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Universidade Federal de São Paulo Escola Paulista de Enfermagem INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS E OBSTETRICAS Profª Drª Suzete Maria Fustinoni Na gestação várias intercorrências podem causar riscos para a mãe e feto. Cada doença exige um cuidado específico, e todas demandam constante avaliação do bem-estar da mãe e do feto. O atendimento à gestante deve ser individualizado e humano. Tudo com objetivo de identificar situações de risco e fornecer tratamento rápido tanto para mãe quanto para o feto. Unidade 1 A ocorrência de náuseas e vômitos ocasionais até cerca de 14 semanas de gestação é chamada emese gravídica, e pode ser considerada normal. Sua forma grave, a hiperêmese, ocorre em 0,3 a 2% das gestações, com vômitos persistentes que obrigam ao jejum forçado e levam à perda de peso. A maior parte das gestantes apresenta melhora a partir da segunda metade da gestação, mas em alguns casos o quadro clínico pode persistir até o parto. Hiperêmese gravídica Unidade 1 Pode estar associada a gestação múltipla, doença trofoblástica gestacional, pré-eclâmpsia, diabetes e eritroblastose fetal. É mais comum em primigestas jovens, obesas, gestação gemelar, história pregressa de hiperêmese. Unidade 1 A hiperemese pode ocasionar: Desidratação; Oligúria; Perda de peso; Transtornos metabólicicos. Alterações laboratoriais: Hemograma; Perfil eletrolítico; Hepatograma; Uréia; Creatinina. Sinais e sintomas: Vômitos incoercíveis antes de 20 semanas de gravidez; Perda de peso corporal (4% a 10%); Sinais de desidratação grave; Distúrbios hidroeletrolíticos; Cetose; Cetonúria Unidade 1 Outras intercorrências podem levar a vômitos com a mesma gravidade e que devem ser avaliadas, que são: úlcera gástrica, cisto torcido de ovário, gravidez ectópica, insuficiência renal, infecções intestinais. Os vômitos tardios da gravidez não devem ser confundidos com hiperêmese gravídica. Apoio psicológico, ações educativas desde o início da gravidez, bem como reorientação alimentar, são as melhores maneiras de evitar os casos mais complicados. Unidade 1 A anemia é a condição na qual o número de células vermelhas do sangue e a sua capacidade de transporte de oxigênio são insuficientes para atender às necessidades fisiológicas, que variam de acordo com idade, sexo, altura, fumo e gravidez. Anemia Fonte: WHO, 2013 – World Health Organization. Anaemia: Health topics [homepage na Internet] . 2013 . Disponível em : http: //www.who. int/topics/anaemia/em/ Unidade 1 Grávidas e Puérperas Cunningham et al ( 2012): Concentração De Hb<10g/dl durante a gravidez e puerpério CDC – Centers for Disease Control and Prevention (2013): Concentração de Hb≤11g/dl no1º e no 3º trimestre e ≤10, 5 g/dl no 2º trimestre OMS (2001) e Ministério da Saúde (2012): Ausência de anemia ≥11g/dl Anemia leve a moderada de 8g/dl a 10g/dl Anemia grave < 8g/dl Unidade 1 Classificação - Hematimetria Exame Valor Classificação Hemoglobina Hb ≥ 11g/dl Ausência de anemia < 11g/dl e > 8g/dl Anemia leve e moderada < 8g/dl Anemia grave Fonte: São Paulo/ Secretaria da Saúde, 2010 Unidade 1 - Deficiência de ferro; - Megaloblástica; - Hemolítica adquirida; - Perda de sangue aguda; - Inflamação ou malignidade (doença crônica); - Aplástica ou hipoplástica. Anemia Adquirida Anemia Hereditárias - Talassemias; - Hemoglobinopatias falciformes; - Outras hemoglobinopatias; - Hemolíticas hereditárias. TIPOS DE ANEMIA Unidade 1 ANEMIA: Sinais e Sintomas MATERNOS: Comprometimento do desempenho físico e mental; Pré-eclâmpsia e alterações cardiovasculares; Diminuição da função imunológica; Alterações da função da tireoide; Queda de cabelos e