Buscar

TÓPICOS EM CIÊNCIAS SOCIAIS V

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Tópicos em 
Ciências Sociais 
Identidade Cultural e Cidadania
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Silvio Pinto Ferreira Junior
Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
5
Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as 
atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.
 · Discutir a formação da identidade cultural desde as tradições até sua 
vulnerabilidade perante o mundo globalizado.
Identidade Cultural e Cidadania
 · A Identidade Cultural
 · A construção da identidade
 · Cidadania
 · Identidade Cultural e Cidadania
 · Considerações Finais
6
Unidade: Identidade Cultural e Cidadania
Contextualização
Para iniciar esta Unidade, a partir da charge exposta abaixo reflita sobre a questão da 
identidade cultural e cidadania.
Pergunte-se: 
Há diferenças entre as culturas ocidental e oriental?
Por que existe intolerância quando uma cultura não reconhece a outra?
7
A Identidade Cultural
Em ciências sociais, as temáticas que permeiam as discussões a respeito de identidade cultural são 
crescentes. Em essência, uma homogeneização das identidades ou novas identidades vem sendo 
construída, de forma acelerada, depois do processo de globalização no final dos anos 1980. 
Para iniciarmos nossa análise, vamos emprestar de Stuart Hall, suas três concepções muito 
diferentes de identidade do: sujeito do iluminismo, sujeito sociológico e sujeito pós-moderno.
Segundo Hall, há uma modificação na identidade do sujeito com o passar do tempo. Vejamos 
o que nos apresenta o autor:
 · Sujeito do iluminismo: o indivíduo nascia com uma essência que se desenvolvia ao 
longo de sua existência. Portanto, o indivíduo nascia com determinadas características, e 
com elas conviveria até o fim de sua vida, permanecendo com a mesma essência do seu 
nascimento. Essa era uma concepção bastante individualista de identidade.
 · Sujeito sociológico: este sujeito tem um núcleo essencial, um ‘eu interior’, mas que é 
modificado à medida que o indivíduo interage com o meio social. Portanto, sua identidade 
está em construção constante, uma vez que, tanto o indivíduo quanto a sociedade, estão 
em perene mutação. O sujeito sociológico reflete a complexidade do mundo moderno, 
cujas transformações são rápidas, constantes e interativas; portanto, a construção de sua 
identidade acompanha essas transformações.
 · Sujeito pós-moderno: com a pós-modernidade, as identidades passaram a ser 
fragmentadas. O sujeito constrói, destrói e reconstrói identidades durante toda a vida. Sendo 
assim, torna-se difícil compreender a identidade do sujeito pós-moderno, quando esta é 
efêmera. O sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos e não estão 
unificadas ao redor de um ‘eu’. O sujeito pós-moderno compõe sua identidade a partir do 
‘externo’, ou seja, a identidade é uma construção histórica, externa e não biológica.
Apontada esta abordagem de Stuart Hall sobre a construção da identidade, constatamos 
que a ‘identidade’ se modifica com o tempo. Portanto, fazemos interpretações diversas sobre 
‘identidade do sujeito’ ou ‘identidade cultural’, de acordo com a história, bem como, com o 
passar da história, percebemos uma modificação da construção dessas identidades.
Nos atentaremos, então, à ‘identidade’ que diz respeito ao sujeito contemporâneo.
O sujeito de hoje tem diante de si um mundo bem diferente daquele sujeito do século XVII 
a que Hall se referiu como ‘sujeito do iluminismo’, por exemplo. Vivemos em concentrações 
urbanas, passamos pela revolução industrial, por duas grandes guerras e inúmeras crises, 
vivemos a revolução tecnológica propagada pela globalização, tudo em apenas um século. 
Enfim, todos esses fatos influenciaram na maneira como foi sendo construída a identidade do 
sujeito contemporâneo.
Bem, os argumentos de Hall nos permitem refletir sobre as diversas formas de interpretarmos 
a ‘identidade cultural’. 
Por exemplo, podemos nos referir à identidade cultural, tomando como base o sujeito. 
Analisando-o, podemos obter algumas referências da sua identidade cultural como: o lugar 
8
Unidade: Identidade Cultural e Cidadania
onde nasceu, a origem de sua família, sua etnia, religião, experiências vividas, etc.; todas essas 
referências conferem ao sujeito um complexo conjunto de características que lhe são próprias e 
que o diferencia de todos os outros, pois não haverá ninguém mais com experiências idênticas. 
