Buscar

curso-156106-aula-07-grifado-cb61

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 237 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 237 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 237 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Sumário 
Considerações Iniciais ...................................................................................................................... 7 
Licitações ......................................................................................................................................... 7 
1 – Introdução .............................................................................................................................. 7 
1.1 – Conceito ............................................................................................................................................. 8 
1.2 – Finalidade ........................................................................................................................................... 9 
1.3 – Objeto ................................................................................................................................................ 9 
1.4 – Competência legislativa e fontes normativas .................................................................................... 10 
1.5 – Pessoas obrigadas a licitar ................................................................................................................ 11 
1.6 – Função regulatória da licitação ......................................................................................................... 12 
2 – Princípios Orientadores da Licitação Pública ....................................................................... 12 
2.1 – Igualdade entre licitantes ................................................................................................................. 13 
2.1.1 – Critérios de desempate ................................................................................................................. 16 
2.1.2 – Margem de preferência ............................................................................................................ 18 
2.1.3 – Restrição da concorrência na licitação ........................................................................................... 20 
2.1.4 – Critérios de preferência fundamentados em práticas de sustentabilidade .................................... 20 
2.1.5 – Tratamento diferenciado .......................................................................................................... 21 
2.1.6 – Conclusão ................................................................................................................................. 21 
2.2 – Publicidade ....................................................................................................................................... 22 
2.3 – Probidade e moralidade ................................................................................................................... 22 
2.4 – Formalismo ....................................................................................................................................... 22 
2.5 – Sigilo da apresentação das propostas .............................................................................................. 23 
2.6 – Vinculação ao instrumento convocatório .......................................................................................... 23 
2.7 – Julgamento objetivo ......................................................................................................................... 23 
 
 
 
 
 2 
2.8 – Adjudicação obrigatória ao vencedor ............................................................................................... 24 
2.9 – Competitividade ............................................................................................................................... 24 
3 – Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP) na Licitação .............................. 25 
3.1 – Critério de desempate ...................................................................................................................... 25 
3.2 – Empate ficto ou presumido .............................................................................................................. 25 
3.3 – Procedimento de favorecimento à ME ou EPP ................................................................................. 25 
3.4 – Outras vantagens.............................................................................................................................. 26 
4 – Objetos da Licitação ............................................................................................................. 27 
4.1 – Obras e serviços de engenharia ........................................................................................................ 27 
4.1.1 – Projeto básico e projeto executivo ................................................................................................ 27 
4.1.2 – Vedações ....................................................................................................................................... 30 
4.1.3 – Formas de execução ...................................................................................................................... 31 
4.2 – Serviços ............................................................................................................................................ 31 
4.2.1 – Serviços técnicos profissionais especializados:............................................................................... 31 
4.2.1 – Terceirização de serviços ............................................................................................................... 32 
4.3 – Compras ........................................................................................................................................... 33 
4.3.1 – Exigência de padronização x indicação de marcas ........................................................................ 33 
4.3.2 – Subdivisão das compras ................................................................................................................ 34 
4.4 – Alienações ........................................................................................................................................ 35 
5 – Fases do Procedimento Licitatório ....................................................................................... 35 
5.1 – Audiência pública ............................................................................................................................. 37 
5.2 – Instrumento convocatório ................................................................................................................. 38 
5.2.1 – Fixação de preço mínimo............................................................................................................... 38 
5.2.2 – Antecedência mínima do edital ..................................................................................................... 38 
 
 
 
 
 3 
5.2.3 – Impugnação do edital .................................................................................................................... 39 
5.3 – Comissão de licitação ....................................................................................................................... 40 
5.4 – Habilitação........................................................................................................................................ 40 
5.4.1 – Habilitação jurídica (art. 28) ........................................................................................................... 42 
5.4.2 – Qualificação técnica ....................................................................................................................... 42 
5.4.3 – Qualificação econômico-financeira ........................................................................................... 42 
5.4.4 – Regularidade fiscal e trabalhista .................................................................................................... 43 
5.4.5 – Cumprimentodo disposto no inciso XXXIII do art. 7o da Constituição Federal ............................. 44 
5.4.6 – Pré-qualificação técnica ................................................................................................................. 44 
5.4.7 – Registros cadastrais ....................................................................................................................... 44 
5.5 – Julgamento das propostas ............................................................................................................... 45 
5.5.1 – Desclassificação das propostas (1ª subfase) ................................................................................... 45 
5.5.2 – Julgamento das propostas (2ª subfase) .......................................................................................... 47 
5.6 – Homologação e adjudicação do objeto ............................................................................................ 47 
6 – Modalidades de Licitação ..................................................................................................... 48 
6.1 – Concorrência .................................................................................................................................... 49 
6.2 – Tomada de preços ............................................................................................................................ 50 
6.3 – Convite ............................................................................................................................................. 50 
6.4 – Leilão ................................................................................................................................................ 51 
6.5 – Concurso .......................................................................................................................................... 51 
6.6 – Pregão (lei 10.520/2002) ................................................................................................................... 52 
6.6.1 – Fases do pregão ............................................................................................................................ 53 
6.6.2 – Impedimento de licitar e contratar (art. 7º) .................................................................................... 56 
6.7 – Consulta ........................................................................................................................................... 56 
 
 
 
 
 4 
6.8 – Esquematização ................................................................................................................................ 57 
7 – Tipos de Licitação ................................................................................................................. 57 
8 – Sistema de Registro de Preços ............................................................................................. 59 
8.1 – Normas gerais (Lei 8.666/93) ............................................................................................................ 60 
8.2 – Regulamentação federal (Decreto nº 7.892/2013) ............................................................................ 60 
9 – Regras para a Alienação de Bens da Administração Pública ............................................... 63 
10 – Contratação Direta (Dispensa e Inexigibilidade de Licitação) ............................................ 64 
10.1 – Licitação dispensada (art. 17) .......................................................................................................... 66 
10.2 – Licitação dispensável (art. 24) ......................................................................................................... 67 
10.3 – Inexigibilidade de licitação (art. 25) ................................................................................................ 73 
10.3.1 – Credenciamento .......................................................................................................................... 75 
11 – Anulação e Revogação da Licitação ................................................................................... 77 
11.1 – Anulação ......................................................................................................................................... 78 
11.2 – Revogação ...................................................................................................................................... 78 
12 – Regime Diferenciado de Contratação (RDC – Lei 12.462/2011) ........................................ 78 
12.1 – Licitações no RDC ........................................................................................................................... 81 
12.2 – Procedimento auxiliares da licitação (arts. 29 a 33) ......................................................................... 84 
12.3 – Regras específicas aplicáveis aos contratos .................................................................................... 85 
13 – Licitações das Empresas Estatais (Lei 13.303/2016) ........................................................... 86 
13.1 – Regras gerais .................................................................................................................................. 86 
13.2 – Disposições específicas para obras e serviços de engenharia ......................................................... 89 
13.3 – Disposições específicas para aquisição de bens ............................................................................. 90 
13.4 – Contratação direta .......................................................................................................................... 90 
 
 
 
 
 5 
13.5 – Procedimento da licitação .............................................................................................................. 94 
14 – Disposições acerca da licitação aplicáveis em tempos de calamidade pública decorrente 
da COVID-19 .............................................................................................................................. 95 
Resumo .......................................................................................................................................... 97 
 Introdução ............................................................................................................................................ 97 
 Princípios orientadores da licitação ....................................................................................................... 98 
 Objetos da licitação ............................................................................................................................ 100 
 Fases da licitação ................................................................................................................................ 103 
 Modalidades de licitação .................................................................................................................... 105 
 Escolha da Modalidade ....................................................................................................................... 107 
 Tipos de licitação ................................................................................................................................ 108 
 Sistema de registro de preços ............................................................................................................ 108 
 Regras para alienação os bens da administração pública .................................................................... 109 
 Contratação direta (dispensa e inexigibilidade): ................................................................................. 109 
 Licitação dispensável ........................................................................................................................... 110 
 Anulação e revogação ........................................................................................................................111 
 Regime diferenciado de contratação (RDC – Lei 12.462/2011) ........................................................... 112 
 Licitações das empresas estatais (lei 13.303/2016) ............................................................................. 113 
Jurisprudência Citada .................................................................................................................. 116 
Legislação Pertinente ................................................................................................................... 119 
Constituição Federal ............................................................................................................................... 119 
Lei 8.666/93 ............................................................................................................................................ 120 
Lei 10.520/2002 ...................................................................................................................................... 136 
LC 123/2006 ............................................................................................................................................ 139 
 
