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1 CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI APOSTILA ESTUDOS HUMANOS ESPÍRITO SANTO 2 DEFINIÇÃO E LUGAR DA GEOGRAFIA HUMANA Fonte: https://www.tes.com/lessons/s41j-lkRO88Vtg/la-geografia-humana-grado-9 Geografia, no sentido etimológico, significa descrição da Terra. E, com um consenso geral, da Terra, com tudo o que contém e do que é inseparável, de tudo o que vive na superfície e a anima, da humanidade que a transforma e enriquece com traços novos. Pensando nesta última, os gregos falavam do ecúmeno. Enquanto a Geografia Física estuda os elementos inertes e a Geografia Biológica se ocupa dos seres vivos, a Geografia Humana é a parte da Geografia Geral que trata dos homens e suas obras desde o ponto de vista de sua distribuição na superfície terrestre. É a descrição do ecúmeno. Formas do relevo, estado da atmosfera e cursos dos rios, obras dos homens, se inscrevem em cada ponto da paisagem, enquanto expressão fisionômica de sua combinação. Esta imagem é cambiante. A imperceptível descida de cada grão de solo ao longo da encosta por efeito da gravidade ou as enxurradas modelam o perfil da paisagem. 3 Sem dúvida, a paisagem guarda sua individualidade dado uma aparente permanência à escala de nossa observação. E deve-a as relações sobre as quais descansa. Há mesmo uma relação entre a atividade agrícola e a natureza do solo e do clima. Por tudo isto, a paisagem se presta a uma descrição científica. Diremos, pois, também, que a Geografia Humana é uma descrição cientifica das paisagens humanas e de sua distribuição no globo. São duas definições que se correspondem e se completam. Porém cada elemento da paisagem é, por sua vez, o objeto de outras ciências, que também estudam os fenômenos de localização e distribuição. Um botânico ou um zoólogo, por exemplo, completam a descrição de uma espécie ou de um grupo mencionando o seu habitat, sua extensão geográfica. Donde vem a questão dos relacionamentos. Iria a Geografia fragmentar-se, incorporando-se a Geografia Humana à Sociologia e demais ciências do homem, como a morfologia responderia à chamada da Geologia, ou como a Geografia Biológica se integraria na Botânica ou na Zoologia? Este perigo parece ilusório se interpretam corretamente as definições iniciais. Duas características permitem que a Geografia e os ramos de sua divisão conservem sua autonomia. Em primeiro lugar, entre as ciências da natureza e do homem nenhuma outra situa em primeiro plano a localização dos fenômenos. A Geografia é a disciplina dos espaços terrestres. Sua originalidade reside na natureza dos objetos que descreve, se não na atitude mental que implica: é um estado de ânimo, um ponto de vista (H. Baulig). A representação cartográfica é um instrumento específico de expressão e de investigação. A Geografia traça, comenta e compara mapas. Em segundo lugar, o homem da Geografia é o homem das conexões e dos conjuntos. 4 Conexões próximas entre os elementos das combinações locais (relevo, clima, vegetação, obras do homem), conexões remotas entre fatos de toda classe na superfície da Terra - a prosperidade das semeaduras europeias depende da marcha das depressões oriundas da América -. Hoje, mais que nunca, a Geografia Humana registra a repercussão em todas as partes dos acontecimentos que ocorrem nos países mais distantes, a interdependência que envolve todos os pontos do ecúmeno. Sua tendência sintética nos convida a não separar jamais os traços de ordem humana do seu contexto físico e vivo. Este imperativo é, junto com a preocupação com a localização, o fundamento da unidade da Geografia. Por meio da unidade da Geografia adquirimos a consciência da unidade de nosso universo terrestre. O contexto físico e vivo representa o meio natural, ao passo que o meio humano é definido com a ajuda das ciências do homem, à frente da qual se encontra a Sociologia. Deste modo, estabelecidos os laços originais e indissolúveis da Geografia Humana com todos os ramos da Geografia, nos damos conta de suas correspondências com o grupo das ciências do homem. Antropologia Somática e Fisiológica, Patologia, Psicologia Coletiva, Etnologia, Sociologia em todos os seus aspectos, inclusive o econômico. Estas ciências aclaram-lhe as condições de atividade dos grupos que integram o tecido do ecúmeno. Por sua parte, a Geografia fornece-lhes os elementos de localização e de síntese, a visão de mundo que acresce seu alcance e as fecunda. Tal é o caráter complexo da Geografia Humana, terra marginal dentro do campo do conhecimento. 5 NOÇÕES FUNDAMENTAIS DA GEOGRAFIA HUMANA Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/geografia/ O primeiro problema da Geografia Humana consiste em elucidar as relações entre o homem e o meio, a partir do ângulo espacial. Trata-se de uma relação recíproca, posto que por meio da técnica os homens modificam o ambiente natural, ao tempo que adaptam-se a ele. Recriamos a cada momento nosso meio ao tempo que estamos submetidos a ele. Excetuando alguns casos, cada dia mais raros, a imagem do meio que descrevemos encerra uma parte considerável do esforço humano. Encontra-se ela humanizada por um jogo de ações mútuas. Este jogo é, propriamente, a matéria da Ecologia, ciência das relações entre os seres vivos e o meio, segundo Haeckel. Em boa parte, a Geografia Humana apresenta- se como uma ecologia do homem. Examinemos cada um dos termos dessa relação. 6 Em primeiro lugar, o conjunto dos grupos humanos, isto é, o horno sapiens, utilizando a linguagem dos naturalistas, que deve sua originalidade entre os seres vivos a quatro caracteres: 1°.) Sua notável plasticidade é o segredo da ubiquidade na qual Darwin viu um privilégio único. Só a compartilham as espécies que evoluem a ele associadas, como o cachorro. 2º.) Seu alto grau de desenvolvimento mental faz dele um inesgotável criador de técnicas, produto, primeiramente, do empirismo, a seguir de uma razão cada vez mais refinada. Uma forma específica de memória assegura a conservação da experiência adquirida, ao tempo que o aperfeiçoamento da ferramenta intelectual impede sua esclerose e dá origem a olhos vistos ao processo em cadeia do progresso técnico que é característico de nossa era. O homem é um ser capaz de adaptação ao meio. É mente, e por isto o domina. 3º.) Este progresso se mostra especialmente eficaz no tocante à satisfação da necessidade da mobilidade espacial. As descobertas da arqueologia pré-histórica confirmam quão antiga é a aspiração da conquista dos espaços. Nosso triunfo nesse terreno supera todos os sonhos de ontem, diante da conquista dos espaços impossíveis. 4º.) Por fim, nem a acumulação dos avanços e nem as vitórias da circulação podem ser imaginados fora das sociedades organizadas. Os naturalistas descrevem espécies vegetais e animais, às quais qualificam de sociais. Nenhuma delas apresenta um grau de sociabilidade tão alto quanto o gênero humano, um animal político (Aristóteles). No só vivem em grupos, mas no homem os elementos sociais estão incorporados a tal ponto à sua personalidade básica, que é inútil tratar de dissociá-los. 7 Estas quatro peculiaridades se manifestam em distintos graus na atividade dos homens. Representam a trama essencial do nosso ser. De modo que o geógrafo preocupar- se-á muito mais em por em relevo a importância delas que em fundamentar a Geografia Humana nas distinções a elas externas. Correria o risco de fragmentá-la numa poeira de geografias, cada qual pretendendo ser autônoma. Nunca se deve perder de vista a profunda unidade do homem, do homem inteiro em cada um dos seus atos e inclusive em suas contradições. O fato de reconher-se a unidade da Geografia Humana elimina o falso e fastidioso problema das geografias especiais. A noção de ambienteou meio cobrou toda sua significação