Prévia do material em texto
Síndrome Metabólica e Gota 1- DEFINIR OS CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS E O QUADRO CLÍNICO DA SÍNDROME METABÓLICA QUADRO CLÍNICO O quadro clínico da síndrome metabólica é constituído de sinais e sintomas que são consequência das doenças associadas ao quadro. Podemos observar: - Acrocórdons (tumoração em região de pescoço), acantose nigricans, polidipsia, poliúria, dores articulares, alterações menstruais, diminuição da libido, síndrome da apneia do sono, cefaleia, mal estar, cansaço, tonturas, zumbidos. É possível ainda observar complicações relacionadas à obesidade e à síndrome metabólica, como: • Esteatose hepática (que pode levar a hepatite e cirrose hepática) • Diabetes mellitus (pâncreas vai a falência) • Aterosclerose facilitada pela dislipidemia e pela hipertensão, levando a doenças como doença arterial obstrutiva periférica (DAOP), infar- to agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico • Osteoartrite (devido à sobrecarga articular pelo aumento de peso) • Hiperuricemia • Asma • Nefropatia por obesidade • Nefropatia diabética • Síndrome do ovário policístico • Aumento do risco de câncer (o tecido adiposo possui aromatase, elevando estrógeno, além de aumentar também insulina, devido à resistência insulínica, e aumento de adipocinas) • Mama, ovário, endométrio, rim, bexiga, próstata, esôfago, estômago, fígado, vesícula, pâncreas, cólon, reto, tireoide e mieloma múltiplo. DIAGNÓSTICO A obesidade é o fator de risco mais importante para o desencadeamento da SM. Especialmente em pacientes com acantose nigricans, achado clínico característico da resistência insulínica, devem ser avaliados quanto à presença de SM. Embora não haja uma boa definição para a SM, existem diversos fatores de risco que estão fortemente associados a uma elevada morbimortalidade cardiovascular. Existem diferentes formas de se avaliar a presença ou não de SM, dentre eles, citamos os critérios da NCEP-ATP III, do IDF e da OMS. Para fechar o diagnóstico: • A OMS, faz-se necessária a resistência à insulina associada a mais dois outros fatores. • O NCEP- ATPIII preconiza a presença de três dos componentes, sem priorizar nenhum deles em especial • O IDF, torna-se obrigatória a medida da circunferência abdominal alterada, além de mais dois outros fatores. É importante a investigação clínica e laboratorial para confirmar o diagnóstico de síndrome metabólica. ANAMNESE: Na história clínica do paciente, deve-se procurar por fatores de risco como: idade, tabagismo, prática de atividade física, história pregressa de hipertensão, diabetes, diabetes gestacional, doença arterial coronariana, acidente vascular encefálico, síndrome de ovários policísticos (SOP), doença hepática gordurosa não-alcoólica, hiperuricemia, história familiar de hipertensão, diabetes e doença cardiovascular, uso de medicamentos hiperglicemiantes são alarmantes e indicam melhor exploração para a síndrome dentro dos exames laboratoriais e do exame físico, principalmente o exame cardiovascular e a pesquisa de alcantose nigrans. EXAME FÍSICO Necessário para o diagnóstico de SM: • Aferir a pressão arterial – no mínimo duas medidas por consulta, com o paciente sentado, após 5 minutos de repouso. • Medida da circunferência abdominal • Peso e estatura • Exame da pele • Exame cardiovascular EXAMES LABORATORIAIS Dentre os exames laboratoriais que são importantes para o diagnóstico de SM, podemos citar: • Perfil glicêmico: glicemia de jejum, teste oral de tolerância à glicose, hemoglobina glicada • Perfil lipídico: HDL e triglicérides, lembrando que os critérios para diagnóstico de SM são diferentes conforme explicado na tabela . 