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Disciplina: Princípios da Cosmetologia Aula 3: Legislação cosmética (parte 1) Apresentação Na aula passada, você aprendeu o que é um produto cosmético, quais as suas principais aplicações e a diferença entre ele e um medicamento. Apresentaremos nesta aula, portanto, as regulamentações que envolvem os exemplares do tipo. Para isso, também conheceremos o principal órgão regulador desses produtos e as legislações especí�cas da área, como leis, portarias, decretos e resoluções. Objetivos Enunciar o principal órgão regulador da área cosmética; Diferenciar os tipos de legislação aplicáveis; Anunciar as principais de�nições e classi�cações de produtos cosméticos. Principais de�nições em legislação cosmética A legislação que regulamenta a fabricação, comercialização e importação de produtos cosméticos no Brasil é controlada pelo Ministério da Saúde por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) .1 Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0146/aula3.html Para conhecermos um pouco a legislação da área cosmética, precisamos apreender, nesse primeiro momento, a diferença entre os tipos de atos normativos que podem ser criados e aplicados pela Anvisa neste segmento especí�co. Os principais estão de�nidos a seguir por ordem de importância e relevância: Lei: O maior ato normativo de todos: é considerado um ato normativo primário. Sua principal característica é a possibilidade de inovação da ordem jurídica, ou seja, criar, modi�car ou extinguir um direito, uma nova obrigação ou um novo tipo de comportamento; Decreto-lei: Não existe mais. A partir da Constituição de 1988, foi substituído pelas medidas provisórias; Medidas provisórias: Trata-se de um ato normativo com força de lei adotado pelo Presidente da República em casos de relevância e urgência. Produz efeitos imediatos, mas depende de aprovação do Congresso Nacional para sua transformação de�nitiva em lei; Decreto: Este é considerado um ato normativo secundário. Apesar de não poder ir contra a Constituição, sua fonte direta de inspiração são as leis: ele deve, portanto, determinar o cumprimento de uma lei. Pode haver mais de um tipo de decreto; Portaria: É um ato administrativo ordinário. É emitida pelos chefes de órgãos públicos, e não pelo chefe da União. Ela deve respeitar o que consta nas leis, nos decretos e, obviamente, na Constituição; Resolução: Ato administrativo normativo expedido pelas altas autoridades do Executivo ou pelos presidentes de tribunais, órgãos legislativos e colegiados administrativos para administrar matéria de sua competência especí�ca; Resolução da Diretoria Colegiada: Ato normativo elaborado pela Diretoria Colegiada especí�ca. No caso do assunto de nossa disciplina, ele o é pela Diretoria Colegiada da Anvisa, aplicando-se somente a esta área especí�ca. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Agora que já compreendemos os principais atos normativos aplicados e utilizados pelo Ministério da Saúde, vamos conhecer as principais legislações da área. Histórico e principais legislações da área cosmética Podemos a�rmar que o primeiro ato legislativo realizado pela Anvisa para a área de produtos cosméticos foi a Resolução nº 79, de 28 de agosto de 2000. Esta legislação já passou por diversas alterações ao longo destes quase 20 anos, mas ainda continua em vigor. Clique nos botões para ver as informações. a) De�nir e classi�car os produtos de higiene pessoal, cosméticos, perfumes e outros b) Atualizar as seguintes listas de substâncias: Lista de conservantes permitidos; Lista de corantes permitidos; Listas de �ltros UV permitidos; Lista restritiva; Lista de sustâncias de uso proibido. c) Aprovar as normas de: Rotulagem para produtos de higiene pessoal; Cosméticos; Perfumes; Outros produtos de natureza e �nalidade idênticas. d) Aprovar a relação de documentos necessários à instrução de processos para: Registro de produto de grau de risco 2; Suas alterações; Revalidações e/ou renovação; Cancelamento; Demais procedimentos a�ns. e) Atualizar: Formulários para registro; Tabelas especi�cas para preenchimento do formulário de petição. f) Aprovar o termo de responsabilidade Aplicações Além de tais aplicações, foi esta resolução que de�niu o que é um produto cosmético do ponto de vista legal. Essa de�nição teve sua importância naquela época, pois ela era considerada