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Sociedade, Tecnologia e Inovação - Democracia no Século XXI

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Sociedade e Tecnologia e Inovação 
 
 
 
Unidade de 
Aprendizagem 18 
 
 
Democracia no 
Século XXI 
 
 
 
 
 
 
 
Ao final da aula você deverá ser capaz de refletir sobre 
Democracia: o que é, como é exercida no Brasil e no mundo 
e quais os rumos para as próximas décadas do século XXI. 
 
 
 
 
 
Discutir como a democracia é vivenciada em diferentes 
nações e por diversas lideranças. 
 
 
 
 
 
Conseguir discernir o estágio atual da democracia e quais 
os rumos para as próximas décadas do século XXI. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Sociedade e Tecnologia e Inovação 
 
 
 
Apresentação 
 
 Nesta unidade nós vamos refletir juntos sobre Democracia. Será que ela também 
sobre os efeitos das mudanças nas sociedades e se altera com o passar dos tempos? 
Será que a democracia é a mesma em todos os lugares, estados, países? Afinal, o que é 
Democracia? Como, onde e por que a Democracia começou? São muitas as perguntas 
a serem respondidas pelo estudo dos conteúdos desta aula. 
 Mas não é só isso o que queremos aprender neste momento. Interessa-nos 
saber se na sociedade atual globalizada, como a democracia é vivenciada em diferentes 
países. Mais ainda: quais os rumos previstos para a democracia nas próximas décadas 
do século XXI. 
 Precisamos saber também qual é o nosso papel, como cidadãos, para que os 
valores democráticos prevaleçam, aproveitando as oportunidades oferecidas pelos 
avanços tecnológicos para garantir um mundo pleno de bem-estar para todos. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 Muitos diziam que não chegaríamos ao ano 2000, lembra-se disso? 
 Pois não só chegamos como estamos vivendo no século XXI! 
 Muitas transformações aconteceram nestes últimos anos, proporcionadas pela 
evolução das tecnologias, pela globalização. 
 E o que podemos vislumbrar no futuro? Quais as expectativas para o mundo 
neste novo século tão marcado por mudanças? 
 Alguém poderia imaginar as revoluções que estão acontecendo pelo mundo 
afora, como a queda de Mubarak, Egito, a guerra na Líbia ou como o maior país socialista 
do mundo e a principal economia capitalista do mundo? 
 Quantos avanços foram conseguidos em termos de democracia e sociedade... 
 Durante as unidades anteriores, pudemos estudar sobre a evolução das 
tecnologias. Refletimos sobre as conseqüências desta evolução para a sociedade, desde 
a força destrutiva das armas nucleares às negligências contra o ambiente, o crescimento 
das desigualdades sociais, o aumento de conflitos étnicos: como conservar a paz num 
mundo tão carente de equilíbrio? 
 Nesta unidade você é convidado a refletir como será e que papel terá a 
Democracia no Século XXI. 
 Antes disso, porém, cabe perguntar: você consegue definir DEMOCRACIA? 
 Esta reflexão será fundamental para o entendimento e conclusão dos conceitos 
abordados nesta disciplina. 
 
 
 
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 Figura 1: Eleições: a festa da democracia 
 
 
 
 
 
 
 Vamos começar por compreender e definir o que é DEMOCRACIA, palavra de 
origem grega, que significa “governo do povo”: 
Regime político que se funda na soberania popular, na liberdade eleitoral, na divisão de 
poderes e no controle de autoridade; sistemas de relações estabelecidas no interior de 
uma instituição, de um grupo etc., que leva em consideração, em seus diversos níveis 
hierárquicos, as opiniões de todos os responsáveis pelas tarefas a cumprir. A democracia 
pode ser: 
• Direta: sistema político no qual o povo exerce sua soberania sem o 
intermédio de um órgão representativo. 
• Representativa: sistema político no qual o povo exerce sua soberania por 
intermédio de órgãos representativos. 
• Social: sistema político no qual o povo exerce sua soberania tanto no 
domínio econômico e social como no domínio político (LAROUSSE CULTURAL, 
1998, pág. 5433). 
 