 
 
 
 6 
Lei 12.462/2011 ...................................................................................................................................... 141 
Lei 13.303/2016 ...................................................................................................................................... 146 
Considerações Finais ................................................................................................................... 156 
Questões Comentadas ................................................................................................................ 156 
Lista de Questões ........................................................................................................................ 219 
Gabarito ....................................................................................................................................... 236 
 
 
 
 
 
 7 
LICITAÇÃO PÚBLICA (LEI Nº 8.666/1993). 
PREGÃO (LEI Nº 10.520/2002). SISTEMA DE 
REGISTRO DE PREÇOS. REGIME 
DIFERENCIADO DE CONTRATAÇÕES PÚBLICAS 
(LEI 12.462/2011) 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Prezado aluno, na aula de hoje estudaremos o assunto licitação. Veremos todo o procedimento e 
as regras da Lei 8.666/93, bem como estudaremos a modalidade do pregão (Lei 10.520/2002), o 
regime diferenciado de contratações públicas (Lei 12.462/2011), as disposições da Lei 
13.303/2016 sobre licitações das empresas estatais e, por fim, veremos rapidamente os regime de 
contratação de serviços de publicidade e de produtos e sistemas de defesa. 
Trata-se de tema que exige muita leitura da legislação. Por este motivo, vou transcrever, explicar 
e grifar os pontos mais importantes da lei. Por conta da reprodução dos dispositivos legais, o 
material ficará um pouco mais extenso do que o normal, mas não se assustem, a leitura da lei é 
imprescindível e, lendo os dispositivos mais importantes no PDF, será necessário apenas 
complementar a leitura do Vade Mecum naquilo que não foi reproduzido no material. 
Vamos à nossa aula. 
Qualquer dúvida, críticas ou sugestões, podem me contactar nos canais a seguir: 
E-mail: prof.rodolfopenna@gmail.com 
Instagram: https://www.instagram.com/rodolfobpenna 
LICITAÇÕES 
1 – INTRODUÇÃO 
O dever de realizar licitação para a contratação de obras e serviços, compras e alienações decorre 
diretamente da Constituição Federal: 
https://www.instagram.com/rodolfobpenna
 
 
 
 
 8 
Art. 37 (...) 
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e 
alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure 
igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam 
obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da 
lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica 
indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. 
É possível perceber que o dispositivo constitucional autoriza que a legislação estabeleça situações 
excepcionais em que a Administração pode celebrar contratos sem a realização do procedimento 
licitatório, promovendo a denominada “contratação direta”. 
O fundamento desta exigência está nos imperativos da isonomia, impessoalidade, moralidade e 
indisponibilidade do interesse público, que informam a atuação da Administração, obrigando-a a 
realizar um processo público para seleção imparcial da melhor proposta, garantindo iguais 
condições a todos que queiram concorrer para a celebração do contrato. 
O Poder Público não pode escolher livremente um fornecedor, como fazem as empresas privadas. 
1.1 – Conceito 
 
Licitação é o procedimento administrativo, utilizado pela Administração 
Pública e pelas demais pessoas indicadas pela lei, por meio do qual é 
selecionada a proposta mais vantajosa, mediante critérios que garantam a 
isonomia e a competição entre os interessados, para a celebração de um 
contrato ou obtenção do melhor trabalho técnico, artístico ou científico. 
Perceba que a seleção que se faz é da proposta mais vantajosa, e não da proposta de menor 
preço. Isto porque, conforme veremos nesta aula, nem sempre a proposta de menor custo será a 
mais vantajosa. 
 
Nem sempre a proposta de menor custo será a mais vantajosa. A Administração 
Pública poderá utilizar outros critérios, inclusive critérios conjugados, para definir 
qual será a proposta mais vantajosa, diferentes do preço unicamente considerado., 
tais como o desenvolvimento nacional sustentável, promoção da defesa do meio 
ambiente, inclusão de portadores de deficiência e fomento às microempresas e 
empresas de pequeno porte. 
O procedimento administrativo da licitação é obrigatório, ressalvadas as hipóteses de contratação 
direta previstas na lei, ao contrário da celebração do contrato com o licitante vencedor, cuja 
 
 
 
 
 9 
decisão é discricionária da Administração. O vencedor da licitação possui apenas expectativa de 
direito. 
1.2 – Finalidade 
O art. 3º, caput, da Lei 8666/93 estabeleceu os três objetivos/finalidades da licitação: 
a) observância do princípio constitucional da isonomia; 
b) a seleção da proposta mais vantajosa para a administração; e 
c) a promoção do desenvolvimento nacional sustentável. 
 
1.3 – Objeto 
Segundo José dos Santos Carvalho Filho1, a licitação possui dois objetos possíveis – a celebração 
de um contrato ou a obtenção do melhor trabalho técnico, artístico ou científico. 
Identificamos ainda mais um objeto possível na licitação, qual seja, a alienação de bens da 
Administração Pública, embora se possa dizer que esta operação se dá, também, mediante 
contrato. 
Além disso, o contrato a ser celebrado pode dizer respeito a diversos objetos: 
a) contratação de obra pública; 
 
 
1 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 30. Ed. São Paulo: Atlas, 2016. 
p. 246. 
Finalidades da 
Licitação
Isonomia
Proposta mais 
vantajosa
Desenvolvimento 
nacional 
sustentável
 
 
 
 
 10 
b) contratação de serviços em geral; 
c) compras; 
d) alienações; 
e) concessões; 
f) permissões; 
g) locações. 
Vale destacar que este rol é meramente exemplificativo, pois a Administração pode objetivar a 
contratação de diversos objetos, sendo a aplicável, em todo caso, a exigência de licitação salvo 
os casos previstos em lei. 
1.4 – Competência legislativa e fontes normativas 
➢ Competência legislativa 
A União detém a competência privativa para legislar sobre normas gerais de licitações e contratos: 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as 
administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios,obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas 
e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1º, III; 
Desse modo, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios podem legislar sobre normas 
específicas relativamente aos seus procedimentos licitatórios, desde que não contrarie as normas 
gerais editadas pela União. 
Essa disposição constitucional quanto às “normas gerais” levanta acalorada discussão na doutrina, 
que aponta diversos dispositivos da lei 8.666/03 como sendo disposições específicas. Para esses 
doutrinadores, tais normas específicas seriam aplicáveis apenas à União, cabendo aos demais 
entes federados editarem as suas próprias normas desta natureza. 
 
Neste mesmo sentido já decidiu o STF, asseverando que algumas normas da lei 
8.666/93 não são gerais e, desta forma, vinculam apenas a União (ex.: art. 17, I, “b” 
e II, “b”). 
ADI 927 MC, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Tribunal Pleno, julgado em 
03/11/1993, DJ 11-11-1994 PP-30635 EMENT VOL-01766-01 PP-00039 
Ressalte-se ainda que existem outros diplomas legislativos que dispõem sobre normas gerais, tal 
como a lei 10.520/2002, que consagrou a modalidade do pregão. 
 
 
 
 
 11 
➢ Fontes normativas: 
As principais fontes normativas acerca da licitação são: 
a) Lei 8.666/93: normas gerais sobre licitações e contratos; 
b) Lei 10.520:2002: dispõe sobre o pregão; 
c) Lei 12.462/2011: institui o regime diferenciado de contratação; 
d) Lei 13.303/2016: regime jurídico das empresas estatais. 
1.5 – Pessoas obrigadas a licitar 
As pessoas obrigadas a licitar se encontram no art. 37, XXI da CF e no art. 1º da lei 8.666/93. São 
elas: 
a) Entes da Administração direta; 
b) Entidades da Administração indireta; 
c) Demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal 
e Municípios; 
d) Fundos especiais da Administração Pública. 
 