com o triunfo das doutrinas evolucionistas e da ideia da adaptação. Todavia, sua análise nos põe de manifesto toda sua riqueza. Num primeiro momento, aparentemente o meio se define como uma combinação de traços elementares isolados: situação geográfica, características do relevo, elementos do clima (temperatura, pressão, etc.), composição da cobertura vegetal, estabelecimentos humanos, etc. Raramente o inventário desses traços é completo e seu significado varia com o uso que deles faz cada grupo humano. Sucede que eles não atuam de maneira isolada, mas em combinação uns com os outros: formam conjuntos ou, para sermos mais precisos, complexos elementares. Assim, por exemplo, seja qual for a tolerância térmica do homem da umidade, vemos à nossa frente um complexo hidrotémico. Num outro exemplo, os seres vivos encontram-se incorporados em graus extremos a combinações determinadas pelo parasitismo e as simbioses, isto é, os complexos biológicos. Por fim, indústrias de diversa natureza aglomeram-se em associações regionais: são os complexos industriais, que os geógrafos analisam vendo as forças de atração que os agrupam e fazem deles verdadeiras unidades vivas. A noção de 8 complexo geográfico elementar, cuja generalidade não foi posta até hoje em relevo no grau devido, possui uma fecunda aplicação em todas as esferas da Geografia Humana. Na eterna luta pela vida, o homem não só não se defronta com forças isoladas, mas ele mesmo intervém para formar novos núcleos em proveito próprio, como na associação de plantas de cultivo. O pensamento de nossos predecessores esteve dominado pela prepotência do meio físico sobre o homem. Não temos mais entretanto porque nos preocupar com o problema do determinismo, que tanta tinta inútil fez correr. As vitórias da técnica sobre a natureza vêm concentrando nossos pensamentos na capacidade do homem, e isto no momento em que as análises dos sociólogos constituem a ciência das sociedades. Todas as análises do meio encontram-se dominadas por considerações relativas ao espaço. Desde que existe uma Geografia Humana, põem-se em primeiro plano as noções de situação e área de extensão dos fenômenos. A situação pode ser absoluta, determinada pelas coordenadas geográficas, latitude, longitude, altitude, ou relativa, descrita em relação a outras características do desenho geográfico - grau de continentalidade, situação de enclave, posição frente às correntes de circulação, etc. Já a ideia de área de extensão inclui a de limite, inseparável dela e que apresenta diversos graus de determinação, desde o limite linear até a zona limite, com suas faixas de degradação (o mesmo valendo para a Geografia Natural). Outra noção é a que proporciona um termo de trânsito entre a atividade dos grupos humanos e as propriedades do meio: o gênero de vida . Entende-se gênero de vida por um conjunto coletivo de atividades transmitidas e consolidadas pela tradição, graças às quais 9 um grupo humano assegura sua existência em um meio determinado. Um conjunto de técnicas adaptativas do homem e do meio, no que comportam de elementos mentais e intelectuais. O gênero de vida oferece o máximo de estabilidade em sociedades submetidas à tirania de um meio natural muito especificado (criadores nômades do deserto, esquimós). A medida que os homens vão se emancipando dessa sujeição à natureza, o centro da vida se desloca, a noção de gênero de vida se preenchendo - como acabamos de sugerir - de elementos sociais. Assim falar-se-á do gênero de vida dos operários das áreas de mineração, ou dos agentes das atividades de circulação, etc. Mas nem por isso o conceito perderá seu interesse. O MÉTODO DA GEOGRAFIA HUMANA Fonte: https://filoteologia.wordpress.com/2013/11/30/adaptacao-do-homem-ao-meio-ambiente-a-geografia-humana/ 10 O respeito à unidade essencial da Geografia Humana exige que se rechace toda tendência à dispersão. Se, por motivos de comodidade didática orientada para uma preparação profissional, é permitido agrupar as manifestações das atividades econômicas sob um mesmo termo, convém saber que a expressão não tem mais que um valor de uso. O homo economicus é um fantasma. O objeto de nosso estudo é o homem em si. Provaremos que as características essenciais da espécie humana atuam em uma diversidade de meios, que se transformam com a diversidade dos modos de vida, para desembocar na formação das paisagens humanas, isto é, no ecúmeno. O HUMANISMO DA GEOGRAFIA HUMANA Fonte: https://www.ufmg.br/diversa/3/geografia.htm Esforcei-me por dar à Geografia Humana o grau de rigor de que é susceptível, assim como o da serenidade. Espero que se reconheça o livre esforço de um pensador desejoso de desterrar do seu campo de estudo tudo aquilo que possa vedar a sua visão. Devo muito a amigos estrangeiros, ingleses, alemães, italianos, norte americanos, escandinavos, russos, japoneses, brasileiros e tantos outros. No universo inteiro, as escolas geográficas 11 nacionais estão no auge já de alguns decênios, com o correspondente aumento dos que seguem nossas especulações. Quiséramos oferecer ao mundo o espetáculo de uma unidade espiritual de que tanto se necessita. Os princípios da Geografia Humana citados por Christofoletti (1985) fazem desta uma ciência, pois a referida ciência tem no homem o ser que causa modificações no meio natural, criando o espaço geográfico sobre uma base territorial, fruto de suas relações de trabalho num dado momento da história. Fazendo do homem um ser histórico, pois, no seu dia-a-dia o homem se cria e recria socialmente e culturalmente. E é a Geografia Humana que compreende e explica todo esse processo histórico-social do homem. Para Christofoletti (1993) sendo a Geografia a disciplina que estuda as organizações espaciais, dois componentes básicos entram em sua estruturação e funcionamento, representados pelas características do sistema ambiental físico e pelas do sistema socioeconômico. O primeiro constitui o campo da Geografia Física enquanto o segundo corresponde ao da Geografia Humana. Trudgill (1992) apud Chistofoletti (1993 p. 11) entende que os geógrafos físicos contribuem para o conhecimento adequado dos processos e restrições ambientais físicas relevantes, e, os geógrafos humanos encontram-se habilitados para implementar políticas sociais ambientalmente fundamentadas, que sejam realistas a respeito das restrições humanas, sociais, econômicas e políticas. A questão ou questões que distinguem a Geografia de outras ciências não são tão importantes. Mas, nenhuma outra ciência, além da Geografia, preocupa-se, de modo consistente, com distribuições de fenômenos no espaço terrestre. Para Abler, Adams e Gould (1971) apud Chisholm (1979 p. 07), “nenhuma outra ciência preocupa-se, 12 consistentemente, com a estrutura espacial. As questões sobre localização, estrutura e processos espaciais que formulamos e respondemos, distinguem a Geografia de outras ciências”. Por isso, a Geografia tem a responsabilidade de ver o mundo como um todo. Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/ Sendo esta a ciência que estuda o espaço geográfico e tudo o que nele está inserido, não há como negar a abrangência de seu objeto de estudo. Para Chisholm (1979 p. 06) pode-se dar à Geografia a abrangência de três temas relacionados: 1- O registro e a descrição dos fenômenos sobre a superfície terrestre ou próximos a ela (este é o sentido literal da palavra Geografia). http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/ 13 2- O estudo das inter-relações dos fenômenos em localizações específicas. 