Prévia do material em texto
AULA 5 – PROCESSO CIVIL IV ESPÉCIE DE TUTELA EXECUTIVA - EXPROPRIAÇÃO DO BEM PENHORADO Execução e cumprimento de sentença, cujo objeto da obrigação é o pagamento de quantia em dinheiro. A penhora não tem um fim em si mesma, pois a penhora não é suficiente para satisfazer o credor. A penhora é a apreensão do bem do devedor. O art. 826, CPC, dispõe que se não houver remissão da execução, o bem penhorado estará sujeito à expropriação, que consiste na transferência da titularidade do bem penhorado para o exequente ou terceiros. Art. 826, CPC. Antes de adjudicado ou alienado os bens, o executado pode a todo tempo remir a execução, por pagamento ou consignando, ou seja, pagando integralmente a dívida. Se ele pagar após a penhora, é remissão, se pagar antes (no prazo) é pagamento voluntário. 1- FORMAS DE EXPROPRIAÇÃO - o art. 825, do CPC, nos traz as formas da expropriação, que pode ser feita mediante: 1.1) ADJUDICAÇÃO: disposta nos art. 876 a 878, do CPC, trata-se da aquisição do bem penhorado pelo exequente ou outro legitimado, oferecendo valor não inferior ao da avaliação homologada pelo juiz, pode ser valor superior, mas não pode ser inferior. É a forma de expropriação preferencial estabelecido no art. 876 e seguintes, do CPC, até mesmo em relação ao leilão judicial, pois no leilão pode ser por preço inferir a avaliação, na adjudicação não, pois é menos gravoso para o executado. A adjudicação não é obrigatória. Além do exequente, outros sujeitos estão legitimados a requerer a adjudicação (vide legitimados nos §§ 5º e 7º, do art. 876, CPC - incisos II e VIII, do art. 889, CPC). Se o valor do crédito for inferior ao valor do bem, o interessado depositará em juízo a diferença que ficará a disposição do executado (se for legitimado ele tem que depositar a quantia total, se vale R$ 100 mil ele deve depositar – adjudicar - R$ 100 mil), se o bem valer R$ 100 mil e a dívida for de R$ 80 mil, ele vai depositar somente a diferença, nesse caso R$ 20 mil, essa diferença será paga ao executado. Se o valor do crédito for superior ao valor do bem, se o bem é de R$ 100 mil, mas a execução é de R$ 150 mil, o exequente vai adjudicar o bem por R$ 100 mil, abater a diferença, e prosseguirá a execução pelo saldo remanescente, pelos outros R$ 50 mil que falta. Havendo pluralidade de pretendentes, proceder-se-á a licitação, tendo preferência, em caso de igualdade,o conjugue ou companheiro, ou descendente ou ascendente, nessa ordem (§6º). A adjudicação, uma vez requerida, será por petição nos autos, ouvidas as partes o juiz irá deferir, se o bem for sujeito a registro, será expedida carta de adjudicação, como se fosse uma escritura de compra e venda de um imóvel. Nenhum exequente, nem legitimado se interessou pela adjudicação do bem, será transformado em dinheiro pela alienação. 1.2) ALIENAÇÃO: disposta nos arts. 879 a 903, do CPC, pode ser realizada por duas modalidade, alienação por iniciativa particular – poderá ser feita pelo próprio exequente ou ainda por corretor ou leiloeiro público ou alienação em leilão judicial, vide art. 880, CPC. As condições da alienação serão estabelecidas previamente pelo juiz, conforme § 1º, do art. 880, CPC. Alienado o bem, será lavrado auto de alienação (§ 2º, do art. 880, CPC), se houver necessidade de registro será expedido carta de alienação, mandado de imissão na posse ou ordem de entrega do bem móvel. A alienação por leilão judicial será realizada por leiloeiro público, salvo se o bem negociado em bolsa de valores, que será alienado por corretor especializado (§§ 1º e 2º, do art. 881, CPC). Ex: devedor tem ações do Banco do Brasil, essas ações serão alienadas na própria bolsa de valores pelo corretor especializado e depositado o valor em juízo. O leilão pode ser eletrônico ou presencial e a nomeação do leiloeiro poderá observar indicação do exequente. Incumbe ao leiloeiro público, conforme art. 884, CPC, publicar o edital anunciando a alienação, realizar o leilão onde se encontra os bens e em lugar designado pelo juiz, expor aos pretendentes os bens ou amostras das mercadorias, receber e depositar dentro de um dia o produto da alienação (valor do lance), prestar contas nos dois dias subsequentes ao depósito sobre sua atividade, comissão, comprovante do depósito. O arrematante é quem vai arcar com a comissão do leiloeiro, que será fixada em lei ou determinada pelo juiz. O primeiro passo é o juiz marcar em comum acordo com o leiloeiro a data, e o juiz autorizando, dá-se