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CRIMES DE CORRUPÇÃO E FRAUDES EM LICITAÇÕES E SUA CARACTERIZAÇÃO COMO CRIME HEDIONDO

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
Curso de Direito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRIMES DE CORRUPÇÃO E FRAUDES EM LICITAÇÕES E SUA 
CARACTERIZAÇÃO COMO CRIME HEDIONDO 
 
ALBERTINA CARLA DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Natal/RN 
2021.1 
ALBERTINA CARLA DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRIMES DE CORRUPÇÃO E FRAUDES EM LICITAÇÕES E SUA 
CARACTERIZAÇÃO COMO CRIME HEDIONDO 
 
 
 
Artigo Científico Jurídico apresentado à 
Universidade Estácio de Sá, Curso de Direito, 
como requisito parcial para conclusão da 
disciplina Trabalho de Conclusão de Curso. 
 
Orientador (a): Prof. Ulisses Pessoa dos Santos 
 
 
 
 
 
 
Natal/RN 
2021.1 
RESUMO 
 
O trabalho teve o objetivo de corroborar sobre a importância de uma penalidade mais 
severa para os crimes cometidos por funcionário público contra a Administração 
Pública. A pesquisa realizada por meio dos dispositivos legais, doutrinas e 
jurisprudência com foco nos crimes de corrupção e fraudes em licitações, visou 
colocar os desafios da efetividade das leis com fins de punir aqueles que praticam a 
referida conduta. As análises ao longo desse trabalho demonstraram a importância de 
um olhar mais atento para com esses crimes e seus efeitos sobre a sociedade. Foi 
verificado que mesmo após avanços normativos, a realidade é que não se tem 
eficácia, dessa forma, ferindo plenamente os direitos e garantias tutelados pela lei 
máxima do país, daqueles que deveriam serem os beneficiados. 
 
Palavras-chave: Administração Pública. Crimes de Corrupção. Fraudes em licitações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO. 2 DESENVOLVIMENTO: 2.1 DO DIREITO PENAL NO ÂMBITO DA 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2.2 CORRUPÇÃO PASSIVA – DOS CRIMES 
PRATICADOS CONTRA À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; 2.3 EXPOSIÇÃO DOS 
PRINCIPAIS CRIMES DE FRAUDES E SUAS PENALIDADES PERANTE A LEI 
8.666/93; 2.4 FRAUDE E CORRUPÇÃO: DOS CRIMES CONTRA ADMINISTRAÇÃO 
PÚBLICA CARACTERIZADO COMO CRIME HEDIONDO. 3 CONCLUSÃO. 
REFERÊNCIAS. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Crime contra Administração Pública é uma problemática que reflete na 
fragilidade ao compromisso com a ética, onde estes inviabilizam, diminuem e retardam 
a construção de um Estado que atenda aos objetivos fundamentais da República, visto 
que não conseguirão fornecer de forma justa e solidária serviços para sociedade, dado 
que o desvio de finalidade do dinheiro público acarreta o mau serviço na saúde, 
educação, atividades econômicas, habitação, transporte, saneamento básico, entre 
outros. 
A busca pela garantia de uma efetiva prestação jurisdicional, motivou de fato a 
evolução quanto as normas em combatem a esses crimes, que introduziu a exemplo 
a Lei de Lavagem de Dinheiro n.º 9.613/1988, Lei Anticorrupção n.º 12.846/2013, e a 
mais recente Lei de Licitações e Contratos n.º 14.133/2021, no entanto, a relevante 
multiplicação de casos delituosos no âmbito da Administração Pública que entre este 
a corrução e ainda fraudes em licitações deu ensejo a seguinte problematização a ser 
enfrentada: de que maneira a repressão ao crime cometido por funcionário público 
contra Administração Pública no que tange a corrupção e fraudes em licitação de 
forma hedionda, diminuirá a prática destes? 
Desta forma, a justificativa do tema se fundamenta então, no fato das licitações 
no Brasil segundo dados do Portal da Transparência, movimentaram entre o ano de 
2018 a 2020, R$ 226,74 bilhões de reais com contratações através de licitações, 
dispensa ou inexigibilidade, valor esse que deveriam se dar na contribuição para 
busca de uma melhor qualidade de vida para a sociedade, no entanto, pelo mau uso 
das verbas públicas, não se conseguindo atingir a finalidade. 
Nesse sentido, o presente trabalho com foco nos processos licitatórios visa 
analisar se a repressão do crime cometido por funcionário público contra 
Administração Pública no que tange a corrupção e fraudes em licitação de forma 
hedionda, diminuirá a prática destes, uma vez que a letargia Estatal favorece o 
aumento dos crimes de corrupção e os fraudulentos processos licitatórios, o que 
atinge diretamente a finalidade das leis que regem seus procedimentos, com nefastos 
efeitos para o Estado e sociedade. 
Para propiciar um melhor entendimento o desenvolvimento do artigo será divido 
em quatro seções. Primeiramente será importante analisar o direito penal no âmbito 
da Administração Pública, trazendo os conceitos na esfera administrativa e penal de 
3 
 
administração pública e funcionário público, dado a importância da existência dos 
mecanismos na esfera penal, o qual busca a proteção das atividades do Estado. Após, 
será preciso elencar o crime de corrupção passiva no âmbito da gestão administrativa 
abordando as previsões normativas e suas evoluções à medida das necessidades da 
sociedade e do Estado. Em seguida, será exposto os principais crimes de fraudes e 
suas penalidades perante a Lei 8.666/93, dado qual a licitação é um dos institutos 
jurídicos mais relevantes, por essa instrumentalizar a melhor forma de contratar com 
o ente público. Por fim se torna essencial uma análise do crime de fraude e corrupção 
contra administração pública caracterizado como crime hediondo, além de verificar a 
penalidade com maior rigidez, com intuito de uma prestação jurisdicional de melhor 
qualidade. 
A metodologia aplicada neste trabalho é de cunho dedutivo, por meio da 
pesquisa triangular, tendo como base a análise sistemática dos dispositivos legais, 
consultas de doutrinas, podendo destacar Bitencourt; Di Pietro; Rogério Grego; 
Guilherme de Souza Nucci, além dos julgados que refletem a jurisprudência. 
 
 
2 DESENVOLVIMENTO 
 
2.1 DO DIREITO PENAL NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. 
 
Na atual conjuntura de desaceleração, complexidade, mudanças rápidas, e 
incertezas refletivas nas limitações do vocabulário contemporâneo em nomear ou 
qualificar o tempo presente, a gestão administrativa tornou-se uma das áreas mais 
importantes das atividades humanas. Salienta-se ainda que, a União, Estados, 
Municípios e o Distrito Federal são as entidades responsáveis por gerir e comandar 
as atividades essenciais à população exercendo cada uma, o papel que lhe é cabido 
segundo os termos da Constituição que elenca as competências e deveres de cada 
um deles em artigos específicos. 
Outrossim, a Constituição Federal de 19881, nos artigos entre 37 até o 41, 
dispõe regras gerais da administração pública, onde o caput do art. 37, norteia as 
práticas dos administradores públicos, no qual registra que a referida administração 
 
1 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF. Senado 
Federal, 1988. 
4 
 
deve seguir os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e 
eficiência. Logo, com base nesses princípios, é possível uma gestão mais clara e 
transparente, voltada para a satisfação das necessidades sociais. 
Com isso, dada a importância da definição por Hely Lopes Meirelles2: 
“Administração pública é todo o aparelhamento do Estado, preordenado à realização 
de seus serviços, visando a satisfação das necessidades coletivas”. 
Ademais, como a administração pública só pode se expressar por meio dos 
indivíduos, é preciso conceituar essas pessoas. Para os doutrinadores, o termo mais 
coerente e mais abrangente atualmente é o agente público, que, para Di Pietro3 “[...] 
é toda a pessoa física que presta serviços ao Estado e às pessoas Jurídicas da 
Administração Indireta”. 
Decerto, que a administração pública é composta de regras e princípios. 
Esses, regem seu funcionamento e suas funções no exercício do interesse público. 
Entre as suas várias funções encontram-se as sanções relativas aos ilícitos praticados 
contra esta pelo desviode conduta no sítio da Administração Pública, e na perspectiva 
de que o Estado em seu dever de preservar os princípios gerais e de conduta ética, 
espante comportamentos afrontosos, produzidas com intenções socialmente 
censuráveis e provocadoras de repercussões nocivas à ordem jurídica. 
Contudo, para atender à necessidade da intervenção do Estado, existem os 
mecanismos do direito penal, na parte especial do Código Penal, o qual perseguindo 
fatos cujo objetivo é impedir ou perturbar o desenvolvimento das atividades do 
Estado e dos outros entes públicos, impõe a pena aos atos lesivos praticados por 
funcionários públicos. 
Neste contexto, o termo Administração pública no Direito Penal, segundo 
Bitencourt4, busca a normalidade funcional, a moralidade e a incolumidade do poder, 
o que acarreta, de modo crucial, ampliar o conceito, visando à consecução desses 
intuitos. Em suma, o direito penal inclui amplo conceito de administração pública, 
abrangendo qualquer atividade funcional do Estado, outras entidades e órgãos 
públicos. 
Nesse pensamento, Nucci5 traz que: 
 
2 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros Editores, 2011. 
3 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 22ª Edição. São Paulo: Atlas, 2009. 
4 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 6ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2012. 
5
 PAGLIARO, Antonio; COSTA JUNIOR, Paulo José da. Dos Crimes Contra a Administração 
Pública. São Paulo: Malheiros Editores, 1997, p.16-18, apud NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de 
Direito Penal. Parte Especial. ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2013. 
5 
 
 
Apesar de bastante amplo, o conceito de Administração Pública abrange, 
atualmente, toda a “atividade funcional do Estado e dos demais entes 
públicos”, trazendo este Título do Código Penal uma gama de delitos voltados 
à proteção da atividade funcional do Estado e seus entes, variando única e 
tão somente o objeto específico da tutela penal. 
 
