Buscar

SÓCRATES

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

SÓCRATES, PLATÃO E ARISTÓTELES
Sócrates (470 – 399 a.C.) foi um filósofo grego que revolucionou o pensamento ocidental.  Ao contrário da maioria dos filósofos antigos, que, para se dedicarem ao ócio filosófico, deveriam possuir posses para não precisarem trabalhar, Sócrates era filho de um artesão e de uma parteira, tendo exercido o ofício do pai em sua juventude e ingressado em campanhas militares em guerras.
Dentre essas, a Guerra do Peloponeso, em que Sócrates lutou em destacamento em 431 a.C e em outro por volta de dez anos depois. Soldado corajoso e de grande resistência física, Sócrates obteve benefícios das características da cultura ateniense para os jovens, envolto na prática de esportes e na formação científica e política, o que conferiu ao pensador a sua personalidade questionadora.
Sócrates ficou conhecido por ter iniciado um período da Filosofia Grega Antiga, o Período Socrático ou Antropológico, que teria surgido como uma nova saída em relação aos estudos dos filósofos anteriores (classificados como pré-socráticos). A filosofia passaria, a partir de então, a abordar questões essencialmente humanas, ou questões advindas das relações humanas e do convívio em sociedade, como a justiça, o bem, a moral e a verdade.
Contam os seus biógrafos que, certa vez, ainda em sua juventude, Sócrates visitou o Templo de Apolo, na cidade de Atenas, onde ficou marcado pelas inscrições entalhadas no pórtico do templo: “conhece-te a ti mesmo”. Essa máxima do autoconhecimento tocou o filósofo, fazendo-o perceber que qualquer conhecimento posterior do mundo requiriria, antes, um conhecimento de si mesmo.
Sócrates afirmava a sua ignorância, dizendo a frase que, segundo ele mesmo, definia-o: “Só sei que nada sei.” Esse reconhecimento de sua ignorância foi uma marca fundamental para estabelecer o seu caráter questionador de sábio, pois o reconhecimento da ignorância leva à busca pelo saber, ao passo que a soberba intelectual leva à estagnação.
Na mesma ocasião de visita ao templo, o jovem pensador consultou o Oráculo de Delfos, que o qualificou como o mais sábio dos homens da Grécia. Isso foi tomado por Sócrates como uma missão – levar a sua sabedoria consigo e adiante.
Sócrates passou a vagar pelas ruas de Atenas conversando com as pessoas, questionando-as e ensinando-as, por meio da prática, o seu método. Hoje, não temos escritos deixados diretamente por Sócrates. O que é conhecido do filósofo são relatos de seus discípulos, principalmente Platão e também Xenofonte.
Também existem relatos de seus detratores, como Aristófanes, um comediógrafo grego que satirizou a imagem de Sócrates em várias de suas peças. Para se moldar à personalidade de Sócrates e reconstruir a sua filosofia, é necessário, então, estabelecer um diálogo intelectual com aqueles que escreveram sobre ele.
Método socrático
Sócrates dizia-se um “parteiro de ideias”. Assim como sua mãe, que trazia bebês ao mundo, Sócrates trazia ideias, mas não dele mesmo, mas, sim, das outras pessoas, que ao conversarem com ele, passavam pelo seu método. Sua missão era, sobretudo, a missão do diálogo, que levava as pessoas à “evidência da própria ignorância: situação que, não sendo ultrapassada, prenderia a alma num estéril engano”[i].
O método socrático de trazer as ideias das pessoas consistia em dois passos:
1. Maiêutica – uma ferramenta retórica/argumentativa que consistia em sucessivas perguntas sobre a essência de algo, sobre o que é algo.
2. Ironia – a resposta, em tom irônico, dada ao interlocutor servia para desconsertá-lo e mostrá-lo que o conhecimento que ele julgava ter estava, na verdade, incorreto.   
O método socrático conferiu ao filósofo o êxito de sua missão: levar a sua sabedoria ao povo ateniense. Ele foi um dos primeiros a tornar a questão pela essência das coisas assunto filosófico e, lutando contra o relativismo sofístico, falou da necessidade de se defrontar, não com as opiniões, mas com a verdade.
