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MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA OCB Prof. Dr.Odney Carlos Brondino 1Provérbio chinês: “Escuto e Esqueço, Vejo e Lembro, Faço e Aprendo.” OCB FERROS FUNDIDOS INTRODUÇÃO �O processo de fundição é utilizado pelo homem há mais de 6.000 anos, iniciando-se com metais de baixo ponto de fusão (Cobre, Bronze) e posteriormente com o ferro. �No Brasil, a produção em quantidade de ferro gusa deu-se na segunda guerra mundial (1938-1945), quando foi criada a Companhia Siderúrgica Nacional – CSN, com 2 �A FUNDIÇÃO se destaca dos outros processos de fabricação por ser um dos mais versáteis e baixo custo, principalmente quando se considera peças de formatos complexos e de grandes volumes. o primeiro ALTO-FORNO, como incentivo norte-americano. Hoje conta com grande parque industrial que busca constante desenvolvimento frente à concorrência internacional. OCB FERROS FUNDIDOS FERROS FUNDIDOS: Quando comparado ao aço, possuem menor temperatura deFERROS FUNDIDOS: Quando comparado ao aço, possuem menor temperatura de fusão e melhor fundibilidade. �Este processo de fabricação permite reduções de custos significativos, quando comparado a obtenção de uma peça complexa através da usinagem de um bloco maciço, o que os torna um material bastante interessante do ponto de vista da fabricação, e baixo custo. 3 OCB FERROS FUNDIDOS EXEMPLO DE PEÇAS COMPLEXAS 4 OCB FERROS FUNDIDOS FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO DOS MATERIAIS METÁLICOS 5 OCB FERROS FUNDIDOS 6 OCB FERROS FUNDIDOS �DEFINIÇÃO: É o termo genérico utilizado para as ligas Ferro-Carbono nas quais o %C excede o seu limite de solubilidade na Austenita na temperatura do eutéctico. 7 OCB FERROS FUNDIDOS Classificação FOFO\%wt %C %Si %Mn %S %P Cinzento 2,5-4,0 1,0-3,5 0,25-1,0 0,02-0,25 0,05-1,0 Limites de Composição Química de ferros fundidos (FOFOS) comerciais não ligados 8 Branco 1,8-3,6 0,5-1,9 0,25-0,80 0,06-0,20 0,06-0,18 Maleável 2,0-2,6 1,1-1,6 0,20-1,0 <0,18 <0,18 Nodular (Dúctil) 3,0-4,0 1,8-3,0 0,10-1,0 0,02 máx. 0,10 máx. OCB FERROS FUNDIDOS �O gráfico ao lado ilustra a relação típica existente entre os teores de Carbono e Silício nas famílias de ferros fundidos. 9 CLASSIFICAÇÃO �Os ferros fundidos apresentam uma extensa gama de resistências mecânicas e de durezas, e na maioria dos casos são de fácil usinagem. �Através da adição de elementos de liga é possível obter-se excelente resistência ao desgaste, à abrasão e á corrosão, porém em geral a resistência ao impacto e a FERROS FUNDIDOS CLASSIFICAÇÃO desgaste, à abrasão e á corrosão, porém em geral a resistência ao impacto e a ductilidade são relativamente baixas, limitando sua utilização em algumas aplicações. �De acordo com a composição química e com a distribuição de carbono na sua microestrutura, os ferros fundidos podem ser classificados em quatro grandes categorias, conforme dito anteriormente: Cinzento, Branco, Maleável e Nodular (dúctil), 10 OCB FERROS FUNDIDOS �De forma similar aos aços, ferros fundidos podem ser hipoeutéticos, eutéticos ou hipereutéticos, com o valor eutético definido pelo ponto de equilíbrio entre a austenita e a cementita (aprox 4,3%, linha D-5 no diagrama). �Quando o ferro fundido eutético é 11 solidificado, logo abaixo do ponto D, há formação de uma estrutura com fundo de cementita e glóbulos de austenita, denominada LEDEBURITA. D OCB FERROS FUNDIDOS �Continuando o resfriamento, abaixo de 727°C não poderá mais existir a austenita e, portanto, a LEDEBURITA será composta de glóbulos de PERLITA sobre fundo de CEMENTITA (Fe3C). �Um ferro fundido hipoeutético (1-2) deve apresentar áreas de PERLITA, LEDEBURITA e CEMENTITA secudária. 