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- -1 MORFOLOGIA APLICADA À ODONTOLOGIA CITOLOGIA BÁSICA APLICADA À ODONTOLOGIA Thiago de Amorim Carvalho - -2 Olá! Você está na unidade Conheça aqui a estrutura básica e funcional daCitologia Básica Aplicada à Odontologia. unidade fundamental de composição de todo o organismo: a célula. Compreenda a estrutura e função de cada uma das organelas e dos componentes do arcabouço celular e de diversas técnicas de observação das células, como de coloração de tecidos para observação em microscópio. Aprenda sobre os componentes de um microscópio e a forma de utilizá-lo. Estabeleça ainda as relações desses estudos a nível microscópico e celular com sua futura carreira de cirurgião-dentista, verificando relações com as disciplinas aplicadas e nas diversas especialidades odontológicas. Bons estudos! - -3 1 Aspectos gerais da estrutura celular A é um dos menores e o de um organismo vivo. Todos os seres vivos, comcélula mais importante componente exceção dos vírus, são compostos de células, que se Inclusive os dentes e asorganizam para formar os tecidos. estruturas da cavidade oral, que se organizam e se arranjam e dão origem aos órgãos. Os órgãos, em conjunto e funcionando de maneira harmônica, formam os sistemas, que organizados dão , que pode ser mais ou menos complexo dependendo de sua posição e função naorigem a um organismo organização dos sistemas biológicos. Neste tópico você conhecerá a estrutura básica de uma célula, as diferenças entre células de organismos mais simples e mais complexos e irá identificar as organelas que propiciam o funcionamento celular. 1.1 Células eucariontes e procariontes Os seres vivos desempenham diferentes papéis no bioma em que estão inseridos. Nesse contexto, seres mais complexos como os seres humanos, que apresentam diversos órgãos e sistemas interligados em organismo complexo, consciente e com relações complexas, possuem células também mais evoluídas, chamadas células . Essas células também estão presentes em plantas, animais não humanos, insetos e em todos oseucariontes outros reinos e filos com exceção das bactérias. As bactérias que são seres mais simples, possuem em sua composição uma única célula chamada procarionte. A diferença entre células eucariontes e procariontes está na delimitação adequada do núcleo celular com por uma biomembrana chamada por presença de organelasmaterial genético delimitado carioteca, membranosas em seu citoplasma nas células eucariontes e na presença de núcleo e material genético disperso no citoplasma nas células . No entanto, existem duas estruturas que são a todas as células: procariontes comuns .membrana plasmática e citoplasma Dada a complexidade da membrana plasmática e suas diferenças nos diversos tecidos e órgãos, convenciona-se atualmente a chamá-las de biomembranas. O estudo dessas estruturas será aprofundado ainda nesta unidade. As células procariontes por apresentarem núcleo disperso no citoplasma carecem de estruturas em sua membrana para proteção da mesma. EstruturasParede celular e cápsula são exclusivas de organismos procariontes. que produzem movimento como fímbrias e flagelos se originam da parede celular. Nas células eucariontes, esse movimento se dá a partir do citoesqueleto e das biomembranas. - -4 1.1 Membrana plasmática e citoplasma: estruturas comuns a todas as células A funciona como um agente paramembrana plasmática individualizador da célula na estrutura do tecido separar as estruturas e organelas do meio extracelular. Também servem como um da célula,“cartão de visitas” possuindo em sua superfície receptores para outras células, estabelecendo comunicação intercelular, receptores para medicamentos para anticorpos, entre outras substâncias e componentes que fazem parte da complexa organização dos organismos. Além disso, as membranas por meioselecionam o que entra e o que sai da célula de canais que são abertos ou fechados conforme a presença ou a ausência de substâncias específicas. Figura 1 - Estrutura geral celular eucariótica Fonte: Tefi, Schutterstock, 2020. #PraCegoVer: A figura de fundo branco apresenta representação esquemática de uma célula eucariótica com indicação