Sócrates e a Atenas Clássica
Sócrates nasceu em uma época de ouro em Atenas, tendo vivido as heranças de Sólon e Péricles, a democracia grega e o florescimento cultural e político que tanto ficou conhecido pela posteridade.
Nessa época, a atividade filosófica grega já tinha sido iniciada há alguns anos. Sofistas como Protágoras e Górgias já prestavam seus serviços aos jovens atenienses, e a política era assunto de todo cidadão grego. O sistema político permitia que todos os cidadãos pudessem legislar e participar do judiciário, como membros do júri, o que necessitava de preparo.
Sócrates foi um homem que teve destaque por ter buscado esse preparo. Grande entendedor de política, de filosofia e da sociedade, o pensador beneficiou-se de cada aspecto que a cultura de sua época poderia fornecer aos cidadãos.
Como soldado, também serviu com coragem ímpar as campanhas em que participou, mas a mesma coragem em campo de batalha aparecia em sua imagem na vida pessoal, o que o fez angariar algumas inimizades. “Diante de qualquer forma de governo e de qualquer autoridade constituída, Sócrates prestava primeiro obediência aos ditames de sua própria consciência”[ii].
Despertando a curiosidade e a amizade dos jovens e a ira dos mais velhos, dos políticos e dos mais ricos, Sócrates foi vítima de uma perseguição política, que resultou em uma acusação, nos consequentes julgamentos e na condenação à morte.
Morte de Sócrates
Após gerar incômodos e burburinho entre pessoas influentes em Atenas, Sócrates recebeu uma acusação que partiu, principalmente, do poeta Meleto e do político e orador Anitos. “A acusação era grave: não reconhecer os deuses do Estado, introduzir novas divindades e corromper a juventude”[iii]. Isso significava que o pensador, já passado dos setenta anos de idade, seria julgado por um júri composto por outros cidadãos da pólis, e sua pena seria definida a partir do julgamento.
Os relatos do julgamento de Sócrates podem ser conferidos no diálogo de Platão Apologia de Sócrates e também em Defesa de Sócrates, do também discípulo do pensador, Xenofonte.
No ano 399 a.C., o tribunal dos heliastas, constituído por cidadãos provenientes de dez tribos que compunham a população de Atenas e escolhidos, por meio da tiragem de sorte, reuniu-se com 500 ou 501 membros. Difícil tarefa aguardava os juízes: julgar Sócrates, conhecida mas controvertida figura. Cidadão admirado e enaltecido por alguns – particularmente pelos jovens -, era, entretanto, criticado e combatido por outros, que nele viam uma ameaça para as tradições da polis e um elemento pernicioso à juventude.[iv]
O trecho citado acima reforça a tese de que Sócrates foi julgado e condenado por não se deixar levar pela ordem estabelecida, mas sempre questionar o conhecimento tido como correto.
No tribunal em que o filósofo foi julgado, a defesa ficava por conta do réu. Ao contrário do que muitos réus faziam na época, Sócrates não lançou apelos misericordiosos, utilizando sua posição social, sua família e seus filhos como meio de comover os membros do júri. Essa prática é vista pelo Direito, hoje, como uma tática falaciosa. Trata-se do argumentum ad misericordium, ou apelo para a misericórdia, que não apresenta uma estrutura lógica argumentativa, mas tenta vencer pela emoção.
Sócrates recusou tecer esse tipo de defesa por considerar que um apelo à misericórdia seria quase que uma aceitação da denúncia. Sócrates manteve-se firme em apresentar argumentos que contradissessem as falas de seus acusadores, porém essa atitude não foi suficiente para que o filósofo fosse absolvido.
Condenado pela maioria dos votos, cabia a Sócrates fixar a sua pena. Meleto queria a pena de morte. O exílio, que seria também um exílio político (vida que Sócrates não queria para ele), também foi cogitado. Amigos sugeriram para ele o pagamento de uma multa. Sócrates, porém, não aceitou nem o exílio e nem a multa, pois sua consciência consideraria esse ato uma espécie de aceitação da culpa, que ele julgava não carregar. Ficou definido, então, que sua pena seria a morte.