Sobretudo, importante se faz a explanação quanto a denominação de 
Funcionário Público que partir da Constituição Federal de 19886 altera para Servidores 
Públicos, conforme artigo 39. Exclusivamente na Legislação Penal o Servidor Público, 
ainda é chamado de Funcionário Público. A expressão “funcionário público” para 
indicar agentes públicos, ainda sendo muito utilizado, contudo no artigo 37 inciso VI 
da Carta Magna menciona o termo Servidor Público para indicar cargo, emprego ou 
função pública. 
De outro modo, menciona o artigo 2º da Lei nº 8.429/927, agente público é todo 
aquele que exerce uma atividade pública, com ou sem remuneração, independente 
da forma de investidura em mandato, cargo, emprego ou função. Agentes públicos 
trata-se de um gênero e servidores públicos uma de suas espécies, ou seja, agente 
público não é servidor público, exceto para fins penais, caso cometam crimes 
contra a Administração Pública. 
Nessa esfera, o artigo 327 do Código Penal Brasileiro8, traz suas 
considerações sobre funcionário público e demais agente a ele equiparados: 
 
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, 
embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou 
função pública; § 1º Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, 
emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa 
prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de 
atividade típica da Administração Pública; § 2º A pena será aumentada da 
terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem 
ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou 
assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia 
mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. 
 
6 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF. Senado 
Federal, 1988. 
7 BRASIL. Lei nº. 8.429, de 2 de junho de 1992. Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes 
públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou 
função na administração pública direta, indireta ou fundacional e dá outras providências. Rio de 
Janeiro, 2 de junho de 1992. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm. Acesso 
em: 10 mar. 2021. 
8 BRASIL. Lei nº. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 
1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm. Acesso em: 10 mar. 
2021. 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10636310/artigo-39-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/2186546/artigo-37-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10712160/inciso-vi-do-artigo-37-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11334022/artigo-2-da-lei-n-8429-de-02-de-junho-de-1992
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104098/lei-de-improbidade-administrativa-lei-8429-92
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm
6 
 
Porém, há muito se discute a diferença entre ilícito administrativo e ilícito 
criminal. Daí correta a lição de Cretella Júnior9 quando disse: 
 
No campo do direito, o ilícito alça-se à altura de categoria jurídica, e, como 
entidade categorial, é revestida de unidade ôntica, diversificada em penal, 
civil, administrativa, apenas para efeito de integração, neste ou naquele ramo, 
evidenciando-se diferença quantitativa ou de grau, não há diferença 
qualitativa ou de substância. 
 
A respeito, lecionou Nelson Hungria10: 
 
A ilicitude é uma só, do mesmo modo que um só, na sua essência, é o dever 
jurídico. Dizia Bertham que as leis são divididas apenas por comodidade de 
distribuição: todas podiam ser, por sua identidade substancial, dispostas 
sobre um mesmo plano, sobre um só mapa-múndi. Assim, não há falar-se de 
um ilícito administrativo ontologicamente distinto de um ilícito penal. A 
separação entre um e outro atende apenas a critérios de conveniência ou de 
oportunidade, afeiçoados à medida do interesse da sociedade e do Estado, 
variável no tempo e no espaço. 
 
Então, entende-se que sendo estabelecido ao Direito Penal no âmbito 
administrativo, a incumbência punições, com intuito de penalizar o funcionário público 
que incorra na prática deste, evitando assim o ensejo de hábitos corruptos na gestão 
da administração pública. 
Não obstante, desde as ordenações das Filipinas11 já puniam “oficiais do Rei 
que recebessem “serviços ou peitas”, assim como as partes que lhes dessem ou 
prometessem”, passando a ser legalmente previsto no Código Criminal do Império do 
Brazil, 183012, Título V (atual corrupção ativa). O Código Penal dos Estados Unidos 
do Brazil, 189013 reuniu na mesma seção (Título V, capítulo único, seção II) as duas 
modalidades de corrupção (ativa e passiva), e o Código Penal de 194014, voltou a dar 
tratamento aos crimes de corrupção ativa (art. 333) e passiva (art. 317) não apenas 
 
9 CRETELLA JÚNIOR, José. Prática do processo administrativo, São Paulo: Editora dos Tribunais, 
1988. 
10 HUNGRIA, Nelson. Comentários ao Código Penal, vol. 9. Rio de Janeiro: Editora Forense, 1944. 
11 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito penal. vol. 5: parte especial: Dos crimes contra 
a Administração Pública e dos crimes praticados por prefeitos. — 14ª. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2020. 
12 BRASIL. Lei de 16 de dezembro de 1830. Código Criminal do Império do Brazil. Publicado em 08 
de jan. de 1831. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/lim-16-12-1830.htm. 
Acesso em: 17mar. 2021. 
13 CAMARA DOS DEPUTADOS. Decreto nº 847, de 11 de outubro de 1890. Código Penal dos 
Estados Unidos do Brazil. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-
1899/decreto-847-11-outubro-1890-503086-publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em: 17 mar. 2021. 
14 BRASIL. Lei nº. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 
1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm. Acesso em: 10 mar. 
2021. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm
7 
 
em dispositivos separados, mas também em capítulos distintos, como ainda, ofereceu 
guarida aos crimes funcionais no art. 312 ao art. 326. 
Sem embargo, atualmente não é incomum o aparecimento nos meios de 
comunicação, denúncias sobre desvio ou mau uso do dinheiro público. A 
administração Pública se destaca na atualidade pela má gestão e constantes práticas 
corruptas, principalmente no que se refere aos processos de compras estatais, por 
licitações e contratos administrativos. 
 
2.2 CORRUPÇÃO PASSIVA - DOS CRIMES PRATICADOS CONTRA À 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. 
 
No plano da esfera da Administração Pública estão elencados na parte 
especial do Código Penal15, nos artigos 312 a 361, dos crimes praticados contra esta. 
Logo, alguns crimes se especificam pela elementar característica de ser o delito 
praticado por funcionário público, sendo possível partícipe no polo ativo, isto posto, 
estes considerados delitos funcionais e classificados como crimes próprios 
embasados no Título XI, Capítulo I do Código Penal de 1940, do art. 312 ao 327. 
Para mais, no entendimento de Cleber Masson16, “Os crimes praticados por 
funcionário público contra a Administração Pública, representam uma forma 
qualificada de desvio de poder. O sujeito se aproveita da sua condição funcional para 
satisfazer indevidamente uma pretensão própria ou de terceiros, afetando os 
interesses da coletividade. ” 
Importante salientar que os delitos funcionais são divididos em duas espécies: 
próprios e impróprios, onde segundo Feliciano17, sendo o autor constituído pelo 
funcionário público, o fato é tratado como um tipo penal descrito no código (crimes 
funcionais próprios), e quanto aos impróprios, sendo quando desaparece a qualidade 
 
15 BRASIL. Lei nº. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Rio de Janeiro, 7 de 
dezembro de 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/del2848.htm. Acesso em: 10 mar. 2021. 
16 MASSON, Cleber. Direito penal esquematizado, vol. 3: parte especial, arts. 213 a 359-H – 4. ed. 
rev. e atual. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2014. 
17 FELICIANO, Guilherme Guimarães. Crimes contra a administração. Revista Brasileira de Ciências 
Criminais. 2000. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm
8 
 
do servidor público, também desaparece o crime funcional, desclassificando a conduta 
a outro delito, de natureza diversa. 
Além do mais, a responsabilidade penal que pode ter origem em crimes 
relacionados com a função, podem ser abrangentes a todos os agentes públicos, 
como os definidos nos artigos 312 a 326 com aplicação do 327 ambos do Código 
Penal. Com isso, vale enfatizar, que o agente público poderá ser responsabilizado 
pelos crimes funcionais definidos no Código Penal, estes que não estejam absorvidos 
pelos crimes de responsabilidade, a exemplo do Prefeito Municipal, nos crimes 
previstos e tipificados no Decreto-lei 201/6718. 
Por conseguinte, acresce que, evidenciam-se as inúmeras violações diante 
de um crime praticado por agente público contra o seu empregador (o Estado), dado 
o pressuposto de que ao invés de trabalhar para o bem público, trabalha pelo seu 
interesse particular, rompendo o preceito que esse agente é o “canal” de realização 
dos deveres inerentes ao Estado com vistas a preservar a ordem pública, a disciplinar 
as relações sociais, a proporcionar segurança aos cidadãos e a desenvolver 
atividades benéficas à coletividade. 
Nesse contexto, conforme já mencionado, os crimes praticados por estes 
encontram-se tipificado no código penal, entanto, primeiramente vale apontar o artigo 
do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) 19 que faz breve exposição sobre os conceitos 
de “improbidade administrativa”, “crimes contra a administração pública” e 
“corrupção”: 
 