12 CEMENTITA secudária. �Um ferro fundido hipereutético (3-4) apresenta cristais de CEMENTITA primária em forma de agulhas sobre fundo de LEDEBURITA. D 5 4 3 2 1 INFLUÊNCIA DE ELEMENTOS DE LIGA �Alguns elementos de liga, tais como o Si, Ni, Cu, favorecem a formação de estrutura grafítica (estável), sendo destes o Silício o mais importante, pois aumenta a velocidade de decomposição da cementita. �Elementos como H, B, N, S, Cr, Mo, Mn mesmo em pequenas quantidades favorecem FERROS FUNDIDOS �Elementos como H, B, N, S, Cr, Mo, Mn mesmo em pequenas quantidades favorecem a obtenção de carbonetos, resultando numa estrutura metaestável típica dos ferros fundidos brancos. �O Silício influencia nas propriedades mecânicas do ferro fundido dúctil à temperatura ambiente através da formação de solução sólida e endurecimento da matriz ferrítica. 13 OCB FERROS FUNDIDOS INFLUÊNCIA DE ELEMENTOS DE LIGA (cont.) 14 OCB FERROS FUNDIDOS INFLUÊNCIA DE ELEMENTOS DE LIGA (cont.) �O enxofre quando combinado com o ferro formando o FeS tende a ser muito prejudicial devido ao seu baixo pontos de fusão. �Seu efeito pode ser controlado através da adição de Mn, que favorecerá a formação do MnS, muito estável e com elevado ponto de fusão. 15 do MnS, muito estável e com elevado ponto de fusão. �O Cromo é forte estabilizador de carboneto; proporcionalmente em peso, o Cr favorece a obtenção de um ferro fundido branco com o mesmo poder que o silício favorece a de um cinzento. �Altos teores de Si combinados com o Mo tendem a elevar significativamente os limites de resistência dos ferros fundidos nodulares e cinzentos, bem como melhorar seu comportamento à fluência. OCB FERROS FUNDIDOS INFLUÊNCIA DE ELEMENTOS DE LIGA (cont.) 16 FERROS FUNDIDOS INFLUÊNCIA DE ELEMENTOS DE LIGA (cont.) 17 �No Ferro Fundido Branco todo carbono presente está na forma de cementita ou outros carbonetos metálicos, de tal modo que sua estrutura pode ser interpretada como metaestável no sistema ferro-cementita. �Os ferros fundidos brancos contém grandes quantidades de carboneto de ferro numa FERROS FUNDIDOS FERRO FUNDIDO BRANCO matriz perlítica conforme será mostrado na próxima figura. �Para tal faz-se necessário que o teor de carbono e silício seja relativamente baixo (2,5-3,0%C e 0,5-1,5%Si), bem como os demais elementos grafitizantes, e que a velocidade de solidificação seja elevada. �Estes materiais ao fraturarem apresentam uma superfície branca, de aspecto cristalino ou brilhante. 18 FERROS FUNDIDOS �A grande quantidade de carbonetos de ferro na estrutura é responsável pela boa resistência ao desgaste, definindo desta forma as principais aplicações deste material. FERRO FUNDIDO BRANCO Na figura acima o constituinte branco é o carboneto de ferro e as áreas cinzentas a perlita.19 FERROS FUNDIDOS FERRO FUNDIDO CINZENTO �O ferro fundido cinzento forma-se quando o teor de carbono da liga excede a quantidade que se dissolve na austenita, precipitando sob a forma de lamelas de grafita. �Ao fraturar, a superfície apresenta um aspecto cinzento devido a grafita exposta. �O ferro fundido cinzento associa importantes propriedades mecânicas, tais como: bons níveis de dureza com conseqüente elevada resistência ao desgaste, boa usinabilidade, excelente capacidade de amortecimento de vibrações e condutividade térmica. 