Obrigados 
a licitar
Adm. Direta
Adm. 
Indireta
Fundos 
Especiais da 
Adm.
Entidades 
Controladas
 
 
 
 
 12 
1.6 – Função regulatória da licitação 
A doutrina identifica ainda uma função regulatória da licitação, além da sua função primordial de 
promover a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração Pública. 
Conforme estudamos, a proposta mais vantajosa não se funda apenas em critérios econômicos, 
devendo serem ponderados outros fatores na seleção do contratado, tais como: 
a) o desenvolvimento nacional sustentável (art. 3º, caput e §5º, I); 
b) a promoção da defesa do meio ambiente (dando ensejo às chamadas “licitações verdes”); 
c) a inclusão de portadores de deficiência no mercado de trabalho (art. 3º, §5º, II); 
d) o fomento às microempresas e empresas de pequeno porte (art. 3º, §14 e art. 5º da lei 
8.666/93 e LC 123/2006); e 
 
São critérios extraeconômicos, ou seja, que não objetivam simplesmente a redução 
de custos da Administração, pois buscam o desenvolvimento de outros setores da 
sociedade. 
2 – PRINCÍPIOS ORIENTADORES DA LICITAÇÃO PÚBLICA 
Os princípios especificamente relacionados à licitação podem ser encontrados expressa ou 
implicitamente na lei 8.666/93. A maior parte deles se encontra no art. 3º, caput, desta lei: 
Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da 
isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do 
desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita 
conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da 
moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação 
ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. 
Pode-se resumir os princípios da licitação, implícitos e explícitos, da seguinte forma: 
a) legalidade; 
b) impessoalidade; 
c) moralidade; 
d) igualdade; 
e) publicidade; 
f) probidade; 
g) vinculação ao instrumento convocatório; 
 
 
 
 
 13 
h) julgamento objetivo; 
i) competitividade; 
j) formalidade; 
k) sigilo das propostas; 
l) adjudicação compulsória ao vencedor; 
m) eficiência 
A seguir estudaremos os princípios específicos da licitação que possuem desdobramentos legais 
e grande incidência em provas. 
 
2.1 – Igualdade entre licitantes 
O princípio fundamental da licitação é a igualdade, que garanta oportunidades iguais a todos os 
interessados. A violação da igualdade, prejudicando ou beneficiando determinado licitante, 
acarreta a nulidade do certame. 
Princípios da 
licitação 
Implícitos 
Expressos 
Legalidade 
Formalidade 
Adjudicação compulsória 
Sigilo das propostas 
Competitividade Julgamento objetivo 
Vinculação ao instrumento 
Probidade 
Publicidade 
Igualdade 
Moralidade 
Impessoalidade 
Eficiência 
 
 
 
 
 14 
Por este motivo, o art. 3º, §1º, estabelece vedações quanto ao estabelecimento de normas que 
frustrem o caráter competitivo da licitação: 
Art. 3º (...) § 1º É vedado aos agentes públicos: 
I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições 
que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos 
casos de sociedades cooperativas, e estabeleçam preferências ou distinções em razão 
da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância 
impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato, ressalvado o disposto 
nos §§ 5º a 12 deste artigo e no art. 3o da Lei nº 8.248, de 23 de outubro de 1991; 
II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza comercial, legal, trabalhista, 
previdenciária ou qualquer outra, entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no 
que se refere a moeda, modalidade e local de pagamentos, mesmo quando envolvidos 
financiamentos de agências internacionais, ressalvado o disposto no parágrafo seguinte 
e no art. 3º da Lei nº 8.248, de 23 de outubro de 1991. 
Neste sentido, o STF entendeu inconstitucional norma estadual que estabelecia tratamento 
privilegiado em razão dos valores relativos aos impostos pagos à Fazenda Pública daquele Estado: 
 
1. É inconstitucional o preceito, segundo o qual, na análise de licitações, serão 
considerados, para averiguação da proposta mais vantajosa, entre outros itens os 
valores relativos aos impostos pagos à Fazenda Pública daquele Estado-membro. 
Afronta ao princípio da isonomia, igualdade entre todos quantos pretendam 
acesso às contratações da Administração. 2. A Constituição do Brasil proíbe a 
distinção entre brasileiros. A concessão de vantagem ao licitante que suporta maior 
carga tributária no âmbito estadual é incoerente com o preceito constitucional 
desse inciso III do artigo 19. 
(...) 
4. A lei pode, sem violação do princípio da igualdade, distinguir situações, a fim 
de conferir a uma tratamento diverso do que atribui a outra. Para que possa fazê-
lo, contudo, sem que tal violação se manifeste, é necessário que a discriminação 
guarde compatibilidade com o conteúdo do princípio. 
(ADI 3070, Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 29/11/2007, 
DJe-165 DIVULG 18-12-2007 PUBLIC 19-12-2007 DJ 19-12-2007 PP-00013 EMENT 
VOL-02304-01 PP-00018 RTJ VOL-00204-03 PP-01123) 
 
 
 
 
 15 
Entretanto, a igualdade não é apenas formal, busca-se a igualdade em sentido material. Por este 
motivo a lei estabelece vantagens a determinados grupos que normalmente estão em posição de 
desigualdade, para garantir, de fato, a competitividade na licitação. É o tratamento desigual aos 
desiguais na medida de suas desigualdades. 
Ressalte-se que somente é válido o favorecimento estabelecido pela lei e que não implique em 
discriminações injustificadas entre os concorrentes. 
Nesta linha, o STF possui entendimento consolidado no sentido de que somente pode haver 
relativização da igualdade de condições nas licitações em duas condições, a saber: 
a) Pela lei; 
b) Pela autoridade responsável por meio de elementos de distinçãocircunstanciais, de 
qualificação técnica e econômica, desde que vinculados à garantia de cumprimento de 
obrigações específicas. 
 
A igualdade de condições dos concorrentes em licitações, embora seja enaltecida 
pela Constituição (art. 37, XXI), pode ser relativizada por duas vias: (a) pela lei, 
mediante o estabelecimento de condições de diferenciação exigíveis em abstrato; 
e (b) pela autoridade responsável pela condução do processo licitatório, que 
poderá estabelecer elementos de distinção circunstanciais, de qualificação técnica 
e econômica, sempre vinculados à garantia de cumprimento de obrigações 
específicas. Somente a lei federal poderá, em âmbito geral, estabelecer 
desequiparações entre os concorrentes e assim restringir o direito de participar de 
licitações em condições de igualdade. Ao direito estadual (ou municipal) somente 
será legítimo inovar neste particular se tiver como objetivo estabelecer condições 
específicas, nomeadamente quando relacionadas a uma classe de objetos a serem 
contratados ou a peculiares circunstâncias de interesse local. Ao inserir a Certidão 
de Violação aos Direitos do Consumidor no rol de documentos exigidos para a 
habilitação, o legislador estadual se arvorou na condição de intérprete primeiro do 
direito constitucional de acesso a licitações e criou uma presunção legal, de sentido 
e alcance amplíssimos, segundo a qual a existência de registros desabonadores 
nos cadastros públicos de proteção do consumidor é motivo suficiente para 
justificar o impedimento de contratar com a administração local. Ao dispor nesse 
sentido, a Lei estadual 3.041/2005 se dissociou dos termos gerais do ordenamento 
nacional de licitações e contratos e, com isso, usurpou a competência privativa da 
União de dispor sobre normas gerais na matéria (art. 22, XXVII, da CF/1988).[ADI 
3.735, rel. min. Cármen Lúcia, j. 8-9-2016, P, DJE de 1º-8-2017 
 
 
 
 
 
 16 
Além da igualdade material, é possível verificar que o caput do art. 3º estabelece os princípios do 
desenvolvimento nacional sustentável. Este princípio deve ser promovido na mesma medida em 
que se promove a isonomia, devendo haver a compatibilização entre ambos. Por este motivo, 
foram criadas algumas regras de preferência para garantir o desenvolvimento nacional, sem, 
contudo, se descuidar de aplicar a isonomia. É o que determina a ponderação entre os princípios. 
2.1.1 – Critérios de desempate 
O primeiro critério de favorecimento é o estabelecido para o desempate, quando, ao final do 
julgamento das propostas, verificar que dois ou mais licitantes restaram empatados. Neste caso, 
o empate será solucionado da seguinte forma: 
§ 2º Em igualdade de condições, como critério de desempate, será assegurada 
preferência, sucessivamente, aos bens e serviços: 
II - produzidos no País; 
III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras. 
IV - produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no 
desenvolvimento de tecnologia no País. 
V - produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento de reserva de 
cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência 
Social e que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação. 
Veja que o objetivo é, principalmente, aquele previsto no caput do art. 3º: desenvolvimento 
nacional. Apenas no último caso é que o objetivo é fomentar a contratação de pessoa com 
deficiência ou reabilitado da Previdência social. 
 
