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CENTRO CIRÚRGICO E CME ORGANIZADOR ANDRÉ LUIZ FIDELIS LIMA Centro Cirúrgico e CM E GRUPO SER EDUCACIONAL O pro�ssional de enfermagem tem um papel crucial na qualidade e segu- rança tanto da estrutura e no funcionamento de um centro cirúrgico. Este livro oferece um estudo detalhados para minimizar ou eliminar os riscos potenciais para as disfunções orgânicas e infecções hospitalares. O autor trata detalhadamente de temas importantes em quatro unidades. São elas: enfermagem no centro cirúrgico; biossegurança e assistência de enfermagem perioperatória; enfermagem cirúrgica: abordagem assisten- cial do cuidar; e, por �m, central de material e esterilização: estrutura �uxo e métodos. Bons estudos! CENTRO CIRÚRGICO E CME ORGANIZADOR ANDRÉ LUIZ FIDELIS LIMA gente criando futuro I SBN 9786555581348 9 786555 581348 > C M Y CM MY CY CMY K CENTRO CIRÚRGICO E CME Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Diretor de EAD: Enzo Moreira Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato Coordenadora de projetos EAD: Manuela Martins Alves Gomes Coordenadora educacional: Pamela Marques Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa Designers gráficos: Kamilla Moreira, Mário Gomes, Sérgio Ramos,Tiago da Rocha Ilustradores: Anderson Eloy, Luiz Meneghel, Vinícius Manzi Lima, André Luiz Fidelis. Centro Cirúrgico e CME / André Luiz Fidelis Lima. – São Paulo: Cengage, 2020. Bibliografia. ISBN 9786555581348 1. Enfermagem. 2. Técnico enfermagem. 3. Enfermagem – Centro Cirúrgico. Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 E-mail: sereducacional@sereducacional.com “É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec, tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da democracia com a ampliação da escolaridade. Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer- lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no contexto da sociedade.” Janguiê Diniz PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL Autoria André Luiz Fidelis Lima Enfermeiro Generalista – Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas Biólogo Licenciado – Universidade Federal de Alagoas Pós-graduado em Gestão de Saúde Pública e Meio Ambiente – Ucamprominas Pós-graduado em Enfermagem em Urgência e Emergência – Ucamprominas Pós-graduado em Formação em Educação a Distância – UNIP Docente da Universidade Paulista – Polo Maceió/Alagoas SUMÁRIO Prefácio .................................................................................................................................................8 UNIDADE 1 - Enfermagem em centro cirúrgico ...............................................................................11 Introdução.............................................................................................................................................12 1 Noções preliminares .......................................................................................................................... 13 2 Estrutura física e equipamentos do bloco cirúrgico ...........................................................................15 2 Recursos humanos e educação continuada no centro cirúrgico ........................................................19 3 Gerenciamento de enfermagem ........................................................................................................ 21 4 Perigos para a saúde associados ao ambiente cirúrgico ....................................................................23 5 Paramentação cirúrgica...................................................................................................................... 26 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................33 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................34 UNIDADE 2 - Biossegurança e assistência de enfermagem perioperatória ......................................37 Introdução.............................................................................................................................................38 1 Noções preliminares .......................................................................................................................... 39 2 Normas regulamentadoras ................................................................................................................ 42 3 Segurança do paciente e do ambiente ............................................................................................... 43 4 Assistência de enfermagem no perioperatório .................................................................................. 45 5 Admissão do paciente na SRPA .......................................................................................................... 53 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................55 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................56 UNIDADE 3 - Enfermagem cirúrgica - abordagem assistencial do cuidar ........................................59 Introdução.............................................................................................................................................60 1 Noções preliminares .......................................................................................................................... 61 2 Complicações cirúrgicas e cuidados pós-operatório ..........................................................................66 3 Feridas cirúrgicas: características gerais ............................................................................................ 72 4 Desbridamento da ferida cirúrgica ..................................................................................................... 76 5 Curativo de feridas cirúrgicas ............................................................................................................. 77 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................80 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................81 UNIDADE 4 - Central de material e esterilização: estrutura fluxo e métodos ...................................83 Introdução.............................................................................................................................................84 1 Noções preliminares .......................................................................................................................... 85 2 Fluxo e estrutura da central de material e esterilização ....................................................................923 Processamento de material para a saúde .......................................................................................... 95 4 Desinfecção ........................................................................................................................................98 5 Esterilização ....................................................................................................................................... 100 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................104 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................105 Este livro é fundamental para os estudos na área da enfermagem no que diz respeito à estrutura e ao funcionamento de um centro cirúrgico, demonstrando como o profissional pode contribuir para a qualidade e segurança do paciente a fim de minimizar ou eliminar os riscos potenciais para as disfunções orgânicas e infecções hospitalares. Desde o momento da indicação cirúrgica até a alta do paciente, o profissional deve seguir procedimentos para prestar a melhor assistência possível. A primeira unidade trata da enfermagem no centro cirúrgico. Aqui, apresentaremos detalhes do ambiente social e técnico estruturado com ações administrativas e biopsicossocial, localizado no âmbito hospitalar, com o objetivo de prestação de serviço seguro para a assistência prestada ao paciente, à família e a uma equipe multiprofissional. Conceitos simples, planejamento e estrutura física, materiais, equipamentos, recursos humanos do centro cirúrgico e da SRPA (sala de recuperação pós-anestésica), bem como a formação científica continuada de uma equipe médica e de enfermagem para as boas práticas cirúrgicas serão temas largamente discutidos. Abordaremos ainda uma das atribuições do enfermeiro, que é a assistência multiprofissional, considerada vital para a realização e para o sucesso de um ato anestésico-cirúrgico. Na segunda unidade, biossegurança e assistência de enfermagem perioperatória, vamos apresentar temas como os tipos de material de proteção individual utilizados pelos profissionais da CME (central de material estéril). Uma das importantes atividades do enfermeiro, a assistência de enfermagem perioperatória é considerada vital para a realização e o sucesso de um ato anestésico-cirúrgico. Serão explicadas aqui a utilização de terminologias adequadas, que é de extrema importância para as pessoas envolvidas na assistência cirúrgica, uma vez que facilita o entendimento de todos e proporciona uniformização da linguagem no CC (centro cirúrgico). Na sequência, estudaremos a enfermagem cirúrgica: abordagem assistencial do cuidar. Vamos apresentar aqui a Saep (sistematização da assistência de enfermagem perioperatória), que tem como foco a recepção e admissão do paciente no setor de clínica cirúrgica e centro cirúrgico. Falaremos sobre a ferida cirúrgica, o processo de