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AULA 3

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1 
	
 
 
 
 
 
 
 
BIOQUÍMICA 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Joana Rizzolo 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nas aulas passadas, discutimos sobre a produção de energia por meio da 
glicose, um carboidrato do grupo dos monossacarídeos. Em alguns casos, 
organismos vivos também oxidam lipídeos para a obtenção de energia. 
Assim sendo, iniciaremos agora os estudos sobre o metabolismo dessas 
moléculas orgânicas insolúveis em água por meio do estudo das reações 
realizadas para o metabolismo dos lipídeos, como a oxidação e o transporte dos 
ácidos graxos, a produção de energia por essa via. Por último, estudaremos a 
formação dos lipídeos. 
Ao mesmo tempo, veremos como as oxidações desses nutrientes estão 
relacionadas com a oxidação das outras macromoléculas, como os carboidratos 
e as proteínas. 
Portanto, o objetivo principal desta aula é compreender os processos 
biológicos que oxidam ácidos graxos para promoção de energia e os processos 
de transformações moleculares dos constituintes celulares. 
Os lipídeos, conforme já estudado, realizam diversas funções nos 
organismos vivos, porém, a função mais importante é a de reserva de energia 
que os triglicerídeos desempenham. A exemplo disso, podemos citar o caso das 
aves migratórias e dos animais hibernantes que utilizam esses lipídeos como 
quase a única fonte de energia. 
Os ácidos graxos que compõem os triglicerídeos são obtidos pelas células 
por meio das gorduras consumidas na dieta, das gorduras armazenadas nas 
células e de gorduras sintetizadas em um órgão para exportar para outro. Este 
é o caso do fígado, que realiza a conversão do excesso dos carboidratos da dieta 
em gordura para ser exportada para outros tecidos. 
Após a aquisição de triacilgliceróis (TAG) de forma exógena, esses 
lipídeos, dependendo do tamanho de suas cadeias, terão dois caminhos a seguir 
para que possam ser digeridos e absorvidos no intestino delgado: 
1. TAG de cadeia curta ou média: serão absorvidos na boca e no estômago 
por meio das lipases ácidas; essas enzimas vão quebrar e transportar os 
TAG para o sistema porta; para que os lipídeos possam ser transportados 
pelo sangue, eles precisam estar associados à albumina, uma 
lipoproteína que o ajuda a ser distribuído pelo resto do corpo; 
2. TAG de cadeia longa: juntamente com o TAG de cadeia curta e média 
que não conseguiram ser absorvidos na boca e no estomago, os TAG de 
 
 
3 
cadeia longa serão quebrados e absorvidos no duodeno; o transporte será 
realizado pela lipase básica para o sistema linfático; os produtos dessa 
quebra (ácido graxos) também precisam estar associados com proteínas, 
nesse caso, os quilomícrons, para que possam ser transportados para 
outros tecidos. 
Os ácidos graxos que estavam sendo transportados pelos quilomícrons 
na corrente sanguínea entram nas células, podendo ser oxidados como 
combustíveis, originando CO2 e ATP ou esterificados (reação de ligação do ácido 
graxo com o glicerol produzindo éster e água) para armazenamento na forma de 
triacilgliceróis. 
E por que será que os humanos, por exemplo, com exceção da reserva 
do glicogênio hepático, só utilizam lipídeos para armazenar energia? Essa 
pergunta deve ser respondida de acordo com a seguintes considerações: as 
células preferem armazenar energia na forma de gordura, pois esses adipócitos 
(células de gordura) conseguem estocar uma quantidade bem maior de gordura, 
e por serem insolúveis em água, o armazenamento de lipídeos não causa danos 
osmóticos para as células. Além disso, as moléculas de triglicerídeos são mais 
reduzidas que as moléculas de carboidratos, ou seja, o rendimento energético é 
muito maior, pois sua oxidação gera mais energia. 
Portanto, quando comparamos as duas formas de armazenamento de 
carboidratos e de lipídeos, concluímos que estocar lipídeos é mais rentável para 
as células do que estocar carboidratos. 
No contexto ambiental, também temos situações de destaque quando 
estudamos o metabolismo dos lipídeos. Esse é o caso da biorremediação, um 
método que utiliza bactérias e fungos para degradar poluentes. Já sabemos que 
muitos microrganismos têm necessidades nutricionais similares às nossas, 
porém outros conseguem metabolizar substâncias que são tóxicas para a 
maioria dos animais e plantas. Assim, estes oxidam ácidos graxos presentes no 
petróleo e na gasolina, por exemplo, ajudando na descontaminação do solo ou 
dá água, ou até mesmo do ar atmosférico quando aplicado o método de 
biofiltração de vapores contaminantes. 
 