enfraquecimento das unhas; Menor tolerância às perdas sanguíneas do parto, resultando em maior risco de anemia pós-parto e hemotransfusão. Unidade 1 FETAIS: Morte (abortamento e óbito intrauterino); Hipoxemia fetal; Prematuridade; Quadro séptico por ruptura prematura de membranas; Restrição de crescimento intrauterino, muitas vezes com alterações irreversíveis do desenvolvimento neurológico da criança. Unidade 1 ANEMIA: Sinais e Sintomas A mulher necessita de aproximadamente 1000 mg de ferro durante a gestação normal; 300 mg serão transferidos ativamente ao feto e à placenta; 200 mg serão excretados pela gestante, principalmente através do trato gastrointestinal (incluindo gestantes com deficiência de ferro); Outros 500 mg de ferro são necessários para suprir o aumento de eritrócitos, decorrentes da hipervolemia (há um aumento de cerca de 450 ml de eritrócitos na gravidez; para cada 1 ml de eritrócitos é necessário 1,1 mg de ferro). Unidade 1 Anemia Falciforme Fonte: Leveno, 2010 (Manual de Obstetrícia de Williams) anemia falciforme (SS) , doença da hemoglobina C falciforme (SC) doença falciforme da talassemia ß (Talassemia S-ß) hemoglobinopatias falciformes mais comuns A morbidade e a mortalidade materna, abortamento e mortalidade perinatal estão aumentados Unidade 1 Os valores de hemoglobina, assim como os do hematócrito e do número total de glóbulos vermelhos, ficam na dependência do aumento da massa eritrocitária, ambos variáveis nas gestantes. Sendo assim, até mesmo as mulheres saudáveis podem apresentar diminuição das concentrações de hemoglobina durante a gravidez não complicada. Essa redução manifesta-se em torno da oitava semana, progride lentamente até a 34ª semana e, então, permanece estabilizada até o momento do parto. Não é passível de danos à mãe ou ao feto, pois, embora a concentração da hemoglobina esteja diminuída, a hipervolemia possibilita a perfusão e a oxigenação adequadas dos tecidos. Unidade 1 A anemia ferropriva, evidenciada por alterações dos níveis de hemoglobina, deve ser tratada. Além da anemia fisiológica da gravidez, é muito comum a aparição de anemias secundárias a outras causas, principalmente aquelas devidas às carências de vitaminas e minerais. As anemias carências são muito frequentes em nosso meio, principalmente a ferropriva e megaloblástica. Além delas, são também relativamente comuns no País a anemia falciforme, a talassemia e a anemia microangiopática. Unidade 1 Riscos decorrente da anemia Abortamento; Hemorragia pós-parto; Pré-eclampsia; Alterações cardiovasculares; Diminuição da função imunológica – infecção; mortalidade neonatal; Hipóxia fetal; restrição de crescimento; baixo peso; Prematuridade; anemia nos primeiros meses de vida. Unidade 1 Cunningham FG et al. Williams Obstetrícia. 23ª ed. Porto Alegre: AMGH Editora; 2012. Enkin M, Keirse MJNC, Neilson J, Crowther C, Duley L, Hodnett E, et al. Guia para atenção efetiva na gravidez e no parto. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. Kandyrov M et al. Increased fetoplacental angiogenesis during first trimester in anemic woman. Lancet 352:1747, 1998. Kidanto HL et al. Risks for preterm delivery and low birth weight are independently increased by severity os maternal anaemia. S Afr Med J 99(2):98, 2009. Klebanoff MA et al. Anemia and spontaneous preterm birth. Am J Obstet Gynecol 164:59, 1991. MS - Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde. Atenção ao Pré-natal de baixo risco. Cadernos de Atenção Básica. Brasília (DF); 2001. Ren et al. Low first-trimester hemoglobin and low birth weight, preterm birth and small for gestacional age newborns. Int J Gynecol Obstetr 98:124. 