cicatrização e as suas complicações, que é um conhecimento de extrema importância para uma assistência cirúrgica baseada em evidências científicas para a segurança do paciente no setor de clínica cirúrgica e centro cirúrgico. PREFÁCIO O tema que fecha este livro trata da central de material e esterilização: estrutura fluxo e métodos. Serão apresentados os principais conceitos de uma CME (central de material e esterilização) e sua importância para os ambientes hospitalares, além das etapas a serem seguidas para o fluxo de trabalho e monitoramento dos materiais médico-hospitalares em uma CME. Vamos tratar também do dimensionamento de pessoas da enfermagem, da estrutura da área física e dos métodos de limpeza, desinfecção e esterilização que ocorrem em uma central de material e esterilização. Serão apresentadas aqui as técnicas que são fundamentadas em evidências científicas relacionadas com a equipe de enfermagem para a validação dos processos de eliminações parcial ou total de microrganismos dos materiais cirúrgicos que chegam até a central de material e esterilização. Aproveite os estudos! UNIDADE 1 Enfermagem em centro cirúrgico Olá, Você está na unidade Enfermagem em centro cirúrgico. Conheça aqui um ambiente social e técnico estruturado com ações administrativas e biopsicossocial, localizado no âmbito hospitalar, com o objetivo de prestação de serviço seguro para a assistência prestada ao paciente, à família e a uma equipe multiprofissional. Procuramos englobar aspectos, desde conceitos simples, planejamento e estrutura física, materiais, equipamentos, recursos humanos do centro cirúrgico e da SRPA (sala de recuperação pós-anestésica), bem como a formação cientifica continuada de uma equipe médica e de enfermagem para as boas práticas cirúrgicas. Com isso, a intenção é minimizar ou eliminar os riscos potenciais para as infecções hospitalares. Entenda que a assistência multiprofissional é considerada vital para a realização e para o sucesso de um ato anestésico-cirúrgico, e é uma das atribuições do enfermeiro. Compreender a estrutura e o funcionamento desse ambiente, é de extrema importância para as pessoas envolvidas no gerenciamento e assistência dos procedimentos e intervenções cirúrgicos, uma vez que facilita o entendimento de toda uma equipe comprometida com a qualidade e segurança do paciente, desde a sua admissão, no âmbito hospitalar, até a sua alta do ato anestésico-cirúrgico. Bons estudos! Introdução 13 1 NOÇÕES PRELIMINARES A unidade de Enfermagem em centro cirúrgico apresentará o CC (centro cirúrgico) ou BC (bloco cirúrgico), e a SRA (sala de recuperação anestésica) como um desafio para os profissionais da saúde, principalmente, para o enfermeiro, por se tratar do campo prático de um dos setores mais complexos de organização no ambiente hospitalar. Encontramos nesse setor estruturas de alta complexidade e tecnologia avançada, capazes de prestar atendimento humanizado, levando em consideração diagnóstico, reparação e intervenções cirúrgicas para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. No hospital, o centro cirúrgico é considerado um setor complexo, de grande importância, por ser composto de áreas interdependentes, que visa proporcionar condições favoráveis para o ato anestésico-cirúrgico, bem como promover condições seguras e confortáveis para o paciente e para as equipes médica e de enfermagem. Compreender essa área se faz necessário para o enfermeiro entender o funcionamento, infraestrutura e a importância de um setor inovador, tecnológico e complexo para o hospital. É preciso também ficar claro para o profissional da enfermagem por que deve haver uma integração com as demais áreas hospitalares para a prestação de um serviço ou assistência adequada de acordo com as normas e protocolos de gerência e assistência à saúde. Estudar enfermagem em centro cirúrgico é aprender a promover assistência integral ao paciente, cliente ou usuário, que busca o serviço cirúrgico de prestação à saúde. É tentar minimizar o medo, a ansiedade, prevenindo as complicações inerentes ao procedimento anestésico cirúrgico. Por meio do ensino, o enfermeiro deve propor protocolos educativos periódicos, que tenham o objetivo de conscientizar toda a equipe multiprofissional do bloco cirúrgico, gerenciando e aplicando medidas preventivas de infecção do sítio cirúrgico, que possibilitem a melhoria da assistência prestada ao paciente, cliente ou usuário, no âmbito hospitalar. O entendimento desta disciplina é de suma necessidade diante do avanço da tecnologia, associado à globalização, e faz com que, os enfermeiros da era moderna, estejam cada vez mais direcionados ao saber-fazer, focando suas habilidades nas promoções e prevenções para um gerenciamento e assistência de enfermagem cirúrgica com qualidade no cenário de saúde atual. 1.1 Estrutura do bloco cirúrgico e da sala de recuperação anestésica O ambiente hospitalar ou hospital é uma organização complexapara prestação de serviços de saúde, esse termo deriva do latim hospe, que significa “aquele que recebe”, e conceitua esse estabelecimento para internação, tratamento, e recuperação de doentes e feridos. Existe nesse ambiente hospitalar, um setor onde encontramos estruturas de alta tecnologia e complexidade, tanto em relação aos recursos materiais quanto aos recursos humanos direcionados para a realização e recuperação de cirurgias, que iremos chamar de UCC (unidade 14 de centro cirúrgico) (CARVALHO, 2016). A UCC é um conjunto de elementos destinados aos procedimentos e intervenções cirúrgicas, também chamado de bloco cirúrgico, e é constituída de sala de recuperação pós-anestésica e central de material e esterilização. Figura 1 - Centro cirúrgico Fonte: bogdanhoda, Shutterstock, 2020. #ParaCegoVer: A imagem mostra uma sala de operação que se localiza no centro ou bloco cirúrgico. Essa sala é constituída por diversas estruturas, materiais e insumos para a realização das intervenções gerenciais e assistenciais da equipe médica, formada pelo anestesiologista e cirurgiões, e pela equipe de enfermagem (enfermeiro e técnicos em enfermagem), para garantir a segurança do paciente e da equipe de saúde que compõe o centro cirúrgico. De acordo com a organização hospitalar, além SRPA, podemos encontrar no CC: • vestiários (masculino e feminino); • área de conforto (descanso); • sala de enfermagem (gerencia e assistência); • sala médica (gerencia e assistência); • sala de admissão dos pacientes; • sala de material de higienização; • sala de equipamentos; • sala para armazenamento dos PPS esterilizado; • sala de gases medicinais; • expurgo (área suja); 15 • sala para os técnicos administrativos do centro cirúrgico; e • sala de operação. Segundo a Anvisa (agência de vigilância sanitária), a capacidade de lotação do CC é direcionada segundo a proporção de leitos e sala de operação. A resolução da diretória colegiada n. 307/2002, do ministério da saúde, determina uma sala de operação para cada 50 leitos não especializados ou 15 leitos cirúrgicos (ANVISA, 2002). A Anvisa (2002) estabelece que, dependendo dos equipamentos necessários aos tipos de cirurgias a serem realizadas, as salas operatórias devem ter o formato retangular ou oval e, quanto ao tamanho, as salas são classificadas em: Pequenas 20m² - destinadas às especialidades de otorrinolaringologia e oftalmologia, Médias 25m² - destinadas às especialidades de cirurgias do trato abdominal e geral. Grandes 36m² - destinadas às especialidades de cirurgias neurológicas, cardiovasculares e ortopédicas. 2 ESTRUTURA FÍSICA E EQUIPAMENTOS DO BLOCO CIRÚRGICO A estrutura física do CC pode ser metálica ou de concreto, normalmente é um conjunto de salas organizadas para fins cirúrgico e de recuperação do ato anestésico-cirúrgico. Geralmente, a unidade de centro cirúrgico é localizada, no âmbito hospitalar, em uma área que possa oferecer segurança aos procedimentos e técnicas assépticas, distante de aglomerados da circulação de pessoas e de contaminações externas a este setor hospitalar. Órgãos e legislações de saúde recomendam que essa estrutura física da UCC, preferencialmente, esteja próxima aos setores ou unidades hospitalares emergências clínicas, emergências traumáticas, unidade de terapia intensiva, e de setores como o internato, de modo a contribuir com a assistência imediata ao paciente que necessite de intervenções emergências do setor de CC. A UCC é uma área hospitalar interligada a diversas outras áreas, com a finalidade de 16 proporcionar condições para a realização das intervenções cirúrgicas, e tem como objetivo proporcionar assistência, recuperação ou melhora do paciente por meio de procedimentos cirúrgicos, oferecendo segurança e bem-estar ao paciente. Com a finalidade de assistência integral, a UCC pode ser dividida em: • pré-operatório (antes da cirurgia); • transoperatório (durante a cirurgia); e • pós-operatório (após a cirurgia). Essa divisão visa identificar as necessidades e problemas do paciente, verificando medidas de promoção e prevenção de futuras complicações ou acidentes no pré-operatório, transoperatório e pós-operatório. Além disso, é necessário nos responsabilizar pela previsão e controle de materiais, medicamentos e equipamentos nas salas operatórias ou cirúrgicas. Para a intervenção cirúrgica é de extrema importância ser ético, proporcionando segurança, agilidade, percepção rápida, eficiência, foco, qualidade e humanização para com o nosso cliente, usuário ou paciente. Para