 
 
 
 17 
 
Outra regra de preferência é a do art. 3º da lei 8.248/91, hipótese expressamente prevista no art. 
3º, §1º, II da lei 8.666/93 como exceção à vedação a favorecimentos: 
Art. 3º Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal, direta ou indireta, as 
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público e as demais organizações sob o 
controle direto ou indireto da União darão preferência, nas aquisições de bens e 
serviços de informática e automação, observada a seguinte ordem, a: 
I - bens e serviços com tecnologia desenvolvida no País; 
II - bens e serviços produzidos de acordo com processo produtivo básico, na forma a 
ser definida pelo Poder Executivo. 
§ 2º Para o exercício desta preferência, levar-se-ão em conta condições equivalentes de 
prazo de entrega, suporte de serviços, qualidade, padronização, compatibilidade e 
especificação de desempenho e preço. 
§ 3º A aquisição de bens e serviços de informática e automação, considerados como 
bens e serviços comuns nos termos do parágrafo único do art. 1o da Lei no 10.520, de 
17 de julho de 2002, poderá ser realizada na modalidade pregão, restrita às empresas 
que cumpram o Processo Produtivo Básico nos termos desta Lei e da Lei no 8.387, de 
30 de dezembro de 1991. 
Trata-se de preferência estabelecida para aquisição de bens e serviços de informática e 
automação. Destaque-se que, neste caso, o §3º do art. 3º da lei 8.248/91 autoriza a utilização da 
modalidade pregão. 
Critérios de 
desempate
1) produzidos no País
2) Empresas Brasileiras
3) Invistam em pesquisa e desenvolvimento tecnológico no País
4) Reserva de vagas p/ pessoa c/ deficiência ou reabilitado da previdência 
social + acessibilidade
5) Sorteio (art. 45, §2º)
 
 
 
 
 18 
2.1.2 – Margem de preferência 
Na margem de preferência, a Administração Pública estabelece um percentual de favorecimento 
para determinado produto ou serviço em que, ainda que a proposta seja inferior, se a diferença 
para a melhor proposta estiver dentro da margem de preferência, o produto ou serviço favorecido 
será selecionado para celebração do contrato. 
Exemplificando, suponha que em uma licitação do tipo menor preço seja estabelecida margem de 
10% para o produto manufaturado nacional. A melhor proposta apresentou um produto 
estrangeiro no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Já a segunda melhor proposta apresentou 
um produto manufaturado nacional no valor de R$ 11.500,00 (onze mil e quinhentos reais). No 
caso, a proposta vencedora será do produto nacional, ainda que o preço seja superior, tendo em 
vista a margem de preferência estabelecida. 
§ 5º Nos processos de licitação, poderá ser estabelecida margem de preferência para: 
I - produtos manufaturados e para serviços nacionais que atendam a normas técnicas 
brasileiras; e 
II - bens e serviços produzidos ou prestados por empresas que comprovem 
cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para 
reabilitado da Previdência Social e que atendam às regras de acessibilidade previstas 
na legislação. 
§ 7º Para os produtos manufaturados e serviços nacionais resultantes de 
desenvolvimento e inovação tecnológica realizados no País, poderá ser estabelecido 
margem de preferência adicional àquela prevista no § 5º. 
§ 8º As margens de preferência por produto, serviço, grupo de produtos ou grupo de 
serviços, a que se referem os §§ 5º e 7º, serão definidas pelo Poder Executivo federal, 
não podendo a soma delas ultrapassar o montante de 25% (vinte e cinco por cento) 
sobre o preço dos produtos manufaturados e serviços estrangeiros 
Veja que existem duas espécies de margem de preferência: 
a) Margem de preferência normal (§5º); 
b) Margem de preferência adicional (§7º). 
De acordo com o §8º, as margens de preferência serão estabelecidas pelo Poder Executivo 
Federal e a soma das duas não pode ultrapassar o montante de 25% sobre o produto 
manufaturado ou serviço estrangeiro. Isso quer dizer que o Poder Executivo pode estabelecer, 
por exemplo, margem de preferência normal de 15% e uma margem de preferência adicional de 
 
 
 
 
 19 
mais 10% para produtos manufaturados e serviços nacionais resultantes de desenvolvimento e 
inovação tecnológica realizados no País. 
A margem de preferência normal pode ser estendida, total ou parcialmente, aos bens e serviços 
origináriosdos Estados Partes do Mercado Comum do Sul – Mercosul (art. 3º, §10). 
O art. 6º, nos incisos XVII e VXIII, conceitua produtos manufaturados nacionais e serviços nacionais. 
Além disso, a lei (art. 3º, §6º) determina que a margem de preferência seja baseada em estudos 
revistos periodicamente, em prazo não superior a 5 anos, levando em consideração: I - geração 
de emprego e renda; II - efeito na arrecadação de tributos federais, estaduais e municipais; III - 
desenvolvimento e inovação tecnológica realizados no País; IV - custo adicional dos produtos e 
serviços; e V - em suas revisões, análise retrospectiva de resultados. 
Já o art. 3º, §9º prevê as hipóteses em que a margem de preferência não pode ser aplicada: 
§ 9º As disposições contidas nos §§ 5º e 7º deste artigo não se aplicam aos bens e aos 
serviços cuja capacidade de produção ou prestação no País seja inferior: 
I - à quantidade a ser adquirida ou contratada; ou 
II - ao quantitativo fixado com fundamento no § 7º do art. 23 desta Lei, quando for o 
caso. (quanto a bens de natureza divisível, em que o edital prevê cotação de 
quantidade inferior à demandada para ampliar a competitividade). 
 
 
Margem de preferência
Normal
a) produtos 
manufaturados;
b) Servições nacionais
Reserva de cargos p/ 
pessoa com deficiência 
ou reabilitado da 
previdência + 
acessibilidade
Adicional
Desenvolvimento e 
inovação tecnológica 
realizados no País
Limite até 
25% 
Não se aplica 
Capacidade do 
país seja inferior a 
À quantidade a ser adquirida ou 
contratada 
À quantidade prevista quando o 
bem for indivisível 
 
 
 
 
 20 
2.1.3 – Restrição da concorrência na licitação 
O art. 3º, §12 da lei 8.666/93 prevê a possibilidade de restringir a participação nas licitações 
destinadas à implantação, manutenção e ao aperfeiçoamento dos sistemas de tecnologia de 
informação e comunicação, considerados estratégicos em ato do Poder Executivo federal: 
Art. 3º (...) 
§ 12. Nas contratações destinadas à implantação, manutenção e ao aperfeiçoamento 
dos sistemas de tecnologia de informação e comunicação, considerados estratégicos 
em ato do Poder Executivo federal, a licitação poderá ser restrita a bens e serviços com 
tecnologia desenvolvida no País e produzidos de acordo com o processo produtivo 
básico de que trata a Lei no 10.176, de 11 de janeiro de 2001. 
Neste caso, a licitação contará apenas com participantes cujos bens e serviços se enquadrem na 
hipótese prevista no dispositivo. 
O art. 6º, XIX conceitua sistemas de tecnologia de informação e comunicação estratégicos: 
Art. 6º (...) 
XIX – sistemas de tecnologia de informação e comunicação estratégicos - bens e 
serviços de tecnologia da informação e comunicação cuja descontinuidade provoque 
dano significativo à administração pública e que envolvam pelo menos um dos seguintes 
requisitos relacionados às informações críticas: disponibilidade, confiabilidade, 
segurança e confidencialidade. 
2.1.4 – Critérios de preferência fundamentados em práticas de sustentabilidade 
Estudamos que um dos princípios da licitação, previsto no art. 3º, caput, é o princípio da promoção 
do desenvolvimento nacional sustentável. Neste sentido, tem-se entendido que o termo 
“sustentável” autoriza que a seleção da proposta mais vantajosa leve em consideração critérios 
relacionados com a prática de sustentabilidade, e não apenas critérios econômicos. A prática da 
sustentabilidade está relacionada com a preservação do meio ambiente, economia de recursos 
naturais, dentre outras práticas que contribuam para um meio ambiente ecologicamente 
equilibrado e preservado para as presentes e futuras gerações. 
Neste ponto, o Poder Executivo Federal editou o Decreto 7.746/2012, que estabelece critérios e 
práticas para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável nas contratações realizadas 
pela administração pública federal direta e indireta. 
 