Segundo Bobbio (1995), a democracia surgiu de um entendimento individualista da 
sociedade. Segundo este autor, qualquer forma de sociedade é um produto não natural 
da aspiração dos indivíduos, baseada nas considerações abaixo: 
• Contratualismo – o estado da natureza onde indivíduos livres e iguais 
vivem em harmonia, organizados por meio de um poder comum que lhes 
garante a vida, a liberdade e a propriedade. Existe desde antes da sociedade 
civil; 
 
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• O bem comum acima dos bens individuais; 
• Um estado onde não há sociedades particulares entre o povo e seus 
representantes; 
Porém, a Democracia como a conhecemos, não aconteceu desta forma, mas sim: 
• Grupos e grandes organizações; 
• Associações de várias naturezas; 
• Sindicatos de diversas profissões; 
• Partidos das mais diversas ideologias; 
• Atuação dos indivíduos cada vez menor; 
• Os protagonistas da vida política na sociedade democrática são os grupos 
e não os indivíduos. 
 
 O autor ainda discute que a democracia deveria se diferenciar pela representação 
política, onde o representante luta pelos interesses da nação e não uma representação 
de interesses individuais e particulares. 
 Os representantes eleitos deveriam representar os interesses do povo, porém, 
não acontece assim porque vivemos numa sociedade composta de grupos autônomos 
que lutam pela sua supremacia. Para fazer valer os próprios interesses contra outros 
grupos, além do que, cada grupo tem a tendência de buscar o interesse nacional, a 
partir de seus próprios interesses. 
 Para Bobbio(1995) seria extremamente necessária a eliminação da tradicional 
distinção entre governados e governantes. Mas a democracia representativa é 
considerada incapaz de eliminar estas oligarquias do poder. 
 Bobbio(1995) afirma que a democracia surgiu com a esperança de eliminar 
o poder invisível e dar vida a um governo cujas ações deveriam ser desenvolvidas 
publicamente, nas sociedades humanas. Porém, o que acontece é que as grandes 
decisões políticas acabam sendo tomadas em gabinetes, longe dos olhares indiscretos 
do público, o que torna ainda mais importante a exigência de publicidade dos atos de 
governo, para que o cidadão possa conhecer e controlar o que lá acontece. 
 Para que se saiba como a democracia se desenvolveu num determinado país, 
deve-se procurar saber se houve aumento dos espaços onde os indivíduos podem 
exercer seus direitos e não se houve aumento da quantidade dos que têm o direito de 
participar nas decisões que lhes dizem respeito. 
 A democracia é exercida pelo eleitor que tem esperança em obter benefícios do 
sistema político e pelo eleitor que se empenha na articulação de processos e tomada de 
decisões. 
 A democracia é influenciada por problemas burocráticos, pois, quando só os 
proprietários votavam, o poder público protegia a propriedade. Quando o voto foi 
aberto aos analfabetos e a quem não era proprietário, o governo passou a proporcionar 
escola gratuita, amparo aos desempregados, seguros sociais etc. 
Além disso, a reunião do Estado liberal com o Estado democrático contribuiu para 
que a sociedade civil se emancipasse, ou seja, a liberdade civil implica em comunicação 
entre cidadãos e governantes levando o governo a agir. 
 
 
 
 
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 Mesmo diante do exposto, há esperança para a democracia no futuro: 
• Houve aumento do espaço dos regimes democráticos nos últimos 40 
anos. 
• Foram derrubados governos autoritários após a 2ª guerra mundial, além 
de não serem afetados os países em que a democracia havia sido restaurada. 
• Não houve transformação de regimes democráticos em regimes 
autocráticos, apesar de promessas que não foram cumpridas e dos 
obstáculos que não estavam previstos. 
 