Carvalho (2016), o CC é área complexa e crítica, com risco imediato de transmissão de infecções, em virtude das exposições dos pacientes para a realização das técnicas cirúrgicas. Diante disso, considera fortemente ações técnicas, assépticas e antissépticas, padronizadas, com o objetivo de assegurar maior controle do ambiente e reduzir os possíveis riscos de transmissão de contaminação para o paciente. O CC pode ser dividido em três áreas: Irrestritas ou não restritas São áreas consideradas de circulação livre de pessoas; não exigem cuidados especiais e nem uso de paramentação específica. Podemos citar como exemplo: elevadores, corredores externos que direcionam ao CC, vestiários, local de transferência de macas. Semi-restritas São áreas consideradas de circulação livre de pessoas e de equipamentos, de modo que não interfira no controle e na manutenção da assepsia no ato cirúrgico. É necessário o uso de paramentação específica e privativo do setor, de propés ou calçados adequados. Podemos citar como exemplo: secretaria, copa, salas de conforto e de guarda de equipamentos do CC. Restritas São consideradas de circulação de pessoas e de equipamentos, privativos e exclusivos dessa 17 área hospitalar, onde se deve empregar rotinas próprias para controlar e manter a assepsia local. Além da paramentação, é necessário o uso de máscaras que cubram a boca e o nariz. Podemos citar como exemplo: salas cirúrgicas, antessalas, lavabos e corredores internos. É importante que o enfermeiro do BC conheça o objetivo e finalidade de cada elemento estrutural e organizacional que compõe essas áreas, bem como das características físicas - arquitetônicas e de bioengenharia, as quais são previstas na Resolução da diretoria colegiada n. 50/2002 e Resolução da diretoria colegiada n. 307/2002, no sentido de embasar e complementar a assistência de enfermagem perioperatória, proporcionando um ambiente seguro para pacientes e profissionais desse setor. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 1.3 Estrutura física e equipamentos da sala de recuperação pós- anestésica A SRPA é área destinada aos cuidados intensivos do paciente, desde sua saída da SO até a recuperação da fisiologia orgânica da consciência, eliminação ou excreção de fármacos anestésicos e estabilização dos sinais vitais. Os objetivos e vantagens da SRPA incluem assistência preventiva do enfermeiro e equipe de enfermagem, bem como a do profissional médico anestesiologista, e detecção precoce das possíveis complicações do ato anestésico-cirúrgico (PORTES, 2019). Os cuidados dos profissionais que atuam nesse setor é especializado a pacientes submetidos a diferentes tipos de anestesias e cirurgias, dando uma maior segurança ao paciente, equipe médica (cirurgiões e anestesiologistas) e de enfermagem (enfermeiro e técnicos), racionalização de pessoal, eficiência dos recursos humanos e utilização de métodos terapêuticos assistenciais específicos, além de servir como uma área destinada à pesquisa de campo de aprendizagem para diversos profissionais e alunos da área da saúde. 18 A localização da SRPA deve ser próxima ao CC ou BC, considerando os fatores temperatura, ventilação e iluminação adequados, segundo as normas e legislações vigentes ao setor do centro cirúrgico. É importante, também, que esse setor possua piso refratário à condutibilidade elétrica, facilidades de limpeza, suficiente espaço, não devendo suaárea ser inferior a 25 m2. Os leitos devem estar organizados de forma que os pacientes possam ser vistos de qualquer ângulo do ambiente. É necessário que a estrutura do CC seja constituída por portas amplas, que permitam a entrada dos maquinários transportáveis como RX, carro de anestesia, aspiradores, fonte de oxigênio permanente e móveis, estantes e armários para armazenamento e procedimentos de medicamentosos, produtos para a saúde (PPS) e circulação adequada dos profissionais privativos deste setor (CARVALHO, 2016). Figura 2 - Sala de recuperação pós-anestésica Fonte: Kzenon, Shutterstock, 2020. #ParaCegoVer: A imagem mostra uma sala de recuperação pós-anestésica, que se localiza no centro ou bloco cirúrgico. A sala é constituída por diversas estruturas, materiais e insumos para a realização das intervenções assistenciais pós-cirúrgicas. A equipe de profissionais atuante nessa sala é o médico anestesiologista, enfermeiro e equipe de enfermagem. Observamos a paciente sendo assistida pelo médico anestesista e pela enfermeira. Levando em consideração os recursos humanos do centro cirúrgico, este é um setor onde se faz necessário profissionais, enfermeiros e técnicos em enfermagem, com formação direcionada e específica para atender aos objetivos da intervenção imediata e cuidados intensivos ou semi- intensivos para o paciente. 1.4 Critérios para aquisição de materiais, insumos e equipamentos Em função do exercício profissional de promoção, prevenção, assistência, gerência e pesquisa, o enfermeiro está diretamente ligado ao processo de compras, e aquisição de PPS (produtos para a saúde). Pela qual é requisitado, recebido, preparado, utilizado e controlado incialmente 19 pelo gestor hospitalar e enviado para gerência de enfermagem para poderem ser inseridos na assistência indireta ao paciente (CARVALHO, 2016). Fazendo parte da equipe técnica da comissão de compras ou como técnico de uma unidade assistencial cirúrgica, o enfermeiro deve estar consciente da importância de sua colaboração e atuar devidamente, pois participa do processo de aquisição, ainda que não haja nos manuais de PPS ou serviço e solicitações de compras qualquer referência à sua atuação. Se examinarmos o sistema de compras de um serviço de saúde, veremos que o início é dado pelo enfermeiro, quando faz a identificação dos PPS necessários para os procedimentos médico cirúrgico ao setor hospitalar ou a sua unidade de trabalho. E, se examinarmos o final do processo, observaremos que a experimentação e o uso do PPS adquirido pelos serviços de saúde são determinados também por esse profissional. 2 RECURSOS HUMANOS E EDUCAÇÃO CONTINUADA NO CENTRO CIRÚRGICO O centro cirúrgico é organizado e composto por uma equipe multiprofissional, cujos esforços são direcionados para alcançar metas comuns por meio do trabalho qualificado em equipe. 2.1 Profissionais O principal objetivo é prestar uma melhor sistematização da assistência em equipe possível a todo e qualquer paciente que necessite ser submetido a uma intervenção anestésico-cirúrgico. O trabalho em equipe deve ser fundamental, harmonioso, com dedicação, determinação e embasado no respeito multiprofissional e com todos os pacientes, para que se obtenha a segurança e eficácia necessária do ato anestésico-cirúrgico (CARVALHO, 2016). Podemos considerar três equipes atuantes de forma gerencial e assistencial no CC, lembrando que cada uma dessa equipe exerce função privativa, mas atuam em conjunto para estabelecer melhor assistência de saúde. Então podemos citar a equipe médica cirúrgica, médicos anestesiologistas e equipe de enfermagem. É importante salientar que além desses profissionais, também, podem atuar no setor do CC técnicos em raio X, técnicos em laboratório, biomédico, farmacêuticos, perfusionistas, auxiliares administrativos e de higienização. A equipe médica é formada pelos profissionais médicos, cirurgiões e assistentes (equipe de cirurgiões), que trabalham diretamente com a equipe de médicos anestesiologistas (anestesistas) e assistentes de anestesia. A enfermagem é composta pelo enfermeiro (líder e assistencial) e seus técnicos de enfermagem, que exercem a função de circulante de sala operatórias e instrumentador cirúrgico (GALVÃO et al, 2004). 20 2.2 Educação continuada A EC (educação continuada) é uma das práticas de se proporcionar e ofertar o desenvolvimento, conhecimento e o aperfeiçoamento dos profissionais das diversas funções e instituições trabalhistas. Na área de saúde, chamamos de ECS (educação continuada em saúde), cujo objetivo é capacitar diariamente os profissionais atuantes no âmbito hospitalar, para proporcionar melhor assistência e segurança ao paciente (SOUZA; CERIBELLI, 2004). A EC não é uma prática recente, surgindo no final do século passado, por necessidade das mudanças globais tecnológicas e capitalista, e do próprio desenvolvimento das diversas classes sociais, como sendo uma resposta de capacitar e aperfeiçoar os trabalhadores para as resoluções de problemas e desafios pertinentes na época. A ECE (educação continuada em enfermagem) é uma prática constante e permanente de treinamento, aperfeiçoamento e atualização. Envolve toda a equipe de enfermagem, objetivando atender as necessidades do crescimento pessoal e profissional, o que reflete na qualidade da assistência prestada a quem se encontra internado. O enfermeiro tem por função, enquanto líder, buscar instrumentos pertinentes para capacitar toda a sua equipe de enfermagem, oferecendo, desta forma, uma melhor assistência de saúde ao paciente que se encontra em um serviço de organização hospitalar. A enfermagem é uma profissão voltada para promoção, prevenção, reabilitação e recuperação da saúde da população. E requer constantes treinamentos inovadores, devido à evolução tecnológica e científica. Nesse sentido, o enfermeiro utiliza a ferramenta de EC para oferecer a sua equipe e a outros profissionais conhecimentos para uma atuação eficaz. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 21 3 GERENCIAMENTO DE ENFERMAGEM Podemos dizer que gerenciamento significa organizar, planejar e executar atividades ou tarefas que tenham como objetivo facilitar os diversos processos de trabalho, e deve ser realizado por um profissional administrador, gerente ou líder e que seja direcionado para a gestão de processos e de pessoas. O gerenciamento ou supervisão em enfermagem é uma atribuição complexa do enfermeiro, e direcionada para a liderança da equipe, planejamento, supervisão, controle e avaliação das ações que serão desenvolvidas junto aos pacientes que buscam os serviços para as suas necessidades de saúde. O enfermeiro exerce a sua função, na gerência ou na assistência, baseado nas atribuições legais do código de deontologia e da lei profissional da enfermagem (PEDROSO, 2015). Para complementar os estudos do gerenciamento ou supervisão em enfermagem, o COFEN (conselho federal de enfermagem), em 1986, em obediência à Lei n. 7. 498, determinou e destaca- se na íntegra que: O gerenciamento na equipe de enfermagem fosse uma atividade conferida privativa ao enfermeiro. O enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, no entanto são privativas à direção dos órgãos de enfermagem da instituição de saúde pública e privada e à chefia de serviço e de unidade de enfermagem, a organização e a direção dos serviços de enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses serviços, o planejamento, a organização, a coordenação, a execução e a avaliação dos serviços de assistência de enfermagem (COFEN, 2017). Ser enfermeiro, líder ou gerente, no cotidiano atual de seu trabalho, é desenvolver ações fundamentadas para a promoção, prevenção e recuperação da saúde do ser humano. Para tal, é preciso envolver o ato de coordenar e avaliar o desenvolvimento do trabalho da equipe de enfermagem e da assistência prestada ao cliente. Para isso, é preciso se capacitar constantemente nas funções que envolvagerência - para desenvolver um trabalho com qualidade e segurança para o paciente (FREITAS, 2011). 3.1 Gerenciamento de enfermagem na CME A CME (central de material e esterilização) é uma área destinada aos métodos de processo de limpeza, desinfecção e esterilização dos PPS. É um setor de apoio técnico do centro cirúrgico, que contribui com a segurança e controle dos PPS que serão distribuídos para o hospital, evitando e controlando as IRAS (infecções relacionadas à assistência à saúde). Atualmente, os utensílios médicos cirúrgicos utilizados nos diversos setores de um hospital são processados e reprocessados pela central de material e esterilização, o que indica a grande relevância da CME em administrar logisticamente estes materiais e retorná-los adequadamente para serem reutilizados nos procedimentos e intervenções clínico-cirúrgicas de todo o hospital. 22 O enfermeiro deve ser treinado e capacitado para o gerenciamento dos controles dos métodos e processos das técnicas hospitalares, garantindo a segurança e a eficácia do processo de limpeza, desinfecção e esterilização adequados para os PPS específicos, exercendo uma funcionalidade adequada nas rotinas que garantem a qualidade dos métodos de processamento dos PPS. Além disso, é preciso exercer atividades técnico-administrativas privativas, realizadas nesse setor como planejar, organizar, orientar, supervisionar, realização de funções que envolvam recursos humanos, fazer educação permanente e organizar escalas mensais de trabalho e solicitar aos gestores hospitalares, de acordo com a necessidade e demanda dos diversos setores, materiais para a saúde ou PPS (DAMASIO; VASQUES, 2016). 3.2 Gerenciamento de enfermagem no centro cirúrgico Partindo que o CC deve estar sempre equipado e preparado para as intervenções, é importante que todos os materiais, instrumentais cirúrgicos e equipamentos estejam organizados e nos seus devidos lugares, evitando erros que possam levar ao paciente contaminações e evoluções para o óbito. Para quem está participando do transoperatório, é estressante a falta dos produtos para saúde, pois denota desqualificação do profissional que exerce a função de organizar este setor para o ato cirúrgico. O enfermeiro é responsável por gerenciar e coordenar a equipe de enfermagem que realiza esse trabalho (AKAMINE, 2013). Salientamos que o profissional enfermeiro que executa a função de líder do CC, exerce uma relação conjunta com toda a organização e gestão hospitalar, por se de tratar de uma área fechada e exclusiva para a equipe multiprofissional que ali trabalha, e para os pacientes submetidos a procedimento cirúrgico. O líder da enfermagem, do CC, tem que estar em constante comunicação com a área ou SRPA, CME e com a UTI (unidade de terapia intensiva), e com outros setores como, por exemplo, as enfermarias do pós-operatório, para se ter uma visão global de todo o setor e planejar as ocorrências e cuidados adequados. Podemos dizer que planejar, coordenar, orientar, supervisionar e treinar são atribuições privativas do enfermeiro quanto líder ou gerente do centro cirúrgico. 3.3 Gerenciamento de enfermagem na SRPA A sala de recuperação pós-anestésica é um setor do CC de extrema importância no âmbito hospitalar. É o local de repouso para os pacientes em estado crítico, que acabaram de sair do procedimento cirúrgico e estão sobre o efeito terapêutico dos medicamentos anestésicos, e vigilância permanecente da equipe médica e de enfermagem. Podemos dizer que a SRPA recebe pacientes de pós-operatório imediato, que se encontram induzidos por anestesias geral e/ou regional, nas quais são implementadas assistências de saúde intensivas até o momento em que o paciente se encontrar consciente e com os reflexos presentes 23 e sinais vitais estáveis. Para isso, é necessário recursos técnicos e humanos direcionados e especializados para suporte imediato, levando em consideração a prevenção, a detecção e a implementação precoce da sistematização da assistência e cuidados específicos. É preciso recordar que a equipe de trabalho é multiprofissional, formada pelo médico anestesiologista, enfermeiro, técnico e auxiliar de enfermagem, que exercem as suas funções de acordo com suas competências legais. Partindo desse pressuposto e, de acordo com as práticas recomendadas pela SOBECC (sociedade brasileira de enfermeiros de centro cirúrgico, recuperação anestésica e centro de material e esterilização), o dimensionamento e a gerência da equipe de enfermagem na SRPA devem ser realizados em função das características do paciente. E planejar, coordenar, orientar, supervisionar e treinar continuam sendo atribuições privativas do enfermeiro enquanto líder ou gerente deste setor crítico e de vigilância permanente (SOBECC, 2017). 4 PERIGOS PARA A SAÚDE ASSOCIADOS AO AMBIENTE CIRÚRGICO Por se tratar de uma área de alta complexidade e por ser um setor crítico, o ambiente cirúrgico é alvo de estudos sobre a exposição dos seus profissionais a riscos laborais ou ocupacionais. No entanto, é preciso investir, cada vez mais, na promoção de um ambiente seguro, que favoreça a redução ou total eliminação desses riscos para um profissional saudável. E deve-se ainda ter foco constante de educação continuada e permanente para investir nas ações preventivas de saúde, evitando, com isso, as contaminações do ambiente e do profissional de saúde. As IH (infecções hospitalares) são consideradas problemas de saúde pública mundial, e são enquadradas como um risco à saúde dos pacientes e profissionais das unidades e serviços hospitalares. As IH que ocorrem após as cirurgias, designadas como ISC (infecções do sítio cirúrgico), são consideradas a segunda principal causa das IH. Investir em promoção, prevenção e controle dependem, exclusivamente, da adesão da equipe profissional da área da saúde para que as ISC sejam eliminadas ou reduzidas, garantindo, desta forma, melhor segurança para todos do CC. Para que ocorra uma diminuição ou eliminação das ISC, é preciso investir cada vez mais na prevenção dos fatores infecciosos e envolver medidas fiscalizadoras no setor de pré-operatório na unidade de internação. No CC, as medidas preventivas adotadas se relacionam à preparação do ambiente, equipe cirúrgica e paciente. 24 4.1 Lavagem e degermação das mãos: princípios de assepsia intra- operatória Podemos dizer que lavar significa limpar algo que pode ser alguma sujidade ou forma microscópica de vida, que esteja aderida ou não à alguma superfície. Considerando que os profissionais da saúde estão expostos aos diferentes riscos laborais, e sendo o risco biológico o mais comum de se propagar, faz-se necessário investir em um procedimento simples e barato que exige o uso da água, substância química (detergente) e um antisséptico para a lavagem das mãos, ou ainda, higienização das mãos. É importante dizer que os pacientes estão expostos a diferentes tipos de contaminações durante a prestação da assistência de saúde, sendo as IH decorrentes desta, um problema de saúde pública mundial. As infecções relacionadas à assistência à saúde induzem o aumento da resistência aos medicamentos antibióticos, prolongando, dessa forma, a hospitalização e elevando os custos para paciente, família, serviço de saúde e ainda pode causar a morte (FIGUEIREDO et al, 2014). Uma assistência de saúde limpa é sinônimo de assistência mais segura, com o objetivo de prevenir e reduzir casos novos das IRAS. Neste contexto, a lavagem das mãos é uma estratégia de extrema importância, que todos os serviços de saúde devem promover, incentivar e fiscalizar, por ser uma medida simples e efetiva. As mãos, sem dúvida, são estruturas corporais muito utilizadas, uma vez que facilitam a realização de inúmeras tarefas, e nos conectam, diretamente, com o paciente, sendo o principal meio de transmissão e contaminação dos microrganismos. Sabendo disso, a não adesão à lavagem das mãos ou à higienização das mãos compromete a eficácia e segurançada assistência prestada ao paciente no serviço de saúde. É de extrema necessidade que exista adesão de normas simples e básicas de higienização geral no âmbito hospitalar, considerando a lavagem das mãos, ou ainda, higienização das mãos, a de maior impacto para redução ou eliminação total das IRAS. Sendo assim, é recomendada a lavagem das mãos antes e após o contato com o paciente, antes dos procedimentos ou intervenções assépticas, após a elevação, exposição e contato com fluidos corporais, e após o contato com áreas próximas ao paciente (FIGUEIREDO et al, 2014). 