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dossie-trans-2021-29jan2021

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DOSSIÊ
ASSASSINATOS E VIOLÊNCIA
CONTRA TRAVESTIS
E TRANSEXUAIS
BRASILEIRAS EM 2020
BRUNA G. BENEVIDES
SAYONARA NAIDER BONFIM NOGUEIRA
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ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS DO BRASIL (ANTRA)
INSTITUTO BRASILEIRO TRANS DE EDUCAÇÃO (IBTE)
Copyright©2021 por Bruna G. Benevides e Sayonara N. B. Nogueira
Permitida a reprodução total ou parcial desta publicação, desde que citadas as fontes.
dossiê 
assassinatos e violência 
contra travestis e transexuais 
brasileiras em 2020
bruna G. benevides
sayonara naider bonfim nogueira
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
D729
Dossiê dos assassinatos e da violência contra travestis e transexuais 
brasileiras em 2020 / Bruna G. Benevides, Sayonara Naider Bonfim Nogueira 
(Orgs). – São Paulo: Expressão Popular, ANTRA, IBTE, 2021
136p.
ISBN: 9786558910138
1. Direitos e liberdades fundamentais. 2. LGBTI+. 3. Estatística. 4. 
Transfobia. 5. Travestis. 6. I. Bruna G. Benevides. II. Sayonara Naider Bonfim 
Nogueira.
CDU 342.722(81)
CDD 342.81023
Bibliotecário: Marcos F. G. Maia
CRB-2 / 1.445
Mudar para: A reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou 
por qualquer meio deste documento, é autorizada, desde que citada a fonte. 
A violação dos direitos do/a autor/a (Lei nº 9.610/98) é crime 
estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.
Pesquisa e análise
Bruna G. Benevides
Sayonara Naider Bonfim Nogueira
Revisão Ortográfica
Isaac Porto
Diagramação e design
Raykka Rica
Apoio para a publicação
Distrito Drag (DF)
Editora Expressão Popular
Apoio para a impressão
Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA)
Embaixada da Noruega
W7
Lápis
W7
Lápis
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 2020 5
O medo ou o receio que você sente é o ódio 
que você não consegue elaborar y atravessa 
a tua retina toda vez que vê uma pessoa 
trans, que compromete a sua estabilidade 
de gênero, que desemboca em outras ordens 
fixas como a noção de sexo y família.  Quando 
não assassina, produz aniquilamento. 
É o mesmo fundamentalismo que faz o lobby 
cis-heterossexual, que arrancou y arranca 
a vida de tantas travestis y demais pessoas 
trans. Sem contar naquelas pessoas que 
tiveram suas vidas decepadas antes mesmo 
de se tornarem possíveis.  
Precisamos estar comprometidas com o 
quê em nosso vocabulário tem associações 
que não nos isola da estrutura y que nos faz 
agentes do racismo, da misoginia, transfobias 
y demais feridas coloniais. A estrutura, a 
norma e o padrão versus os indivíduos que 
produzem a norma. 
E não é apenas sobre responsabilização, 
mas o quanto estamos dispostas enquanto 
pessoas a superar vocabulários, práticas y 
pensamentos. 
É menos sobre estrutura y mais sobre 
disposição para deformar aquilo que nos 
deforma. O pensamento colonial não é uma 
exceção ou um erro, mas a própria regra. 
E essa situação é muito emblemática 
do quanto a colonização brasileira não 
acionou apenas questões raciais y étnicas, 
mas também transfobia y concepções cis 
centradas. A transfobia é irmã do racismo. 
São filhos dos mesmos pais. Constituintes 
do projeto colonial. Nossas vidas não são 
negociáveis y manipuladas para dar sentido 
a um discurso que nos coloca como culpadas 
pelas violências que são colocadas contra 
nossas existências.
É preciso riscar a navalha no chão. É daqui pra 
adiante. Não estamos dispostas a negociar 
nossas vidas. Já ultrapassamos o limite do 
intolerável.
Não devem existir saídas fora da radicalidade. 
 Magô Tonhon
Mestra em filosofia, Consultora de diversidade, 
Maquiadora Y Educadora de Beleza
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 2020 7
PreFÁcio
Em 2020, o Brasil assegurou para si o 1º lugar no ranking dos assassinatos de pessoas trans 
no mundo, com números que se mantiveram acima da média. Neste ano, encontramos notícias 
de 184 registros que foram lançados no Mapa dos assassinatos de 2020. Após análise minuciosa, 
chegamos ao número de 175 assassinatos, todos contra pessoas que expressavam o gênero 
feminino em contraposição ao gênero designado no nascimento, e que serão considerados nesta 
pesquisa. É de se lembrar exaustivamente a subnotificação e ausência de dados governamentais. 
Igualmente, este dossiê leva a uma reflexão acerca da conjuntura vivenciada pelas pessoas 
que fazem parte desse segmento da sociedade, que abandona e marginaliza pessoas que rompem 
com os padrões hetero-cis-normativos. O Brasil naturalizou um projeto de marginalização das 
travestis. A maior parte da população Trans no país vive em condições de miséria e exclusão 
social, sem acesso à educação, saúde, qualificação profissional, oportunidade de inclusão no 
mercado de trabalho formal e políticas públicas que considerem suas demandas específicas. 
Mas não só: o que era ruim piorou ainda mais neste este ano, com a eleição de um governo que é 
explicitamente transfóbico por ideologia. (BENEVIDES; NOGUEIRA, 2019)
Os dados apresentados, além de denunciarem a violência, explicitam a necessidade de 
políticas públicas focadas na redução de homicídios contra pessoas trans, traçando um perfil 
sobre quem seriam estas pessoas que estão sendo assassinadas a partir dos marcadores de idade, 
classe e contexto social, raça, gênero, métodos utilizados, além de outros fatores que colocam 
essa população como o principal grupo vitimado pelas mortes violentas intencionais no Brasil. 
Dados mostram que manipulações no uso das pesquisas produzidas pelas instituições da 
sociedade civil por representantes do Estado passam a ideia de que o número de pessoas trans 
assassinadas caiu em 2019 por ações do Estado. Não é possível fazer essa afirmação, tendo em 
vista a subnotificação e a falta de dados governamentais. Além disso, até o momento, não houve 
ações específicas para enfrentar essa violência, o que nos faz acreditar que seria uma falsa simetria 
afirmar uma diminuição de violência de forma “espontânea” e sem investimento material, pessoal 
ou institucional do Estado em uma política de enfrentamento do transfeminicídio. 
A realidade é bem diferente no dia a dia das pessoas trans, num cenário onde a Advocacia-
Geral da União (AGU) tem questionado junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) a legitimidade 
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 20208
da decisão sobre criminalizar a LGBTIfobia1. Nessa edição, veremos que aumentou o número 
de violência nas redes sociais, tentativas de assassinatos, suicídios e o número de assassinatos. 
Notamos aumento em todos os cenários analisados, seja em períodos bimestrais ou semestral, 
comparado ao mesmo período de 2019. 
Veremos, ainda, que o aumento da violência denuncia o reflexo da perseguição de setores 
conservadores do Estado às pautas pró-LGBTI e a campanha de ódio contra o que eles chamam 
de “ideologia de gênero”, que é um nítido ataque à existência das pessoas trans. Além disso, 
também é preocupante a associação de grupos anti-trans que têm se organizado em uma 
agenda global para impedir a conquista de novos direitos, cassar direitos conquistados e avançar 
com a manutenção do cissexismo. O cissexismo pode ser compreendido como a organização 
cistemática de ações, noções discriminatórias e inferiorizantes de maneira institucional e/ou 
individual contra pessoas trans. A sua finalidade é afirmar que travestis, mulheres e homens 
trans, pessoas transmasculinas e demais pessoas trans são seres inferiores, que deveriam 
ocupar um lugar subalterno na sociedade. É uma instituição social que legitima e reconhece 
unicamente as identidades cisgêneras em detrimento das identidades transgêneras, através da 
sub-representação e invisibilidade, a fim de assegurar o status quo das identidades cis como o 
padrãohegemônico de ser e existir na sociedade. 
 Enfrentamos um momento singular, com a COVID-19 agravando ainda mais as desigualdades 
já existentes. Acreditava-se que, durante a pandemia do COVID-19, os índices de assassinatos 
poderiam diminuir, como aconteceu em outras parcelas da população2 nos primeiros meses da 
pandemia no Brasil, pela necessidade do isolamento social colocado em muitas cidades/estados. 
Mas, quando vemos que o assassinato de pessoas trans aumentou, notamos que a vida das 
pessoas trans, principalmente as travestis e mulheres transexuais trabalhadoras sexuais, que 
seguem exercendo seu trabalho nas ruas, tem sido diretamente afetada. temos um cenário onde 
os fatores sociais se intensificam e impactam a vida das pessoas trans, especialmente as travestis 
e mulheres transexuais trabalhadoras sexuais, que seguem exercendo seu trabalho nas ruas para 
ter garantida sua subsistência. Nossas pesquisas estimam que cerca de 70% da população de 
travestis e mulheres transexuais não conseguiram acesso às políticas emergenciais do Estado, 
devido à precarização histórica de suas vidas, chegando a terem perda significativa em suas 
rendas3. Assim, não resta outra opção, a não ser continuar o trabalho nas ruas, impondo que tal 
grupo se exponha ao vírus em todas as fases da pandemia.