Um outro exemplo é tratar a identidade cultural como referindo-se a um grupo. Muitas 
vezes, relacionada aos símbolos e aspectos nacionalistas. Atribuímos identidades específicas aos 
americanos, aos franceses, aos japoneses, aos brasileiros e assim por diante. Tais características 
estão relacionadas à língua, aos sotaques, à culinária, aos hábitos cotidianos, à higiene, à 
religião, etc.
No entanto, a possibilidade de conhecer outras culturas e de falar com pessoas do mundo 
todo pela internet, fez com que também compreendêssemos a identidade cultural de uma 
forma global, ou seja, para estarmos inseridos na sociedade global e em rede, precisamos estar 
aparelhados com todos os demais indivíduos. 
Segundo Canclini,
“Costuma-se afirmar que a industrialização da cultura é o que mais tem contribuído 
para sua homogeneização. Sem dúvida, a criação de formatos industriais até 
para algumas artes tradicionais e para a literatura, a difusão maciça facilitada 
pelas novas tecnologias de reprodução e comunicação, o reordenamento dos 
campos simbólicos num mercado controlado por poucas redes de gestão, quase 
sempre transnacionais, tudo tende à formação de públicos-mundo com gostos 
semelhantes” (2003, pg. 133).
Com a globalização, o acesso, a velocidade e o custo das informações tornou-se mais 
abrangente e viável a milhões de pessoas no mundo todo. Algumas culturas, como a americana, 
por exemplo, exploram a seu favor os recursos midiáticos disseminando pelo mundo todo, 
hábitos, maneiras de pensar, comportamentos, etc.; que lhe são próprios. Quem nunca foi ao 
cinema assistir a um filme americano, cujos efeitos especiais em terceira dimensão surpreendeu 
a todos? Assim como o cinema, consumimos música, seriados, fast-food, roupas, etc.; muito 
parecidos ao que vemos em tudo o que é distribuído pelos americanos pela indústria cultural. 
Com as TVs a cabo, aparelhos portáteis e a internet, esse acesso aumentou de forma espetacular. 
Nesse sentido, a aculturação americana parece definir os paradigmas da cultura pós-moderna 
e globalizada.
Canclini nos descreve uma formação cultural de identidade que está se tornando superficial 
no sentido de que a homogeneização dos traços culturais ocupa um importante espaço do que 
seria justamente o mais interessante, as diferenças culturais. O aprendizado com o ‘outro’ e todo 
o universo de novidades e informações que esse ‘outro’ traz consigo na sua identidade cultural 
está se tornando cada vez mais escasso e distante da realidade.
Uma outra reflexão a ser feita sobre a identidade cultural está ligada ao ‘lugar’. No mundo 
contemporâneo tomado pelos grandes centros urbanos e formação crescente de megacidades, 
o confronto cultural nestes espaços é inevitável.
Conforme ainda aponta Canclini, 
 “A que lugar eu pertenço? A globalização nos leva a reimaginar a nossa 
localização geográfica e geocultural. As cidades, e sobretudo as megacidades, 
são lugares onde essa questão se torna intrigante. Ou seja, espaços onde se 
9
apaga e se torna incerto o que antes se entendia por ‘lugar’. Não são áreas 
delimitadas e homogêneas, mas espaços de interação em que as identidades 
e os sentimentos de pertencimento são formados com recursos materiais e 
simbólicos de origem local, nacional e transnacional” (2003, pg. 153).
À medida que tudo parece mais simples na compreensão das identidades culturais pela rede, 
quando estas diferenças são colocadas ao vivo e em cores de forma inusitada, muitas vezes, o 
sentimento de aversão ao ‘outro’, ao diferente,é expressado com preconceito, discriminação 
e intolerância.
Antes de entrarmos no campo das reflexões sobre diversidade cultural, vejamos o que o 
sociólogo espanhol Manuel Castells nos apresenta a respeito da construção da identidade.
A construção da identidade
A forma como um povo se diferencia dos demais está representada pela cultura. Assim, a 
forma como esse povo se reconhece e é reconhecido pelos outros é o que determina a sua 
identidade cultural.