25 Figura 3 - Lavagem das mão sFonte: yusufdemirci, Shutterstock, 2020. #ParaCegoVer: A imagem mostra a ilustração de duas mãos sendo lavadas com água. A técnica de lavagem das mãos, utilizada em centro cirúrgicos, funciona com a fricção de uma das mãos na outra e o uso de água corrente e sabão, preferencialmente, líquido, para eliminação de sujidade, contaminação e de possíveis microrganismos. Há vários tipos de técnicas de lavagem das mãos. Cada um depende do objetivo a que se destina. É possível lavar as mãos fazendo uso de substância antisséptica ou de água e sabão. Os profissionais que atuam em CC precisam conhecer e compreender que o método de assepsia é uma medida ou norma adotada nesse setor para impedir a contaminação de patógenos no organismo humano. E que a antissepsia é uma técnica voltada para a redução ou eliminação de patógenos fazendo o uso de produtos químicos (bactericidas ou bacteriostáticos) sobre a camada da pele ou mucosa. A degermação é uma técnica com finalidade antisséptica, direcionada para a redução ou remoção parcial ou total dos patógenos nas camadas da pele, ou outros tecidos e mucosas utilizando métodos químico-mecânicos. É considerado um procedimento de lavagem das mãos ou higienização das mãos usando água, sabão e escova e substância química específica e padronizada pelos órgãos legisladores de saúde. Toda equipe multiprofissional envolvida no ato cirúrgico deve ter precauções ao realizar a degermação cirúrgica das mãos e antebraços. Para isso preconizou-se a escovação com água morna ou temperatura padronizada pelo hospital e sabão neutro, seguida de sua imersão em solução química antisséptica e depois em álcool, mas é preciso seguir as recomendações do ambiente hospitalar a qual o enfermeiro e outros profissionais estão inseridos. 26 Durante a execução da técnica de antisséptica, pode ocorrer o desconforto e as possíveis lesões da pele, provocada pela escovação, levando o profissional a diminuir o tempo de escovação. Reduzindo esse tempo, pode gerar erros significativos na técnica, comprometendo o processo de redução da carga do patógeno. Com o avanço das soluções antissépticas, os efeitos indesejáveis da técnica de escovação puderam ser reduzidos. 5 PARAMENTAÇÃO CIRÚRGICA Para qualquer procedimento anestésico-cirúrgico, do mais simples ao mais complexo, é prioridade os cuidados ou precauções para minimizar os riscos de contaminações biológicas na equipe de profissionais do CC. São inúmeras as condições que favorecem a transmissão de microrganismo para o pacientes e equipes de saúde, principalmente, procedimentos que possam envolver sangue e fluidos orgânicos. Para isso, faz-se necessário priorizar a observação rigorosa de protocolos de rotinas para reduzir os riscos de IH. Ainda que possa variar, de acordo com a unidade ou setor de saúde, a precaução mais utilizada e obrigatória nos estabelecimentos que prestam serviços de saúde é a PC (paramentação cirúrgica). Ela tem por finalidade única proteger os profissionais e pacientes que estejam em procedimentos cirúrgicos no ambiente hospitalar (LEITE; DUARTE, 2013). A PC é o ato de trocar as vestimentas de rotinas por outras consideradas adequadas e seguras no centro cirúrgico, criando barreiras contra a penetração de agentes microscópicos nos locais dos sítios cirúrgicos dos pacientes, além de servir de proteção para a equipe multiprofissional. Quando se fala em precaução no ambiente do centro cirúrgico ou em qualquer âmbito da área da saúde, é comum pensamos na PC, principalmente, para os profissionais de enfermagem, que estão prestando serviço de forma constante durante 24 horas e, com isso, contribuindo para a recuperação do paciente, com maior zelo, rigor e competência técnica. É importante destacar alguns desses EPIs (equipamentos de proteção individual). FIQUE DE OLHO A técnica de degermação das mãos é fácil e exige prática no ato da sua execução. É necessário abrir a torneira, com o cotovelo, em seguida molhar as mãos, antebraços e cotovelos. Com as mãos no formato de concha, recolher a substância antisséptica e espalhar nas mãos, antebraço e cotovelo. No caso de escova impregnada com antisséptico, pressione a parte da esponja contra a pele e espalhe por todas as partes. 27 Uniformes privativos As vestes cirúrgicas são formadas pelo jaleco e pela calça, confeccionados, preferencialmente, com tecido de algodão grosso, não esterilizados e de multiuso. Uso restrito para setores fechados como o CC e devem ser trocados sempre que necessário. O jaleco precisa cobrir totalmente o tronco, pelve e membros superiores com o objetivo de servir de barreira de penetração ou saída de formas microscópicas de vida do profissional. A calça cirúrgica deve ser colocada da cintura aos tornozelos, cobrindo totalmente os membros inferiores e, nesse nível, deve ter um fechamento com elástico. Não podem tocar superfícies estéreis, porque não são esterilizados. Todo uniforme deve ser trocado no vestiário da área restrita do CC. Propes São tecidos no formato do pé e que devem ser colocados antes da área restrita do CC. Têm como objetivo a prevenção de contaminação do chão dessas áreas por formas microscópicas localizadas nas solas dos calçados dos profissionais. A eficácia é bem questionada em relação a evitar a contaminação microbiológica. Gorros ou toucas São peças de tecido ou substância semelhante, de tamanho variado, e tem a finalidade de evitar a contaminação da ISC por fios cabelos. São colocados antes da área restrita do CC. É de extrema importância e necessidade que fiquem bem adaptados na cabeça, não sendo necessário serem esterilizados, e evitar tocar em superfícies estéreis. Máscaras cirúrgicas Esses protetores respiratórios, por regra, devem cobrir toda a face, desde a base nasal, boca, mento, aderindo a pele e fixados nas laterais do rosto através do pavilhão externo da orelha. São descartáveis, não estéreis e não podem entrar em contato com superfícies estéreis. As máscaras cirúrgicas devem ser trocadas quando molhadas ou contaminadas ou após quatro horas de uso, quando reduz a sua eficácia. Nunca devem ficar penduradas no pescoço ou ser guardadas para a reutilização. Protetores oculares ou óculos Considerados, principalmente, para a proteção do profissional, evitando, dessa forma, o contato direto com sangue, secreções e fluidos orgânicos. Avental cirúrgico Vestimenta de proteção, que deve ser colocada por cima do uniforme cirúrgico. Com finalidade evitar a propagação dos agentes microbianos do corpo do profissional aos locais da 28 ISC, evitando, dessa forma, o contato direto com sangue, secreções e fluidos orgânicos. Luvas Equipamento de proteção individual, com diversos modelos e tamanhos, não esterilizados, devem ser usados por profissionais que fiquem em contato com material ou substâncias contaminadas durante todo o tempo. Luvas esterilizadas devem ser usadas pelos profissionais que estejam realizando procedimentos cirúrgicos ou limpos, evitando contaminar a região da cirurgia. É importante dizer que pode ser recomendado o uso de luvas uma sobre a outra em cirurgias de longas durações, diminuindo o risco de perda de continuidade, ou podendo trocálas nos procedimentos que perdurem mais de duas horas. 5.1 Tempos cirúrgicos Em clínica cirúrgica chamamos de tempos cirúrgicos a sequência consecutiva de procedimentos utilizados na manipulaçãodos tecidos e órgãos durante o ato cirúrgico e, a partir dessa sequência, podemos classificar quatro tempos cirúrgicos: • diérese; • hemostasia; • exérese; e • síntese cirúrgica. O resultado positivo de um ato cirúrgico depende da experiência e habilidade do médico cirurgião, das condições do paciente, dos cuidados prestados pelo enfermeiro e sua equipe, e da visita do anestesiologista no período pré-operatório, bem como dos recursos materiais e equipamentos utilizados no procedimento cirúrgico. O profissional enfermeiro que atua no bloco cirúrgico deve conhecer e ter habilidade das suas funções nos diversos tempos cirúrgicos, levando em consideração, principalmente, a sua relação com os tipos de hemostasia cirúrgica. Os tipos de síntese são de vital importância independentemente de sua área de atuação. 