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CURSO DE MEDICINA TUTORIA 3ª ETAPA UNIDADE Il SITUAÇÃO PROBLEMA 1: “Tudo tem gosto de palha ” Maria Clara Trettel de Oliveira Mariana Oliveira Fernandes Matheus Fleury Alves Mydian Gabriela dos Santos Fernandes Nathalia Martins Carneiro Natália Hugueney Hidalgo Rafaella Ciconello Dal Molin Sara Leite Lira Santos Victor Rodrigues de Souza Vinícius de Moraes Laabs Vinícius de Souza Fernandes Vieira (Relator) Vitoria Macedo Falcão Ferreira Tamillis Martins Barbosa Willy Johnny Araújo Docente: Dr Antonio Neto MINEIROS - GO 2021 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1 2. OBJETIVOS ................................................................................................. 2 2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................... 2 2.2.1 Definir e caracterizar a Bioeletrogênese ........................................... 2 2.2.2 Definir Gustação e Olfação ................................................................. 4 2.2.3 Caracterizar a estrutura e funções da língua e do nariz. ................. 5 2.2.4 Descrever as vias neurológicas sensitivas relacionadas à gustação e a olfação. ......................................................................................... 7 2.2.5 Caracterizar a integração sensorial entre olfação e gustação. ..... 11 2.2.6 Identificar causas para alterações dos sentidos da olfação e da gustação. ........................................................................................................... 12 2.2.7 Discutir acerca da importância dos órgãos sensoriais para o bem- estar biopsicossocial. ...................................................................................... 15 2.2.8 Descrever a via gustativa, identificando seus elementos constituintes. .................................................................................................... 16 2.2.9 Descrever a via olfatória, identificando seus elementos constituintes. .................................................................................................... 17 2.2.10 Explicar as alterações de gustação e olfação provocadas pelo cigarro. 18 3. CONCLUSÃO ............................................................................................. 20 1 1. INTRODUÇÃO Nesse presente relatório da Situação Problema 1, tem como objetivo entender e identificar as estruturas responsáveis pela recepção, transmissão e processamento das informações relacionadas ao olfato e gustação. Assim, evidencia-se a integração sensorial do olfato e paladar com importantes funções adaptativas que, embora não sendo vitais, são essenciais para uma perfeita adaptação do ser humano ao meio social inserido. Os receptores gustativos estão presentes nas papilas gustativas, macroscopicamente visíveis na superfície da língua, quando ingerimos um alimento, são libertadas moléculas aromáticas que ativam o olfato através da conexão da orofaringe com as fossas nasais. O sabor está intimamente relacionado com a capacidade retronasal de percepção de odores. Sem olfato, os alimentos tendem a ter pouco ou nenhum sabor. Desse modo, Ainda pode-se dizer que a olfação e a gustação estão diretamente ligadas às funções emocionais e comportamentais primitivas do nosso sistema nervoso. A situação problema permite entender mais sobre o funcionamento desses dois sentidos, visando o conhecimento anatômico, histológico e fisiológico das estruturas relacionadas a esses dois sentidos, bem como compreender as vias nervosas responsáveis pela transferência de tais estímulos. 2 2. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Reconhecer as estruturas responsáveis pela recepção, transmissão e processamento das informações (estímulos) relacionadas ao olfato e gustação. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 2.2.1 Definir e caracterizar a Bioeletrogênese Bioeletrogênese remete a capacidade celular de gerar potenciais elétricos através da membrana plasmática, que é composta por bicamada de fosfolipídios e proteínas que se dividem em periféricas e as integrais. As proteínas transmembranares (integrais) são responsáveis pela permeabilidade da membrana, nisto se incluí aos diferentes íons, sendo os mais importantes, para a bioeletrogênese, são o K+, Na+ e o Cl-, tais proteínas que permitem essa movimentação são denominadas canais iônicos e tal processo de passagem ocorre de modo seletivo, pode ser pode difusão simples ao seguir o gradiente químico de concentração ou por transporte ativo pela atividade da Na + - K + ATPase (Bomba de Sódio-Potássio) (GUYTON & HALL, 2011). O fluxo de íons através da membrana permeável, por difusão simples, seguindo o gradiente químico acaba por gerar um gradiente elétrico pela diferença nas concentrações iônicas dos meios intra e extracelular, é o potencial de difusão, já que ao sair cátions ou ânions o meio interno se alterará frente ao externo. Ademais, devido a esses eventos, surgirá uma força eletroquímica, o potencial de equilíbrio, visto que as cargas presentes intracelularmente “tentaram reter” as que estão saindo, além de que a concentração química já estará quase equivalente não exercendo mais tanto influência; assim se restringirá esse fluxo até cessá-lo (CONSTANZO, 2014). O cálculo deste potencial de equilíbrio se dá pela equação de Nernst, que é determinada pela proporção entre as concentrações desse íon específico nos dois lados da membrana (CONSTANZO, 2014). 