2- DESCREVER OS PROCESSOS DESENCADEANTES E FISIOPATOLOGIA DA SÍNDROME METABÓLICA EPIDEMIOLOGIA ● No Brasil, doenças cardiovasculares tiveram mortalidade de 32,5% em 2014 atingindo a população em fase produtiva. ● Isoladamente, cada um dos componentes da SM é considerado um fator de risco para a morbimortalidade por DCV, porém, quando ocorrem simultaneamente, o risco torna-se maior que a soma dos riscos atribuídos a cada componente separadamente. ● A SM eleva a taxa de mortalidade por doença cardiovascular em cerca de 2,5 vezes e a taxa de mortalidade geral em cerca de 1,5 vez. ● Estudos em diferentes populações, como a mexicana, a norte americana e a asiática, revelam prevalências elevadas da síndrome metabólica, dependendo do critério utilizado e das características da população estudada, variando as taxas de 12,4% a 28,5% em homens e de 10,7% a 40,5% em mulheres. No Brasil, a prevalência da SM ainda é desconhecida, pois não existem estudos publicados com dados representativos da população, apenas estudos em amostras com características específicas. A falta de consenso sobre definição da doença e pontes de cortes para os critérios é um fator que agrava a falta de estudos. Em estudo transversal, realizado em subgrupo populacional de 1 439 adultos, em Salvador, encontrou-se a prevalência de SM de 19,0%. Na população de migrantes japoneses, a prevalência foi de 54,3%. Em um estudo sobre a SM realizado no distrito rural de Cavunge, semi-árido baiano, observou-se que a prevalência de SM foi maior em mulheres (38,4%) que em homens (18,6%). Nesses estudos foram utilizados os critérios diagnósticos da NCEP-ATP III. As manifestações começam na idade adulta ou na meia-idade e aumentam muito com o envelhecimento. O número de casos na faixa dos 50 anos é duas vezes maior do que aos 30, 40 anos. ● Embora acometa mais o sexo masculino, mulheres com ovários policísticos estão sujeitas a desenvolver a síndrome metabólica, mesmo sendo magras. ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA Embora o mecanismo fisiopatológico de base da SM seja controverso, a hipótese etiológica identifica a resistência à insulina e a produção excessiva de ácidos graxos consequentes a uma obesidade visceral ou central como os componentes-chave dessa doença metabólica que levará o indivíduo a apresentar DM2, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares em fases posteriores da vida. A obesidade visceral ou central (abdominal) é caracterizada por uma distribuição da gordura corporal do tipo andróide, ou seja, conhecida como corpo em formato de “maçã”, representando o aspecto principal da SM. Ao contrário da gordura subcutânea, o acúmulo de gordura visceral, que pode ser facilmente estimado pela medida da circunferência da cintura,está relacionado a diversos problemas metabólicos plasmáticos. • Hipersensibilidade aos glicocorticóides; • Elevados níveis plasmáticos de glicose que induzem o pâncreas a liberar excesso de insulina (hiperinsulinemia) que, a longo prazo,culmina com resistência à insulina e diabetes mellitus tipo II; • Aumento da secreção de angiotensina que pode aumentar o risco de hipertensão; • Aumento da secreção de interleucina-6 (IL-6), citocina inflamatória; •Aumento de triglicerídeos (TG) que pode comprometer a viscosidade sanguínea, aumentando o risco cardiovascular; • Redução do colesterol HDL, fundamental para realizar o transporte reverso do colesterol e que apresenta também efeitos anti-inflamatórios, antioxidantes e vasodilatadoras (aumenta a síntese de óxido nítrico pelo estímulo da isoforma endotelial da enzima sintase do óxido nítrico). Alguns autores defendem a hipótese de que a resistência à insulina (RI), juntamente com outras disfunções metabólicas, se inicie no adipócito. 1) Durante a alimentação, o adipócito estoca triglicérides (TG) e, no jejum, hidrolisa os ácidos graxos livres (AGL) e glicerol, para que sejam captados e oxidados pelos tecidos periféricos. Existe um equilíbrio dinâmico entre a liberação dos TG na circulação e a utilização pelos tecidos periféricos. INSULINA→ Já a insulina liga-se a um receptor de membrana desencadeando os seus efeitos intracelulares. Os efeitos metabólicos imediatos da insulina incluem: aumento da captação da glicose (especialmente pelo músculo e tecido adiposo), aumento da síntese de proteínas e ácidos graxos, bloqueio da produção hepática de glicose, proteólise e lipólise. Os adipócitos grandese hipertrofiados, presentes no tecido visceral e omental, parecem ser uma fonte específica de aumento dos AGL, pois secretam grandes quantidades de fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa) e