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Júlia Camargos FACULDADE DE MEDICINA DE BARBACENA CLÍNICA MÉDICA I - ENDOCRINOLOGIA AULA 5 - 19/05/2021 PÉ DIABÉTICO INTRODUÇÃO: ● Uma das condições mais dramáticas (consequência final das complicações); ● Hoje é menos frequente que antigamente, mas ainda existe. Geralmente ocorre por desleixo do paciente, com tratamento inadequado. Muita das vezes o paciente muda seu tratamento sozinho porque estava tendo episódios de hipoglicemia tomando o medicamento → DM mal controlada (glicose alta) → complicações; ● O médico deve analisar o pé do paciente diabático: é muito importante avaliar as condições das extremidades (refletem as alterações micro e macrovasculares, neuropáticas, vasculopatias); ● Imagem → lesão intertrigo: lesões ulceradas entre os dedos, isso já é um indício que o paciente já pode estar tendo algum comprometimento. Pele ressecada (comprometimento da inervação da glândula sudorípara), mais fácil de ocorrer traumas, abrir lesões. ● Complicação do diabetes e uma das principais causas de hospitalização. ● Segundo IWGDF: “situação de infecção, ulceração e também destruição dos tecidos profundos dos pés, associada a anormalidades neurológicas e vários graus de doença vascular periférica nos membros inferiores de pacientes com DM”. ● 15% a 25% dos pacientes. Pé diabético: infecção, ulceração, acometimento dos tecidos profundos dos pés - Esse pé vai ter alterações na sensibilidade dolorosa e na sensibilidade periférica Pé potencialmente diabético: desidratado, pele rachada, alteração na configuração dos dedos, pontos de possível ulceração (atrito). Alterações anatômicas e ffuncionais. - Ainda não tem infecção, ulceração, nem um acometimento dos tecidos profundo dos pés Pé diabético: ulceração, infecção, destruição dos tecidos profundos dos pés. Alteração anatômica da configuração dos dedos, ressecamento da pele. 1 Júlia Camargos ● 85% das úlceras precedem a amputação: dificuldade muito grande de cicatrização (arteriopatia, vasculopatia diabética → não chega células de defesa, oxigênio e etc → reparo tecidual comprometido) ● A cada minuto 2 a 3 amputações ocorrem em todo mundo devido a DM! Pé previamente amputado → evoluiu com outra isquemia crítica (lesão necrótica - gangrena) sendo necessário fazer uma nova amputação. FISIOPATOLOGIA: ● Não confundir com um trauma eventual (paciente sem alterações prévias que machucou o pé) ● Neuropatia: limita a mobilidade articular, muda a pisada do paciente, áreas de pressão plantar (paciente pisa errado → força áreas do pé que nao eram pra estar aguentando pressão) ● Doença arterial periférica: comprometimento arterial → não chega oxigênio e células de reparação ● Lesão tecidual: baixa qualidade da pele (hidratação), trauma local (paciente não sente, por causa da neuropatia → fica mal cuidado → evolui para pé diabético) ● Pé diabético é diferente de úlcera diabética (circulação, doença arterial periférica) 2 Júlia Camargos Fatores implicados na ulceração: ● Neuropatia diabética sensitivo-motora (polineuropatia simétrica distal ou polineuropatia diabética periférica, seguido da autonômica). ● Doença arterial periférica. ● “Teoria” dos AGEs: produtos finais da glicação avançada ● Alterações biomecânicas ● Outros: baixa acuidade visual, limitação da mobilidade articular, trauma acidental, calçados inadequados → se o paciente já tem pé diabético (consequência final), ele já vai ter todas as outras complicações e isso tudo facilita o surgimento desse pé. Paciente usando calçado inadequado → comprime dedo → área de atrito → trauma em pé previamente doente (neuropatia e vasculopatia) → ferida Neuropatia periférica sensitiva e motora: ● Interfere nos mecanismos normais de proteção, levando a perda de sensibilidade dolorosa nos membros inferiores ● Vulnerabilidade a pequenos e grandes traumas, em geral repetitivos sem se dar conta da agressão. ● Paciente amarrando a sandália no pé, nao percebe que está descalçado ● Alteração na propriocepção e afeta os músculos necessários para a movimentação normal do pé. ● Alteração da marcha que distribui anormalmente a pressão dos pés contra o solo Alterações clínicas: ● Comprometimento do colágeno tipo IV e deposição de AGEs = hiperqueratose e calosidades, lesões pré-ulcerativas típicas = limitação da mobilidade articular principalmente do tornozelo, subtalar e metatarsofalangeanas. ● Deformidades: dedos em garra ou martelo, proeminências de metatarsos e acentuação do arco, resultando em maior pressão plantar, muda o ponto de apoio. 