diz o Wikipédia sobre religião: 
Disponível: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%A3o>. Acesso 30 Jun. 2012. 
 
 
 
 
 Leia o livro O que é religião (Col. Primeiros Passos) de Rubem Alves e discuta na Tarefa 
dissertativa, as principais idéias desse livro sobre religião, desejo e simbologia, trazendo 
esses conceitos para a sua experiência pessoal. Espera-se que você faça uma pesquisa 
mais ampla sobre esse conceito, usando os demais autores citados nesse curso. 
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%A3o>. Acesso 30 Jun. 2012. 
 
 
 
 
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UNIDADE 4 
Ética, moral e cristianismo 
“Se Deus não existe, tudo é permitido” 
Dostoievski 
 
http://www.overmundo.com.br 
Objetivo: Perceber a relação que existe entre religiosidade, moral e ética. 
 
 
 
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Olá você, 
Agora que conceituamos ética, moral e religião, vamos aprofundar um pouco a relação entre 
elas e a religiosidade. Para começo de conversa, vamos esclarecer que não queremos dizer 
que uma pessoa que não acredita em Deus, ou não abrace nenhuma religião, parcela esta 
da população que está crescendo, não tenha ética ou moral. Pelo contrário, essas pessoas 
agem, no mínimo, de acordo com um bom senso ou uma convenção do que seja o certo e o 
errado. 
Mas o que pode acontecer em alguns casos, sem os limites traçados pela religião, é que a 
pessoa não saiba dizer muito bem, porque é que segue certas regras e normas de conduta. 
Bem, mas o que tem a ver a religião com a ética? Será que ela só serve para incutir na 
cabeça das pessoas um temor contra castigos divinos, se elas não agirem conforme dizem 
as “leis religiosas”? Em alguns casos, como no islamismo, parece ser essa a lógica 
predominante, já que o Corão é repleto de ameaças atribuídas a Deus, contra aqueles que 
infringirem tais leis, ou negarem Alá. O caso recente da queima de Corões por parte de 
americanos ocorrida numa base da OTAN com a morte de várias pessoas e ferimento de 
mais dezenas de outras nos protestos gerados, é outro exemplo disso. 
Mas é claro que os islâmicos também têm a sua ética positiva do que se deve ou não fazer, 
como a prática de dar esmolas aos pobres. Então, seria a esperança de uma recompensa 
em outro mundo que estaria por trás da conduta positiva de uma pessoa? 
No seio do cristianismo, uma das religiões estudadas aqui, as boas ações são consequência 
e não, causa da ação virtuosa. A epístola de Tiago é dedicada à coerência que deve haver 
entre o discurso e a prática do cristão. Tiago ordena: “sede cumpridores da palavra, e não 
somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos.” (Tiago 1.22) 
E nos evangelhos lemos a parábola dos dois fundamentos: daqueles que ouvem e praticam 
a lei inscrita no coração e daqueles que “não têm ouvidos para ouvir” como na fórmula que 
Cristo costumava usar no final de suas parábolas (“Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”) 
 
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Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não 
expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi 
abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade. Todo aquele, pois, 
que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a 
sua casa sobre a rocha; E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela 
casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras, e 
não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; e desceu a 
chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua 
queda (Mateus 7:21-27 cf. Lc 6.46-49). 
A história de Cristo demonstra o caráter ético, educacional e formativo dos seus 
ensinamentos. Ele mesmo deu o exemplo de conduta exemplar e de ética impecável. No 
Evangelho de Lucas, diz-se que “crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça 
para com Deus e os homens.” (Lucas 2:52). E ele frequentemente confrontava a 
religiosidade hipócrita em que os fariseus haviam transformado a lei do Antigo Testamento. 
Muito bem, você me dirá: mas Jesus era Deus, como nós, meros mortais, poderemos seguir 
esse modelo? 
É preciso nesse ponto, dar um passo além e perguntar, como se explica o fato de que 
ninguém seja capaz de cumprir a lei com perfeição. Na Carta aos Romanos, Paulo exclama: 
“Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso 
faço.” (Romanos 7:15) 
Eis aí o dilema humano expresso em poucas palavras. E a doutrina cristã diz que não são as 
obras que salvam a pessoa (se bem que sem elas, a fé é vã, como lemos em Tiago), como 
se lê ainda em Romanos, mas a fé em Cristo. Então, a ética tem uma relação direta com a 
religiosidade, uma vez que o bem agir é uma questão de coerência com a fé que se 
professa. 
Como veremos nesse módulo, a maior parte das religiões exige tal coerência, apesar de nem 
todos os religiosos a respeitarem. 
 