2007 WHO - World Health Organization. Anaemia: Health topics [homepage na Internet]. 2013. Disponível em: http://www.who.int/topics/anaemia/en/ WHO - World Health Organization. Iron deficiency anaemia: assessment, prevention and control. A guide for programme managers. Geneva: World HealthOrganization; 2001. Referências Unidade 1 Infecção do trato urinário Unidade 1 • A infecção do trato urinário (ITU) caracteriza-se pela invasão e multiplicação de micro-organismos nos rins e nas vias urinárias. • Na maioria das vezes, é resultado da colonização da urina por bactérias fecais, que cresceram em meio anaeróbio, sendo a E. coli o patógeno mais comumente envolvido nessas infecções. • A ITU é uma das mais comuns infecções bacterianas na mulher, sendo que pelo menos 40% das mulheres adultas têm pelo menos um episódio de ITU em suas vidas. • Manifesta-se clinicamente por disúria, polaciúria, urgência miccional e dor no baixo ventre na cistite, arrepios de frio e lombalgia na pielonefrite, ou completa ausência de sintomas na bacteriúria assintomática. • O diagnóstico, na maioria das vezes, com exceção da bacteriúria assintomática, é clínico. Fonte: FEMINA | Março 2009 | vol 37 | nº 3 Figueiró-Filho EA, Bispo AMB, Vasconcelos MM, Maia MZ, Celestino FG • A gravidez é situação que predispõe ao aparecimento de ITU, devido às mudanças fisiológicas (mecânicas e hormonais) que ocorrem nesse período da vida da mulher. • A ITU durante a gravidez pode causar sérias complicações, como o trabalho de parto pré-termo, recém-nascidos de baixo peso, rotura prematura de membranas ovulares, restrição de crescimento intraútero, paralisia cerebral, trabalho de parto prematuro, corioamnionite, febre no pós-parto, sepse materna e infecção neonatal. Unidade 1 • Este é o problema urinário mais comum durante a gestação. • Ocorre em 17 a 20% das gestações. • O quadro clinico varia de bacteriúria assintomática, que acomete de 2 a 10% das gestantes, ate o quadro de pielonefrite. • Em 80% dos casos de bacteriúria assintomática, a Escherichia coli e o agente etiológico identificado. • O método mais importante para diagnóstico de ITU na gravidez é a cultura de urina quantitativa que, avaliada em amostra de urina colhida assepticamente, jato médio, poderá fornecer, na maioria dos casos, o agente etiológico causador da infecção e trazer subsídios para a conduta terapêutica. Unidade 1 BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA • Caracteriza-se pela presença de bactérias na urina sem sintomatologia especifica. • Recomenda-se a realização de cultura de urina no primeiro e terceiro trimestres da gravidez para se detectar a bacteriúria. • A presença de mais de 100 mil unidades formadoras de colônias bacterianas por ml de urina confirma o diagnostico. Unidade 1 CISTITE • Caracteriza-se por disúria, polaciúria, urgência miccional, dor retro púbica, supra púbica e abdominal, com menor frequência hematúria. • O diagnostico laboratorial e dado pelo exame do sedimento urinário e pela cultura. • A presença de leucocituria (acima de 10 leucócitos por campo) e hematúria são comuns, mas não estão necessariamente presentes. Unidade 1 PIELONEFRITE • Caracteriza-se pela queda do estado geral com presença de sintomas como: • febre, calafrios, cefaleia, náuseas, vômitos e hipersensibilidade do angulo costo-vertebral (sinal de Giordano +). • Pode estar associada a desidratação, comprometimento da função renal, hemólise, anemia, choque séptico, prematuridade e infecção feto anexial e puerperal. Unidade 1 Em todos os casos de infecção urinaria deve-se realizar cultura de urina para controle de cura 7 dias após o final do tratamento e esta deve ser repetida mensalmente ate o parto. Se o tratamento