 
 
 
 21 
Embora permita a adoção de critérios não econômicos relacionados com a sustentabilidade, o 
Decreto citado determina que tais critérios não venham frustrar o caráter competitivo da licitação. 
O art. 3º do referido Decreto estabelece que os critérios e as práticas de sustentabilidade devem 
constar como especificação técnica do objeto, obrigação da contratada ou requisito previsto em 
lei especial, sendo vedada a sua integração na fase de habilitação. 
O art. 4º apresenta um rol exemplificativo de critérios de sustentabilidade que podem ser 
utilizados. Já o art. 5º permite exigir no instrumento convocatório para a aquisição de bens que 
estes sejam constituídos por material renovável, reciclado, atóxico ou biodegradável, entre outros 
critérios de sustentabilidade. 
Vale destacar que o Decreto 7.746/2012 é aplicável apenas em âmbito federal. 
2.1.5 – Tratamento diferenciado 
A lei de licitações determina que as preferências definidas no art. 3º e nas demais normas de 
licitação e contratos devem privilegiar o tratamento diferenciado e favorecido às microempresas 
e empresas de pequeno porte na forma da lei (art. 3º, §14). 
No mesmo sentido é o art. 5º-A da lei: 
Art. 5º-A. As normas de licitações e contratos devem privilegiar o tratamento 
diferenciado e favorecido às microempresas e empresas de pequeno porte na forma da 
lei. 
Por este motivo, a LC 123/2006 e suas modificações posteriores previram diversas regras de 
preferência para as microempresas e empresas de pequeno porte, as quais serão estudadas 
separadamente no capítulo 3 desta aula. 
2.1.6 – Conclusão 
Por fim, como medida de transparência, há necessidade de divulgação das empresas favorecidas 
e do montante dos recursos a elas destinados: 
Art. 3º (...) 
§ 13. Será divulgada na internet, a cada exercício financeiro, a relação de empresas 
favorecidas em decorrência do disposto nos §§ 5º, 7º, 10, 11 e 12 deste artigo, com 
indicação do volume de recursos destinados a cada uma delas. 
 
 
 
 
 22 
Outra disposição importante é a do §15 do art. 3º, que determina que as preferências dispostas 
neste artigo devem prevalecer sobre as demais preferências previstas na legislação quando estas 
forem aplicadas sobre produtos ou serviços estrangeiros. Isto é, as preferências do art. 3º 
prevalecem em face de qualquer outra preferência criada no ordenamento jurídico quando 
abranger produtos ou serviços estrangeiros. 
2.2 – Publicidade 
A publicidade tem o objetivo de garantir o controle dos atos públicos por meio da fiscalização 
pelos licitantes, pelos órgãos de controle interno e externo e pelos cidadãos em geral, a fim de 
evitar atos lesivos à moralidade ou ao patrimônio público. 
A lei 8.666/93 possui disposições específicas para garantir a observação deste princípio: 
Art. 3º (...) 
§ 3º A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os atos de seu 
procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura. 
Art. 4º Todos quantos participem de licitação promovida pelos órgãos ou entidades a 
que se refere o art. 1º têm direito público subjetivo à fiel observância do pertinente 
procedimento estabelecido nesta lei, podendo qualquer cidadão acompanhar o seu 
desenvolvimento, desde que não interfira de modo a perturbar ou impedir a realização 
dos trabalhos. 
2.3 – Probidade e moralidade 
Trata-se da necessidade de atuação ética, honesta, proba e pautada na boa-fé. O comportamento 
com base na moralidade é exigido não apenas da Administração Pública, mas também dos 
administrados participantes da licitação. 
Em virtude desta exigência, existem diversas leis que preveem sanções aos agentes, públicos e 
privados, e às pessoas jurídicas que atuam de forma ímproba no procedimento licitatório. 
Podemos citar, por exemplo, a lei de improbidade administrativa (lei 8.429/92) e a lei 
anticorrupção (lei 12.846/2013). 
2.4 – Formalismo 
O princípio do formalismo ou procedimento formal pode ser encontrado expressamente no art. 
4º, parágrafo único dalei 8.666/93: 
Art. 4º (...) 
 
 
 
 
 23 
Parágrafo único. O procedimento licitatório previsto nesta lei caracteriza ato 
administrativo formal, seja ele praticado em qualquer esfera da Administração Pública. 
Consiste na exigência necessária para garantir o controle do procedimento, uma vez que, 
invariavelmente, acarretará dispêndio de recursos públicos. 
Entretanto, a aplicação do princípio não implica na exigência de excesso de formalismo, tendo em 
vista que o procedimento administrativo formal não é um fim em si mesmo, é, na verdade, um 
instrumento que serve a uma finalidade, qual seja, a celebração do contrato pretendido. Assim, a 
legislação tem flexibilizado algumas formalidades para garantir o interesse público. 
2.5 – Sigilo da apresentação das propostas 
Esse princípio é extraído do art. 3º, §3º da lei 8.666/93: 
Art. 3º (...) 
§ 3º A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os atos de seu 
procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura. 
Neste sentido, a apresentação das propostas deve ficar em sigilo até o momento da abertura, de 
forma que os demais licitantes nem os agentes públicos tenham acesso ao seu conteúdo, para que 
seja preservada a igualdade e a lisura do procedimento. 
O art. 94 da referida lei prevê que é crime devassar o sigilo de proposta apresentada em 
procedimento licitatório ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo, cominando a pena de 
detenção de 2 (dois) a 3 (três) anos e multa. 
2.6 – Vinculação ao instrumento convocatório 
O instrumento convocatório (edital ou carta-convite) é conhecido como a “lei interna da licitação”, 
pois vincula tanto os licitantes quanto a Administração Pública que o expediu. Neste sentido, o 
art. 41 prevê que a Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual 
se acha estritamente vinculada. 
2.7 – Julgamento objetivo 
As propostas na licitação devem ser julgadas conforme os critérios pré-estabelecidos no edital 
(arts. 44 e 45), não cabendo qualquer discricionariedade na apreciação das propostas pelo 
administrador: 
 
 
 
 
 24 
Art. 44. No julgamento das propostas, a Comissão levará em consideração os critérios 
objetivos definidos no edital ou convite, os quais não devem contrariar as normas e 
princípios estabelecidos por esta Lei. 
Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação 
ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os 
critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores 
exclusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e 
pelos órgãos de controle. 
Vale destacar que a doutrina admite que o julgamento absolutamente objetivo somente ocorre 
quando o critério da licitação é o “menor preço” ou nas alienações de “maior lance ou oferta”. 
Os critérios de “melhor técnica” ou “técnica e preço” exigem uma parcela de valoração subjetiva 
no julgamento das propostas. 
Todavia, ainda que se admita essa “dose” de valoração subjetiva nos casos citados, os critérios de 
julgamento devem estar previamente estabelecidos no instrumento convocatório. 
2.8 – Adjudicação obrigatória ao vencedor 
A adjudicação é o ato declaratório que atribui o objeto da licitação ao vencedor. Não se trata da 
celebração do contrato, tendo em vista que a celebração do ajuste é ato discricionário da 
Administração. A adjudicação é simplesmente a declaração de que, caso venha celebrar o contrato 
quanto ao objeto licitado, a Administração o fará com o vencedor. 
No procedimento da lei 8.666/93 a adjudicação é o último ato do processo, enquanto no 
procedimento do pregão (lei 10.520/2003) a adjudicação ocorre antes da homologação do 
certame. 
2.9 – Competitividade 
A lei e a Constituição Federal estabelecem o caráter competitivo da licitação, objetivando a 
obtenção da proposta mais vantajosa para a Administração, sendo nulo qualquer ato que venha a 
frustrar essa característica do procedimento licitatório. 
A lei 8.666/93 prevê que configura crime frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou 
qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de 
obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação, com 
pena de detenção de 2 a 4 anos e multa (art. 90). 
 
