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ARQUITETURA E MEIO AMBIENTE: BIOCLIMÁTICA, ECOLÓGICA, SUSTENTÁVEL E HOLÍSTICA DISCIPLINA: TÓPICOS ESPECIAIS DE ARQUITETURA I ALUNOS: NAYARA PEREIRA LÁZARO PEDRO MONTEIRO PROF.: RAFAEL AUGUSTO SILVA FERREIRA 2 LIVRO: A CONDIÇÃO CONTEMPORÂNEA DA ARQUITETURA, MONTANER ,JOSEP MARIA. 2015. CAPITULO: VIII – ARQUITETURAS DO MEIO AMBIENTE (pág. 107 a 116) 3 “Depois de experiências pioneiras em meados do século XX, nas últimas décadas diferentes tipos de arquiteturas ecológicas e sustentáveis aconteceram, desde os primeiros protótipos experimentais as vezes pitoresco, da década de 1970, estão os bairros ecológicos contemporâneos, a propostas arquitetônicas ecológica e tecnológica, denominada ECHOTECH, da década de 1990. Este complexo processo de arquiteturas firmemente relacionados ao meio ambiente, bioclimático e holístico, foi desenvolvido em direções muito diferentes. Hoje podemos dizer que, dos primeiros exemplos arquitetura icônica e moderna acabaram na década de 1960 impulsionando uma cultura de consumo, edifícios climatização artificial, algumas formas também definido como abstrato, restrito e simplificado em contradição com aqueles que, mais tarde, foram os critérios de uma arquitetura versátil e resiliente, de acordo com o meio ambiente e isso teve que ser repensado para ser sustentável.” Texto: ‘La Condión Contemporeánea de la arquitectura’. Capitulo: Arquitecturas medioambientales. MONTANER ,JOSEP MARIA. 2015 Centro de Exibições Nanjing Eco-Tech/ NBBJ + Jiangsu Provincial Architectural Design & Research Institute Ano: 2016 NANJING, CHINA Conjunto Nacional / David Libeskind Ano: 1955 SÃO PAULO, BRASIL. INTRODUÇÃO CONCEITOS 4 BIOCLIMÁTICA SUSTENTABILIDADE HOLÍSTICO DE UMA ARQUITETURA BEM RELACIONADA COM O MEIO BIOCLIMÁTICA Segundo MONTANER, a arquitetura bioclimática é: “Aquela que, tradicionalmente, foi construída com materiais locais e foi integrada ao ambiente, seguindo a inspiração na arquitetura popular. Eles podem ser entendidos como arquitetura e urbanismo ecológicos, esses projetos e realizações que vão na direção do reequilíbrio ecológico, no sentido da ciência ecológica, fundada por Ernst Haeckel e Charles Darwin no século 19: que leva em conta os ecossistemas.” 5 Residência Holmberg / Estudio Borrachia Ano: 2016 BELGRANO, ARGENTINA ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA 6 A Arquitetura Bioclimática é o estudo que busca a harmonização das construções ao clima e características locais. Manipula o desenho e elementos arquitetônicos a fim de otimizar as relações entre homem e natureza, tanto no que diz respeito à redução de impactos ambientais quanto à melhoria das condições de vida humana, conforto e racionalização do consumo energético. Os princípios bioclimáticos, quando partem de um entendimento concreto das condições geográficas e climáticas do local, podem otimizar de forma notável o desempenho dos edifícios e fomentar o desenvolvimento de melhores espaços internos nos projetos. As estratégias passivas, como o controle da radiação solar, a recuperação da água da chuva, o aproveitamento da iluminação natural e da ventilação cruzada, o tratamento e reuso de águas cinza, além da coleta de energia solar, são ferramentas que permitem obter um conforto térmico e ambiental maior, com baixos custos energéticos. Residência Holmberg / Estudio Borrachia Ano: 2016 BELGRANO, ARGENTINA SUSTENTABILIDADE Segundo MONTANER: • “O conceito de sustentabilidade é bastante recente e foi definido em 1987 pela Comissão Brundtland ou Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no relatório Nosso Futuro Comum, onde o desenvolvimento sustentável foi definido como aquele que "atende às necessidades da geração presente sem comprometer a capacidade de que gerações futuras possam cobrir as suas”. • Seu objetivo é o melhoria da qualidade de vida humana, um modo de vida responsável dentro da capacidade dos ecossistemas que suportam a vida. Para isso, a Cúpula da Terra do Rio de Janeiro (1992) conceituou os indicadores de sustentabilidade e propostas de Agendas”. 