de cada uma das estruturas e organelas. O por sua vez compreende um , ou seja, repleto de uma ecitoplasma meio coloidal substância nutritiva permite movimentações onde estão contidas as organelas. As organelas são responsáveis por todo o - -5 funcionamento da célula, por meio de suas atividades específicas e ordenadas. Entre as organelas, podem-se destacar os ribossomos, as mitocôndrias, o complexo golgiense, os peroxissomos e o núcleo. Assista aí https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2 /0218791282b2ebf26643b1bb6c3d2d20 - -6 2 Biomembranas As biomembranas possuem uma (aproximadamente 5nm) que não é visível aoespessura bastante delgada microscópio de luz. No entanto quando se visualizam cortes histológicos percebe-se a delimitação das células. As (chamadas de biomembranas nos seres vivos) são compostas principalmente de membranas celulares camadas essas que se unem entre si por meio de interações moleculares do tipolipídios em dupla camada, forças de Van der Walls. Os lipídios das biomembranas têm características o que significa queanfipáticas, apresentam uma camada hidrofílica (que tem afinidade pela água) e uma camada hidrofóbica (que possui aversão pela água), e tem no colesterol uma molécula exclusiva das células animais. Essas camadas hidrofílicas e hidrofóbicas se organizam de forma que as camadas hidrofílicas dos lipídios estão voltadas tanto para a parte externa da célula como para a parte voltada para o citoplasma, e no centro entre as duas estão as camadas hidrofóbicas. Figura 2 - Representação esquemática de uma membrana celular eucarionte Fonte: Kallayanee Naloka, Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: A figura de fundo branco apresenta um fragmento de membrana em amarelo com a dupla camada lipídica, e em roxo, verde e vermelhos estão os componentes da membrana como canais, glicolipídios e glicoproteínas. É importante ressaltar que as células do corpo humano estão dispostas em ou seja, emestado físico coloidal, fluídos que tem água em sua composição, assim como o citoplasma também é coloidal, o que torna necessário - -7 esse das membranas para que estas se fixem tanto à matriz extracelular quanto ao comportamento hidrofílico citoplasma. 2.1 Composição das biomembranas Na (nas células do sistemaformação das biomembranas, os lipídeos que correspondem a até 50% a 80% nervoso) da composição destas podem estar associados com outras moléculas, especialmente as proteínas e os Esses últimos que estão muito presentes em locais em que o fluxo energético precisa ser alto, porcarboidratos. exemplo nas endomembranas das mitocôndrias que geram energia para a célula. Moléculas de lipídeos podem se juntar a moléculas de proteínas formando as lipoproteínas, assim como as moléculas de proteínas podem interagir com moléculas de carboidratos dando origem às glicoproteínas. As proteínas que compõem a membrana celular são responsáveis por boa parte do metabolismo das e podem ser divididas em dois grandes grupos: e membranas celulares proteínas intrínsecas proteínas extrínsecas. PROTEÍNAS INTRÍNSECAS São firmemente fixadas ao citoesqueleto e não podem ser separadas facilmente da membrana, correspondendo a 80% das proteínas de membrana. PROTEÍNAS EXTRÍNSECAS Por sua vez são facilmente separadas. Foi a partir delas que os estudos de proteínas de membrana se tornaram possíveis. Os eritrócitos (células vermelhas do sangue) têm membranas apenas externas, não apresentando endomembranas. Isso facilitou muito o estudo das membranas a partir dessas células. Inclusive, pode-se perceber que os tipos sanguíneos também têm relação com as diferentes membranas plasmáticas, estando ligados às pequenas variações nas estruturas dos carboidratos que compõem as glicoproteínas e glicolipídiosdas membranas celulares. Fique de olho Quer saber como as membranas celulares se relacionam com a tipagem sanguínea? Pois saiba que nem tudo é teste de aglutinação. Você pode ter mais informações acessando o artigo “Aspectos moleculares do sistema sanguíneo ABO” que está disponibilizado nas referências desta unidade. - -8 - -9 2.2 Transportes através das biomembranas Como as exatamente por possuírem canais em sua