 
 
 
 25 
3 – MICROEMPRESAS (ME) E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE 
(EPP) NA LICITAÇÃO 
Conforme estudamos, a lei 8.666/93 prevê tratamento diferenciado para as microempresas e 
empresas de pequeno porte, com a finalidade de promover o desenvolvimento nacional, no que 
configura um dos aspectos da função regulatória da licitação. O referido tratamento diferenciado 
possui, inclusive, previsão constitucional, no art. 170, inciso IX e art. 179, da CF. 
3.1 – Critério de desempate 
O art. 44 da Lei Complementar 123/2006 determina que, nas licitações, será estabelecido, como 
critério de desempate, preferência na contratação de microempresas e empresas de pequeno 
porte. 
3.2 – Empate ficto ou presumido 
A LC 123/2006, não obstante estabelecer critério de desempate, criou ainda uma espécie de 
“margem de preferência”, pois prevê que as propostas apresentadas pelas MEs e EPPs até 10% 
superiores à proposta mais bem classificada, serão consideradas empatadas com a melhor 
proposta (art. 44, §1º). 
Na modalidade pregão, somente será considerado empate se a proposta da ME ou EPP for até 
5% (cinco por cento) superior à proposta mais bem classificada. 
3.3 – Procedimento de favorecimento à ME ou EPP 
Ocorrendo empate, real ou ficto, o art. 45 da LC 123/2006 estabelece os seguintes procedimentos 
a serem adotados: 
a) a ME ou EPP mais bem classificada será convocada para apresentar proposta de preço 
inferior àquele considerada vencedora da licitação. Nesta situação o objeto será adjudicado 
em seu favor; 
b) se a ME ou EPP na situação acima não apresentar proposta, serão convocadas as 
remanescentes, na ordem classificatória, para o exercício do mesmo direito, desde que se 
enquadrem na situação de empate (real ou equiparado); 
c) se houver mais de uma ME ou EPP com proposta idêntica, será realizado sorteio para definir 
quem terá a oportunidade de apresentar melhor oferta primeiro. 
No caso de pregão, a microempresa ou empresa de pequeno porte mais bem classificada será 
convocada para apresentar nova proposta no prazo máximo de 5 (cinco) minutos após o 
encerramento dos lances, sob pena de preclusão (art. 45, §3º, LC 123/2006). 
 
 
 
 
 26 
Essas medidas só se aplicam quando o licitante vencedor não for uma ME ou EPP (art. 45, §2º). 
3.4 – Outras vantagens 
A comprovação de regularidade fiscal e trabalhista das microempresas e das empresas de 
pequeno porte somente será exigida para efeito de assinatura do contrato, e não na fase da 
habilitação como ocorre normalmente (art. 42, LC 123/2006). Elas devem apresentar essa 
documentação na fase da habilitação mesmo que contenha algum vício, não sendo 
desclassificadas por isto. A regularidade dessas empresas só é exigida na celebração do contrato, 
o que lhes garante tempo para regularizar suas respectivas situações fiscais e trabalhista. 
O art. 48 prevê ainda diversas medidas que conferem tratamento diferenciado às MEs e EPPs: 
a) realização de processo licitatório destinado exclusivamente à participação de 
microempresas e empresas de pequeno porte nos itens de contratação cujo valor seja de 
até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais); 
b) nos processos licitatórios destinados à aquisição de obras e serviços, poderá exigir dos 
licitantes a subcontratação de microempresa ou empresa de pequeno porte; 
c) deverá estabelecer, em certames para aquisição de bens de natureza divisível, cota de até 
25% (vinte e cinco por cento) do objeto para a contratação de microempresas e empresasde pequeno porte. 
Essas medidas não serão aplicadas quando (art. 49): 
a) não houver um mínimo de 3 (três) fornecedores competitivos enquadrados como ME ou 
EPP sediados local ou regionalmente e capazes de cumprir as exigências estabelecidas no 
instrumento convocatório; 
b) o tratamento diferenciado e simplificado para as MEs e EPPs não for vantajoso para a 
administração pública ou representar prejuízo ao conjunto ou complexo do objeto a ser 
contratado; 
c) a licitação for dispensável ou inexigível, excetuando-se as dispensas tratadas pelos incisos I 
e II do art. 24 da lei 8.666/93. 
A exceção prevista no caso “b” acima (quando não for vantajoso para a Administração ou 
representar prejuízo ao conjunto ou complexo do objeto a ser contratado), praticamente torna 
facultativa as medidas de favorecimento do art. 48. 
Por fim, no que diz respeito às compras públicas, enquanto não sobrevier legislação estadual, 
municipal ou regulamento específico de cada órgão mais favorável à microempresa e empresa de 
pequeno porte, aplica-se LC 123/2006 (art. 47, parágrafo único, LC 123/2006). 
 
 
 
 
 27 
Veja que a regulamentação local somente será válida se estabelecer regime mais favorecido às 
MEs e EPPs. 
4 – OBJETOS DA LICITAÇÃO 
Objeto da licitação é o conteúdo do futuro contrato, a ser celebrado com o licitante vencedor. É 
aquilo que a Administração pretende contratar por meio da licitação. 
A lei 8.666/93 estabeleceu regime diferenciado para alguns objetos distintos, razão pela qual 
estudaremos as normas aplicáveis a cada um deles. 
4.1 – Obras e serviços de engenharia 
As normas específicas aplicáveis à licitação e contratação de obras e serviços de engenharia estão 
previstas nos arts. 7º a 12 da lei 8.666/93. 
De acordo com o art. 6º, I, obra é toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação, 
realizada por execução direta ou indireta. Para distinção entre obra e serviços em geral, a doutrina 
aponta dois critérios: a) na obra prepondera o resultado, enquanto no serviço predomina a 
atividade; b) na obra, normalmente o custo do material é superior ao custo da mão de obra, nos 
serviços a lógica é inversa. 
4.1.1 – Projeto básico e projeto executivo 
Somente poderão ser licitadas obras e serviços quando houver projeto básico aprovado pela 
autoridade competente (art. 7º, §2º). 
O projeto básico é conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de 
precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou 
serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos 
preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto 
ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a 
definição dos métodos e do prazo de execução (art. 6º, IX). 
De acordo com a lei, a licitação para execução de obras e serviços deve obedecer a seguinte 
sequência 
 
Projeto básico Projeto executivo Execução da obra ou serviço
 
 
 
 
 28 
E execução de cada fase depende da conclusão e aprovação da anterior. Excepcionalmente, o 
projeto executivo poderá ser desenvolvido concomitantemente com a execução das obras e 
serviços, desde que também autorizado pela Administração (art. 7º, §1º e art. 9º, §2º). 
Assim, em regra, para realizar a licitação para contratação de obras ou serviços, já deve haver 
projeto básico e projeto executivo concluídos e aprovados. Excepcionalmente, se a Administração 
autorizar, a licitação pode ser feita sem projeto executivo (mas deve ter projeto básico). Neste 
caso, o projeto executivo será desenvolvido concomitantemente com a execução do objeto. 
Adiante estudaremos que a exigência de prévio projeto básico para a realização da licitação 
encontra exceções nas licitações das empresas estatais (lei 13.303/2016) e nas licitações do regime 
diferenciado de contratação (lei 12.462/2011). 
É vedada a participação, direta ou indireta, na licitação ou na execução da obra ou do serviço e 
do fornecimento de bens a ele necessários, dos seguintes agentes (art. 9º): 
a) o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física ou jurídica; 
b) empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável pela elaboração do projeto básico ou 
executivo ou da qual o autor do projeto seja dirigente, gerente, acionista ou detentor de 
mais de 5% (cinco por cento) do capital com direito a voto ou controlador, responsável 
técnico ou subcontratado; 
c) servidor ou dirigente de órgão ou entidade contratante ou responsável pela licitação. 
 
De acordo com o STJ, não pode participar da licitação ou execução do objeto a 
empresa que tenha servidor da entidade contratante ou responsável pela licitação 
em seus quadros, ainda que o servidor esteja licenciado: 
Não pode participar de procedimento licitatório, a empresa que possuir, em seu 
quadro de pessoal, servidor ou dirigente do órgão ou entidade contratante ou 
responsável pela licitação (Lei nº 8.666/93, artigo 9o, inciso III). 
O fato de estar o servidor licenciado, à época do certame, não ilide a aplicação do 
referido preceito legal, eis que não deixa de ser funcionário o servidor em gozo de 
licença. 
(REsp 254.115/SP, Rel. Ministro GARCIA VIEIRA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 
20/06/2000, DJ 14/08/2000, p. 154) 
A lei permite às pessoas das alíneas “a” e “b” que participem na licitação de obra ou serviço, ou 
na execução, como consultor ou técnico, nas funções de fiscalização, supervisão ou 
gerenciamento, exclusivamente a serviço da Administração interessada (art. 9º, §2º). 
 