-Improbidade administrativa, previstos na lei 8.429/1992. Correm na esfera 
cível. Caracterizam-se por danos ao erário [...], enriquecimento ilícito [...] e 
violação aos princípios administrativos [...]. 
-Crimes contra a administração – previstos no Código Penal. Cometidos por 
funcionários públicos[...]. Entre os crimes previstos no aludido código, 
podemos citar, por exemplo, o exercício arbitrário ou abuso de poder, [...], a 
má-gestão praticada por administradores públicos, [..], a lavagem ou 
ocultação de bens oriundos de corrupção, emprego irregular de verbas ou 
rendas públicas, [...], a corrupção ativa, entre outros. 
-Corrupção – previsto no Código Penal. Geralmente utilizado para designar o 
mau uso da função pública com o objetivo de obter uma vantagem, [...]. 
Quando o agente público solicita vantagem ou dinheiro para fazer ou deixar 
 
18 CAMARA DOS DEPUTADOS. Decreto nº 201, de 27 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a 
responsabilidade dos prefeitos e vereadores. Disponível em: 
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1960-1969/decreto-lei-201-27-fevereiro-1967-376049-
norma-pe.html. Acesso em: 17 mar. 2021. 
19 CNJ, Conselho Nacional de Justiça. Entenda os conceitos de improbidade administrativa, crimes 
contra a administração pública e corrupção. Notícias CNJ/Agência CNJ de Notícias, 9 fev. 2015. 
Disponível em: https://www.cnj.jus.br/entenda-os-conceitos-de-improbidade-administrativa-crimes-
contra-a-administracao-publica-e-corrupcao. Acesso em: 10 mar. 2021. 
https://www.cnj.jus.br/entenda-os-conceitos-de-improbidade-administrativa-crimes-contra-a-administracao-publica-e-corrupcao/
https://www.cnj.jus.br/entenda-os-conceitos-de-improbidade-administrativa-crimes-contra-a-administracao-publica-e-corrupcao/
9 
 
de fazer algo, trata-se da corrupção passiva. Já a corrupção ativa se dá 
quando um cidadão oferece uma vantagem financeira ou de outra natureza a 
um agente público, visando a um benefício. (Destacamos). 
 
Notadamente, este trabalho com enfoque no crime de corrupção, onde em 
premissa faz-se necessário seu significado que segundo o dicionário Michaelis20 é o 
“ato ou resultado de corromper; corrompimento, corruptela”. A palavra corrupção está 
relacionado ao comportamento decadente e deteriorado ao desempenho das funções 
públicas. Por mais, quando ocorre corrupção administrativa, há desvio de poder ao 
buscar um propósito que nada “tem a ver” com o que deveria ser feito. 
No que tange a corrupção, Fazzio Júnior21 salienta que: 
 
A corrupção pública ou administrativa, para J.S Nye, é conduta estigmatizada 
pelo desvio dos deveres formais de uma função pública para a obtenção de 
benefícios privados pecuniários ou de prestígio; ou viola as regras que 
sancionam o exercício de certos tipos de influência relacionadas com o 
interesse privado. 
 
Demais, abordando especificamente ao art. 317, Código Penal do crime de 
Corrupção Passiva, onde verifica-se que nesse tipo penal, é o funcionário público 
quem oferece ou recebe a vantagem indevida. Segundo Greco22, existe na corrupção 
passiva um acordo entre o funcionário que solicita a indevida vantagem e aquele que 
a presta, principalmente quando estivermos diante dos núcleos receber e aceitar 
promessa de tal vantagem. 
Sobre a corrupção passiva, dispõe o art. 317, do Código Penal23, na integra: 
 
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, 
ainda que forada função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, 
vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, 
de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 
12.11.2003). § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência 
da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar 
qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. § 2º - Se o 
funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de 
dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: Pena - detenção, 
de três meses a um ano, ou multa. 
 
20 MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Editora Melhoramentos Ltda, 2021. 
Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=corrup%C3%A7%C3%A3o. 
Acesso em: 18 mar. 2021. 
21 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Corrupção no poder público. São Paulo: Atlas, 2002. 
22 GRECO, Rogério. Curso de direito penal: parte especial. 3. ed. Niterói: Impetus, 2007, v. IV. 
23 BRASIL. Lei nº. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Rio de Janeiro, 7 de dezembro 
de 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm. Acesso em: 19 
mar. 2021. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.763.htm#art2art317
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.763.htm#art2art317
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm
10 
 
Destarte, o Brasil através do Decreto 5.687/200624, assumiu o compromisso 
de combate a corrupção, onde decidiu envidar todos os esforços para prevenir, 
detectar, punir e erradicar o referido ato do exercício das funções públicas. Ainda mais, 
o Pacote Anticrime-Lei 13.964/1925, entre outras alterações no código penal, vem a 
igualar as sanções penais de corrupção ativa e passiva, também, o peculato e a 
concussão, todos com pena de reclusão de 02 a 12 anos e multa. 
Desta feita, importante ressaltar que a regra no Código Penal, seria o artigo 
2926, caput, “quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas e a 
este cominadas, na medida de sua culpabilidade”, entretanto, o crime de corrupção 
no âmbito da administração pública sendo uma das exceções, onde neste momento, 
ocorrerá a quebra da Teoria Monista, passando a dar tratamento aos crimes de 
corrupção ativa (art. 333) para o particular e a corrução passiva (art. 317) para o 
funcionário público, tratando como crimes distintos. 
Neste campo, trazemos o artigo do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)27, 
diferenciando corrupção ativa e passiva. 
 
[...]. A corrupção, de acordo com o Código Penal brasileiro, pode ser ativa 
(art. 333) ou passiva (art. 317). A corrupção ativa se enquadra nos crimes 
praticados por particular contra a administração pública e ocorre se alguém 
“oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para 
determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício”. A pena é de reclusão 
e varia de dois a doze anos de reclusão e multa. Já corrupção passiva, um 
crime praticado por funcionário público contra a administração pública, 
implica em “solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou 
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão 
dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem”. A pena 
também é de reclusão de dois a doze anos [...] e multa. [...]. (Destacamos). 
 
Com propósito de esclarecimento, fez-se necessário a diferenciação 
anteriormente descrita, visto que, pela à má gestão pública e a má conduta 
administrativa, a corrupção merece atenção especial, dado que, conforme menciona 
 
24 Brasília (DF). Decreto nº 5.687, de 31 de janeiro de 2006. Promulga a convenção das nações 
unidas contra a corrupção, adotada pela Assembleia-Geral das nações unidas. Diário Oficial [da] 
República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 1 fev. 2006. Seção 1, p. 1. 
25 BRASIL. Lei nº 13.964, de 24 de dezembro de 2019. Aperfeiçoa a legislação penal e processual 
penal. Brasília, 24 de dezembro de 2019. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/l13964.htm. Acesso em: 21 mar. 2021. 
26 BRASIL. Lei nº. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 
1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm. Acesso em: 10 mar. 
2021. 
27 CNJ, Conselho Nacional de Justiça. CNJ Serviço: Entenda as diferença entre corrupção ativa e 
passiva. Notícias CNJ/Agência CNJ de Notícias, 29 mar. 2019. Disponível em: 
https://www.cnj.jus.br/cnj-servico-entenda-as-diferencas-entre-corrupcao-ativa-ou-passiva. Acesso 
em: 19 mar. 2021. 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%205.687-2006?OpenDocument
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2013.964-2019?OpenDocument
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm
11 
 
Nascimento28, o país sofreu significativas transformações ao longo dos anos, desde a 
concepção da Constituição de 1988, principalmente na esfera da administração, com 
a constante busca pelo Estado Democrático de Direito. No entanto, seja no setor 
público ou privado, cada vez mais a corrupção no cotidiano econômico e financeiro 
acaba prejudicando as ações para melhorar a eficiência da gestão. Este, completa 
ainda dizendo, que a corrupção está aumentando gradativamente no campo da 
administração pública, e, mesmo com a exposição midiática, muitos desafios têm sido 
encontrados para coibir atos ilegais contra o erário público. 
 
