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CENTRO UNIVERSITÁRIO FACEX ENFERMAGEM NA ATENÇÃO RISCOS E AGRAVOS DA SAÚDE CRIANÇA E ADOLESCENTE Professora: Esp. Andressa Fernandes Enfermagem em Centro Cirúrgico TEMPOS E INSTRUMENTAIS CIRÚRGICOS INTRODUÇÃO A história dos instrumentais cirúrgicos data de 2500 anos a.C. Os primeiros instrumentos eram de pedra, pontiagudos e pequenos dentes de animais. Os instrumentos dos antigos gregos, egípcios e hindus são impressionantes quanto à sua semelhança com os instrumentos contemporâneos. À medida que a técnica cirúrgica foi se desenvolvendo, em conseqüência da descoberta dos procedimentos anestésicos, da hemostasia e da assepsia cirúrgica, o acesso aos órgãos não era mais possível ser realizado apenas com as mãos. Com o desenvolvimento da moderna cirurgia, a partir do ano de 1846, na sala de operação do Hospital de Massachussetts, em Boston, um número enorme de instrumental foi idealizado, muitos deles às vezes dispensáveis ou substituíveis por outros mais comuns. Existem diversos instrumentos que facilitam enormemente os procedimentos cirúrgicos e por isso se tornam insubstituíveis nas cirurgias para as quais foram criados. Na montagem das mesas de instrumental devem figurar, em número e variedades, aqueles instrumentos indispensáveis ou comprovadamente úteis à realização da intervenção cirúrgica e não se deve sobrecarregar as mesas com instrumentos em excesso. A utilização do instrumental cirúrgico é planejada em função dos tipos e tempos cirúrgicos. TEMPOS CIRÚRGICOS De modo geral, todas as intervenções cirúrgicas são realizadas em quatro fases ou tempos básicos e fundamentais, sendo eles: diérese, hemostasia, exérese ou cirurgia propriamente dita e síntese. DIÉRESE: é o rompimento da continuidade ou contigüidade dos tecidos, ou planos anatômicos, para atingir uma região ou órgão. Pode ser classificada em mecânica e física. DIÉRESE MECÂNICA: São tipos de diérese mecânica: Punção: realizada através da introdução de uma agulha ou trocater nos tecidos, sem, contudo, secciona-los, com várias finalidades como drenagem de coleção líquida das cavidades ou do interior dos órgãos, colheita de fragmentos de tecido e de líquidos para exame diagnóstico, injeção de contraste e medicamentos. Secção: consiste na segmentação dos tecidos com o uso de material cortante. Divulsão: realizada através do afastamento dos tecidos nos planos anatômicos, com tesouras de bordas rombas, tentacânulas ou afastadores. Curetagem: consiste na raspagem de superfície de um órgão com auxílio de cureta. Dilatação: realizada com a finalidade de aumentar a luz de um órgão tubular. DIÉRESE FÍSICA: Do ponto de vista físico, a diérese pode ser feita dos seguintes modos: - Térmica: realizada com o uso do calor, cuja fonte é a energia elétrica, por intermédio do bisturi elétrico. - Crioterapia: consiste no resfriamento intenso e repentino da área em que vai ser realizada a intervenção cirúrgica. Normalmente é utilizado o nitrogênio liquefeito por ser uma substância criogênica potente. Raio laser: o aparelho de raio laser consiste em um bisturi que emprega um feixe de radiação infravermelha de alta intensidade. Os sistemas laser podem ser obtidos com materiais em estado sólido, líquido e gasoso. Existem vários sistemas laser, mas o mais utilizado em cirúrgica é o laser de dióxido de carbono (CO2). HEMOSTASIA: é o processo que consiste em impedir, deter ou prevenir o sangramento. Pode ser simultâneo ou individualmente por meio de pinçamento e ligadura de vasos, eletrocoagulação ou compressão. Na realidade a hemostasia começa antes da cirurgia, quando se realizam, no pré-operatório imediato, os exames de tempo de coagulação e dosagem de protrombina. A hemostasia pode ser classificada em: Preventiva: hemostasia que pode ser medicamentosa e cirúrgica. A