falhar ou a infecção recorrer, tratar com antibiótico apropriado para o microrganismo de acordo com a cultura e testes de sensibilidade. DIABETES GESTACIONAL Unidade 1 Diabetes mellitus gestacional (DMG) é uma intolerância a carboidratos de gravidade variável, que se iniciou durante a gestação atual e não preenche os critérios diagnósticos de diabetes mellitus franco. Outros autores definem como: “intolerância aos carboidratos, de graus variados de intensidade, diagnosticada pela primeira vez durante a gestação, podendo ou não persistir após o parto”. Fonte: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2015-2016) / Adolfo Milech...[et. al.]; organização José Egidio Paulo de Oliveira, Sérgio Vencio - São Paulo: A.C. Farmacêutica, 2016. É o problema metabólico mais comum na gestação e tem prevalência entre 3 e 25% das gestações, dependendo do grupo étnico, da população e do critério diagnóstico utilizado. Muitas vezes, representa o aparecimento do diabetes mellitus tipo 2 (DM2) durante a gravidez. A incidência de DMG está aumentando em paralelo com o aumento do DM2 e da obesidade feminina. Unidade 1 Incidência • É diagnosticado em 1 a 14% das grávidas, variando de acordo com a etnia e o método de diagnóstico utilizado. • No Brasil, os levantamentos apontam para uma frequência de aproximadamente 7,6%. • É o problema metabólico mais comum na gestação e tem prevalência entre 3% e 13% das gestações. • A prevalência estimada de DMG no Brasil é de 7,6% entre as gestantes com mais de 20 anos. Fonte: FEBRASGO – Manual de Orientação Gestação de Alto Risco - Comissões Nacionais Especializadas Ginecologia e Obstetrícia – 2011 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2012. 318 p.: il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n° 32 ) Unidade 1 Fatores de risco para diabetes gestacional: Idade materna avançada; Sobrepeso, obesidade ou ganho excessivo de peso na gravidez atual; Deposição central excessiva de gordura corporal; História familiar de diabetes em parentes de primeiro grau; Crescimento fetal excessivo, polidrâmnio, hipertensão ou pré-eclâmpsia na gravidez atual; Antecedentes obstétricos de abortamentos de repetição, malformações, morte fetal ou neonatal, macrossomia ou DMG; Síndrome de ovários policísticos; Baixa estatura (menos de 1,5 m); Óbito fetal de causa indeterminada. Fonte: Brasil. Ministerio da Saude. Secretaria de Atencao a Saude. Departamento de Acoes Programaticas Estrategicas. Gestacao de alto risco: manual tecnico / Ministerio da Saude, Secretaria de Atencao a Saude, Departamento de Acoes Programaticas Estrategicas. – 5. ed. – Brasilia : Editora do Ministerio da Saude, 2010. Unidade 1 Antes da implantação, o embrião é nutrido pelas secreções do oviduto e do útero. Após a implantação e a formação da placenta, a nutrição ocorre através de trocas entre as circulações materno e fetal. A troca mediada pela circulação não acontece antes da oitava semana de gestação. Nesse intervalo, o embrião é nutrido pelas secreções das glândulas uterinas que são captadas pelo vilos da placenta. NUTRIÇÃO EMBRIÃO-FETO Unidade 1 A primeira metade da gestação é caracterizada pela preparação do organismo materno para atender as demandas energéticas requeridas pelo rápido crescimento fetal observado ao final da gestação. Embora a demanda fetal por nutrientes ocorra durante a metade final da gestação, quando acontece 90% do crescimento fetal, os ajuste no metabolismo estão presentes nas primeiras semanas de gestação. Unidade 1 A gestação é um estado anabólico dinâmico. Após algumas semanas da concepção, a placenta está formada e secretando hormônios que afetam o metabolismo de todos os nutrientes. A