2.3 EXPOSIÇÃO DOS PRINCIPAIS CRIMES DE FRAUDES E SUAS PENALIDADES 
PERANTE A LEI 8.666/93. 
 
Importante enfatizar o que bem menciona o Ministério Público Federal29, “no 
cotidiano a corrupção é um termo guarda-chuva que abriga diversas outras condutas, 
que entre estas, tende-se as fraudes”, que a muito se reconhece nos processos 
licitatórios e contratos administrativos. À vista disso, acrescenta-se o conceito de 
Fraude dado pelo Dicionário Jurídico30, “Má-fé, artifício malicioso, usado para 
prejudicar, dolosamente, o direito ou interesses de terceiro.” 
Nesse ínterim, a Lei 8.666 de 199331, criou alguns tipos penais que envolvem 
a licitação e os contratos administrativos, previstos do artigo 89 a 99 da referida lei, 
tais sanções incluem no seu polo passivo os administradores públicos, licitantes e 
terceiros, na hipótese de infringir a legislação aplicada às licitações. 
À visto disso, dado aos artigos 90 e 96 da lei de licitações: 
 
Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro 
expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de 
obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto 
da licitação: Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licitação instaurada para 
aquisição ou venda de bens ou mercadorias, ou contrato dela decorrente: I-
elevando arbitrariamente os preços; II-vendendo, como verdadeira ou 
 
28 NASCIMENTO, Melillo Dinis do. Lei anticorrupção empresarial – aspectos críticos à Lei nº 
12.846/2013. Belo Horizonte: Fórum, 2014. OLIVEIRA JÚNIOR, T. M.; COSTA, F. J. L. 
29 MPF. Combate à Corrupção, Tipos de Corrupção. Disponível em: em: 
http://combateacorrupcao.mpf.mp.br/tipos-de-corrupcao. Acesso em: 21 mar. 2021. 
30 GUIMARÃES, Deocleciano Torrieri. Dicionário Compacto Jurídico. 8ª ed. São Paulo: Rideel, 2005. 
31 BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição 
Federal, institui normas para licitações e contratos da administração pública e dá outras 
providências. Brasília, 21 de junho de 1993. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666compilado.htm>. Acesso em: 21 mar. 2021.http://combateacorrupcao.mpf.mp.br/tipos-de-corrupcao
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%208.666-1993?OpenDocument
12 
 
perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada; III-entregando uma 
mercadoria por outra; IV-alterando substância, qualidade ou quantidade da 
mercadoria fornecida; V-tornando, por qualquer modo, injustamente, mais 
onerosa a proposta ou a execução do contrato: Pena-detenção, de 3 (três) a 
6 (seis) anos, e multa. 
 
Por certo, os referidos artigos, sendo fruto da opção do legislador por 
criminalizar o funcionário público legitimado que decidir fraudar os procedimentos 
licitatórios, quando este deveria cumprir os procedimentos legais. Nesse 
entendimento, assevera a jurisprudência do Tribunal de Justiça de Minas Gerais: 
 
APELAÇÃO CRIMINAL - CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
- FRAUDE NO PROCESSO LICITATÓRIO (ART. 90 DA LEI 8.666/93)- 
RECURSOS DEFENSIVOS - PRELIMINARES DE INÉPCIA DA DENÚNCIA 
E AUSÊNCIA DE CORRELAÇÃO ENTRE A DENÚNCIA E A SENTENÇA - 
REJEIÇÃO - MÉRITO - PLEITO DE ABSOLVIÇÃO CALCADO NA FALTA 
DE DOLO ESPECÍFICO DO TIPO PENAL - IMPOSSIBILIDADE - DOLO 
EVIDENCIADO PELA COMPROVAÇÃO DO CONLUIO DE VONTADES 
PARA FRUSTRAR A COMPETITIVIDADE DA LICITAÇÃO - OMISSÃO DA 
QUALIDADE DE SÓCIO DO ENTÃO PREFEITO JUNTO À EMPRESA 
PARTICIPANTE - ERRO DE PROIBIÇÃO - DESCABIMENTO - 
CONHECIMENTO DA ILICITUDE DO FATO - RECURSO MINISTERIAL - 
CONDENAÇÃO CORRÉUS NAS SANÇÕES DO ART. 90 DA LEI 8.666/93 
- POSSIBILIDADE - INCIDÊNCIA DO DISPOSTO NO ART. 71 DO CPB - 
NARRATIVA NA INICIAL DE DOIS DELITOS PERPETRADOS NAS 
MESMAS CIRCUNSTÂNCIAS - REQUISITO TEMPORAL BASEADO EM 
CRITÉRIOS RÍGIDOS - IMPROPRIEDADE - LAPSO DE TEMPO QUE NÃO 
SE EXIGE A RUPTURA EM RAZÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS DA 
INFRAÇÃO - HIPÓTESE DE CONTINUIDADE DELITIVA CONFIGURADA, 
E NÃO CONCURSO MATERIAL - ART. 580 DO CPP - IGUALDADE DE 
SITUAÇÕES ENTRE OS CORRÉUS D.C.C. E A.F.S. - SENTENÇA 
REFORMADA PARCIALMENTE. [...] -Comprovadas a existência dos fatos 
e a autoria delitiva, impositiva a manutenção da condenação dos réus D.C.C 
e A.F.S, nos moldes como definidos na sentença de primeiro grau. -O 
conluio entre os acusados com o intuito de fraudar o caráter competitivo 
do certame, direcionando o resultado da licitação para uma única 
empresa, em que o Prefeito era sócio, foi devidamente comprovado pelos 
documentos e pelos depoimentos prestados, configurando a prática do 
delito tipificado pelo art. 90 da Lei 8.666/1993. [...]-Rejeita-se a tese da 
defesa de "erro de direito" ou "erro de proibição", pois não é escusável pelo 
Prefeito o desconhecimento das regras atinentes à licitação. -Restando 
demonstrado que os denunciados A.L.G.C e T.P.C praticaram o núcleo do 
tipo descrito no art. 90 da Lei 8.666/90, bem como o dolo em suas condutas, 
mostra-se necessária a reforma da sentença a fim de que sejam os mesmos 
condenados como incursos no aludido tipo penal. [...]. 
(TJ-MG - APR: 10392130006803001 MG, Relator: Wanderley Paiva, Data 
de Julgamento: 10/10/2017, Câmaras Criminais / 1ª CÂMARA CRIMINAL, 
Data de Publicação: 17/10/2017). (Destacamos). 
 
Como se vê, igualmente ao processo anteriormente exposto, são recorrentes 
as fraudes nos processos licitatórios, o qual afrontada diretamente o principal objetivo 
da Lei de Licitações, que é a contratação pela Administração Pública com proposta 
mais vantajosa e com transparência. Assim, assegura a primeira parte do art. 37, XXI 
13 
 
da Constituição Federal32, “temos que as obras, serviços e alienações serão 
contratados mediante processo de licitação pública, e que esse processo, assegure 
igualdade de condições para todos os participantes.” 
Conquanto, no caso do artigo 90, não há dúvidas de que se trata de um crime 
formal, bastando a conduta dolosa, nesse entendimento estando em acordo 2º Turma 
do Superior Tribunal Federal: 
 
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. TRANCAMENTO DA AÇÃO 
PENAL. ART. 90 DA LEI 8.666/1993. FORMAÇÃO DE QUADRILHA. ART. 
288 DO CÓDIGO PENAL. INÉPCIA DA INICIAL. FALTA DE INDICAÇÃO 
INDIVIDUALIZADA DAS CONDUTAS DELITIVAS. NÃO OCORRÊNCIA. 
FRAUDE À LICITAÇÃO. CRIME FORMAL. INVIABILIDADE DE ANÁLISE 
DE FATOS E PROVAS NA VIA DO HABEAS CORPUS. PRECEDENTES. 
ORDEM DENEGADA. 1. A jurisprudência desta Corte firmou entendimento 
no sentido de que a extinção da ação penal, de forma prematura, pela via 
do habeas corpus, somente se dá em hipóteses excepcionais, nas quais 
seja patente (a) a atipicidade da conduta; (b) a ausência de indícios mínimos 
de autoria e materialidade delitivas; ou (c) a presença de alguma causa 
extintiva da punibilidade. 2. A inicial acusatória narrou de forma 
individualizada e objetiva as condutas atribuídas ao paciente, adequando-
as, em tese, aos tipos descritos na peça acusatória. 3. O Plenário desta 
Corte já decidiu que o delito previsto no art. 90 da Lei 8.666/1993 é 
formal, cuja consumação dá-se mediante o mero ajuste, combinação 
ou adoção de qualquer outro expediente com o fim de fraudar ou 
frustar o caráter competitivo da licitação, com o intuito de obter 
vantagem, para si ou para outrem, decorrente da adjudicação do seu 
objeto, de modo que a consumação do delito independe da 
homologação do procedimento licitatório. 4. Não há como avançar nas 
alegações postas na impetração acerca da ausência de indícios de autoria, 
questão que demandaria o revolvimento de fatos e provas, o que é inviável 
em sede de habeas corpus. Como se sabe, cabe às instâncias ordinárias 
proceder ao exame dos elementos probatórios colhidos sob o crivo do 
contraditório e conferirem a definição jurídica adequada para os fatos que 
restaram devidamente comprovados. Não convém, portanto, antecipar-se 
ao pronunciamento das instâncias ordinárias, sob pena de distorção do 
modelo constitucional de competências. 5. Ordem denegada. (STF, HC 
116680 / DF, Segunda Turma, Rel. Min. TEORI ZAVASCKI, DJe de 12-02-
2014). (Destacamos). 
 