estrutura,biomembranas têm permeabilidade seletiva, alguns tipos de transporte são possíveis para substâncias e nutrientes. As membranas têm alta permeabilidade a água, principalmente pela presença de proteínas que atravessam toda a extensão da membrana, tornando essa região hidrofílica, o que permite a passagem de água. Para falar em transporte de substâncias, é importante que primeiro você entenda a diferença entre e solvente soluto. SOLVENTE É a solução onde determinada substância é dissolvida. SOLUTO É a substância a ser dissolvida no solvente, ou seja, aquilo que vai efetivamente ser transportado. O primeiro tipo de transporte é a que ocorre quando há diferenças de concentração de solutodifusão passiva, fora da célula e dentro da célula. A tendência é que as moléculas de soluto se direcionem do meio mais concentrado para o menos concentrado de soluto na busca por um equilíbrio. Essa movimentação se dá por agitação do soluto e não gasta energia da célula, por isso o recebe o nome de difusão passiva. O segundo tipo de transporte a ser discutido, já gasta energia das células, por isso é chamado de transporte Nesse caso, o soluto caminha do meio menos concentrado para um meio mais concentrado de soluto,ativo. contra o gradiente de concentração, e consequentemente, tendo que “forçar” esse transporte, o que explica o gasto de energia. O terceiro tipo de transporte é a que apesar de ser passiva no que diz respeito ao gastodifusão facilitada, energético possui moléculas facilitadoras para sua realização como moléculas transportadoras ou permeases, que aumentam a velocidade do transporte do soluto, embora seja preciso entender que o aumento da velocidade só perdura enquanto ainda houver diferença de concentração entre o meio externo e o meio interno. Transporte ativo por gradientes iônicos ocorre quando além da entrada de soluto ocorre também a entrada e saída de íons, que podem estar dissolvidos no solvente e por meio do gradiente geram energia suficiente para a passagem do soluto a ser transportado. Nesse caso há gasto de energia que é gerada por meio do co-transporte de íons. - -10 Fagocitose e pinocitose são tipos especiais de transporte, já que no primeiro a célula por meio dos receptores de membrana e emissão de pseudopódes (ou expansões da própria membrana que lembram pequenos dedos) engloba partículas de diversos tamanhos e leva para o citoplasma para serem reduzidas a fragmentos e estes serem expostos na membrana para que, por exemplo, o sistema imunológico possa reconhecer um agressor. Na pinocitose a própria membrana constrói uma vesícula para englobar líquido em seu interior e ser transportada através do citoplasma. A vantagem está na questão de que a menor quantidade de água é incorporada à célula nesse transporte, já que a água não é incorporada concomitantemente como na fagocitose. - -11 2.3 Mecanismos de ligações e especializações das biomembranas Existem alguns mecanismos que aumentam a capacidade de ligação das biomembranas com a matriz extracelular. Dentre eles destacamos o Essa estrutura é composta principalmente por ,glicocálice. fibronectina uma proteína que ora estabelece a ligação entre as células, e ora estabelece a ligação entre as células e matriz extracelular. O glicocálice é variável entre as células dependendo de sua atividade metabólica e função. Outras estruturas importantes e que caracterizam a especialização das células, principalmente aquelas que requerem maior capacidade de absorção como as células dos túbulos renais e dos intestinos, são os microvilos e que são projeções da superfície da membrana que aumentam a área de superfície eas microvilosidades, facilitam o transporte de soluto durante as funções celulares. Para a ligação entre as células existem estruturas de membrana que unem uma célula a outra, e a matriz extracelular de maneira firme, os que possuem As caderinas são proteínasdesmossomos, caderinas. transmembranas dependentes de cálcio, sendo muito presentes nos tecidos submetidos à tração, como nos epitélios, inclusive aqueles que recobrem a mucosa oral e alterações em suas estruturas e que podem colaborar com a progressão inclusive de lesões de câncer bucal. Assista aí