3- O exame de problemas que possuam dimensão espacial (territorial), especialmente para identificar a significação do espaço como uma variável. OS CAMPOS EM QUE A GEOGRAFIA HUMANA MAIS ATUA SÃO: Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/geografia-humana.htmhttp://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/geografia-humana.htm 14 Demografia A demografia – ou Geografia da População – é a área da ciência que se preocupa em estudar as dinâmicas e os processos populacionais. Para entender, por exemplo, a lógica atual da população brasileira é necessário, primeiramente, entender alguns conceitos básicos desse ramo do conhecimento. População absoluta: é o índice geral da população de um determinado local, seja de um país, estado, cidade ou região. Exemplo: a população absoluta do Brasil está estimada em 180 milhões de habitantes. Densidade demográfica: é a taxa que mede o número de pessoas em determinado espaço, geralmente medida em habitantes por quilômetro quadrado (hab/km²). Também é chamada de população relativa. Superpovoamento ou superpopulação: é quando o quantitativo populacional é maior do que os recursos sociais e econômicos existentes para a sua manutenção. Qual a diferença entre um local, populoso, densamente povoado e superpovoado? Um local densamente povoado é um local com muitos habitantes por metro quadrado, enquanto que um local populoso é um local com uma população muito grande em termos absolutos e um lugar superpovoado é caracterizado por não ter recursos suficientes para abastecer toda a sua população. 15 Exemplo: o Brasil é populoso, porém não é densamente povoado. O Bangladesh não é populoso, porém superpovoado. O Japão é um país populoso, densamente povoado e não é superpovoado. Taxa de natalidade: é o número de nascimentos que acontecem em uma determinada área. Taxa de fecundidade: é o número de nascimentos bem sucedidos menos o número de óbitos em nascimentos. Taxa de mortalidade: é o número de óbitos ocorridos em um determinado local. Crescimento natural ou vegetativo: é o crescimento populacional de uma localidade medido a partir da diminuição da taxa de natalidade pela taxa de mortalidade. Crescimento migratório: é a taxa de crescimento de um local medido a partir da diminuição da taxa de imigração (pessoas que chegam) pela taxa de emigração (pessoas que se mudam). Crescimento populacional ou demográfico: é a taxa de crescimento populacional calculada a partir da soma entre o crescimento natural e o crescimento migratório. Migração pendular: aquela realizada diariamente no cotidiano da população. Exemplo: ir ao trabalho e voltar. Migração sazonal: aquela que ocorre durante um determinado período, mas que também é temporária. Exemplo: viagem de férias. Migração definitiva: quando se trata de algum tipo de migração ou mudança de moradia definitiva. Êxodo rural: migração em massa da população do campo para a cidade durante um determinado período. Lembre-se que uma migração esporádica de campo para a cidade não é êxodo rural. 16 Metropolização: é a migração em massa de pessoas de pequenas e médias cidades para grandes metrópoles ou regiões metropolitanas. Desmetropolização: é o processo contrário, em que a população migra em massa para cidades menores, sobretudo as cidades médias. Urbanização Fonte: https://www.google.com/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&v ed=0ahUKEwiV_YatnfbMAhUJjJAKHYBCAVsQjhwIBQ&url=http%3A%2F% 2Feutopics.eu%2Fpl%2Fimages%2F28%2F2816%2F385%2Fdemografia% 2F&psig=AFQjCNEyn7LlZs3Gyow4wfOiv5kw9Jr34Q&ust=1464300165495 949 Urbanização é um conceito geográfico que representa o desenvolvimento das cidades. Neste processo, ocorre a construção de casas, prédios, redes de esgoto, ruas, avenidas, escolas, hospitais, rede elétrica, shoppings, etc. 17 Este desenvolvimento urbano é acompanhado de crescimento populacional, pois muitas pessoas passam a buscar a infraestrutura das cidades. A urbanização planejada apresenta significativos benefícios para os habitantes. Porém, quando não há planejamento urbano, os problemas sociais se multiplicam nas cidades como, por exemplo, criminalidade, desemprego, poluição, destruição do meio ambiente e desenvolvimento de sub-habitações. A urbanização é uma das responsáveis pelo êxodo rural (saída das pessoas do meio rural para as grandes cidades). A disciplina destinada ao estudo da urbanização chama-se urbanismo. 18 Industrialização Fonte: http://www.libertarianismo.org/index.php/artigos/politicas-industrializacao/ A Industrialização é o processo de modernização pelo qual passam os meios de produção de uma sociedade. É acompanhada pela ampliação tecnológica e desenvolvimento da economia. A Industrialização é um processo antigo na humanidade. Ainda durante a Idade Média, novas técnicas marcaram o avanço dos meios de produção e de produtividade. Mas isso não quer dizer que houvesse indústrias como conhecemos atualmente ou características do capitalismo. O progresso passou por várias fases tecnológicas. Técnicas mais aprimoradas de agricultura, artesanato e manufatura deram suas contribuições para o desenvolvimento pleno da indústria. 19 O primeiro país a passar por uma industrialização efetiva foi a Inglaterra. Isso porque a indústria altera não só os meios de produção, mas são impactantes nas relações sociais também. É no século XVIII que ocorre o que é chamado de Primeira Revolução Industrial, quando a Inglaterra baseia seu desenvolvimento econômico nas indústrias, promovendo o cercamento dos campos e empurrando os trabalhadores para as áreas que se urbanizavam através da produção industrial. Karl Polanyi chama o processo iniciado pela industrialização de “O Moinho Satânico”, pois é nesse período que ocorre uma desarticulação da sociedade, transformando a economia em economia de mercado e estabelecendo o capitalismo como sistema. A Industrialização causa impactos que vão muito além da utilização de máquinas, representa novas formas de organização social pela lógica de lucro que introduz, fazendo com que as relações sociais passem a fazer parte da economia, e não o contrário. A implantação de um maquinário próprio transforma a sociedade e a forma de trabalho com o intuito de produzir maior riqueza e lucro. A burguesia é a classe que se consolida com o processo de industrialização e, em muitos casos, homens são substituídos por máquinas nos meios de produção. O impacto da industrialização gera um grande aumento na divisão do trabalho, grandes progressos em produtividade industrial, assim como o crescimento da classe média e dos padrões de consumo. A Inglaterra foi o grande símbolo da Primeira Revolução Industrial, ocasião caracterizada pela própria invenção da máquina a vapor, com aumento da produtividade, maior exploração do trabalho e estabelecimento do sistema capitalista na economia. Outros dois momentos marcantes de industrialização ocorreram posteriormente no mundo. http://www.infoescola.com/historia/revolucao-industrial/ 20 A Segunda Revolução Industrial expandiu o grupo de países detentores de tecnologias e produções industriais. É uma fase caracterizada pela descoberta e uso da energia elétrica, além do uso e valorização do petróleo como fonte de energia. Essa industrialização do século XIX esteve inserida no contexto do Neocolonialismo ou Imperialismo, no qual os países buscavam por áreas de influência no mundo, onde pudessem vender seus produtos industrializados e obter as matérias-primas necessárias para o sustento de suas indústrias. Essa disputa pelos países industrializados há mais tempo e os que ingressavam no capitalismo ocorreu, sobretudo, nos territórios da África e da Ásia. O clima de tensão, contudo, pairou na Europa, e o aumento das hostilidades entre os países que concorriam por regiões de influência acarretou na Primeira Guerra Mundial. Já a Terceira Revolução Industrial é mais recente e vivemos constantemente sob seus impactos. Essa fase é caracterizada pelo grande avanço da informática e da telemática. É conhecida tambémcomo Revolução do Silício, a qual informatizou e tornou mais rápida as relações de produção, econômica e social. Atualmente o Brasil faz parte de um país considerado industrializados. Apesar de terem conseguido alcançar certas metas no crescimento econômico, não são boas as condições oferecidas a sua população. Grande parte da população desses países continuam excluídas da participação da renda conseguida através do crescimento econômico. O crescimento desses países não ocorreu de forma espontânea. A intervenção do estado foi responsável pela base estrutural dos setores de energia e transportes, pela legislação trabalhista, pelas políticas fiscal e cambial e pela produção direta, através de empresas estatais. Tomadas um conjunto essas medidas tornaram-se a base para entrada de economia dos países subdesenvolvidos. 