3 Júlia Camargos ● Devemos orientar o paciente a usar os calçados adequados, usar uns adesivos que vão minimizar as lesões, hidratar os pés , cuidar das unhas ● Área de atrito alterada → calosidade (reação protetora) → trauma persistente → lesão ● Sinal da prece: encostar uma mão na outra sem forçar → se não encostar, significa uma alteração na mobilidade articular ● Deve-se pensar em neuropatia como principal causa na presença de úlcera assintomática, indolor com pulsos palpáveis (nao é uma doença arterial crítica, isquemica) ○ Sao as ulceras típicas do paciente diabético ○ Ulceras com ausencia de pulso geralmete se localizam na face interior da perna ou na parte de cima do → ulceras vasculopaticas (nao se relacionam com o DM) Neuropatia autonômica: ● Denervação das glândulas sudoríparas e alteração do fluxo sanguíneo superficial do pé, deixando a pele mais seca e mais suscetível a formação de fissuras ● Lesao intertrigo: se infeccionar em um pé com todas as outras características, vai virar um pé diabético Doença arterial periférica: ● DM leva a denervação com implicação no controle neurovascular, resultando em alteração do fluxo capilar, oxigenação, filtração de fluidos e resposta inflamatória, o que torna os pacientes diabéticos mais suscetíveis à lesão tecidual, infecção e desenvolvimento da neuroartropatia de Charcot (polineuropatia de microvasos). ● Pé de Charcot: pior estágio de destruiçao do pé diabético 4 Júlia Camargos Teoria dos AGEs: produtos finais da glicaçao avaçada ● Interação AGEs e RAGEs ● Tratamento: Tiamina, benfotiamina, ácido tiótico, flavonoides, AAS, indometacina, ibuprofeno, IECA, BRA - Um em cada 2 pacientes com PND não apresenta sintomas neuropáticos e a dor neuropática e não é devidamente tratada em 39% dos casos. Uma avaliação clínica anual deve ser efetuada visando ao diagnóstico precoce do risco de ulceração/amputação. AVALIAÇÃO CLÍNICA: ● Avaliação anual com duas medidas: história clínica e exames dos pés (58%). ● História clínica: úlcera prévia ou amputação, duração do DM, mau controle do DM, visão deficiente, PND, DAP; ● Exame físico: condições dermatológicas (pele seca, rachaduras, unhas hipotróficas ou encravadas, calosidades, ausência de pelos, vasos dorsais dilatados, testes neurológicos e biomecânicos; ● Pé de Charcot: desabamento do arco médio do pé (estado mais avançado). Se ainda nao tiver úlcera, vai aparecer. ○ Essa calosidade no meio do pé começa a ser um ponto de atrito (ulceraçao) 5 Júlia Camargos Testes neurológicos e biomecânicos: ● Estesiômetro ou monofilamento de nylon: detecta alteração de fibra grossa e avaliação protetora plantar; ● Usa a cor laranja do kit (10 g de pressao) → encostamos e comprimimos o filamento de nylon no pé do paciente → se o pacinte nao tem a sensibilidade nao quer dizer que ele tem pé diabético. Isso indica que ele perdeu a sensibilidade protetora plantar (uma das características da neuropatia diabética). ○ Se o paciente nao tem a sensibilidade protetora plantar ele vai estar mais propício ao trauma Diapasão 128Hz, martelo e palito: ● Avaliam fibras grossas, sensorial e motora, respectivamente. O palito avalia fibras finas sensoriais; ● Diapasao avalia a sensibilidade vibratória ● Alteraçao mais comum no paciente (alteraçao na sensibilidade vibratória é uma das mais precoces) Pressão plantar: ● Paciente pisa e deixa uma marca → olhamos os pontos de maior pressao na pisada 6 Júlia Camargos Baropodometro: Teste mais moderno Outros métodos:● Pulso pedioso e poplíteo ● Índice tornozelo-braquial: avalia a circulação → divide a PA do pé pela PA do braço ○ Abaixo que 0,91: Doença arterial Periférica ● Bioestesiômetro → O tratamento depois que a úlcera já apareceu é complicado: manejar glicemia muito bem, tratar doença arterial periférica, tratar neuropatia diabética e controlar níveis glicêmicos para desacelerar a lesão. 7
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