Nota-se, que muitos são os casos, na qual a pessoa que tem o poder maior 
são os que mais praticam crimes contra a administração pública, pois, sendo 
frequente as aparições dos gestores na arquitetura da fraude, nos processos de 
investigações criminais, violando este, o bem jurídico vinculado aos pilares objetivos 
da República, com as dimensões individuais sociais dos direitos fundamentais, com 
os princípios constitucionais, e com o adequado funcionamento da engrenagem 
 
32 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF. Senado 
Federal, 1988. 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11296090/artigo-90-da-lei-n-8666-de-21-de-junho-de-1993
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1027021/lei-de-licita%C3%A7%C3%B5es-lei-8666-93
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10602053/artigo-288-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11296090/artigo-90-da-lei-n-8666-de-21-de-junho-de-1993
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1027021/lei-de-licita%C3%A7%C3%B5es-lei-8666-93
https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/24911845/habeas-corpus-hc-116680-df-stf
https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/24911845/habeas-corpus-hc-116680-df-stf
14 
 
estatal, conforme reitera os processos abaixo relacionados do Tribunal de Justiça do 
Rio Grande do Sul: 
 
PROCESSO CRIME. PREFEITO MUNICIPAL. FRAUDE À LICITAÇÃO. 
FORMAÇÃO DE QUADRILHA OU BANDO. CORRUPÇÃO ATIVA E 
PASSIVA. LAVAGEM DE DINHEIRO E DESVIO DE VERBA PÚBLICA. 
Narrativa clara de crimes, em tese, com sinalização probatória inicial. 
Indispensável a instrução processual para exame mais fundo da prova e 
verificação exaustiva das teses defensivas. Denúncia recebida. Unânime. 
(Ação Penal - Procedimento Ordinário Nº 70069986537, Quarta Câmara 
Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Aristides Pedroso de 
Albuquerque Neto, Julgado em 14/03/2019). 
(TJ-RS - AP: 70069986537 RS,Relator: Aristides Pedroso de Albuquerque 
Neto, Data de Julgamento: 14/03/2019, Quarta Câmara Criminal, Data de 
Publicação: Diário da Justiça do dia 20/03/2019). (Destacamos). 
 
PROCESSO-CRIME. PREFEITO MUNICIPAL. FRAUDE À LICITAÇÃO. 
CORRUPÇÃO ATIVA E PASSIVA. Narrativa clara de crime, em tese, com 
sinalização probatória inicial. Indispensável a instrução processual para 
exame mais fundo da prova e verificação exaustiva das teses defensivas. 
Denúncia recebida. Unânime. 
(TJ-RS - AP: 70037083128 RS, Relator: Aristides Pedroso de Albuquerque 
Neto, Data de Julgamento: 25/01/2011, Quarta Câmara Criminal, Data de 
Publicação: 22/02/2011). (Destacamos). 
 
Nessa acepção, a investigação sobre corrupção, e fraudes em licitações 
sendo uma das principais pautas das operações da Policia Federal, como se pode 
observar a seguir: 
 
OPERAÇÃO PF_Polícia Federal desarticula organização criminosa que 
desviava recursos da Prefeitura de Extremoz/RN_Mandados foram 
expedidos pelo Tribunal Regional Eleitoral do RN e são cumpridos por 70 
policiais federais. - A Polícia Federal deflagrou, a Operação Vale Tudo 
visando desarticular uma organização criminosa acusada de fraudes em 
licitação, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro no município de 
Extremoz, Região Metropolitana de Natal. [...]. Cerca de 70 policiais cumprem 
23 mandados de busca e apreensão, por determinação do Tribunal Regional 
Eleitoral (TRE/RN), em desfavor de servidores da prefeitura daquela cidade 
[...]. A investigação teve início a partir de indícios de falsidade na prestação 
de contas da campanha política de uma candidata a deputada estadual nas 
Eleições de 2018, cuja pessoa, à época, era ligada aos gestores municipais 
de Extremoz. [...]. Com o avanço das investigações e, através da quebra 
de sigilo bancário, verificou-se que a organização criminosa teria 
desviado mais de R$ 2 milhões de reais entre os anos de 2017 e 2020, 
por meio de fraudes em licitações que visavam à aquisição de 
medicamentos, produtos odontológicos e hospitalares destinados ao 
município de Extremoz/RN. [...]33. (Destacamos). 
 
 
33 GOV.BR. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Polícia Federal desarticula organização 
criminosa que desviava recursos da Prefeitura de Extremoz/RN, Publicado em 30/10/2020. 
Disponível em: https://www.gov.br/pf/pt-br/assuntos/noticias/2020/10-noticias-de-outubro-de-
2020/policia-federal-desarticula-organizacao-criminosa-que-desviava-recursos-da-prefeitura-de-
extremoz-rn. Acesso em: 21 mar. 2021. 
15 
 
OPERAÇÃO PF_PF combate fraudes em licitações, corrupção e desvios 
de recursos públicos em prefeitura do RN_Operação Guaraíras cumpre 
cinco mandados judiciais nas cidade de Natal e Vera Cruz/RN. A Polícia 
Federal deflagrou [...] a 2ª Fase da Operação Guaraíras, destinada a apurar 
fraudes em licitações promovidas por prefeitura, bem como, atos de 
corrupção e desvios de recursos públicos. [...]. Com o prosseguimento das 
diligências, não só foram confirmadas as suspeitas, como também se tornou 
possível identificar dois grupos distintos que agiam no estado do Rio Grande 
do Norte fraudando licitações, seja para obras de engenharia ou para o 
serviço de transporte escolar.[...]34. (Destacamos). 
 
Ante o exposto, menciona-se ainda o art. 93 da lei de licitações, que de acordo 
com Sidney Bittencourt35 assevera que em qualquer momento do certame licitatório, 
incriminando as condutas de impedir (obstruir, obstar), perturbar (atrapalhar, 
tumultuar) ou fraudar (burlar, trapacear), estas condutas quando cometidas 
prejudicam o procedimento licitatório, estando configurado o crime. 
Dada a importância da atividade no contexto das organizações 
governamentais, outra norma das fraudes é a Lei Anticorrupção, onde dos onze tipos 
dos atos lesivos à Administração Pública elencados na Lei nº 12.846/2013, Capítulo 
II, art. 5º36, que disciplina a punição administrativa de empresas, sete estão 
relacionadas com licitações e contratos, sendo eles: 
 
[...] IV - no tocante as licitações e contratos: a) frustrar ou fraudar, mediante 
ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo de 
procedimento licitatório público; b) impedir, perturbar ou fraudar a realização 
de qualquer ato de procedimento licitatório público; c) afastar ou procurar 
afastar licitante, por meio de fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer 
tipo; d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente; e) criar, de modo 
fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para participar de licitação pública ou 
celebrar contrato administrativo; f) obter vantagem ou benefício indevido, de 
modo fraudulento, de modificações ou prorrogações de contratos celebrados 
com a administração pública, sem autorização em lei, no ato convocatório da 
licitação pública ou nos respectivos instrumentos contratuais; ou g) manipular 
ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos celebrados com a 
administração pública; 
 
 
34 GOV.BR. Ministério da Justiça e Segurança Pública. PF combate fraudes em licitações, corrupção 
e desvios de recursos públicos em prefeitura do RN, Publicado em 05/02/2021. Disponível em: 
https://www.gov.br/pf/pt-br/assuntos/noticias/2021/02/pf-combate-fraudes-em-licitacoes-corrupcao-e-
desvios-de-recursos-publicos-em-prefeitura-do-rn. Acesso em: 21 mar. 2021. 
35 BITTENCOURT, Sidney. Licitações Passo a Passo. 6ª ed. Ver., ampl. E atual. Belo Horizonte: 
Fórum, 2010. 
36 BRASIL. Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013. Dispõe sobre a responsabilização administrativa 
e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou 
estrangeira, e dá outras providências. Brasília, 1º de agosto de 2013. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12846.htm. Acesso em: 21 mar. 2021. 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2012.846-2013?OpenDocument
16 
 