3 Equação 01: Potencial de equilíbrio Ex – Potencial de equilíbrio; 2,3 é um fator de conversão de log natural para log10; R – Constante de gás T – Temperatura em Kelvin (°C – 273) Z – Carga do íon F – Constante de Faraday (9,684 x 10 4 C mol -1) Ci – Concentração interna Ce – Concentração externa Na temperatura de 37°C se tem 2RT/zF com o valor de 60mV (CONSTANZO, 2014). O potencial de repouso da membrana é definido como a diferença de potencial intracelular em relação ao extracelular durante os intervalos dos potenciais de ação. É gerado a partir dos potenciais de difusão resultantes das diferenças de concentrações iônicas, com cada íon “tentando” levar o valor do potencial de repouso para o próprio potencial de equilíbrio (CONSTANZO, 2014). De acordo com o GUYTON & HALL (2011) o valor de repouso é de -90mV, a maior parcela deste resultado provém do potencial de difusão do potássio, esse valor seria de -94 mV (utilizando a equação de Nernst) caso dependesse inteiramente dos íons de potássio, contudo há ainda demais íons, necessitando assim realizar o cálculo a partir da Equação de Goldman-HodgKin-Katz que considera a contribuição de cada íon em relação com a permeabilidade seletiva deles, resultando em um valor próximo de -86 mV. O restante do potencial, os -4 mV, para atingir o valor usual, proveem da atividade da Bomba de Sódio e Potássio por dois modos, o primeiro pelo próprio bombeamento (ação eletrogênica), de três íons Na+ para fora, a cada dois íons K+ para dentro, que produz um déficit de íons positivos internamente e consequente formação de potencial negativo; já o segundo método é indireto, trata-se da manutenção do gradiente de concentração do íon de potássio, o principal responsável pelo potencial de repouso da membrana (GUYTON & HALL, 2011). 4 Potenciais de ação são, de fato, aqueles que transmitem os sinais nervosos, e se dão pela alteração quase súbita do potencial de repouso da membrana, o qual é negativo, para um mais positivo e consequente retorno ao estado quase original. Ocorre somente ao se ultrapassar o limiar de ação, tido como o valor de -65 mV, e segue a regra do tudo ou nada, se atingir omarco em qualquer ponto da membrana, haverá o desenrolar quase imediato do potencial de ação, mas do contrário, não há nenhum evento (GUYTON & HALL, 2011). O potencial de ação tem três estágios, o de repouso no qual a membrana se encontra polarizada e com potencial de -90mV. O segundo estágio é o de despolarização, tem esse nome devido aos eventos que acontecessem, ou seja, a despolarização do estado de repouso, através da abertura dos canais voltagem- dependentes de sódio (canais rápidos) e de cálcio (canais lentos) para algumas células, principalmente de músculo liso e o cardíaco. O canal de sódio é ativado quando o potencial de membrana se torna menos negativo mesmo no estado de repouso, assim, abre-se a comporta de ativação permitindo que íons de sódio adentrem rapidamente tornando o potencial mais positivo; a inativação deste canal se dá de forma rápida, se deve pelo próprio aumento da voltagem e não permitem mais que íons de sódio atravessem, fato este que auxilia no processo de repolarização (GUYTON & HALL, 2011). O estágio de repolarização se constituí do fechamento dos canais de sódio (e dos de cálcio nas células que os têm) e abertura dos canais de potássio voltagem- dependentes, a fim de permitir que os íons K+, por difusão, irem para fora da célula e consequentemente reestabelecer o potencial de repouso de membrana negativo, ao atingir tal ponto, os canais são fechados (GUYTON & HALL, 2011). 2.2.2 Definir Gustação e Olfação A gustação (paladar) é a capacidade identificar as substâncias, por meio da textura e gosto (azedo, doce, salgado, amargo e umami), que são colocadas na boca. Isso acontece através dos botões gustatórios e por auxílio do olfato. A necessidade do paladar é, principalmente, a condição de seletividade alimentar que ele dá ao indivíduo, dividindo-as entre desejos, necessidades metabólicas dos tecidos corporais ou como mecanismo de defesa, agindo de forma repulsiva a um agente tóxico (HALL; GUYTON, 2017). 5 A olfação é o sentido capaz de traduzir as diferentes substâncias químicas presente no meio externo, ou seja, identifica qualquer tipo de odor. Nesse sentido, o olfato se também pode se tornar um mecanismo de alerta ou defesa quanto a identificação de alimentos que irão ser ingeridos e localização ambiental. No entanto, vale ressaltar que a olfação é o sentido menos conhecido por especialistas e acaba sendo um fenômeno subjetivo. Além disso, o olfato humano é inferior quando comparado a outros animais o olfato humano é inferior (HALL; GUYTON, 2017). Sendo assim, a gustação e o olfato atuam de forma complementares para os sistemas corporais, sendo um mecanismo identificação e, consequentemente, de defesa (HALL; GUYTON, 2017). 