1. AGU questiona decisão do STF em criminalizar a homofobia (SIC). Disponível em: https://g1.globo.com/jornal-
nacional/noticia/2020/10/16/agu-questiona-decisao-do-supremo-de-criminalizar-homofobia-e-gera-forte-
reacao.ghtml - acessado em 15/11/2020.
2. Rio registra queda de homicídios e roubos durante a quarentena. Disponível em: https://epoca.globo.com/rio/rio-
registra-queda-de-homicidios-roubos-durante-quarentena-24328153 - acessado em 14/11/2020.
3. Prostituição e pandemia. Disponível em: https://projetocolabora.com.br/ods8/prostituicao-e-pandemia-terei-
que-aceitar-20-ou-30-reais-preciso-comer/ - acessado em 14/11/2020.
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 2020 9
Nesse cenário, dados preliminares do projeto da ANTRA, TransAção4, revelam que 94,8% da 
população trans afirmam terem sofrido algum tipo de violência motivada por discriminação devido 
à sua identidade de gênero. Quando perguntadas sobre suas principais necessidades, o direito ao 
emprego e renda aparece com 87,3%, seguido de acesso à saúde (em termos gerais e, também, 
em questões específicas de transição), educação, segurança e moradia. Além disso, 58,6% declarou 
pertencer ao grupo de risco para a COVID-19.
Diante da epidemia do coronavírus e de toda a dificuldade que temos tido para organizar 
estratégias capazes de promover um enfrentamento eficaz, que vêm sendo prejudicadas pela 
lambança que vem sendo feita pelo presidente, vemos escancarada a política de deixar viver 
ou morrer, que já vinha sendo colocada em prática, mas que agora se manifesta sem filtro e 
sem limites. Seja pelas ações do governo ou ausência delas, essa política afeta diretamente 
pessoas empobrecidas, negras, idosos, PCD, mulheres, pessoas vivendo com HIV, LGBTI+, 
indígenas e outros povos tradicionais, pessoas que não têm sua humanidade reconhecida, cujas 
existências sejam vistas como indesejáveis, não devendo ter acesso a cuidados ou a direitos. 
Muitas não são vistas como gente, e as travestis profissionais do sexo, em sua maioria negras e 
semianalfabetas que desempenham sua função na rua, enfrentam diversos estigmas no país que 
mais assassina pessoas trans do mundo. A precarização de determinada parcela da população 
faz parte de um plano global genocida para exterminar vidas que enfrentam processos históricos 
de vulnerabilização, a fim de cumprir o plano de defesa da propriedade privada de uma casta 
superior  pautada na branquitude empresarial, que se diz cristã e é neoliberal, e de garantir a 
manutenção dos privilégios egoístas de uma elite racista e conservadora, cis-hétero-centrada. 
(BENEVIDES, Bruna, 2020. Nova Pandemia, Velhas Mazelas5)
Mesmo diante deste cenário e da constante cobrança por parte dos movimentos sociais, 
não houve um único projeto específico de apoio à população LGBTI+ para o enfrentamento da 
pandemia. Os dados apresentados, além de denunciarem a violência, explicitam a necessidade 
de políticas públicas focadas na redução de homicídios de pessoas trans, em especial para a 
proteção das trabalhadoras sexuais. Explicitam, também, a necessidade do acesso às políticas 
de assistência, bem como outros fatores que colocam essa população como o principal grupo 
que tem suas existências precarizadas, expostas a diversas formas de violência, como as mortes 
intencionais no Brasil. 
4. TransAção: Projeto de Apoio emergencial para travestis e mulheres trans no Rio de Janeiro, tendo participado 
150 travestis e Mulheres trans. Uma parceria entre a ANTRA, Defensoria Pública do Rio de Janeiro, Instituto 
de estudos da Religião (ISER) e Instituto UNIBANCO. Disponível em: http://www.defensoria.rj.def.br/noticia/
detalhes/10366-Convenio-permitira-auxilio-a-travestis-e-mulheres-transexuais?fbclid=IwAR0Pv_4HYzu5rlPe
8cgu2UG-GOY365PKz-Vu_2ynXFU0rl1D5SZUVelh-Q4 (A pesquisa final do projeto será publicada pela ANTRA após 
análise dos dados) - acessado em 15/11/2020.
5. Nova epidemia, Velhas Mazelas. Disponível em: https://medium.com/@brunagbenevides/nova-epidemia-velhas-
mazelas-5a320a622a0c - acessado em 15/11/2020.
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 202010
Entre as ações e recomendações6 que temos feito até aqui, estão o lançamento de diversas 
cartilhas7, entre elas sobre como agir em casos de violência LGBTIfóbica, além de dicas de 
prevenção para profissionais do sexo durante o período do COVID-19, e recomendações sobre 
como agir em casos de violência doméstica neste período de isolamento social, dentre outras. 
Houve aumento da violência doméstica, piora nos índices de saúde mental e aumento dos casos 
de suicídio, além da perda de diversas ativistas importantes para o movimento trans nacional em 
decorrência da COVID, por estarem atuando na linha de frente pela vida das pessoas trans.
A ANTRA encaminhou um documento contendo um panorama ampliado sobre a situação das 
pessoas LGBTI+ durante a crise sanitária do coronavírus, além de uma série de recomendações 
ao relator independente para a proteção contra a violência motivada por orientação sexual e/
ou identidade de gênero da ONU. Além disso, tem participado de webnários internacionais com 
países da América Latina8, fóruns de debates e discussões sobre como enfrentar esse período, 
mantendo como tema central a proteção e atuação das pessoas trans, e dialogado com agências 
e entidades internacionais sobre a situação do Brasil neste período.
Outra importante atuação foi o monitoramento de ações em prol da população trans, em 
constante diálogo com outras redes parceiras, órgãos de classe, defensorias públicas estaduais 
e da União, a fim de contribuir para o acesso à renda básica emergencial e/ou campanhas para 
aquisição e distribuição de alimentos, kits de prevenção às IST/HIV/AIDS, e materiais de higiene 
pessoal e de proteção ao COVID-19, lançados no Mapa da Solidariedade9, em parceria com a 
ABGLT.
Os assassinatos de pessoas trans continuam aumentando pela falta de ações do Estado, que 
não implementou nenhuma medida de proteção à população LGBTI+, mesmo depois da decisão 
do Supremo Tribunal Federal que reconheceu a LGBTIfobia como uma forma do crime de racismo. 
6 Nota sobre a atuação da ANTRA em tempos do COVID-19. Disponível em: https://antrabrasil.org/2020/03/24/
nota-sobre-atuacao-da-antra-em-prol-da-populacao-trans-em-tempos-do-covid-19/ - acessado em 15/11/2020.
7 Cartilhas e Manuais da ANTRA. Disponível em: https://antrabrasil.org/cartilhas/ - acessado em 15/11/2020.
8Webnar Race and Equality. Disponível em: https://raceandequality.org/es/brazil-p/raca-e-igualdade-organizou-
um-webinar-para-ativistas-compartilharem-os-efeitos-do-covid-19-na-populacao-lgbti-na-america-latina-com-o-especialista-independente-da-onu-em-orientacao-sexual-e-identidade/ - acessado em 15/11/2020.
9 Mapa da Solidariedade. Disponível em: https://revistahibrida.com.br/2020/04/15/instituicoes-lgbtqi-lancam-
campanha-coletiva-para-o-coronavirus-saiba-como-doar/ - acessado em 15/11/2020.
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 2020 11
Os dados não refletem exatamente a realidade devido à subnotificação, que aumentou, 
mas demonstram, a partir desta pesquisa, que o Brasil vem passando por um processo de 
recrudescimento em relação à forma com que trata travestis, mulheres transexuais, homens 
trans, pessoas transmasculinas e demais pessoas trans. Isso reforça a importância do nosso 
trabalho, que, desde seu início, tem se firmado como uma importante ferramenta na construção 
de dados, denúncias e na proposição de elementos que irão impactar a forma de combate à 
violência transfóbica em nossa sociedade.