7 Tripé da sustentabilidade ARQUITETURA SUSTENTAVEL 8 Movimento que surgiu no final da década de 80 início de 90, e concentra- se na criação de uma harmonia entre a obra final, o seu processo de construção e o meio ambiente. É UM PROCESSO A SER SEGUIDO AMBIENTAL + ECONÔMICO + SOCIAL = EQUILIBRIO Pretende evitar, em cada um dos passos, agressões desnecessárias para o ambiente, otimizando processos de construção, reduzindo os resíduos resultantes, e diminuindo os consumos energéticos do edifício. Tem, ainda, como objetivo, que a construção atinja um nível de conforto térmico e de qualidade do ar adequados, reduzindo, assim, a necessidade da utilização de sistemas de ventilação ou aquecimento artificiais. Residência Holmberg / Estudio Borrachia Ano: 2016 BELGRANO, ARGENTINA Água + Energia + Materiais Ecológicos + Resíduos Conscientização e disciplina dos usuários + Respeito ao meio ambiente + contribuição para gerações futuras + Melhor Qualidade de vida Menor impacto ambiental + Menor custo operacional + economia dos recursos + maior vida útil da construção SISTEMAS IMPACTOSOBJETIVOS Casa em Samambaia / Rodrigo Simão Arquitetura Ano: 2014 PETRÓPOLIS, BRASIL HOLÍSTICA Segundo MONTANER, cita: • “O holístico, definido pelo político, militar, naturista e filósofo sul-africano Jan C. Smuts (1870-1950) em seu livro Holism and Evolution, se refere a uma concepção que busca a integração de todos os fatores ecológicos, físicos, emocionais e mentais, mesmo aqueles não visíveis, como saúde, liberdade, sentimentos ou felicidade”. 9 Complexo autossuficiente GEODA/Luis de Garrido Ano: 2010 Mondragon. Espanha ANALOGIA DO TEMPO: O espaço arquitetônico altera diretamente a qualidade da experiência do ser humano no seu interior, o mesmo irá influenciar, também, na maneira como percebemos a passagem do tempo em cada ambiente. Sabemos que, determinados elementos físicos como a luz, influem biologicamente em nossos relógios internos e que a manipulação das aberturas dos espaços e a iluminação artificial influenciam nos ciclos de atividade e repouso dos usuários. Entretanto, podemos ir muito mais além, pois a quantidade de aspectos e fatores que alteram substancialmente a nossa experiência em uma edificação são muitos, e podemos citar alguns como a altura do pé direito, as cores, as formas, as texturas, a temperatura, as dimensões , o cheiro, o som, os objetos e muitos outros , alguns mais ou menos subjetivos. ARQUITETURA HOLÍSTICA 10Centro Holístico Punto Zero/ Dio Sustentable Ano: 2011 PUTAENDO, CHILE O termo holístico provém do grego “holos”, que significa totalidade. Holismo = uma forma de se perceber o mundo a partir de um olhar sobre o todo = Analítica: separa esse todo em partes e as estuda individualmente. Quando a arquitetura incorpora esse campo holístico, ela torna-se capaz de compreender como as partes que compõem a ciência do design interagem entre si e como o homem interage com o design e vice-versa. Isso porque, estamos em constante troca energética com o espaço, emanando e recebendo estímulos. Assim, a arquitetura holística tem a função de reequilibrar as qualidades energéticas do espaço e, com isso, proporcionar espaços saudáveis e que curam. SENSORIAL 11 ARQUITETOS E PROJETOS 12 Shigeru Ban - Tecnologia socializada Shigeru Ban, nascido em 5 de agosto de 1957, é um arquiteto japonês vencedor do Prêmio Pritzker 2014 por sua significativa contribuição às inovações na arquitetura e filantropia. Sua habilidade de em aplicar conhecimentos convencionais em diferentes contextos resultou uma obra caracterizada