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Dunia Torres Semiologia neurológica: exame físico geral e específico Anamnese: O paciente pode usar a queixa dormência para diferentes significados: • Déficit de força • Parestesia: formigamento • Sem tato: perda da sensibilidade Acometimento dos sintomas: - O quadro pode ser súbito ou leve • Quadro súbito: doenças vasculares/ de causa infecciosa ou inflamatória • Quadro leve: de forma insidiosa- doenças degenerativas - Progressão do quadro: paciente chega com fraqueza nos quatro membros, tetraparesia, faz diferença saber a sequência do movimento. • HPP: doença prévia existente e risco para complicações neurologicas: hipertenso, diabético, risco de AVC, neuropatia periférica • Hábitos de vida: uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas, medicação.- Drogas ilícitas são fatores de risco para doença vascular em jovem, p ex acidente vascular por overdose • História familiar: enxaqueca é uma doença familiar 2 - Entrevistas familiares: em alguns casos o paciente não consegue contar a história, por isso deve entrevistar o familiar: isso acontece quando o paciente é criança, tem história de perda de consciência, alteração de memória, cognição Ex: alteração de memória: paciente que não refere perda de memória e o familiar afirma, é um indício para a investigação Queixas neurológicas: sinais e sintomas • Dor:: cefaleia (pode ser vascular, dor facial, hipertensão craniana) • Alterações de consciência: síncope, flutuações da consciência • Alterações cognitivas: de memória • Tontura: “estonteamento”, “cabeça vazia”, escurecimento da visão. Ligado a quadros cardiológicos, hipertensão, hipoglicemia, síncope. • Vertigem: sensação rotatória, ligado ao nervo vestibular -labirinto. O paciente sente as coisas rodarem. Existem diversas etiologias, sendo diferente do quadro de labirintite, como vertigem postural paroxística (pouca duração – acontece com a mudança de posição e melhora com exercícios, medicamento), neuro vestibular (quadro inflamatório com sensação de vertigem o tempo todo piora com o movimento, mas pode ser com o paciente parado também), compressões vestibulares com perda auditiva associada. Por isso, não se deve rotular tudo como labirintite e usar o mesmo tratamento, pois existem diferentes medicações com efeitos colaterais. P. Ex flonarizina (bloqueia a dopamina) se usada muito tempo no idoso, este pode desenvolver sintomas parkinsonianos.( rígidez, tremor, lentidão de movimento) • Obs: labirintite: quadro raro, infeccioso, envolvendo o labirinto, com febre, vômito, secreção e vertigem. 3 • Desequilíbrio: paciente refere estar tonto. Doenças neurológicas e degenerativas podem levar a esse quadro. Sendo comum estar relacionada ao envelhecimento devido ao enfraquecimento de sistemas que mantém a pessoa em pé (visão, sensibilidade- propriocepção dos pés, sistema labirinto – posição da cabeça) • Alterações motoras • Alterações sensitivas: formigamento, perda da sensibilidade • Alterações esfincterianas: incontinência urinária, fecal • Distúrbios do sono: insônia, sonolência excessiva, apnéia do sono, distúrbio comportamental do sono Rem – sono agitado, agressivo, manifestação precedente do desenvolvimento de Parkinson Exame físico: Inspeção: • Fácies: parkinsoniana: sem expressão da mímica facial. - fácies com implantação baixa de orelha, facies de parelesia facial periférica • Atitudes: parkinsoniana( fletido, cabeça inclinada para frente e corpo para trás), tremor. Atitude de Wernicke mann: paciente sofre AVC, lesão piramidal- flexão do membro superior e extensão do membro inferior ( faz marcha ceifante) • Marcha: - escarvante (paciente ao andar levanta a coxa para arrastar a ponta do pé porque não consegue levantar a ponta do pé- neuropatia periférica) • Movimentos involuntários p.ex tremor, tiques 4 • Massas musculares (olhar e comparar para ver se são simetricas, sinais de atrofia para saber se é distal ou proxímal) • Sinais de fratura da base do crânio ( vítima de trauma) sinal de otorragia, equimose retro auricular, rinoleucorréia. • Observar cabeça e pescoço (cifose, lordose) • Hiperplasia gengival: paciente que usa fenitoína por muito tempo pode desenvolver hiperplasia gengival, quadro de epilepsia • Macrocefalia, hidrocefalia (volume do crânio maior do que a face), microcefalia(face maior que o