 
 
 
 29 
 
➢ Outras exigências 
A licitação para contratação de obras e serviços exige ainda, além do projeto básico (art. 7º, §2º): 
a) orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os seus custos 
unitários; 
b) previsão de recursos orçamentários que assegurem o pagamento das obrigações; 
c) que o produto dela esperado esteja contemplado nas metas estabelecidas no Plano 
Plurianual de que trata o art. 165 da Constituição Federal, quando for o caso (ou seja, 
quando a obra ou serviço ultrapassar o um exercício financeiro); 
Exceções 
Não podem 
participar 
da licitação 
Autor do Projeto 
(Básico ou executivo) 
Empresa 
(isolada ou em consórcio) 
Servidor ou dirigente do órgão contratante ou 
responsável pela licitação (ainda que licenciado) 
Elaborou o projeto básico ou executivo 
Dirigente, gerente, acionista ou 
detentor de 5% tenha elaborado o 
projeto 
Autor do projeto pode participar como consultor/técnico, 
nas funções de fiscalização, supervisão e gerenciamento, a 
serviço da Administração 
O projeto executivo pode ser encargo do contratado (art. 7º, 
§1º) 
 
 
 
 
 30 
 
Quanto ao item “b”, não se exige disponibilidade financeira2 (“dinheiro 
em caixa”), exige-se apenas previsão na lei orçamentária ou em créditos 
adicionais – esse é o entendimento do STJ e cai muito em prova. 
Além disso, quando o empreendimento exigir licenciamento ambiental, o projeto básico deve 
conter o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental, quando for o caso 
(EIA-RIMA). 
As obras e serviços destinados aos mesmos fins devem ter projetos padronizados por tipos, 
categorias ou classes, exceto quando o projeto-padrão não atender às condições peculiares do 
local ou às exigências específicas do empreendimento (art. 11). 
4.1.2 – Vedações 
O art. 7º da lei 8.666/93 prevê ainda as seguintes vedações nas licitações para execução de obras 
e serviços: 
a) é vedado incluir no objeto da licitação a obtenção de recursos financeiros para sua 
execução, qualquer que seja a sua origem, exceto nos casos de empreendimentos 
executados e explorados sob o regime de concessão, nos termos da legislação específica 
(§3º); 
b) é vedada a inclusão, no objeto da licitação, de fornecimento de materiais e serviços sem 
previsão de quantidades ou cujos quantitativosnão correspondam às previsões reais do 
projeto básico ou executivo (§4º); 
c) é vedada a realização de licitação cujo objeto inclua bens e serviços sem similaridade ou de 
marcas, características e especificações exclusivas, salvo nos casos em que for tecnicamente 
justificável, ou ainda quando o fornecimento de tais materiais e serviços for feito sob o 
regime de administração contratada, previsto e discriminado no ato convocatório (§5º). 
A infringência de qualquer dessas vedações implica na nulidade da licitação e do contrato, caso já 
tenha sido celebrado. 
 
 
2 STJ: REsp 1141021/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 
21/08/2012, DJe 30/08/2012. 
 
 
 
 
 31 
Por fim, qualquer cidadão poderá requerer à Administração Pública os quantitativos das obras e 
preços unitários de determinada obra executada (§8º). 
 
4.1.3 – Formas de execução 
Por fim, as obras e serviços de engenharia podem ser executados de forma direta (pelos órgãos 
ou entidades administrativas) ou indireta (por meio de contrato com terceiros). 
A execução indireta pode ser realizada nos seguintes regimes de execução: a) empreitada por 
preço global; b) empreitada por preço unitário; c) tarefa; d) empreitada integral. 
Estudamos cada um desses regimes na aula de contratos. 
4.2 – Serviços 
Serviços são toda atividade destinada a obter determinada utilidade de interesse para a 
Administração (art. 6º, II). Os serviços que possuem maior atenção da lei são os serviços técnicos 
profissionais especializados (art. 13) e a terceirização de serviços. 
4.2.1 – Serviços técnicos profissionais especializados: 
O art. 13 prevê um rol exemplificativo do que se considera serviço técnico profissional 
especializado: 
Vedações em 
licitações para 
obras e 
seerviços de 
engenharia (art. 
7º)
Incluir no objeto da licitação a obtenção de recursos financeiros para sua 
execução, qualquer que seja a sua origem, exceto nos casos de 
empreendimentos executados e explorados sob o regime de concessão, nos 
termos da legislação específica (§3º)
Inclusão, no objeto da licitação, de fornecimento de materiais e serviços sem 
previsão de quantidades ou cujos quantitativos não correspondam às previsões
reais do projeto básico ou executivo (§4º)
Realização de licitação cujo objeto inclua bens e serviços sem similaridade ou de 
marcas, características e especificações exclusivas, salvo nos casos em que for 
tecnicamente justificável, ou ainda quando o fornecimento de tais materiais e 
serviços for feito sob o regime de administração contratada, previsto e 
discriminado no ato convocatório (§5º)
 
 
 
 
 32 
Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais 
especializados os trabalhos relativos a: 
I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos; 
II - pareceres, perícias e avaliações em geral; 
III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias; 
IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços; 
V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas; 
VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; 
VII - restauração de obras de arte e bens de valor histórico. 
Nestes casos, quando não for caso de inexigibilidade de licitação por se tratar de serviço de 
natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, os contratos deverão, 
preferencialmente, ser celebrados mediante a realização de concurso, com estipulação prévia de 
prêmio ou remuneração. 
O concurso é uma modalidade de licitação diferenciada, conforme estudaremos a frente, para 
escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou 
remuneração aos vencedores. 
O vencedor da licitação para prestação de serviços técnicos especializados deverá ceder os 
direitos patrimoniais a ele relativos, para que a Administração possa utilizá-lo de acordo com o 
previsto no regulamento de concurso ou no ajuste para sua elaboração (art. 111). 
 
A empresa de prestação de serviços técnicos especializados que apresente relação 
de integrantes de seu corpo técnico em procedimento licitatório ou como 
elemento de justificação de dispensa ou inexigibilidade de licitação, ficará 
obrigada a garantir que os referidos integrantes realizem pessoal e diretamente os 
serviços objeto do contrato (art. 13, §3º). 
4.2.1 – Terceirização de serviços 
Contrato de terceirização é aquele marcado pela relação jurídica entre a tomadora de serviços (no 
caso a Administração Pública) e uma empresa de terceirização (pessoa interposta) que, por sua 
vez, contrata empregados e os coloca à disposição da tomadora do serviço, dirigindo a atividade 
de acordo com o disposto no contrato. Os empregados contratados não possuem vínculo jurídico 
com a tomadora de serviços, mas com a empresa de terceirização contratada, não havendo relação 
de pessoalidade e subordinação jurídica com o ente público. 
Exemplos tradicionais do contrato de terceirização na Administração Pública são a contratação de 
serviços de limpeza e de serviços de vigilância, em que a Administração contrata empresa de 
 
 
 
 
 33 
terceirização que fornece empregados ao ente público e dirige a atividade de acordo com as 
especificações do contrato. 
Muito se discutiu quanto à possibilidade de terceirizar a atividade-fim da tomadora do serviço. 
Prevalecia o entendimento de que somente a atividade-meio poderia ser terceirizada. 
 
Entretanto, o STF firmou a seguinte tese em sede de repercussão geral: “1. É lícita 
a terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim, não se configurando 
relação de emprego entre a contratante e o empregado da contratada. 2. Na 
terceirização, compete à contratante: i) verificar a idoneidade e a capacidade 
econômica da terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo descumprimento 
das normas trabalhistas, bem como por obrigações previdenciárias, na forma do 
art. 31 da Lei 8.212/1993”3. 
Assim, é, em tese, cabível a terceirização quanto a qualquer tipo de atividade da Administração 
Pública contratante, exceto aquelas atividades típicas de estado previstas na Constituição Federal 
(por exemplo a atividade jurisdicional). 
Por outro lado, a questão envolvendo a responsabilidade da Administração Pública pelo 
inadimplemento das verbas trabalhistas e previdenciárias por parte da contratada já foi analisada 
na aula anterior. 
4.3 – Compras 
A lei 8.666/93 trata do regime jurídico das compras nos arts. 14 a 16. Vale destacar que as compras 
devem ser realizadas preferencialmente pelo “sistema de registro de preços” (art. 15, II), que 
estudaremos no capítulo 7 desta aula. 
4.3.1 – Exigência de padronização x indicação de marcas 
As compras, sempre que possível, devem obedecer ao princípio da padronização, por meio de 
especificações técnicas de desempenho, observadas, quando for o caso, as condições de 
manutenção, assistência técnica e garantia oferecidas (art. 15, I). 
 
 
3 ADPF 324, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 30/08/2018, PROCESSO 
ELETRÔNICO DJe-194 DIVULG 05-09-2019 PUBLIC 06-09-2019. 
 
 
 
 
 34 
A padronização, em regra, traz economia ao ente público, uma vez que facilita as compras em 
grande escala e a repetição do procedimento licitatório quando necessário. 
 