BRUNA BENEVIDES
Secretária de Articulação Política da ANTRA
sumÁrio
1. Introdução: ................................................................................................................ 15
A) Gisberta, 15 anos depois com Neon Cunha .................................................. 15
B) Objetivos ..................................................................................................................... 19
C) Metodologia .............................................................................................................. 21
PARTE I – ASSASSINATOS CONTRA A POPULAÇÃO TRANS NO BRASIL
2. A subnotificação cistemática do assassinato de travestis e demais 
pessoas trans .................................................................................................................. 26
3. Assassinatos 2020 ................................................................................................... 31
3.1 Assassinatos por estado ...................................................................................... 34
3.2 Assassinatos por região ....................................................................................... 36
3.3 Perfil das vítimas ................................................................................................... 37
A) Idade ........................................................................................................................ 38
B) Classe e contexto social ................................................................................... 42
C) Raça ......................................................................................................................... 46
D) Gênero .................................................................................................................... 50
4. A identidade de gênero das vítimas na mídia .................................................. 54
5. Tipos de assassinatos .............................................................................................. 57
6. Perfil dos suspeitos .................................................................................................. 61
7. Tentativas de homicídio ......................................................................................... 64
8. Dados internacionais - 2020: o Brasil segue na liderança dos assassinatos 
contra pessoas trans no mundo ............................................................................... 69
9. Assassinato de defensoras trans de direitos humanos com Symmy 
Larrat ................................................................................................................................ 72
10. Elementos comuns a partir da análise dos assassinatos .....................77
PARTE II – OUTRAS VIOLêNCIAS E VIOLAÇõES DE DIREITOS hUMANOS
11. O paradoxo entre o pornô e o assassinato de pessoas trans no 
Brasil ................................................................................................................................ 81
12. Violência política contra candidaturas e pessos trans eleitas com Symmy 
Larrat ................................................................................................................................ 85
13. Transfobia na rede social e os impactos nas vidas trans com Sara 
Wagner York ................................................................................................................... 95
14. Transfobia recreativa e o corpo risível por Renata Carvalho ................102
15. Violações de direitos humanos da população trans .................................109
16. Suicídio e a população trans ............................................................................119
17. Os impactos da covid e mortes pelo coronavírus ......................................122
18. Um ano e meio depois da criminalização da LGBTIfobia por Caê 
Vasconcelos ..................................................................................................................127
19. Palavras da presidenta: entre pandemias e violências por Keila 
Simpson ..........................................................................................................................131
20. Autoras ....................................................................................................................135
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 2020 15
introdução1
a) Gisberta, 15 anos dePois
Bruna Benevides
Neon Cunha10
Em 2021, completam-se 15 anos do assassinato brutal e cruel de Gisberta: esquecida, 
quando não ignorada pela maioria dos brasileiros ou lembrada apenas em momento pontuais e, 
muitas vezes, de forma romantizada, quando cantada na voz de Maria Bethânia, em uma canção 
de Pedro Abrunhosa – Balada de Gisberta. Ouvidos pouco atentos não se deram conta de que 
Gisberta era uma travesti vítima do ódio, que nos lembra a realidade que muitas pessoas trans, 
especialmente as travestis e mulheres trans, conhecem bem, mas que até então permanecia na 
invisibilidade e tinha a impunidade como regra. 
De acordo com o último relatório da Transgender Europe (TGEU) lançado em 2020, que 
analisa o ranking mundial de assassinatos de pessoas trans pelo mundo a partir dos dados 
coletados em pesquisas como a nossa no Brasil, 98% das vítimas de assassinatos globais são 
pessoas que vivenciam o gênero feminino11. Esse dado aponta para como o gênero é um dos 
fatores centrais que colocam essa parcela da população em risco aumentado de violências e de 
serem vítimas de assassinatos.
10. Neon Cunha. Mulher negra, ameríndia e trans. Publicitária e ativista independente. Articula junto à Marcha das 
Mulheres Negras de SP.
11. Em 2020 Brasil continua líder mundial em assassinatos de pessoas trans. Disponível em: https://revistahibrida.
com.br/2020/11/17/em-2020-brasil-continua-lider-mundial-em-assassinatos-de-pessoas-trans/ - acessado em 
11/12/2020.
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 202016
Vidas insistentemente escritas como abjetas, matáveis, fora da norma e que, portanto, 
merecem aquilo que enfrentam, reduzidas em sua capacidade de existir entre os normais, tendo 
sua humanidade negada, descaracterizada. Como consequência, cria-se um processo que afasta 
a possibilidade de sentirmos compaixão. Uma vida mundana, perversa, pervertida e doente (sic). 
O que lhe resta, sob a ótica religiosa, é o pagamento do pecado: a morte.
Há quinze anos, Portugal despertava para a realidade da intolerância e do ódio contra pessoas 
trans. O assassinato de uma travesti brasileira no Porto chocava a sociedade, com repercussão 
mundial. Agredida e violada cistematicamente por 14 adolescentes durante dias, seu corpo foi 
encontrado no fundo de um poço de 15 metros, onde foi jogada depois de dias de diversas formas 
de violências. A vítima: Gisberta Salce Junior, uma prostituta travesti imigrante brasileira de 
45 anos.Nunca saberemos o que exatamente se passou durante aqueles três últimos dias de sua vida, 
em que Gisberta esteve sendo mantida em uma espécie de ritual pela expiação de seus pecados 
e rumo a seu calvário, ou os reais motivos que geraram toda a catarse de ódio que manteve os 
jovens que a mataram tão envolvidos. Dos 14, 11 deles eram assistidos na Oficina de São José, 
instituição tutelada pela Igreja Católica. Sabemos que o ódio foi o motor principal desse horror, 
que atuou de forma tão potente para quem batia. Eles a humilharam e bateram até cansar. 
Cansados, mas não satisfeitos, arrastaram seu corpo e a atiraram no fundo de um poço. Foi esse 
o único momento de sua vida que nos tocou.
Algum tempo depois, os garotos contaram a colegas sobre Gisberta, que descreveram 
como "um homem que 'tinha mamas' e 'parecia mesmo uma mulher'. As visitas, que até então 
eram solidárias, transformaram-se num incompreensível ato de violência extrema e gratuita. 
Os 14 jovens – entre os 12 e os 16 anos – dividiram-se em grupos que revezavam-se para 
espancar, violentar e humilhar a brasileira. Durante três dias, Gisberta foi agredida a pedradas, 
pauladas e chutes. Foi sexualmente torturada com o uso de pedaços de madeira e teve o corpo 
queimado com cigarros. Entre 21 e 22 de fevereiro, os jovens voltaram ao prédio abandonado. 
A brasileira não respondia a qualquer estímulo. Ao julgarem que estava morta, planejaram 
como desaparecer com o corpo. Primeiro pensaram em queimá-lo, mas desistiram por medo de 
que a fumaça atraísse a atenção de seguranças que trabalhavam num parque próximo. Depois 
imaginaram enterrá-lo, mas não tinham as ferramentas necessárias. Então, optaram por atirá-
la ao fosso do prédio, que estava cheio de água. Gisberta estava inconsciente, mas ainda viva. 
Morreu afogada. (Mamede Filho, BBC Brasil12)
12. A Brasileira que virou símbolo LGBT e cujo assassinato levou a novas leis em Portugal. Disponível em: https://
www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/02/160218_brasileira_lgbt_portugal_mf - acessado em 11/12/2020.
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 2020 17
Não apenas o julgamento ocorreu sob diversas questões extremamente problemáticas no 
transcurso do processo, como houve diversas tentativas de evitar dar nome ao que realmente 
motivou a sua morte: ódio! Não existem outras palavras capaz de explicar a morte de Gisberta. 
Ela foi morta pelo ódio à sua existência subversiva, cercada por mitos, estigmas e tabus, pela sua 
condição de gênero não cisgênera, pela situação de vulnerabilidade em que foi colocada, pela 
precarização sob a qual insistia em sobreviver, pelo isolamento compulsório que enfrentava e, 
principalmente, por insistir em se manter viva, mesmo diante dos vários dias, formas, intensidade 
e crueldade com que foi violentada a sangue frio.
... uma figura viva fora das normas da vida não somente se torna o problema como o qual a 
normatividade tem de lidar, mas parece ser aquilo que a normatividade está fadada a reproduzir: 
está vivo, mas não é uma vida (BUTLER, 2017, p. 22).
Gisberta, brasileira, transformou-se em símbolo de denúncia contra a transfobia e as diversas 
formas que ela admite: imigrante ilegal, travesti, prostituta, sem-teto e vivendo com HIV, em 
Portugal. Seu assassinato causou a necessidade de reflexões urgentes em relação à transfobia. 
Gerou o debate sobre a violência transfóbica. Mudou o olhar para as questões da igualdade de 
gênero. Abriu uma discussão e inaugurou caminhos para transformações que garantiriam maior 
inclusão e direitos às pessoas trans.
"O assassinato da Gisberta estabeleceu um antes e um depois em Portugal. Mudou a 
maneira como a sociedade olhava para as mulheres trans, mudou o modo como a imprensa falava 
sobre as pessoas trans, estimulou a criação de leis que tratassem da igualdade de gênero", afirma 
à BBC Brasil o ativista português Sérgio Vitorino, do movimento social Panteras Rosa - Portugal.