placenta é uma fonte importante de hormônios que reduzem a ação da insulina, responsável pela captação e utilização da glicose pelo corpo. O pâncreas materno, consequentemente, aumenta a produção de insulina para compensar este quadro de resistência á sua ação. Em algumas mulheres, entretanto, este processo não ocorre e elas desenvolvem quadro de diabetes gestacional,caracterizado pelo aumento do nível de glicose no sangue Os ajustes no metabolismo de nutrientes suportam o crescimento e desenvolvimento fetal ao mesmo tempo que mantêm a homeostase materna. Unidade 1 O crescimento e desenvolvimento fetal é influenciado por 2 fatores: herança genética e o ambiente materno. O feto percebe o ambiente materno por intermédio de sinais transmitidos pela placenta, como os nutriente transferidos, hormônios circulantes ou níveis de oxigênio. Se o feto é exposto cronicamente a níveis elevados de glicose, ele é preparado para lidar com esse ambiente sintetizando e secretando mais insulina. Unidade 1 Durante a gravidez, ocorre uma resistência bastante aumentada à utilização de glicose pelo organismo materno. Esta resistência é provocada por hormônios produzidos na placenta (hormônio lactogênio placentário - HPL, progesterona, glucagon, prolactina). Estes hormônios dificultam a captação e a utilização celular da glicose promovida pela insulina, o hormônio responsável por “diminuir” a glicose no sangue. Unidade 1 Homeostase da glicose 1° Trimestre - E + P Hiperplasia cels. ß Insulina Redução de 10% do nível de glicose Glicemia 2°/3° Trim - HPL, Progesterona, Cortisol, Prolactina Hormônios “contra-insulínicos” Resistência periférica Unidade 1 Quadro 1. Diabetes: fisiopatologia do comprometimento fetal e do recém-nascido Fonte: FEBRASGO – Manual de Orientação Gestação de Alto Risco - Comissões Nacionais Especializadas Ginecologia e Obstetrícia - 2011 Unidade 1 Morbidade Materna: ITU de repetição; Pielonefrite; Pré-eclampsia; Vulvovaginites; Infecção Puerperal. Unidade 1 Morbimortalidade Fetal: Malformação Congênita; Macrossomia Fetal; Polihidrâmnio (diurese osmótica); Prematuridade; Síndrome do Desconforto Respiratório; Hipoglicemia; Apgar < 7. ANOMALIAS CONGÊNITAS EM CONCEPTOS DE MÃES DIABÉTICAS Esqueléticas e do tubo neural Síndrome de regressão caudal Defeitos do tubo neural Anencefalia Microcefalia Anomalias renais Hidronefrose Agenesia renal Duplicação ureteral Cardíacas Transposição dos grandes vasos, com ou sem defeito septal Defeitos do septo ventricular Coarctação da aorta Cardiomegalia Gastrointestinais Atresia duodenal Atresia anorretal Síndrome do cólon esquerdo pequeno Outras Artéria umbilical única Unidade 1 RISCOS MATERNOS E FETAIS RISCOS DO DIABETES GESTACIONAL MÃE FETO NEONATO CRIANÇA/ADULTO Tocotraumatismo Hiperinsulinemia: Grande para a idade gestacional Macrossomia Síndrome do desconforto respiratório Obesidade Aumento na frequência de cesariana Cardiomiopatia Hypoglycemia DM II Pré-eclâmpsia/ hipertensão gestacional Tocotraumatismo: Distocia de ombro Fraturas Lesão de plexobraquial Hypocalcemia Síndrome metabólica DM II Natimorto Hypomagnesemia Síndrome metabólica Polycythemia: Hyperviscosity Hyperbilirubinemia Cardiomyopathy Unidade 1 FISIOPATOLOGIA MÃE FETO Hiperglicemia Glicose Insulina MACROSSOMIA DISTÓCIA TOCOTRAUMATISMO Ligadura cordão Hipo G SDR Hipo Ca++ Pulmão RN Hipo Mg++ Unidade 1 FISIOPATOLOGIA MÃE FETO Hiperglicemia HIPÓXIA RN MALFORMAÇÃO POLIDRÂMNIO HBA1C hemoglobina glicada HIPÓXIA PREMATURIDADE MALFORMAÇÃO Movimento Fetal Hiper G > afinidade O2 Unidade 1 MÃE FETO Hiperglicemia RN HBA1C > afinidade O2 HIPÓXIA ERITROPOIESE icterícia trombose POLIGLOBULIA PLACENTA AUMENTO GLICOGÊNIO RESTRIÇÃO do Espaço