hemostasia medicamentosa é baseada nos exames laboratoriais pré-operatórios, enquanto a cirurgia é realizada com a finalidade de interromper a circulação durante o ato operatório, temporária ou definitivamente. Urgência: hemostasia realizada quase sempre em condições não favoráveis e com material muitas vezes improvisado, como, por exemplo, compressão digital, garrotes e torniquetes. Curativa: consiste na hemostasia realizada durante a intervenção cirúrgica e pode ser medicamentosa (drogas que diminuem o sangramento por vasoconstrição), mecânica (compressão e esponjas sintéticas), física (bisturi elétrico) ou biológica (absorventes). EXÉRESE: é a etapa do procedimento cirúrgico em que ocorre a remoção cirúrgica de um tecido ou órgão mal-funcionante ou doente. SÍNTESE: é a união dos tecidos, que será mais perfeita quanto mais anatômica for a separação, para facilitar o processo de cicatrização e restabelecer a continuidade tecidual por primeira intenção. A síntese pode ser realizada das seguintes formas: Cruenta: a união dos tecidos é realizada por meio de instrumentos apropriados como agulhas de sutura e fios cirúrgicos permanentes ou removíveis. Incruenta: consiste na aproximação dos tecidos com o auxílio de gesso, adesivos (esparadrapo) ou ataduras. Completa: a união ou a aproximação dos tecidos, realizada em toda a extensão da incisão cirúrgica. Incompleta: consiste na aproximação incompleta em toda a extensão da ferida em conseqüência da colocação de dreno em determinado local da incisão cirúrgica. Imediata: a união dos tecidos ocorre imediatamente após a segmentação deles por traumatismos. Mediata: consiste na união dos tecidos após algum tempo depois do rompimento da continuidade ou contigüidade deles. INSTRUMENTAL CIRÚRGICO Dentro de uma classificação bem geral, os vários tipos de instrumentos podem ser agrupados da seguinte maneira: INSTRUMENTAL DE DIÉRESE: esse grupo é constituído pelos bisturis (cabos e lâminas), tesouras (Mayo, Metzenbaum, Jeseph, Fomon, Boyd, etc), serra, agulhas, trépano, rugina e outros, utilizados nas cirurgias gerais. O bisturi é o melhor instrumento para secção dos tecidos, sendo um instrumental de corte por excelência. Grande parte dos bisturis são cabos com uma extremidade destinada à fixação de lâminas descartáveis. Os cabos de bisturis são designados por números, exemplificando, cabo número três ou número quatro. Quanto menor o número do cabo, menor o número da lâmina, destinado a atos cirúrgicos delicados. Os cabos de bisturi com números maiores, destinados a procedimentos cirúrgicos gerais. INSTRUMENTAL PARA HEMOSTASIA: esse grupo é constituído por todos aqueles destinados ao pinçamento de vasos sangrantes. Representados por pinças nas formas retas e curvas, como Kelly, Halstead, Rochester, preferidas pelos cirurgiões devido a proporcionarem um manuseio mais fácil. As pinças hemostáticas, como Mixter, Moynihan, Crafoord, são usadas em situações que exigem instrumentos mais longos. As pinças atraumáticas, como Potts, Debakey, Bulldogs, Satinsky, Derra, são usadas para hemostasia temporária. Pinça Kelly / Pinça Crile / Pinça Pean / Pinça Halstead Pinça Mixter / Pinça Crafoord / Pinça Faure / Pinça Kocher INSTRUMENTAL PARA PREENSÃO: o instrumental para preensão é o destinado a segurar e suspender vísceras e órgãos, como as pinças elásticas (Potts Smith, Adson, Nelson, etc) e pinças com anéis e cremalheiras (Babcock, Allis, Collin, Duval, etc). Pinça Collin Pinça Allis Pinça Foerster INSTRUMENTAL PARA SEPARAÇÃO: o instrumental para separação, formado por afastadores é destinado à exposição permitindo a melhor visualização da cavidade operatória. Os afastadores são divididos em dois grupos: auto-estáticos e dinâmicos. Os afastadores auto-estáticos são usados para a abertura das cavidades: Abdominal: os mais utilizados são