29 Quadro 1 - Tempos cirúrgicos Fonte: CARVALHO, 2012 (Adaptado). #ParaCegoVer: A imagem mostra um esquema organizacional e didático dos tempos cirúrgicos. Ocorrem no transoperatório e na sequência do ato cirúrgico, iniciando pela diérese (ato de dividir, cortar e separar os tecidos vivos do organismo humano), seguido pela hemostasia (ato de deter o sangramento após a divisão dos tecidos), seguido pela exérese (ato cirúrgico propriamente dito) e, por fim, a síntese cirúrgica (ato de unir, aproximar as bordas da ferida ou lesão). Esses métodos ou procedimentos ordenados e consecutivos são realizados desde o início até o término da cirurgia, e dependem da habilidade da equipe multiprofissional para que o ato cirúrgico tenha o sucesso esperado. Não podemos esquecer que o profissional da enfermagem considerado habilitado para instrumentar, denominado instrumentador cirúrgico, deve ter o conhecimento pleno dos instrumentais ou materiais cirúrgicos, e da diérese, hemostasia, exérese e síntese cirúrgica, uma vez que auxilia diretamente o profissional médico cirurgião no transoperatório - durante todo ato anestésico-cirúrgico. 5 .2 Instrumental cirúrgico e seu preparo A instrumentação cirúrgica é uma das áreas da clínica cirúrgica de extrema importância e necessidade para o sucesso do ato cirúrgico, e para eliminação parcial ou total das contaminações no sítio cirúrgico. A profissão é desempenhada pelo técnico em enfermagem, na qual esse profissional tem a função de ajudar o cirurgião desde a preparação dos instrumentos até a esterilização deles na CME. 30 Quadro 2 - Posicionamento Cirúrgico Fonte: SOBECC, 2017 (Adaptado). #ParaCegoVer: A imagem mostra um esquema organizacional e didático da posição da equipe profissional durante o ato cirúrgico. Cirurgião e segundo auxiliar direcionados para o lado esquerdo da mesa cirúrgica. Primeiro auxiliar e instrumentador, profissional da enfermagem, direcionados para o lado direito da mesa cirúrgica, e o profissional anestesiologia na região terminal superior da mesa. O paciente fica sobre a mesa cirúrgica com a cabeça voltada para a extremidade superior. A intervenção ou procedimento anestésico-cirúrgico se realiza através de quatro técnicas fundamentais: • diérese dos tecidos orgânicos; • hemostasia; • exérese; e • a síntese para possibilitar a cicatrização da lesão. Para cada etapa utilizam-se materiais ou instrumentos cirúrgicos diferentes para permitir que o médico cirurgião execute o procedimento com habilidade, precisão e rapidez. Por isso, faz-se 31 necessário planejar e organizar o instrumental cirúrgico, específico para cada tipo de cirurgia, solicitando as caixas cirúrgicas, na central de material e esterilização, para que a equipe da CME prepare, com antecedência, e envie para o bloco cirúrgico para que ocorra a cirurgia, levando segurança para o paciente. É importante ressaltar que os instrumentais cirúrgicos devem ser dispostos ordenadamente sobre uma mesa (dos Instrumentais) cirúrgico, de forma padronizada e de acordo com as etapas e necessidade do cirurgião (MORIYA, 2011). Quadro 3 - Mesa dos instrumentais cirúrgicos Fonte: SOBECC, 2017 (Adaptada). #ParaCegoVer: A imagem mostra um esquema organizacional e didático da arrumação correta da mesa do profissional instrumentador cirúrgico com a sequência e disposição ordenada dos instrumentais cirúrgicos que serão utilizados no ato anestésico-cirúrgico. Observamos os instrumentais de diérese, seguido pelo de preensão, hemostasia, de exposição, especiais e auxiliares e por último os de síntese. Enfim, conhecer o centro cirúrgico é um desafio para qualquer profissional que atue no ato anestésico-cirúrgico. FIQUE DE OLHO A instrumentação cirúrgica requer habilidade e conhecimento do ato cirúrgico, materiais e instrumentais cirúrgicos pelo profissional de nível técnico em enfermagem. Para compreender o tema leia o artigo “instrumental cirúrgico” (MORIYA; VICENTE; TAZIMA, 2011, p.18-32). 32 É recomendável que o profissional enfermeiro esteja atento às legislações, normas, rotinas e protocolos atualizados deste setor complexo e crítico. O enfermeiro do CC compõe a equipe multiprofissional de saúde, e os seus cuidados serão sempre baseados em evidências e numa prática cientifica inovadora, que envolva a sistematização da assistência em enfermagem no ambiente cirúrgico. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 33 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • conhecer as noções preliminares da enfermagem em centro cirúrgico, conceitos de centro cirúrgico, bloco cirúrgico e sala de recuperação pós-anestésica, bem como a estrutura física e os equipamentos do bloco cirúrgico e da sala de recuperação pós- anestésica; • compreender os critérios para aquisição de materiais, insumos e equipamentos para o centro cirúrgico; • entender a função do enfermeiro quanto aos recursos humanos e educação continuada do centro cirúrgico; • aprender sobre o gerenciamento do profissional enfermeiro na CME, no BC e SRPA; • avaliar os perigos para a saúde dos profissionais associados à falta do uso dos EPIs e aos procedimentos de lavagem e degermação das mãos no ambiente cirúrgico; • assimilar os tempos cirúrgicos, bem como a importância do conhecimento da instrumentação cirúrgica para a equipe de enfermagem.. PARA RESUMIR AKAMINE, J. et al. Enfermagem em Centro Cirúrgico atualidades e perspectivas no am- biente cirúrgico. Gerenciamento em Centro Cirúrgico. São Paulo, 2013. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC n. 307, de 14 de novembro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Disponível: http://www.cvs.saude.sp.gov.br/zip/Resolu%C3%A7%C3%A3o%20RDC%20ANVISA%20 n%C2%BA%20307,%20de%2014nov02.pdf. Acesso 18 de abril de 2020. ANVISA. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução da diretoria colegia- da - RDC n. 50, de 21 de fevereiro de 2002. Disponível: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ saudelegis/anvisa/2002/rdc0050_21_02_2002.html. Acesso em 18 de abril de 2020. BARBOZA, V. S. et al. Eficácia de dois métodos de degermação das mãos. Rev Cir Trauma- tol Buco-Maxilo-Fac. Camaragibe, v.15, n. 3, jul/set. 2015. CARVALHO, R BIANCHI, E. R. F. Enfermagem em centro cirúrgico e recuperação. 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Bebedouro, v.3, n. 1, 172-189, 2019. SOBECC. Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anesté- sica e Centro de Material e Esterilização. Práticas Recomendadas. 7 ed. São Paulo: Nacio- nal, 2017. SOUZA, M. C. B.; CERIBELLA, M. I. P. F. Enfermagem no centro de material esterilizado - a prática da educação continuada. Rev Latino Enfermagem. São Paulo, v.12, n. 5, 767-774, set/out, 2004. UNIDADE 2 Biossegurança e assistência de en- fermagem perioperatória Olá, Você está na unidade Biossegurança e assistência de enfermagem perioperatória. Conheça aqui as ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação dos riscos relacionadas às infecções hospitalares, bem como as identificações dos tipos de material de proteção individual utilizados pelos profissionais da CME (central de material estéril). Entenda que a assistência de enfermagem perioperatória é considerada vital para a realização e o sucesso de um ato anestésico-cirúrgico, e é uma das atividades do enfermeiro. Compreender a utilização de terminologias adequadas, é de extrema importância para as pessoas envolvidas na assistência cirúrgica, uma vez que facilita o entendimento de todos, e proporciona uniformização da linguagem no CC (centro cirúrgico). Bons estudos! Introdução 39 1 NOÇÕES PRELIMINARES A unidade de biossegurança e assistência de enfermagem perioperatória apresentará a biossegurança como um desafio para os profissionais da saúde, principalmente no campo prático de um setor pouco conhecido como CME (centro de materiais e esterilização). Esse setor de apoio tem fundamental importância por ser responsável pelo PPS (processamento de produtos para saúde), garantindo segurança ao paciente e permitindo o uso de materiais em condições adequadas de preparo e esterilização. No hospital, a CME é considerada uma área crítica por processar PPS resultantes de intervenções clínicas e cirúrgicas, apresentando, desta forma, riscos aos profissionais que atuam nesse setor, tornando-os mais suscetíveis a acidentes ocupacionais. Levando em consideração o exposto, a Norma Regulamentadora n. 32, Portaria n. 485, de 11 de novembro de 2005, estabelece as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral. O entendimento desta disciplina é necessário diante do avanço da tecnologia, associado à globalização, e faz com que os enfermeiros da era moderna estejam cada vez mais direcionados ao saber-fazer, focando suas habilidades nas promoções e prevenções para uma assistência de enfermagem operatória, ou melhor, perioperatória cirúrgica com qualidade no cenário de saúde atual. Figura 1 - Biossegurança e assistência de enfermagem Fonte: sheff, Shutterstock, 2020. #ParaCegoVer: Na imagem temos uma equipe de assistência multiprofissional (médicos e equipe de enfermagem) todos paramentados, adequadamente, em relação aos EPIs (equipamentos de proteções individuais) para propor uma melhor biossegurança para toda equipe de saúde e segurança do paciente. 