20 FERROS FUNDIDOS FERRO FUNDIDO CINZENTO �O silício atua como elemento estabilizador da grafita, por esta razão é adicionado em teores elevados. �A velocidade de solidificação também constitui-se um fator importante na determinação da quantidade de grafita formada. Velocidade baixas e moderadas favorecem a formação de grafita. �Entretanto, velocidades baixas originam uma matriz ferrítica, enquanto velocidades moderadas favorecem a obtenção de uma matriz perlítica. 21 OCB FERROS FUNDIDOS EFEITO DA VELOCIDADE DE RESFRIAMENTO 22 OCB FERROS FUNDIDOS EFEITO DA VELOCIDADE DE RESFRIAMENTO 23 FERROS FUNDIDOS �Na figura abaixo observam-se veios ou lamelas de grafita numa matriz com pequena porção de ferrita e predominância de perlita. 24 �Os ferros fundidos maleáveis são obtidos a partir do ferro fundido branco, quando submetidos a um tratamento térmico de grafitização (aprox. 940ºC), quando os carbonetos de ferro transformam-seem grafita (nódulos de carbono revenido). �O modo de resfriamento após o tempo de encharque para grafitização é que FERRO FUNDIDO MALEÁVEL FERROS FUNDIDOS determinará a matriz da microestrutura formada por nódulos de carbono revenido, como segue: �Ferro Fundido Maleável Ferrítico: resfriamento rápido até 740ºC a 760ºC, seguido de resfriamento lento. �Ferro Maleável Perlítico: resfriamento lento até 870ºC seguido de resfriamento ao ar 25 FERROS FUNDIDOS FERRO FUNDIDO MALEÁVEL �Ferro Fundido Maleável Martensítico Revenido: resfriamento em forno até a temperatura de tempera de 845 a 870ºC, mantendo-se 15 a 30 minutos para homogenização, resfriando-se em seguida em banho de óleo agitado para obtenção de �Os ferros fundidos maleáveis por serem resultantes de um processo de tratamento térmico, em geral apresentam boas propriedades mecânicas, tais como usinabilidade, tenacidade e resistência a corrosão. uma matriz martensítica. 26 FERROS FUNDIDOS �Na figura abaixo observamos nódulos de grafita (carbono revenido) numa matriz ferrítica. Neste caso ocorreu completa grafitização. FERRO FUNDIDO MALEÁVEL 27 �Os ferros fundidos Nodulares, também chamados de ferros fundidos com grafita esferoidal, concilia as vantagens de processamento dos ferros fundidos cinzentos com as propriedades de engenharia dos aços, apresentando: 1) boa fluidez, 2) excelente usinabilidade, FERROS FUNDIDOS FERRO FUNDIDO NODULAR 2) excelente usinabilidade, 3) boa resistência ao desgaste, 4) além de elevada resistência mecânica, 5) tenacidade, 6) ductilidade, 7) deformabilidade a quente e 8) temperabilidade. 28 Branco (perlita e ledeburita) Cinzento (veios grafita e perlita) FERROS FUNDIDOS FERRO FUNDIDO NODULAR (Cont.) �As boas propriedades dos ferros fundidos Nodulares devem-se à presença de nódulos esféricos de grafita na sua microestrutura, no caso dos ferros não ligados, são compostas da seguinte forma: “nódulos esféricos de grafita rodeados por ferrita numa matriz de perlita, conforme mostram as figuras abaixo. (perlita e ledeburita) (veios grafita e perlita) Nodular (ferrita e nódulos grafita) Nodular (perlita e nódulos grafita) 29 FERROS FUNDIDOS �Impurezas, tais como o “P” e o “S”, dentre outras, devem ser mantidas em níveis muito baixos, uma vez que interferem com a formação dos nódulos de grafite nos ferros fundidos Nodulares, os quais formam-se durante a solidificação. FERRO FUNDIDO NODULAR (Cont.) fundidos Nodulares, os quais formam-se durante a solidificação. �Em geral utitliza-se o “Mg” como desoxidante e dessulfurizante afim de assegurar a perfeita formação dos nódulos de grafite (reação fortemente exotérmica na panela de reação). 30 FERROS FUNDIDOS TRATAMENTOS TÉRMICOS �O Tratamento Térmico mais utilizado é o de alívio de tensões, aplicado em peças fundidas as quais, durante o resfriamento desde a solidificação no interior dos moldes até a temperatura ambiente, estão sujeitas a constantes mudanças de volume (ver gráfico abaixo), a forma geométrica e volumes destas peças é uma das principais causas das tensões residuais internas,. 