estimulam a atividade de enzimas que rompem as gotículas de gordura intracelulares (caspases), acentuando a lipólise. Desse modo, a RI parece ser um fenômeno secundário à gordura visceral: Aumento dos AGL no sangue → ativação das serina quinases→ fosforilação dos substratos do receptor de insulina em serina → diminui a sinalização insulínica → redução da expressão do GLUT4 no ME e no transporte de glicose no músculo→ reduz síntese hepática e muscular de glicogênio. A oferta maior de lipídios aos tecidos periféricos também acarreta complicações crônicas, como a esteatose tecidual (em fígado, músculos e pâncreas), em virtude do acúmulo de ácidos graxos de cadeia longa, acetil-coenzima A e ceramidas nos tecidos, fenômeno conhecido como lipotoxicidade. Nos indivíduos geneticamente predispostos, a esteatose das ilhotas pancreáticas acarreta a apoptose das células beta, compromete a secreção de insulina, levando ao DM2 ao longo dos anos. Recentemente, uma nova hipótese surgiu, ligando a microbiota intestinal à obesidade, DM2 e RI: ➔ A dieta rica em gorduras saturadas muda a composição da flora intestinal, favorecendo a proliferação de bactérias que apresentam mais lipopolis- sacárides na sua membrana. ➔ Essas substâncias podem desencadear um processo inflamatório, estimulando os receptores do sistema imune inato toll like receptors (TLR), presentes na mucosa intestinal. ➔ Em camundongos, foi demonstrado que induzem a expressão de citocinas inflamatórias (TNF-alfa e IL-6) e a RI, além de alterar o metabolismo dos AGL, causando lipotoxicidade e esteatose tecidual (fígado, pâncreas e músculo esquelético). ➔ Quanto à dislipidemia, diante do excesso de triglicerídeos (TG) circulante, seja pelo aumento da ingesta calórica ou pela resistência insulínica, há um estímulo à síntese hepática de lipoproteínas ricas em TG, como as LDL pequenas, densas, e as HDL ricas em TG, que são disfuncionais, sendo excretadas pelos rins. Esses eventos causam hipertrigliceridemia, aumento de LDL e redução das concentrações do HDL, caracterizando a dislipidemia aterogênica. ➔ Na obesidade, há ainda a redução da secreção de adiponectina e aumento de resistina, IL-6, angiotensina I e II, TNF-alfa e aumento do tônus simpático, eventos que também interferem na sinalização insulínica e elevam a pressão arterial. ➔ A hiperinsulinemia compensatória à RI contribui para a retenção renal de água e sódio e hipertensão diastólica, proliferação da camada médio-intimal das artérias e alterações proinflamatórias e protrombóticas, com aumento de secreção de PAI-I e fibrinogênio. Outro fator que contribui para elevar a PA é a apneia obstrutiva do sono, decorrente da hipóxia do sistema nervos. Em síntese: ● Processo cíclico. ● Início com a resistência à insulina (por falha em seus receptores e/ou em sua cascata). ● A resistência → quadro de hiperinsulinemia, por uma tentativa de compensação. ● O aumento nas taxas de insulina → estimula a lipogênese hepática, que promove a→ liberação de ácidos graxos livres. ● Uma vez liberados se depositam na forma de triglicerídeos nos adipócitos, gerando a obesidade visceral, que por si só, libera adipocitocinas (e outros fatores inflamatórios), responsáveis pelo processo inflamatório e estimulação da lipogênese, o que amplifica a ingesta calórica. ● A inflamação causa estresse metabólico, que promove elevação na síntese cortisol pelo córtex adrenal, intensificando ainda mais a resistência à insulina. ● Os principais fatores inflamatórios envolvidos são: Inibidor do ativador de plasminogênio (PAI-1); Fator de necrose tumoral alfa; Interleucina-6 e reagentes da fase aguda (Proteína C-reativa e fibrinogênio. Esses fatores, principalmente PAI-1, promovem o acúmulo de fibrina e a formação de trombos. Também são capazes de agravar a proteinúria e acelerar a perda de néfrons funcionantes, os remanescentes hiperfiltração, e a albumina é secretada. ● A resistência à insulina, após a disfunção das células beta pancreáticas, torna-se Diabetes Mellitus tipo II. ● A hipertensão arterial ocorre pois a resistência à insulina, resulta na redução da produção a liberação do óxido nítrico, além de aumentar