pela sofisticação estrutural e uso de técnicas e materiais pouco convencionais. Os projetos de Ban focam em abordagens experimentais em relação aos materiais e sistemas construtivos. Em muitos caos, usa materiais comuns, como papel, madeira, tecido e contêineres de carga, para compor edifícios extraordinários.13 Para exemplificar e ilustrar o pensamento de Shigeru Ban, foram escolhidas 03 obras de décadas distintas (1990, 2000 e 2010) e situadas em contextos bastantes diversos, são elas: • Kobe Paper Log Houses (1995 Japão) • Centre Pompidou-Metz (2006/10 França) • Christchurch Cardboard Cathedral (2011/13 Nova Zelândia) Obras 14 • O início da atividade filantrópica de Shigeru Ban foi um resposta à falta de políticas sociais no Japão para aliviar o efeitos do terremoto e uma aplicação social de sua invenção de pilares de papel reciclado de espessura e diâmetro variáveis (PTS: Série de tubos de papel). Suas casas de emergência de 16 m2 em Kobe E dois mil dólares de custo, eles têm uma base de engradado de cerveja plástico cheio de areia, paredes de tubo de papel e o falso telhado e telhado de lona Kobe Paper Log Houses 15 • Paredes realizadas em tubos de papelão • Preocupações com conforto térmico, esponja autoadesiva a prova d’agua fixada entres os tubos • Fundações em caixas de cerveja, preenchidas com sacos de areia • Piso em madeira compensada • Teto e cobertura compostos por membrana de PVC • Custo aproximado de 2.000,00 dólares Kobe Paper Log Houses 16 17 Centre Pompidou-Metz Arquitetos: Shigeru Ban Architects Área: 11330 m² Ano: 2010 • Partido baseados em volumes simples dispostos em três dimensões e com circulação clara, entre eles janelas envidraçadas emolduram vistas para pontos turísticos • Térreo composto por estúdio de criação, restaurantes, escritórios, auditórios, livraria, café e balcão de informações turísticas • Cobertura em forma de hexágono (inspirada em chapéu chinês) feita com treliças de madeira e membrana têxtil de fibra de vidro e teflon • Fachadas compostas por persianas de vidro facilmente removidas, não havendo a presença de muros e outras barreiras 18 19 • Também em 1995, construíram a Igreja Católica de Kobe com tubos de papel e painéis de policarbonato com suporte da ONU e Vitra, e tornou-se um símbolo de reconstrução que transcendeu sua natureza efêmera. A igreja de papel é uma metáfora para o natureza, uma floresta enevoada atravessada por raios de luz e uma demonstração de solidariedade Christchurch Cardboard Cathedral 20 Localização: Christchurch (Nova Zelândia) Área do projeto: 775m² Data do projeto: 2011 Data de construção: Julho/2012 A Agosto/2013 • Capacidade para 700 pessoas • Forma inspirada nas elevações da antiga catedral arruinada após terremoto em 2011 • Estrutura simples em forma triangular, com 98 tubos de papelão (recobertos com poliuretano) de mesmo tamanho, apoiados em fundações de concreto e sobre oito contêineres de aço • Contêineres: escritórios, banheiros e capelas • Tornou-se um dos principais símbolos do renascimento da cidade Christchurch Cardboard Cathedral 21 22 Complexo Escolar Cornebarrieu Duncan Lewis Scape - Meio ambiente •Arquitetos: Duncan Lewis Scape Architecture •Área: 3600 m² •Ano: 2005 23 • A Escola Cornebarrieu é provavelmente uma das primeiras escolas na França a responder ao problema atual das mudanças climáticas no mundo. A sua construção sustentável centra-se nas questões ecológicas, sociais e económicas de um edifício, no contexto de um ambiente de aprendizagem para crianças. Aqui, ao invés de falar de um único edifício, estamos desenvolvendo a arquitetura como um ambiente. • 500 árvores com mais de 9 metros de altura foram plantadas e organizadas de forma a permitir que as diferentes funções da escola se organizassem em torno, por baixo, por dentro e por cima desta nova paisagem. A