2.2.3 Caracterizar a estrutura e funções da língua e do nariz. Língua É um órgão constituído de músculo esquelético recoberto por mucosa, ela atua como um órgão acessório da digestão. Está localizado na cavidade própria da boca, fixada ao osso hioide, ao processo estiloide do osso temporal e à mandíbula pelos músculos extrínsecos (hioglosso, genioglosso e estiloglosso), que quando se contraem a movimenta para todos os lados manobrando o alimento no ato da mastigação e posteriormente para a deglutição e também forma o assoalho da boca, mantem o posicionamento da língua e também ajuda na fala e os músculos intrínsecos (músculos longitudinal superior, longitudinal inferior, transverso da língua e vertical da língua), são inteiramente contidos na língua e são responsáveis pela alteração de sua forma e tamanho para ajudar na fala e na deglutição. (MADEIRA, et al. 2016). A língua é dividida em dois terços anteriores (dorso, margens, face inferior e ápice) e um terço posterior (raiz da língua). (MADEIRA, et al. 2016). A face inferior da língua fica em contato com o soalho da boca, nela temos na linha mediana uma prega mucosa, o freio lingual, mais apical do freio lingual, temos a prega franjada e as glândulas salivares menores (glândula lingual anterior). Ainda no ápice da língua que repousa sobre os dentes incisivos, tem a face dorsal anterior onde a parte oral (2/3 ant.) separada da faríngea (1/3 post.) pelo sulco terminal (em forma de v) que possui o forame cego, borda e que se relaciona com gengivas e 6 dentes e a parte dorsal posterior tem a raiz da língua limitada na epiglote pelas pregas (uma prega glossoepiglótica mediana e as duas pregas glossoepiglóticas laterais e entre elas uma depressão chamada valécula glossoepiglótica), voltada para a parte faríngea, onde a sua mucosa formada com massas de tecido linfoide se chama tonsila lingual. (MADEIRA, et al. 2016). A língua possui papilas linguais que tem 4 tipos as papilas filiformes (projeções minúsculas, cônicas ou cilíndricas) que ficam no dorso da parte oral, papilas fungiformes (se diferem das papilas filiformes porque são maiores, arredondadas e profundas, de cor vermelha) que ficam na borda e ápice, papilas valadas que é uma papila circundada por vallum (que tem inúmeros calículos gustatórios dispersos em ambas as paredes do sulco e pequenas glândulas serosas (de von Ebner)) e papilas folhadas (formada por uma série de cristas de mucosa vermelha, semelhantes a folhas, que possuem inúmeros calículos gustatórios) que ficam na parte posterior da borda. A língua, com suas estruturas, possui a função de deglutição, fala, mastigação e gustação. (MADEIRA, et al. 2016). Nariz O nariz é a primeira parte da vias aéreas superiores, ele é responsável pelo aquecimento e umidificação e filtragem do ar inspirado, tem-se o epitélio olfatório, que contém neurônios receptores olfatórios, responsáveis pela detecção de moléculas odoríferas transmitidas pelo ar. (VIRMUND. 2003). Ele é dividido em nariz externo (ápice, raiz ou ponte, dorso, narinas, septo nasal e asas do nariz) e cavidade nasal (se estende das narinas, anteriormente, as coanas, posteriormente). (VIRMUND. 2003). O grupo de músculos nasais envolvidos na respiração, na expressão facial e na produção de alguns sons durante a fala inclui o prócero, o nasal, o dilatador anterior das narinas, o abaixador do septo nasal e o levantador do lábio superior e da asa do nariz. (VIRMUND. 2003). A mucosa nasal se divide em dois tipos principais: a respiratória e a olfatória. A respiratória é espessa e irrigada, tem glândulas mucosas que secretam muco que ajudam na umidificação do ar e retenção de impurezas, além de aquecer o ar inspirado por conta do grande número de vasos sanguíneos. A olfatória fica na área do corneto superior, é fina e amarelada tem neurônios bipolares, que recebem os estímulos olfatórios levados ao córtex cerebral para interpretação. (VIRMUND. 2003). 7 Na parede lateral de cada cavidade nasal, tem-se os cornetos que são divididos e superior, médio e inferior. O corneto superior é revestido principalmente por mucosa do tipo olfatório. O corneto inferior, o maior deles, é revestido por mucosa do tipo respiratório que se projeta para o interior da cavidade nasal. O corneto médio geralmente tem pequeno tamanho e é pouco visível. (VIRMUND. 2003). O epitélio respiratório estende-se através das aberturas dos seios paranasais revestindo suas cavidades, uma característica que, infelizmente, favorece a disseminação de infecções. (VIRMUND. 2003). A túnica mucosa dos seios é mais fina, menos vascularizada e tem menos células caliciformes do que a túnica mucosa nasal. Os cílios estão sempre presentes na túnica mucosa próximo às aberturas, mas menos uniformemente distribuídos em outras partes dos seios. (VIRMUND. 2003). 2.2.4 Descrever as vias neurológicas sensitivas relacionadas à gustação e a olfação. Os botões gustatórios: são compostos por células epiteliais de sustentação e células gustatórias, as quais são comumente substituídas por divisões mitóticas. As extremidades externas (pelos, microvilosidades)das células gustatórias dispõem-se pelo poro gustatório. Essas microvilosidades proveem a superfície receptora para o gosto. Em torno do corpo dos botões gustatórios encontram-se fibras nervosas gustatórias, que são estimuladas pelas células receptoras gustatórias. Algumas fibras se invaginam para dentro das pregas das membranas gustatórias, próximas a essas fibras são encontradas vesículas. Acredita-se que essas vesículas contenham substância neurotransmissora, liberada pela membrana plasmática, excitando as terminações nervosas em resposta ao estímulo gustatório. (GUYTON, 2017) Os botões se localizam nas papilas. Grande quantidade nas papilas circunvaladas; quantidade