crânio) • Halo castanho: paciente jovem com tremores que apresenta halo castanho em volta da íris: anel de kayser fleischer (achado da doença de Wilsson- alteração do metabolismo do cobre que leva a sua deposição) • Desvio de coluna • Meningoceli: mal formação. A meninge hernia por uma falha de fechamento do processo espinhoso- formação de bolsa de líquor na meninge. Quando tem raízes, estruturas neurológicas, está ligado a mielomeningoceli- dificuldade de marcha, tratamento cirúrgico precoce • Escapula alada: a escápula se projeta para trás, aumento da curvatura da lordose, anda na ponta do pé • Atrofias musculares: doenças do nervo periférico, esclerose lateral. Exame físico geral: • Manifestações cutâneas e neurológicas: paciente com neurofibromatosas tipo 1 e 2(von recklinghauser), meningeomas, mancha vinhosa na face – doença sturge weber: hiperreflexia de difícil controle 5 Exame do aparelho cardiovascular: • Avaliar pulsos , pressão arterial( tem relação com complicações neurologicas) – paciente com fibrilação atrial: tem risco de doença vascular encefálica e ao palpar o pulso este é irregular • Ausculta do coração , das carótidas (com presença de sopro, frêmito) Exame do ap respiratório • Miopatias, distrofia muscular, miastemia grave pode levar a complicações respiratórias Aparelho locomotor • Coluna • Pé cavo: aumento do arco plantar pode sugerir neuropatia hereditária, doenças crônicas Aparelho digestivo • Cirurgia bariátrica: paciente pode diminuir a absorção de b12, o que pode levar a um quadro de demências, neuropatias periféricas • Aparelho endócrino: • Disfunções tireoidianas – tanto a parte de metástase de tumor para o sistema nervoso e hormonal: ansiedade, insonia, taquicardia, tremor Sinais de irritação meníngea: - Paciente chega com dor de cabeça, febre. É importante pesquisar esses sinais para o diagnóstico de meningite, hemorragia no espaço sub aracnóide 6 • Rígidez de nuca: flexão do pescoço do paciente e avalia a resistência ao movimento • Sinal de Brudzinski: faz a flexão do pescoço do paciente e ele flexiona os membros inferiores- incurta a perna em resposta a dor provocada pelo estiramento da meninge • Sinal de kerning – paciente deitado flexiona a perna e a coxa e eleva a perna, se tiver irritação meningea ele vai travar o movimento • Manobra de lazegue( não é para irritação meningea, mas para ver compressão de raiz radicular) eleva a perna do paciente em extensao, se ele tiver compressão de raíz como hérnia de disco, ele vai sentir dor no trajeto da raiz comprometida. Mas se o paciente tiver irritação meningea ele vai referir dor, mas não é específica (importante) Exame específico Estado mental e consciência: • Estado mental: o paciente sabe onde o está, que dia é hoje. • Consciência: noção de pessoa, tempo e espaço, consequência dos atos. - Para que a consciência seja completa precisa do córtex cerebral e a formação reticular ascendente. Conteúdo de consciência: informações armazenadas no cérebro( memória, linguagem) Quem define isso são as diferentes áreas do córtex : • Orientado 7 • Confuso Nível de consciência: grau de vigília ( formação reticular ativadora ascendente- desde o tronco encefálico e vai até o hipotálamo, tem a função de ativar o córtex e quando você tem redução da atividade o córtexreduz a vigilia)- lesões que interfiram no nível de consciência: • Acordado- olho aberto e interage com o meio • Sonolento- desperta com o chamado verbal • Torporoso- desperta com estimulo doloroso- compressão do esterno, da órbita ou leito ungueal • Comatoso- não desperta • Obs: Estado vegetativo: mantém o ciclo sono vigília, mas não interage com o meio – não tem as funções do córtex preservadas. • Síndrome do cativeiro: lesão no tronco encefálico na base da ponte, onde passam os nervos motores e sensitivos, mas tem a formação reticular preservada. Não tem movimento nenhum, mas tá acordado e consciente, mas não consegue responder. O único movimento que é capaz de realizar é o movimento ocular. • Nível de consciência: escala de glasgow 8 • Decorticação: o córtex não se comunica com as estruturas corticais (flexão anormal) lesão entre o tronco e córtex- estimulo doloroso, o paciente deitado faz flexão do membro superior extensão do inferior. • Decerebracão: extensão anormal faz estimulo doloroso e o paciente faz rotação interna e extensão de membros superior e inferior. Sugere lesão no tronco encefálico. • Avaliação da pupila: • Uma pupila que não responde – perde 1 ponto • Duas que não respondem – 2 Funções corticais: quanto ao conteúdo de consciência Linguagem: capacidade de expressar o pensamento, seja pela fala, escrita. 