Para culminar, o Plenário do Senado37 aprovou o Projeto de Lei n.º 
4.253/2020, que cria um novo marco legal para substituir a Lei das Licitações n.º 
8.666/1993, a Lei do Pregão n.º 10.520/2002 e o Regime Diferenciado de 
Contratações n.º 12.462/11, além de agregar temas relacionados, porquanto, verifica-
se que a Nova Lei de Licitações, traz principais mudanças quanto a abrangência, nas 
fases da licitação, nas modalidades, no diálogo competitivo, no valor de referência 
sigiloso, nos procedimentos auxiliares, nas mudanças na habilitação, e a novos tipos 
penais, no entanto, ainda sendo os processos licitatórios nos mesmos padrões da Lei 
8.666/93 por este ter o prazo de dois anos, tempo que os órgãos (e também as 
empresas) terão para se adequar às novas regras. 
Desse modo, tratando-se do projeto descrito no parágrafo anterior, visando 
proteger com maior rigor o bem jurídico na tutela dos crimes de fraudes, a nova Lei 
de Licitações e Contratos n.º 14.133/202138, adotou um modelo de codificação das 
leis penais, passando ao tratamento dos aspectos penais para o Código Penal, 
acrescendo o Capítulo II-B, DOS CRIMES EM LICITAÇÕES E CONTRATOS 
ADMINISTRATIVOS, nos artigos 337-E até 337-O, renovando os artigos 89 a 108 da 
Lei n.º 8.666/93. 
Em virtude da nova Lei de Licitações e Contratos tem-se a novidade quanto à 
definição dos crimes, onde podendo citar em breves comentários ao artigo, 337-E 
contratação direta ilegal, pena de reclusão, de 4 a 8 anos, e multa, onde o art. 89 da 
lei revogada trava-se de 3 a 5 anos, e multa, o artigo 337-F frustração do caráter 
competitivo de licitação, pena de reclusão, de 4 a 8 anos, e multa, a qual na lei 
revogada tratava-se de 2 a 4 anos, e multa, como ainda o artigo 337-l fraude em 
licitação ou contrato, visto os incisos previsto neste, pena de reclusão de 4 a 8 anos, 
e multa, tratando de conduta criminosa grave, revogando o artigo 96 da lei 8.666/93 
penade detenção de 3 a seis anos, e multa. 
Completando essa conjunção de alterações nas leis observadas no decorrer 
deste trabalho, sem demasia, estes trouxeram inúmeros ganhos, porém, a ligadura 
 
37
 SENADO NOTICIAS. Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência 
Senado. Senado aprova nova Lei de Licitações. Publicado em 10/12/2020. Disponível em: 
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/12/10/senado-aprova-nova-lei-de-licitacoes. 
Acesso em: 21 mar. 2021. 
38 BRASIL. Lei nº. 14.133. Lei de Licitações e Contratos Administrativos. Brasília, 1º de abril de 
2021. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm. Acesso 
em: 2 de abr. 2021. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10520.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12462.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm
17 
 
que possibilita a relação público-privado, sendo um campo propício ao consentimento 
de diversas fraudes e crimes de corrupção, onde se pode observar no relatório 
apresentado no portal Transparência Internacional – Brasil 2020, o qual aponta que 
pela necessidade de garantir uma rápida destinação de recursos públicos para 
combater uma crise sanitária sem precedentes em decorrência da pandemia, se deu 
o relaxamento quanto as regras para compras públicas. Contudo, órgãos de controle 
e repressão a crimes expuseram casos potenciais de fraudes milionárias, que entre 
estes, incluindo a aquisição de ventiladores e a montagem de hospitais de campanha, 
onde nos processos de compras públicas estão: valores unitários que não 
apresentaram reduções nem em compras em "abundância", contratos feitos com 
empresas de outros setores que não o da saúde e pagamento antecipado por parte 
das autoridades públicas por materiais ou equipamentos médicos que tinham defeitos. 
 
2.4 FRAUDE E CORRUPÇÃO: DOS CRIMES CONTRA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
CARACTERIZADO COMO CRIME HEDIONDO. 
 
Mais a mais, de fato o pensamento de Ribeiro39 ao definir a expressão 
corrupção como uma “ação ou efeito de corromper – decomposição, putrefação, 
depravação, desmoralização”, sendo um “mal habitual” no âmbito da gestão 
administrativa brasileira, onde os atos frequentes delapidam o patrimônio público e 
acarreta um adoecimento social, econômico e moral. 
Considerando que o comportamento antiético nas organizações é a fraude, a 
qual tem o caráter de ação intencional e prejudicial, em quebra a ética pela conduta 
dos gestores que ocupam seus cargos, onde para Martins40, “o Estado deve existir 
para atender as demandas da sociedade, e não que seus agentes se utilizem dele 
para benefícios próprios”, pois, as atividades dos gestores não podem distorcer a 
finalidade das instituições dos Estados o que devem obedecer às leis estipuladas pela 
constituição, merecendo essas condutas uma maior reprovação por parte do próprio 
Estado por causarem danos irreparáveis a coletividade. 
 
39 RIBEIRO, Antônio Silva Magalhães. Corrupção e controle na administração pública brasileira. 
São Paulo: Atlas, 2004. 
40 MARTINS, M. F. Uma “catarsis” no conceito de cidadania: do cidadão cliente à cidadania como 
valor ético-político. Campinas-SP, PUC-Campinas, Revista de ética, v.2, n.2, 2000. 
18 
 
Similarmente a fraude e corrupção têm semelhanças na natureza criminosa 
do comportamento e na posição de tomada de decisão do agente 
fraudador/corrompido. No caso das fraudes em licitações, estas são perpetradas por 
quem detém poder e a corrupção na gestão pública estes também são praticados por 
quem são dotados de poder e discricionariedade. Com efeito, tratando-se de pontos 
comuns para a sociedade, a fraude e corrupção serão tratadas de forma indistintas a 
partir deste. 
Assim sendo, para prevenir e controlar punitivamente a corrupção (e por 
analogia fraude em licitação), se faz necessário determinar medidas que possam 
nortear a existência de moralidade pública, pois Segundo Vieira41 diz: 
 
A moralidade da qual trata o Direito Administrativo não se confunde com a 
moral comum, seus agentes devem atuar em conforme os princípios éticos. 
As atividades administrativas não dispensam a importância da presença 
moral na realização dos seus atos. A moral jurídica tem sua própria 
legalidade. A violação desse princípio configura ilicitude, sujeitando a conduta 
viciada à invalidação, que se associam aos princípios da lealdade e boa-fé, 
que conduzem a atuação do agente administrativo. 
 
É posto que a ocorrência da falta de conduta moral, sendo um potencial de 
alto índice de recorrência aos crimes contra administração pública, dado que, as 
punições em leis previstas não sendo suficientes para diminuir as demandas calçadas 
na suposta conduta, como se pode observar nas publicações a seguir: 
 
Ministério Público Federal42 obteve a condenação do ex-deputado estadual 
e ex-prefeito de Goianinha, [...], e de mais quatro pessoas envolvidas em 
esquema que forjou uma licitação no Município [...]. Em 2004 a prefeitura 
recebeu R$ 78 mil do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação 
para aplicação no Programa Nacional de Alimentação Escolar. Em vez de 
promover a devida licitação para escolher a fornecedora, os cinco forjaram 
um procedimento licitatório – via modalidade convite [...]. Os réus foram 
condenados pelo crime previsto no Artigo 89 da Lei 8.666/93[...]. A denúncia 
[...] sob o número 0001041-60.2011.4.05.8400. 
 
[..] Só contra o ex-prefeito de Goianinha [...], o Ministério Público Federal43 
no Rio Grande do Norte ajuizou 11 ações penais e uma ação de 
 
41
 VIEIRA, Felipe. Ética na Administração em face dos princípios constitucionais de 
administração pública. 11/05/2010, Publicado em Ética e Filosofia. Disponível em: 
https://admpublicaufpr.wordpress.com/2010/05/11/etica-na-administracao-em-face-dos-principios-
constitucionais-de-administracao-publica. Acesso em: 26 mar. 2021. 
42 MPF, Ministério Público Federal. Operação Aliança: MPF obtém condenação de ex-deputado do 
RN por forjar licitação para compra de merenda. Jus Brasil. Disponível em: 
https://mpf.jusbrasil.com.br/noticias/756563564/mpf-obtem-condenacao-de-ex-deputado-do-rn-por-
forjar-licitacao-para-compra-de-merenda. Acesso em: 26 mar. 2021. 
43 MPF, Ministério Público Federal. MPF propôs em 2011 pelo menos 641 ações contra prefeitos e 
ex-prefeitos de 17 estados. Jus Brasil. Disponível em: https://pr-
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11296159/artigo-89-da-lei-n-8666-de-21-de-junho-de-1993
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1027021/lei-de-licita%C3%A7%C3%B5es-lei-8666-93
https://www.jusbrasil.com.br/processos/44583094/processo-n-0001041-6020114058400-do-trf-5
https://admpublicaufpr.wordpress.com/category/etica-e-filosofia/
19 
 
improbidade. Todas são decorrentes de operação [...], que desarticulou 
esquema de desvio de verbas públicas federais na cidade. [...]. O total de 
ações contra prefeitos e ex-prefeitos [...] até novembro de 2011 foi de 76, 
sendo 39 de improbidade e 37 ações penais. 
 