21 O novo estágio de desenvolvimento nos setores de transportes, comunicação e informação acabaram unindo locais isolados e permitindo o surgimento de uma indústria global. Criou-se uma mundialização não só de mercado, mas também de produção. O que não se produz numa certa região, é buscado fora dela. Isso, também requer, uma ampliação do mercado, que de regional passa para nacional ou mundial. O INÍCIO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA Fonte: https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&ved=0ahUKEwj46- yJpfbMAhVGjpAKHc3VBQoQjhwIBQ&url=http%3A%2F%2Fwww.resumoescolar.com.br%2Fgeografia%2Forigens-da-industria-brasileira- historia-atualidade-e-estado-de-sao-paulo%2F&psig=AFQjCNHlO1Kc29pIGffP5Vf84Lm-hth56g&ust=1464302236726611 No mercado colonial, existia no Brasil uma ocupação de exploração territorial, onde prevalecia a monocultura de produtos para exportação, que era realizada com a utilização de mão-de-obra escrava. Nessa época, a maior parte ou quase todo, dos lucros era enviados para os cofres de Portugal, que procurava garantir sua fonte de renda nas Américas. Na segunda metade do século XVIII, houve a passagem do capitalismo comercial para o industrial, mas isso em nada mudou nas economias do Brasil e Portugal. Nesse período qualquer tentativa de implantar indústrias no país, era impedida pela metrópole. 22 A Coroa de Portugal tentara impedir o surgimento de uma elite econômica que reivindicasse a independência e, ainda, garantir que somente Portugal vendesse produtos britânicos na colônia; garantindo elevados lucros. Com a chegada da família real, em 1808, a política de restrições a industrialização foi revogada, mas a concorrência com os produtos britânicos continuou sendo um empecilho para o crescimento da indústria brasileira. Foi somente em 1844, com a Tarifa Alves Branco e a criação de taxas médias de importação de 44%, que aconteceu o primeiro surto industrial no país. Mas, foi somente a parti da primeira guerra mundial que o país passou por um significativo processo de desenvolvimento industrial. O setor terciário apontava índices de crescimento econômico superior aos verificados nos setores primário e secundário. É no setor terciário que circula toda a produção dos outros dois setores. Mas, com a quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, em 1929, houve a crise do café, aqui no Brasil. A parti de então, o setor secundário passou a apresentar índices de crescimento superiores aos do setor primário. 23 CRISE DO CAFÉ E SUA INFLUÊNCIA NA INDUSTRIALIZAÇÃO Fonte: http://revistacafeicultura.com.br/?mat=18840 Com a crise de 1929, e a consequente diversificação da população agrícola, terminou o último ciclo monocultor. A economia mundial entrou em sério aperto, que levou ao fim do ciclo do café na região do Sudeste e trouxe crises na exportação de cana-de-açúcar, cacau, tabaco e algodão na região Nordeste. Essa queda repentina na produção se explicava pelas dificuldades de exportação. Da mesma forma que estava difícil exportar, estavam sendo prejudicadas as importações de bens de consumo duráveis e não-duráveis. O ciclo do café deixou como herança uma infra-estrutura básica para a implantação da atividade industrial. Os barões do café eram os detentores de uma enorme quantia de capital aplicado no sistema financeiro, assim, os bancos funcionaram como agentes financiadores da instalação de novas industrias no Brasil, repassando o dinheiro depositado 24 pelos barões aos empreendedores industriais. Existia também, grande disponibilidade de mão-de-obra, que foi liberada dos plantios de café, e boa produção de energia elétrica. Havia, também, um dos fatores mais importantes, o mercado estrangeiro caiu. Com todos esses fatores, começou a surgir à industrialização, principalmente em São Paulo, depois nos estados do Rio Grande do Sul e Minas Gerais. A maior parte das industrias implantadas era de bens de consumo, com destaque para os de bens não-duráveis, como as alimentícias e têxteis. O governo comandava uma política de substituição, visando um superávit cada vez maior na balança comercial. GOVERNO GETÚLIO VARGAS Fonte: http://www.estudopratico.com.br/governo-de-getulio-vargas-primeiro-e-segundo-mandato/ 25 De 1930 a 1956, a industrialização no Brasil se caracterizou por explícita intervenção estatal. Na revolução de 1930, foi empossado Getúlio Vargas como presidente, assumindo o poder durante a crise econômica mundial de 1929. Com a crise, o pensamento capitalista de que o mercado deveria agir livremente para promover um maior desenvolvimento e crescimento econômico, foi mudado para o pensamento de que o estado poderia diretamente na economia, evitando novos sobressaltos. Essa prática de intervencionismo estatal na economia é conhecida por keynesianismo. Em 1934, Getúlio Vargas promulgou uma nova constituição, que beneficiavam o trabalhador, destacando-se a criação do salário mínimo, as férias remuneradas e o descanso semanal remunerados. Vargas, com o apoio das elites agrárias e industriais, conseguiu aprovar uma nova Constituição em 1937, que o manteve no poder como ditador até o fim da Segunda Guerra Mundial. Esse período na produção industrial, devido à falta de oposição eficiente e a manipulação das notícias através da forte censura aos meios de comunicação. Essa intervenção estatal ocorreu no setor de base da economia. E graças a essa intervenção, houve um grande crescimento da produção industrial. Durante a segunda guerra mundial, as indústrias dos setores de metalurgia, borracha, transportes e minério não-metálicos conseguiram grandes índices de crescimento, pois produziam os principais produtos que o Brasil enviava as tropas aliadas no conflito. 26 Após a disposição de Vargas, em 1946, assumiu a presidência o General Eurico Gaspar Dutra, que instituiu o Plano Salte, dirigindo investimentos aos setores de Saúde, alimentação, transportes, energia e educação. O saldo positivo na balança comercial, obtido durante a Segunda Guerra Mundial, foi queimado no decorrer do governo Dutra, com a importação de máquinas e equipamento para a indústria mecânicas e têxteis, havendo o reequipamento do sistema de transportes. Em 1950, Vargas voltou ao poder, mas dessa vez eleito pelo povo. Passou a enfrentar novos empecilhos para o crescimento econômico: deficiências nos sistemas de transportes, comunicação, produção de energia, petróleo. Mas, apoiado por um movimento nacionalista popular, Getúlio criou a Petrobrás, a Eletrobrás e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, inaugurados em 1953. Atualmente a produção industrial brasileira cresceu 0,4% em janeiro em relação a dezembro de 2015, na série livre de influenciais sazonais, interrompendo um período de sete meses de quedas consecutivas, quando acumulou perdas de 8,7%. Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal Produção Física Brasil (PIM-PF), divulgada pelo Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística (IBGE). Segundo o IBGE, o setor industrial, em janeiro de 2016, "volta a mostrar um quadro de maior ritmo produtivo, expresso não só no avanço de 0,4% na comparação com o mês imediatamente anterior, que interrompeu sete meses consecutivos de queda, mas também no predomínio de taxas positivas entre as grandes categorias econômicas e as atividades investigadas”. 27 Média global O crescimento de 0,4% na atividade industrial reflete resultados positivos em três das quatro grandes categorias econômicas e em 15 dos 24 ramos pesquisados. Entre os setores, a principal influência positiva foi registrada por coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, com avanço de 2,8%, segunda taxa positiva consecutiva, acumulando expansão de 6,6%. Já entre as grandes categorias econômicas, ainda na comparação com o mês imediatamente anterior, bens de capital, ao avançar 1,3%, e bens intermediários (0,8%) mostraram as expansões mais acentuadas em janeiro de 2016. O setor produtor de bens de consumo semi e não duráveis fechou janeiro de 2016 com crescimento de 0,3%, a terceira expansão consecutiva, com ganho acumulado de 0,8%. Já o segmento de bens de consumo duráveis (-2,4%) teve o único resultado negativo em janeiro, após avançar 8% em dezembro, quando interrompeu quatro meses consecutivos de redução na produção. Ainda segundo a pesquisa do IBGE, os segmentos de bens de consumo duráveis (0,7%) e de bens de consumo semi e não duráveis (0,2%) assinalaram taxas positivas em janeiro, com o primeiro interrompendo 13 meses consecutivos de queda, e o segundo voltando a crescer, após comportamento negativo desde julho de 2015. 28 Meio ambiente Fonte: http://www.socursosgratuitos.com.br/curso-gratuito-de-tecnico-em-meio-ambiente/ O meio ambiente, comumente chamado apenas de ambiente, envolve todas as coisas vivas e não-vivas ocorrendo na Terra, ou em alguma região dela, que afetam os ecossistemas e a vida dos humanos. É o conjunto de condições, leis, influências e infra- estrutura de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. 29 Política Fonte: https://www.google.com/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&ved=0ahUKEwilhoGvofbMAhWBIJAKHYly CEoQjhwIBQ&url=http%3A%2F%2Fblogdoitamar.com.br%2Fcategory%2Fpolitica%2Fpage%2F11%2F&psig=AFQjCN G_MlA7YC2qb1C8SACGUi5Cu3eb0g&ust=1464301239110009 Política é a ciência da governação de um Estado ou Nação e também uma arte de negociação para compatibilizar interesses. O termo tem origem no grego politiká, uma derivação de polis que designa aquilo que é público. O significado de política é muito abrangente e está, em geral, relacionado com aquilo que diz respeito ao espaço público. Na ciência política, trata-se da forma de atuação de um governo em relação a determinados temas sociais e econômicos de interesse público: política educacional, política de segurança, política salarial, política habitacional, política ambiental, etc. 30 O sistema político é uma forma de governo que engloba instituições políticas para governar uma Nação. Monarquia e República são os sistemas políticos tradicionais. Dentro de cada um desses sistemas podem ainda haver variações significativas ao nível da organização. Por exemplo, o Brasil é uma República Presidencialista, enquanto Portugal é uma República Parlamentarista. Num significado mais abrangente, o termo pode ser utilizado como um conjunto de regras ou normas de uma determinada instituição. Por exemplo, uma empresa pode ter uma política de contratação de pessoas com algum tipo de deficiência ou de não contratação de mulheres com filhos menores. A política de trabalho de uma empresa também é definida pela sua visão, missão, valores e compromissos com os clientes. 31 REFERENCIAIS BOTELHO, C. L. A Filosofia e o Processo Evolutivo da Geografia. Fortaleza/CE: Ed. da Universidade Federal do Ceará. 1987. Pág. 47 – 92. CASSETI, V. Ambiente e Apropriação do Relevo. São Paulo: Contexto, 1991. 146 p. CHISTOFOLETTI, A. Perspectivas da Geografia. São Paulo/SP: Difel, 1985. 317 páginas. __________________. A Inserção da Geografia na Política de Desenvolvimento Sustentável. Geografia, Rio Claro/SP, 18 (1): 1 – 22. 1993b. __________________. Modelagem de Sistemas Ambientais. São Paulo: Ed. Edgard Blücher. 1999. Pág. 1 – 50. CHISHOLM, M. Geografia Humana: Evolução ou Revolução. Tradução de Lenora Franco Machado de Cortellazzi. Rio de Janeiro: Interciência, 1979. 170 p. 32 NUNES, J. O. R.; SUERTEGARAY, D. M. A. A Natureza da Geografia Física na Geografia. São Paulo: Terra Livre - AGB – Associação dos Geógrafos Brasileiros. N. 17, p. 11 – 24. 2º semestre/ 2001. SANTOS, B. de S. A Crítica da Razão Indolente. São Paulo: Cortez, 2001. Pág. 55- 117. VICENTE, L. E; PEREZ FILHO, A. Abordagem Sistêmica e Geografia. GEOGRAFIA – Associação de Geografia Teorética. Rio Claro/SP. V. 28, n. 3 set. a dez. 2003. Pág.: 323 – 344. 33 Autor: Dr. Artur José Pires Veiga, Ms. Daniela Andrade Monteiro Veiga e Dr. Jana Maruska Buuda da Matta Disponível em: http://www.uesb.br/eventos/simposio_cidades/anais/ artigos/eixo 5/5h.pdf Data de acesso: 25/05/2016 DENSIDADE DEMOGRÁFICA COMO INSTRUMENTO DE PLANEJAMENTO URBANO: UM ESTUDO DE CASO SOBRE VITÓRIA DA CONQUISTA – BA RESUMO Este estudo tem como objetivo analisar a densidade demográfica de Vitória da Conquista à luz das projeções do PDU de 1976 e 2007. Na projeção de densidade para Vitória da Conquista, o PDU-2007 estabeleceu-se a relação de habitantes por hectare, com diferenciação de acordo com a macrozona e com a especificidade de alguns bairros dentro de uma mesma macrozona. Para a realização desse objetivo foi necessário levantamento de dados dos censos do IBGE 1991 e 2000, bases cartográficas, imagens de satélites, PDU de 1976 e 2007, Agenda 21, Código de Ordenamento de Uso e Obras, Leis Complementares, pesquisas em órgãos públicos e revisão bibliográfica com autores que discutem questões sobre densidade demográfica, crescimento urbano e questões ambientais pertinentes ao crescimento urbano desordenado como Acioly (1998), Almeida (2002), Vieira e Cunha (2001), Coelho (2001) e Gonçalves Guerra (2001). Como critério de análise foi utilizado à densidade bruta estabelecida no PDU-2007, de acordo com a macrozona e considerando as especificidades de cada uma delas. Os resultados apontam para uma uniformização de grandes áreas quando o PDU-2007 http://www.uesb.br/eventos/simposio_cidades/anais/ 34 estabelecesse projeção de valores de densidade demográfica por zonas, não sendo condizente com a realidade ao analisar o fenômeno em pequenas áreas poligonais como os setores censitários. Vitória da Conquista possui histórico de planejamento urbano acima de 30 anos e o acúmulo de problemas é originado, principalmente, pelo não cumprimento do que foi planejado, elaborado e aprovado, tanto pelo Poder Público quanto pelos empreendedores. A insuficiência de investimentos nos projetos imobiliários, como infraestrutura urbana para os loteamentos aprovados e a falta de fiscalização por parte do Poder Público em exigir esse requisito, determinado em Lei, retrata a situação encontrada. Entre os problemas destacam-se a descontinuidade das decisões e prioridades nas diferentes gestões municipais, o crescimento desordenado e disperso à margem do planejamento e da legislação em vigor, insuficiência e ineficácia nas ações para monitorar, revisar e fiscalizar a aplicação do planejamento. Palavras chaves: densidade demográfica; planejamento urbano; infraestrutura. 