https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2 /4d60220a284510ac98952ec483de0149 Zônula oclusiva e junção oclusiva são estruturas que vedam as células, individualizando-as e inibindo a passagem de substâncias principalmente entre as células epiteliais, que são justapostas e geralmente organizadas em camadas. Para que funcionem em conjunto, alguns locais específicos da membrana dessas células epiteliais apresentam junções comunicantes que fazem com que o conjunto funcione como um sistema organizado e harmônico, no qual mudanças na superfície das células da porção mais externa do tecido são identificadas por meio dessas junções comunicantes, ocasionando alterações das células para se adequar a nova situação. - -12 3 Citoesqueleto Enquanto nas células procariontes a estrutura da célula e os movimentos são dados respectivamente pela parede celular e pelo flagelo ou fímbrias, nas células eucariontes a estrutura responsável pelo movimento da célula, das organelas e pelo estabelecimento de sua forma é o citoesqueleto. O citoesqueleto é constituído por uma rede de filamentos de actina e miosina, microtúbulos, filamentos (queratina e vimentina, por exemplo), todos presentes nointermediários e outras macromoléculas citoplasma. Os filamentos de actina e miosina são os principais responsáveis pelos movimentos celulares. Estes ocorrem principalmente por meio do deslizamento da molécula de actina sobre a molécula da miosina, que é um movimento cálcio dependente realizado sob gasto de energia especialmente nas células do tecido muscular estriado esquelético. O cálcio necessário para que haja mudanças conformacionais em actina e miosina provém do retículo endoplasmático liso, via citoplasma. Os microtúbulos estão associados aos movimentos das células procariontes e eucariontes quando na Os filamentos intermediários se mostram com função exclusivamentepresença de fímbrias ou flagelos. estrutural. Não se pode esquecer que apesar de actina e miosina estarem associadas particularmente à , elas também mantêm a forma e arcabouço celular.movimentação - -13 4 Ribossomos e síntese proteica Ribossomos são partículas sem membrana dispersas no citoplasma e formadas por partículas de ácido ribonucleico ribossômico (RNAr). São formados por duas subunidades, uma maior e uma menor, que se juntam no momento da síntese proteica e depois se separam e ficam dispersas no citoplasma. Quando os ribossomos se ligam a uma molécula de RNA mensageiro (RNAm), eles se organizam e formam uma molécula denominada polirribossomo. Organelas como as mitocôndrias também possuem ribossomos em sua composição. , já que as proteínas são constitutivas de todas as células e tecidos doA função dos ribossomos é primordial organismo. A síntese proteica é o processo de produção de proteínas, que não são formadas aleatoriamente e sim por um mecanismo molecular complexo e bem direcionado. É necessário ressaltar que as informações sobre proteínas e demais estruturas e funções do organismo estão contidas no queDNA (ácido desoxirribonucleico) precisa ter a porção que corresponde aos aminoácidos que codificam determinada proteína transcrita para e esta será O transporte dessaRNA traduzida pelos ribossomos para a formação da proteína específica. porção transcrita é feito pelo RNA mensageiro(RNAm) do núcleo para o citoplasma, onde estão dispersos os ribossomos. A partir desse transporte, o RNAm se desloca pelo ribossomo enquanto o RNA transportador (RNAt) faz as que se organizam em trios formando um códon, traduzindo-os para aminoácidos,leituras dos nucleotídeos, que são os componentes de uma proteína. A partir da leitura dos aminoácidos e de sua junção em uma sequência são formadas as proteínas. Para que essa leitura aconteça, três etapas devem ser seguidas: a primeira delas a corresponde àiniciação junção das duas subunidades dos ribossomos, já com a primeira sequência de aminoácidos e a presença de Fique de olho Para ver o processo de síntese proteica em 3D, de maneira simples e resumida, indicamos que assista ao vídeo “Do ADN à proteína 3D” do Canal Yourgenome. Disponibilizamos o delink acesso nas referências desta unidade. A narração está em inglês, mas a animação