31 FERROS FUNDIDOS TRATAMENTOS TÉRMICOS 32 �O “alívio de tensões” das peças de ferro fundido foi durante muito tempo, executado de forma natural, deixando-se as peças fundidas ao relento durante meses, para posterior usinagem e/ou colocação em serviço. Todavia, estudos comprovaram que por meio desta técnica apenas 10% das tensões residuais eram eliminadas. FERROS FUNDIDOS TRATAMENTOS TÉRMICOS meio desta técnica apenas 10% das tensões residuais eram eliminadas. �O alívio de tensões “induzido” consiste basicamente no aquecimento das peças preferencialmente em forno numa temperatura entre 550º e 650ºC durante um período de tempo que poderá variar entre 1,0 e 48,0 horas a depender do objetivo e aplicação da peça, seguido de resfriamento lento normalmente dentro do próprio forno. 33 FERROS FUNDIDOS �Na próxima figura iremos observar que basta-se manter as peças durante 1,0h para que cerca de 80% das tensões residuais sejam aliviadas sem que ocorra qualquer transformação estrutural. TRATAMENTOS TÉRMICOS 34 FERROS FUNDIDOS �Aplicando-se entre 10 e 48hs praticamente 100% das tensões são aliviadas. �Obs.: Ferros fundidos ligados, com baixo teor em ligas (Cr, Mo, Ni e V) exigem temperaturas mais altas devido a tendência destes elementos aumentarem a resistência à fluência. TRATAMENTOS TÉRMICOS 35 �O Recozimento objetiva melhorar ainda mais a usinabilidade dos ferros fundidos, e muitas vezes faz-se necessário para eliminar ou amolecer zonas coquilhadas que podem ter surgido durante a solidificação, especialmente em seções mais finas. Isto muitas vezes implica na queda das suas propriedades relacionadas com a resistência mecânica. FERROS FUNDIDOS TRATAMENTOS TÉRMICOS mecânica. �Diferentes técnicas de recozimento podem ser adotadas, em função do material e da sua aplicação, conforme descrito abaixo e ilustrado na figura a seguir. 36 �O recozimento completo ou pleno ocorre numa faixa de temperatura entre 780ºC a 900ºC e é recomendado quando o ferro fundido apresenta os elementos de liga em teores mais elevados, objetivando-se a eliminação de pequenas quantidades de carbonetos dispersos. FERROS FUNDIDOS TRATAMENTOS TÉRMICOS �O recozimento a baixas temperaturas, entre 700ºC e 760ºC, chamado de recozimento de ferritização, objetiva a transformação dos carbonetos perlíticos em ferrita e grafita, de modo a melhorar a usinabilidade. �Normalmente destinado a ferros fundidos não ligados ou com baixos teores de liga. O 37 tempo de encharque depende da quantidade de grafitização desejada. � O recozimento grafitizante, destinam-se a ferros fundidos que apresentam carbonetos maciços (em geral brancos ou mesclados), requerendo temperaturas entre 900ºC a 950ºC. �Obs.: Cuidado especial deve ser tomado quanto ao percentual de fósforo na liga, pois o eutético de fósforo pode fundir nestas temperaturas. �A Normalização dos ferros fundidos visa obter uma matriz homogênea, com eliminação dos carbonetos maciços, totalmente perlítica, de granulação fina e propriedades correspondentes a uma maior resistência mecânica, aliada a boa tenacidade. FERROS FUNDIDOS TRATAMENTOS TÉRMICOS 38 �(Normalização) A etapa de aquecimento é idêntica ao recozimento, seguido de resfriamento ao ar, numa velocidade tal que evite o início da ferritilização em torno dos veios de grafita, mas não deve ser tão rápida que possibilite a formação de bainita ou mertensita. �A figura abaixo ilustra os