1. INTRODUÇÃO O estudo da densidade demográfica é fundamental para o processo de planejamento urbano e regional.O entendimento sobre densidade demográfica ou populacional compreende a relação entre o número de habitantes e a área do território, geralmente expressa em quilômetros quadrados ou habitantes por hectare. As leis de zoneamento podem fixar densidades brutas ou líquidas para as diferentes zonas. Este estudo tem como objetivo analisar a densidade demográfica de Vitória da Conquista à luz das projeções do PDU (Plano Diretor de Vitória da Conquista) de 1976 e 2007. Para realização desse objetivo foi necessário levantamento de dados 35 dos censos do IBGE 1991 e 2000, bases cartográficas, imagens de satélites, Plano Diretor Urbano, Agenda 21, Código de Ordenamento de Uso e Obras, Leis Complementares, pesquisas em órgãos públicos e revisão bibliográfica. Como critério de análise foi utilizado à densidade bruta estabelecida no PDU-2007, de acordo com a macrozona e considerando as especificidades de cada uma delas. Os dados foram processados com uso de geoprocessamento. Por conseguinte, os resultados obtidos apontaram para uma uniformização de grandes áreas. O PDU-2007 projetou valores de densidade por zonas, como grandes unidades espaciais. A realidade, por outro lado, quando se trabalha com pequenas unidades espaciais, como setores censitários, percebe-se que para algumas áreas, a projeção estabelecida já se encontrava fora dos parâmetros definidos em Lei. 2. MATERIAIS E MÉTODOS As análises da densidade real e projetada foram feitas com dados dos censos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nos anos de 1991 e 2000, bases cartográficas, imagens de satélite, Plano Diretor de Vitória da Conquista de 1976 e de 2007, Agenda 21 Local, Código de Ordenamento de Uso e Obras, Leis Complementares, pesquisas em órgãos públicos e revisão bibliográfica. A densidade demográfica ou populacional é expressa em habitantes por quilômetro quadrados ou habitantes por hectare. Uma área é superpovoada quando as necessidades da população excedem ou ameaçam a capacidade de suporte do meio ambiente, considerando, por exemplo, a disponibilidades de recursos naturais, ou a capacidade da infraestrutura instalada. 36 Na projeção de densidade para Vitória da Conquista, o PDU-2007 estabeleceu a relação habitante por hectare, com diferenciação de acordo com a macrozona e a especificidade de alguns bairros em uma mesma macrozona. A densidade populacional foi obtida nos dados do Censo de 1991 e 2000 do IBGE, através do número total de pessoas residentes, dividido pela área do setor censitário em hectare. Como critério de análise foi utilizado à densidade bruta estabelecida no PDU-2007, de acordo com a macrozona, levando em consideração as suas especificidades. Inicialmente foram produzidos mapas de densidade bruta para os anos de 1991 e 2000, visando analisar a situação real das áreas mapeadas em relação aos critérios do PDU- 2007 e o que está definido em Lei. O mapa da variação do crescimento urbano produzido para 1991 e 2000, para análise da dinâmica populacional. Os dados foram processados em ambiente computacional, utilizando as técnicas de geoprocessamento, com uso do Sistema de informações Geográficas - SIG SPRING 5.18, onde foi montado um Banco de Dados, definido o Projeto e os PIs (Planos de Informações) de acordo com os respectivos Modelos de Dados. 3. REVISÃO DE LITERATURA O ambiente urbano está cada vez mais complexo, constituindo um sistema inter- relacionado, com obras do homem e elementos naturais. A associação entre o meio natural e o construído estabelece uma relação que pode ter como resultado consequências positivas ou negativas, dependendo da combinação proposta. Vieira e Cunha (2001, p.130-131) assinalam que “o crescimento de áreas urbanizadas tem gerado aumento no escoamento superficial pela impermeabilização do solo, 37 acompanhado de grande volume de sedimentos, produzidos pelas construções e pelo solo exposto das encostas pelo desmatamento”. Dessa forma, grande parte dos problemas ambientais urbanos ocorre nas bacias hidrográficas e existe uma razão proporcional no que tange ao aumento da densidade populacional em relação ao aumento na carga de poluente gerada pelas atividades humanas, culminando por contaminar os mananciais hídricos através do escorrimento superficial. Nessa mesma linha de pensamento, Acioly (1998, p. 16) considera que “quanto maior a densidade, melhor será a utilização e maximização da infraestrutura e do solo urbano”. No entanto, reconhece que os “assentamentos humanos de alta densidade”’ poderão aumentar a pressão sobre o solo urbano, contribuindo para a “saturação das redes de infraestrutura e serviços urbanos”. Essa sobrecarga “consequentemente produzirá um meio ambiente superpopuloso e inadequado ao desenvolvimento urbano”. Almeida (2002, p.39) assinala que o impacto provocado pelo crescimento urbano acelerado e sem planejamento, “gera alterações na paisagem e perda das funções ecológicas dos sistemas naturais, interferindo nas atividades e nas funções da sociedade”. O crescimento desordenado aumenta a pressão significativamente nos remanescentes naturais, e os resultados estarão expressos na redução das áreas verdes, desmatamento de encostas, das matas ciliares, assoreamento dos rios e ocupação de áreas de risco, contribuindo para a redução da qualidade de vida nas áreas urbanas. Estudos realizados sobre as características morfológicas trazem informações relevantes na relação solo-superfície, contribuindo para a avaliação da paisagem urbana. Coelho (2001, p.35) tratando a respeito dos espaços urbanos, considera que no estudo de impacto ambiental na cidade não será possível negligenciar a multidimensionalidade dos efeitos. Quando a expansão urbana não é acompanhada do aumento e distribuição 38 eqüitativa dos investimentos públicos em infraestrutura, com monitoramento do uso do solo urbano, a apropriação e uso indevido pela sociedade terminam gerando impactos significativos no ecossistema urbano. Os condicionantes naturais associados à ocupação de áreas impróprias para urbanização desencadeiam reações que associadas ao mau uso podem acelerar o processo de degradação e sua instabilidade. Assim, Gonçalves e Guerra (2001, p. 194) assinalam que “o conhecimento da formação e evolução histórica do espaço urbano, sua implantação, parcelamento e ocupação oferecem ao pesquisador uma visão dinâmica da realidade”. Essa visão “permitirá, através dos anos, compreender como o espaço urbano atingiu o seu estado atual e as mudanças que a sociedade vem promovendo”. Os impactos ambientais em áreas urbanas é um processo que ocorre tanto em uma escala local quanto global. O planejamento das cidades deve levar em conta a densidade real e as características das áreas projetadas de forma a promover, permitir ou conduzir o adensamento e/ou esvaziamento. A densidade projetada deverá imbricar fatores indeterminado quando é estabelecida, como: a tipologia habitacional; a forma de ocupação do solo; a relação entre área ocupada e área verde das edificações; a qualidade e oferta de infraestrutura sejam para grandes empreendimentos habitacionais privados ou megas ocupações informais. Assim, não existe uma fórmula matemática precisa que forneça a densidade ideal de um território. Uma serie de condicionantes deve ser analisado conjuntamente com a densidade populacional, para promover um habitar de qualidade. 