Nos anos que se seguiram à morte da brasileira que deixou o bairro Casa Verde, na periferia 
da Zona Norte de São Paulo, fugindo das operações de extermínio às mulheres trans e travestis 
que acontecia na cidade nos anos 80, o Legislativo português criou uma série de leis voltadas 
para a igualdade de gêneros, com o objetivo de garantir a pessoas trans maior acesso à justiça, à 
educação e ao emprego. Além disso, foi aprovada a concessão de asilo a pessoas trans estrangeiras 
em risco de perseguição. 
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 202018
Assim como Gisberta, muitas outras travestis e mulheres trans enfrentam o êxodo travesti13, 
sendo expulsas de suas cidades, estados e até de seus países pela violência e dificuldade de acesso 
à cidadania. Sua história virou peça, documentário, e um marco na luta pelos direitos das pessoas 
LGBTI – em Portugal. 
A violência crescente em São Paulo contra transexuais no final da década de 1970 e início 
dos anos 1980 motivou a migração de Gisberta para a França aos 18 anos. (...) e seguiu para 
Portugal, onde viveu os últimos 20 anos de vida. Instalou-se no Porto, onde fez amizades com 
artistas, enturmou-se na cena gay local e começou a trabalhar nas casas noturnas direcionadas 
ao público LGBT. Porém, o dinheiro ganho pelos shows pontuais não era suficiente para o seu 
sustento. A prostituição foi a forma que encontrou para complementar sua renda e fez parte 
de sua vida praticamente desde que chegou em Portugal. (Bruno Abreu, Resista ORP – Uma 
sentença de morte para Gisberta)14
Desde 2008, o Brasil segue como o país que mais assassina pessoas trans do mundo15. É triste 
perceber que só celebremos a vida de uma pessoa pelo mal que lhe aconteceu. 15 anos depois 
de Gisberta e as lições que o caso nos denunciou, vemos o transfeminicídio crescer a cada ano, 
ceifando vidas e mantendo a impunidade dos assassinos. 
É preciso afirmar que a violência que executou Gisberta chocou parte do mundo e mudou o 
curso da vida da população não cisgênera portuguesa. Porém, é também preciso reconhecer que, 
apesar de influenciar continuamente o combate ao cissexismo e à transfobia estrutural, o caso 
não conseguiu alterar o essencial, nem provocar a elaboração de uma lei de identidade de gênero 
brasileira que promovesse as mudanças legais, sociais e políticas necessárias para que um dia 
possamos dizer que o Brasil é uma nação que respeita integralmente as identidades trans ou que 
lhes garante uma humanidade.
13. O Êxodo Travesti é o processo migratório enfrentado, majoritariamente por aquelas pessoas trans que se 
reivindicam enquanto pertencentes ao gênero feminino, normalmente para grandes centros e muitas vezes de 
forma indesejada, em busca de autoconhecimento, liberdade, construção de suas identidades e de oportunidades, 
seja no mercado do sexo ou não. Há, ainda, aquelas pessoas que se mudam para fora do país em busca de sua 
autonomia, dignidade e sobrevivência. Esse êxodo se dá pela percepção do quanto uma pessoa trans enfrenta 
violentos processos de exclusão social em todos os níveis, que lhe resta apenas sair de onde vive/viveu, para tentar 
sobreviver longe de seus locais de origem - normalmente onde se iniciam os processos de maior violência, muitas 
vezes ainda precocemente dentro de seus lares ou no ambiente escolar, e onde estariam mais expostas a serem 
vítimas de violações de direitos humanos (BENEVIDES, Bruna, 2019).
14. Uma sentença de morte para Gisberta. Disponível em: https://resistaorp.blog/2018/02/22/uma-sentenca-de-
morte-para-gisberta/ - acessado em 12/12/2020.
15. Pelo 12º ano consecutivo o Brasil é o país que mais mata transexuais do mudo. Disponível em: https://exame.com/
brasil/pelo-12o-ano-consecutivo-brasil-e-pais-que-mais-mata-transexuais-no-mundo/ - acessado em 07/01/2021.
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 2020 19
Como honrar a memória deGisberta, 15 anos depois? Quantas Gisbertas mais veremos no 
Brasil diariamente, até que possamos pensar em ações efetivas contra o assassinato cistemático de 
pessoas trans? Talvez o ensinamento de Nelson Mandela aponte um olhar para o futuro imediato 
que possa pôr fim ao desprezo por certas vidas humanas: “Ninguém nasce odiando outra pessoa 
(…). Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas 
a amar”.
b) obJetivos
O objetivo do presente dossiê é garantir que as Gisbertas, Dandaras e tantas outras possam 
ter o direito à vida assegurado e que o país deixe de ser o que mais assassina pessoas trans do 
mundo. Para tal, lutamos para que as informações que vêm sendo construídas sejam atualizadas e 
utilizadas para pensarmos em formas de erradicar a transfobia, a travestifobia, o transfeminicidio 
e outras violências diretas e indiretas contra a população trans não apenas no Brasil, mas possam, 
com as janelas que se abrem a partir das trocas de informações, alcançar uma oposição eficaz em 
todo o ciclo da violência transfóbica, que é estrutural e estruturante de nossa sociedade. 
O principal objetivo dessa pesquisa é denunciar os casos de violência e violações dos direitos 
humanos contra a população de travestis, mulheres transexuais, homens trans, transmasculines 
e demais pessoas trans16, que têm reafirmado a posição do Brasil como o país que mais mata 
travestis e transexuais do mundo, assim como expor a omissão do Estado frente a esses mesmos 
dados, ignorando as pesquisas e denúncias feitas pelas instituições que lutam pelos direitos 
humanos e da população LGBTI.
Diversos fatores se mostram presentes diante desta política de morte, apresentando-
se como ferramentas para a manutenção da violência no cenário que vemos anualmente ser 
apresentado e que precisam ser enfrentados. Destacamos aqui: 
 ♦ Proibição das discussões sobre gênero, sexualidade e diversidade nas escolas;
 ♦ Interferência no Estado de uma ideologia religiosa em detrimento do Estado laico;
 ♦ Disseminação de uma política institucional anti-trans através da narrativa falaciosa de 
uma suposta “ideologia de gênero”;
 ♦ Alinhamento de grupos anti-trans nas esferas públicas e institucionais;
16. Travestis, Mulheres Transexuais, Homens Trans, Transmasculines e demais pessoas Trans, são as identidades 
políticas que serão utilizadas durante a construção desse dossiê.
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 202020
 ♦ Falta de campanhas de educação/prevenção da violência transfóbica;
 ♦ Ausência de projetos, ações e campanhas sobre educação e empregabilidade para a 
população trans;
 ♦ Dificuldade no acesso ou negação de atendimento de pessoas travestis e mulheres 
transexuais nas Delegacias da Mulher e demais aparelhos de proteção às vítimas de violência 
doméstica;
 ♦ Ausência de dados populacionais e estatísticos sobre a população LGBTI;
 ♦ Dificuldade no acesso à saúde, especialmente no acesso aos procedimentos previstos no 
processo transexualizador e cuidados com a saúde mental;
 ♦ Ausência de casas-abrigo para LGBTI+ que são expulsos de casa, em retorno de migração 
forçada ou tráfico de pessoas, perseguidos politicamente, em situação de rua ou que, por 
algum outro motivo, não tenha acesso a moradia/local para viver.
 ♦ Omissão frente às violações de direitos humanos e a necessidade de mapeamento, 
acompanhamento e controle quantitativo sobre a população trans privada de liberdade;
 ♦ Ausência de campos ou informações sobre nome social e identidade de gênero das vítimas 
no registro das ocorrências; 
 ♦ Dificuldade no entendimento e na correta aplicação da decisão do STF que reconheceu a 
LGBTIfobia como crime de racismo nos termos da lei nº 7716/89; e
 ♦ Não reconhecimento e garantia da proteção através da Lei Maria da Penha ou a tipificação 
das mortes como feminicídio.
Percebe-se, ainda, uma equivalência do aumento dos casos de violência no mesmo momento 
em que se inicia uma cassada aos direitos e avanços da população LGBTI. Isso é um exemplo 
inquestionável da presença dessa política antidireitos explícita durante o primeiro ano desse 
governo. Casos de violência e violações de direitos humanos contra a população LGBTI se 
intensificaram, assim como os casos de suicídio e as negações de acesso a direitos básicos.
Pretendemos, ainda, incentivar a discussão sobre a urgência e necessidade de uma correta 
e sistemática aplicação dos efeitos da criminalização da LGBTIfobia, assim como pensarmos em 
políticas públicas, dentro e fora do âmbito de segurança pública, para tentar estancar essa ferida que 
segue aberta há tanto tempo. Sem acesso à saúde no seu sentido amplo, à educação, ao emprego e 
à renda, à segurança, à dignidade e à cidadania, torna-se ineficaz o combate à violência. 