O juiz [...] da Comarca de Goianinha, condenou o ex-prefeito daquele 
município [..] pela prática da realização de dispensas de licitações [...], sem 
observância da Lei nº 8.666/93, bem como a inexistência de procedimentos 
de licitação ou mesmo de dispensas relativas aos pagamentos efetuados. Na 
ação, ficou comprovado, de acordo com laudo pericial, bem como a própria 
defesa apresentada pelo réu, [...], enquanto prefeito [...], contratou 
ilegalmente [...], para aquisição de medicamentos no ano de 2012, sem 
observância da Lei nº 8.666/93, [...]. Pela sentença, [...] foi condenado à 
suspensão dos direitos políticos, penalidade fixada em seu grau máximo, ou 
seja, pelo prazo de cinco anos, quantificaçãoconsiderada razoável, diante a 
extensão da ofensa aos princípios da Administração [...]. Processo nº 
0001433-67.2011.8.20.011644. 
 
O Ministério Público Federal45 (MPF) conseguiu a condenação do ex-
prefeito de Goianinha [...] por dispensa indevida de licitação para 
contratação de transporte escolar, em 2003. Nas alegações finais, o 
representante do MPF [...] destacou que os supostos “vencedores” da 
licitação confirmaram não ter participado de “nenhum procedimento 
licitatório ou mesmo de reunião nesse contexto”, mas que, ainda assim, 
firmaram os contratos de prestação de serviço com a Prefeitura, após serem 
convidados. Muitos nem mesmo sabiam o que era uma licitação. 
 
Ainda por cima, esse mesmo gestor sendo condenado por contratar banda 
sem licitação46, bem como, o Ministério Público Federal47 denuncia grupo criminoso 
que seria comandado pelo referido prefeito (ex), além disso, o Tribunal de Contas do 
Alagoas48 sugeri a esse, ressarcir aos cofres do município a quantia de R$ 
186.429,55, referentes a despesas efetuadas sem a devida comprovação. 
 
rn.jusbrasil.com.br/noticias/2960990/mpf-propos-em-2011-pelo-menos-641-acoes-contra-prefeitos-e-
ex-prefeitos-de-17-estados. Acesso em: 27 mar. 2021. 
44 ÂMBITO JURÍDICO. Ex-prefeito de Goianinha é condenado por compra de medicamento sem 
licitação. Jus Brasil. Publicado em 2019. Disponível em: https://ambito-
juridico.jusbrasil.com.br/noticias/513306254/ex-prefeito-de-goianinha-e-condenado-por-compra-de-
medicamentos-sem-licitacao. Acesso em: 26 mar. 2021. 
45 MPF, Ministério Público Federal. Operação Aliança: MPF obtém condenação de Dison Lisboa 
por contratos sem licitação. Jus Brasil. Disponível em: 
https://mpf.jusbrasil.com.br/noticias/722775048/operacao-alianca-mpf-obtem-condenacao-de-dison-
lisboa-por-contratos-sem-licitacao. Acesso em: 26 mar. 2021. 
46 DIÁRIO DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE. Página 228 da Judicial do Diário 
de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte (DJRN) de 8 de Junho de 2018. Jus Brasil. Disponível 
em: https://www.jusbrasil.com.br/diarios/194274070/djrn-judicial-08-06-2018-pg-228. Acesso em: 27 
mar. 2021. 
47 MPF, Ministério Público Federal. MPF/RN denuncia quadrilha acusada de desviar verba federal 
em Goianinha. Jus Brasil. Disponível em: https://mpf.jusbrasil.com.br/noticias/2571009/mpf-rn-
denuncia-quadrilha-acusada-de-desviar-verba-federal-em-goianinha. Acesso em: 27 mar. 2021. 
48 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO ALAGOAS. Ex-prefeito de Goianinha terá que devolver 
R$ 186 mil ao erário. Jus Brasil. Disponível em: < https://tce-al.jusbrasil.com.br/noticias/10230/ex-
prefeito-de-goianinha-tera-que-devolver-r-186-mil-ao-erario>. Acesso em: 27 mar. 2021. 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1027021/lei-de-licita%C3%A7%C3%B5es-lei-8666-93
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1027021/lei-de-licita%C3%A7%C3%B5es-lei-8666-93
https://www.jusbrasil.com.br/processos/58661287/processo-n-0001433-6720118200116-do-tjrn
20 
 
De fato, o referido município, sendo exemplo de local com ocorrência de 
inúmeros atos fraudulentos no âmbito da gestão administrativa. Escândalos como 
estes são descobertos, detidos e reorganizados, como um “ciclo vicioso”, que faz parte 
da tática política do Brasil. Logo, nos leva a reflexão quanto a Teoria do Triângulo das 
Fraudes49, a qual diz que a fraude só ocorre com a presença, concomitante, de três 
fatores: oportunidade, incentivo e racionalização, e se algumas dessas determinadas 
variáveis deixar de existir a fraude não acontecerá, ou ainda, pelo ponto de vista do 
viés lógico, que desvios financeiros, fraudes em licitação, privilégios públicos, enfim, 
pelas palavras de Ribeiro “o clientelismo, o nepotismo e o favoritismo estão 
profundamente enraizados na própria sociedade civil, fazendo parte indissociável da 
nossa cultura política”. 
Nesta via, o mais agravante é que aqueles que deveriam priorizar pelos 
interesses comuns para que o país alcançasse pelo menos um desenvolvimento 
satisfatório, não temem as penalidades previstas em lei em caso de cometimento de 
ato passivo de punição. Então, aqueles que teriam um papel decisivo na Gestão 
Pública, pois, sua missão é servir o interesse coletivo, ser pelo povo, ter 
comportamento inquestionável, tornou-se adverso, ou seja, tornou-se adversário. 
 
Igualmente, Nucci50 resume: 
 
Vê entrar ano, acabar ano, entrar década, acabar década, entrar século, 
findar século, e a corrupção, sob seus mais variados formatos, campeia solta, 
sem freios eficazes. O próprio Estado, da forma como é estruturado e eleito 
para governar, não tem interesse real em combater a corrupção, acabar com 
os conchavos e prestigiar o mérito do servidor público, bem como a qualidade 
do empresariado privado. 
 
No entanto, em decorrência do fenômeno da globalização, os cidadãos 
percebem a importância de mais rigidez quanto a punições pelas práticas de crimes 
de corrupção (leia-se também fraude em licitação), que apesar da evolução das leis 
no que diz respeito ao combate desses crimes, a legislação brasileira por falta de 
penalidades mais severas abre espaço a utilização de procedimentos e benefícios 
legais a serem utilizados em benefício daquele que praticou o ato danoso. 
 
49 Bernardino, D., Pedrosa, I. & Laureano, R. M. S. (2018). Métodos analíticos para auditoria e 
detenção de anomalias/fraude. In 2018 13th Iberian Conference on Information Systems and 
Technologies (CISTI). Caceres: IEEE. 
50 NUCCI, Guilherme de Souza. Corrupção e anticorrupção. Rio de Janeiro: Forense, 2015. p. 12. 
21 
 
Desta forma, torna-se “mister” analisar que as possíveis soluções para a 
problemática “corrupção (leia-se ainda fraude em licitação)” não estando somente 
definidos no Código Penal, porém devendo este ser encarado como um fato social 
que precisa ser enfrentado em todas as esferas legais, considerando-os crimes 
previstos na Lei 8.072/9051, que dispõe sobre os crimes hediondos, com intuito de 
viabilizar a aplicação do art. 5º, XLIII, da Constituição Federal52, o qual define os 
referidos crimes com a finalidade de conferir um regime jurídico mais gravoso. 
Ressalva-se ainda, que os referidos crimes, esgotam os recursos públicos 
destinados aos interesses primários da população, saúde, educação e segurança, 
resultando na ausência de recursos para realização dos direitos básicos, constituindo 
uma proteção insuficiente ou deficiente a milhões de brasileiros, evidenciando uma 
omissão nas atividades legislativas. 
Sendo assim, remédios eficazes para combater crimes públicos, estes que 
destroem famílias, estrutura social, o povo do país, antes de tudo, é preciso ser severo 
para perseguir os criminosos que vivem na esfera do tráfico de influência, e os que 
sobreviveram às fragilidades de alguns raros departamentos da administração 
pública, assim, é necessário lutar contra o desperdício social que se manifesta por 
sua própria identidade e força econômica. 
Nesse sentido, sendo inegável que mesmo com o fortalecimento nos últimos 
anos, porém há necessidade de irmos além e tratarmos o crime contra Administração 
Pública como condutas altamente reprováveis, visto que estas acarretam severos 
danos a toda a coletividade, desviando recursos que eventualmente poderiam ser 
aplicados em prol do interesse público, desta forma, merecem, uma resposta dura do 
ordenamento jurídico, pois, Nelson Hungria53, explana com excelência: 
 
Corrupção lembra crime. Mas a violência física dá lugar à astúcia, à 
sagacidade. Assim, o corrupto é, sim, um bandido. Mas não um bandido 
qualquer. Sem sangue e sem armas. Também não tem nada a ver com reles 
batedor de carteiras. Com pequenos furtos ou migalhas. Com mera 
sobrevivência. Com satisfazer as necessidades básicas ou matar a fome. [...]. 
 