a responsividade às vasopressinas e promover uma ação simpática nos rins, consequentemente há reabsorção de sódio e água. ● A dislipidemia é causada pelo acúmulo de LDL circulante, esse tipo de gordura atravessa a camada endotelial dos vasos, promovendo a formação das placas de ateroma, ou seja, a doença cardiovascular aterosclerótica, que causa diversos tipos de complicações cardiovasculares e aumentam o risco para várias doenças, como: acidentes vasculares encefálicos e infarto agudo do miocárdio. ● Foi observado acúmulo de ácido úrico (hiperuricemia) em pacientes portadores de síndrome metabólica, por alterações na absorção e excreção renal deste metabólito. 3- DESCREVER A EVOLUÇÃO DA DISFUNÇÃO CITANDO AS CONSEQUÊNCIAS PARA O ORGANISMO RELACIONADAS ÀS PRINCIPAIS DOENÇAS NA SÍNDROME METABÓLICA . 4- RELACIONAR O ESTILO DE VIDA COM O APARECIMENTO DE DISTÚRBIOS NUTRICIONAIS E METABÓLICOS De acordo com a Organização Mundial de Saúde, os fatores de risco mais importantes para a morbimortalidade relacionada às doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) são: hipertensão arterial sistêmica, hipercolesterolemia, ingestão insuficiente de frutas, hortaliças e leguminosas, sobrepeso ou obesidade, inatividade física e tabagismo. Cinco desses fatores de risco estão relacionados à alimentação e à atividade física e três deles têm grande impacto no aparecimento da síndrome metabólica. A predisposição genética, a alimentação inadequada e a inatividade física estão entre os principais fatores que contribuem para o surgimento da SM, cuja prevenção primária é um desafio mundial contemporâneo, com importante repercussão para a saúde. Destaca-se que o aumento da prevalência da obesidade em todo o Brasil é uma tendência especialmente preocupante do problema em crianças em idade escolar, em adolescentes e nos estratos de mais baixa renda. A adoção precoce por toda a população de estilos de vida relacionados à manutenção da saúde, como dieta adequada e prática regular de atividade física, preferencialmente desde a infância, é componente básico da prevenção da SM. A alimentação adequada deve: • Permitir a manutenção do balanço energético e do peso saudável. • Reduzir a ingestão de calorias sob a forma de gorduras, mudar o consumo de gorduras saturadas para gorduras insaturadas, reduzir o consumo de gorduras trans (hidrogenada). • Aumentar a ingestão de frutas, hortaliças, leguminosas e cereais integrais. • Reduzir a ingestão de açúcar livre; reduzir a ingestão de sal (sódio) sob todas as formas. 5- CARACTERIZAR A GOTA, CORRELACIONANDO COM OS HÁBITOS DE VIDA E ALIMENTAÇÃO NA SUA OCORRÊNCIA + TRATAMENTO Introdução A gota é uma artrite inflamatória de origem metabólica que é causada por: - cristalização dos cristais de urato monossódico mono-hidratado (UMS) nas articulações. → É a doença articular inflamatória mais comum nos homens e em mulheres idosas. → Sua incidência e prevalência estão aumentando a nível mundial. → A gota afeta na sua maioria homens (2-7:1), ocorrendo com maior frequência a partir dos 40 anos. → O desequilíbrio metabólico responsável pela gota é a supersaturação do sangue e dos fluidos orgânicos com o íon urato até o ponto em que a formação de cristais é viável. Em um pH fisiológico e temperatura corporal normal, o urato é considerado supersaturado em concentrações de 6,8 mg/dL ou mais. → Assim, de uma perspectiva biológica, a HIPERURICEMIA é caracterizada por nível sérico de urato superior a 6,8 mg/dL nos homens e nas mulheres. Definição - Artropatia inflamatória - Cristais de urato monossódico -Gota x Hiperuricemia assintomática. Gota é SINTOMÁTICA! - Podagra: crise articular, monoartrite da primeira metatarsofalangeana.