9 Fisiologia da linguagem: a gente já nasce com um circuito preparado para desenvolver a linguagem, o qual na maioria das pessoas fica no hemisfério esquerdo e sendo raro no hemisfério direito. O processo fisiológico de desenvolvimento da linguagem na criança começa com sons respiratórios, bilabiais, designação de coisas , pequenas frases e depois desenvolve a linguagem do adulto Para isso acontecer existem áreas de linguagem no cérebro: Todo som linguístico é conduzido para a área de wernicke , perto do giro angular, a informação vai para a área de wernicke onde há a interpretação da informação, e logo essa informação vai para a área de Broca onde ocorre a expressão da informação, a condução entre as duas áreas é pelo Feixe de condução ou arqueado. Na área de Broca é onde tem a expressão da informação, esta é organizada a uma sequência motora da fala e manda para a Área motora primária. Estimulo verbal auditivo – > tinha significado - > manda para a área de Wernecke> onde interpreta e manda para a área de broca –> emite resposta. -Área de broca- área de expressão da linguagem -Área de Wernecke- área de interpretação - Feixe de condução – interliga as áreas Testar linguagem: faz perguntas para o paciente e avalia se ele interpreta e expressa de forma correta Afasia: alterações em uma dessas áreas da linguagem. Alteração da linguagem provocada por lesão nessas áreas de função 10 Dependendo da localização – a afasia se mostra diferente: • Afasia de wernicke: denota lesão na área de wernecke e comprometimento da interpretação – paciente, fala e expressa- mas não entende, mas sabe articular a palavra . A expressão preservada. • Afasia de Broca: lesão na área de Broca- preserva a interpretação, mas não consegue expressar a linguagem. O paciente entende mas não consegue expressar- a fala é telegráfica, reduzida, pois ele não consegue expressar. • Afasia de condução: dificuldade de responder, de ligar a uma área a outra. Não associa hora a relógio • Afasia global: a compreensão e a expressão da linguagem ficam amplamente reduzidas. • Disartria: caracteriza-se por alteração da articulação da palavra falada ou fala, por uma alteração neurológica – não envolve as áreas de linguagens : lesão do nervo hipoglosso, lesão cerebelar. Dentre as doenças neurológicas centrais e periféricas, sobressaem: paralisia pseudobulbar, parkinsonismo (arrastada e lenta), e por problemas periféricos, lesão dos nervos cranianos. • Dislalia: É a perturbação da articulação da palavra falada, sem que as causas estejam localizadas no sistema nervoso. Dificuldade de articular por uma causa não neurologica: fisiológico: criança que troca a letra. Alterações da fala. 11 • Disfonia alteração no timbre de voz, que se torna rouca ou bitonal, e depende da disfunção das cordas vocais por lesão do nervo acessório (XI nervo craniano), lesão do vago. Memória • Capacidade de armazenar informações e resgata-las. Não existem áreas específicas, mas existem circuitos de memória onde a informação é repetida. • Fisiologia do circuito: Circuitos-etapas da memória para resgatar informações. Estímulo cria um circuito, começa a aprendizagem, a informação é repetida por 3min e quando precisa consolidar a informação é repetida e associada a outras informações que você tem, transformando a memória de curta duração em longa duração. • Aprendizagem- primeiro contato que a gente tem com a informação • A informação nova chega no cérebro e cria um circuito, onde ela é repetida por 3min. Memória imediata- depende do hipocampo. • Etapa de consolidação: memória a longo prazo – etapa em que há a repetição e associação das informações, transformando a memória de curto prazo em memória a longo prazo. • Evocação- etapa de resgate das informações • Teste de memória: perguntas do dia dia, perguntas de coisas antigas, saber o nível de escolaridade do paciente. Alteração de memória: • Amnésia Anterógrada: paciente não consegue aprender coisas novas, mas lembra das antigas. Paciente no início do alzheimer, lesão traumática de hipocampo • Amnésia Retrógrada: paciente esquece