Segundo Castells, “entende-se por identidade a fonte de significado e experiência 
de um povo” (1999, pg. 22). Continua:
“No que diz respeito a atores sociais, entendo por identidade o processo de 
construção de significado com base em um atributo cultural, ou ainda um 
conjunto de atributos culturais inter-relacionados, o (s) qual (ais) prevalece (m) 
sobre outras fontes de significado. Para um determinado indivíduo ou ainda um 
ator coletivo, pode haver identidades múltiplas” (1999, pg. 22).
Do ponto de vista sociológico, toda e qualquer identidade é construída. O que precisamos 
refletir neste caso é como, a partir de que, por quem e para que isso acontece.
A construção da identidade cultural se vale da história, da geografia, biologia, religião, 
instituições produtivas e reprodutivas, memória coletiva, tradições e por fantasias pessoais. 
Assim, todos os significados destes materiais são processados pelos indivíduos, grupos sociais e 
sociedades, reorganizando-os em função de sua visão de tempo e espaço.
Há um ponto em comum entre cultura e tradição. A palavra tradição tem origem 
latina tradere, que significava transmitir ou dar qualquer coisa a alguém para ser 
guardada. No contexto jurídico da República Romana, tradere tinha referência nas 
leis que regulavam as heranças. Uma propriedade, na antiguidade, era passada de 
geração em geração, pois o herdeiro tinha obrigação de protegê-la e conservá-la. 
Atualmente, tradição é um termo que se opõe ao moderno. Portanto, há uma carga 
neste termo que o relaciona ao atraso, ao ultrapassado, ao arcaico.
10
Unidade: Identidade Cultural e Cidadania
Castells, considerando que a construção da identidade sempre ocorre em um contexto 
marcado pelas relações de poder, propõe uma distinção entre três formas e origens de construção 
de identidades: legitimadora, de resistência e de projeto. Vejamos:
• Identidade legitimadora: é introduzida pelas instituições dominantes da sociedade com a 
finalidade de racionalizar e expandir sua dominação sobre os atores sociais. 
A identidade legitimadora dá origem a uma sociedade civil, cujo conjunto de organizações 
e instituições estruturam os atores sociais e os organizam. O Estado, como instituição suprema, 
organiza e relaciona os aparatos do poder em torno de uma identidade semelhante (cidadania, 
democracia, etc.), não expondo a intenção de uma dominação internalizada e legitimação de 
uma identidade imposta, padronizada e não-diferenciada.
Fonte: iStock/Getty Images
Podemos citar como exemplo, as cores da bandeira de um país, e carregar nelas os simbolismos 
que identificam um povo. Na figura acima, vemos a bandeira americana. As 50 estrelas da 
bandeira representam todos os Estados. Já as faixas (nas cores vermelha e branca), simbolizam as 
13 colônias que deram origem aos Estados Unidos. A cor vermelha presente na bandeira simboliza 
valor e resistência, a cor branca representa a pureza e o azul simboliza a justiça e a perseverança. 
Já a imagem da estátua da liberdade carrega o significado de uma sociedade livre.
• Identidade de resistência: identidade criada por atores que se encontram em situação 
desvalorizada perante uma cultura dominante. São resistentes a esta dominação, sobrevivendo da 
construção de uma identidade, até mesmo oposta, àquela institucionalizada.
A identidade de resistência leva à formação de comunidades formadas por um sentimento de 
inferioridade, discriminação ou desvalorização. O sentimento de exclusão injusta é que define 
este tipo de identidade. 
11
Trata-se, em outras palavras, da construção de uma identidade defensiva revertendo o 
julgamento de valores ao passo que reforça os limites da resistência. Desta forma, questionamos 
se as sociedades permanecem como tais ou se fragmentam em uma diversidade de tribos 
chamadas ‘comunidades’.
Exemplo, comunidades islâmicas na França.
Fonte: dw.de
Na imagem acima, vemos a curiosidade de uma mulher ocidental diante da mulher muçulmana 
em uma estação de trem na França. A convivência entre culturas diferentes é, muitas vezes, 
tolerada. Para muitos europeus, os muçulmanos levaram o terrorismo para o continente. 
• Identidade de projeto: é construída quando os atores sociais, ou seja, os sujeitos coletivos, 
constroem uma nova identidade a partir da utilização de qualquer tipo de material cultural ao 
seu alcance.