 
4 
TEMA 1 – OXIDAÇÃO DOS ÁCIDOS GRAXOS 
Da mesma forma que elétrons são retirados da glicose e transferidos para 
o Ciclo de Krebs e para a cadeia respiratória, os elétrons retirados dos ácidos 
graxos também sofrem esse processo, levando à síntese de ATP com oxidação 
completa e produzindo CO2, H2O e energia, conforme mostra a Figura 1. 
Figura 1 – Rotas para produção de energia por meio de proteínas, carboidratos 
e triacilglicerídeos, com oxidação completa e produzindo CO2 e H2O 
 
Fonte: A autora. 
Antes de falarmos sobre as etapas pelas quais ocorre a β-oxidação, em 
que os ácidos graxos são convertidos em acetil-CoA, é pertinente comentar que 
existem destinos alternativos da acetil-CoA. Por exemplo, quando ocorre uma 
 
 
5 
indisponibilidade da glicose no cérebro, o fígado pode converter a acetil-CoA em 
corpos cetônicos (produtos do metabolismo dos ácidos graxos), que podem 
servir de combustível para o cérebro. 
A função biológica da oxidação dos ácidos graxos varia de acordo com o 
organismo, mas o mecanismo é essencialmente o mesmo, como veremos a 
seguir. 
Após digestão e transporte das gorduras para os tecidos e células que 
utilizam os ácidos graxos como combustível, essas moléculas entrarão na 
mitocôndria para serem oxidadas passando por um processo repetitivo chamado 
de β-oxidação. 
A molécula de ácido graxo precisa ser oxidada em uma forma ativa 
chamada de acil-CoA, reação esta catalisada pela enzima acil-CoA sintetase, 
que está situada na face citosólica da membrana interna da mitocôndria. Como 
essa membrana é impermeável à acil-CoA, é necessária a ajuda da carnitina, 
que se associa ao grupo acil e possibilita a entrada na matriz mitocôndrial. Dentro 
da matriz mitocondrial, a carnitina é desassociada e o grupamento acil é 
associado a uma nova molécula de coenzima-A para que se inicie o processo de 
β-oxidação, conforme ilustrado na figura a seguir: 
 
Figura 2 – Etapas da β-oxidação 
 
Fonte: A autora. 
 
 
6 
Como as ligações C-C dos ácidos graxos são relativamente estáveis, 
estes são convertidos em acetil-CoA, conforme descrito anteriormente, pela 
ligação do grupo carboxil do C-1 à coenzima, que permite a oxidação gradativa 
do grupo acil graxo na posição C-3, ou β – daí o nome β-oxidação. 
Para haver a oxidação completa de ácido graxo, é necessária uma 
cooperação entre a β-oxidação e o Ciclo de Krebs, porque é nele que o acetil-
CoA é oxidado a CO2. Logo, os elétrons derivados da oxidação e do Ciclo de 
Krebs são passados ao O2 por meio da cadeia respiratória, assim como acontece 
com a glicose, fornecendo energia para a síntese de ATP por fosforilação 
oxidativa. 
Até o momento, discorreu-se sobre a oxidação dos ácidos graxos 
saturados e com número par de átomos de carbono, os quais são os lipídeos de 
maior ocorrência natural. Os ácidos graxos com um número ímpar de carbonos 
são comuns nos lipídeos de muitas plantas e de alguns organismos marinhos, 
assim como a maioria dos ácidos graxos nos triacilgliceróis e fosfolipídeos de 
animais e plantas é insaturada, tendo uma ou mais ligações duplas. 
Desse modo, a oxidação de ácidos graxos com um número ímpar de 
carbonos e os de cadeias insaturadas requer reações adicionais com a 
participação de enzimas específicas para cada caso, até que sejam convertidos 
em acetil-CoA para entrarem no Ciclo de Krebs. 
TEMA 2 – ÁCIDOSGRAXOS SATURADOS E INSATURADOS 
O ácido graxo é o principal componente da maioria dos lipídeos, portanto, 
está presente na estrutura dos triacilgliceróis, dos cerídeos e dos 
glicerofosfolipídeos, estando ausente nos esteróis. 
 Ácidos graxos consistem em cadeias de hidrocarbonetos com tamanhos 
variando de 4 a 36 carbonos e podem ser saturados ou insaturados. 
Cadeias saturadas são cadeias nas quais os carbonos que formam os 
ácidos graxos fazem ligação simples uns com os outros, portanto, sem ligações 
duplas, e são também cadeias não ramificadas; esse aspecto facilita que eles, 
os ácidos graxos, se agrupem, formando as gorduras que são sólidas em 
temperatura ambiente. Essa característica faz com que haja mais facilidade 
dessas gorduras se prenderem nos vasos sanguíneos, podendo ocasionar 
problemas cardíacos. 
 