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 Leia o artigo de Luiz Jean Lauand para entender melhor a relação entre religião católica e 
ética: 
 
Religiões e valores humanos. A Proposta do Catolicismo – Luiz Jean Lauand 
http://www.hottopos.com/mirand15/jeanlaua.htm 
 
e responda: 
1. Qual a postura da igreja católica diante da filosofia? 
2. Qual o pressuposto da realidade sobrenatural da graça? 
3. Para quem serve a ética cristã? 
4. Qual o significado de ratio no caticismo? A que equivalente grego ela equivale? 
5. Como entender a lei natural em S. Tomás de Aquino? 
6. O que é o pecado? 
7. O que é a paz entre os homens? 
8. Qual o primeiro sentido de “tomar parte” para S. Tomás? Qual o segundo? Qual o terceiro? 
9. Qual a diferença essencial do Cristianismo? Qual a diferença em termos católicos? 
10. Qual é a essência da educação cristã? 
11. O que é a moral, segundo o CC? 
12. Qual é a essência da educação cristã para o nosso tempo? 
 
 
 
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UNIDADE 5 
Uns mais Iguais que Outros? 
 
 
http://www.ofmdfmni.gov.uk 
 
Objetivo: Identificar os fundamentos históricos e políticos da igualdade em contraste com a 
desigualdade. 
 
 
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Olá você, 
É incrível pensar que já comemoramos mais de cinqüenta anos da Declaração dos Direitos 
Humanos, e que os mesmos continuam ignorados por uma ampla maioria da população 
mundial, particularmente naquele ponto em que se diz que 
I. Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e 
consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. 
Art. 5º, I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta 
Constituição. [...] 
X. Todo homem tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte de 
um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do 
fundamento de qualquer acusaçãocriminal contra ele (Disponível: 
<http://www.prr3.mpf.gov.br/imagens/boletim_info/dudh-onu.pdf>. Acesso 28. de Jun. 2012). 
Mas o que vem a ser igualdade? De acordo o Dicionário de Direitos Humanos, perguntar 
sobre a igualdade é perguntar igualmente sobre a desigualdade. 
Veja a entrada “Igualdade”. 
Disponível em <http://www.esmpu.gov.br/dicionario/tiki-index.php?page=Igualdade>. Acesso 
28 Jun, 2012. 
Assim, apesar do avanço teórico em prol da igualdade, sentimo-nos mais distantes do 
cumprimento efetivo do direito à igualdade, se considerarmos o tempo que nos separa de 
sua primeira sistematização na Antiguidade e a distância que ainda nos separa de sua 
realização, se é que ela não é uma utopia, o que não quer dizer necessariamente uma mera 
impossibilidade. 
Para o jornalista, autor de ficção de detetive e ensaísta, G.K. Chesterton, a base do senso de 
igualdade, como a mencionada na Declaração de Independência dos Estados Unidos das 
Américas encontra-se no Gênesis e na crença em um deus: 
 
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Todos os direitos constantes da Declaração de Independência dos Estados Unidos da 
América fundamentam-se no fato de que Deus criou todos os homens iguais; e isto é correto, 
pois, se eles não tivessem sido criados iguais, certamente teriam se desenvolvido de forma 
desigual. Nunca se terá base suficiente para defender a democracia, a não ser, através de 
uma doutrina acerca a origem divina do homem (CHESTERTON, 1922, online – traduzido pela 
autora). 
Poderíamos citar aqui inúmeros aforismos de diversas culturas que dizem o mesmo: que os 
homens são iguais, porque foram criados pelo mesmo deus. Mesmo quando esse 
pressuposto não é explícito, ele aparece de forma inconsciente em vários usos e costumes 
cotidianos de vários povos, cujas leis normalmente partem do pressuposto de que todos 
sejam iguais, ao menos, perante a lei. 
Há mitos que dizem até que uma sociedade, que não se fundamenta no princípio da 
igualdade, nem sequer seria possível. Lembremos, por exemplo, da explicação grega para a 
criação do Cosmos por parte de Zeus. No texto de Comparato (2000) disponível aqui: 
http://www.hottopos.com/convenit2/compara.htm 
o autor destaca o fato de que os dois irmãos (Epimeteu, o que “pensa depois”, e Prometeu, o 
que “pensa antes”), encarregados de distribuir eqüitativamente os dons e habilidades 
necessárias à sobrevivência dos seres, procuravam aplicar a regra da proporção e do 
equilíbrio nesta distribuição, compensando os animais, que não receberam o dom da 
velocidade, dando-lhes a força. E eis que se criava assim o maravilhoso equilíbrio ecológico, 
pela e graças à diferença. 
Acontece que, quando veio a hora do homem, já não restava mais nenhum dom para 
distribuir, e assim Prometeu resolveu roubar do Olimpo uma arte toda especial, que daria aos 
homens condições de sobrevivência, através da produção de ferramentas e bens, a 
tecnologia. E logo se deu conta do erro de supor que os homens seriam capazes de dividir 
pacifica e igualitariamente os frutos deste dom, pois alguns poucos se destacaram e 
começaram a dominar a técnica, em detrimento dos outros, pois esqueceram-se de que os 
 