presença das árvores oferece um microclima para esse ambiente de aprendizagem, baixando a temperatura externa em mais de 3 ° C por meio da sombra e do processo de fotossíntese por evapotranspiração. As paredes das salas de aula foram desenvolvidas com membrana translúcida para que as crianças tenham o máximo contacto visual com o exterior, produzindo uma luz natural de elevada qualidade no interior dos espaços de trabalho com o máximo conforto térmico. • A posição deste projeto é simples e minimalista. Baseia-se na noção espacial de sequências e filtros. Este projeto joga com as complexas interações entre o mineral e o vegetal, entre as cores do solo e a natureza circundante que se unem. • Para reforçar a presença da sombrinha vegetal, foram introduzidos milhares de trepadeiras no segundo nível do colégio, reforçando a sombra geral do colégio enquanto se espera o crescimento das árvores. 24 • O movimento fluido das crianças entre o interior e o exterior era uma prioridade. O trabalho está focado na qualidade do ar, na luz, na transparência das fachadas e na mudança de cores proporcionada pelas folhas. O telhado vegetal atua como uma importante tela bioclimática. A simbiose entre a escola e a paisagem tem uma forte dimensão educativa no dia a dia das crianças na escola, que até ajudaram a desenhar as fachadas coloridas da sua escola. • Filas de árvores organizam as galerias internas, banhadas pela luz zenital. Outras árvores são revestidas de moldes transparentes, aproveitando os recursos climáticos exteriores. As crianças sentem todas as sensações das árvores vivas no coração da escola. • É tudo uma questão de ir e vir entre verdadeiro e falso, opaco e legível, oculto e óbvio. A natureza não é um álibi ideológico nem estético para vestir a arquitetura. A modernidade separou a humanidade de seu entorno. É necessário recriar e reconstruir os laços entre o homem e o seu contexto, onde o tempo nunca se congela, onde abrimos caminho para os nossos sonhos. 25 26 27 28 • No campo do ativismo radical e ecológico se destaca Sarah Wigglesworth (1957), cuja obra arquitetônica, casa de estudo de fardos de palha (Islington, 2001), é construída baseado em fragmentos, onde predominam a madeira, a pedra e materiais reciclados. O trabalho é baseado nos princípios de diversidade e inclusão, reciclagem, montagem e evolução no tempo, com a intenção de que todos os materiais os funcionários são baratos e acessíveis, naturais e saudáveis, escolhidos do ponto de vista da sustentabilidade. Sarah Wigglesworth - Ativismo radical e ecológico 29 Casa de palha e saco de areia em Londres, Inglaterra • Este projeto dos arquitetos Sarah Wigglesworth e Jeremy Till, é uma das primeiras construções com palha em um ambiente urbano. • A construção com fardos de palha teve origem em Nebraska, há aproximadamente um século, mas somente há 15 anos seu uso começou a se espalhar pelo resto do mundo. Esta antiga técnica consiste em empilhar fardos de palhas, como se fossem grandes blocos de construção, garantindo a estrutura e isolamento, em seguida, aplica-se cal nas partes internas e externas. • A palha é uma matéria-prima agrícola que permite construções rápidas e baratas. É um material renovável e reciclável, com muito pouco impacto ambiental e com boas propriedades térmicas e acústicas. Sarah Wigglesworth - Ativismo radical e ecológico 30 1. Construção a base de fardos de palha e sacos de areia; 2. Telhado verde; 3. Como a construção esta localizada próximas a trilhas de trens, para atenuar o barulho dos trens, o muro próximos as vias ferroviárias foram revestidos por um empilhamento de sacos recheados com uma mistura de areia, cimento e cal; 4. Chaminé de ventilação acima da despensa; 5. Ventilação natural por efeito da chaminé na torre da biblioteca; 6. Painéis fotovoltaicos; 7. Pilares