- Descrição desde hipócrates. Doença de Charles Darvin, Alexandre o Grande e Isaac Newton - Gota em latim quer dizer “guta”: gotas de veneno- exemplificando as crises dolorosas. Fisiopatologia - Hiperuricemia: (ácido úrico atinge o limite de saturação). - Analogia com o copo cheio de açucar. Dois mecanismos: - Hiperprodução- idiopático, defeito enzimático, alto turn over de ácidos nucleicos (neoplasias, psoríase), dieta rica em proteínas, purinas e frutose, estresse oxidativo (trauma, cirurgia, infecção). -Hipoexcreção renal- (85%) - eliminação renal inadequada, independente da função renal ou misto Classificação: Primária: sem doença associada. Secundária: doença associada a gota ex: neoplasia hematológica. Epidemiologia - 1%-5% de prevalência - Homens 8:1 - 30-60 anos de idade - Mulheres pós menopausa (estrógeno- efeito uricosúrico) Fatores de risco -Genéticos: sexo masculino e HF -Medicamentos: hidroclorotiazida****, ciclosporina, tacrolimo, IECA, pirazinamida, ritonavir -Hábitos de vida: dieta com carne vermelha, frutos do mar, cerveja e destilados → aumento do ácido úrico. -Outros: aumento da idade, menopausa, DRC, sobrepeso, obesidade, ganho de peso, HAS, hipertrigliceridemia, hiperlipidemia. Fatores protetores: café e ácido úrico. Comorbidades - combo: HAS, diabetes, dislipidemia, obesidade. Quadro clínico -Monoartrite/podagra → período intercrítico (assintomático, com durabilidade variável) → crônica: doença renal/tofos subcutâneos - deposição não somente articular. OBS: articulações frias: frio, tolerabilidade do índice de saturação diminui → fácil cristalizar. -Envolvimento renal: litíase ou nefropatia pelo ácido úrico Diagnóstico -Punção da articulação (artrocentese) -Análise, com pesquisa de cristais no líquido sinovial Exames complementares: ● Glicemia de jejum ● Hemoglobina glicada ● Perfil lipídico ● Raio x das articulações acometidas - erosão em saca-bocados- lesão esclerótica- sinal da maçã mordida, região justa articular ● Ácido úrico sérico: 7 mg/dL → define se é hipoexcretor. ● Ácido úrico na urina 24 horas: 300-800 mg→ define se é hipoexcretor. ● Clearence de ácido úrico 6-7 ml/min ● USG de rins e vias. MANTRAS EM GOTA - Na crise o ácido úrico pode ser normal - Comece devagar: alopurinol em doses baixas- espera a crise passar. Alopurinol baixa ácido úrico saguíneo, sendo assim, não usar na crise. - Colchicina é muito boa para gota. Tratamento da crise - AINE + Colchicina ou Prednisona + Colchicina - NÃO INICIAR ALOPURINOL NA CRISE - Se o paciente já toma alopurinol → não mexer. Tratamento ambulatorial - Medidas comportamentais : diminuir ingesta de carnes vermelhas e bebidas alcoólicas - Uricosúricos: Benzobromarona (com exames, abordando a produção ou hipoexcreção) se for hipoexcretor, paciente tem benefício da medicação. Inibe a reabsorção tubular renal do ácido úrico. -Alopurinol: inibidor de produção da xantina oxidase. Caso não for hipoexcretor. Sempre começar com doses baixas. -Colchicina: tratamento profilático com dose menor que a da crise. -Tofo: não cortar, pois pode voltar, as complicações são ruins, pode desenvolver osteomielite. METAS NA GOTA Ácido úrico no tofáceo <5 e no não tofáceo <6 6- DISCUTIR O TRATAMENTO E PREVENÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA NOS SEUS ASPECTOS MEDICAMENTOSOS E NUTRICIONAIS E RELATIVOS AO ESTILO DE VIDA DO PACIENTE PREVENÇÃO A adoção precoce por toda a população de estilos de vida relacionados à manutenção da saúde, como dieta adequada e prática regular de atividade física, preferencialmente desde a infância, é componente básico da prevenção da SM. A alimentação adequada deve: • Permitir a manutenção do balanço energético e do peso saudável. • Reduzir a ingestão de calorias sob a forma de gorduras, mudar o consumo de gorduras saturadas para gorduras insaturadas, reduzir o consumo de gorduras trans (hidrogenada). • Aumentar a ingestão de frutas, hortaliças, leguminosas e cereais integrais. • Reduzir a ingestão de açúcar livre; reduzir a ingestão de sal (sódio) sob todas as formas. A atividade física é determinante do gasto de calorias é fundamental para o balanço energético e controle do peso. A atividade física regular ou o exercício físico diminuem o risco relacionado a cada componente da SM e trazem benefícios substanciais também para outras doenças (câncer de cólon e câncer de mama). Baixo condicionamento cardiorrespiratório, pouca força muscular e sedentarismo aumentam a prevalência da SM em três a quatro vezes. O exercício físico reduz a pressão arterial, eleva o HDL-colesterol e melhora o controle glicêmico. Com duração mínima de 30 