é bastante elucidativa. - -14 RNAm e RNAt; o alongamento que corresponde à tradução das demais cadeias de nucleotídeos previamente transcritos e o término da tradução que é dado a partir da leitura de um códon que não codifica nenhum aminoácido, indicando ao ribossomo que a proteína já está completa. - -15 5 Digestão intracelular Digestão parte do princípio da quebra de moléculas grandes em fragmentos menores que possam ser ou no escopo deste capítulo pela própriautilizados como fonte de energia ou nutrientes pelo organismo célula. Para falarmos sobre a digestão intracelular, precisamos reforçar a importância das endomembranas na individualização e compartimentalização das organelas, que por sua vez exercerão funções específicas dentro da célula, estando o originários deste, diretamente relacionados ao processoComplexo de Golgi e os lisossomos, de digestão intracelular. O complexo de Golgi, cuja organização se dá pelo empilhamento de sacos e cisternas, é originário do retículo e funciona como central de armazenamento de proteínas, produzidas pelo processo de sínteseendoplasmático proteica e que não serão utilizadas imediatamente e outras moléculas na célula. Além disso, distribuem as moléculas para os locais corretos dentro da organização celular e ser capaz de dar origem a novas organelas como os lisossomos, que são resultantes da separação das vesículas com enzimas digestivas do complexo golgiense. - -16 Figura 3 - Representação esquemática do Complexo de Golgi Fonte: VectorMine, Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: A figura de fundo branco mostrando em representação esquemática um corte do Complexo de Golgi e suas estruturas aqui representadas em laranja. Lisossomos por sua vez são organelas membranosas de pequeno diâmetro com enzimas digestivas em seu anterior. São responsáveis pela degradação ordenada de moléculas presentes no citoplasma. O adjetivo “ordenada” vem ao encontro da necessidade de marcações e sinalizações específicas para que ocorram alterações no pH, que deve se tornar mais ácido para que haja o adequado funcionamento dessas organelas. Vale ressaltar que as proteínas produzidas no citoplasma a partir da ação dos ribossomos que não armazenadas no reticulo endoplasmático, vão para o Complexo de Golgi para sofrerem alterações e mudanças - -17 conformacionais. A partir daí serão utilizadas pela célula e depois encaminhadas aos lisossomos, ou ainda podem ir direto aos lisossomos para serem degradadas. 5.1 Vias de degradação intracelular Existem três vias principais para a degradação de moléculas no ambiente intracelular: a via endocítica, a via da fagocitose e a via autofágica. • VIA ENDOCÍTICA A primeira via pela qual a célula internaliza material extracelular. Essa é degradada pelos endossomos, que são semelhantes aos lisossomos, mas que degradam especificamente as vesículas endossômicas resultantes da internalização das moléculas externas por parte das células. • VIA DA FAGOCITOSE É a segunda via. Ocorre quando fragmentos de microrganismos, células apoptóticas (que morreram por morte celular programada, ou por algum defeito ou por contaminação) são internalizados pela célula e são envolvidos por um fagossomo, que após marcação molecular adequada se acopla aos lisossomos e é degradado por suas enzimas digestivas. • VIA AUTOFÁGICA A terceira via corresponde à degradação de organelas e componentes do próprio citoplasma, a partir da ação dos lisossomos. A degradação de componentes proteicos das células é muito importante para a manutenção da homeostase celular, posto que aquilo que não é mais necessário para o funcionamento deve ser degradado para que não atue de forma a favorecer transporte de substâncias para o meio intracelular, ocasionando defeitos na célula podendo levá-la inclusive à morte ou à apoptose. • • • - -18 6 Mitocôndrias e peroxissomos Mitocôndrias são organelas membranosas e reticulares bastante peculiares Sua origem inclusive é. bastante curiosa. Remete à evolução de uma bactéria intracelular que vivia em simbiose com a célula eucariontes. Com sua evolução, tornou-se uma organela e disperso nopossui material genético próprio próprio citoplasma, chamado de matriz