adequada e em harmonia com os rígidos padrões internacionais que já regulamentavam a área. Segundo a Resolução nº 79/2000, produtos cosméticos “são preparações constituídas por substâncias naturais ou sintéticas, de uso externo nas diversas partes do corpo humano, pele, sistema capilar, unhas, lábios, órgãos genitais externos, dentes e membranas mucosas da cavidade oral, com o objetivo exclusivo ou principal de limpá-los, perfumá-los, alterar sua aparência e ou corrigir odores corporais e/ou protegê-los ou mantê-los em bom estado”. (BRASIL, 2000) De�nição As preparações cosméticas passaram a ser classificadas em quatro categorias e dois grupos de acordo com o grau de risco que apresentem: a) Categorias Produtos para higiene; Produtos cosméticos; Preparações para uso infantil; Perfumes. b) Grupos Grau de risco 1: Produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes que se caracterizam por propriedades básicas ou elementares cuja comprovação não seja inicialmente necessária, não requerendo informações detalhadas quanto ao seu modo de usar e às suas restrições de uso devido às características intrínsecas do produto. Exemplos de produtos cosméticos: Água de colônia, água perfumada, perfume e extrato aromático; Amolecedor de cutícula (não cáustico); Aromatizante bucal; Base facial e corporal (sem �nalidade fotoprotetora); Batom e brilho labial e brilho (sem �nalidade fotoprotetora); Blush e rouge (sem �nalidade fotoprotetora); Condicionador, creme rinse, enxaguante capilar (exceto aqueles com ação antiqueda, anticaspa e/ou outros benefícios especí�cos que justi�cam uma comprovação prévia); Creme, loção, gel e óleos para as pernas (com �nalidade exclusiva de hidratação e/ou refrescância) e a limpeza facial (exceto para pele acneica). Grau de risco 2: Produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes com indicações especí�cas cujas características exijam comprovação de segurança e/ou e�cácia, bem como informações, cuidados, modo e restrições de uso. Exemplos de produtos cosméticos: Água oxigenada 20 a 40 volumes (incluídas as cremosas e excluídos os produtos de uso medicinal); Ativador e acelerador de bronzeado; Bronzeadores; Clareador de pele; Fortalecedor para as unhas; Clareadores para cabelos e pelos do corpo; Xampus anticaspa e antiqueda; Condicionadores anticaspa e antiqueda; Cremes dentais anticárie, antiplaca, antitártaro e clareadores dentais químicos; Desodorante antitranspirante axilar e para os pés; Maquiagem com fotoprotetor; Produtos para pele acneica e envelhecimento; Preparações antissolares; Repelente de insetos. Classi�cações Todos os produtos cosméticos para uso infantil são classificados como produtos de grau de risco 2. Tais de�nições e classi�cações, que estão de acordo com o que foi preconizado pelos padrões internacionais da indústria cosmética, foram estabelecidas segundo: Finalidade de uso; Local de aplicação; Modo de usar; Cuidados a serem observados no uso. Resoluções Conforme destacamos anteriormente, a de nº 79 foi pioneira nas de�nições e nas classi�cações de produtos cosméticos. Apesar de já ter sido alterada por uma série de legislações, como as RDCs nº 211/2005 e nº 07/2015, ela ainda mantém seu texto inicial sobre a de�nição e a classi�cação deles. Apresentaremos a seguir outras resoluções sobre a área de cosméticos: Parâmetros de controle biológico A RDC nº 481/1999 segue o contexto das principais legislações da área cosmética. Pela primeira vez, uma resolução abordou os parâmetros de controle microbiológico de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes. Tais parâmetrosestão apresentados na tabela a seguir: Tipo Área de aplicação e faixa etária Limites de aceitabilidade Tipo I Produtos para uso infantil Produtos para a área dos olhos Produtos que entram em contato com as mucosas a) Contagem de micro-organismos mesó�los totais aeróbios, não mais que 10² UFC/g ou ml. Limite máximo: 5 x 10² UFC/g ou ml; b) Ausência de Pseudomonas aeruginosa em 1g ou 1ml; c) Ausência de Staphylococcus aureus em 1g ou 1ml; d) Ausência de coliformes totais e focais em 1g ou 1ml; e) Ausência de clostrídios sul�to redutores em 1g (exclusivamente para talcos); Tipo II Demais produtos cosméticos suscetíveis à contaminação microbiológica f) Contagem de micro-organismos mesó�los totais aeróbios, não mais que 10³ UFC/g ou ml. Limite máximo: 5 x 103 UFC/g ou ml; g) Ausência