IntraViloso (REIV) PLACENTOMEGALIA A poliglobulia é definida como uma rara doença caracterizada pela excessiva quantidade de glóbulos vermelhos (eritrócitos), resultante de uma exacerbada síntese dessas células por parte da medula óssea. Unidade 1 FISIOPATOLOGIA G G G G G G G G G A glicose do sangue circulante liga-se à molécula da hemoglobina, formando a HEMOGLOBINA GLICOSILADA (A1c): quanto MAIOR for a glicemia, MAIOR o seu valor. HEMOGLOBINA GLICOSILADA (A1c) Dosar a cada 6 meses Unidade 1 A formação da hemoglobina glicada é diretamente proporcional a concentração de glicose no sangue. O percentual de hemoglobina glicada reflete o valor integrado da glicose plasmática de 60 a 90 dias anteriores a dosagem. Unidade 1 A1C em Gestantes com Diabetes: • Gestantes com diabetes apresentam um risco aumentado de aborto espontâneo e de má formação congênita fetal quando engravidam. • A magnitude destes riscos depende principalmente do grau de controle metabólico do diabetes no período pré- concepcional e no 1º trimestre da gestação. • Durante a gravidez é muito mais importante o controle rígido dos níveis de glicemias de jejum e pós-prandiais do que os dos níveis de A1C. • Gestantes com diabetes apresentam um risco aumentado de aborto espontâneo e de má formação congênita fetal quando engravidam. • A magnitude destes riscos depende principalmente do grau de controle metabólico do diabetes no período pré-concepcional e no 1º trimestre da gestação. • Durante a gravidez é muito mais importante o controle rígido dos níveis de glicemias de jejum e pós-prandiais do que os dos níveis de A1C. Unidade 1 Fonte; Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré- natal de baixo risco / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2012. 318 p.: il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n° 32 ) FEBRASGO – Manual de Orientação Gestação de Alto Risco - Comissões Nacionais Especializadas Ginecologia e Obstetrícia - 2011 Síndromes Hemorrágicas Primeira metade da gestação Abortamento; Descolamento cório-amniótico; Gravidez ectópica; Doença Trofoblastica Gestacional/Mola hidatiforme. Segunda metade da gestação Placenta prévia; Descolamento prematuro da placenta (DPP). Fonte: Rezende 13º ed 2016 Rezende - Obstetrícia - 13ª Ed. 2016 - Rezende, Jorge De;montenegro, Carlos A. Barbosa; - 9788527730501 Unidade 1 Brasil. Ministério da Saúde. Protocolos da Atenção Básica : Saúde das Mulheres / Ministério da Saúde, Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa – Brasília : Ministério da Saúde, 2016. 230 p. : il. Peixoto, Sérgio. Manual de assistência pré-natal / Sérgio Peixoto. -- 2a. ed. – São Paulo : Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), 2014.0 Abortamento • Conceitua-se como abortamento a interrupção da gravidez ocorrida antes da 22ª semana de gestação. ou • É a morte ou expulsão ovular ocorrida antes de 22 semanas ou quando o concepto pesa menos de 500g. O produto da concepção eliminado no processo de abortamento é chamado aborto. Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2012. 318 p.: il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n° 32) Unidade 1 Pode ser espontâneo ou provocado. O abortamento é dito precoce quando ocorre até a 12ª semana e tardio quando ocorre entre a 13ª e a 22ª semanas Unidade 1 Fatores etiológicos: alterações cromossomiais varia de 8 a 64%; anomalias do ovo e da implantação, Placentopatias; mecanismos imunológicos; ginecopatias (malformações uterinas, miomatose uterina, alterações endometriais devido à curetagem uterina, infecções, cicatrizes cirúrgicas incompetência istmo- cervical); endocrinopatias (diabetes, tireoidopatias, insuficiência do corpo