 Pode-se verificar, também, que osdireitos de liberdade foram preservados, a 
concorrência entre os partidos políticos, decisões tomadas com base no princípio onde 
a maioria é importante. 
 Diante de tudo isso, constata-se que há democracias mais ou menos sólidas, 
muito próximas ou não do modelo ideal. 
 Para que se entenda melhor os rumos da democracia, é necessário refletir que o 
capitalismo “sem rédeas” formou uma rede global, um estrutura técnica, baseada em: 
• Monopólio das finanças, tendo como base o padrão dólar dos Estados 
Unidos da América e nas políticas do Banco Mundial e do Fundo Monetário 
Internacional, promove a especulação da economia nos principais centros 
financeiros superam em mais que o dobro as reservas dos bancos centrais 
doa países que compõem a OCDE (Organização Para Cooperação e 
Desenvolvimento Econômico) 
• Monopólio tecnológico atuando, principalmente, sobre os direitos de 
propriedade e as patentes. 
• Monopólio sobre os recursos naturais, principalmente sobre o petróleo, 
com controle sobre os preços. 
• Monopólio da comunicação, fazendo com que a realidade seja virtual e 
manipulável, de acordo com a conveniência de alguns. 
• Monopólio militar, que pode ser verificado nas guerras do Golfo e não 
invasão do Iraque, tendo relação direta com os monopólios anteriores 
formando uma estrutura integrada. Aqui pode-se exemplificar a 
capacidade de violência física e sua relação com os monopólios de recursos 
comunicativos, tecnológicos e financeiros, e suas lógicas relações internas. 
 
 Vive-se uma fase de transição rápida nas formas de organização, em nível 
mundial. Há que se ter consciência de que, neste processo, a Democracia deverá 
realizar um papel mais importante que o Estado Constitucional Moderno, mesmo que 
não pareça ser desta forma. 
 A globalização e o avanço das tecnologias da informação deverão coexistir 
com uma globalização política e social, na qual os valores democráticos estejam acima 
dos demais. A globalização implica em relações de interdependência, necessidades 
e problemas novos. É necessário reconstruir a Sociedade pós Estado Constitucional 
Moderno, através da reabilitação do político, do social e do cultural em contraposição à 
soberania da razão econômica. Isso significa redefinir, ou redescobrir o bem comum, o 
viver em sociedade. 
 Tivemos, no Brasil, um forte movimento pela redemocratização do país: as 
DIRETAS JÁ! 
 
 
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Foi um dos movimentos de maior participação popular, da história do Brasil. 
Teve início em 1983, no governo de João Batista Figueiredo e propunha 
eleições diretas para o cargo de Presidente da República. A campanha 
ganhou o apoio dos partidos PMDB e PDS, e em pouco tempo, a simpatia da 
população, que foi às ruas para pedir a volta das eleições diretas. 
Sob o Regime Militar desde 1964, a última eleição direta para presidente 
fora em 1960. A Ditadura já estava com seus dias contados. Inflação alta, 
dívida externa exorbitante, desemprego, expunham a crise do sistema. Os 
militares, ainda no poder, pregavam uma transição democrática lenta, ao 
passo que perdiam o apoio da sociedade, que insatisfeita, queria o fim do 
regime o mais rápido possível. 
Em 1984, haveria eleição para a presidência, mas seria realizada de modo 
indireto, através do Colégio Eleitoral. Para que tal eleição transcorresse 
pelo voto popular, ou seja, de forma direta, era necessária a aprovação da 
emenda constitucional proposta pelo deputado Dante de Oliveira (PMDB – 
Mato Grosso). 
A cor amarela era o símbolo da campanha. Depois de duas décadas intimidada 
pela repressão, o movimento das Diretas Já ressuscitou a esperança e a 
coragem da população. Além de poder eleger um representante, a eleição 
direta sinalizava mudanças também econômicas e sociais. Lideranças 
estudantis, como a UNE (União Nacional dos Estudantes), sindicatos, como 
a CUT (Central Única dos Trabalhadores), intelectuais, artistas e religiosos 
reforçaram o coro pelas Diretas Já. 
Foram realizadas várias manifestações públicas. Mas dois comícios marcaram 
a campanha, dias antes de ser votada a emenda Dante de Oliveira. Um no 
Rio de Janeiro, no dia 10 de abril de 1984 e outro no dia 16 de abril, em São 
Paulo. Aos gritos de Diretas Já! mais de um milhão de pessoas lotou a praça 
da Sé, na capital paulista. 
Uma figura de destaque deste movimento foi Ulysses Guimarães (PMDB), 
apelidado de “o Senhor diretas”. Outros nomes emblemáticos da campanha 
foram o atual presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, a cantora 
Fafá de Belém e o apresentador Osmar Santos. 
No dia 25 de abril de 1984, o Congresso Nacional se reuniu para votar 
a emenda que tornaria possível a eleição direta ainda naquele ano. A 
população não pode acompanhar a votação dentro do plenário. Os militares 
temendo manifestações reforçaram a segurança ao redor do Congresso 
Nacional. Tanques, metralhadoras e muitos homens sinalizavam que aquela 
proposta não era bem-vinda. 
Para que a emenda fosse aprovada, eram necessários 2/3 dos votos. A 
expectativa era grande. Foram 298 votos a favor e 65 contra. Por 22 votos, a 
proposta de Dante de Oliveira não conseguiu ser aprovada. 
Com o fim do sonho, restava ainda a eleição indireta, quando dois civis 
disputariam o cargo. Paulo Maluf (PDS) e Tancredo Neves (PMDB) foram 
os indicados. Com o apoio das mesmas lideranças das Diretas Já, Tancredo 
Neves venceu a disputa” (INFOESCOLA, 2010). 
 