mitocondrial. Ela sintetiza algumas proteínas de uso próprio, por meio de seus ribossomos. A função primordial das mitocôndrias é a geração de energia para que a célula trabalhe, além da própria Elas possuem uma maquinaria específica para degradar as moléculas que podem gerar talrespiração celular. energia, como carboidratos, especialmente a glicose, e armazenam energia na forma de ATP (trifosfato de adenosina), variando em quantidade dependendo da forma de obtenção de energia. Figura 4 - Representação esquemática de uma mitocôndria e do ciclo de fosforilação oxidativa Fonte: VectorMine, Shutterstock, 2020. - -19 A imagem de fundo branco mostra um corte de uma mitocôndria evidenciando as cristas e a#PraCegoVer: matriz mitocondrial e com um esquema colorido descrevendo a fosoforilação oxidativa. No momento em que a célula necessita de energia real, a enzima ATPase cliva o ATP, o que é um processo relativamente fácil já que o citoplasma é rico em tal enzima. As mitocôndrias geralmente estão situadas em locais da célula que requerem maior aporte energético. Sua estrutura com dobras proporciona a formação das cristas mitocondriais, que colaboram na geração de energia por aumentarem a área de superfície para que a cadeia transportadora de elétrons, responsável pelos processos oxidativos, possa realizar seu trabalho. 6.1 Formas de obtenção de energia pelas células São duas as formas principais de obtenção de energia pela célula: a glicólise anaeróbia ou fermentação e a fosforilação oxidativa. A já que gasta energia e rende apenas duas moléculas de ATP, sendofermentação é um processo pouco eficaz, mais rudimentar e mais utilizada por células procariontes ou pelas células musculares quando em esforço intenso pela ocasião de esgotamento das reservas de oxigênio. Esse processo se dá a nível de citoplasma e não necessita das mitocôndrias para acontecer. A fosforilação oxidativa é um processo que só é possível na estando associada a uma maior produção de energia. O processo rende 36 moléculas depresença de oxigênio, ATP e acontece no interior das mitocôndrias de maneira lenta e gradual pela alta geração de energia. O que aumentaria de maneira considerável o calor na célula, podendo fazer com que essa inclusive entre em combustão. O calor gerado de maneira controlada e que é dispersado pela mitocôndria serve para aquecer o corpo. Fique de olho A glicólise, o ciclo de Krebs e a respiração aeróbica ou fosforilação oxidativa são complementares. Esses eventos são descritos pela Bioquímica de maneira mais aprofundada. Indicamos o vídeo “Respiração celular” do Canal Brasil Escola para a obtenção de uma descrição sequencial mais aprofundada desse processo. A referência do vídeo está disponível nas referências desta unidade. - -20 6.2 Peroxissomos Funcionalmente, A semelhança é tão grande que asos peroxissomos são muitosemelhantes aos lisossomos. primeiras pesquisas com células identificaram que se trata das mesmas organelas. No entanto, com técnicas mais modernas de biologia celular e molecular, foi possível demonstrar que apesar de serem vesiculares, tais como os lissosomos, e possuírem enzimas em seu interior, uma enzima específica os tornavam únicos: a .catalase A que sãoenzima catalase é responsável pela clivagem de moléculas de peróxido de hidrogênio, metabólitos, ou seja, produtos finais de reações químicas intracelulares, que em alta concentração podem se tornar tóxicas para a célula. Dessa forma, a catalase vai transformar essa molécula em água e gás carbônico que não serão prejudiciais à célula, e isso acontece a nível de peroxissomo. - -21 7 Microscopias Células e microrganismos não são visíveis a olho nú. Dessa forma, em um contexto histórico podemos associar a curiosidade humana e a necessidade de descobrir o mundo “invisível” para verificar agentes causadores de doenças e estudar o corpo humano mais a fundo. Seguindo a essa demanda Leeuwenhoek aprimorou lentes de observação que são pensadas desde épocas antes de Cristo, para que possa observar microrganismos. Com aprimoramentos constantes no século XIX surgem os primeiros microscópios ópticos com capacidade de observar células e tecidos. Os microscópios ópticos ou