 
7 
Cadeias insaturadas possuem uma ou mais ligações duplas entre os 
átomos de carbono, o que dificulta o agrupamento dos carbonos, apresentando 
forma líquida em temperatura ambiente. Esse tipo de lipídeo é mencionado como 
uma gordura mais saudável representada pelos óleos vegetais e o óleo de peixe. 
A gordura hidrogenada, desenvolvida na indústria alimentícia, transforma 
os óleos vegetais em gorduras sólidas e mais estáveis em temperatura ambiente. 
Esse processo desfaz as ligações insaturadas com a adição de hidrogênio na 
molécula do óleo; o uso da hidrogenação catalítica para tal produção pode não 
romper todas as ligações duplas do tipo cis e transformar em gordura trans, muito 
mais perigosas para a saúde, pois se acumulam com muito mais facilidade no 
vaso sanguíneos. 
Esclarecendo, nas cadeias insaturadas de configuração cis, os átomos de 
H estão do mesmo lado da ligação dupla; nas cadeias insaturadas de 
configuração trans, os átomos de H estão em lados opostos da ligação dupla, 
conforme podemos observar na Figura 3. 
Figura 3 – Estrutura química de ácidos graxos saturados e dos ácidos graxos 
insaturados com suas diferentes configurações cis e trans 
 
Crédito: Adaptado de Chromatos/Shutterstock. 
 
 
8 
Um exemplo de ácido saturado bastante comum e encontrado em animais 
e em plantas como no óleo de palma é o ácido palmítico, com 16 carbonos, 
representado na figura anterior. Na mesma figura, temos representações do 
ácido cis oleico, também conhecido como ômega 9, encontrado em abundância 
no azeite de oliva, e do ácido trans vacênico, com 18 C, encontrado na gordura 
de ruminantes e em produtos lácteos. 
Note que o ácido graxo insaturado cis representado na figura anterior 
apresenta sua dupla ligação no carbono 9 em destaque com os hidrogênios do 
mesmo lado. Já o ácido graxo insaturado trans possui sua dupla ligação no 
carbono 11, porém, com hidrogênios de lados opostos, também em destaque na 
figura. 
TEMA 3 – ATIVAÇÃO DOS ÁCIDOS GRAXOS E TRANSPORTE PELA 
MITOCÔNDRIA 
Aprendemos que as gorduras podem ser adquiridas pela dieta e 
absorvidas no intestino delgado e podem também ser adquiridas por intermédio 
da utilização das reservas lipídicas. 
Em situações de excesso de glicose, o ATP diminui a velocidade do Ciclo 
de Krebs, fazendo que o citrato de acumule e saia da mitocôndria; lá fora, ele 
será convertido em acetil-CoA, que se converte em um precursor da síntese de 
ácidos graxos, os quais serão armazenados na forma de TAG. Essa condição 
favorece a formação dos ácidos graxos, ou seja, a biossíntese dos TAG, a qual 
será estudada de forma mais detalhada posteriormente. 
No momento, o que precisamos entender é que, quando utilizamos 
nossas reservas lipídicas para que seja possível fornecer os ácidos graxos ao 
organismo, é realizada uma mobilização inicial, ou seja, ocorre uma ativação dos 
ácidos graxos. 
Então, consideramos assim uma situação de jejum do organismo, em que 
o glucagon (hormônio que faz ação oposta à da insulina) é secretado e está 
agindo em resposta aos baixos níveis de glicose, gerando transformações que 
ativam a adenilato ciclase, uma proteína de membrana; após ser ativada, essa 
enzima desencadeia reações que fazem com que ative a proteína quinase A 
(PKA); a PKA ativa a enzima que transporta TAG para que outra enzima ative a 
lipase hormônio sensível (LHS), que faz a quebra do TAG em ácidos graxos e 
 