de gabiões com blocos de concreto reciclados; 8. Ranhuras para deixar o ar fresco entrar; 9. Vidros duplos de alto desempenho na fachada sul; 10. Reúso de água cinza; 11. Horta. Algumas propostas ecológicas da residência 31 32 33 • Anna Heringer (1977) dedicou muito de seu trabalho a construir arquitetura social e sustentável em Bangladesh. Escola METI (Rudrapur, 2005-2006, em colaboração com Eike Roswag) foi reconhecido por ter alcançado um trabalho especialmente bonito e harmonioso construído commateriais e técnicas locais. Com dois pisos, com paredes de terra e palha, bambu e tecido colorido, esta arquitetura bioclimática foi construída por vinte e cinco trabalhadores da comunidade local, treinados para aprimorar suas habilidades Anna Heringer 34 • Com 325 m² de construção, a obra coordenada pelos arquitetos especialistas em construção com terra, Anna Heringer da Áustria e Eike Roswag da Alemanha, adaptaram suas técnicas à mão de obra local, com o intuito de melhorar o nível da habitação rural. • A base do edifício, à prova de umidade, foi feita com tijolos com profundidade de 50 centímetros. • As paredes estruturais do piso térreo, erguidas com a técnica chamada de Cob-walling, própria para autoconstrução, foram feitas com terra molhada e palha de arroz, aplicadas em camadas de 70 centímetros de altura. • Após a secagem o barro excedente é cortado com uma pá afiada para obter uma superfície regular. • As janelas foram moldadas com uma argamassa de cal e as grades feitas com bambu. As paredes espessas com acabamento natural em terra, garantem uma temperatura confortável para o edifício. A iluminação e a ventilação natural, podem ser reguladas através de cortinas. • A laje do piso superior foi feita com três camadas de bambu, dispostas perpendicularmente um ao outro, preenchidas com barro e palha, assim como a superfície do chão do piso térreo. • As paredes foram construídas em armação de bambu. A cobertura de zinco é sustentada por vigas e estruturas de bambu dispostas na vertical e diagonal 35 • Em 2007, a METI School ganhou o Prémio Aga Khan de Arquitetura. O evento acontece a cada três anos, onde seleciona os projetos que estabelecem novos padrões de excelência em arquitetura como práticas de planejamento, preservação histórica e paisagismo. •O Prêmio visa identificar e encorajar conceitos de construções que abordam com sucesso as necessidades e aspirações das sociedades em todo o mundo. 36 37 38 39 O conceito de Ecovila consiste basicamente em um modelo de sociedade sustentável, tanto no que diz respeito a manutenção do ambiente, quanto a felicidade e liberdade de seus indivíduos. São comunidades urbanas ou rurais que tem como ponto em comum a integração da sociedade com uma realidade harmônica e natural. Nessas “sociedades alternativas”, práticas como produção local de alimentos, utilização de sistemas de energias renováveis, respeito ao meio ambiente, liberdade religiosa e cultural, economia solidária, cooperativismo e rede de trocas são as características mais marcantes dos microbairros e contribuem para uma vida muito mais feliz, diferente, muitas vezes, do cotidiano de uma metrópole. Ecovilas 40 • A localidade, uma das mais famosas e antigas do mundo nesse estilo, tem cerca de 1.000 moradores e existe desde 1985, com o objetivo de ser totalmente amiga da natureza. A ideia de criar o lugar foi do casal Peter e Eileen Caddy e sua amiga Dorothy Maclen, num acampamento de trailers, em 1963, para propagar uma “filosofia de amor incondicional”. • Para isso, as casas de Findhorn são construídas de modo a gerar o menor impacto possível. São usados materiais reaproveitados, como antigas barricas de carvalho para curtir whisky, além da adoção de técnicas de aquecimento solar da água, telhados verdes e banheiros secos. Para tratar a água, se utiliza o