moderada nas papilas fungiformes e nas foliáceas. (GUYTON, 2017) Mecanismo de estimulação dos botões gustatórios: Potencial receptor: a membrana da célula gustatória tem carga negativa em seu interior. Quando a substância atinge os pelos gustatórios há perda parcial desse 8 potencial negativo (despolarização). Essa alteração de potencial elétrico da célula gustatória é chamada de potencial receptor para gustação. (GUYTON, 2017) A interação da substância com a molécula receptora se dá por meio da ligação destas, sendo a molécula receptora encontrada na superfície da célula gustatória. Essa interação resulta na abertura dos canais iônicos, permitindo a entrada de íons Na+ e H+, que despolarizam a célula, pois ela tem carga negativa. Após isso, a substância é removida da vilosidade pela saliva, removendo o estímulo. O tipo de receptor determina o tipo de gosto percebido. (GUYTON, 2017) - Transmissão dos sinais gustatórios para o sistema nervoso central: A língua é inervada pelos nervos facial (VII par), glossofaríngeo (IX par) e nervo vago (X par). (GUYTON, 2017) Os impulsos gustatórios originados dos 2/3 anteriores da língua, passam, inicialmente, pelo nervo lingual e, após pelo ramo corda do tímpano do nervo facial, e por fim, pelo trato solitário, no tronco cerebral. Sensações gustatórias originadas de papilas circunvaladas, na parte posterior da língua, e outras regiões posteriores da boca e da garganta são transmitidas pelo nervo glossofaríngeo para o trato solitário, mas em nível mais posterior. Poucos sinais gustatórios são transmitidos da base da língua e de outras partes da região faríngea pelo nervo vago para o trato solitário. (GUYTON, 2017) Todas as fibras gustatórias fazem sinapse nos núcleos do trato solitário no tronco cerebral. Esses núcleos, contêm neurônios de segunda ordem que se projetam para uma área do núcleo ventral posteromedial do tálamo, situada medialmente às terminações talâmicas das regiões faciais do sistema da coluna dorsal-lemnisco medial. Do tálamo, neurônios de terceira ordem se projetam para a extremidade inferior do giro pós-central no córtex cerebral parietal¸ onde eles penetram na fissura silviana e na área insular opercular. Essa área se situa mais lateral, central e rostral à área para os sinais táteis da língua, na área somática cerebral I. As vias gustatórias, portanto, cursam paralelamente às vias somatossensoriais da língua. (GUYTON, 2017) Os reflexos gustatórios são integrados ao tronco cerebral. Após percorrer o trato solitário, os sinais gustatórios são transmitidos pelo interior do tronco cerebral para os núcleos salivares superior e inferior e essas áreas transmitem os sinais para as glândulas submandibular, sublingual e parótidas, auxiliando no controle da saliva durante a ingestão e digestão dos alimentos. (GUYTON, 2017) 9 A adaptação a gustação é de maior responsabilidade do sistema nervoso central, além da adaptação dos botões gustatórios. (GUYTON, 2017) --- Sentido da olfação: A membrana olfatória é encontrada na parte superior de cada narina e, medialmente, se invagina na superfície do septo superior. Lateralmente ela se dobra sobre a concha nasal superior e sob uma pequena porção da concha nasal média. (GUYTON, 2017) A sensação do olfato é realizada pelas células olfatórias, que consistem em neurônios bipolares derivados do sistema nervoso central. Entre as células olfatórias são encontradas também células de sustentação. Os cílios olfatórios formam um emaranhado com o muco, e são os cílios que estimulam as células olfatórias. Na membrana olfatória também se encontra as glândulas de Bowman, secretoras de muco. (GUYTON, 2017) A estimulação das células olfatórias ocorre por meio dos cílios olfatórios. Ao entrar em contato com a superfície da membrana olfatória, o odor se difunde pelo muco, o qual recobre a superfície do cílio olfatório. Em seguida, o odor se liga as proteínas receptoras presentes na membrana de cada cílio. Cada proteína receptora atravessa a membrana cerca de 7 vezes, dobrando-se entre seu interior e seu exterior. A molécula odorante se liga a parte exterior da proteína. A parte interna (intracelular) da proteína receptora está acoplada a proteína G, que é formada por três subunidades. (GUYTON, 2017) A subunidade alfa se separa da proteína G quando o receptor é estimulado, isso ativa a adenilil ciclase que está localizada na parte intracelular da membrana ciliar, próxima ao receptor. Quando a adenilil ciclase está ativada, ela converte moléculas de trifosfato de adenosina em monofosfato de adenosina cíclico (AMPc). A AMPc ativa o canal iônico de sódio, que se abre e permite a passagem de íons sódio pela membrana em direção ao citoplasma da célula receptora. Os íons sódio aumentam o potencial elétrico intracelular, tornando-o mais positivo, o que excita o neurônio olfatório e transmite os potenciais de ação pelo nervo olfatório para o sistema nervoso central. (GUYTON, 2017) Mesmo que seja pouca substância odorante o processo é iniciado, abrindo inúmeros canais de sódio. O que explica a sensibilidade dos neurônios olfatórios mesmo a pequenas quantidades de substâncias odorantes. (GUYTON, 2017) Também há fatores físicos que estimulam o mecanismo olfatório: 10 1- Precisam ser substâncias voláteis para serem aspiradas e percebidas pelo olfato. (GUYTON, 2017) 2- A substância deve ser pouco hidrossolúvel