Entendemos aqui por sujeito, o indivíduo criador de uma história pessoal, atribuidor de 
significado a todo um conjunto de experiências da sua vida individual. O sujeito é o ator social 
e agente transformador; portanto, exerce ação e a coloca em movimento e em diálogo como 
instrumento de transformação social.
A construção de uma identidade consiste em um projeto de vida diferente, muitas vezes, 
partindo de uma identidade oprimida; porém, expandindo-se no sentido de transformação da 
sociedade como uma extensão de um projeto de identidade.
12
Unidade: Identidade Cultural e Cidadania
Fonte: Wikimedia Commons
Exemplo, as feministas que fizeram frente ao patriarcalismo, ao modelo de família patriarcal, 
e assim, a toda a estrutura de produção e reprodução, sexualidade e personalidade, sobre a qual 
as sociedades se estabelecem.
Contudo, podemos dizer que, cada um de nós, no decurso da socialização, desenvolve um 
sentido de identidade e a capacidade de agir e pensar de forma independente.
Portanto, ainda que consideremos a identidade cultural um conjunto de coisas que compõem 
um indivíduo ou grupo social, esta é constantemente transformada, modificada e acrescida de 
novos elementos através do tempo.
O conceito de identidade cultual para as ciências sociais é multifacetado, podendo ser 
abordado de diversas maneiras. Aqui, apresentamos apenas duas abordagens a partir das 
identidades de Stuart Hall e de Manuel Castells.
Cidadania
Optamos aqui por tratar de cidadania na sequência das singelas reflexões acerca das 
identidades culturais feitas anteriormente, pelo fato de que este é também um argumento a ser 
tratado em ciências sociais com relevância. Também por estar diretamente ligada ao exercício 
de direitos e deveres, objetivando uma sociedade mais equilibrada, a cidadania compõe a 
construção da identidade cultural.
É importante, então, refletir sobre cidadania, principalmente porque o termo toma formas 
que muitas vezes se afastam do seu significado. Por exemplo, depois da redemocratização do 
Brasil, em 1985, muitos políticos, intelectuais, jornalistas, etc., passaram a utilizar o termo como 
sinônimo de povo. Ao invés de os discursos expressarem ‘o povo quer’, ‘o povo precisa’, diz-se 
‘a cidadania quer’, ou seja, a cidadania tomou forma e virou gente.
Vejamos como, no caso do Brasil, o termo ‘cidadania’ tomou formas e significados diferentes 
ao longo de sua história. Mas, antes de mais nada, façamos uma conceituação de ‘cidadania’ 
e ‘cidadão’.
13
Cidadania: é o exercício dos direitos e deveres civis, políticos e sociais estabelecidos na constituição. 
Praticar uma boa cidadania implica que os direitos e deveres estejam interligados, e o respeito e 
cumprimento de ambos contribuam para uma sociedade cada vez mais equilibrada.
Cidadão: é o indivíduo que convive em sociedade e estabelece relações recíprocas com um grupo 
de indivíduos. É o habitante da cidade que goza de seus direitos civis e políticos e desempenha seus 
deveres perante o Estado ao qual pertence.
Você provavelmente já deve ter ouvido falar em cidadania, cujo sentido estava diretamente 
ligado a direitos civis, políticos e sociais. Neste sentido, o cidadão plenoseria aquele capaz de 
gozar de todos estes direitos. Do contrário, cidadão incompleto ou privado de cidadania plena, 
seriam aqueles que possuíssem apenas alguns direitos. Já os indivíduos sem qualquer direito, 
seriam os não-cidadãos. 
Se cidadania está diretamente ligada aos direitos civis, políticos e sociais garantidos por uma 
Constituição, vejamos o que significa cada um destes direitos:
• Direitos civis: correspondem aos direitos fundamentais à vida, à liberdade, à propriedade, à 
igualdade perante a lei.
Os direitos civis, portanto, foram conquistas sucessivas desde a revolução francesa, cujo 
lema era ‘liberdade, igualdade e fraternidade’. Portanto, os direitos civis são a matriz da 
liberdade individual.
Os direitos civis estão diretamente ligados ao cidadão em sua individualidade, ou seja: 
o direito de escolher o trabalho, do lugar para morar, o direito de ir e vir, de manifestar o 
pensamento, enfim. São direitos garantidos por uma justiça acessível a todos. Garantem as 
relações civilizadas entre as pessoas e a harmonia da sociedade como um todo.