sistema de permacultura, em que filtros de raízes das plantas absorvem as impurezas e devolvem água limpa para o mar ou a reaproveitam. A energia vem de turbinas eólicas da própria ecovila. • Além de tudo, Findhorn tem 40 micro e pequenas empresas na área de construção, alimentação, cerâmica, tecelagem e até uma fábrica de painéis solares. Outro bom exemplo é o sistema de transporte: os carros que circulam no local são comunitários. Os moradores fazem uma escala para o uso, sem esquecer de dar carona aos outros, para nunca sair com lugares sobrando nos automóveis. Essas ruas são seguras às crianças e privilegiam os pedestres e ciclistas. Findhorn, a primeira do mundo - Escócia 41 42 RURAL STUDIO 43 O Rural Studio é um projeto pedagógico da Escola de Arquitetura da Universidade de Auburn, no Alabama, Estados Unidos, cuja proposta pedagógica é “projetar construindo”. Ele reúne estudantes e professores em um laboratório de ensino, pesquisa e extensão, onde projetos são desenvolvidos com a participação da comunidade e posteriormente a construção de casas e espaços coletivos para assentamentos pobres do sul do país é realizada pelos estudantes. Enquanto estão matriculados no programa, os alunos “trabalham dentro da comunidade para definir soluções, angariar fundos, projetar e, por fim, construir“ os projetos. É possível se inscrever a partir do 3º ano do curso de Bacharelado em Arquitetura de cinco anos. Além disso, em 2019, o Rural Studio lançou um programa de mestrado que oferece um Mestrado em Design de Interesse Público. CO-FUNDADORES DO RURAL STUDIO 44 Samuel Mockbee DK Ruth 45 • Fundado em 1993, por dois professores da faculdade de Arquitetura de Auburn, Samuel Mockbee (1944-2001) e Dennis K. Ruth (1944-2009). • Com o propósito de aproximar o estudante da realidade social e de experiências práticas de construção. • Sediado em Newbern, a 125km da cidade de Auburn, e seu currículo é organizado de tal forma que os alunos, sob permanente orientação dos professores, projetem edificações que tragam melhorias substanciais para as comunidades. • Samuel Mockbee dirigiu o Rural Studio até o ano de 2001, quando faleceu por leucemia. Deixou, porém, um grande legado de instrutores. • Assim, vinte anos depois de sua fundação, o Rural Studio encontra- se em plena atividade, com quase uma centena de projetos em uma das regiões mais pobres do Estado do Alabama. • Para Mockbee, os estudantes que integrariam o Studio fariam mais do que resolver problemas no papel, resolveriam também com as mãos e os músculos. Eles teriam de projetar além de construir casas para os mais pobres dos mais pobres. Bryant Haybale House (1994): 1º projeto Perry Lakes Park Pavilion (2000) 46 Apesar dos desafios de trabalhar com recursos doados e mão de obra não qualificada com projetos desenvolvidos por estudantes de arquitetura, as casas e centros comunitários construídos são bem acabados. Além disso, trazem soluções formais e espaciais bastante criativas, buscando resgatar aspectos simbólicos e de uso que fazem parte da cultura da população atendida. A consequência disso é uma arquitetura rica e que cumpre um relevante papel social e cultural no ambiente em que está inserida. A missão pedagógica é a de ensinar estudantes de arquitetura, a partir da vivência de práticas construtivas, as responsabilidades sociais da profissão do arquiteto. Nas palavras de Samuel Mockbee, “formar além de um arquiteto, um cidadão”. Em relação à comunidade, o grupo busca desenvolver soluções no que se refere à arquitetura para melhorar as condições de vida das comunidades do Oeste do Alabama nos Estados Unidos. Akron Boys and Girls Club construído em Akron, Alabama, uma pequena cidade próxima a Newbern. A obra foi considerada uma das mais bonitas do mundo pela revista Travel + Leisure. 