Após a condenação e a sentença, Sócrates proferiu as seguintespalavras:
– Cidadãos! Tanto aqueles que dentre vós induzistes as testemunhas a perjurarem, levantando falso testemunho contra mim, quanto os que vos deixastes subornar, deveis, de força, sentir-vos culpados de grande impiedade e injustiça. Mas eu, por que haveria de crer-me empequenecido se nada se comprovou do que me acoimam? Jamais ofereci sacrifícios a outras divindades [...]. Quanto aos jovens, seria corrompê-los, habituá-los à paciência e à frugalidade? Atos contra os quais a lei pronuncia a morte, como a profanação dos templos, o roubo com efração, a venda de homens livres, a traição à pátria, meus próprios acusadores não ousam dizer que os haja cometido. Surpreso pois, pergunto a mim mesmo qual o crime por que me condenais à morte. [...] Estou certo que tanto quanto o passado, me renderá o porvir o testemunho de que nunca fiz mal a ninguém, jamais tornei ninguém mais vicioso, mas servia os que comigo privavam ensinando-lhes sem retribuição tudo o que podia de bem.”[v]
Sócrates dizia que, ao conversar com as pessoas pelas ruas de Atenas, ele estava levando a sua missão, com responsabilidade, à frente – aquela missão que ele julgou ter ao conversar com o oráculo, de levar o conhecimento aos outros por ser o mais sábio homem da Grécia.
A virtude, julgava Sócrates, só poderia ser obtida mediante o conhecimento verdadeiro dos conceitos e das essências, e a sua missão era mostrar às pessoas que elas poderiam obter tal conhecimento, começando por um processo de autoanálise que findaria no questionamento e no conhecimento do mundo. Por perturbar a ordem vigente, esse foi o real motivo da condenação e da sentença de Sócrates.
Em 399 a.C., o filósofo recebeu o cálice contendo cicuta, o veneno utilizado para sua execução. Ele mesmo bebeu o conteúdo do cálice e, poucos minutos depois, morreu.
Resumo
· Jovem humilde de Atenas;
· Lutou na Guerra do Peloponeso;
· Foi considerado o mais sábio dos homens da Grécia;
· Foi mestre de Platão;
· Introduziu na filosofia as questões humanas, inaugurando o período antropológico;
· Método: ironia e maiêutica;
· A arte de “parir ideias”;
· Não perguntar pela opinião, mas pela essência;
· O constante questionamento;
· Subversão;
· Acusado por corrupção dos jovens e traição aos deuses;
· Júri para decidir quanto à condenação ou não de Sócrates;
· Recusa do réu por uma defesa convencional;
· Sócrates foi condenado à morte e aceitou a sua sentença.
Frases
Esta frase não é de Sócrates, mas era utilizada por ele como lema para a sua vida e sua filosofia:
 “Conhece-te a ti mesmo e conhecerá o universo e os deuses.”
“Só sei que nada sei.”
“Não penses mal dos que procedem mal, pense que estão equivocados.”
“Em cada um de nós há dois princípios que nos dirigem e governam, cuja orientação que seguimos onde quer que eles podem levar, sendo um o desejo inato pelo prazer, o outro, um julgamento adquirido que aspira a excelência.”
“A admiração é o sentimento de um filósofo, e a filosofia começa pela admiração.”
Platão foi discípulo de Sócrates e um dos mais importantes filósofos da Grécia Antiga. No período antropológico, iniciado a partir das ideias socráticas, Platão destacou-se por ter lançado a sua teoria idealista e por ter deixado escrita a maioria dos textos conhecidos hoje sobre Sócrates.
O idealismo platônico consiste, basicamente, em uma distinção entre conhecimento sensível, inferior e enganoso, que seria obtido pelos sentidos do corpo, e conhecimento inteligível, superior e ideal, que acessaria a verdade sobre as coisas. O conhecimento inteligível seria aquele que permite o nosso acesso ao ser e à essência de algo, que seria imutável, ao contrário da aparência, que pode enganar-nos. O conhecimento inteligível estaria no Mundo das Ideias e das Formas, enquanto o conhecimento sensível estaria em nossa realidade material.