Não obstante, padronização é diferente da indicação de marcas. Em regra, a 
indicação de marcas é vedada nas licitações efetuadas pelo poder público, 
devendo apenas haver a especificação completa do bem a ser adquirido (art. 15, 
§7º, I). 
Entretanto, será admitida a indicação de marcas quando acompanhada de 
justificativas técnico-científicas, conforme entendimento do TCU. 
Ademais, admite-se a exigência de amostras dos bens por parte dos licitantes, desde que haja 
previsão no instrumento convocatório, acompanhada de critérios de julgamento objetivos. 
4.3.2 – Subdivisão das compras 
De acordocom o art. 15, IV, sempre que possível, as compras devem ser subdivididas em tantas 
parcelas quantas necessárias para aproveitar as peculiaridades do mercado, visando 
economicidade. 
Destaque-se que a divisão do objeto não pode acarretar dispensa ou inexigibilidade de licitação 
se não fossem possíveis em relação ao objeto não dividido (art. 23, §2º). Além disso, a divisão do 
objeto também não pode acarretar a alteração da modalidade da licitação exigível para o objeto 
como um todo. 
A divisão do objeto do contrato tem o objetivo de gerar economia para a Administração. Isto 
porque, muitas vezes, são poucos os interessados com capacidade econômica para competir por 
todo o objeto. Por outro, lado, quando se divide o objeto em partes, diversos interessados passam 
a estar habilitados para competir por uma ou algumas partes do objeto separadamente, o que 
implica em aumento da concorrência e melhoria dos preços encontrados pelo ente público. 
Com a divisão do objeto, a Administração pode optar por realizar diversos procedimentos 
licitatórios relativamente a cada umas das “partes” do objeto ou realizar a denominada “licitação 
por item”. 
 
Licitação por item: a Administração concentra, no mesmo certame, diversas 
“partes” do objeto que será contratado, podendo os interessados 
competirem por uma ou algumas dessas “partes”. Em verdade, segundo 
 
 
 
 
 35 
Rafael Oliveira4, várias licitações são realizadas dentro do mesmo processo 
administrativo, sendo certo que cada item será julgado de forma 
independente e comportará a comprovação dos requisitos de habilitação 
(ex.: a licitação para compra de equipamentos de informática pode ser 
dividida em vários itens, tais como microcomputador, impressora, monitor, 
mouse, teclado etc.). 
De acordo com o TCU, em entendimento firmado na sua súmula 247, a licitação por item deve ser 
a regra quando o objeto da licitação for divisível. A licitação por grupos ou lotes só deve ser 
utilizada quando demonstrada inviabilidade técnica ou econômica da licitação por itens, além da 
ausência de risco à competitividade. Pela importância, transcrevemos a citada súmula: 
TCU: SÚMULA Nº 247 
É obrigatória a admissão da adjudicação por item e não por preço global, nos editais 
das licitações para a contratação de obras, serviços, compras e alienações, cujo objeto 
seja divisível, desde que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo ou perda de 
economia de escala, tendo em vista o objetivo de propiciar a ampla participação de 
licitantes que, embora não dispondo de capacidade para a execução, fornecimento ou 
aquisição da totalidade do objeto, possam fazê-lo com relação a itens ou unidades 
autônomas, devendo as exigências de habilitação adequar-se a essa divisibilidade. 
4.4 – Alienações 
Alienação é a transferência de bens da propriedade da Administração Pública para terceiros. Em 
virtude da indisponibilidade do interesse público e da alienabilidade condicionada dos bens 
públicos, para que a Administração possa alienar os seus bens, depende do cumprimento de 
diversos requisitos previstos na lei (art. 17), estudados no capítulo 9 desta aula. 
5 – FASES DO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO 
O procedimento licitatório possui duas fases: 
a) Fase interna: ocorre dentro dos órgãos ou entidades que realizarão o procedimento. Trata-
se da fase preparatória. Integram a fase interna, de forma exemplificada: a requisição do 
 
 
4 OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. 7. Ed. Rio de Janeiro: Método, 
2019. P. 411-412. 
 
 
 
 
 36 
objeto, a estimativa do valor, a autorização de despesa, a designação da comissão de 
licitação, a elaboração da minuta do instrumento convocatório e da minuta do contrato, a 
análise jurídica das minutas, dentre outros; 
b) Fase externa: se inicia com a publicação do instrumento convocatório, dando ciência da 
licitação aos interessados. Nesta fase temos, na ordem: i) abertura; ii) habilitação; iii) 
classificação (julgamento); iv) homologação; e v) adjudicação. 
Vale destacar que esta ordem é válida para o procedimento da lei 8.666/93, em outros 
procedimentos teremos alterações e inversões na ordem da fase externa do procedimento 
licitatório. 
A seguir, estudaremos detalhadamente a fase externa, que foi regulamentada pela lei 8.666/93. 
O art. 43 estabelece os seguintes atos da fase externa: 
a) Publicação do instrumento convocatório (edital ou carta-convite): início da fase externa; 
b) Abertura dos envelopes com os documentos da habilitação e sua apreciação; 
c) Devolução dos envelopes contendo as propostas, devidamente lacrados, aos licitantes 
inabilitados, caso não tenha havido recurso ou forem indeferidos; 
d) Abertura dos envelopes com as propostas dos licitantes habilitados; 
e) Verificação da conformidade das propostas com os requisitos do edital, desclassificando-se 
as propostas em desconformidade ou incompatíveis; 
f) Julgamento e classificação das propostas; 
g) Homologação e, após, adjudicação do objeto da licitação ao vencedor. 
Além disso, para as licitações de grande porte, assim consideradas aquelas cujo valor estimado 
para a licitação ou conjunto de licitações simultâneas ou sucessivas ultrapassar R$ 330.000.000,00, 
deverá ser realizada audiência pública, com antecedência mínima de 15 dias úteis da data prevista 
para a publicação do edital e divulgada com antecedência mínima de 10 dias úteis da sua 
realização. 
 
 
 
 
 37 
 
5.1 – Audiência pública 
A realização de audiência pública será obrigatória para as licitações de grande porte, assim 
consideradas aquelas cujo valor estimado para a licitação ou conjunto de licitações simultâneas ou 
sucessivas ultrapassar R$ 330.000.000,00 (art. 39). 
O parágrafo único do art. 39 conceitua conjunto de licitações simultâneas e sucessivas: 
a) Licitações simultâneas: aquelas com objetos similares e com realização prevista para 
intervalos não superiores a trinta dias; 
b) Licitações sucessivas: duas ou mais licitações, com objetos similares, cujo edital 
subsequente seja publicado em até cento e vinte dias após o término do contrato resultante 
da licitação antecedente. 
A audiência pública deve ocorrer até 15 dias úteis antes da publicação do edital e a sua divulgação 
deve ocorrer em até 10 dias úteis antes da sua realização. 
A doutrina majoritária entende que a opinião popular não é vinculante, haja vista que a opinião 
daqueles que comparecem à audiência pública não pode se sobrepor à de toda a população a ser 
afetada pelo certame. Todavia, gera um maior dever de fundamentação da escolha em 
contrariedade à opinião popular, havendo uma inversão do ônus da prova quando confrontada 
pelos órgãos de controle. 
Audiência 
Pública
Instrumento 
convocatório
Habilitação
Verificação 
dos requisitos 
das propostas
Abertura das 
propostas
Devolução das 
propostas dos 
inabilitados
Julgamento e 
classificação
Homologação
Adjudicação
Divulgação 10 dias úteis Audiência Pública 15 dias úteis Edital 
 
 
 
 
 38 
5.2 – Instrumento convocatório 
A fase externa da licitação é iniciada com a publicação do instrumento convocatório, que pode 
ser na forma de edital ou carta-convite (no caso da modalidade convite). 
De acordo com o art. 21, entretanto, antes da publicação do edital, deve ser publicado aviso da 
intenção de licitar, no mínimo uma vez, contendo o resumo do edital. A publicação deve ocorrer 
no diário oficial e em jornal diário de grande circulação no Estado e em jornal de circulação no 
Município ou na região onde será realizado o objeto do contrato, se houver. A Administração 
pode ainda, de forma discricionária, se utilizar de outros meios de divulgação. 
O edital é a “lei interna da licitação”, tendo em vista o princípio da vinculação ao instrumento 
convocatório, e suas cláusulas obrigatórias se encontram no art. 40 da lei 8.666/93. 
O art. 40, §2º estabelece ainda os anexos

Continue navegando