47 • O programa de pesquisa e extensão é oferecido para arquitetos recém-formados na linha de pesquisa e extensão em habitação social. • O nome dado é 20K House, se deve ao desafio de construir uma casa por 20 mil dólares (aproximadamente 40 mil reais). O nome é baseado no crédito mínimo oferecido nos Estados Unidos. • A proposta é chegar a modelos que melhorem as soluções existentes de habitação social para a região predominantemente rural no sul dos Estados Unidos. 20k HOUSE ENSAIO – RURAL STUDIO 48 Neste ensaio , Mockbee discute o papel do arquiteto na sociedade contemporânea. • Os arquitetos são líderes e professores por natureza ou escolha. • Necessidade de uma liderança subversiva. • Reconhecer que há uma interligação entre as esferas da vida e a responsabilidadedo arquiteto de romper com relações normativas e sociais dominantes. “As pessoas e o lugar importam” “Há algo de divino numa obra de arquitetura, e devemos manter a fé no milagre que ela proporciona ao nos pôr em harmonia com o mundo natural, o mundo sobrenatural, nossos semelhantes e o grande desconhecido”. • Essa é uma visão emocional, que se inicia com o croqui, que está intimamente relacionado com o desenho e a pintura. • O croqui é uma marca que sugere a possibilidade de uma ideia e de um ideal. O legado de Mockbee é o de “uma arquitetura da honestidade”, inspirando e atraindo profissionais. ENSAIO – RURAL STUDIO 49 • Todos os arquitetos têm a expectativa e a esperança de que seu trabalho sirva a humanidade, em algum sentido – e contribua para fazer um mundo melhor. “Essa é a busca que deveríamos nos dedicar sempre.” • A arquitetura pretende inspirar uma comunidade e fazer mudanças sociais e ambientais. Sendo que a teoria e a prática estão entrelaçadas não só com a cultura, mas também é nossa responsabilidade moldar o ambiente, romper com a acomodação social e desafiar o estado em que as coisas se encontram(status quo). • Os arquitetos devem estar sempre na posição crítica inicial da tomada de decisões, para desafiar o poder status quo. • Os arquitetos são dotados de uma segunda visão, e quando vemos algo que os outros não conseguem ver é nossa obrigação agir, sem esperar as decisões de políticos ou de multinacionais. • PENSAMENTO CRITICO: requer uma visão que vá além da arquitetura e procure uma compreensão maior da totalidade a que ela pertence...deve situar-se em relação as outras questões que tem impacto sobre a vida dos ricos e dos pobre – saúde, educação, transportes, recreação, meio ambiente, emprego, etc. • A arquitetura é uma arte social. • E como arte social deve ser feita onde está e a partir do que existe. “Devemos olhar para o nosso quintal e perceber o que o torna tão belo, ou perceber o poder injusto do estado das coisas, ou a indiferença da comunidade em lidar com a acomodação social ou o desenvolvimento do meio ambiente.” 50 ENSAIO – RURAL STUDIO “A arquitetura é uma profissão em desenvolvimento contínuo, agora sob a influencia de uma cultura movida pelo consumo”. • Nos próximos 25anos teremos: uma explosão demográfica nos países subdesenvolvidos e uma explosão tecnológica nos países desenvolvidos. • O PAPEL DO ARQUITETO: Fazer com que a arquitetura trabalhe nas condições dadas de um determinado local. TEMOS A CORAGEM DE FAZER COM QUE NOSSOS TALENTOS CONTEM PARA ALGUMA COISA? “O desafio profissional, para os arquitetos está em evitar que o poder da tecnologia moderna e da prosperidade econômica nos impressione tanto que esqueçamos o quanto as pessoas e o lugar importam.” • A arquitetura não aliviará todas as desgraças sociais. Mas é necessário ter uma disposição para procurar soluções em seu próprio contexto e não fora dele. É preciso substituir as opiniões abstratas pelo conhecimento baseado no real contato humano e na compreensão pessoal aplicada ao trabalho e ao lugar. “Vá além de uma consciência