40 Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 1.1 Biossegurança Entender biossegurança, atualmente, é de fundamental importância para os conceitos de promoção e prevenção a saúde. E um tema direcionado para redução parcial ou total dos fatores físicos, químicos e biológicos dentro de um ambiente de cuidados para com a saúde das pessoas, e do próprio profissional de saúde. Quando temos uma associação de medidas que tenham o objetivo de diminuir ou eliminar os riscos ou agressões a saúde dos pacientes e dos profissionais de saúde, temos a biossegurança (NATI, 2010). A biossegurança é um tema relevante na vida dos profissionais de enfermagem, visto que, estes profissionais estão expostos a materiais biológicos potencialmente contaminados, principalmente os profissionais que desenvolvem suas atividades em áreas críticas dos hospitais, por estarem mais suscetível a acidente envolvendo material biológico, químico, físico, ergonômico e psicossociais (NATI, 2010). Os profissionais de saúde estão expostos diariamente aos danos a sua vida, que chamaremos de risco ocupacional, porque está diretamente ligado as suas atividades laborais (trabalho). Este risco pode estar ligado a falta de conhecimento do trabalhador as suas atividades diárias, ou ainda, a situações emergenciais que o ambiente (trabalho) favorece constantemente. Os riscos ocupacionais que são mais comuns em um ambiente de trabalho, estão ligados ou conectados a diversos fatores, e são simbolizados por cores. Então podemos dizer que o risco: físicos é representado pela cor verde, químicos é representado pela cor vermelha, biológicos é representado pela cor marrom, ergonômicos é representado pela cor amarela, e acidentais/ mecânicos é representado pela cor verde. 41 Para se evitar os riscos ocupacionais é necessário fazer uso, principalmente, dos EPIs, que têm como objetivo evitar acidentes e contaminações no ambiente laboral. A baixa adesão ao uso desses equipamentos e o seu uso incorreto são fatores decorrentes da falta de adaptação dos profissionais, no ambiente laboral, por ocasionarem algum tipo de desconforto, incômodo, descuido, esquecimento, falta de hábito, inadequação, quantidade insuficiente, descrença de proteção quanto ao seu uso, sobrecarga de trabalho e cansaço físico. Já o fator de adesão ao uso dos EPIs se relaciona ao entendimento do profissional acerca dos riscos, laborais, que o profissional está exposto ou ligado. O uso dos EPIs é obrigado! E precisa ser fiscalizado no ambiente do trabalho (SILVA et al.,2017). Equipamento de proteção individual - é todo o dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho (Brasil, 2001). 1.2 Visão geral - central de material e esterilização O setor, no âmbito hospitalar, que se articula com todos as unidades do hospital é chamada de CME (central de material e esterilização). É uma unidade destinada a receber, de todos os setores, materiais hospitalares, para processamentos de limpeza, descontaminação, preparo, esterilização, armazenamento e distribuição dos materiais utilizados para os diversos setores de um estabelecimento de saúde. A CME pode estar localizada dentro ou fora da unidade de saúde ou hospital (SOBECC, 2007). O trabalho desempenhado pela CME é de alta complexidade, e exige da equipe de enfermagem que a compõe um alto nível de conhecimento e qualidade nos processamentos dos materiais oriundos dos diversos setores de assistência à saúde no âmbito hospitalar. A equipe da central de material e esterilização é formada pelo profissional enfermeiroe técnicos em enfermagem. Diante das complexas técnicas de trabalho desenvolvidas na CME, e das ocorrências envolvendo a qualidade dos processamentos e reprocessamentos de diferentes materiais ou Produtos para a Saúde (PPS), foi publicada a Resolução da Diretoria Colegiada n. 15, de 15 de março de 2012,que tem como objetivo estabelecer os requisitos de boas práticas para o funcionamento dos serviços para a saúde , levando em consideração o processamento de PPS (BRASIL, 2012). Mediante os objetivos estabelecidos na RDC-15/2012, o COFEN (conselho federal de enfermagem) elaborou e publicou no DOU (diário oficial da União) a Resolução n. 424, de 19 de abril de 2012, que normatiza âmbito nacional as atribuições dos membros da equipe de enfermagem em Centros de Materiais e Esterilização. (COFEN, 2012). Conhecer o real objetivo das resoluções dos órgãos competentes poderá contribuir para as ações das unidades de assistência à saúde na busca de melhores condições de trabalho e 42 na qualidade do processamento e reprocessamento dos PPS. É preciso identificar e prevenir e/ ou reduzir fatores de riscos que poderão estarem presentes na CME. para garantir a diminuição das ocorrências de agravos a saúde dos profissionais da enfermagem, bem como de infecções cruzadas nos setores de assistência hospitalar (TIPPLE et al., 2007). Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 2 NORMAS REGULAMENTADORAS O MTE (ministério do trabalho e emprego) aprovou, em 1978, as NRs (normas regulamentadoras) pertinentes à segurança e medicina do trabalho. Conforme Sarquis e Cruz (2005), elas são obrigatórias para as empresas privadas, públicas e órgãos do governo que são orientados pela CLT (consolidação das leis do trabalho). 2.1 NR-32 Em 2005, foi aprovada uma norma específica para a área da saúde, a NR-32 (norma regulamentadora n. 32), que estabelece as diretrizes para a implementação de programas de prevenção de riscos ocupacionais e de proteção à saúde do trabalhador no ambiente de trabalho. Para fundamentar e complementar os estudos relacionados sobre a NR-32 - segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde, destaca-se na íntegra dessa normatização. “Para fins de aplicação desta NR, entende-se por serviços de saúde qualquer edificação destinada à prestação de assistência à saúde da população, e todas as ações de promoção, recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde em qualquer nível de complexidade” (BRASIL, 2005). A NR-32 abrange situações de exposições a riscos à saúde do trabalhador. A diminuição ou eliminação dos agravos à saúde laboral estão, em grande parte, relacionados à sua capacidade de entender a importância dos cuidados e medidas de proteção, as quais deverão ser seguidas 43 no ambiente de trabalho (ACÁCIO et al., 2013). O objetivo dessa NR é prevenir os acidentes e o adoecimento causado pelo trabalho nos profissionais da saúde, eliminando ou controlando as condições de risco presentes nos serviços de saúde. É recomendado para cada situação de risco a adoção de medidas preventivas, e a capacitação dos trabalhadores para um âmbito laboral seguro. 2.2 Obrigatoriedade de vacinação É de fundamental importância compreender que a NR 32 abrange a questão da obrigatoriedade da vacinação do profissional de enfermagem, conforme recomendação do MS (ministério da saúde), devidamente registrada em prontuário funcional com comprovante ao trabalhador, e ainda, determina algumas situações na questão de vestuário e vestiários, refeitórios, resíduos, capacitação contínua e permanente na área específica de atuação, entre outras recomendações do Ministério (BRASIL, 2005). Ainda que a NR-32 tenha sido desenvolvida com foco na saúde do trabalhador que desempenha as tarefas laborais na área da saúde, a norma também beneficia a todos os grupos de pessoas que frequentam esses locais, e tem a obrigação de garantir a proteção dos diversos ambientes laborais. 3 SEGURANÇA DO PACIENTE E DO AMBIENTE Conforme foi abordado nos tópicos anteriores, o avanço da tecnologia, associado à globalização, faz com que os enfermeiros da era moderna estejam cada vez mais direcionados ao saber-fazer, focando suas habilidades para uma assistência de enfermagem com qualidade no cenário de saúde atual, sejam elas assistenciais, administrativas, educativas e/ou gerenciais. Desta forma, será abordado, na sequência, que a SAE (sistematização da assistência de enfermagem) é um método que visa aprimorar o cuidado prestado pelo enfermeiro em prol da segurança do paciente, buscando proporcionar uma assistência segura e com qualidade, melhorando a comunicação entre as equipes, e evidenciando um ambiente seguro e saudável para a prestação do cuidar. 3.1 Portaria n. 529/2013 - Programa nacional de segurança do paciente Atualmente, no mundo inteiro, os profissionais de saúde discutem a melhor estratégia para garantir a segurança do paciente, sendo considerada uma importante questão de saúde pública. Entender que se faz necessário reduzir, ao máximo possível, riscos e danos desnecessários no processo do cuidar, é de extrema necessidade para estabelecer o melhor planejamento da assistência à saúde do paciente (BRASIL, 2013). Em abril de 2013, o MS elaborou estratégias, produtos e ações, por meio de normas e regras, 44 que foram direcionadas para os gestores, profissionais e usuários, para redução das ocorrências dos EAs (eventos adversos) na assistência à saúde. Essas ferramentas foram direcionadas para o trabalho da promoção e prevenção da segurança e saúde dos pacientes. E, a partir dessa data, ficou instituído o PNSP (Programa Nacional de Segurança do Paciente) em todo território brasileiro (BRASIL, 2013). Figura 2 - Assistência de enfermagem e segurança do paciente Fonte: Dmytro Zinkevych, Shutterstock, 2020. #ParaCegoVer: A imagem mostra uma enfermaria com duas mulheres: uma enfermeira (prestando os cuidados sistematizados na assistência de enfermagem, garantindo, dessa forma, uma melhor recuperação de saúde) e a segunda pessoa, paciente (recebendo os cuidados planejados pela profissional enfermeira, para melhor recuperação da sua saúde). O desenvolvimento de estratégias para a segurança do paciente depende do conhecimento e do cumprimento do conjunto de normas e regulamentos que regem o funcionamento dos estabelecimentos de saúde, condição básica para que estes estabelecimentos possam dar novos passos, como a elaboração de planos locais de qualidade e segurança do paciente, com ações monitoradas por indicadores, gerido por uma instância (núcleo) responsável e de uma política de estímulo à utilização rotineira de protocolos e diretrizes clínicas (BRASIL, 2014). A segurança do paciente é um fator importantíssimo para avaliar a qualidade da assistência, mas, infelizmente, é influenciada, apesar das qualificações e avanços na área de saúde, pelas práticas profissionais erradas, que chamaremos de iatrogenia, e que são cometidas pelos profissionais que atuam diretamente ou indiretamente nessa assistência e refletem, diretamente, na qualidade de vida dos usuários, pacientes ou clientes que procuram os serviços (públicos ou privados) de saúde. Essas iatrogenias podem provocar desagradáveis fatores, tanto para os pacientes como para os profissionais e para a organização hospitalar (MIASSO et al., 2006). 