ciclos de alívio de tensões, dos diversos tipos de recozimento e normalização aplicáveis em ferros fundidos. FERROS FUNDIDOS TRATAMENTOS TÉRMICOS 39 FERROS FUNDIDOS TRATAMENTOS TÉRMICOS �O ferro fundido, em especial o cinzento, apresenta uma estrutura muito semelhante aos aços, a exceção do carbono livre na forma de veios alongados, que quebra a continuidade da matriz e confere ao material fragilidade e propriedades mecânicas geralmente inferiores a dos aços. 40 �Tal semelhança na matriz estrutural confere aos ferros fundidos a possibilidade de endurecimento por têmpera. �Face aos elevados teores de carbono e silício, as temperaturas de austenitização são mais elevadas e os tempos de permanência nestas temperaturas mais longos, para que haja completa dissolução na austenita. FERROS FUNDIDOS TRATAMENTOS TÉRMICOS �Ferros fundidos de estrutura inteiramente perlítica reagem melhor a têmpera do que os de estrutura ferrítica, requerendo menores tempos para obtenção de uma estrutura 41 austenítica capaz de após o resfriamento resultar numa estrutura final de maior dureza. �Os ferros fundidos de matriz ferrítica exigem tempos muito longos à temperatura de encharque para permitir a dissolução do carbono livre na austenita. FERROS FUNDIDOS �O ciclo térmico para execução de têmpera basicamente é o seguinte: �Aquecimento gradual (aprox. 100ºC/h) para minimizar tensões térmicas e/ou fissurações; �Manutençãona temperatura de encharque (em torno de 25ºC a 65ºC acima da TRATAMENTOS TÉRMICOS 42 temperatura de transformação) durante 8 a 24 minutos por centímetro de espessura da seção da peça; �Resfriamento em banho de óleo agitado até aproximadamente 150ºC quando se deve iniciar o ciclo de revenido, conforme ilustra figura a seguir. �O processo de têmpera resulta numa elevação da dureza superfícial do ferro fundido, porém com prejuízo da resistência à tração e ao choque. FERROS FUNDIDOS TRATAMENTOS TÉRMICOS �O ciclo de revenido subsequente à tempera irá melhorar o comportamento do material com significativo acréscimo da resistência a tração e da tenacidade, requerendo entretanto atenção em relação a temperatura de aquecimento, visto que níveis mais elevados promovem uma ação nociva a estas propriedades, conforme ilustram gráficos abaixo. 43 abaixo. FERROS FUNDIDOS TRATAMENTOS TÉRMICOS �A velocidade de resfriamento necessária para assegurar a obtenção da microestrutura e propriedades finais desejadas num tratamento térmico de têmpera e revenido dependerá da posição da curva TTT de cada material, a qual sofre influência direta dos 44 elementos de liga presentes na composição química do material. �As figuras a seguir ilustram um diagrama típico de um ferro fundido cinzento com baixo teor de silício e a influência do molibidênio na posição da curva TTT de um ferro fundido dúctil. FERROS FUNDIDOS TRATAMENTOS TÉRMICOS 45 FERROS FUNDIDOS TRATAMENTOS TÉRMICOS �As técnicas de Austêmpera e Martêmpera são idênticas as empregadas nos aços. A figura abaixo ilustra o ciclo de resfriamento para execução de cada um destes tratamentos num ferro fundido cinzento de baixo silício. •Curva superior corresponde a um 46 recozimento isotérmico resultando em perlita com 202HB. •Curvas intermediárias correspondem a austêmpera resultando em perlita fina com 285HB e bainita com 401HB respectivamente. •A curva inferior produz a martêmpera resultando em martensita com 555HB. FERROS FUNDIDOSFERROS FUNDIDOS TRATAMENTOS TÉRMICOS Bibliografias: �Tratamentos Térmicos das Ligas Metálicas – Vicente Chiaverini (edição 2003) �Princípio de Ciência e Engenharia dos Materias – William F. Smith (3ª edição) �Estrutura das Ligas de Ferro 47 �Ductile Iron Data for Design Engineers (Published by Rio Tinto Iron & Titanium Inc. – Canada) �Apostilas professor Soufen – 2007. OCB ALUMÍNIO E SUAS LIGAS �A obtenção do alumínio a partir da bauxita efetua-se em três etapas: Mineração, Refinaria e Redução. �A bauxita é extraída, lavada e secada antes de ser enviada à Refinaria onde se produz o alumínio. OBTENÇÃO DO ALUMÍNIO 48 �O processo químico denominado Bayer é o mais utilizado na indústria do alumínio. Neste processo, a alumina é dissolvida em soda cáustica e, posteriormente, filtrada para separar todo o material sólido, concentrando-se o filtrado para a cristalização da alumina. �Os cristais são secados e calcinados para eliminar a água, sendo o pó branco de alumina pura enviado à Redução para obtenção de alumínio, através de eletrólise, processo conhecido como Hall-Héroult,. Fundamentos e Aplicações do Alumínio – Associação Brasileira do Alumínio - ABALMaio/2007 OCB ALUMÍNIO E SUAS LIGAS �As principais fases da produção de alumina, desde a entrada do minério até a saída do produto, são: �moagem, �digestão, OBTENÇÃO DO ALUMÍNIO (Cont.) 49 �digestão, �filtração/evaporação, �precipitação e �calcinação. �As operações de alumina têm um fluxograma de certa complexidade, que pode ser resumido em um circuito básico simples (Figura 1). OCB ALUMÍNIO E SUAS LIGAS Figura 1 50 OCB ALUMÍNIO E SUAS LIGAS �No processo de eletrólise, para obtenção do alumínio, a alumina é carregada de forma controlada, em um eletrólito fundido, formado por sais de criolita e fluoreto de alumínio. �A passagem de corrente elétrica na célula eletrolítica promove a redução da alumina, decantando o alumínio metálico no fundo da célula e o oxigênio liberado reage com o OBTENÇÃO DO ALUMÍNIO (Cont.) 51 decantando o alumínio metálico no fundo da célula e o oxigênio liberado reage com o ânodo de carbono, formando dióxido de carbono. �A Figura 2 mostra o diagrama de uma célula de redução da alumina e a �Figura 3, uma instalação típica de sala de cubas de redução. Em números redondos, são necessários 5 kg de bauxita para produzir 2 kg de alumina e 1 kg de alumínio primário.. OCB ALUMÍNIO E SUAS LIGAS OBTENÇÃO DO ALUMÍNIO (Cont.) FIGURA 2 52 OCB ALUMÍNIO E SUAS LIGAS CÉLULA ELETROLÍTICA �As células eletrolíticas medem cerca de 3 metros de largura por 10 metros de comprimento. OBTENÇÃO DO ALUMÍNIO (Cont.) 53 �Em uma indústria de fabricação de alumínio há centenas dessas células eletrolíticas, cada uma recebendo ao redor de 1 Megawatt ou mais de energia na forma de corrente contínua. �A reação química do interior da célula eletrolítica quebra o óxido de alumínio, liberando o alumínio metálico puro, num processo que ocorre a cerca de 960°C. OCB ALUMÍNIO E SUAS LIGAS OBTENÇÃO DO ALUMÍNIO (Cont.) FIGURA 3 54 OCB ALUMÍNIO E SUAS LIGAS OBTENÇÃO DO ALUMÍNIO (Cont.) �Os principais insumos para a produção de alumínio primário durante o processo de Redução são indicados na tabela abaixo: 55 OCB ALUMÍNIO E SUAS LIGAS �Uma excepcional combinação de propriedades faz do alumínio um dos mais versáteis materiais utilizados na engenharia, arquitetura e indústria em geral. 