 
9 
glicerol. Assim, uma série de reações são realizadas pelo acionamento inicial do 
glucagon para que a quebra dos TAG seja ativada. 
Os ácidos graxos originados podem cair na corrente sanguínea, ser β-
oxidados a CO2 e produzir energia na forma de ATP; já o glicerol pode cair na 
corrente sanguínea e ser utilizado como fonte energética na via glicolítica ou 
pode chegar no fígado e passar pela gliconeogênese, que é a formação de 
glicose por meio de precursores não glicídicos. 
Na etapa de movimentação dos TAG e dos ácidos graxos, quem realiza o 
papel central de mobilização dos lipídeos são as lipoproteínas, mais 
especificamente as apolipoproteínas, que realizam o transporte dos TAG pelo 
sistema linfático e corrente sanguínea. Apolipoproteínas são proteínas que se 
ligam a lipídeos no sangue e realizam o transporte de triacilgliceróis, 
fosfolipídeos, colesterol e ésteres de colesterol entre os órgãos. 
Vimos que existem as biomoléculas, que são capazes de transportar os 
TAG, as lipoproteínas. Contudo, existem também biomoléculas, que sinalizam a 
necessidade de energia metabólica. Essas biomoléculas ativadoras são os 
hormônios, como o glucagon, os quais realizam a ativação dos TAG 
armazenados para que eles possam ser transportados aos tecidos e, em 
seguida, para dentro das mitocôndrias, de modo que possa ocorrer a oxidação 
dos ácidos graxos para produção de energia. 
TEMA 4 – BALANÇO ENERGÉTICO NA PRODUÇÃO DE ATP 
Conforme já discutido aqui, o armazenamento celular de gordura feito pelo 
organismo é realizado por gerar um rendimento energético muito maior em 
comparação com a estocagem celular de carboidratos. 
Podemos verificar esse alto rendimento ao analisarmos a oxidação 
completa de um ácido graxo, o qual gera uma quantidade maior de ATP para a 
célula quando comparado à oxidação de carboidratos. 
Usaremos como exemplo o rendimento energético de um ácido graxo com 
16 carbonos, o qual originará 8 moléculas de acetil-CoA que vão para o Ciclo de 
Krebs; comparando com a oxidação da glicose, podemos observar uma grande 
diferença, pois por meio da glicose são formadas 2 moléculas de acetil-CoA, 
gerando ao final 36 ATP. Já com a oxidação completa do ácido graxo em 
questão, a atividade do ciclo de Krebs será bem maior, visto que serão 
necessárias mais voltas nesse Ciclo para oxidar as 8 moléculas de acetil-CoA, e 
 
 
10 
ao final serão obtidos, como no caso da oxidação do ácido palmítico, um 
abundante ácido graxo na natureza, 129 ATP. 
Portanto, a oxidação completa de um ácido graxo sempre vai gerar mais 
energia para a célula, pois juntando-se os produtos da β-oxidação aos produtos 
da oxidação dos acetil-CoA obtém-se um somatório de ATP maior que o 
somatório originado na oxidação da glicose. 
Um exemplo prático, usual e informal do nosso dia a dia é em relação à 
quantidade calórica dos alimentos. Ou seja, quanto de energia será liberada por 
grama do alimento. Esse tipo de informação está presente nos rótulos dos 
produtos, normalmente em kcal por 100 g, 10 g ou outra medida do alimento. 
Então, podemos pensar em um leite de coco e comparar com um suco de laranja. 
Qual dos dois produtos possui mais kcal, ou seja, mais energia? Normalmente 
as pessoas relacionam alimentos com maior índice de gordura àqueles com 
maior índice de calorias e realmente isso é verdade. A cada 1 g de carboidratos 
gera-se 4 kcal, já a cada 1 g de lipídeos gera-se 9 kcal, aproximadamente. 
Portanto, quanto maior a quantidade de lipídeo em um alimento, maior o valor 
energético dele, corroborando com a produção de ATP e o balanço energético 
acima discutidos. 
TEMA 5 – BIOSSÍNTESE DOS TRIACILGLICEROISDe acordo com as necessidades do organismo, os ácidos graxos 
sintetizados ou ingeridos podem seguir dois diferentes destinos. Em situação de 
abundância de alimento, os ácidos graxos serão transformados em TAG para o 
armazenamento de energia; em situação de crescimento, esses ácidos graxos 
serão utilizados para formação dos componentes lipídicos da membrana. 
Temos também outra forma de armazenamento de lipídeos, chamada de 
glicogênio. Quando a capacidade de armazenamento de glicogênio no fígado é 
extrapolada, em função do excesso de ingestão de carboidratos, ocorrerá a 
conversão desse glicogênio em TAG e seu armazenamento no tecido adiposo. 
Os TAG nas plantas são armazenados, principalmente, em frutos, nozes e 
sementes. 
 Conforme estudado, os TAG são formados por ácidos graxos, portanto, 
vamos entender como ocorre a formação dessas moléculas. 
 