45 Baseado nas condutas iatrogênicas e na necessidade de redução dos EAs, o Ministério da Saúde estabelece a importância para qualquer profissional que atue na assistência à saúde do entendimento da compreensão da cultura de segurança do paciente. Essa cultura é definida como valores, atitudes, competências e comportamentos que determinam o comprometimento de uma melhor gestão da saúde e da segurança, substituindo a culpa e a punição pelas qualificações e educações permanentes para aprender com as falhas e melhor gestão da saúde e da segurança, substituindo a culpa e a punição pelas qualificações e educações permanentes para aprender com as falhas e melhorara atenção e qualidade à saúde (BRASIL, 2013). Os eventos adversos devem ser informados, por meio de notificação digital, ao SNVS (sistema nacional de vigilância sanitária), de acordo com a Resolução da Diretória Colegiada 36/2013. E é função do serviço de saúde informar os óbitos relacionados aos EA’s em até 72 horas após a ocorrência, e preencher corretamente as dez etapas correspondente à investigação em até 60 dias corridos, a partir da data da informação ao SNVS. 3.2 Segurança do paciente A Anvisa instituiu as ações para segurança do paciente, conforme RDC n. 36/2013, com objetivo de prevenir e reduzir a incidência de eventos que gerem danos ao paciente, adotando como escopo de atuação para os eventos associados à assistência à saúde, as seis metas da OMS (organização mundial da saúde). Estas metas estão trazidas nos seis protocolos de segurança do paciente, publicados nas portarias GM/MS 1377/2013 e GM/MS 2.095/2013. A OMS, no segundo desafio global para a segurança do paciente, lançou o manual “Cirurgias Seguras Salvam Vidas”, com o objetivo de melhorar a segurança da assistência cirúrgica e reduzir o número de mortes e complicações cirúrgicas (OMS, 2009). E é nesse contexto que os órgãos competentes e legisladores da enfermagem têm implementado estratégias, no âmbito nacional, para melhor compreensão e qualificação de como utilizar, corretamente, os protocolos e checklists para as intervenções de enfermagem, que possibilitem a assistência de qualidade, segura e sem danos aos pacientes (LUZIA; ALMEIDA; LUCENA, 2014). 4 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PERIOPERATÓRIO Ao longo dos anos, foi necessário oferecer ao paciente uma melhor assistência, baseada em achados científicos, para garantir práticas seguras e cuidados da equipe de enfermagem (enfermeiro, auxiliares e técnicos) com um olhar holístico, humanizado e seguro para com o paciente nos diversos níveis de complexidade da assistência em saúde. 46 Esse cuidar é direcionado para uma assistência planejada e continuada, que chamaremos de sistematização. O ato de planejar o cuidar, requer leitura e conhecimento dos fatos e, tanto no âmbito hospitalar e de saúde coletiva (pública), os princípios norteadores serão os mesmos; difere somente no processo saúde x doença. Para complementar os estudos da assistência e sistematização de enfermagem, o COFEN, através da Resolução n. 358, de 15 de outubro de 2009, destaca: Toda instituição de saúde, pública e privada, sendo que cabe privativamente ao enfermeiro realizar todas as etapas da SAE. A presente resolução organiza o trabalho profissional quanto ao método, pessoal e instrumentos, tornando possível a operacionalização do Processo de Enfermagem (PE) descrito em cinco etapas: coleta de dados, diagnóstico de enfermagem, planejamento de enfermagem, implementação e avaliação de enfermagem (COFEN, 2009, on-line). Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: Por volta de 1970, a enfermeira Wanda de Aguiar Horta, iniciou com PE, a SAE direcionada para CC (centro cirúrgico), denominada SAEP (sistematização da assistência de enfermagem perioperatória). A SOBECC (sociedade brasileira de enfermeiros em centro cirúrgico, recuperação anestésica e centro de material e esterilização) recomenda as práticas, a promoção e a divulgação da enfermagem, desde o momento da divulgação para o paciente da necessidade cirúrgica até a sua alta hospitalar (SOBECC, 2007). O foco na assistência perioperatória é o paciente e a sua família, que terá como objetivo ajudar a compreender a patologia e a necessidade de entender o tratamento, o processo anestésico- cirúrgico e a sua melhor recuperação fisiológica e psicológica. Conforme a SOBECC (2007), o profissional enfermeiro precisa reduzir os riscos ou agentes 47 agressores inerentes ao ambiente do CC e da SRPA (sala de recuperação pós-anestésica), e da utilização dos equipamentos ou instrumentais cirúrgicos utilizados nos procedimentos, bem como garantir a qualidade da assistência prestada. O período perioperatório compreende três fases: • a fase pré-operatória; • a fase intra-operatória ou transoperatória; e • a fase pós-operatória. Ressalta-se que a assistência é complexa, peculiar e individualizada em todas as etapas. O PPO (período pré-Operatório) pode ser dividido em: • PPOM (período pré-operatório mediato); e • PPOI (período pré-operatório imediato). PPOM A SAEP no PPOM é direcionada ao paciente para a realização dos exames clínicos, que irão auxiliar no seu quadro clínico. Os exames serão importantes para planejar assistência médica e de enfermagem, aos diversos sistemas orgânicos, adequada ao tratamento, e terá o objetivo de diminuir as sintomatologias, e planejar os cuidados necessários para evitar possíveis complicações no Período Pós-Operatório Cirúrgico (PPOC). PPOI O período PPOI corresponde às primeiras 24 horas antes da cirurgia, e objetiva preparar o corpo do paciente de forma fisiológica (jejum, limpeza intestinal, esvaziamento vesical, preparo da pele e administração medicamentosa pré-anestésica) e psicológica para o ato cirúrgico (TAUBE, 2006). O PPOM é de extrema necessidade no PE e na SAEP e tem que ser seguido para não comprometer o bom resultado do ato cirúrgico ou até mesmo provocar sua suspensão. É importante orientar ao paciente no PPOM quanto aos riscos inerentes aos fatores do tabagismo, desnutrição, obesidade, faixa etária, hipertensão arterial sistêmica, diabetes entre outras patologia e disfunção orgânica. Assim, por exemplo, no transoperatório, o médico cirurgião terá dificuldade em controlar o sangramento, de um paciente hipertenso; bem como o paciente tabagista apresentara um acúmulo de secreções pulmonares, desenvolvendo possivelmente broncopneumonia PO (SOBECC, 2007). 48 Levando em consideração o transoperatório, SOBECC (2007) aponta que esse período cirúrgico se inicia com a chegada do indivíduo no centro cirúrgico e termina com a entrada dele na sala de recuperação anestésica, UTI ou unidade de internação. Pode ainda, ser dividida em dois momentos diferentes: PIO (período intra-operatório) e PTO (período (transoperatório). O primeiro ocorre na recepção do paciente no centro cirúrgico, e o segundo será a sua permanência na sala cirúrgica. Considerada a segunda fase da SAEP, é no período transoperatório que o enfermeiro, por meio de intervenções de enfermagem efetivas e planejadas, poderá minimizar os riscos aos pacientes decorrentes do procedimento anestésico cirúrgico (SMELTZER; BARE, 2005). O período transoperatório, que se caracteriza pela permanência do indivíduo na sala operatória, consiste quando o procedimento anestésico cirúrgico é realizado. O acompanhamento é feito por toda equipe de enfermagem (auxiliares ou técnicos de enfermagem), que deverão oferecer ao indivíduo apoio, atenção e respeito às suas necessidades, além de seguir as prescrições do enfermeiro (SOBECC, 2007). Terminando o PTO, imediatamente se inicia o POI (período pós-operatório imediato), que pode começar em sala operatória e terminar quando o paciente é transferido para a SRPA. O PPO é subdividido em POI (período pós-operatório imediato) e POM (período pós- operatório mediato). A recuperação do paciente até as primeiras 24 horas após cirurgia é considerado POI. Nesse período, existe a necessidade de observar o quadro clínico de recuperação do paciente com total segurança e parâmetros avançados para prevenir problemas comuns como: hemorragia, dor, febre, náuseas, vômitos e processos infecciosos. O POM corresponde à assistência voltada para as primeiras 24 horas após o ato cirúrgico, podendo se estender até o sétimo dia, e após o sétimo dia, até o recebimento da alta (MALAGUTTI; BONFIM, 2009). O Ideal seria que os pacientes em POI fossem encaminhados da SO para a SRPA para avaliação dos parâmetros hemodinâmicos de recuperação do ato anestésico-cirúrgico, até um período de uma a seis horas para o controle e recuperação dos seus reflexos, e transferido para a
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