início, primeiro passo é publicar o edital do leilão, que deverá conter o máximo de informações possíveis, descrevendo as características, a fim de identificar o bem e distingui-los de outros, se for bem fungível, ele descreverá pelo gênero e não pela espécie, já bens infungíveis, deverá ser especificado, deverá informar o preço mínimo, que poderá ser inferior ao da avaliação, as condições de pagamentos e garantias. Se for leilão por meio eletrônico, será pelo site do leiloeiro, se habilita e dá o lance, se não for eletrônico, o edital informará o dia, a hora e local. Qual é o local, data e horário do segundo, caso não haja interessados no primeiro leilão. Deverá ser amplamente divulgado pelo leiloeiro, conforme art. 887, CPC, com pelo menos 5 dias de antecedência (§ 1º), na internet (§ 2º), ou não sendo possível ou insuficiente a utilização da internet, deverá ser fixado em local próprio na sede do juízo e ainda publicado em jornal de circulação local (§ 3º). Serão previamente intimados para ciência da data do leilão o executado e demais pessoas interessadas (os mesmos legitimados a adjudicar, para que possam exercer o direito de alienação),conforme art. 889, CPC. O art. 890, CPC identifica as pessoas impedidas de participar do leilão e dar lance a fim de arrematar, são os tutores, curadores, testamenteiros, administradores ou liquidantes quanto aos bens sob sua guarda e responsabilidade; os mandatários, quanto aos bens em sua guarda ou administração estejam carregados, os bens penhorados estejam sob sua administração; o juiz, membro MP, da DP, chefe de secretaria, escrivão e demais servidores e auxiliares da justiça, em relação aos bens e objetos de alienação na localidade onde servirem ou se estender a sua autoridade, ex. juiz atuando em Campos não pode arrematar bens aqui em Campos, não só na vara que é lotado, mas em qualquer localidade, se quiser arrematar em Macaé, não há problema, ou juiz da Justiça Federal, ficariam impedido em Campos e em SJB, pois o juízo federal de Campos se estende a outras cidades; servidores público em geral, de bens de pessoa jurídica que serve; leiloeiro e auxiliares de cujas vendas estejam responsáveis; advogado de qualquer das partes. O interessado não pode oferecer preço vil (inferior ao mínimo estipulado pelo juiz no edital); será 50% do valor do bem, caso não tenha sido fixado preço mínimo pelo juiz. Havendo vários pretendentes, será feita a licitação entre eles até se obter a maior oferta (§ 2º, art. 892, CPC). Estabelecido o lance vencedor, o pagamento deverá ser imediato e por depósito judicial (art. 892, CPC), salvo se o juiz fixar de modo diverso. O pagamento em prestações deverá ser requerido pelo interessado (art. 895, CPC) até o início do primeiro leilão pelo valor de avaliação (inciso I), ou até o segundo leilão por preço que não seja considerado vil (inciso II). O parcelamento deverá conter uma entrada de no mínimo 25% da oferta e o restante parcelado em até 30 meses, garantido por caução em caso de bem móvel ou hipoteca do próprio bem em caso de imóvel (§ 1). A proposta de parcelamento na suspende o leilão (§6º) e se houver proposta de pagamento à vista, esta prevalecerá (§ 7º). A arrematação constará de auto lavrado imediatamente (art. 901) e será expedida ordem de entrega de bem móvel ou carta de arrematação com ordem de imissão de bem móvel (§ 1º). Auto de arrematação assinado pelo juiz, pelo arrematante e pelo leiloeiro, torna a arrematação perfeita,acabada e irretratável, ainda que posteriormente acolhidos embargos à execução ou ação autônoma (ou ainda a impugnação ao cumprimento de sentença), situação que poderá ensejar indenização. Ex: houve penhora do bem, o executado apresenta embargos à execução e diz que é impenhorável, ou um terceiro entra com embargos de terceiros e diz que o bem não pertence mais ao devedor, que pertence a ele e ele não faz parte do processo, existe impugnação à essa penhora, essas são ações autônomas, dependem de citação, via de regra não têm efeito suspensivo. Imagina-se que houve arrematação, depois disso o juiz julga os embargos e decide que o bem não pode ser penhorado, a arrematação não será desconstituída, mas o exequente indenizará o executado, pois aquele bem é impenhorável. No primeiro leilão o bem só pode ser alienado pelo valor mínimo de avaliação, no segundo leilão pode ser valor inferior a avaliação, salvo o preço vil, valor menor que aquele estabelecido no edital, ou não havendo fixação pelo juiz, não pode ser menor que 50% do valor