O Mundo das Ideias ou das Formas (que deve ser escrito com letra maiúscula) seria a realidade intelectual, verdadeira, eterna e imutável, que pode ser acessada apenas por meio da capacidade racional do ser humano. Nessa instância, estariam as essências das coisas, os conceitos, as ideias fixas e imutáveis que descrevem essencialmente cada ser ou objeto existente. Já o mundo sensível seria a realidade com a qual nos defrontamos em nosso mundo prático, que experimentamos. Essa realidade sensível é ilusória e enganadora, pois, para usar um jargão popular no qual Platão inspirava-se: as aparências enganam.
Biografia
Platão chamava-se Arístocles. Nascido em Atenas, no ano de 428 a.C., e falecido em 348 a.C., o apelido Platão foi conferido ao filósofo em sua juventude por causa de seus atributos físicos, por ser um homem forte, de ombros largos (a palavra correspondente em grego, Platon, significa “omoplatas largas”, “costas largas”, “ombros grandes”).
Platão era filho de uma família influente politicamente na Grécia (Platão era descendente de Sólon, um dos legisladores e estadistas de maior destaque da política ateniense). Por pertencer a uma família que possuía bens materiais, Platão pôde dedicar-se aos estudos de Filosofia.
Entre 409 a.C. e 404 a.C., Platão lutou na Guerra do Peloponeso, período final das batalhas entre Atenas e Esparta. Tendo sido derrotado (Esparta derrotou Atenas), Platão vivenciou o período denominado Tirania dos 30, quando o regime democrático ateniense deu lugar à tirania oligárquica dos modelos espartanos.
Platão conheceu o filósofo Sócrates, pensador que foi o seu mestre iniciador na Filosofia, mentor intelectual e amigo, em Atenas. A influência de Sócrates sobre Platão é tão grande que a maioria dos textos deixados por Platão é feita de diálogos em que Sócrates é o personagem principal.
Em 388 a.C., onze anos após a morte de Sócrates, Platão fundou a sua escola filosófica: a Academia. Por ser ateniense, o filósofo tinha direitos civis garantidos e podia adquirir terrenos na cidade. Ele escolheu um terreno no interior do parque Academia, dedicado ao herói grego Akademus. Um lugar onde os jovens reuniam-se para discutir política e praticar exercícios físicos, a Academia era uma espécie de retiro tranquilo e politicamente efervescente dentro da cidade, tendo uma vasta área verde e dois templos.
Principais ideias
→ Dialética
A dialética platônica, de inspiração parmenidiana, era uma técnica de extração de uma conclusão (síntese) com base em duas ideias opostas (tese e antítese).
→ Idealismo
O idealismo platônico é o que há de mais marcante em sua obra. Com base na noção de que o conhecimento das Ideias ou Formas puras, imutáveis e perfeitas é o único conhecimento verdadeiro (obtido pelo intelecto), o filósofo afirmou que o nosso conhecimento sobre a matéria (obtido pelos sentidos) é enganoso.
Aquilo que conhecemos por meio de nossos sentidos corpóreos são meras ilusões causadas por nossos órgãos do sentido, portanto, são conhecimentos inferiores. O conhecimento ideal estaria, segundo o filósofo grego, no Mundo das Ideais, estância metafísica racional que só poderia ser alcançada por nosso intelecto. Hoje, utilizamos a expressão “amor platônico”, que se refere a um tipo de amor que nunca se concretiza, ou seja, é ideal.
→ Política
Para Platão, existem três tipos de caráter que moldam as almas das pessoas. Cada tipo, em sua teoria política, deveria ocupar o seu respectivo cargo na sociedade, a fim de formar uma organização perfeita da pólis:
Caráter concupiscível: mais ligado à liberdade e aos desejos, é o caráter de pessoas mais afeitas ao trabalho manual e artesanal.