tranquila; ajude aqueles que provavelmente não poderão retribuir, e faça isso mesmo que ninguém esteja olhando”. OBRIGADO FONTES http://www.ecobrasil.eco.br/site_content/30-categoria-conceitos/1098-arquitetura-sustentavel https://archtrends.com/blog/arquitetura-bioclimatica/ https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/02.004/1590 https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.129/3499 https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/13.147/4459 https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/13.060/4469 https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/11.046/3793?page=1 https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/11.043/3827 https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.093/170 https://www.archdaily.com.br/br/885010/centro-de-exibicoes-nanjing-eco-tech-nbbj-plus-jiangsu-provincial-architectural-design-and-research-institute https://www.archdaily.com.br/br/777375/classicos-da-arquitetura-conjunto-nacional-david-libeskind https://www.archdaily.com.br/br/889502/residencia-holmberg-estudio-borrachia https://www.archdaily.com.br/br/889502/residencia-holmberg-estudio-borrachia https://www.archdaily.com.br/br/956135/estrategias-bioclimaticas-em-residencias-de-buenos-aires-exemplos-em-planta-e-corte?ad_source=search&ad_medium=search_result_all https://www.archdaily.com.br/br/800279/em-detalhe-madeira-palha-e-adobe-centro-holistico-punto-zero?ad_medium=gallery https://www.plataformaarquitectura.cl/cl/625198/centro-de-desarrollo-infantil-el-guadual-daniel-joseph-feldman-mowerman-ivan-dario-quinones-sanchez https://www.semmuros.com/ruralstudio http://ruralstudio.org/ 52 LIVRO ‘La Condión Contemporeánea de la arquitectura’. Capitulo: Arquitecturas medioambientales. MONTANER ,JOSEP MARIA. 2015. TEXTO: RURAL STUDIO https://www.archdaily.com.br/br/800279/em-detalhe-madeira-palha-e-adobe-centro-holistico-punto-zero?ad_medium=gallery https://www.archdaily.com.br/br/800279/em-detalhe-madeira-palha-e-adobe-centro-holistico-punto-zero?ad_medium=gallery https://www.archdaily.com.br/br/800279/em-detalhe-madeira-palha-e-adobe-centro-holistico-punto-zero?ad_medium=gallery https://www.archdaily.com.br/br/800279/em-detalhe-madeira-palha-e-adobe-centro-holistico-punto-zero?ad_medium=gallery https://www.archdaily.com.br/br/800279/em-detalhe-madeira-palha-e-adobe-centro-holistico-punto-zero?ad_medium=gallery https://www.archdaily.com.br/br/800279/em-detalhe-madeira-palha-e-adobe-centro-holistico-punto-zero?ad_medium=gallery https://www.archdaily.com.br/br/800279/em-detalhe-madeira-palha-e-adobe-centro-holistico-punto-zero?ad_medium=gallery https://www.archdaily.com.br/br/800279/em-detalhe-madeira-palha-e-adobe-centro-holistico-punto-zero?ad_medium=gallery https://www.archdaily.com.br/br/800279/em-detalhe-madeira-palha-e-adobe-centro-holistico-punto-zero?ad_medium=gallery https://www.archdaily.com.br/br/800279/em-detalhe-madeira-palha-e-adobe-centro-holistico-punto-zero?ad_medium=gallery https://www.archdaily.com.br/br/800279/em-detalhe-madeira-palha-e-adobe-centro-holistico-punto-zero?ad_medium=gallery https://www.archdaily.com.br/br/800279/em-detalhe-madeira-palha-e-adobe-centro-holistico-punto-zero?ad_medium=gallery https://www.archdaily.com.br/br/800279/em-detalhe-madeira-palha-e-adobe-centro-holistico-punto-zero?ad_medium=gallery https://www.archdaily.com.br/br/800279/em-detalhe-madeira-palha-e-adobe-centro-holistico-punto-zero?ad_medium=gallery https://www.archdaily.com.br/br/800279/em-detalhe-madeira-palha-e-adobe-centro-holistico-punto-zero?ad_medium=gallery https://www.plataformaarquitectura.cl/cl/625198/centro-de-desarrollo-infantil-el-guadual-daniel-joseph-feldman-mowerman-ivan-dario-quinones-sanchez https://www.semmuros.com/ruralstudio
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