do bem. Pelo princípio da causalidade, o executado deu causa a execução, portanto ele deverá quitar o débito exequendo com seus bens. Pelo princípio da patrimonialidade, a execução recai sobre os bens presentes e futuros do devedor, ou seja, recai sobre seu patrimônio, ele responde com seus bens (prisão civil apenas em dívida de alimentos, atrasou 1 mês já cabe prisão). No prazo de 10 dias após o aperfeiçoamento da arrematação, o juiz poderá analisar pedido de invalidação, ineficácia ou resolução da arrematação (§ 2º), nas hipóteses do § 1º, que dispõe que a arrematação poderá ser invalidade quando realizada por preço vil ou inferior aos 50%, ineficaz se não observada os requisitos (art. 804, CPC), resolvida se não for pago o preço ou não prestada a caução. Desistência da arrematação: hipóteses do (§ 5º do art. 903, CPC), devolvido o depósito que estiver feito, se provar nos 10 dias seguintes vício do edital, antes de expedida a carta de arrematação ou da ordem de entrega, o executado alegar hipóteses do § 1º, que não observou o preço vil, o mínimo feito no edital, uma vez citado para responder a ação autônoma de que trata § 4º deste art, desde que apresente a desistência do prazo de que dispõe para responder esta ação, poderá ser pleiteada em ação autônoma em cujo processo o arrematante configurará como litisconsorte necessário. 1.3) APROPRIAÇÃO DE FRUTOS E RENDIMENTOS: atualmente regulada pelos arts. 867 a 869, do CPC. Eventualmente, podem existir casos em que o juiz entenda ser menos gravoso ao executado e mais eficiente para a satisfação do crédito, no lugar de penhorar o bem, penhorar eventual crédito, ou seja, frutos e rendimentos de coisa móvel ou imóvel. Só para exemplificar, podemos imaginar um imóvel alugado. Ao invés de penhorar o imóvel e permitir a adjudicação ou a alienação, o juiz determina que os valores dos alugueis reverterão em favor do credor, até satisfação do crédito. Definitivamente, se for possível satisfazer o crédito desta forma, seria a melhor solução para qualquer processo de execução. Porém, será avaliado em cada caso concreto, se será ideal penhorar o bem, ou então os seus frutos e rendimentos. Ordenada a penhora de frutos e rendimentos, o juiz nomeará administrador- depositário, que será investido de todos poderes que concernem à administração do bem e à fruição de seus frutos e utilidades, perdendo o executado o direito de gozo do bem, até que o exequente seja pago do principal, dos juros, das custas e dos honorários advocatícios. Depositados em juízo, o levantamento dos rendimentos observará o procedimento da satisfação executiva de “entrega de dinheiro), nos moldes do art. 904, I, do CPC. Tudo passará como se tratasse de uma satisfação a prazo, em prestações periódicas. O juiz poderá nomear como administrador- depositário, o exequente, o executado (ouvida a parte contrária), ou administrador judicial, tem que apresentar sua forma de administração e a de prestar contas periodicamente, se houver discordância, o juiz decidirá a melhor fora de administração dos bens, conforme art. 869, do CPC. Essa forma tem natureza híbrida, pois ela se manifesta como penhora, como forma de expropriação do bem e como satisfação do crédito, pois o exequente irá receber diretamente, a fim de serem imputadas ao pagamento da dívida. O exequente dará ao executado, por termo nos autos, quitação das quantias recebidas. 2. SATISFAÇÃO DO CRÉDITO (ARTS. 904 a 909, DO CPC): Feita a expropriação seja por iniciativa particular ou leilão judicial, o produto arrecado precisa ser usado para satisfazer o credor, que ocorre pela entrega do dinheiro ou adjudicação do bem penhorado (art. 904, do CPC). Ao receber o mandado de levantamento do dinheiro, o exequente dará quitação ao executado, se for o valor da execução, dará quitação, por termo nos autos, e o juiz extingue a execução (art. 906, CPC). Se for um valor inferior, a execução prossegue-se até ser satisfeita completamente. Havendo sobra, ou seja, o valor arrecadado no leilão judicial for superior ao da execução, a sobra será restituída ao executado, se a dívida for de R$ 80 mil e o leilão foi de R$ 100 mil, R$ 20 mil voltará para o executado (art. 907, CPC). Havendo pluralidade de credores, o dinheiro será distribuído aos credores conforme a ordem de preferência, não há rateio entre os credores (isso existe na recuperação judicial e na falência), aqui não, (ex: várias penhoras, paga-se antes o primeiro credor que teve registrada a penhora), conforme art. 908, CPC.