 
 
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 A Democracia neste momento histórico deve ser repensada, no sentido de 
captar e centralizar os novos problemas de uma história que já passou e recomeça agora 
de novo. Vive-se uma crise profunda da Democracia representativa em todas as suas 
formas, independentemente deste ou daquele governo. 
 A Democracia deve, acima de tudo, fazer com que haja evolução da Sociedade, de 
forma que a diversidade de preferências políticas e não políticas (territoriais, sindicais, 
culturais, relacionais, étnicas, de idade etc), possam se mobilizar livremente, trazendo 
ganhos para toda a comunidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 2: Mudanças no mundo 
 
 Enfim... Cada cidadão deve fazer sua parte para que a Democracia prevaleça 
diante de tantos problemas, aproveitando as oportunidades geradas pela globalização, 
avanços tecnológicos, de forma a contribuir para que as sociedades sejam cada vez mais 
sustentáveis e preocupadas com o bem estar do ser humano no mundo. 
 
 
 
 
 
 
 
 A democracia nos remete a exercermos nossos direitos e deveres de cidadãos... 
Vivemos, em 2010, as eleições presidenciais. Pesquise sobre as formas de apresentação 
dos partidos políticos, as posturas adotadas, éticas ou não. 
 “Sob muitos aspectos as eleições do último dia 3 de outubro revelaram uma boa 
dose de maturidade do povo brasileiro. Não apenas compareceu em massa às urnas, 
como votou com tranqüilidade naquelas pessoas que parecem merecer confiança, ou 
ao menos que podem ser portadoras de algum recado significativo” (MOSER, 2010). 
 
 
 
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Globalização - é um fenômeno social que ocorre em escala global. Esse processo consiste 
em uma integração em caráter econômico, social, cultural e político entre diferentes 
países, oriundo de evoluções ocorridas, principalmente, nos meios de transportes e nas 
telecomunicações, fazendo com que o mundo “encurtasse” as distâncias. 
OCDE - Organização Para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. 
 
 
 
 
 
 
 
 Estamos caminhando para o encerramento da disciplina. Na próxima unidade, 
você será convidado a revisar todos os conceitos abordados, como uma forma de 
repensar o conteúdo, refletir os pontos positivos e negativos. É hora de esclarecer, 
discutir, com os colegas, com tutor e professor,se ainda há algum conceito ou assunto 
que precisa ser melhor trabalhado. 
 
 
 
 
 
 
 
BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia. Trad. Carmo Rodrigues. Lisboa: Fundação 
Calouste Gulbenkian, 1995. 
 
DUARTE, Lidiane. Diretas já. São Paulo: InfoEscola, 2007. On line em http://www. 
infoescola.com/historia/diretas-ja/ acesso 20 de abril de 2011. 
 
Grande Enciclopédia LAROUSE CULTURAL. São Paulo: Nova Cultural, 1998. 
 
MOSER, Frei Antonio. Eleições presidenciais 2010: pontos para reflexão. Disponível em 
< http: //noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=278207>. Acesso em 10/2010. 
 
SANOS, M. Por uma outra globalização. São Paulo: Record, 2008 
 
TOFFLER, Alvin. A terceira onda.São Paulo: Record, 2007. 
 
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 Nesta unidade você leu e refletiu sobre a origem da Democracia e as perspectivas 
para o exercício da Democracia nas próximas décadas. Para que você possa assimilar 
essas informações e aprender mais sobre esses assuntos participe das atividades 
previstas. Pesquise e reflita sobre a democracia no Brasil, além de debater com seus 
colegas sobre o processo democrático brasileiro. Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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