para conseguir atravessar o muco e atingir o cílio olfatório. (GUYTON, 2017) 3- A substância deve ser ligeiramente lipossolúvel pois há constituintes lipídicos dos cílios que constituem barreira para odorantes não lipossolúveis. (GUYTON, 2017) O potencial de membrana intracelular de células olfatórias não estimuladas é de -55 milivolts. Grande parte das substâncias odorizantes induz a despolarização da membrana olfatória, reduzindo o potencial negativo da célula para -30 milivolts (a voltagem passa a ser mais positiva). (GUYTON, 2017) Cerca de 50% dos receptores olfatórios se adaptam rapidamente no primeiro segundo de estímulo. O restante se adapta lentamente. As sensações do olfato se adaptam quase até a extinção em torno de 1 minuto após entrar em ambiente fortemente odorífico. (GUYTON, 2017) - Transmissão dos sinais olfatórios para o sistema nervoso central: - Transmissão dos sinais olfatórios para o bulbo olfatório: o bulbo olfatório fica sobre a placa cribriforme, que separa a parte encefálica da parte superior da cavidade nasal. As fibras nervosas olfatórias, que se projetam posterior ao bulbo são o nervo cranial I ou trato olfatório. A placa cribriforme possui perfurações por onde passam pequenos nervos com trajeto ascendente, partindo da membrana olfatória (na cavidade nasal) para o bulbo olfatório (cavidade craniana). Os axônios das células olfatórias formam glomérulos, que consistem em terminações axônicas proveniente das células olfatórias. (GUYTON, 2017) Os glomérulos também recebem terminações dendríticas de células mitrais e células em trufo, cujos corpos celulares residem no bulbo olfatório. Esses dendritos fazem sinapses com os neurônios das células olfatórias, e as células mitrais e em tufo enviam axôniospelo trato olfatório, transmitindo sinais olfatórios para níveis superiores no SNC. (GUYTON, 2017) O trato olfatório chega ao encéfalo entre o mesencéfalo e o prosencéfalo, onde se divide em duas vias: via aérea olfatória medial (sistema olfatório primitivo) e 11 via aérea olfatória lateral (sistema olfatório menos antigo e sistema olfatório mais recente). (GUYTON, 2017) - Via olfatória medial: localizada na porção mediobasal do encéfalo, anteriormente ao hipotálamo. Nela se localizam os núcleos septais, que se projetam para o hipotálamo e outras partes primitivas do sistema límbico. (GUYTON, 2017) - Via olfatória lateral: - Porção mais antiga: é composta pelo córtex pré-piriforme, córtex piriforme e porção cortical do núcleo amigdaloide. Dessas áreas, as vias neurais atingem quase todas as partes do sistema límbico. Muitas vias neurais dela provenientes se projetam diretamente para a parte mais antiga do córtex cerebral (paleocortex) na porção anteromedial do lobo temporal. *Essa é a única área de todo o córtex cerebral em que os sinais sensoriais passam diretamente para o córtex, sem passar primeiro pelo tálamo. (GUYTON, 2017) - Porção mais recente: passa pelo tálamo, para o núcleo talâmico dorsomedial e para o quadrante posterolateral do córtex orbitofrontal. (GUYTON, 2017) . Assim, parece ser o sistema olfatório primitivo o que participa nos reflexos olfatórios básicos, o sistema menos antigo o que fornece o controle automático, mas parcialmente aprendido, da ingestão de alimentos e aversão a alimentos tóxicos e pouco saudáveis, e o sistema recente, que é comparável à maioria dos outros sistemas sensoriais corticais, usado para a percepção e análise conscientes da olfação.” (GUYTON, 2017) Controle centrífugo: muitas fibras nervosas se originam do encéfalo e partem para o trato olfatório em direção ao bulbo olfatório (“centrifugamente” do encéfalo para a periferia). Essas fibras terminam em células granulares, localizadas entre as células mitrais e em tufo. As células granulares enviam sinais inibitórios para as células mitrais e em tufo, esse feedback inibitório é um meio de refinar a capacidade do indivíduo distinguir um odor de outro. (GUYTON, 2017) 2.2.5 Caracterizar a integração sensorial entre olfação e gustação. A percepção dos sabores, a salivação e a própria mastigação, que propiciam um maior contato e reconhecimento do que é ingerido, isto é, saboreado, dependem de alguns dos nervos cranianos. Esses nervos têm trajetos que passam pelo Tronco Cerebral que irá se continuar com a Medula Espinhal, responsável pela 12 comunicação do Sistema Nervoso Central com todo o corpo (HALL; GUYTON, 2017). Apesar de serem derivados de nervos diferentes, cheiro e gosto estão intimamente relacionados. Muitas vezes, só conseguimos saborear algo se a percepção dos aromas está intacta. Já observou que durante um resfriado a comida fica sem gosto? Isso é explicado pelo olfatório, o primeiro dos nervos cranianos que, dos cinco sentidos, é o que mais estimula sinapses nervosas, sendo até considerado como um verdadeiro prolongamento do cérebro. Os sentidos gustativos e olfativos são chamados de sentidos químicos. Os receptores gustativos são estimulados por substâncias químicas existentes nos alimentos, e os olfativos por substâncias químicas existentes no ar, e trabalham em conjunto na percepção dos sabores. A gustação é, primeiramente, uma função da língua. O receptor sensorial do paladar é a papila gustativa. Na superfície de cada uma dessas células gustativas existem prolongamentos bem finos que vão em direção à cavidade bucal, que revestem a superfície e permitem o paladar (HALL; GUYTON, 2017). Muito do que comumente chamamos de “gosto” dos alimentos é, na verdade resultado do olfato, pois a comida, ao ser mastigada, libera certos odores que se espalham pelo nariz. As sensações olfativas funcionam ao lado das sensações gustativas, auxiliando no controle do apetite e da quantidade de alimentos que são ingeridos. Por isso, quando comemos demais, o cheiro da comida faz com que nos sintamos mal, nauseados (HALL; GUYTON, 2017). 