39 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES A tradição de Planejamento em Vitória da Conquista remonta ao período histórico de sua criação, por Lei Imperial em 1840. A partir desse período foi instituído o Conselho Municipal com governo próprio, instalando a Casa do Conselho a quem coube aprovar um Código de Posturas, tendo como um dos subjetivos o ordenamento territorial urbano. Esse código composto de 80 artigos, que segundo Silva (2006,p.2), “foi considerado um dos mais completos da época e tratava de temas atualmente considerados curiosos nos dias de hoje”. O Código também abordava temas como a preservação dos rios e nascentes. O planejamento urbano para Vitória da Conquista apesar de ter sido instrumentalizado de forma mais concreta em 1976 com o primeiro Plano Diretor, aprovado em 1976 (Lei Nº 118/1976), as primeiras ações de planejamento influenciaram no desenho urbano e projeto da cidade, retangular, com as ruas em formato xadrez. Apesar de estar desatualizado, como instrumento normativo, estabeleceu regras e parâmetros de uso e ocupação do solo, servindo de orientação para três décadas seguintes. Em 2004, um novo Plano Diretor foi elaborado para Vitória da Conquista, sendo aprovado e publicado no Diário Oficial dos Municípios em 30/01/2007. O PDU- 2007 está estruturado em dez Capítulos com conteúdos relacionados aos princípios e objetivos; sistema de planejamento urbano; o partido urbanístico; diretrizes para aplicação dos instrumentos de política urbana; diretrizes para os planos de ações setoriais; projetos estratégicos; política habitacional do município; as disposições 40 finais e transitórias; e por fim, o anexo I (com os mapas) e o anexo II (projetos estratégicos). A organização do espaço urbano no Plano Diretor de 2007 foi estruturada em macrozonas de ocupação (Art. 22º), classificando a cidade como espaços uniformes, minimizando a complexidade de suas relações. Por outro lado, avançou quando enquadrou as macrozonas (correspondendo à divisão de bairros) como unidades de análise em relação às ações de planejamento e intervenções do Poder. O tema de densidade demográfica foi citado no PDU-1976 no Art. 55° quando trata das dimensões do leito e passeio das vias públicas, que deverão ajustar-se à natureza, uso e densidade da população, de acordo com os gabaritos para veículos e pedestres. No Art. 81° é dada orientação geral para o loteamento, cabendo à Prefeitura estabelecer a densidade demográfica máxima da população do setor. A Lei Nº 517/90, acrescenta dispositivos aos Art. 15º e 20º e dá nova redação ao Art. 35º do PDU-1976, com respeito aos usos do solo, definindo o percentual variável de 60 a 80% em relação a cada Zona do Setor Urbano, de acordo com os tipos de utilização das edificações (comercial, residencial, serviços, recreativo e institucional) e com o grau de permissibilidade: Adequado, Tolerado e Inadequado, especificado no Anexo da Lei (tabela do zoneamento urbano). Todavia, essa Lei deixa sem definição o percentual ideal de densidade populacional para cada uma das Zonas. A densidade demográfica no PDU-2007 foi detalhada com diferentes índices de adensamento e consolidação da ocupação, de acordo com a definição das áreas no macrozoneamento, com subdivisões para alguns bairros. Em todos os critérios de adensamento estabelecidos pelo PDU-2007 foi feito destaque para existência ou não de infraestrutura, restrições ambientais e a continuidade no espaço urbano. Não foi 41 mencionado o impacto na capacidade de suporte das infraestruturas existentes e a relação da densidade demográfica atual com a projetada. A densidade demográfica urbana de Vitória da Conquista foi obtida a partir da análise da evolução da mancha urbana ocupada, obtida através da delimitação de polígonos na análise de fotos aéreas e emissão de alvarás de grandes empreendimentos habitacionais pela prefeitura municipal. Relacionando assim a área urbana da sede municipal com a respectiva população residente urbana da sede municipal nos censos existentes. Observa-se que entre os anos de 1940 a 2010 a densidade demográfica urbana decresceu, de 127 para 36 hab/ha. Na década de 1940 houve uma expansão da malha urbana sobre espaços vazios no interior da área urbana e no entorno do sistema viário. Essa expansão se deu de forma dispersa, não sendo acompanhado no número de habitantes. Na década de 1950 houve acréscimo devido ao crescimento vegetativo da população e as migrações. A década de 1970 apresenta um decréscimo significativo da densidade demográfica, com grande oferta de lotes entre os anos de 1972 e 1985, um total de 58 loteamentos registrados. É na década de 1980 que se verifica um acentuado aumento da densidade demográfica que prossegue até 2010. A densidade projetada no PDU-2007 para Vitória da Conquista varia entre 50 e 250 hab/ha, estando à média em 103 hab/ha. Observa-se que a projeção feita para o Plano Diretor de 2007 extrapolou a média histórica (1940 – 2010), que foi de 46 hab/ha. Esse valor médio comparado com a projeção das densidades das macrozonas no PDU- 2007 estaria enquadra, aproximadamente, nas áreas de Expansão Urbana Condicionada e Expansão Urbana Preferencial II. A projeção do 42 PDU-2007 demonstra uma perspectiva de adensamento urbano para os anos seguintes. Pelo fato do PDU-1976 não estabelecer os valores da densidade demográfica urbana, foi utilizado apenas os critérios do PDU-2007. Para a produção dos mapas de densidades demográficas brutas foram definidos os intervalos de classe baseados nos critérios de adensamento do PDU-2007 e aplicado para os anos de 1991 e 2000, por setor censitário, como suporte para as análises nos referidos anos. Observa-se, então, nas Figuras 3 e 4 que a densidade demográfica de 1991 e 2000 demonstrou haver um processo migratório interno da população de Vitória da Conquista, associado ao crescimento vegetativo, sobretudo no centro da cidade e nos bairros periféricos. Entre os que tiveram os maiores percentuais de crescimento merece destaque o bairro Felícia, classificado no PDU-2007 como de Expansão Urbana Preferencial I e II, de classe baixa a média, e devido a influência de um Shopping Center que foi implantado no local tem se constituído em uma área de crescimento populacional. Nesse bairro ainda existem lotes vazios, classificado como ocupação rarefeita, sendo uma área de possível expansão urbana. Bairros populares, como o Airton Senna, apresentaram aumento populacional em 2010, com crescimento pontual da malha urbana, enquanto que Jatobá, classificado como Expansão Urbana Condicionada, contribui com significativo crescimento da malha urbana. Já no bairro Bateias, também de Expansão Urbana Condicionada, ainda existem áreas livres que vêm sendo loteadas, contribuindo para a expansão urbana, que, por conseguinte se refletem no aumento populacional do bairro. Ainda quanto ao aumento populacional merece destaque os bairros Nossa Senhora Aparecida e Distrito Industrial. Devido a 43 proximidade com a Unidade de Conservação - UC foram classificados como de Adensamento Condicionado. Esses dois bairros e, principalmente, Nossa Senhora Aparecida, vem apresentando crescimento urbano devido sua localização se constitui em pressão sobre a UC. A exceção ocorreu em algumas partes dos bairros Espírito Santo, Boa Vista e Felícia, pelo fato de estarem situados nas imediações da Av. Juraci Magalhães e no bairro Recreio, no final da Av. Olivia Flores, ambas avenidas classificadas pelo PDU- 2007 como Corredor de Uso Diversificado, onde houve um decréscimo da população pela influência da expansão do comércio e dos serviços nessas áreas Embora esse dado seja analisado entre os anos de 1991 e 2000, em 2010 foi observado nos bairros Boa Vista e Espírito Santo, nas quadras paralelas à Av. Juraci Magalhães, atrás dos comércios e serviços em expansão, a abertura de vários loteamentos e conjuntos residenciais, com a construção de novas unidades habitacionais sem a implantação de todos os serviços de infraestrutura. Confirma-se a previsão do PDU-2007, que classificou essa região como área de Expansão Urbana Preferencial I e II. Na porção Leste da cidade, os bairros Primavera e Lagoa das Flores, apesar de estarem situados na periferia, não apresentam registros comprobatóriosde que tenha havido aumento de população. A explicação está nas características rurais desses bairros, sobretudo a Lagoa das Flores e a porção Leste do bairro Primavera, com pequenas propriedades, desenvolvendo cultivos de hortaliças flores e frutas, com fins comerciais e de subsistência. O bairro Universidade, Primavera