minutos, preferencialmente diário, incluindo exercícios aeróbicos e de fortalecimento muscular, o exercício físico previne a SM em uma relação dose-efeito apropriada para o grupo etário. A seguir temos a tabela de exercícios recomendados pela I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e tratamento da Síndrome Metabólica: A melhora de hábitos de vida deve contemplar a redução do tempo de lazer passivo (televisão, jogos eletrônicos, atividades em computadores etc.) O tabagismo deve ser agressivamente combatido e eliminado, pois eleva o risco cardiovascular. Programas educativos que abordem as medidas preventivas em escolas, clubes, empresas e comunidades podem contribuir para a prevenção da síndrome metabólica. TRATAMENTO Tratamento Medicamentoso da Hipertensão Arterial O tratamento medicamentoso da hipertensão arterial na síndrome metabólica tem como objetivo reduzir a morbidade e a mortalidade cardiovascular e renal, além de prevenir o agravamento metabólico. Esses benefícios podem ser alcançados em pacientes tratados com diuréticos, inibidores adrenérgicos, inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA), antagonistas do receptor AT1 da angiotensina II (BRA), antagonistas de canais de cálcio e vasodilatadores diretos. Entretanto, ao término de grande parte dos estudos que avaliaram o controle da pressão arterial (PA), a maioria dos pacientes utilizou associação dos hipotensores. Sendo a síndrome metabólica constituída de inúmeros fatores de risco cardiovascular, deve-se considerar o tratamento farmacológico da hipertensão arterial nela presente a partir de 140/90 mmHg ou 130/85 mmHg na presença de diabetes mellitus. Meta de redução da pressão arterial: inferiores a 130 mmHg/85 mmHg pode ser útil em pacientes com elevado risco cardiovascular. → Pacientes diabéticos, recomenda-se reduções da pressão arterial para níveis inferiores a 130/80mmHg. → Pacientes com proteinúria maior que 1g/24h, cifras inferiores a 120/75mmHg → Para os pacientes portadores de doença cardiovascular estabelecida e com idade superior a 50 anos, recomenda-se atingir essa meta em menos de seis meses. Para isso, pode ser utilizada a maioria dos hipotensores, não havendo diferenças entre eles em relação aos benefícios cardiovasculares. Tratamento Medicamentoso do Diabetes mellitus O diagnóstico de Diabetes Mellitus (DM) deve ser confirmado pela repetição do teste depois de um primeiro com valores alterados, a não ser que haja hiperglicemia inequívoca com descompensação metabólica aguda ou sintomas óbvios de DM. Tratamento Medicamentoso da Dislipidemia Na síndrome metabólica (SM), a dislipidemia caracteriza-se pela presença de níveis baixos de HDL-colesterol e níveis elevados de triglicérides. Embora a elevação do LDL-colesterol não seja considerada como um dos critérios diagnósticos da SM, os portadores desta síndrome apresentam alteração da densidade e do tamanho das partículas dessa lipoproteína, predominando o padrão tipo B (LDL pequena e densa). Esta associação é denominada de dislipidemia aterogênica. Diversos estudos demonstram que os portadores de SM apresentam um risco elevado de doença cardiovascular (DCV) quando comparados àqueles sem SM; o risco individual de eventos dependerá da presença e da intensidade dos diversos componentes desta síndrome e da associação com outros fatores de risco. Estudos prospectivos mostram que o risco de DCV pode aumentar substancialmentedependendo do sexo, da idade e da presença de outros fatores de risco tais como diabetes tipo 2, doença aterosclerótica prévia, níveis elevados de LDL-colesterol, tabagismo e história familiar de doença coronariana precoce. A abordagem dos indivíduos portadores de SM tem como objetivo a prevenção dos eventos cardiovasculares, representados principalmente pela doença arterial coronariana e pelo acidente vascular encefálico. Em relação à dislipidemia, as metas lipídicas a serem alcançadas com o tratamento deverão levar em consideração o risco individual de cada paciente e o custo-benefício do tratamento. Metas lipídicas na síndrome metabólica As metas lipídicas a serem atingidas com o tratamento do paciente portador da