lúteo); anemiasgraves; sífilis na gestação, além de doenças cardiorrespiratórias. FORMAS CLÍNICAS Ameaça de abortamento ou aborto evitável: Caracteriza-se pela integridade do ovo, com útero compatível com a idade da gravidez e colo impérvio; Há presença de sangramento vaginal discreto ou moderado, sem que ocorra modificação cervical, geralmente com sintomatologia discreta ou ausente (dor do tipo cólica ou peso na região do hipogástrio); Exame especular identifica sangramento em pequena quantidade proveniente do canal cervical ou apenas coletado no fundo de saco posterior; Toque vaginal, o colo uterino apresenta-se fechado e bem formado e os anexos e fundos de saco estão normais e livres; A ameaça de abortamento pode evoluir para gestação normal ou para abortamento inevitável. Unidade 1 Aborto inevitável: Caracteriza-se por perda da integridade do ovo; Sangramento moderado a acentuado contendo coágulos e/ou restos ovulares, colo uterino permeável; Dor em cólica de forte intensidade; Redução do volume uterino em relação à idade gestacional. Pode culminar em abortamento completo ou incompleto. FORMAS CLÍNICAS Unidade 1 Aborto retido: Caracteriza-se pela interrupção da gestação com permanência do produto conceptual na cavidade uterina; Pode ocorrer discreto sangramento, Colo impérvio; Regressão dos fenômenos gravídicos; Redução do volume uterino em relação à idade gestacional. Aborto infectado: - Quadro infeccioso materno; - Presença de ovo íntegro ou não e quadro hemorrágico variável; - Associa-se, habitualmente, à manipulação uterina; - Pode apresentar secreção fétida endovaginal; - Dor pélvica intensa à palpação; - Calor local e febre, além de comprometimento variável do estado geral. FORMAS CLÍNICAS Unidade 1 Na dependência do estádio clínico, pode ser dividido em: • Grau 1: é o mais frequente; a infecção está limitada ao conteúdo da cavidade uterina; • Grau 2: a infecção já se expande à pelve (pelviperitonite); • Grau 3: peritonite generalizada e infecção sistêmica com grave comprometimento do estado geral, coagulação intravascular generalizada, insuficiência renal, falência de múltiplos órgãos e choque séptico. Gravidez ectópica / Prenhez ectópica - Nidação do ovo fora da cavidade uterina; - Mais frequente a prenhez tubária na sua porção ampular; - História de atraso menstrual; - Teste positivo para gravidez; - Perda sanguínea uterina; - Dor pélvica intermitente, na fase inicial, evoluindo para dor contínua e intensa, com sinais de irritação peritoneal; - Repercussões hemodinâmicas podem ser discretas, apenas com lipotímia, até quadros graves com choque hipovolêmico, na dependência do volume de sangramento intracavitário; - A palpação das zonas anexiais pode provocar dor e demonstrar presença de tumor. Unidade 1 Doença trofoblástica gestacional (mola hidatiforme) Degeneração trofoblástica ocorrida após uma gestação, tópica ou ectópica, podendo apresentar-se como mola hidatiforme, corioadenoma destruens e coriocarcinoma. Unidade 1 - Presença de sangramento vaginal intermitente, geralmente de pequena intensidade, indolor e, por vezes, acompanhado da eliminação de vesículas (sinal patognomônico). - A altura uterina ou o volume uterino, em geral, é incompatível com o esperado para a idade gestacional, sendo maior previamente a um episódio de sangramento e menor após (útero em sanfona). - Não há presença de batimentos cardíaco ou outras evidências de embrião (nas formas completas). - A presença de hiperêmese é mais acentuada, podendo levar a mulher a estados de desidratação e distúrbios hidroeletrolíticos. - A quantificação do ßHCG, com níveis muito acima do valor normal, pode ajudar no diagnóstico da doença. Descolamento