coisas do período anterior 12 • Amnésia global: perda progressiva da memória atual e antiga Obs: Demência é caracterizada não somente pela perda da memória, mas também por mais uma perda de lesão cortical. - Alzheimer não é a única causa de demência. Causas reversíveis de demência: carência de vitamina b12, disfunção hipotireoidiana, hidrocefalia. - déficit cognitivo leve: perde uma função cortical, por isso não é um quadro de demência. - O quadro de Alzheimer é progressivo, não se desenvolve de forma súbita. Tomografia e ressonância não fazem diagnóstico de Alzheimer. Praxia: significa atividade gestual consciente e intencional, e a dificuldade ou incapacidade dessa atividade denomina-se apraxia, sem que haja paralisias, ataxias ou hioercinesias. Sendo, praxia, capacidade de obedecer a um comando motor. Ex: pede para o paciente amarrar o sapato.Testa a praxia do paciente dando comandos motores e avalia. Apraxia: Não consegue realizar o comando. Traduz lesões em duas áreas: área parietal- percepção do corpo no espaço e área pré motora- sequência de movimento , planejamento motor. Se o paciente tem lesão nessas áreas ele tem apraxia. Obs: isso acontece com o comando motor e o voluntário se mantém preservado. (automático) • Apraxia: ideatória: ocorre quando diferentes gestos simples, realizados isoladamente, ao serem constituídos em um ato mais complexo, perdem ou reduzem a sua sequência lógica. Da um objeto ao paciente e avalia o comando motor ao pedir que ele faça o movimento. Ex: pede para colocar água no copo, avalia se ele tira a tampa da garrafa, se faz a sequência motora correta. 13 • Apraxia ideomotora: reflete a incapacidade ou dificuldade de realizar gestos simples, permanecendo inalteradas a atividade automática e a ideia do ato a ser realizado. Assim, quando se ordena que o paciente segure sua orelha ou bata 3 vezes na mesa, ele, apesar do entendimento, não consegue realizar os atos determinados ou os faz com dificuldade variável. Pode usar o próprio corpo ao ordenar que ele faça o comando motor. P ex fazer o sinal da cruz • Apraxia construtiva: corresponde à perda dos gestos normalmente organizados, tais como desenhar, modelarou copiar modelos. Pede para o paciente criar alguma coisa. Ex: pede para fazer um desenho e avalia se realiza o comando. • Apraxia de marcha: causada pela lesão frontal de ambos os hemisférios, que propicia o aparecimento da dificuldade da marcha, em especial seu início. A marcha é automática, mas o início é voluntário e se o paciente tiver alterações corticais que comprometam nessas funções ele não vai conseguir andar. • Apraxia do vestir: dificuldade ou incapacidade para executar os hábitos de despir-se. Dificuldade em abotoar a camisa, vestir a manga da camisa. Gnosia: função específica do córtex cerebral, é a capacidade de reconhecimento, de reconhecer o estímulo, cujo será reconhecido se anteriormente foi conhecido. Existem diferentes áreas para o reconhecimento de estímulos diferentes. Se o estímulo é visual, a área é occipital, se é sonoro ou oftaltivo é temporal, e sensitivo é parietal.Quando você tem um distúrbio do reconhecimento provocada pela sua perda, dá-se o nome de Agnosia. • Gnosia tátil: Reconhecimento de estímulos táteis ( quente, frio/ aspero ou liso) 14 • Esteroagnosia: reconhecimento de objetos através do tato. Ex: dou uma caneta para o paciente e pede para ele fechar os olhos , e ele tem que reconhecer através do tato. Depende da via sensitiva e do córtex, porque se tem uma neuropatia, o paciente não será capaz de reconhecer. • Gnosia auditiva: reconhecimento de sons ( som de carro freiando, batida, buzina) • Gnosia visual: reconhecimento de objetos pela visão • Gnosia olfativa: reconhecimento de odores conhecidos. P. ex, cheiro de café. • Somatognosia: reconhecimento de parte do corpo. P.ex. Pede ao paciente para mostrar o polegar direito. Como também, faz o estímulo em uma parte do corpo ( paciente de olho fechado) e pede para identificar onde você estimulou. Agnosia: não consegue realizar essa função de reconhecimento, a agnosia depende da função de reconhecimento perdida. ( Auditiva, visual, olfativa,esteroagnosia, tátil). - Alteração de wernecke- perda da interpretação de linguagem Mini exame do estado mental: teste rápido para avaliar as funções corticais. 15
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