microscópios de luz possibilitam um aumento de até 2000 vezes a imagem, A observação de uma imagempor meio de associação de métodos de formação de imagem e luz. microscópica deve levar em conta três parâmetros fundamentais: O AUMENTO Que é a capacidade de ampliar a imagem a partir do uso de lentes adequadamente posicionadas possibilitando a visualização mesmo das estruturas mais diminutas com tamanhos que não sejam inferiores a 200 nanômetros. A RESOLUÇÃO Que assim como nas câmeras fotográficas permite a visualização de imagens nítidas mesmo com aumento intenso. O CONTRASTE Que se baseia nas diferenças de cor entre o claro e escuro da coloração utilizada para observação de tecidos, por exemplo e a possibilidade de atravessamento da luz. - -22 Figura 5 - Microscópio óptico Fonte: Triff, Shutterstock, 2020. Figura com fundo branco, apresenta um microscópio óptico branco biocular em vista lateral.#PraCegoVer: Assista aí https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2 /edc5aae27a93f8309dcb68b15dbc4603 Os microscópios eletrônicos têm seu funcionamento baseado não em passagem de luz, mas sim no uso de um feixe de elétrons associados a lentes especiais que exercem forças eletromagnéticas ou eletrostáticas no intuito de atrair estes elétrons e gerar imagens. São equipamentos com maior densidade tecnológica e menos frequentes em laboratórios acadêmicos de observação microscópica e maior custo. Não obstante as imagens geradas por essa tecnologia, conseguem ampliações de até 1.000.000 de vezes, sendo possível a visualização de objetos de 0,2 nanômetros de tamanho. - -23 7.1 Tipos de microscópios de luz Os microscópios de luz podem apresentar diferentes formas de obtenção e observação de imagens conforme as necessidades de análise das estruturas. Alguns melhoram características de contraste e outros inclusive de maior visualização de cores. Microscópios de luz ultravioleta têm sua resolução melhorada a partir do uso de luz neste comprimento de onda, que favorece a passagem de luz pelo espécime observado e consequente maior definição de detalhes mesmo em maiores aumentos. Microscópios de fluorescência trabalham com diferenças no brilho entre diferentes substâncias fluorescentes aplicadas sobre o espécime, após a passagem de luz. Microscópios de contraste de fases utilizam a luz em seus diferentes comprimentos de onda e fases luminosas para observação dos fragmentos de tecido por meio de diferentes colorações que geram mudanças no contraste. Por fim os são os que se utilizam de prismas que polarizam a luz, ou seja, uma dasmicroscópios de polarização vibrações luminosas da luz, que é dividida em duas quando passam pelo polarizador, permitem que no prisma analisador sejam visualizados partes escuras para as porções isotrópicas e partes brilhantes para as porções anisotrópicas. - -24 7.2 Tipos de microscópios eletrônicos Os inclusive por sua maior densidade tecnológica, ocupam maiores espaços emicroscópios eletrônicos, requerem em sua maioria uso de associados a suas aplicações. Suas ponteiras de vidro que substituemsoftwares as lentes por terem maior capacidade de ampliação e visualização tridimensional. Podem medir inclusive a dureza e elasticidade das amostras observadas. Os são empregados na observação da superfície de amostras commicroscópios eletrônicos de varredura possibilidade de observação em três dimensões e ampliação de até 100.000 vezes, possibilitando a visualização de organelas. Outro tipo importante é o Com o emprego desse equipamentomicroscópio eletrônico de transmissão. podemos aumentar o tamanho da estrutura visualizada em até 1.000.000 de vezes, por se utilizar de feixe de elétrons em vez de luz, gerando interações com a amostra e possibilitando amplo aumento com excelente resolução. Ainda existem os e os que têm funções e tecnologiasmicroscópios de força atômica microscópios confocais mais avançadas e são mais específicos para uso em laboratórios. Fique de olho O uso de microscópios para análises estruturais é comum tanto para células animais quanto para células vegetais. Leia o artigo da EMBRAPA “Uso de microscopia de luz e eletrônica como técnicas de análise morfológica” que relata com detalhes