 
11 
A biossíntese dos ácidos graxos ocorre por vias diferentes das vias de sua 
oxidação e ocorre principalmente no citosol dos hepatócitos de muitos 
organismos e nos cloroplastos das plantas. 
Vamos partir de um pressuposto em que o organismo acabou de ingerir 
alimentos. Assim, a glicose vai chegar às células do fígado, porém, ainda não 
será utilizada por ele, pois a primeira enzima da via glicolítica ainda está inativa, 
então a glicose sai do tecido hepático e atinge a corrente sanguínea, sendo, de 
tal modo, utilizada pelo corpo todo. Quando as necessidades energéticas são 
supridas, ocorre o aumento do índice glicêmico e a glicose entra na célula após 
a sinalização da insulina, fazendo com que o fígado utilize a glicose. A partir daí 
seguem as etapas de glicólise e Ciclo de Krebs, conforme já estudado. 
Porém, a quantidade de ATP será aumentada, mas a célula percebe que 
existe um excesso de energia, então diminui a velocidade do Ciclo de Krebs, 
fazendo com que se aumente a concentração de citrato; esse citrato acumulado 
sai da mitocôndria e retorna a acetil-CoA e oxaloacetato; a cadeia do acetil-CoA 
se alonga após o malonil-CoA, portanto, essas reações de alongamento 
caracterizam reações sucessivas de crescimento dos ácidos graxos, ou seja, as 
reações de síntese de ácidos graxos. Portanto, dizemos que o acetil-CoA e o 
malonil-CoA são os precursores dessa síntese. 
Após essa formação de ácidos graxos é que ocorre a formação e 
acumulação dos TAG no tecido adiposo, processo que usualmente chamamos 
de engordar. 
Os TAG são formados por uma série de reações bioquímicas catalisadas 
por diferentes enzimas. 
Assim como os TAG são ativados por hormônios para entrarem em vias 
específicas, a biossíntese de TAG nos animais também é regulada por 
hormônios, como a insulina já mencionada, sendo esse hormônio responsável 
pelo estímulo da conversão de carboidratos em gordura. 
Os TAG são sintetizados por meio dos precursores acil-CoA graxo 
(formada por meio dos ácidos graxos) e L-glicerol-3-fosfato; a primeira etapa da 
biossíntese dos TAG consiste na adição de duas moléculas de acil-CoA graxo 
ao L-gliceol-3-fosfato gerando o ácido fosfatídico, que será convertido em 
diacilglicerol para então formar os triacilgliceróis (Figura 4). 
 
 
12 
Figura 4 Biossíntese dos triacilgliceróis com seus precursores acil-CoA e 
L-glicerol-3-fosfato 
 
Fonte: A autora. 
Observando a Figura 4, podemos verificar a participação da glicólise na 
formação dos TAG, pois o L-glicerol-3-fosfato é um derivado de um intermediário 
glicolítico. 
O glicerol, ilustrado na figura anterior, é uma outra fonte para obtenção do 
L-glicerol-3-fosfato obtido no fígado e nos rins, porém, em pequena quantidade. 
Assim sendo, vimos que os principais substratos para a síntese de ácidos 
graxos são o acetil-CoA e o malonil-CoA, a qual ocorre por meio do excesso de 
carboidratos e de acordo com as necessidades da célula e/ou organismo. 
 