de Pseudomonas aeruginosa em 1g ou 1ml; h) Ausência de Staphylococcus aureus em 1g ou 1ml; i) Ausência de coliformes totais e fecais em 1g ou 1ml; j) Ausência de clostrídios sul�to redutores em 1g (exclusivamente para talcos). Tabela 1: Parâmetros de controle microbiológico para produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes. Fonte: (BRASIL, 1999) Tais cuidados pretendem proteger o consumidor. Quando são assegurados os devidos cuidados na fabricação e na comercialização de produtos cosméticos, possíveis contaminações microbiológicas podem ser evitadas. Exemplo Produtos com alto teor de água em suas preparações, como xampus, condicionares, cremes e loções, requerem o estabelecimento de parâmetros e cuidados relativos ao controle microbiológico. A�nal, ela é uma potente fonte de contaminação microbiológica. Também devemos estar atentos à utilização de agentes conservantes que asseguram um prazo de validade maior ao produto, garantido sua segurança, e�cácia e qualidade. Lista de substâncias permitidas e proibidas Vamos analisar de forma mais detalhada estas listas para utilização em produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes. Comecemos com a lista de substâncias com ação conservante: Clique nos botões para ver as informações. De acordo com a RDC nº 29/2012, conservantes podem ser de�nidos como “substâncias que são adicionadas como ingrediente aos produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes com a �nalidade de inibir o crescimento de micro- organismos durante sua fabricação e estocagem, ou para proteger os produtos da contaminação inadvertida durante o uso”. (BRASIL, 2012) Apresentaremos a seguir um histórico das legislações que já trataram do tema: RDC nº 79/2000: A primeira lista de substâncias conservantes permitidas em produtos cosméticos é aprovada; RDC nº 162/2001: Ela é atualizada; RDC nº 29/2012: Esta lista é revogada. A resolução nº 29 é muito importante, já que ela aprovou o regulamento técnico do Mercosul para a lista de substâncias de ação conservante permitidas para produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes. Dessa forma, o Brasil, como participante do bloco sul-americano, passou a estar atualizado em relação aos padrões internacionais de controle para a utilização dessas substâncias; RDC nº 15/2013: Atualmente em vigor, a RDC nº 29/2012 teve a sua última atualização nesta resolução emitida no ano seguinte. Há outras substâncias utilizadas nas fórmulas cosméticas que também podem ter propriedades antimicrobianas, como, por exemplo, óleos essenciais e algumas classes de álcoois. Estas classes de substâncias não foram contempladas pelo regulamento técnico do Mercosul. Conservantes permitidos Outro ponto que merece destaque na RDC nº 29/2012 são as concentrações de uso permitidas, as limitações, as condições de uso e as advertências estabelecidas por ela, devendo ser observadas e respeitadas de forma criteriosa pelo fabricante. Destacaremos a seguir as principais substâncias conservantes usadas em produtos cosméticos: Outras permissões, limitações, condições e advertências Lista de substâncias de ação conservante permitidas para produtos dehigiene pessoal, cosméticos e perfumes Nº Substância Máximaconcentração autorizada Limitações Condiçõesde uso e advertências 1 Ácido benzoico e benzoato desódio INCI*: benzoic acid, sodium benzoate a) 2,5% (ácido) Produtos que sãoenxaguados, exceto os de higiene bucal; b) 1,7% (ácido) Produtos de higienebucal; c) 0,5 % (ácido) Produtos que não sãoenxaguados. Proibido em sistemas pulverizáveis(como aerossóis e sprays) quando a concentração for maior que 0,5%. 2 Ácido propiônico e seus sais INCI*: propionic acid and salts 2,0% (expresso como ácido) 3 1,1,1-Tricloro-2 metilpropanol-2- (clorobutanol) INCI*: chlorobutanol 0,5% Proibido em sistemas pulverizáveis(como aerossóis e sprays). Contém clorobutanol. 