• Direitos políticos: diz respeito à participação política cidadã no governo da sociedade.
Os direitos políticos estão diretamente ligados a ações políticas que representam 
desenvolvimento para o Estado como um todo e para o bem de todos. 
Os direitos políticos são limitados a uma parcela da população apta a dar sua contribuição 
para as transformações sociais. Portanto, é pelas demonstrações políticas que se exerce tal 
direito, como por exemplo: organizar partidos políticos, votar e ser votado. 
É por meio do exercício dos direitos políticos que estruturamos a organização do aparelho do 
estado, pela representatividade que o voto nos garante no Congresso Federal, no parlamento, nas 
câmaras de deputados e vereadores, etc. Sem a participação política do cidadão, a democracia 
fica comprometida.
14
Unidade: Identidade Cultural e Cidadania
• Direitos sociais: são aqueles que têm por objetivo garantir aos indivíduos condições materiais 
tidas como imprescindíveis para o pleno gozo dos seus direitos.
Os direitos sociais tendem a exigir do Estado uma intervenção na ordem social que assegure 
os critérios de justiça distributiva.
Diferentemente dos direitos civis e políticos, os direitos sociais se realizam por meio de atuação 
do estado com a finalidade de diminuir as desigualdades sociais, por isso tendem a possuir um 
custo excessivamente alto e a se realizar em longo prazo.
Aqui, incluem-se os direitos à educação, à saúde, à moradia, à aposentadoria, etc. Por isso, 
depende-se de uma máquina do estado eficiente, cujo poder executivo seja abrangente e 
objetive reduzir as desigualdades.
Essas breves definições, que apresentamos acima, inferem que a cidadania está diretamente 
ligada aos direitos e estes, como sabemos, foram conquistas históricas. Portanto, a cidadania é 
um exercício constante no processo da transformação histórica de uma sociedade. 
Tudo isso quer dizer, então, que a cidadania está ligada com a relação das pessoas com o 
Estado e com a nação.
É neste ponto que se cruzam as duas temáticas centrais aqui discutidas: identidade cultural 
e cidadania.
Segundo José Murilo de Carvalho,
“Da cidadania como a conhecemos fazem parte então a lealdade a um 
Estado e a identificação com uma nação. As duas coisas também nem sempre 
aparecem juntas. A identificação com a nação pode ser mais forte do que 
a lealdade ao estado, e vice-versa. Em geral, a identidade nacional se deve 
a fatores como religião, língua e, sobretudo, lutas e guerras contra inimigos 
comuns. A lealdade ao estado depende do grau de participação na vida 
política. A maneira como se formaram os Estado-nação condiciona assim a 
construção da cidadania” (2004, pg. 12).
Cada país seguiu o seu próprio caminho para construção de sua cidadania. O ponto ideal de 
cidadania plena, como já dissemos, seria a o gozo dos direitos civis, políticos e sociais.
O percurso de cada país foi ímpar e, no caso do Brasil, também. 
Vejamos a Inglaterra como exemplo. A ordem das conquistas dos cidadãos, por conta de 
todo um procedimento histórico, foi sequencialmente a cidadania de direito civil, de acordo 
com o momento vivido na Europa com a revolução Francesa que influenciou o continente; 
a cidadania de direitos políticos, por conta da industrialização e da consolidação dos Estado-
nação, das guerras, crises, etc., e por fim, a cidadania de direitos sociais, adquiridos com as lutas 
das então chamadas ‘minorias’ sociais.
Essa sequência ocorre diferente em cada país. No Brasil, os direitos sociais precederam os outros.
15
Identidade Cultural e Cidadania
Respeitar outras culturas e tradições, também, é um exercício de cidadania.
Quando falamos de um cidadão norte-americano, ou de um cidadão japonês, do italiano, ou 
de um cidadão brasileiro, não estamos falando exatamente da mesma coisa.
Há uma identificação cultural do sujeito com o ‘lugar’ de nascimento e, assim, essa identificação 
lhe compõe todo um conjunto de especificidades relacionadas à sua pátria. 
Nesse sentido, tomemos um cidadão nascido na França, cujos pais são de origem iraniana. 