Balfour e Gosset; Torácica: o mais usado é o afastador de Finochietto; Superficiais:os mais utilizados são Weitlaner, Gelpi e Alm. Os afastadores dinâmicos são usados para separação e abertura do campo operatório em diversas áreas do corpo. Nas operações do abdome os mais usados são Valvas de Doyen e Suprapúbicas. Nas cirurgias torácicas são utilizados os afastadores, Harrington, Deaver, Allison, Coryllos e Davidson. Nas operações mais superficiais ou na apresentação de órgãos específicos, podem ser utilizados os afastadores planos, tais como Farabeuf, Langenbeck, e afastadores ancinho, tais como Richardson, Love Wolkmann. Outros afastadores com usos diversos, em formas laminares, rígidos ou maleáveis, são as espátulas de Riverdin, utilizados geralmente na cavidade abdominal. INSTRUMENTAL E MATERIAL PARA SÍNTESE: é representado basicamente pelas agulhas de sutura, porta-agulhas (Hegar, Mathieu, etc) e principalmente pelos fios cirúrgicos, grampos e fitas adesivas de pele. AGULHAS CIRÚRGICAS: a escolha de uma agulha é tão importante como à escolha de um fio cirúrgico. Ela não deve ter nenhum papel no processo de cicatrização, ser suficientemente larga, penetrante para ultrapassar a resistência tecidual, resistente para não dobrar, mas ao mesmo tempo flexível, para dobrar antes de quebrar, resistente à corrosão, de tamanho, forma e calibre apropriados à aplicação a que se destina. As agulhas são utilizadas na reconstrução, com a finalidade de transfixar os tecidos, servindo de guia aos fios de sutura. Quanto ao corpo, as agulhas são retas, curvas (círculos de 3/8, 1/4, 1/2 e 5/8) e semi-curvas específicas para cirurgia laparoscópica, quanto à ponta são cilíndricas (não-cortantes), espatuladas, rombas ou triangulares, e quanto ao fundo podem ser traumáticas ou atraumáticas. GRAMPOS DE PELE: é um dos métodos mais frequentemente usados para fechamento da pele. Quando usados corretamente, oferecem excelentes resultados estéticos. Além de diminuir o tempo de cirurgia, eles permitem uma tensão uniforme ao longo da linha de sutura e diminuem a distorção decorrente do estresse exercido individualmente pelos pontos de sutura. FITAS ADESIVAS DE PELE: as feridas sujeitas a tensão estática e dinâmica mínimas podem ser aproximadas por uma fita adesiva de pele. A escolha da fita para fechamento da pele se baseia na capacidade adesiva e força tensiva para manterem as bordas da ferida intimamente aderidas e especialmente a sua porosidade para facilitar a transmissão de umidade, evitando assim o acúmulo de fluidos debaixo da ferida. INSTRUMENTAL ESPECIAL: é aquele cuja indicação é determinada pelo tipo de cirurgia a ser realizada. Assim, por exemplo, a pinça de Abadie é empregada na cirurgia gastrointestinal especialmente para anastomose gastroentérica. O descolador de amídalas, na amidalalectomia; a pinça Satinsky, na cirurgia vascular, pinças Duval e Allis na histerectomia e pinça de Randal para extração de cálculos das vias biliares. Pinça Allis Pinça Randal INSTRUMENTAL DE CAMPO: é constituído por pinças que se destinam a fixação dos campos estéreis para delimitação do campo operatório. Exemplo: Backaus, Bernhard, etc. O instrumental cirúrgico se apresenta em tamanhos variados e muitos deles tomam as formas reta e curva. Essa grande variedade de tamanhos e forma visa proporcionar ao cirurgião uma infinidade de recurso para as mais variadas situações cirúrgicas. Bernhard REFERÊNCIAS: SOBECC – Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Pós-Anestésica e Centro de Material e Esterilização. Práticas recomendadas: Centro Cirúrgico, Recuperação Pós-anestésica e Centro de Material e Esterilização, 5 ed. São Paulo: SOBECC, 2009. MARQUES, LMS, PEPE, CMS. Instrumentação cirúrgica: teoria e técnica. São Paulo: Roca; 2001
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