Essa série contínua de pesquisa que lançamos anualmente no dia 29 de janeiro – Dia Nacional 
da Visibilidade Trans, desde 2018, é pensada, ainda, como ferramenta de denúncia do Brasil nos 
sistemas internacionais de proteção de direitos humanos, como a Comissão Interamericana de 
Direitos Humanos, a Corte Interamericana de Direitos Humanos, frente às cortes internacionais, 
a Organização dos Estados Americanos (OEA) e a Organização das Nações Unidas (ONU).
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 2020 21
c) metodoloGia
Em 2020, a fim de dinamizar e fortalecer a divulgação dos dados, provocando a discussão 
em âmbito público durantes vários períodos do ano e não apenas quando do lançamento dessa 
pesquisa, incluímos a publicação de boletins bimestrais, que nos ajudaram a monitorar a situação 
da violência e a fazer uma análise sobre a evolução do cenário junto aos impactos da crise sanitária 
provocada pela COVID-19 na população trans. 
A metodologia segue o padrão da ONG Transgender Europe – TGEU. O levantamento é feito 
de forma quantitativa, visto que não existem dados demográficos a respeito da população trans17 
brasileira: a partir de pesquisa dos casos em matérias de jornais e mídias vinculadas na internet, 
de forma manual, individual e diária. Há, ainda, aqueles casos em que nenhuma mídia cobre ou 
publica o assassinato e, por conta disso, contamos como fontes complementares as informações 
que chegam através de instituições LGBTI que publicam informações sobre pessoas assassinadas 
e/ou informações que chegam através da rede de afiliadas da ANTRA e parceiros, além dos mais 
diversos meios e canais de comunicação (e-mail, Facebook, Whatsapp, etc.). 
De posse das informações, elaboramos uma ferramenta no Google Maps, para organizar os 
dados ao longo do ano, criando uma ferramenta interativa sobre a situação da violência e dos 
assassinatos de pessoas trans, que se transforma em nossa base de dados e fonte principal de 
pesquisas posteriores, ficando ainda disponível para consultas e acesso de outras pesquisas/
pesquisadores18. 
17. Pessoas trans é a forma que será usada ao longo desse texto para falar sobre o coletivo das identidades trans que 
serão mencionadas no decorrer do mesmo.
18. Acesso ao Mapa dos Assassinatos: Devido ao mau uso, plágios, não citação da fonte e apropriações indevidas 
de nosso trabalho, o acesso ao Mapa dos Assassinatos é restrito e será disponibilizado às pessoas que solicitarem 
acesso, desde que comprovem, através de um breve resumo o objetivo do seu uso, bem como o meio em que serão 
utilizados/publicados e se comprometendo em garantir que a fonte seja devidamente citada. Para acesso aos mapas 
enviar um e-mail contendo as informações solicitadas, nome e contato para: bruna-marx@hotmail.com – Assunto: 
Acesso ao Mapa/ (incluir ano). As solicitações serão avaliadas e respondidas sobre o acesso de acordo com critérios 
próprios da autora do Mapa.
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 202022
Figura: Mapa dos Assassinatos de pessoas trans brasileiraem 2020
Autora: BENEVIDES, Bruna, 2021.
Os dados não seguem um padrão e há muitos casos em que não existe respeito à identidade 
de gênero ou mesmo ao nome social das vítimas quando da veiculação dos casos na mídia. Isso 
faz aumentar ainda mais a dificuldade na busca desses dados, além de invisibilizar a motivação 
do caso e aumentar a subnotificação. São comuns casos em que diversos canais vêm reportando 
assassinatos de travestis como se fossem ‘’homens vestidos de mulher’’ ou, ainda, ‘’homossexual 
assassinado com roupas femininas’’. O mesmo ocorre no caso de homens trans, quando são 
identificados como sendo ‘’lésbicas’’ pelos jornais e meios de comunicação. Estimamos que 95% 
dos casos nos quais a notícia diz se tratar de ‘’homem vestido de mulher é encontrado morto’’ 
se refiram, na verdade, ao assassinato de uma travesti ou mulher transexual que é noticiado de 
forma transfóbica.
Não contamos com nenhum apoio para realizar este levantamento, no ambiente virtual ou 
mesmo in loco, em todo o Brasil, em cada município, estado, delegacia, hospital, IML, etc., a fim 
de realizar um cruzamento de dados mais efetivo. Isso significa que não contamos com recursos 
(financeiros ou materiais) destinados a este fim, o que dificulta o devido acesso às informações, 
que, muitas vezes, são negadas, sigilosas ou inexistentes. Assim, fazemos um trabalho de pesquisa 
e averiguação até a publicação da notícia no Mapa dos assassinatos19, que se torna nossa base de 
dados ao término de cada ano.
19. Mapa dos assassinatos de pessoas trans brasileiras. Disponível em: https://antrabrasil.org/mapadosassassinatos/
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 202024
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Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 202026
a subnotiFicação 
CISTEMÁTICA20 do 
assassinato de travestis e 
demais Pessoas trans
2
20É sempre muito controverso quando tentamos discutir sobre dados de violência contra 
pessoas LGBTI+ no país - especialmente em se tratando de uma população que enfrenta diversas 
formas de violência direta e indireta, institucionais e estruturais, muitas vezes naturalizadas e que 
seguem enraizadas em nossa cultura. É uma violência específica, visto que sua motivação parte 
de uma ideia equivocada a respeito da forma com que pessoas LGBTI+ são vistas na sociedade. 
Acreditamos que a criminalização da LGBTIfobia deveria potencializar o enfrentamento 
da omissão dos estados para podermos ter um levantamento de dados. Porém, isso acontece, 
fato que, mais uma vez, reforça que os estados não estão interessados em enfrentar o problema 
da LGBTIfobia, seja ela institucional ou não. Não querer levantar esses dados é uma face da 
LGBTIfobia institucional e, ao mesmo tempo, demonstra um descaso frente à violência contra a 
população LGBT+, manifestado pela dificuldade no reconhecimento dessa violência específica.
 Há de ser mencionado que faltam dados estatísticos governamentais sobre a violência 
sofrida pela população LGBTI+, em especial sobre a população trans, tendo em vista que, sem o 
devido acolhimento, essa população não efetiva a denúncia formal. Quando o faz, a vítima não tem 
o atendimento adequado. Nos casos em que não se retificaram seus assentamentos registrais, 
é qualificada como consta no documento civil, muitas vezes divergente de sua identidade de 
gênero, o que gera ainda mais subnotificação. 
20. Durante a produção desse texto foram utilizadas diversas formas de neologismos a fim de marcar o sufixo “cis” 
como algo proveniente das pessoas cis ou da cisgeneridade.
Parte i – assassinatos 
contra a PoPulação 
trans no brasil
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 2020 27
Nos casos de assassinatos, esses dados se perdem nos registros de ocorrência. Da mesma 
forma, nos lados de IML, ignora-se a identidade de gênero da pessoa. Com isso, torna-se evidente 
que são os estados, as polícias e órgãos de segurança os responsáveis pela falta de dados e 
manutenção da subnotificação dos dados de assassinatos de pessoas trans no Brasil. 
É essencial, para mudar este quadro, a atuação em diversas frentes de modo coordenado: 
contabilizar populações LGBTQI+, conhecer suas disposições territoriais, focar campanhas e 
políticas de prevenção a partir de suas territorialidades e incrementar tanto a capacidade quanto 
a qualidade de atendimento às vítimas em todas as delegacias, dada a escassez de delegacias 
especializadas. Trata-se, portanto, da necessidade de um esforço transversal e coordenado, 
para que tenhamos uma segurança pública para a qual LGBTQI+ existam e importem, tendo seu 
direito à segurança pública garantido. (Dennis Pacheco, pesquisador do FBSP21)
Em 2020, pela primeira vez desde que passou a ser publicado, o Anuário Brasileiro de 
Segurança Pública trouxe dados sobre violência contra a população LGBTI+. Logo no início, 
consta uma informação que chama a atenção: 15 estados e o DF não têm qualquer informação 
sobre violências motivadas por orientação sexual ou identidade de gênero. Os demais trazem 
informações dos Sistema de Informações de agravo de Notificação (SINAN), que traz dados sobre 
atendimentos de ocorrências no sistema público de saúde, e do Disque 100 – que enfrenta um 
apagão de dados desde 2016.
Apenas onze estados disponibilizaram dados de violência contra pessoas LGBTs no Brasil 
para que o Fórum Brasileiro de Segurança Pública pudesse elaborar o  14º Anuário Brasileiro 
de Segurança Pública 2020, lançado nesta segunda-feira (19/10): Amapá, Bahia, Espírito Santo, 
Goiás, Mato Grosso, Paraíba, Pernambuco, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. E 
nenhum deles traz dados sobre assassinatos. (Caê Vasconcelos para a ponte Jornalismo 22). 