 
51 BRASIL. Lei nº 8.072, de 25de julho de 1990. Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do 
art. 5º, inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina outras providências. Brasília, 25 de julho 
de 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8072.htm. Acesso em: 27 mar. 2021. 
52 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF. Senado 
Federal, 1988. 
53 HUNGRIA, N. Comentários ao Código Penal. 2. ed., Rio de Janeiro: Forense, vol. 9, 1959, p. 367 
apud NUCCI, Guilherme de Souza. Corrupção e anticorrupção. Rio de Janeiro: Forense, 2015. 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%208.072-1990?OpenDocument
22 
 
Isto posto, “impróspero” se faz a falta de observância “mais rigorosa” pelo 
Direito sobre um crime de grande proporção. Conforme relata Nucci54: 
 
Uma das maiores contradições do Direito, atualmente, é o falso entendimento 
de que crime violento massacra a classe pobre enquanto o delito não violento 
(como a corrupção) afeta os ricos. Então, entra a demagogia estatal: 
aumentam-se as penas dos delitos violentos; mantêm-se as penas (ou até se 
diminuem) dos crimes não violentos, em que se encaixa a corrupção. A 
grande sacrificada pelo volume da corrupção gerada no Brasil é a camada 
mais pobre. Afinal, o desvio de dinheiro público afeta justamente a 
infraestrutura indispensável a quem não possui recursos financeiros, tais 
como alimentação, ensino, saúde, lazer, moradia, etc. 
 
Em face do exposto, se faz análise necessário quanto a questão corrupção 
(leia-se ainda fraudes em licitação) nunca poder ser extinta, porém, devendo-se ser 
controlada através de penalidades a qual trará eficiência nas suas investigações e 
eficácia em suas determinações, visto que a exemplo do aumento de pena privativa 
de liberdade, o não direito à liberdade provisória, reduziria possíveis vantagens 
daqueles que praticaram o ato delituoso, pois a previsão de penas restritivas de direito, 
privativas de liberdade baixas ou suspensão importam em benefícios, dado que esses 
crimes geralmente são praticados por pessoas sem condenações criminais anteriores, 
e o encarceramento se torna algo raro nesses tipos. 
Indubitavelmente, considerar como crimes hediondos (crimes cometidos com 
requintes de perversidade55) “todos” os crimes praticados por funcionário público, 
sendo um contexto o tão quão amplo, ao entendermos que a pesquisa tem limitações, 
as quais podem ser superadas com futuros estudos, como, por exemplo, analisar com 
maior profundidade um caso específico e explorar fatores políticos e culturais que 
podem afetar as referidas condutas. 
Todavia, de conformidade do ponto de vista dos valores fundamentais e uma 
Constituição cidadã, primordial se faz observar a conduta delituosa destes que 
praticam o ato danoso, onde não podendo se ignorar que a corrupção (leia-se fraudes 
em licitações), têm altos custos econômicos no nível governamental, acarreta ainda 
um custo humano devastador, falindo estados e gerando pobreza. Estas ocorrem na 
interseção de agentes criminosos e negócios legítimos e não é apenas um fenômeno 
local, e, assim como o crime organizado, suas ações ultrapassam fronteiras, sendo 
 
54 NUCCI, Guilherme de Souza. Corrupção e anticorrupção. Rio de Janeiro: Forense, 2015. P. 11. 
55 GUIMARÃES, Deocleciano Torrieri. Dicionário Compacto Jurídico. 8ª ed. São Paulo: Rideel, 
2005. 
23 
 
uma das mais e complexas atividades criminais que impactam os países em 
desenvolvimento. 
Logo, menos corrupção (leia-se fraudes em licitações), mais condições 
financeiras e assim podendo-se investir em infraestrutura, saúde, educação, ou ainda, 
criando-se o Estado Ideal de Platão56, “onde o ser humano possa não só viver de 
forma digna, mas realizar seu potencial como humano”. 
 
 
3 CONCLUSÃO 
 
Quando se iniciou o trabalho de pesquisa constatou-se que as licitações no 
Brasil movimentavam bilhões de reais com contratações através de processos 
licitatórios, onde esses deveriam se dar na contribuição para busca de uma melhor 
qualidade de vida para a sociedade, o que não se efetiva pelo desvio da finalidade 
das verbas públicas, por isso deu-se a importância de se estudar sobre o tema, crimes 
contra Administração Pública, cometidos por funcionários públicos com ênfase nos 
crimes de corrupção e fraudes em licitações, caracterizado como crime hediondo. 
Diante disso, constatou-se que o objetivo geral foi atendido porque 
efetivamente o trabalho demonstrou que apesar da evolução normativa no âmbito das 
penalidades para os crimes em análise, sendo insuficientes para inibir as práticas 
destes, onde apesar de midiático, e o trabalho de combate efetivo, sendo crescente 
os números de casos, onde em sua maioria, ainda que dada efetividade da lei, essa 
não sendo eficaz. 
Os objetivos específicos foram atingidos, pois, foi analisado o direito penal no 
âmbito da gestão pública, incluindo o amplo conceito de Administração Pública, 
abrangendo atividade funcional do Estado e demais entes públicos, como ainda, 
trazendo o conceito de funcionário público para fins dos efeitos penais. No âmbito 
administrativo, percebeu-se que a máquina pública visa contribuir com o bem-estar da 
sociedade, expressa através de indivíduos, onde sua má conduta enseja, advertência, 
suspensão, dentre outros. 
 
56 PLATÃO. A República. São Paulo: Abril Cultural, 1993. Coleção Os Pensadores. 
24 
 
Foi também elencado o crime de corrupção passiva através das normas 
jurídicas, trazendo entendimentos de julgados, os quais demonstraram os esforços 
das medidas possíveis de aplicação, para inibir a prática desses crimes. 
De fato, se firmando como meios para barrar a prática do crime de corrupção 
(leia-se fraudes em licitações) contra administração pública caracterizando como 
crime hediondo, na hipótese de esta não poder ser extinta, e sim controlada através 
de penalidades a qual trará eficiência nas suas investigações e eficácia em suas 
determinações, dado que, o aumento de pena privativa de liberdade, o não direito à 
liberdade provisória, reduziria possíveis vantagens daqueles que praticaram o ato 
delituoso. 
Porquanto, realidade se faz que a corrupção (leia-se fraudes em licitações) vem 
se tornando cada vez mais sofisticadas, a verdadeira forma de organização criminosa, 
envolvendo principalmente agentes públicos, que realizam ações a longo prazo e 
ordeiras para obtenção de fins pessoais, por longo tempo. Conclui-se da análise 
acadêmica, que os crimes acima mencionados não podem mais prever por leis e ou, 
ferramentas que não impliquem para sua inibição, é preciso penalizar de forma severa 
os descomprometidos com os conceitos da ética de gestão administrativa e 
sociedade. 
A pesquisa partiu da hipótese de que, essas condutas delituosas punidas na 
"forma" mais severa inibiriam suas reincidentes práticas, dado que é surpreendente 
que um crime de corrupção (leia-se fraudes em licitações), por mais gravosa que seja, 
que atinge a coletividade, não sejam altamente censuráveis pela sociedade e pela lei. 
Ademais, durante o trabalho verificou-se que aqueles que ocupam cargos 
importantes na gestão pública, são os que menos temem as penalidades em lei, onde 
o sistema político brasileiro atualmente, tornou-se um adversário da sociedade, visto 
que visam no gerenciamento público meio de benefício próprio. Então fez-se o teste 
da hipótese ao ser demonstrado que apesar de toda norma jurídica com finalidade de 
punir, as práticas são reincidentes. 
Desta feita, dá-se a importância de repressão ao crime cometido por 
funcionário público contra Administração Pública no que tange a corrupção e fraudes 
em licitação de forma hedionda, pois, o desrespeito com o dinheiro público, retarda o 
crescimento econômico do país, diminui a capacidade de promoverinvestimento que 
a sociedade anseia, afetando os mais pobres de todas as formas, negando-lhes a 
dignidade como cidadãos, o que se fez necessário agir desde já. 
25 
 
REFERÊNCIAS 
 
ÂMBITO JURÍDICO. Ex-prefeito de Goianinha é condenado por compra de 
medicamento sem licitação. Jus Brasil. Publicado em 2019. Disponível em: 
<https://ambito-juridico.jusbrasil.com.br/noticias/513306254/ex-prefeito-de-goianinha-
e-condenado-por-compra-de-medicamentos-sem-licitacao>. Acesso em: 26 mar. 
2021. 
 
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auditoria e detenção de anomalias/fraude. In 2018 13th Iberian Conference on 
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BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 6ª Edição. São Paulo: 
Saraiva, 2012. 
 
______. Tratado de Direito penal. vol. 5: parte especial: Dos crimes contra a 
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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/lim-16-12-1830.htm>. Acesso em: 17 
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______. Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013. Dispõe sobre a 
responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de 
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providências. Brasília, 1º de agosto de 2013. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12846.htm>. Acesso 
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______. Lei nº 13.964, de 24 de dezembro de 2019. Aperfeiçoa a legislação penal 
e processual penal. Brasília, 24 de dezembro de 2019. Disponível 
em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/l13964.htm>. 
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