sobre as estruturas de um microscópio e a preparação de amostras. O de acesso está disponível nas referências destalink unidade. - -25 8 Métodos empregados no estudo de células e tecidos Quando se pensa em análises celulares e histológicas é preciso associar tipos de observação a serem feitas, as e a finalidade das observações. Nesse contexto, as observações podem sertécnicas de preparo das amostras feitas por com material fresco para que se possa observar movimentos e atividades celulares,exame ,in vivo tais como a fagocitose. Além desse, pode ser utilizado o exame de realizado após fixaçãolâminas permanentes, dos tecidos removidos do corpo humano e preparado de maneira adequada para a observação em microscópio. Essa última técnica apesar de dar uma visão estática das células e tecidos é a mais utilizada inclusive no ambiente acadêmico. Após a remoção do fragmento de tecido do animal ou ser humano, este deve ser fixado para que não sofra Após, deve ser cortado em fragmentos, que posteriormente serão incluídos emautólise ou contaminação. blocos de parafina para posterior recorte micrométrico, que irá possibilitar a colagem desse fragmento em uma após coloração da mesma com elementos coloríficoslâmina que poderá ser levada ao microscópio de luz, que melhorem o contraste e favoreçam a visualização das estruturas. Para essa coloração geralmente é utilizado , que cora os tecidos em tons de rosa (eosinofílicos – ácidos) e roxo (corante comcorante hematoxilina-eosina características básicas). Outros métodos de estudos em histologia e citologia, além da análise microscópica de cortes de tecido, são: A radioautografia, queidentifica a presença de radioatividade nos tecidos, cultura de tecidos vivos para verificação de comportamento celular em determinados meios, que determina o volume do núcleocariometria celular e que mensura o volume da célula. citometria Os métodos histomorfométricos, que mensuram tamanhos das diferentes camadas de tecidos. Os métodos imunohistoquímicos, que trabalham com reações entre as células de um determinado tecido com reagentes relacionados proteínas especificas de algumas alterações patológicas e que precipitam colorações especificas nessas células. Independentemente do método empregado, cabe o lembrete de que o uso correto para as diversas análises de células e tecidos desde os mais simples até osmais avançados requer treinamento adequado e estudos constantes. é isso Aí! Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • entender a composição básica de células eucariontes procariontes e diferenciá-las; • elucidar a estrutura e função das membranas celulares e do citoesqueleto, bem como a síntese proteica • • - -26 • elucidar a estrutura e função das membranas celulares e do citoesqueleto, bem como a síntese proteica como processo fundamental para a manutenção e crescimento celular; • identificar estrutura e função dos mecanismos de digestão intracelular a partir de organelas como o complexo golgiense e os lisossomos; • compreender a geração de energia da célula a partir das mitocôndrias; • identificar as formas de observação das células e os diferentes tipos de microscópios. Referências BATISSOCO, A. C.; NOVARETTI, M. C. Z. Aspectos moleculares do sistema sanguíneo ABO. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbhh/v25n1/v25n1a08.pdf. Acesso em: 14 mai. 2020. BRASIL ESCOLA. . Disponível em: Respiração celular https://www.youtube.com/watch?v=oIhzH6hFO0E. Acesso em: 14 mai. 2020. DE ROBERTIS, E.M.; HIB, J. . Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.Biologia celular e molecular EMBRAPA. . Circular técnica n.Uso de microscopia de luz e eletrônica como técnicas de análise morfológica 15. Brasília, 2017. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1085307/1 /CIT15CNPAE.pdf Acesso em: 14 mai. 2020. JUNQUEIRA L.C.; CARNEIRO, J. . Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.Biologia celular e molecular LODISH, H. et al. . Porto Alegre: Artmed, 2014.Biologia celular e molecular YOURGENOME. Disponível em: Do ADN à proteína 3D. https://www.youtube.com/watch?v=gG7uCskUOrA. Acesso em: 14 mai. 2020. • • • •
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