Caráter irascível: por serem dominadas por impulsos de raiva, essas pessoas estariam aptas ao serviço militar.
Caráter racional: esse tipo de caráter estaria, para Platão, mais próximo da racionalidade e, concomitantemente, da justiça, o que conferiria às pessoas que o têm a capacidade de governar, ou seja, de atuar na política.
Obras
A maior parte dos escritos de Platão é composta pelos diálogos socráticos, em que o seu mestre, Sócrates, é a figura central. Em geral, os diálogos falam sobre um determinado tema, mas sem grandes delimitações ou especificações,podendo falar sobre outros assuntos.
Temos conhecimento, hoje, de 35 diálogos deixados por Platão. Abaixo, estão listados os principais textos e suas características gerais:
1. Apologia de Sócrates: escrito após a morte de Sócrates, o texto narra os últimos momentos do mestre de Platão, quando foi acusado de corrupção da juventude de Atenas, julgado e condenado à morte.
2. Láques, ou Da coragem: o livro traz uma nova concepção de coragem ao cidadão grego, antes habituado à concepção heroica relacionada a Aquiles e Ulisses, por exemplo. Agora, a concepção de heroísmo ganha uma conotação de ação moralmente equilibrada e justa.
3. Hípias menor: diálogo em que são tratadas as noções de verdade, mentira e justiça.
4. Hípias maior: nesse texto, Platão expõe as suas concepções sobre o belo e as artes.
5. Górgias: livro que fala sobre a Retórica, tomando como interlocutores principais Sócrates e o sofista Górgias.
6. Fédon: diálogo em que Platão expõe a sua concepção de alma, de reencarnação e assuntos em relação à constituição metafísica do homem.
7. O Banquete: nesse livro, Platão utiliza a figura de Sócrates para falar sobre o bem e o amor ideal.
Relação entre Platão, Sócrates e Aristóteles
Platão foi discípulo de Sócrates. As ideias socráticas marcaram a trajetória intelectual de Platão, que, por sua vez, foi mestre de Aristóteles. Aristóteles foi fortemente influenciado por Platão, mas não se manteve na mesma linha de pensamento de seu mestre, tendo modificado e discordado de muitas teorias platônicas.
A República
“A República” foi escrita, mais ou menos, por volta de 380 a.C. A obra é dividida em dez livros, todos escritos na forma de diálogos em que Sócrates ocupa o lugar de personagem principal. Por meio desses diálogos, Platão apresenta as suas teses sobre a política e o que ele considera como justiça, enquanto conceito puro, eterno e imutável.
Sócrates partiu em busca do entendimento do conceito de justiça para achar o modo perfeito de governo. Por apresentar um modo perfeito de governo, baseado no idealismo, “A República” pode ser considerada a primeira utopia política do Ocidente.
Uma das mais comentadas passagens dessa obra está localizada no livro VII, no qual Platão apresenta a sua tão comentada Alegoria da Caverna, diálogo em que Sócrates apresenta aos interlocutores uma história alegórica para explicar a superioridade do conhecimento advindo do Mundo das Ideias e do raciocínio intelectual.
Frases
“As cidades somente alcançarão a felicidade se os filósofos se tornarem reis ou se os reis se tornarem filósofos.”
“Tente mover o mundo, mas comece movendo a si mesmo.”
“Não eduques as crianças nas várias disciplinas recorrendo à força, mas como se fosse um jogo, para que também possas observar melhor qual a disposição natural de cada uma.”
“Muitos odeiam a tirania apenas para que possam estabelecer a sua.”
“Boas pessoas não precisam de leis para obrigá-las a agir responsavelmente, enquanto as pessoas ruins encontrarão um modo de contornar as leis.”
Resumo
· Jovem ateniense de família aristocrática.
· Praticante notável de esportes e interessado por política.
· Discípulo de Sócrates.
· Escreveu os diálogos socráticos, as principais fontes de conhecimento sobre os pensamentos de seu professor.
· Fundou a Academia, instituição de ensino de Filosofia e Política para os jovens atenienses.