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homens não possuíam uma arte que até então era atributo exclusivo de Zeus, a arte do 
governo. 
Felizmente para a espécie humana, Zeus lançou os olhos à Terra e, compadecendo-se da 
situação aflitiva em que se encontravam os homens, destruindo-se uns aos outros em 
distensões e guerras contínuas, temeu pela sua sobrevivência. Decidiu então enviar Hermes 
como seu mensageiro pessoal, recomendando-lhe que atribuísse aos seres humanos os 
sentimentos de justiça (dikê) e de dignidade pessoal (aidos), sem os quais não há sociedade 
que subsista. Antes de partir para a Terra, no entanto, Hermes indagou de Zeus se deveria 
distribuir aos homens o dom da arte política da mesma maneira por que a eles fora distribuída 
a habilidade técnica. Esta, com efeito, em suas diferentes modalidades, não fora dada a todos 
indistintamente, mas na proporção de um especialista para cada grupo mais ou menos 
numeroso de não-especialistas... A resposta de Zeus foi categórica: todos os homens, 
indistintamente, tinham de possuir a arte política, pois, caso contrário, se apenas alguns 
fossem nela instruídos, não haveria harmonia social e a espécie humana acabaria por 
desaparecer da face da Terra. O pai dos deuses recomendou mesmo a seu mensageiro que 
instituísse a pena de morte para todo aquele que se revelasse incapaz de praticar a arte de 
governo, pois ele seria como que o inoculador de uma doença letal no corpo da sociedade 
(COMPARATO, 2000, online). 
Este mito é interessante pela sua sugestão de que todos os homens têm um defeito desde a 
sua origem, que pode levá-los à autodestruição, mas que pode, ao mesmo tempo também, 
trazer-lhes a solução do dilema, através da arte de governar, igualmente distribuída entre 
eles. Para Comparato, a moral da história é que a técnica, sem uma arte política e justiça 
distributiva, pautada pelo conceito de igualdade e de proporcionalidade, acaba por engendrar 
um permanente déficit ético, consubstanciado na organização oligárquica, tanto no interior das 
sociedades locais, quanto nas relações internacionais. Essa carência moral, ao longo da 
História, tem provocado regularmente grandes catástrofes, sob a forma de massacres 
coletivos, fomes, epidemias, explorações aviltantes, como conseqüências inevitáveis da 
 
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divulsão1 operada entre a minoria poderosa e a maioria indigente.... A última grande 
concentração cronológica de ultrajes, na História, ocorreu com a 2ª Guerra Mundial.... 
(COMPARATO, 2000, online). 
De fato, é difícil se lembrar de um acontecimento mais marcante do que a 2ª Grande Guerra, 
para se vislumbrar o que ocorre em uma sociedade desigual, se ela não se educar e 
livremente cultivar (cultura= cultivo) a igualdade entre os povos e as pessoas. Comparato 
continua o seu panorama histórico, observando que muitas vezes, é somente pelo sofrimento 
que o ser humano começa a conscientizar-se da importância de resgate e preservação deste 
valor: 
Cessadas as hostilidades, as consciências abriram-se, afinal, para o fato de que a 
sobrevivência da humanidade exigia a reorganização da vida em sociedade em escala 
planetária, com base no respeito absoluto à pessoa humana. No preâmbulo da Carta das 
Nações Unidas, os seus integrantes declararam-se “resolvidos a preservar as gerações 
vindouras do flagelo da guerra, [...] a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na 
dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, 
assim como das nações grandes e pequenas, e [...] a promover o progresso social e melhores 
condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla”. Além de criar um órgão novo, 
inexistente ao tempo da Liga das Nações, o Conselho Econômico e Social, a ONU incluiu em 
seus quadros a pré-existente Organização Internacional do Trabalho, bem como novas 
agências especializadas para cuidar, no âmbito mundial, das questões de agricultura e 
alimentação (a FAO), de saúde (a OMS), de educação, ciência e cultura (a UNESCO) 
(COMPARATO, 2000, online). 
Mais adiante, depois de constatar que vivemos hoje a pior fase da história da conquista dos 
direitos humanos e da igualdade, devido ao divórcio entre a ética e a técnica, que tantos 
autores de ficção já haviam anunciado, o autor propõe um roteiro para a humanização do 
 