SM dependem do risco individualizado. Nos pacientes com concentração de triglicérides 200mg/dL é importante calcular o colesterol não-HDL. Este parâmetro reflete o colesterol carregado pelas lipoproteínas aterogênicas, englobando a LDL, a VLDL e seus remanescentes a serem atingidos são 30mg/dL acima da meta do LDL- -colesterol para cada nível de risco. Exemplo: paciente de alto risco, meta de LDL-colesterol <100 mg/dL corresponde a uma meta de colesterol não- -HDL <130 mg/dL. Importante enfatizar que nos portadores de diabetes mellitus, deve ser obtido o controle glicêmico antes de se atuar sobre os valores de triglicérides e HDL-colesterol. As estatinas devem ser consideradas como medicamentos de primeira escolha no tratamento da dislipidemia da síndrome metabólica devido à existência de maiores evidências relacionando-as à redução da morbi- mortalidade cardiovascular. Contudo, medicamentos como fibratos, ácido nicotínico (niacina), ezetimiba e ácidos graxos ômega-3 também são opções. Cabe ainda ressaltar algumas recomendações importantes quanto ao tratamento hipolipemiante: • Uma vez iniciado o tratamento farmacológico com estatinas esse deverá ser mantido, com raras exceções, de forma permanente. Os benefícios do uso das estatinas serão tanto maiores quanto mais prolongado for o tratamento. • Dosagens de CK devem ser realizadas em um, três e seis meses após o uso das estatinas e fibratos. Caso os pacientes estejam estáveis, podem ser repetidos a cada seis meses. • Dosagens de CK devem ser realizadas antes da utilização da associação das estatinas com os fibratos e em um e três meses após. • Se houver elevação acima de dez vezes o limite superior da normalidade ou em presença de mialgia, mesmo com CK normal, deve-se suspender a medicação ou a associação. • Caso haja elevação das aminotransferases acima de três vezes o limite superior do normal, a medicação também deve ser suspensa. • Deve-se atentar para a possibilidade da presença de hipotireoidismo em portadores de dislipidemias mistas em indivíduos acima de 50 anos, principalmente mulheres. O uso de hipolipemiantes nesses casos associa-se ao risco elevado de miopatia. Deve-se inicialmente controlar o TSH e reavaliar a necessidade de tratamento hipolipemiante, que poderá ser realizado com segurança. Tratamento Medicamentoso e Cirúrgico da Obesidade No tratamento farmacológico recomenda-se o uso de medicamentos nos indivíduos portadores de síndrome metabólica com obesidade (IMC≥30kg/m2) ou com excesso de peso (IMC entre 25 kg/m2 e 30kg/m2) desde que acompanhado de comorbidades e que não tenham perdido 1% do peso inicial por mês, após um a três meses de tratamento não medicamentoso Há, atualmente, cinco medicamentos registrados no Brasil para o tratamento da obesidade: DIETILPROPIONA (ANFEPRAMONA), FEMPROPOREX, MAZIN- DOL, SIBUTRAMINA E ORLISTAT. Contudo, nesses cinco medicamentos os efeitos colaterais são numerosos e o acompanhamento minucioso do paciente é imprescindível. Na maior parte das vezes, os médicos que utilizam fórmulas no tratamento da obesidade prescrevem drogas anorexígenas em doses acima das preconizadas, e não obedecem à Resolução do CFM. Como no Brasil são encontrados vários anorexígenos e em várias dosagens, recomenda-se que não se utilize formulações magistrais no tratamento da obesidade. Já o tratamento cirúrgico da obesidade tem como objetivo diminuir a entrada de alimentos no tubo digestivo (cirurgia restritiva), diminuir a sua absorção (cirurgia disabsortiva) ou ambos (cirurgia mista). Os critérios para a realização das cirurgias bariátricas foram definidos em março de 1991, pelo US National Ins- titute of Health Consensus Develop- ment Conference Panel188 (B, 2A) e esses são: • A cirurgia deve ser considerada para o paciente obeso mórbido (IMC >40kg/m2), ou obeso com IMC >35 kg/m2 desde que apresente comorbidades clínicas importantes, e somente após ter sido submetido a tratamento clínico adequado, mas sem resultados. • O paciente só deverá ser operado se estiver bem informado sobre o tratamento, motivado e apresentar risco operatório aceitável. • O paciente deve ser selecionado para a cirurgia, após