· Escreveu “A República”, primeira grande utopia política ocidental.
· Fundou o Idealismo, doutrina filosófica que atribui ao conhecimento meramente racional e às Ideias a centralidade na busca pela verdade sem possibilidade de erro.
Aristóteles operou significativas mudanças na Filosofia Antiga, produzida na região da Grécia. Tal produção filosófica já havia passado pelos períodos cosmológico (pré-socrático) e antropológico (socrático) e iniciava, então, o seu período sistemático.
Os estudos aristotélicos influenciaram pensadores medievais da Escolástica, principalmente Alberto Magno e Tomás de Aquino. Também foram influenciados por ele filósofos empiristas da Modernidade, que retomaram a ideia de que o conhecimento também é obtido por meio da prática, operando uma radical e mais completa elaboração da tese do conhecimento como fruto dos sentidos corpóreos e das experiências práticas. Aristóteles também estudou Lógica, Metafísica, Política, Ética, Ciências Naturais (tendo escrito tratados sobre Biologia e Física), Retórica e Estética.
Quem foi Aristóteles?
Aristóteles nasceu na cidade de Estagira, na Macedônia, em 384 a.C. Foi um dos três grandes filósofos da Grécia Antiga, tendo convivido e estudado com Platão. Sabe-se que, em sua juventude, teve uma sólida formação em ciências, o que influenciou bastante a sua produção filosófica. Ainda jovem, o filósofo foi para Atenas, onde conheceu o seu mestre Platão e foi estudar na Academia — centro de estudos e discussões sobre Filosofia e Política fundado pelo professor de Aristóteles nos arredores de Atenas.
Após anos de estudos na Academia, Aristóteles passou a lecionar na instituição, aprofundando-se em seus estudos sobre temas da Filosofia Platônica (de forte inspiração socrática) — que iam de conhecimentos de Ética e Política até questões como o conhecimento da verdade e a formação das ideias. Na medida em que estudava tais temas, Aristóteles formulava as suas próprias teorias, o que o levou a um afastamento intelectual das ideias platônicas e marcou uma cisão muito grande dele com o seu mestre, representada na valorização do conhecimento empírico.
Contam as suas biografias que, na ocasião da morte de Platão, Aristóteles (que já lecionava há muito tempo na Academia) esperava um cargo de gestão na instituição de ensino. Ao não receber esse cargo, o pensador desligou-se da Academia e partiu de Atenas para a cidade de Artaneus, na Ásia Menor, tornando-se consultor e conselheiro político entre os anos de 347 e 343 a.C.
Nesse último ano, ele resolveu retornar à Macedônia e, na ocasião, tornar-se preceptor de Alexandre, herdeiro do império macedônico. Em 335 a.C., na ocasião da posse de Alexandre como imperador devido à morte de seu pai, Aristóteles seguiu de volta para Atenas e fundou, em um local próximo à cidade, o seu Liceu — um centro de estudos de filosofia e esportes para os jovens atenienses.
Principais ideias
→ Sistematização
Antes de Aristóteles, os estudos de Filosofia compreendiam uma mistura de Astronomia, Física, Matemática, Cosmologia, Política, Ética, Estética, Retórica, entre outras áreas do conhecimento. O filósofo foi o primeiro a classificar e a sistematizar essas áreas, desenvolvendo estudos específicos sobre cada tema.
→ Política e Ética
Aristóteles foi um defensor do sistema político democrático pelo qual Atenas já havia passado, tendo escrito um livro sobre isso. Também escreveu tratados de Ética, em que afirmava a necessidade da busca de uma moderação das ações humanas baseada na prudência, para que a vida em sociedade levasse os cidadãos à felicidade.
→ Metafísica
Tendo aprimorado os estudos platônicos sobre o assunto e, em certa medida, afastando-se um pouco das ideias de seu mestre, Aristóteles escreveu um tratado de dez livros chamado “Estudos de Filosofia Primeira”, que, mais tarde, seria conhecido por “Metafísica”. Esses estudos, segundo o próprio filósofo, tratavam sobre o ser em geral, ou seja, seriam uma espécie de ciência geral, mãe de todas as ciências.