1 De acordo com o dicionário Michaelis, divulsão é a “Ação de separar puxando com violência; ruptura, 
rompimento”. 
 
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mundo, através da instauração de uma “Democracia Mundial”, única capaz de “unificar” e“salvar” a humanidade. E o que é mais importante destacar nesta ousada utopia é o papel e 
sentido proporcional atribuído à igualdade. 
Em oposição ao individualismo excludente, o espírito da nova civilização há de ser a 
irradiação da fraternidade universal, a organização de uma humanidade solidária, onde se 
editem enfim “na paz, leis iguais, constantes, que aos grandes não dêem o dos pequenos”, 
como sonhou Camões. Se todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos, 
segundo proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a vida social há de 
organizar-se comunitariamente, à luz do princípio daquela justiça proporcional ou distributiva 
(análogon dikáion), sobre a qual tão bem discorreu Aristóteles. Pelo seu caráter 
eminentemente político, ela contrapõe-se à justiça comutativa ou de troca, que regula as 
relações contratuais entre particulares (synalagmata). Enquanto a justiça sinalagmática diz 
respeito à igualdade de prestações, isto é, à equivalência das coisas e serviços que se trocam 
por um preço, a justiça proporcional concerne à igualdade essencial dos homens, que não se 
troca nem se vende, porque não tem preço e, por isso, representa um valor 
incomensuravelmente mais elevado do que o Econômico. (COMPARATO, 2000, online). 
Assim, a própria história tem apontado para o fato de que o conceito de igualdade não se 
refere a alguma identidade ou mesmice reinante entre os homens, mas à busca pela unidade 
perdida pela negação da origem comum e pessoal de todos os homens. 
 
 Que espaço têm hoje os sentimentos distribuídos por Hermes à humanidade e o da arte 
política para contrabalançar a da técnica? O que teria que mudar na educação para que 
esses sentimentos e essa arte fossem presentes nas nossas sociedades? 
Vamos falar mais sobre essa temática na próxima unidade. Nos vemos vocês lá! 
 
 
 
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UNIDADE 6 
Igualdade em Meio à Diversidade 
 
http://www.infojovem.org.br/infopedia 
Objetivos: Compreender e discutir a contradição em que vivem os diversos povos capitalistas 
e ocidentais diante da desigualdade. 
 
Olá você, 
Dando continuidade ao nosso papo sobre igualdade, vamos agora ver o outro lado da 
moeda. Pois, infelizmente, nenhuma das instâncias que se empenham em favor da igualdade 
e seus acordos e documentos é capaz de fazer frente à tendência histórica do ser humano à 
discriminação sócio-cultural, racial, etc. e à dominação econômica. É preciso lembrar que, 
por mais idealistas que possam parecer os artigos das Declarações e Cartas Internacionais 
 
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que exaltam a igualdade, também os órgãos internacionais sofrem a pressão desta 
tendência, gerando uma série de contradições que persistem até os dias de hoje. 
Outra pensadora brasileira, preocupada com a questão da igualdade e da democracia, Maria 
Vitória Benevides (2012), defende no texto disponível em 
http://www.hottopos.com/notand2/educacao_para_a_democracia.htm 
que a manutenção da igualdade e do direito não depende, tanto da lei, quanto muito antes de 
um projeto educacional mais amplo, que chama da “Educação para a Democracia” (EPD) e 
que começa pela formação dos líderes de governo: 
A EPD na dimensão de formação de governantes significa, concretamente, a preparação para 
o julgamento político necessário à tomada de decisões. Trata-se de enfrentar problemas - dos 
mais variados tipos - e o critério para o julgamento será sempre o da justiça - decorrente dos 
valores da liberdade, da igualdade e da solidariedade. Logo, a EPD é uma formação para a 
discussão, para a argumentação, com o pressuposto da tolerância (BENEVIDES, 2012, 
online). 
Falaremos mais sobre a tolerância mais para frente. Mas o que podemos afirmar até aqui é 
que a igualdade não significa uma negação da diferença, das contradições, etc. Pelo 
contrário, ela se funda na constatação da desigualdade, que, afinal de contas não é um mal 
em si, mas uma forma de diferenciar o lado singular e “infinitamente outro” de cada ser 
humano. Podemos ilustrar este paradoxo citando o poema de Píndaro, autor da célebre frase 
"Homem, torna-te no que és", acerca da criação do universo com a constatação de que o 
homem é um ser que esquece. 
Como explica Castro (2011, p. 66): 
Segundo Píndaro, a arte é concedida pelas Musas, filhas de Mnemosine – a memória – e de 
Zeus. Essa ideia se encontra ao longo de toda a obra preservada de Píndaro, composta em 
forma de odes aos vencedores dos jogos atléticos realizados na Grécia antiga. Especialmente, 
ela está no Hino a Zeus, um fragmento da poesia de Píndaro identificado tardiamente. 
 