2.2.6 Identificar causas para alterações dos sentidos da olfação e da gustação. Disfunções olfatórias e gustatórias possuem etiologia variada, destacando-se as doenças nasais e sinusais obstrutivas, infecções do trato respiratório superior, traumatismo cranioencefálico, envelhecimento, exposição a tóxicos e algumas medicações, neoplasias nasais ou intracranianas, patologias psiquiátricas e neurológicas, iatrogenia, causas idiopáticas e congênitas. Aliás, é possível as disfunções olfatórias e gustatórias frequentemente ocorrem juntas. As anormalidades do paladar e do olfato são mais complexas, e estão presentes em situações como deficiência de vitaminas (B6, B12, A) e de zinco ou de 13 cobre, tabagismo, gravidez, anestesia geral, traumas dentários, arrinencefalia e desvios do septo nasal. Em definições semiológicas: • Anosmia e hiposmia: ausência e diminuição da olfação. Podendo agrupar em intranasal (impedem a passagem de partículas odoríferas até a zona olfatória, ou lesam as terminações nervosas olfatórias); Extranasal intracraniana (tumor de lobo frontal, anosmia congênita seletiva, trauma, atrofia difusa senil, meningite); Extranasal extracraniana (Sd Turner, disautonomia familiar, DM, psedohipoparatireoidismo, déficit de vitamina A). • Hiperosmia: aumento da olfação, pode ocorrer em gestação, hipertireoidismo, psicoses, lesão de ponta do lobo temporal, como na aura epilética, em insuficiência córtico-adrenal, na mucoviscidose (antes de desenvolver polipose nasal), na hiperplasia adrenal congênita virilizante não hipertensiva. • Cacosmia: sensação de odores desagradáveis que pode ser subjetiva quando só o indivíduo sente (sinusite purulenta) ou objetiva quando o indivíduo e outras pessoas sentem, como em tumores ou corpo estranho). Na rinite ozenosa somente as outras pessoas sentem, pois há lesão de terminações nervosas do paciente e/ou fadiga do nervo em consequência da percepção contínua dos odores fétidos. • Parosmia\Disosmia: distorção de odores, interpretação errônea de uma sensação olfatória, perversão do olfato, ocorre em neuropatas, neurite gripal, aura epilética. O indivíduo refere que "nada cheira certo" ou que "tudo tem o mesmo cheiro". • Fantosmia: sensação de odores que não existem, intermitente ou constante, os odores são geralmente descritos como pútridos (ovos podres ou fezes). Pode surgir como aura de epilepsia ou em portadores de neurite gripal. • Agnosia: inabilidade para classificar, identificar ou constatar uma sensação odorífera verbalmente.Em maioria destas alterações, podem ser determinadas por distúrbios psiquiátricas, tumores cerebrais, IVAS, TCE, envelhecimento, doença nasal, podem ser desencadeados por estímulos específicos como stress, sons altos, cheiros fortes ou problemas dietéticos (má nutrição, obesidade e anorexia). Geralmente ocorrem em mulheres 14 podendo ser contínuos ou intermitentes. Aproximadamente 2/3 dos casos de anosmia e hiposmia crônica são devidos a infecções de vias aéreas superiores, trauma nasal e doenças dos seios paranasais. Em menor proporção, as alterações olfativas podem estar associadas a iatrogenias (septoplastias, rinoplastias, turbinectomias, radioterapia, medicações), neoplasias. As patologias clinicas, temos, • Doença nasal e sinusal obstrutiva (23%): mais comum de distúrbio olfatório. Se a obstrução é total, o indivíduo apresenta anosmia (moléculas odoríferas não atingem o epitélio olfatório), liberando a obstrução a habilidade olfatória retorna. • Pós IVAS (infecções das vias aéreas superiores) (19%): a há diminuição ou ausência de receptores olfatórios, com substituição por epitélio respiratório em alguns casos, a perda olfatória é proporcional à perda neuronal, oprognóstico é pobre, um terço recupera-se espontaneamente com ou sem tratamento. • Pós TCE (Trauma cranioencefálico) (15%): o grau de perda está associado à severidade do trauma (porém trauma mínimo pode estar associado à anosmia) e traumas na região posterior está mais relacionada a alterações da olfação. O início da perda geralmente é imediato, alguns pacientes só percebem após alguns meses. • Envelhecimento: Diminui a habilidade para discriminar o sabor na comida do diaa-dia. Esta diminuição olfatória se deve ao processo fisiológico de envellhecimento, ocorrendo na sextasétima década, ou às doenças de Alzheimer e Parkinson. • Congênita: A teoria fisiopatológica seria da degeneração ou atrofia do epitélio e/ou bulbo olfatório no processo de desenvolvimento. Geralmente como achado isolado, mas temos a anosmia familiar associada. • Exposição à tóxicos: A perda olfatória pode ocorrer em dias ou anos, pode ser reversível ou permanente. O grau de lesão parece estar relacionado ao tempo de exposição, à concentração e toxicidade do agente, comumente associado ao tabaco, são exemplos de drogas que afetam a olfação: 15 Anfetaminas, Antibióticos (aminoglicosídeos, tetraciclina), Cocaína, Derivados