e parte do Espírito Santo são locais com baixa densidade populacional, constituídos de vazios urbanos, chácaras e rarefeita ocupação urbana, com domicílios dispersos pelo setor. Lagoa das Flores é um bairro 44 de natureza rural, com pequenas propriedades, com poucas edificações, pequenos comércios e serviços. No PDU-2007 as densidades projetadas foram estabelecidas por zonas com especificidade nos bairros e as análises da densidade bruta foram realizadas por setor censitário a partir dos dados apurados e sua relação com a projetada. Os dados encontrados apresentaram uma elevada variação de densidade em um mesmo bairro, revelando setores com altas concentrações populacionais, com densidades próximas ou superiores as projetadas no PDU-2007. Em 2004 quando foi elaborada a primeira versão do PDU, alguns bairros como Patagônia, Alto Maron, Ibirapuera e Brasil, apresentavam desde 1991, setores com densidades superiores as projetadas no Plano Diretor aprovado em 2007. Bairros de extensão territorial como o Bateias, que possui no seu interior a Área de Conservação Ambiental do Parque Municipal da Lagoa das Bateias, cercada por uma ocupação densa e consolidada tem sua densidade diluída, quando estimada por bairro, não pontuando áreas que devem ter sua expansão e adensamento controlados. Áreas próximas aos grandes equipamentos como o Parque de Exposição, Ginásio de Esportes e o Estádio de Futebol Lomanto Júnior sofrem essa mesma distorção ao se estimar a densidade por bairro. 45 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O PDU-2007, ao estabelecer os valores de densidade demográfica por zonas, uniformizou grandes unidades espaciais. Essas unidades quando analisadas por setor censitário com dados de 2000, mostram que já havia áreas com densidade superior a projetada pelo Plano em 2007. O crescimento acentuado dos empreendimentos multiresidenciais, localizados, sobretudo no bairro Candeias, com concentração próxima a uma faculdade particular, deverá aumentar a densidade demográfica nessas áreas, elevando assim a relação hab/ha, que por sua vez refletirá nos dados para esse indicador no futuro próximo. Esse bairro possui um grande estoque de áreas vazias, e o adensamento está ocorrendo na área consolidada, com infraestrutura já existente. Embora o PDU-2007 estabeleça critérios de densidade para as áreas da cidade, foi possível verificar que os valores estabelecidos em Lei desde 2004, estavam sendo extrapolados. O PDU-2007 não define claramente como controlar o adensamento urbano já que a população é dinâmica e a expansão urbana não é monitorada em tempo real. O estudo da densidade demográfica fomenta várias outras discussões como a especulação imobiliária nos loteamentos e parcelamentos não edificados que permanecem como áreas vazias, bem localizadas no entorno e no interior da mancha urbana, caracterizando áreas pouco densas, como no bairro da Boa Vista e Candeias. Nesses bairros, os instrumentos da política urbana com o IPTU progressivo, parcelamento e edificação compulsória deveriam ser aplicados. A falta de cumprimento das metas no decorrer da aplicação dos instrumentos da política urbana para conter a especulação imobiliária, inviabiliza as diretrizes de expansão e 46 adensamento traçadas no PDU-2007 e consequentemente na condução do planejamento urbano do município. Por outro lado, as áreas fora do anel viário consideradas pelo PDU-2007 como restrição a expansão da malha urbana, devendo-se manter como áreas com baixa densidade, observa-se que vários empreendimentos vêm sendo implantados nessas áreas, sem nenhuma infraestrutura básica como: energia, água, esgoto, ruas e pavimentação. De acordo com o PDU, poderá vir a ser contemplado com infraestrutura apenas o local do empreendimento. Os espaços vazios no entorno constituirão novas áreas de especulação imobiliária, elevando os preços das terras em função dos possíveis investimentos que virão para o local. A expansão urbana se mantém em um processo histórico de parcelamento do solo de forma dispersa e descontínua, guiados predominantemente pelos interesses do setor privado. Em cidades como Vitória da Conquista, que possui um histórico de planejamento urbano acima de 30 anos, fica evidenciado o acúmulo de problemas originados, principalmente pelo não cumprimento do que foi planejado, elaborado e aprovado, tanto pelo Poder Público quanto pelos empreendedores. A insuficiência de investimentos nos projetos imobiliários, destinados a infraestrutura urbana para os loteamentos aprovados e a falta de fiscalização por parte do Poder Público em exigir esse requisito, determinado em Lei, retrata a situação encontrada. Entre os problemas destacam-se a descontinuidade das decisões e prioridades nas diferentes gestões municipais, o crescimento desordenado e disperso à margem do planejamento e da legislação em vigor, insuficiência e ineficácia nas ações para monitorar, revisar e fiscalizar a aplicação do planejamento. 47 Nas cidades de pequeno e médio porte é mais fácil a implantação de um sistema de controle e monitoramento integrado, uma vez que a complexidade dos problemas é inferior aos grandes centros urbanos. Nesses casos, a execução do planejamento elaborado funciona como instrumento de prevenção, objetivando o equilíbrio dinâmico e sustentável, integrando o ambiente natural com os diferentes atores sociais, econômicos e políticos que interagem na construção e crescimento das cidades. A densidade populacional é apenas um, dos muitos indicadores utilizados no planejamento urbano das cidades, contudo seu estudo continuado e criterioso fomenta muitas análises aplicadas ao crescimento e desenvolvimento urbano. Análises fundamentais que avaliam o planejamento das cidades, por mais complexos e inexplicáveis que sejam as ações praticadas por todos os agentes envolvidos na construção do ambiente urbano. 48 REFERÊNCIAS ACIOLY, Claudio. Densidade urbana: um instrumento de planejamento e gestão urbana. Tadução de Claudio Acioly e Forbes Davidson. Rio de Janeiro: Mauad, 1998. ALMEIDA, Rita de Cássia de. Levantamento histórico e ocupação urbana da unidade de estudo. In: SCHIEL, Dietrich et al. (Org). O estudo de bacias hidrográficas. Uma estratégia para educação ambiental. São Carlos: Rima, 2002. p.37-42. COELHO, Maria Célia Nunes. Impactos ambientais em áreas urbanas – teoria, conceitos e métodos de pesquisa. In: GUERRA, Antonio Teixeira e CUNHA, Sandra Baptista da (Org). 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Vitória da Conquista, 1976. ____. Lei Nº 1.385/2006 de 30 de janeiro de 2007. Institui o Plano Diretor do Município de Vitória da Conquista e dá outras Providências. Diário Oficial dos Municípios: Salvador, 2007. _____. Lei Nº 517/90 de 15 de janeiro de 1990. Acrescenta dispositivo aos Arts. 15 e 20 e dá nova redação ao Art. 35 da Lei nº 118 de 22/12/76. Vitória da Conquista, 1990. _____. AGENDA 21. A Conquista do Futuro: diretrizes de ação para o desenvolvimento sustentável. Afonso Silveira (Org.). Vol. 2. Vitória da Conquista: PMVC, 2007. 124 p. 50 SILVA, José. Imperial Villa da Victória, o primeiro nome de Conquista. A TARDE: Salvador, 29 novembro de 2006. Informe Publicitário, caderno especial Vitória da Conquista. VEIGA, Artur José Pires. Sustentabilidade urbana, avaliação e indicadores: Um estudo de caso sobre Vitória da Conquista – BA. 2010. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo - PPGAU, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2010. VIEIRA, Viviane Torres e CUNHA, Sandra Baptista da. Mudanças na rede de drenagem urbana de Teresópolis (Rio de Janeiro). In: GUERRA, Antonio Teixeira e CUNHA, Sandra Baptista da (Org). Impactos ambientais no Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. 2001, p. 111-145.
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