Dennis Pacheco, pesquisador do FBSP, destaca que, “de modo análogo ao que ocorre com 
dados de racismo e injúria racial, dados relativos à violência contra a população LGBTQI+ possuem 
um imenso déficit de captação e publicização por parte do setor de Segurança Pública. Dados 
do Atlas da Violência 2019 e 2020 demonstram que há baixa produção de dados referentes a 
este segmento a partir do setor da Saúde, que ainda assim, tem maior desempenho, produzindo 
21. Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Disponível em: https://forumseguranca.org.br/wp-content/
uploads/2020/10/anuario-14-2020-v1-interativo.pdf - acessado em 04/01/2020.
22. 15 Estados e o DF se recusam a contabilizar a violência contra LGBTI. Disponível em: https://ponte.org/15-
estados-e-distrito-federal-se-recusam-a-contabilizar-violencia-contra-lgbts/ - acessado em 04/01/2021.
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 202028
dados de qualidade muito superior aos que nos foram entregues pelas Secretarias de 
Segurança Pública”23. 
Em fevereiro de 2017 a travesti Dandara Ketlyn foi assassinadaà luz do dia mediante 
pauladas, espancamento e tiros em Fortaleza/CE. Ela foi brutalmente torturada enquanto seus 
algozes a ofendiam pelo seu gênero e demonstravam ódio pela sua existência. O crime foi gravado 
e amplamente divulgado nas redes sociais gerando muita revolta. O Ceará foi o estado que mais 
matou travestis e transexuais do Brasil no mesmo ano (único estado que aparece nas listas de 
dados absolutos e em dados proporcionais da ANTRA). No mesmo ano em que matou Dandara, 
matou Herika e tantas outras travestis e transexuais de formas brutais e abomináveis. 
Porém, para a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) do Ceará e nos 
procedimentos formalizados nos inquéritos policiais da Capital e Região Metropolitana daquele 
ano, não houve a identificação de nenhum crime ligado à LGBTIfobia24. Desde 2017, o Ceará 
consta como um dos cinco estados com mais casos de assassinatos de pessoas trans no país. 
A sociedade civil consegue mensurar de alguma maneira. Como que a Antra, que é uma 
organização pequena da sociedade civil, que não dá para comparar com um aparelho burocrático 
imenso do Estado, consegue fazer essa mensuração e o Estado na pasta de segurança pública 
não consegue? (Dennis Pacheco, pesquisador do FBSP)
Existe, ainda, um histórico de violações por parte de agentes e trabalhadores da segurança 
pública, seja no atendimento ou abordagem desta população, seja no não reconhecimento das 
diversas formas de violência que enfrenta. Essa situação torna difícil denunciar atos e mecanismos 
simbólicos de discriminação, violência psicológica e mesmo violências físicas, visto que essas 
denúncias são constantemente enquadradas sem levar em conta o qualificador da LGBTIfobia, 
gerando subnotificação ou ausência de dados. Muitas vezes, isso se deve ao despreparo do 
atendente para o atendimento da população trans, ou pelo preconceito institucional ao se 
deparar com uma vítima LGBTI+. 
Assim, é preciso garantir o devido atendimento em todas as delegacias por meio de formações 
periódicas, para garantir a criação e o cumprimento de um protocolo de atendimento às pessoas 
trans25: regras corretas de abordagem e revista, além da garantia do emprego, respeito e uso 
23. Ver item 21.
24. SSPDS conclui que não houve nenhuma morte por homofobia em Fortaleza. Disponível em: https://www.opovo.
com.br/jornal/reportagem/2018/11/sspds-conclui-que-nao-houve-nenhuma-morte-por-homofobia-em-fortaleza.
html - acessado em 04/01/2021.
25. Cartilha de atendimento e abordagem da população LGBTI+ por agentes de segurança. Disponível em: chrome-
extension://oemmndcbldboiebfnladdacbdfmadadm/https://5c81e371-9081-4c12-b89e-9214c6e5fea7.filesusr.
com/ugd/6f0a82_b321bd963e75463fbfbcdba52353120b.pdf - acessado em 04/01/2021.
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 2020 29
correto do nome social e da identidade de gênero das pessoas trans em todos os momentos em 
que seja necessário qualificar as partes e nos boletins de ocorrência. 
Esse é um dos principais motivos para a realização de levantamentos feitos pelas instituições 
da sociedade civil, notadamente como a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), 
responsável pelo Dossiê da Violência e do assassinato contra pessoas Trans Brasileiras26. É possível 
ver muitos casos de notório conhecimento público, mas que não constam nos levantamentos 
governamentais. Com isso, reafirma-se a posição do Brasil como o país que mais mata travestis e 
transexuais do mundo. 
Os informes pretendem, ainda, garantir que as informações que vêm sendo construídas 
sejam atualizadas e utilizadas para serem pensadas formas de erradicar a transfobia, a 
travestifobia, a violência de gênero e outras violências diretas e indiretas contra a população 
trans, assim como expor a omissão do Estado em tomar ações capazes de enfrentar essa situação. 
O Estado, aliás, vem ignorando as pesquisas e denúncias feitas pelas instituições que lutam pelos 
direitos humanos e da população LGBTI+. Além disso, pretende-se incentivar a discussão sobre 
a urgência e necessidade de uma correta e sistemática aplicação dos efeitos da criminalização da 
LGBTIfobia27 para o enfrentamento da impunidade e a geração de dados, assim como pensarmos 
em políticas públicas. 
É importante frisar que tanto a subnotificação – e a dificuldade de acesso a dados pela 
lei de acesso à informação – quanto a falta de dados a partir de agências reguladoras estatais 
e outros órgãos governamentais são preocupantes, uma vez que, ao se abster de mapear ou 
informar sobre o transfeminicídio, o Estado se exime da responsabilidade de pautar políticas de 
segurança para esta população. Não acessar informações dos movimentos sociais a fim de gerar 
tais dados, tampouco se preocupar em levantá-los, é a maior demonstração de descaso com a 
nossa população, especialmente quando diversos órgãos abrem mão de incluir pessoas trans em 
seus levantamentos, como o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), onde 
não constam informações sobre identidade de gênero dos atendimentos, ou mesmo no Dossiê 
Mulher e nos relatórios do Disque 100 - exemplos de publicações que lançam dados anualmente, 
sem se preocupar com um recorte que inclua e visibilize a violência contra a nossa população, 
apesar dos dados constantemente denunciados pelas organizações. 
E as perguntas que ficam para reflexão são: a quem interessa a omissão desses números? 
A quais interesses atende a deslegitimação dos dados produzidos pela sociedade civil? Por 
26. Dossiê da Violência e do assassinato contra pessoas Trans Brasileiras. Disponível em: https://antrabrasil.org/
assassinatos/ - acessado em 04/01/2021.
27. O que fazer em casos de LGBTIfobia a partir da Decisão do STF que reconheceu a violência contra a população 
LGBTI como racismo. Disponível em: chrome-extension://oemmndcbldboiebfnladdacbdfmadadm/https://
antrabrasil.files.wordpress.com/2020/03/cartilha-lgbtifobia.pdf - acessado em 04/01/2021.
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 202030
que as instituições da sociedade civil, mesmo de forma precária e sem apoio, conseguem 
mapear e alcançar números tão bem estruturados, que aparecem como inexistentes na esfera 
governamental? Quais caminhos podemos pavimentar junto às instituições não-governamentais 
para a construção destes dados?
Para pensarmos em possíveis respostas, convido todas as pessoas, leitores e suas redes, a 
acessarem nosso trabalho e entender um pouco melhor sobre a sistematização desses dados e a 
sua importância para o enfrentamento da subnotificação e da violência LGBTIfóbica.
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 2020 31
Dandara teve seu nome atribuído à rua no Bairro Bom Jardim, em Fortaleza/Ceará, 
provavelmente a primeira rua do país a ter o nome de uma travesti. A ideia de nomear a rua, 
no trecho onde ela foi agredida e violentada até a morte, é um protesto contra a intolerância 
transfóbica. O bairro que a viu crescer também foi o bairro que a matou. É um alerta e lembrete 
para que não esqueçamos da brutalidade com que a sociedade e as instituições brasileiras 
vitimam pessoas trans diariamente. Mais que comemorar, sigamos alertas! (BENEVIDES, Bruna. 
2020 para a ANTRA)
O trabalho que temos feito a partir da construção e publicação dos dados produzidos por 
este dossiê nos permite uma análise aprofundada dos casos que fortalecem uma estratégia 
de denúncia qualificada e maior disseminação das informações, ao mesmo passo em que vem 
sendo reconhecido como fonte principal deste tipo de informação, pela ausência de dados 
governamentais. Com isso, há uma maior veiculação dos dados na mídia e são feitas diversas 
ações de advocacy a partir do nosso trabalho, entre outras ações, como audiências públicas, 
debates e pesquisas acadêmicas. 