de petróleo, etc. 2.2.7 Discutir acerca da importância dos órgãos sensoriais para o bem- estar biopsicossocial. Os seres humanos conseguem ter a capacidade para perceber estímulos externos e internos do próprio ambiente, em que são captados através de células sensoriais as quais estão presentes nos órgãos sensoriais em que são responsáveis pelos sentidos como: olfato, paladar, tato, visão e audição. Há assim, vários receptores, especializados que conseguem captar vários estímulos diversos. Esses receptores são formados por células nervosas que são capazes de converter os impulsos nervosos elétricos para que sejam processados no SNC (Sistema Nervoso Central) e depois mandará uma reposta voluntária ou involuntária a partir do estímulo (RODRIGUES, 2010). Esses órgãos dos sentidos são importantes para manter os mecanismos vitais para a sobrevivência humana, garantindo uma melhor integração do corpo humano com o meio ambiente. No entanto, com o envelhecimento natural e saudável, os órgãos sensoriais são afetados já que como os demais órgãos, estes também se desgastam com o avanço da idade. Nesse sentido, em pacientes idosos a deficiência desses órgãos sensoriais pode causar problemas psicomotores que afetarão o seu suporte psicológico e sua consciência. Deste modo, o maior valor dos órgãos sensoriais é que por meio deles conseguimos ter um maior contato com o espaço, como por exemplo por meio do tato conseguimos sentir o calor, frio, e a pressão atmosférica; pela gustação conseguimos identificar os diferentes sabores (azedo, doce, amargo, entre outros); pela visão conseguimos observar todo o ambiente, ver as diferentes cores, formas, geometrias; pelo olfato conseguimos sentir os diferentes cheiros e odores; e por fim, pela audição conseguimos captar os diferentes sons e se alarmar quando há situações de perigo (LIMA, 2007). Desta forma, o nosso corpo recebe esses estímulos externos e internos para saber como agir em diferentes situações, assim são de extrema importância para o bem estar biopsicossocial já que estes são responsáveis pela percepção sensorial, controle dos movimentos somáticos, manutenção da consciência e a regulação dos órgãos internos viscerais, assim pessoas que tem deficiências nesses órgãos 16 sensoriais tem a interpretação dificultada de pessoas, lugares e objetos trazendo muitos prejuízos sociais para o indivíduo (RODRIGUES, 2010). 2.2.8 Descrever a via gustativa, identificando seus elementos constituintes. A via gustativa opera através de terminações nervosas que fazem a comunicação entre as substâncias presentes nos alimentos e as células do tipo receptores sensoriais. Essas células são sensíveis a íons e moléculas presentes principalmente, mas não exclusivamente, nos alimentos ingeridos. Nos seres humanos, os receptores gustativos são encontrados principalmente na língua, faringe, epiglote, porção superior do esôfago e palato. Tais receptores são organizados em botões gustativos, que se aglomeram e formam papilas gustativas. Na língua, essas papilas de diferenciam para fornecer tanto a sensibilidade química quanto a sensibilidade mecânica, para que assim nosso corpo consiga distinguir diferentes sabores e texturas (AIRES, 2018). Aires (2018) aponta que o sabor é uma mistura de diversas características, entretanto, em se tratando de gustação, pode-se agrupar a sensibilidade gustativa em cinco tipos, sendo: doce, salgado, azedo, amargo e umami. Esses gostos são conhecidos como gostos primários e tem relação direta com o significado adaptativo, sendo: P Futas e derivados são associados ao doce; P Ingestão de sal promove o balanço hidroeletrolítico; P Azedo e amargo estão associados a substâncias que podem ser nocivas quando ingeridas em excesso ou mesmo em pequenas quantidades (venenos naturais e sintéticos); P Umami (“delicioso” em japonês) que está associado à detecção de aminoácidos específicos, como o glutamato monossódico, por exemplo. A via Gustativa A via gustativa nada mais é do que o “caminho” que a sensação de gosto percode desde a percepção até a interpretação. Tudo se inicia na célula receptora gustativa, desprovida de axônio, que é responsável por transmitir a informação 17 através de sinapses até os terminais de fibras aferentes dos pares cranianos VII e IX (facial e glossofaríngeo, respectivamente). Um ramo do nervo vago (par X) também possui inervações em alguns botões gustativos localizados na parte superior do esôfago e também na epiglote. Essa sinapse entre célula receptora gustativa e fibra aferente primaria é desenvolvida com o auxílio da Adenosina trifosfato (ATP) que atua como neurotransmissor. Ao ser liberada na fenda sináptica, as moléculas de ATP alcançam receptores purinérgicos do tipo P2X2/P2X3 na membrana pós sináptica do neurônio sensorial primário (AIRES, 2018). É importante entender que embora uma fibra gustativa tenha um dos 5 estímulos básicos como resposta preferencial, ela responde à, porém com diferentes intensidades. Desta maneira, a qualidade sensorial de um estímulo gustativo passa a não depender apenas da ativação de apenas um conjunto isolado de fibras, mas sim de um complexo padrão na atividade dos diferentes tipos de fibras sensoriais primárias e dos neurônios aos quais se projetam (AIRES, 2018). Esse tipo de codificação (detecção e reconhecimento) é a linguagem utilizada pelo