Esse cidadão francês carrega consigo a identidade cultural da origem de seus pais como: 
religião, língua, culinária, vestimentas, etc. Este cidadão foi modificado e contribui também com 
a modificação do país que o acolheu.
Ainda que um cidadão seja educado em um outro país, trabalhe, constitua sua vida, carrega-
se uma identidade cultural que é antecedente ao Estado.
A incompreensão da pluralidade cultural na sociedade contemporânea, muitas vezes, 
é ocasionada pela separação destes dois elementos que compõem o sujeito: sua identidade 
cultural e sua cidadania.
Nos últimos anos, somos surpreendidos com notícias de atentados terroristas, em que a carga 
do que se divulga sobrecarrega a identidade cultural do suspeito ou criminoso. O que quer 
dizer é se um muçulmano é acusado de um atentado terrorista, todos os muçulmanos parecem 
carregar a culpa ou viverão sob olhares suspeitos.
Essa carga negativa que se dá às identidades culturais que não fazem parte de um determinado 
padrão cultural de aceitação, e aqui estamos falando de norte-americanos e europeus como 
modelo de cultura hegemônica, sobrecarrega na intolerância em relação às demais culturas.
Essa é uma discussão constante nos dias atuais. A ONU, a UNESCO e diferentes órgãos 
vêm promovendo, com base nos direitos humanos, a tolerância, o respeito e a valorização da 
importância da manutenção das diversidades culturais. 
Muitos países que foram fornecedores de mão de obra imigrante no passado, por exemplo, 
estão tendo dificuldades de lidar com a diversidade cultural em seu próprio território, hoje 
receptores de um número cada vez mais crescente de imigrantes. A justificativa para explicar a 
resistência aos imigrantes parece ser a proteção da identidade cultural de seu povo (do lugar que 
os recebe). No entanto, os direitos do cidadão protegidos pelo Estado devem estar em acordo 
com o contexto atual. 
Com a globalização, as facilidades de locomoção, as crises, guerras, etc., as pessoas estão se 
movimentando pelo mundo em busca de uma vida melhor. É necessário ampliar o debate a 
respeito de como a sociedade contemporânea está se apresentando multifacetária, e como as 
pessoas, os países, o direito, as relações sociais, estão se adaptando a estas transformações que 
tantas vezes são supostamente compreendidas na teoria; porém, na prática, são conflitantes.
16
Unidade: Identidade Cultural e Cidadania
Considerações Finais
Vimos aqui a convergência entre dois tópicos importantes no estudo das ciências sociais: a 
identidade cultural e a cidadania.
Procuramos apresentar algumas reflexões a respeito da construção das identidades culturais 
e da cidadania, com apoio de teóricos como, Stuart Hall e Manuel Castells, que ajudaram a 
compreender cada uma destas importantes temáticas que tanto servem às ciências sociais.
No entanto, é ainda um exercícioconstante lidar com culturas que pouco conhecemos. Ainda 
que tenhamos avançado como cidadãos, existe um longo percurso a percorrer que melhor 
poderá ser trilhado com um olhar mais brando, curioso e tolerante.
17
Material Complementar
 
 Explore
Para complementar os conhecimentos adquiridos nesta Unidade, segue sugestão de leituras:
Globalização, cultura e identidade – E-book: 
http://cruzeirodosul.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788582124888. 
Acesso em 22.01.15.
Memória e identidade – E-book:
http://cruzeirodosul.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788572446471. 
Acesso em 22.01.15.
Direitos humanos – E-book:
http://cruzeirodosul.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788572443425. 
Acesso em 22.01.15.
Política social, educação e cidadania – E-book:
http://cruzeirodosul.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/853080273X. 
Acesso em 22.01.15.
Todos enriquecerão sua compreensão sobre os aspectos fundamentais da identidade cultural 
e da cidadania.
http://cruzeirodosul.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788582124888
http://cruzeirodosul.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788572446471
http://cruzeirodosul.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788572443425
http://cruzeirodosul.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/853080273X
18
Unidade: Identidade Cultural e Cidadania
Referências
CANCLINI, Nestor. A globalização imaginada. São Paulo: ILUMINURAS, 2003.
CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
GIDDENS, Anthony. O mundo na era da globalização. Lisboa: Editorial Presença, 2000.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
19
Anotações

Continue navegando