No ano de 2020, tivemos pelo menos175 assassinatos de pessoas trans, sendo todas 
travestis e mulheres transexuais. Não foram encontradas informações de assassinatos de homens 
trans ou pessoas transmasculinas em nossas pesquisas esse ano. Reafirma-se a perspectiva de 
gênero como um fator determinante para essas mortes.
assassinatos 
20203
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 202032
Gráfico: Dados dos Assassinatos de pessoas trans no Brasil entre 2008 e 202028
200
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 Média
58
68
99 100
123
108
134
118
144
179
163
124
175
122,5
Autora: BENEVIDES, Bruna, 2021.
É importante ressaltar que a média dos anos considerados nesta pesquisa (2008 a 2020) 
é de 122,5 assassinatos/ano. Observando o ano de 2020, vemos que ele está 43,5% acima da 
média de assassinatos em números absolutos. O ano de 2020 revelou aumento de 201% em 
relação a 2008, o ano que apresentou o número mais baixo de casos relatados, saindo de 58 
assassinatos em 2008 para 175 em 2020. Mesmo durante a pandemia, os casos tiveram aumento 
significativo de acordo com o publicado nos boletins bimestrais ao longo de 2020.
Os meses com o maior número de assassinatos foram: janeiro, fevereiro, maio, junho, agosto 
e dezembro, tendo número superiores à média em 2020, que foi de 14,5 assassinatos/mês. 
Gráfico: Assassinatos 2020 – Mês a Mês
DEZ
2019
JAN
2020
FEV
2020
MAR
2020
ABR
2020
MAI
2020
JUN
2020
JUL
2020
AGO
2020
SET
2020
OUT
2020
NOV
2020
DEZ
2020
25
20
15
10
5
0
11
18
22
13 13
16
18
14
18
8
9
11
15
Autora: BENEVIDES, Bruna, 2021.
28. Dados entre 2008 e 2016 foram publicados pelo Grupo Gay da Bahia (GGB).
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 2020 33
Observamos logo no início do ano que, no primeiro bimestre de 2020 (jan/fev) registramos 
40 casos de assassinatos. No segundo bimestre (mar/abr), enquanto o Brasil enfrentava o início 
da pandemia do coronavírus, o número de casos para o ano apresentou um aumento de 40 para 
66 registros. Seguindo a mesma tendência de aumento, o terceiro bimestre (mai/jun) foi de 66 
para 100 casos. No quarto bimestre (jul/ago), chegamos a 132 assassinatos. No quinto, (set/
out), saímos 132 para 149 assassinatos. Por fim, no último bimestre, fomos de 149 para 175 
assassinatos29.
Note-se que, a partir de agosto, já havíamos superado o número de assassinatos em 
2020 inteiro.
Gráfico: Assassinatos 2020 - Progressão Bimestral
200
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
JAN/FEV MAR/ABR MAI/JUN JUL/AGO SET/OUT NOV/DEZ
40
66
100
132
149
175
Autora: BENEVIDES, Bruna, 2021.
Para analisar a situação dos assassinatos contra pessoas trans, é importante observar que, 
em 2020, o Brasil segue na liderança do ranking mundial de assassinatos de pessoas trans no 
mundo, posição que ocupa desde 2008, conforme dados internacionais da ONG Transgender 
Europe (TGEU), constantes neste dossiê30. Sugerimos, ainda, a leitura das pesquisas anteriores, 
assim como todos os boletins publicados ao longo de 2020.
29. Durante todo o ano, os dados seguem sendo atualizados. Com isso, durante a análise de tais dados, podemos 
incluir ou descartar fontes encontradas no processo de pesquisa. Assim, é possível que se apresente alguma variação 
em relação aos boletins parciais e o dossiê que publica em definitivo esses dados. Em 2020, foram encontrados 184 
registros, tendo sido descartados nove deles e considerados 175 assassinatos nesta pesquisa.
30. Em 2020 o Brasil segue líder no assassinato de pessoas trans. Disponível em: https://revistahibrida. 
com.br/2020/11/17/em-2020-brasil-continua-lider-mundial-em-assassinatos-de-pessoas-trans/ - acessado 
em 21/12/2020.
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 202034
3.1. assassinatos Por estado
Em números absolutos, São Paulo foi o estado que mais matou a população trans em 2020, 
com 29 assassinatos, contando com aumento de 38% dos casos em relação a 2019 – segundo 
aumento consecutivo, já que, em 2019, houve aumento de 50% em relação a 2018; seguido do 
Ceará; com 22 casos, que aumentou em 100% o número de assassinatos em relação a 2019; Bahia, 
com 19 e aumento de 137,5% em relação a 2019; Minas Gerais, que saiu de cinco casos para 17; 
e o Rio de Janeiro se manteve na 5ª posição, indo de sete casos para em 2020 – aumento de 43%; 
Alagoas, com Progressão Bimestral oito assassinatos; Pernambuco e Rio Grande do Norte com 
e RN com sete casos cada; Paraíba, Paraná e Rio Grande do Sul com cinco; Goiás, Mato Grosso, 
Pará e Santa Catarina com quatro; Amazonas, Espírito Santo, Maranhão e Rondônia, com três; 
Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Piauí e Sergipe, com 2 casos cada; e Acre, Roraima e Tocantins 
com um assassinato cada. Não foram encontrados casos reportados na mídia no Amapá.
São Paulo, Ceará, Bahia e Rio de Janeiro aparecem entre os cinco primeiros estados com 
mais assassinatos de pessoas trans desde 2017. Durante o ano de 2020, o Ceará chamou a 
atenção das mídias pelos recorrentes casos entre julho e agosto, somando nove assassinatos 
somente nesses dois meses.
Tabela: Ranking por estado
Ranking Estado 2020 Estado 2019 Estado 2018 Estado 2017
1º SP 29 SP 21 RJ 16 MG 20
2º CE 22 CE 11 BA 15 BA 17
3º BA 19 BA 8 SP 14 CE 16
4º MG 17 PE 8 CE 13 SP 16
5º RJ 10 RJ 7 PA 10 RJ 14
6º AL 8 PR 7 MG 9 PE 13
7º PE 7 RS 7 MT 8 PB 10
8º RN 7 GO 6 PR 8 PR 9
9º PB 5 AM 5 RS 8 AL 7
10º PR 5 MA 5 PE 7 ES 7
11º RS 5 MG 5 AM 6 PA 7
12º GO 4 MT 5 ES 6 MT 6
13º MT 4 PB 5 GO 6 AM 5
14º PA 4 ES 4 RN 6 GO 5
15º SC 4 PA 4 PB 5 RO 5
(continua)
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 2020 35
Ranking Estado 2020 Estado 2019 Estado 2018 Estado 2017
16º AM 3 RN 4 SE 5 SC 5
17º ES 3 AL 2 SC 4 TO 3
18º MA 3 RO 2 AL 3 DF 2
19º RO 3 TO 2 MA 3 MA 2
20º DF 2 MS 1 DF 2 MS 2
21º MS 2 PI 1 MS 2 SE 2
22º PI 2 RR 1 PI 2 AC 1
23º SE 2 SE 1 RO 1 AP 1
24º AC 1 AC 0 RR 1 PI 1
25º RR 1 AP 0 TO 1 RN 1
26º TO 1 SC 0 AC 0 RR 1
27º AP 0 DF 0 AP 0 RS 1
Autora: BENEVIDES, Bruna, 2021.
Entre 2017 e 2020, tivemos 641 assassinatos de pessoas trans no Brasil. No ranking por 
estado, levando em consideração dados absolutos, São Paulo, com 80 casos, aparece em 1º. Em 
2º, o Ceará com 62 casos; a Bahia em 3º com 59 assassinatos; Minas Gerias com 51 em 4º; o Rio 
de Janeiro, com 47, está na 5ª posição; Pernambuco em 6º, com 35 casos, Paraná com 29; Pará e 
Paraíba em 8º, com 25 assassinatos cada. Mato Grosso, em 9º, com 23 e, em 10º, estão Goiás e Rio 
Grande do Sul, com 21 assassinatos.
Tabela: Ranking dos estados que mais assassinaram pessoas trans (2017-2020)
80
62
59
51
47
35
29
25 23 21
SP CE BA MG RJ PE PR PA - PB MT GO - RS
Número total de Assassinatos entre 2017 e 2020
Autora: BENEVIDES, Bruna, 2021
(continuação)
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 202036
3.2. assassinatos Por reGião
A maior concentração dos assassinatos em 2020 foi vista na Região Nordeste, que apresentou 
aumento de 6% com 75 assassinatos (43% dos casos). Em seguida, vemos a Região Sudeste, que 
aumentou 4%, com 59 (34%) casos; a Região Sul com 14 (8%) assassinatos; o Norte, com 13 (7%) 
casos; e Centro-Oeste, com 12 (7%) assassinatos. Em 2020, o Nordeste e Sudeste seguiram 
aumentando, como havia ocorrido em 2019. Desde 2017, ano que iniciamos essa pesquisa, 
o Nordeste segue como a região que mais assassina pessoas trans do país.