cório-amniótico: - Caracteriza-se por sangramento genital de pequena intensidade; - É diagnosticado por exame ultrassonográfico; - A evolução em geral é boa e não representa quadro de risco materno e/ou ovular. Unidade 1 Descolamento Prematuro de Placenta (DPP): Separação intempestiva da placenta do seu sítio de implantação no corpo uterino antes do nascimento do feto, em uma gestação de 20 ou mais semanas completas. Sua incidência está em torno de 0,5% a 3% das gestações, sendo responsável por altos índices de mortalidade perinatal e materna. Fatores predisponentesestados hipertensivos, Fatores mecânicos traumas, retração uterina após o esvaziamento rápido do polidrâmnio alterações placentárias (placenta circunvalada, infartos placentários decorrentes do tabagismo, má nutrição, alcoolismo, diabetes com vasculopatia). Grande número de casos, a causa primária do descolamento é desconhecida. Início sangramento no interior da decídua, acarretando a formação de um hematoma e o descolamento abrupto da placenta do seu sítio normal de implantação. O sangue fica represado e se coagula atrás da placenta, caracterizando o hematoma retroplacentário. Em cerca de 80% dos casos, o sangue desloca ou rompe as membranas e flui para o exterior, ocasionando o sangramento vaginal, causando a hemorragia externa. Nos 20% restantes, o sangue fica totalmente retido atrás da placenta, caracterizando a hemorragia oculta. Unidade 1 Inicia-se com um sangramento no interior da decídua, acarretando a formação de um hematoma e o descolamento abrupto da placenta do seu sítio normal de implantação. O sangue fica represado e se coagula atrás da placenta, caracterizando o hematoma retroplacentário. Em cerca de 80% dos casos, o sangue desloca ou rompe as membranas e flui para o exterior, ocasionando o sangramento vaginal, causando a hemorragia externa. Nos 20% restantes, o sangue fica totalmente retido atrás da placenta, caracterizando a hemorragia oculta. Unidade 1 O diagnóstico é, preferencialmente, clínico. Dor abdominal súbita, com intensidade variável; perda sanguínea de cor vermelho- escura, com coágulos e em quantidade, às vezes, pequena, que pode ser incompatível com quadro materno de hipotensão ou de choque. Em alguns casos, o sangramento pode ser oculto. Ocorre na fase inicial, taquihipersistolia, seguida de hipertonia uterina e alteração dos batimentos cardíacos fetais, caracterizando o sofrimento fetal pela diminuição da superfície de trocas e a morte iminente. Unidade 1 Exame obstétrico: - Útero hipertônico, doloroso, sensível às manobras palpatórias; - BCF alterado ou ausente; - Comprometimento variável das condições gerais maternas, desde palidez de pele e mucosas até choque e distúrbios da coagulação sanguínea. Exame obstétrico: Útero hipertônico, doloroso, sensível às manobras palpatórias; BCF alterado ou ausente. Comprometimento variável das condições gerais maternas, desde palidez de pele e mucosas até choque e distúrbios da coagulação sanguínea. Unidade 1 Placenta prévia: Processo patológico em que a implantação da placenta, inteira ou parcialmente, ocorre no segmento inferior do útero. Incidência gira em torno de 0,5% a 1% de todas as gestações. Fatores de risco: multíparas e com antecedentes de cesáreas; idade avançada, curetagem uterina prévia, gravidez gemelar, patologias que deformem a cavidade uterina, cesarianas anteriores e infecção puerperal. Perda sanguínea por via vaginal, súbita, de cor vermelha viva, de quantidade variável, não acompanhada de dor. É episódica, recorrente e progressiva. Volume e tono uterinos normais e frequentemente apresentação fetal anômala. Habitualmente, os batimentos cardíaco fetal estão mantidos.