cérebro pra interpretar os gostos. Sendo assim, tal código depende não da atividade de um neurônio específico ou de um pequeno e particular conjunto de neurônios, mas da atividade combinada de um grupo neuronal, o que se denomina “código de população”. Essa metodologia de percepção e interpretação de estímulos permite que oo SNC uma expansão combinatória da quantidade de padrões que podem ser identificados, quantidade essa que vai muito além do número de tipos de neurônios envolvidos (AIRES, 2018). Após codificadas as informações gustativas, essas se direcionam ao núcleo do trato solitário (NTS), localizado no bulbo, que cria uma segregação espacial dos estímulos gustativas básicos observados na língua. As projeções gustativas formadas no bulbo terminam em sua porção rostrolateral, que é conhecida como núcleo gustatório (AIRES, 2018). 2.2.9 Descrever a via olfatória, identificando seus elementos constituintes. O trato olfatório (fibras nervosas que se projetam posteriormente a partir do bulbo), chega ao encéfalo na junção anterior entre o mesencéfalo e o prosencéfalo e se divide em duas vias, a primeira passando em situação medial, para a área 18 olfatória medial (sistema olfatório muito antigo), e a segunda passando lateralmentepara a área olfatória lateral (sistema olfatório menos antigo) (GUYTON & HALL, 2011). A área olfatória medial é composta por um grupo de núcleos, que estão localizados na porção mediobasal do encéfalo, anterior ao hipotálamo, além disso, essa área está relacionada aos comportamentos básicos da olfação, ou seja, respostas provocadas pelo cheiro da comida, como a salivação ou lamber os lábios (GUYTON & HALL, 2011). Já a área olfatória lateral, é composta pelo córtex pré-piriforme, córtex piriforme e pela porção cortical do núcleo amigdaloide, assim, as vias neurais atingem praticamente todas as partes do sistema límbico, principalmente o hipocampo, o qual é a porção mais importante relacionada a percepção de gostar ou não de certos alimentos de acordo com sua experiência prévia. Além disso, observa- se que essa área é a única de todo o córtex cerebral que os sinais sensoriais passam diretamente para o córtex, sem passar pelo tálamo (GUYTON & HALL, 2011). Por fim, nota-se a presença de uma via olfatória mais recente, a qual auxilia na análise consciente do odor, e passa pelo tálamo, para o núcleo talâmico dorsomedial e finalmente, para o quadrante posterolateral do córtex orbitofrontal (GUYTON & HALL, 2011) 2.2.10 Explicar as alterações de gustação e olfação provocadas pelo cigarro. O cigarro possui aproximadamente 4.720 substâncias diferentes, sendo que algumas delas podem causar problemas ao corpo. A exposição constante à fumaça do cigarro sendo pela aspiração e inalação, podem provocar lesões no funcionamento e na estrutura da mucosa bucal e nasal, principalmente com o efeito térmico. Desse modo, a capacidade de detectar e perceber os estímulos nos receptores sensoriais que o alimento produz, fica afetado (FURLANETO et al., 2010). Além disso, as substâncias tóxicas constituintes do cigarro afetam a secreção salivar, e consequentemente, diminui a qualidade de mastigação, deglutição e fonação, além de propiciar o aparecimento de fissuras na língua. Portanto, é observado que o fumante tem alterações sobre o paladar e o olfato dos alimentos, 19 pois, há surgimento de atrofia das papilas gustativas da língua, afetando assim a qualidade do paladar e do olfato (INCA, 2012). Outro fator importante, são os problemas estruturais ocasionados pela fumaça, como: redução no tamanho e na quantidade de vesículas olfatórias e número de cílios; queimação na área olfatória o que causa o desenvolvimento de sensações dolorosas nessa região; diminuição da percepção nos receptores sensoriais do olfato e do paladar (CHAVES, 2011). 20 3. CONCLUSÃO Em suma, foi possível compreender a importância do sentido de olfação e gustação, seu funcionamento fisiológico, bem como entender a anatomia das estruturas relacionadas , em especial, as vias efetoras. Assim como compreender a relação entre ambos, ligados para um equilíbrio para uma melhor qualidade de vida. Sendo assim, as alterações desse sistema também foram de grande importância e amplamente discutidos no relatório, de modo a compreende-las e discutir como elas podem afetar os portadores. Além disso, a influência prejudicial do uso do cigarro nas vias sensitivas olfatórias e gustativas, por meio da exposição á fumaça e várias substâncias tóxicas. É fundamental ter ciência desses efeitos para agregar em nosso conhecimento, afim de que possamos transmitir as orientações necessárias na profissão em prol da saúde coletiva e individual. 21 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AIRES, M. M. Fisiologia. 5a Ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2018. CHAVES R.D. et. al. Sintomas indicativos de disfagia em portadores de DPOC. J Bras Pneumol. 2011;37(2): 176-83. CONSTANZO L.S. Fisiologia. 5.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. FURLANETO C.J., PASSARETTI, T. Políticas de controle ao uso do tabaco em ambiente de trabalho por empresas da Grande São Paulo. Rev Inst Ciênc Saúde. 2010; 26(3): 281-8. GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. HALL, J. E.; GUYTON, A. C. Guyton & Hall. Tratado de fisiologia médica. 13. ed. 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