Gráfico: Assassinatos por região em porcentagem (%)
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
NORTE NORDESTE
11 12 11
7
CENTRO-OESTE SUL SUDESTE
2017 2018 2019 2020
39
36 37
43
8
11 10
7
11 12 11
8
32
28
30
34
Autora: BENEVIDES, Bruna, 2021
Atenção: Tivemos, ainda, 2 travestis/mulheres transexuais brasileiras assassinadas fora 
do país em2020, lembrando-nos que a morte nos acompanha onde quer que estejamos.
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 2020 37
3.3 PerFil das vÍtimas
Ao longo dos últimos quatro anos em que essa pesquisa passou a ser realizada, identificamos 
um ciclo de exclusões/violências que têm sido identificadas como as principais responsáveis pelo 
processo de precarização e vulnerabilização das pessoas trans. Esse ciclo leva as pessoas trans à 
marginalização e, consequentemente, à morte, seja por falta de acesso a direitos fundamentais, 
sociais e políticos, ou, ainda, pela omissão do Estado em garantir o bem-estar social dessa 
população. 
Figura: Ciclo das exclusões/violências Transfóbicas
Familiar
Social
Laboral
Institucional
Política
Escolar
MORTE
Autora: BENEVIDES, Bruna, 2021.
Pessoas trans têm enfrentado níveis assustadores de rejeição familiar, geralmente, desde a 
mais tenra idade. Essa rejeição pode ter um impacto devastador sobre os indivíduos e isolá-los 
dos espaços sociais essenciais ao seu bem-estar, além de provocar um aumento das dificuldades 
de acesso e continuidade na formação escolar. Por consequência, pela falta de suporte, de apoio, 
a qualificação profissional se torna inviável, impondo-lhes uma interrupção do processo de 
acesso à cidadania e causando impactos em sua saúde mental, além de alto níveis de isolamento 
e suicídio, como veremos mais adiante.
Em contraste com esse cenário, o acolhimento familiar se torna um fator de proteção para 
jovens trans e pode contribuir para reduzir a baixa escolaridade e a exclusão escolar, as taxas de 
depressão, ansiedade, uso abusivo de substâncias tóxicas, tentativas de suicídio e outros agravos 
que a exclusão gera. Devemos tomar medidas para garantir que as pessoas trans de todas as 
idades sejam acolhidas por suas famílias e estejam seguras em suas próprias casas. 
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 202038
Quando os membros da família rejeitam, negam ou cortam laços com pessoas trans, isso pode 
ter um efeito devastador em seu bem-estar e auto-estima. Também pode impactar a estabilidade 
educacional, econômica, patrimonial e habitacional. Muitas pessoas trans continuam a enfrentar 
rejeição familiar e isolamento, incluindo sendo expulsas de suas casas ou sendo fisicamente 
feridas por membros da família. Há, ainda, casos nos quais os membros da família enlutados 
negarão ou apagarão as identidades das vítimas de violência após suas mortes. 
Para muitos pais, ter uma pessoa trans dentro de casa pode ser a primeira pessoa transgênera 
que eles conhecerão. Infelizmente, o medo do desconhecido e do estigma anti-trans causado por 
elementos como narrativas violentas como a falaciosa “ideologia de gênero”, o ódio religioso que 
trabalha pela manutenção do binarismo de gênero e o cissexismo, a implementação de políticas 
institucionais anti-trans. Esse cenário leva muitos a inicialmente rejeitarem ou negarem o 
reconhecimento de seus filhos e filhas, pelo que são. 
Estimamos que cerca de 75% da população não conhece, teve contato ou se relaciona 
socialmente ou em seu cotidiano com uma pessoa trans. Isso diz muito sobre os mitos e tabus 
que são colocados contra nós, mas, principalmente sobre a transfobia ser tão aceita na sociedade. 
O Brasil gosta da violência e da morte. O país naturalizou um processo de marginalização e 
precarização para a aniquilação das pessoas trans. 
a) idade
Com 13 anos, ela foi espancada até a morte. A lagartinha 
que queria ser borboleta. Menine que era menina, o rosa do 
azul. Ela tinha sonhos. Tímida, era a felicidade em vida. 
Sonhava em ser livre e famosa. E por querer ser livre levou 
pauladas, chutes e pontapés. Sexualizaram sua existência 
e vandalizaram sua alma. Teve seu corpo deixado em um 
terreno baldio, com o mesmo ódio e crueldade que levou a 
Dandara e outras. A polícia? Como sempre, descartou ser 
um crime de ódio. O suspeito? Preso, 17 anos, assassino 
confesso. Narrou o gozo mortal à polícia de forma fria e 
em riqueza de detalhes.
Mais uma vítima da patrulha fundamentalista de (cis)
gênero, do lobby anti-trans, contra a existência e proteção 
das crianças e adolescentes trans. Nem tinha uma identidade 
ainda. Seu corpo trazia as marcas da cisgeneridade 
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 2020 39
compulsória pela falta de acesso a cuidados. 
OH Ceará! Porque você a matou? Mais uma criança 
assassinada. Exposta a esse mundo maldito, ainda nos 
primeiros dias de 2021. Violada em sua infância, sem 
proteção. Não teve comoção nacional. Amanhã ninguém mais 
lembra.
E de repente tudo acabou. Porque o ódio passado de 
geração para geração, fruto da ideologia cisgênera, não 
suporta a liberdade. Antes mesmo d’ela fazer 14 cortou 
suas asas, matou seus sonhos e enterrou sua identidade. 
Quem protege as crianças LGBTI? 
Quem será a próxima? 
Bruna Benevides
(Criança Trans de 13 anos assassinada no Ceará no dia 
03/01/2021)
. . .
A violência chama a atenção em todos os níveis de idade, mas as maiores chances de uma 
pessoa trans ser assassinada estão na faixa entre 15 e 29 anos. 15 anos foi a idade com que a 
mais jovem adolescente trans foi assassinada em 2020, exatamente como aconteceu em 2018. 
Dos 175 assassinatos esse ano, 8 vítimas tinham entre 15 e 18 anos. O assassinato precoce é o 
início da tentativa de destruição cistemática de uma população. É a consolidação de um projeto 
transfeminicida em pleno funcionamento no país – e no mundo.
O Mapa dos Assassinatos 2020 aponta que, dentre os 109 casos em que foi possível 
identificar a idade das vítimas, 61 (56%) vítimas tinham entre 15 e 29 anos; e 31 (28,4%) era 
a idade aquelas entre 30 e 39 anos; oito (7,3%) entre 40 e 49 anos; e 9 (8,3%) entre 50 e 59 
anos. Não foram encontrados casos de pessoas trans assassinadas em 2020 com mais de 60 anos. 
A idade média das vítimas foi de 29,5 anos. A morte prematura de jovens (15 a 29 anos) por 
homicídio é um fenômeno que tem crescido no Brasil desde a década de 1980, de acordo com o 
Atlas da Violência 2020.
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 202040
Gráfico: Perfil das vítimas por idade
2017
2018
2019
2020
80
70
60
50
40
30
20
10
0
56%
15 a 29
59,2%
60,5%
67,9%
28,4%
30 a 39
22,4%
29,1%
23%
73%
40 a 49
13,2%
10,5%
7,3%
8,3%
50 a 59
3,9%
0
1,8%
0
60 a 69
1,3%
0
0
Autora: BENEVIDES, Bruna, 2021.
A vítima mais jovem noticiada em 2017 tinha 16 anos. Em 2018, 17 anos; 2019 e 2020 a 
idade a vítima mais nova era 15 anos. A transfobia no Brasil é marcada com muitos casos/ano. É 
assustador pensar que jovens e crianças trans estão sendo assassinadas cada vez mais cedo. 
Gráfico: Idade das vítimas mais jovens entre 2017 e 2020
2017 2018 2019 2020
17,5
17
16,5
16
15,5
15
14,5
14
16
17
15 15
Autora: BENEVIDES, Bruna, 2021.
A morte de uma adolescente trans de apenas 15 anos ratifica o fato de que a juventude trans, 
que enfrenta o ciclo de exclusão constante nessa pesquisa, está diretamente exposta à violência 
que enfrenta no dia a dia. Isso é resultado do discurso anti-trans, que tem se tornado cada vez 
mais comum e aceito na sociedade. 
Dossiê dos ASSASSINATOS e da violência contra TRAVESTIS e TRANSEXUAIS brasileiras em 2020 41
Quando discutimos a necessidade de incluir o debate de gênero nas escolas, há uma intenção 
bem diferente daquela que é atribuída no discurso em torno do pânico moral gerado pela 
falaciosa “ideologia de gênero” – de que pessoas LGBTI, em especial as trans, representam o mal 
e querem transformar pessoas cis-hetero em trans e/ou gays/lésbicas (sic). É preciso pontuar que 
a “ideologia de gênero" é uma ferramenta de ódio, de cunho religioso cristão, que admite postura 
em forma de política institucional utilizada pelos seus fomentadores a fim de interferir no Estado

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