→ Lógica
Aristóteles fundamentou as primeiras noções da Lógica Clássica, baseada na argumentação e na Retórica. Em seus estudos, que buscavam algumas noções metafísicas, como a divisão das categorias do que se fala, ele buscou uma forma de linguagem que fosse formalmente válida e que buscasse argumentos que fossem fundamentados em premissas. Surgiu aí a noção de silogismo.
→ Empirismo
Sendo o primeiro filósofo a fundamentar a necessidade do conhecimento prático advindo da observação e da atenção aos sentidos do corpo, Aristóteles deixou em seu legado intelectual o conhecimento empírico, que mais tarde ressoaria na Filosofia Escolástica e na Filosofia Moderna, chamando a atenção dospensadores para o entendimento dos efeitos do mundo com base em suas causas.
Isso representou um afastamento do modelo de conhecimento platônico, baseado na busca intelectual pela Ideia, que seria pura, eterna e imutável. Platão considerava que o conhecimento advindo dos sentidos seria imperfeito e enganador. Na pintura apresentada abaixo, o pintor renascentista Rafael Sânzio mostra essa discordância entre os dois pensadores ao compor a cena com Platão apontando para cima, como quem aponta para o Mundo das Ideias, e Aristóteles com a mão espalmada para o chão, como quem defende que o conhecimento está aqui, no mundo material.
Obras
Das 22 obras deixadas por Aristóteles, especula-se que algumas podem ter sido, na verdade, compilações e anotações de seus alunos do Liceu tiradas durante as aulas do mestre. Os historiadores não sabem, ao certo, a autoria correta dessas obras, com exceção das principais.
A seguir, estão selecionados alguns dos principais escritos de Aristóteles:
· Metafísica: conjunto de dez livros, escritos como “Estudos de Filosofia Primeira” e reunidos e renomeados mais tarde por Andrônico de Rodes como “Metafísica”. Tratavam de um conhecimento geral sobre o ser e como o conhecemos, ou seja, uma espécie de ciência geral que tinha como objeto o próprio ser e não recortes dele (como a Matemática é um recorte do ser que estuda apenas as relações numéricas — uma parte de todo o ser).
· Categorias: pequeno livro sobre Lógica que apresenta a necessidade da classificação e separação de conceitos diferentes para o tratamento de assuntos diferentes, a fim de que equívocos sejam evitados. Seria uma espécie de distinção das diversas categorias do pensamento.
· Physica: tratado de oito livros com observações de Aristóteles sobre a Ciência da Natureza.
· Da alma, ou Sobre a alma: escritos sobre a noção dos antigos de alma, que equivale, para nós, à noção de mente. O filósofo trata de assuntos relacionados a como o ser humano constitui-se com base em sua personalidade e a como essa alma atua na distinção entre nós e os outros animais.
· Ética a Nicômaco: livro que fala sobre Ética expondo as noções de virtude, racionalidade prática (uma racionalidade voltada para o cotidiano e o convívio político) e eudaimonia (uma noção dos gregos antigos de que haveria um guia — a consciência — para as nossas ações).
· Política: livro em que o pensador defendeu as suas teses sobre a organização política das cidades, baseada na ação ética individual e no exercício da democracia, além de um conjunto de fatores que levariam os cidadãos à vida perfeita.
Frases
“O belo é o esplendor da ordem.”
“O homem é, por natureza, um animal político.”
“O homem é um animal de linguagem.”
“Nada do que existe em potência torna-se ato senão por algo que já existe em ato.”
Resumo
· Nasceu em Estagira, na Macedônia.
· Interessou-se por Ciências da Natureza.
· Foi discípulo de Platão, aluno e professor da Academia.
· Foi professor do imperador Alexandre, o Grande.
· Fundou a sua escola filosófica em Atenas, o Liceu.
· Sistematizou e separou o conhecimento filosófico da Antiguidade.
· Escreveu sobre diversos assuntos, como Ética, Política, Ciência, Metafísica e Lógica.

Outros materiais