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No Hino a Zeus, Píndaro conta que, após ter organizado o caos e formado o cosmos, Zeus 
resolve mostrar sua criação aos outros deuses do Olimpo. Estes, diante da inegável 
exuberância do mundo – os céus, os mares, as montanhas –, ficam encantados com tamanha 
demonstração do poder de Zeus. Um dos deuses, porém, faz uma observação que revela um 
“defeito” no cosmos: o homem, que Zeus colocou na terra, é um ser que esquece, um ser que 
não percebe sua origem divina e que, portanto, não dá a devida glória aos deuses, deixando-
se levar pela soberba e pela auto-suficiência. 
Para consertar esse erro, Zeus se une a Mnemosine e com ela tem nove filhas, as Musas, 
que, segundo a mitologia grega, estão relacionadas às artes3. Elas são enviadas por Zeus à 
terra com a missão específica de, através de suas artes, lembrar os homens das grandes 
questões da existência, que ele tende a esquecer – entre elas, sua origem divina. 
O esquecimento não é nenhum mal em si, podendo impelir o homem para a busca da 
lembrança. Semelhantemente, os homens só podem ser iguais, na medida em que se 
reconhecem como diferentes e singulares. Se eles fossem todos iguais, não passariam de 
uma massa informe, desprovida de personalidade e humanidade e não sentiriam a 
necessidade da igualdade. 
Do ponto de vista político, pode-se dizer que, enquanto a ditadura valoriza a desigualdade, e 
a aristocracia trata uns como sendo “mais iguais do que os outros”, a democracia tem sede 
de igualdade. Mas é preciso saber o que ela significa. 
Segundo Benevides ainda: 
Democracia é o regime político fundado na soberania popular e no respeito integral aos 
direitos humanos. Esta breve definição tem a vantagem de agregar democracia política e 
democracia social. Em outros termos, reúne os pilares da “democracia dos antigos” - tão bem 
explicitada por Benjamin Constant e Hannah Arendt, como a liberdade para a participação na 
vida pública - aos valores do liberalismo e da democracia moderna, quais sejam, as liberdades 
civis, a igualdade e a solidariedade, a alternância e a transparência nos (sic) poder (contra os 
arcana imperi de que fala Bobbio), o respeito à diversidade e a (sic) tolerância. Educação é 
aqui entendida, basicamente, como a formação do ser humano para desenvolver suas 
 
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potencialidades de conhecimento, julgamento e escolha para viver conscientemente em 
sociedade, o que inclui também a noção de que o processo educacional, em si, contribui tanto 
para conservar quanto para mudar valores, crenças, mentalidades, costumes e práticas 
(BENEVIDES, 2012, online). 
Entre estes valores, crenças e mentalidades, destaca-se precisamente “a virtude do amor à 
igualdade, de que falava Montesquieu, e o conseqüente repúdio a qualquer forma de 
privilégio” (BENEVIDES, 2012, online). 
Finalmente, tanto a ética democrática quanto a educação mantém um vínculo forte com a 
cultura, a arte, mas particularmente, a literatura. Além da formação intelectual e do domínio 
de conteúdos, a educação para a democracia requer uma verdadeira “didática dos valores”, 
capaz de conquistar mentes e coração e gerarcomportamentos que contribuam para o bem 
comum. E toda esta formação holística e interdisciplinar pode ser alcançada através da 
introdução às artes e particularmente à literatura: 
Para formar o cidadão é preciso começar por informá-lo e introduzi-lo às diferentes áreas do 
conhecimento, inclusive através da literatura e das artes em geral. A falta, ou insuficiência de 
informações reforça as desigualdades, fomenta injustiças e pode levar a uma verdadeira 
segregação. No Brasil, aqueles que não têm acesso ao ensino, à informação e às diversas 
expressões da cultura lato sensu, são, justamente, os mais marginalizados e “excluídos”. 
(BENVIDES, 2012) 
A religião certamente tem um papel importante a desempenhar nessa cultura e educação 
igualitária, mas isso já é assunto para a próxima unidade. Nos vemos você por lá! 
 
 
 
 
 
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 Para finalizar, leia o texto: 
BARROS, José d’Assunção, “Igualdade, desigualdade e diferença: em torno de três noções”. 
Análise Social, vol. XL (175), 2005, 345-366. Disponível 
<http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/aso/n175/n175a05.pdf>. Acesso 28 Jun. 2012. 
 
