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O segredo dos seus olhos

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O Segredo dos seus Olhos/ El Secreto de sus Ojos: o filme da (in)justiça 
Nayara Faustinger Sato
A obra é um filme dramático contendo mistério policial, lançado em 2009, e que ganhou, em 2010, o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, tendo a sua história passada no contexto da Ditadura Militar na Argentina. O filme foi baseado no livro “La Pregunta de Sus Ojos” do autor Eduardo Sacheri e foi dirigido pelo diretor e roteirista Juan José Campanella que, também, dirigiu outros filmes como “O Filho da Noiva” e “O mesmo Amor, a Mesma Chuva”, sendo “O Segredo do seus Olhos” um filme voltado para o público jovem adulto, por tratar da convivência social e de questões morais, fazendo com que o telespectador reflita sobre elas.
Essa obra começa mostrando o protagonista, Espósito, escrevendo em seu caderno sobre um caso no qual ele foi responsável durante sua época de oficial de justiça. Esse caso, o estupro e morte de uma jovem garota chamada Lilliana Coloto, afeta-o profundamente, fazendo com que, mesmo após a ordem de seu superior para fechar o caso, ele ainda tente investigar e descobrir quem foi o autor do crime. Espósito, por meio de fotos, vendo o olhar de uma das pessoas presentes nas imagens, percebe o possível culpado e, assim, começa a procurá-lo com a ajuda de seu amigo e secretário Pablo Sandoval. Mesmo após os dois pegarem o culpado, tendo conseguido a confissão do crime, devido ao contexto em que viviam, de Ditadura, quando usavam os criminosos como “espiões” de outros criminosos, o culpado foi solto, situação a qual retrata a falta de justiça naquela época. 
O filme aborda temas relacionados ao amor, a vingança, o ódio, a solidão e a injustiça, mostrando como eles podem aprisionar as pessoas. Isso é retratado através do foco em torno do caso Morales e como tal crime abalou a vida não só Morales, como também a de Espósito e Irene, “congelando” a existência deles a partir desse ponto. Exemplificando os temas, está o amor que o Ricardo Morales tinha para com sua parceira, que foi estuprada e morta pelo Gómez, que ficou “preso” pelo ódio e pela vingança enquanto o culpado não era achado, fazendo com que ele mantivesse o criminoso preso em sua casa por mais de 25 anos, após ter sido solto pela justiça de seu país, entrando, assim, no quesito da injustiça que, no filme, faz o interlocutor pensar sobre essa temática, gerando diversos questionamentos: “Será que realmente há justiça?”, “O que seria essa justiça e quem a define?” e “Fazer justiça com suas próprias mãos é correto?”. Paralelamente, o tema da solidão é retratado por Morales, que fica obcecado por sua vingança e sua vida solitária, e a forma como ele isola o criminoso, deixando de se comunicar com ele. Por fim, Espósito e Irene representam também esse mesmo sentimento, pois passam anos sem confessar um para o outro o seu amor. 
Durante a narrativa dos eventos, que acontecem depois de 25 anos do caso ao redor do qual a história gira, é mostrado como, mesmo após tanto tempo, as feridas daquela época não cicatrizaram no protagonista, o Espósito, que busca através de sua escrita relembrar e, de alguma forma, superá-las. É incrível como a história passa as informações para o interlocutor, indo e vindo, passado e presente, discorrendo os acontecimentos, como o Espósito se envolve no caso, a relação dele com seu amigo Pablo, o qual morre no seu lugar, o quanto ele fica abalado com a tragédia e a mensagem deixada por seu amigo, a qual dizia “TEMO”. Por anos o protagonista não foi capaz de entender o significado da palavra, mas, analisando pelo contexto que o filme deu, a mensagem significaria “TE AMO” e, no final, tudo isso dá aos interlocutores uma conclusão: cada ponto nesse filme tem uma ligação, uma conexão. Um outro exemplo disso seria o título do filme, “O Segredo dos seus Olhos”, que, em uma parte do filme, é explicado por uma cena em que Espósito analisa fotos da vítima e descobre através delas o criminoso, pelo seu olhar e, em uma outra parte, dele conversando com sua chefe Irene, falando “Os olhos falam” e, ainda, dele descrevendo o olhar do viúvo Morales: “Devia olhar os olhos dele,..., estão sempre num estado de puro amor”, dando mais uma vez essa ideia do olhar e como ele pode expressar os sentimentos das pessoas criando um “link” com o título da obra.
Nesse filme profundo e reflexivo, são apresentados personagens importantes como o amigo e secretário do protagonista, Pablo Sandoval, interpretado pelo ator Guillerme Francella. Ele é um personagem abordado como um “alívio cômico”, sendo desleixado em certos momentos e um viciado em álcool. Ele possui um papel importante, contribuindo para a descoberta de onde o criminoso estaria e no encerramento do filme. É lamentável sua morte, porém serve de aprendizado para o protagonista, além de servir como retrato de algo que acontecia naquela época, na qual aqueles que fossem contra as decisões dos líderes seriam “silenciados” e, nesse caso, o Sandoval morre no lugar de seu amigo, o protegendo. 
Essa história faz as pessoas refletirem acerca das temáticas justiça, amor, ódio e vingança, mas não dá uma resposta para nenhum dos questionamentos sobre elas. A obra mostra que não se deve acorrentar-se ao passado e que a busca por uma “cura” para as “feridas” deixada por ele deve ser contínua. Está é uma narrativa simples e muito incitante, não sendo atoa ter ganhado o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

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