cuidadosa avaliação por equipe multidisciplinar especializada e composta por endocrinologistas e clínicos, intensivistas, cirurgiões, psiquiatras ou psicólogos e nutricionistas. • A operação deve ser feita por um cirurgião experiente no procedimento e que trabalhe com equipe e em local com suporte adequado para todos os tipos de problemas e necessidades que possam ocorrer. • Após a operação, deve haver acompanhamento médico de longo prazo. • As mulheres férteis devem ser alertadas de que só poderão engravidar depois da cirurgia quando estiverem com o peso estabilizado e com o seu estado metabólico e nutricional normalizado. 7- MONTAR UM CARDÁPIO PRO SR. PORFÍRIO 8- FARMACOLOGIA DAS MEDICAÇÕES CITADAS NO TEXTO Metformina ● Antidiabético da família das biguanidas com efeitos anti hiperglicêmicos, reduzindo a glicose plasmática pós-prandial e basal. ● A metformina não estimula a secreção de insulina, não tendo, por isso, ação hipoglicemiante em pessoas não diabéticas. → Em diabéticos, a metformina reduz a hiperglicemia, sem o risco de causar hipoglicemia, exceto em caso de jejum ou de associação com insulina ou sulfonilureias. A metformina pode agir através de três mecanismos: 1. na redução da produção da glicose hepática através da inibição da gliconeogênese e glicogenólise; 2. no músculo, através do aumento da sensibilidade à insulina, melhorando a captação e utilização da glicose periférica; 3. no retardo da absorção intestinal da glicose. Atorvastatina ● Estatina inibe a HMG-CoA redutase, uma enzima localizada no tecido hepático, que produz mevalonato, uma pequena molécula usada na síntese de colesterol e outros derivados do mevalonato. ● Isso reduz a quantidade de colesterol produzido, o que, por sua vez, reduz a quantidade total de colesterol LDL. Enalapril ● Enalapril, administrado na forma de maleato de enalapril, é um pró-fármaco utilizado no tratamento da hipertensão, e também em casos de insuficiência cardíaca (IC), sendo que seu mecanismo de ação envolve a inibição da enzima conversora da angiotensina (ECA).[4] É derivado dos aminoácidos L-alanina e L-prolina.[4] Depois de sua esterificação no fígado e rim transforma-se em enalaprilato, que é a forma ativa ● O maleato de enalapril inibe a formação de Angiotensina II, um potente vasoconstritor (substância que diminui o calibre dos vasos sangüíneos e aumenta a pressão arterial), que também estimula a secreção de aldosterona (substância responsável pela retenção de água e sódio no organismo). Portanto, a inibição da ECA resulta em um nível plasmático diminuído de angiotensina II, e como conseqüência, leva à uma diminuição da atividade vasopressora e diminuição da secreção da aldosterona (o que pode resultar em discreto aumento nos níveis séricos do potássio). Atenolol ● O atenolol é um bloqueador beta-1 seletivo, ou seja, ele age predominantemente nos receptores beta-1. O alvo principal da sua ação é o coração. Como resultado do bloqueio dos receptores beta-1, o atenolol promove: Redução da frequência cardíaca. AAS Alopurinol ● Alopurinol inibe a xantina-oxidase, a enzima que catalisa a conversão da hipoxantinaem xantina e a conversão da xantina em ácido úrico, reduzindo as concentrações séricas do ácido úrico. Naproxeno ● O naproxeno é um anti-inflamatório (reduz a inflamação) com ação analgésica (alívio da dor) e antitérmica (reduz a febre). Seu mecanismo de ação envolve a inibição da síntese de prostaglandinas, substâncias envolvidas no processo da dor e inflamação. Referências: Carvalho, Maria Helena Catelli de, et al. "I Diretriz brasileira de diagnóstico e tratamento da síndrome metabólica." (2005). Sherling, Dawn Harris, Parvathi Perumareddi, and Charles H. Hennekens. "Metabolic syndrome: clinical and policy implications of the new silent killer." Journal of cardiovascular pharmacology and therapeutics 22.4 (2017): 365-367. Torley, D., G. A. Bellus, and C. S. Munro. "Genes, growth factors and acanthosis nigricans."British journal of Dermatology 147.6 (2002): 1096-1101. Freitas, Eulilian Dias de, et al. "Síndrome metabólica: uma revisão dos critérios de diagnóstico." Revista mineira de enfermagem 12.3 (2008): 403-411.