E assista ao Vídeo: 
Mudar o Mundo – filme educativo 
Disponível: <http://www.youtube.com/watch?v=pJ5LjmO9FZ8&feature=related>. Acesso 01 
Ago. 2012. 
Quais são alguns temas abordados pelo vídeo? 
 
 
 
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UNIDADE 7 
A Religião e religiosidade na Legislação Brasileira 
 
http://www.liviafaveri.com 
Objetivo: Conhecer as diferentes leis sobre a religiosidade no Brasil e discutir suas 
potencialidades e pontos controversos. 
 
Olá você, 
Nessa aula, vamos nos debruçar sobre o que a lei brasileira diz sobre a religiosidade, desde 
a Constituição Federal, até a LDB e leis voltadas para a educação. Para começar, é preciso 
considerar que a constituição brasileira de 1988 prega a liberdade de consciência e de 
crença, religião e cultos religiosos. 
 
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VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício 
dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas 
liturgias; 
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis 
e militares de internação coletiva; 
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção 
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e 
recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; (BRASIL - Constituição Brasileira. 
Disponível 
<http://www.senado.gov.br/legislacao/const/con1988/CON1988_05.10.1988/CON1988.pdf> 
Acesso 28 Jun. 2012). 
Também é assegurada a separação entre Estado e Igreja, discussão também feita sob a 
rubrica da “laicidade”, a que dedicamos uma unidade à parte: 
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento 
ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, 
na forma da lei, a colaboração de interesse público;(BRASIL - Constituição Brasileira. 
Disponível 
<http://www.senado.gov.br/legislacao/const/con1988/CON1988_05.10.1988/CON1988.pdf> 
Acesso 28 Jun. 2012). 
E nisso, ela segue a Declaração Universal dos direitos humanos, que contem o já 
mencionado artigo genérico: 
Artigo II. Todo homem tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidas 
nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, 
opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento ou 
qualquer outra condição. (Disponível: <http://www.prr3.mpf.gov.br/imagens/boletim_info/dudh-
onu.pdf>. Acesso 28. de Jun. 2012.) 
 
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Mais adiante, esse artigo é complementado por outro, mais específico: 
Artigo XVIII. Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; 
este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa 
religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, em público ou em 
particular (Disponível: <http://www.prr3.mpf.gov.br/imagens/boletim_info/dudh-onu.pdf>. 
Acesso 28. de Jun. 2012.). 
Afirma-se ainda a liberdade de reunião e nega-se a imposição de participação de 
associações. Mas ao mesmo tempo em que a Constituição outorga a laicidade do Estado, 
ela obriga o ensino religioso nas escolas, polêmica a que dedicamos uma unidade à parte. A 
Constituição Brasileira diz que ele é obrigatório, embora a matrícula e frequência por parte do 
aluno seja optativa: 
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a 
assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e 
regionais. 
§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das 
escolas públicas de ensino fundamental (BRASIL - Constituição Brasileira. Disponível 
<http://www.senado.gov.br/legislacao/const/con1988/CON1988_05.10.1988/CON1988.pdf> 
Acesso 28 Jun. 2012). 
É importante lembrar-se do que a Declaração dos Direitos Humanos diz em seu Artigo XXVI 
que: 
A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e 
do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A 
instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos 
raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção 
da paz (Disponível: <http://www.prr3.mpf.gov.br/imagens/boletim_info/dudh-onu.pdf>. Acesso 
28. de Jun. 2012). 
 
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E pode-se defender que a formação integral do ser humano abarque a dimensão religiosa. 
Mas como chegamos até aqui: um Estado Laico, que obriga o ensino religioso nas escolas? 
Certamente a resposta deve ser buscada na história. Vamos rapidamente arrolar as 
principais etapas e evolução da legislação sobre as relações estado- igreja/religião no Brasil. 
Leia sobre isso o artigo: 
“As leis brasileiras e o ensino religioso na escola pública”, Disponível: 
http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/legislacao/leis-brasileiras-ensino-
religioso-escola-publica-religiao-legislacao-educacional-constituicao-brasileira-
508948.shtml>. Acesso 06 Ago. 2012. 
 
 
 Para finalizar, assista ao seguinte vídeo e responda às questões propostas 
 
Diversidade religiosa e direitos humanos 
Disponível:<http://www.youtube.com/watch?v=__MmcV48hHU&feature=related>. Acesso 01. 
Ago. 2012. 
1. Quais foram as principais decisões tomadas no Encontro de Cúpula mundial de 
Líderes Religiosos e Espirituais e Pela Paz Mundial? 
2. Quais religiões foram perseguidas no Brasil? 
3. O que diz a Constituição Brasileira sobre as crenças religiosas? 
4. O que diz o Programa Nacional de Direitos Humanos III? 
5. O que diz a Ação Programática? 
 