56 OCB ALUMÍNIO E SUAS LIGAS PONTO DE FUSÃO �O alumínio possui ponto de fusão de 660ºC (quando na pureza de 99,80%), o que é relativamente baixo comparado ao do aço, que é da ordem de 1570°C. �Ligas de alumínio, devido à presença de outros metais, possuem, em geral, um ponto de fusão mais baixo que o alumínio puro. �Por exemplo, a liga 6060 (com ±2% de elementos de liga) funde-se entre 600ºC e 57 650ºC, enquanto a liga 7075 (com ±10% de elementos de liga) funde-se entre 475ºC e 640ºC. PESO ESPECÍFICO �A leveza é uma das principais características do alumínio. �Seu peso específico é de cerca de 2,70 g/cm³, aproximadamente 35% do peso do aço e 30% do peso do cobre. Essa característica, aliada ao aumento da resistência mecânica por adição de elementos de liga/tratamentos térmicos, torna o alumínio o metal de escolha para a indústria aeronáutica e de transportes. OCB ALUMÍNIO E SUAS LIGAS CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS �O alumínio comercialmente puro tem uma resistência à tração de aproximadamente 90 MPa. Sua utilização como material estrutural nesta condição é um tanto limitada, � mas através do trabalho a frio, sua resistência mecânica pode ser praticamente dobrada. �Aumentos maiores na sua resistência podem ser obtidos com pequenas adições de 58 �Aumentos maiores na sua resistência podem ser obtidos com pequenas adições de outros metais como elementos de liga, tais como: Si, Cu, Mn, Mg, Cr, Zn, Fe etc. �Como o alumínio puro, as “ligas não tratáveis” podem também ter sua resistência aumentada pelo trabalho a frio. �E as “ligas tratáveis” podem ainda apresentar aumento de resistência através de tratamento térmico, tanto que hoje algumas ligas podem ter resistência à tração de aproximadamente 700 Mpa (Aços comuns não ligados ~380MPa) OCB ALUMÍNIO E SUAS LIGAS �É possível obter-se uma grande variedade de características mecânicas ou têmperas em ligas de alumínio, através das várias combinações de trabalho a frio e de tratamento térmico (discutidos anteriormente). �O alumínio e suas ligas perdem parte de sua resistência a elevadas temperaturas, CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS (Cont.) 59 �O alumínio e suas ligas perdem parte de sua resistência a elevadas temperaturas, embora algumas ligas conservem boa resistência em temperaturas entre 200ºC e 260ºC. �Em temperaturas abaixo de zero, entretanto, sua resistência aumenta sem perder a ductilidade e a tenacidade, tanto que o alumínio é um metal particularmente utilizado em aplicações a baixas temperaturas. OCB ALUMÍNIO E SUASLIGAS RESISTÊNCIA À CORROSÃO �Quando o alumínio líquido é exposto à atmosfera, forma-se imediatamente uma fina e invisível camada de óxido, a qual protege o metal de oxidações posteriores. �Essa característica de autoproteção dá ao alumínio uma elevada resistência à corrosão. A menos que seja exposto a uma determinada substância ou condição 60 agressiva que destrua essa película de óxido de proteção, o metal fica totalmente protegido contra a corrosão. �O alumínio é altamente resistente ao tempo, mesmo em atmosferas industriais, que freqüentemente corroem outros metais. É também resistente a vários ácidos. �Os álcalis estão entre as poucas substâncias que atacam a camada de óxido e, conseqüentemente, podem corroer o alumínio. OCB ALUMÍNIO E SUAS LIGAS �Embora o metal possa seguramente ser usado na presença de certos álcalis moderados com a ajuda de inibidores, em geral o contato direto com substância alcalina deve ser evitado. RESISTÊNCIA À CORROSÃO (Cont.) �Algumas ligas são menos resistentes à corrosão do que outras, particularmente certas 61 ligas de elevada resistência mecânica. A pintura da superfície seria a alternativa mais simples. PRINCIPAIS LIGAS DE ALUMÍNIO � a) Ligas tratáveis térmica ou mecanicamente: ligas tratáveis termicamente: Al-Cu; Al-Zn-Mg; Al-Si-Mg; ligas endurecidas por trabalho a frio (encruáveis): Al-Mg; Al-Si � b) Ligas para fundição: Al-Cu; Al-Si; Al-Si-Cu/Mg; Al-Mg; Al-Zn
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