 
 
13 
NA PRÁTICA 
Em toda a história da humanidade, pessoas vêm praticando jejuns, seja 
por motivos religiosos ou de saúde. O corpo humano dispõe de mecanismos que 
fornecem a capacidade de jejuar com segurança. 
Contudo, primeiramente vamos analisar porque essa prática é tão 
realizada e vem ganhando vários adeptos. 
A prática de jejum provoca a diminuição do metabolismo, reduz o estresse 
oxidativo e dá a oportunidade ao sistema excretor de remover toxinas, 
minimizando o dano à célula que é exposta diariamente a toxinas por meio da 
alimentação e do estilo de vida. 
 Em um primeiro momento, ocorre o consumo da glicose proveniente do 
glicogênio armazenada nos músculos e fígado. Importante frisar que aqui já foi 
considerada a completa digestão dos alimentos da última refeição. Depois, as 
gorduras armazenadas passam a ser consumidas, ou seja, o organismo não 
consome sua própria musculatura, pois seria prejudicial a ele, mas consome a 
gordura estocada. 
A última fase é chamada de cetose, quando ocorre a diminuição dos níveis 
de insulina no sangue e o aumento da libração de ácidos graxos por causa da 
quebra da gordura armazena nos adipócitos. O fígado então começa a converter 
os ácidos graxos em cetonas. Durante o tempo de privação de 
alimentação/glicose, as células consomem cetonas, pois passam a ser a única 
fonte de energia após o terceiro dia de jejum. 
O jejum, quando bem controlado e supervisionado por profissionais da 
área, pode trazer benefícios à saúde, pois diversas doenças respondem bem a 
essa prática. Devido ao jejum colocar o organismo em condições de recuperação 
e regeneração celular é que estudos o relatam como uma prática curativa para 
doenças agudas (alergias, asma, distúrbios alimentares, doenças 
dermatológicas, dores de cabeça, sinusites) e para doenças crônicas (doenças 
cardiovasculares como aterosclerose, angina, pressão alta, artrite, lúpus, fadiga 
crônica, diabetes tipo 2, reumatismo). 
Saiba mais 
Após este breve esclarecimento sobre jejum, assista ao documentário 
nacional “Jejum, a cirurgia da natureza” e elabore um mapa conceitual a respeito 
de tal prática com base no conhecimento adquirido nesta aula sobre 
 
 
14 
metabolismo dos lipídeos. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v= 
J2qv9yqCrSQ&t=680s>. Acesso em: 17 mar. 2020. 
FINALIZANDO 
A partir do estudo sobre o metabolismo dos lipídeos, podemos 
compreender que após a digestão e absorção dessas biomoléculas no intestino 
delgado, os ácidos graxos são liberados dos triacilgliceróis e então distribuídos 
para os músculos e o tecido adiposo. 
Dessa forma, vimos como ocorre a oxidação dos ácidos graxos e como 
sua completa oxidação leva à produção de energia; energia essa que é gerada 
com muito mais eficiência quando comparada à energia produzida por meio de 
carboidratos, pois lipídeos são moléculas mais reduzidas e, portanto, carregam 
mais energia, resultando em um rendimento energético muito maior. 
Outro ponto bastante importante que estudamos foi sobre a ativação dos 
ácidos graxos para que eles possam ser transportados até a mitocôndria com o 
auxílio de lipoproteínas e, então, utilizados para geração de energia. Ainda sobre 
a ativação dos ácidos graxos, observamos que os hormônios realizam o trabalho 
de sinalização desse metabolismo. 
Por último, vimos que nutrientes em excesso às necessidades energéticas 
são armazenados na forma de triacilgliceróis. Desse modo, todo excesso de 
carboidratos e proteínas obtido por meio da alimentação que for transformado 
em piruvato e acetil-CoA vai participar da biossíntese de ácidos graxos, gerando 
assim, o armazenamento de gordura. 
 
 
15 
Figura 5 – Metabolismo dos lipídeos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: A autora. 
Ingestão e 
digestão de 
lipídeos
AG liberados 
do TAG
AG ditribuídos 
para músculos 
e tecido 
adiposo 
Ativação e transporte 
dos AG
Nutrientes em excesso 
• hormônios
• lipoproteínas
• biossíntese de AG
• armazenado 
como TAG
Completa oxidação dos 
AG 
Produção de energia ATP 
 
 
16 
REFERÊNCIASCONN, E.; STUMPF, P. K. Introdução à Bioquímica. 15 reimp. São Paulo: 
Blucher, 2017. 
CORASSA, E. O jejum higienista, a cirurgia da natureza. Rio de Janeiro: 
Eduardo Corassa, 2011. 
GALANTE, F.; ARAÚJO, M. V. F. de. Princípios da Bioquímica para 
universitários, técnicos e profissionais da área de saúde. São Paulo: Rideel, 
2018. 
NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed. 
Porto Alegre: Artmed, 2014. 
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 10. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2010.

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