 
 
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UNIDADE 8 
Trajetórias do sagrado no Brasil 
 
http://raquelcain.wordpress.com/umbanda 
 
Objetivo: Entender o percurso do sagrado e da secularização na história brasileira. 
 
 
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Olá você, 
“Hoje”, vamos “discutir” a respeito do sagrado na história do Brasil. Mas, para isso, 
precisamos antes falar do sagrado em geral. Nos vídeos e livro-base da unidade que vem, 
vamos estudar os grandes diferenciais que se tem das religiões registradas pelo mundo no 
tempo e segundo suas crenças. Mas vamos começar pela diversidade existente no nosso 
próprio país. 
Para isso,estaremos nos valendo do que o Wikipédia diz sobre a religiosidade brasileira em: 
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%B5es_no_Brasil>. Acesso 09 Ago. 2012. 
Chamamos atenção para o seguinte trecho, que faz um resumo do mapa traçado pelo censo 
demográfico de 2010: 
O censo demográfico realizado em 2010, pelo IBGE, apontou a seguinte composição religiosa 
no Brasil: 64,6% dos brasileiros (cerca de 123 milhões) declaram-se católicos; 22,2% (cerca 
de 42,3 milhões) declaram-se protestantes (evangélicos tradicionais, pentecostais e 
neopentecostais); 8,0% (cerca de 15,3 milhões) declaram-se irreligiosos: ateus, agnósticos, ou 
deístas; 2,0% (cerca de 3,8 milhões) declaram-se espíritas; 0,7% (1,4 milhão) declaram-se as 
testemunhas de Jeová; 0,5% (1 milhão) declaram-se os santos dos Últimos Dias ou mórmons; 
0,3% (588 mil) declaram-se seguidores do animismo afro-brasileiro como o Candomblé, o 
Tambor-de-mina, além da Umbanda; 1,6% (3,1 milhões) declaram-se seguidores de outras 
religiões, tais como: os islãmicos (300 mil), os budistas (243 mil), os judeus (196 mil), os 
messiânicos (103 mil), os esotéricos (74 mil), os espiritualistas (62 mil) e os hoasqueiros (35 
mil). Há ainda registros de pessoas que declaram-se baha'ís e wiccanos, porém nunca foi 
revelado um número exato dos seguidores de tais religiões no país. 
Também chama a atenção para os efeitos desse curso, a parte que fala das religiões afro-
brasileiras e indígenas, mas cremos que a informação dada ali é bastante limitada e 
imprecisa. 
 
 
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No Wikipédia, em “religiões no Brasil”, lemos que 
O censo demográfico realizado em 2010, pelo IBGE, apontou a seguinte composição religiosa 
no Brasil: 64,6% dos brasileiros (cerca de 123 milhões) declaram-se católicos; 22,2% (cerca 
de 42,3 milhões) declaram-se protestantes (evangélicos tradicionais, pentecostais e 
neopentecostais); 8,0% (cerca de 15,3 milhões) declaram-se irreligiosos: ateus, agnósticos, ou 
deístas; 2,0% (cerca de 3,8 milhões) declaram-se espíritas; 0,7% (1,4 milhão) declaram-se as 
testemunhas de Jeová; 0,5% (1 milhão) declaram-se os santos dos Últimos Dias ou mórmons; 
0,3% (588 mil) declaram-se seguidores do animismo afro-brasileiro como o Candomblé, o 
Tambor-de-mina, além da Umbanda; 1,6% (3,1 milhões) declaram-se seguidores de outras 
religiões, tais como: os islãmicos (300 mil), os budistas (243 mil), os judeus (196 mil), os 
messiânicos (103 mil), os esotéricos (74 mil), os espiritualistas (62 mil) e os hoasqueiros (35 
mil). Há ainda registros de pessoas que declaram-se baha'ís e wiccanos, porém nunca foi 
revelado um número exato dos seguidores de tais religiões no país. Fonte: Disponível: 
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%B5es_no_Brasil>. Acesso 11 Ago. 2012. 
Ou seja, o Brasil é bastante diversificado em termos de religião. Ao mesmo tempo, somos o 
país com o maior contingente de católicos, e maior em termos de espíritas. 
Vamos agora analisar dois artigos, o de Lísias Nogueira Negrão, “Trajetórias do sagrado”, 
disponível: 
http://www.scielo.br/pdf/ts/v20n2/06.pdf 
e o de 
Paula Montero, “Religião, pluralismo e esfera pública no Brasil”, disponível: 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
33002006000100004&lng=en&nrm=iso 
Ambos os autores escolhidos tentam traçar o percurso do sagrado e o processo de 
secularização da educação e cultura no Brasil. O primeiro foca a evolução do catolicismo no 
Brasil e a introdução gradual do protestantismo no Século XX. Ele elucida como a 
 