4 Ácido 4-hidroxibenzóico, seus sais eésteres INCI*: (4-) hidroxybenzoic acid, saltsand esters: methylparaben, propilparaben etc. a) 0,4% (expresso como ácido)individual b) 0,8% (expresso como ácido) paramisturas de sais ou ésteres 5 Cloreto, brometo e sacarinato de alquil (C8- C18) dimetilbenzilamônio INCI*: benzalkonium bromide, chloride,saccharinate 0,1% (calculado como cloreto debenzalcôneo) Evitar contato com os olhos * O INCI (Internacional Nomenclature of Cosmetic Ingredients) é uma nomenclatura internacional adotada também pela Anvisa para padronizar, em âmbito internacional, a rotulagem das preparações cosméticas comercializadas em todo o mundo. Na aula 6, você conhecerá melhor este sistema de nomenclatura e toda a sua aplicação no Brasil e no mundo. Tabela 2: Lista de substâncias conservantes de acordo com a RDC nº 29/2012. Fonte: (BRASIL, 2012) De acordo com a RDC nº 15/2013, a toxicidade também diz respeito à aprovação de mais um regulamento técnico contemplado pelo Mercosul. Esta resolução aprova o regulamento técnico concernente à seguinte lista de substâncias de uso cosmético: Acetato de chumbo; Pirogalol; Formaldeído; Paraformaldeído. Tal regulamento tem um papel importantíssimo, pois ele diz respeito ao controle de substâncias com alto nível de toxicidade, apontando, dessa forma, suas limitações de uso, as concentrações máximas permitidas e demais advertências que devem ser corretamente seguidas e �scalizadas. De forma resumida, esses parâmetros podem ser observados na tabela a seguir: Toxicidade Nº Substância Campo de aplicação e/ouutilização Concentração máxima autorizada no produto 1 Acetato de Chumbo Tintura capilar 0,6% calculados como chumbo 2 Formaldeído e paraformaldeído Conservante 3 Formaldeído Produtos para endurecer as unhas 5% calculados como formaldeído 4 Pirogalol Corante para a oxidação dos cabelos 5% Até pH 5 Tabela 3: Lista de substâncias de uso cosmético: acetato de chumbo, pirogalol, formaldeído e paraformaldeído. Fonte: (BRASIL, 2013) Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Comentário Este estudo seguirá pelas próximas duas aulas seguintes. Atividade 1. Qual o principal órgão regulamentador da área cosmética? 2. Quais são as principais categorias de produtos cosméticos? 3. Como os produtos cosméticos podem ser classi�cados de acordo com seu grau de risco? Cite dois exemplos de cada produto. Notas Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) 1 A Anvisa foi criada em 1999 pela Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999, seguindo os mesmos moldes da Food, Drug and Administration dos Estados Unidos da América. Dentro desse modelo, cabe a esta agência a elaboração, aplicação e �scalização da legislação. Seu principal papel é coordenar todo o sistema nacional de vigilância sanitária. Referências BRASIL. Legislação. Anvisa. Disponível em: //portal.Anvisa.gov.br/legislacao#/. Disponível em: 19 jul. 2019. BRASIL. Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 07, de 10 de fevereiro de 2015. Disponível em: //bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2015/rdc0007_10_02_2015.pdf. Acesso em: 19 jul. 2019. BRASIL. Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 15, de 26 de março de 2013. Disponível em: //bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2013/rdc0015_26_03_2013.pdf. Acesso em: 19 jul. 2019. BRASIL. Resoluçãoda Diretoria Colegiada - RDC nº 29, de 1 de junho de 2012. Aprova o regulamento técnico Mercosul sobre “lista de substâncias de ação conservante permitidas para produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes” e dá outras providências. Disponível em: //portal.anvisa.gov.br/documents/10181/3285739/RDC_29_2012_.pdf/c74fbb1a-c98b-4899-81ae- 7ad9e18d807e. Acesso em: 19 jul. 2019. BRASIL. Resolução nº 79, de 28 de agosto de 2000. Disponível em: //portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/RDC_79_2000_COMP.pdf/e7cc09b7-6804-432c-9b92-b655972e886a. Acesso em: 19 jul. 2019. BRASIL. Resolução nº 211, de 14 de julho de 2005. Disponível em: //bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2005/rdc0211_14_07_2005.htm. Acesso em: 19 jul. 2019. BRASIL. Resolução nº 481, de 23 de setembro de 1999. Disponível em: //bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/1999/res0481_23_09_1999_rep.html. Acesso em: 19 jul. 2019. CORRÊA, M. A. Cosmetologia: ciência e técnica. 1. ed. São Paulo: Medfarma, 2012. LEONARDI, G. R. Cosmetologia aplicada. 2. ed. São Paulo: Santa Isabel, 2008. Próxima aula Substâncias permitidas e proibidas em produtos cosméticos. Explore mais javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); RDC nº 79, de 28 de agosto de 2000; RDC nº 481, de 23 de setembro de 1999; RDC nº 29, de 01 de junho de 2012; RDC nº 15, de 26 de março de 2013. javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0);
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