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Proclamação da República em 1889 e sua Constituição criam as condições para uma sociedade 
pluralista e laica que se desenvolveria ao longo do século XX, com a separação do Estado 
republicano da Igreja católica e a instituição do princípio da liberdade religiosa. Mas o foco do 
artigo está no surgimento do que ele chama de “mutantes” ou pessoas que não são exclusivas 
em sua declaração de fé, podendo fazer as mais diversas combinações entre religiões diferentes. 
Destaca-se que: 
À exceção única dos evangélicos, a tendência principal é a desqualificação das instituições e 
a inexistência de habitus religiosos. Nesse reencontro do pós com o pré-moderno, cada um 
seleciona as crenças que lhe pareçam mais plausíveis e pratica isoladamente os rituais que 
lhe pareçam mais eficazes. Essa recusa do institucional decorre da recusa da “verdade 
pronta”, imposta pelos dogmatismos e exclusivismos. A religião é vista, e por isso valorizada, 
como uma busca constante em que o indivíduo vai se aprofundando no que lhe parece fazer 
sentido. Trata-se de uma atitude religiosa ativa, embora individual. [...] Essa ausência de 
exclusivismo sectário abre a possibilidade da construção dos mais variados sistemas próprios 
e alternativos às religiões institucionalizadas, ao mesmo tempo em que, paradoxalmente, as 
legitima, por se reportar às suas tradições. Embora presentes e ainda predominantes em 
número de adeptos, no Brasil atual as religiões não mais se esgotam nas igrejas 
[...].(NEGRÃO, 2008, p. 126-127) 
Já o texto de Paula Montero discute o que aconteceu com a religião no Brasil, quando houve 
a separação de igreja e Estado, que foi a passagem das questões religiosas para a esfera do 
particular e do íntimo, pelo que se tornou uma espécie de tabu. A partir da tese de Weber de 
que a secularização acarretada pela Reforma tenha, por um lado, promovido a valorização 
da experiência religiosa em nível subjetivo e, por outro, aprofundado a diferenciação da 
esfera pública e da religiosa e privada, ela aplica a tese à realidade brasileira. 
A autora faz para nós a “ponte” entre essa unidade e a anterior, sobre a legislação brasileira 
referente à religião: 
No Brasil, como veremos mais adiante, o processo que levou à separação entre Estado e 
Igreja alocou a religião na sociedade civil. Como bem observou Casanova, não resta dúvida 
 
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de que a liberdade religiosa, entendida como liberdade de consciência, “foi cronologicamente 
a ‘primeira liberdade’ e por conseguinte a precondição de todas as liberdades modernas”. Da 
mesma maneira, o “direito à privacidade”, fundamento do liberalismo moderno,depende das 
garantias conferidas à liberdade de consciência7.A liberdade de consciência e o direito à 
privacidade são, pois, os direitos fundadores e legitimadores do Estado liberal moderno. 
(MONTERO, 2006, p. 49) 
No entanto, isso não é tudo, nem a secularização do Estado tem que necessariamente levar à 
privatização da religião. Para a autora, o processo de separação entre Estado e Igreja, e seu 
equivalente, entre o publico e o privado nem fez com que essas esferas permanecessem nos 
seus campos exclusivamente, mas pelo contrário, elas acabam se misturando na realidade. Ele 
também levantou controvérsias sobre alguns conceitos como o “mágico” e da própria “religião”. 
Se a liberdade religiosa foi cronologicamente a “primeira”, a que serviu de modelo para todas 
as outras formas de liberdade civil, a constitucionalidade jurídica da República se viu às voltas 
com o problema de separar, no confuso quadro das práticas da população, o que era 
“religião”, portanto com direito a proteção legal, daquilo que era “magia”, prática anti-social e 
anômica a ser então combatida. Em contrapartida, as diversas forças sociais — médicos, 
advogados, curandeiros, filhos-de-santo etc.— procuravam influir como podiam nesses 
processos classificatórios ao mesmo tempo simbólicos e políticos. O processo de 
secularização chegou a um ponto em que se viu necessitado de distinguir práticas 
curandeiras e de medicina alternativa e o exércício (sic) ilegal da medicina. (MONTERO, 
2006, p. 51) 
 
 
 
 
 
 
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 Para finalizar, assista aos vídeos:

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