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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE SERGIPE CURSO DE BIOMEDICINA ANGELA DE JESUS MAYARA DOS SANTOS DANTAS RISCOS DA AUTOMEDICAÇÃO NA POPULAÇÃO BRASILEIRA ARACAJU 2021 2 ANGELA DE JESUS MAYARA DOS SANTOS DANTAS RISCOS DA AUTOMEDICAÇÃO NA POPULAÇÃO BRASILEIRA Artigo Científico apresentado ao Centro Universitário Estácio de Sergipe, como um dos pré-requisitos de Conclusão do Curso de Bacharel em Biomedicina. Orientadora: Prof.ª Dra.Lorena Xavier Conceição Santos ARACAJU 2021 3 ANGELA DE JESUS MAYARA DOS SANTOS DANTAS RISCOS DA AUTOMEDICAÇÃO NA POPULAÇÃO BRASILEIRA Artigo Científico apresentado como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Biomedicina à comissão julgadora do Centro Universitário Estácio de Sergipe. Aprovada em_____/______/______ BANCA EXAMINADORA Prof.ª Dra.Lorena Xavier Conceição Santos Orientadora Centro Universitário Estácio de Sergipe Prof.º Me. Anne Caroline Santos Ramos Centro Universitário Estácio de Sergipe Prof.º Gessiane de Oliveira Brito Centro Universitário Estácio de Sergipe 4 RISCOS DA AUTOMEDICAÇÃO NA POPULAÇÃO BRASILEIRA 1Angela de jesus 2Mayara dos santos Dantas RESUMO Compreende-se como automedicação, a forma em que um indivíduo faz uso de medicamentos sem a orientação de um profissional de saúde. O hábito da automedicação sem acompanhamento médico pode incidir em vários riscos à saúde, como intoxicações, envenenamentos, resistência à fármacos, entres outros fatores. O presente estudo teve como objetivo, realizar um estudo de revisão a fim de compreender quais os fatores promotores destas práticas na população, associando a fatores como idade, gênero e classe social, assim como identificar como essas práticas prejudicam a saúde da população brasileira. Para tanto, a metodologia utilizada parar realização do estudo consiste em uma revisão integrativa dos artigos selecionados em pesquisas nos bancos de dados do SciELO, Google acadêmicos e LILACS. A prevalência da automedicação foi comprovada em diversas classes sociais, onde identificou-se que os medicamentos mais utilizados pelos usuários foram os analgésicos e anti-inflamatórios. O uso irracional de medicamentos pode trazer sérios danos à saúde do indivíduo, podendo ocasionar em óbito do usuário. Espera-se que através deste trabalho, o leitor tenha um entendimento objetivo e amplo sobre o assunto abordado. Palavras-chave: Automedicação; População; Riscos; Medicamentos. 1 Graduanda do Curso de Biomedicina do Centro Universitário Estácio de Sergipe. E-mail: angela.brunna@hotmail.com 2 Graduanda do Curso de Biomedicina do Centro Universitário Estácio de Sergipe. E-mail: mayaradantas9944@gmail.com 3 Prof.ª Dr.ª Lorena Xavier Conceição Santos, orientadora e docente do Curso de Biomedicina do Centro Universitário Estácio de Sergipe. E-mail: lorena.conceicao@estacio.br mailto:lorena.conceicao@estacio.br 5 THE RISKS OF SELF-MEDICATION IN THE BRAZILIAN POPULATION Angela de jesus Mayara dos santos Dantas ABSTRACT Self-medication is understood as the way in which an individual uses medication without the guidance of a health professional. The habit of self-medication without medical supervision can lead to several health risks, such as intoxication, poisoning, drug resistance, among other factors. The present study aimed to carry out a review study in order to understand which factors promote these practices in the population, associating factors such as age, gender and social class, as well as to identify how these practices affect the health of the Brazilian population. Therefore, the methodology used to carry out the study consists of an integrative review of selected articles in research in the databases of SciELO, Google academics and LILACS. The prevalence of self-medication was proven in several social classes, where it was identified that the medications most used by users were analgesics and anti- inflammatory drugs. The irrational use of medications can cause serious damage to the individual's health, possibly resulting in the user's death. It is hoped that through this work, the reader will have an objective and broad understanding of the subject covered. Keywords: Self-medication; Population; Risks; Medications 6 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 7 2.REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 10 2.1 O que é automedicação? ..................................................................... 10 2.2 Os fatores influenciadores na automedicação ................................... 11 2.3 Os riscos da automedicação .............................................................. 12 2.4 Os medicamentos mais usados na automedicação ............................. 12 2.5 A Automedicação e o covid .................................................................. 13 2.6 A automedicação e o profissional da biomedicina ............................... 13 3 MÉTODO ....................................................................................................... 15 4 RESULTADOS .............................................................................................. 17 5 DISCUSSÃO ................................................................................................. 29 Conclusão ....................................................................................................... 34 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 35 7 1 INTRODUÇÃO Os medicamentos são de grande importância para os tratamentos de doenças e tem como principal função ajudar na melhoria e qualidade de vida da população, porem seu uso desregulado tem preocupado autoridades pelo fácil acesso e facilidade de compra de inúmeros fármacos, sem a exigência de controles e receitas medicas pelas farmácias onde são vendidos (DOMINGUES et al 2017). Além disso, muitos medicamentos são produzidos para serem utilizados de forma profilática, paliativa, curativa e para devidos tratamentos de diagnósticos, porem o uso de forma exagerada pode levar o indivíduo a ter sérios problemas de saúde e a até mesmo, em situações mais graves levar o indivíduo a óbito (GONÇALVES et al.,2017). A OMS - Organização Mundial da Saúde em 1998, definiu o conceito de automedicação como a escolha que indivíduo tem de usar medicamentos sem prescrição medica ou supervisão de um médico ou dentista (ARRAIS et al., 2016). De acordo com Arrais et al. (2016), a busca por determinados medicamentos como analgésicos e anti-inflamatórios tem crescido de forma progressiva. Grande parte destes medicamentos são comercializados sem receita médica e geralmente, tem um efeito rápido no alívio nos sintomas, das dores e proporciona ao usuário uma sensação temporária de bem-estar ao longo de seu efeito, atuando no momento da dor. Porém, é necessário ficar atento sobre seus efeitos, possíveis interações medicamentosas etc. A utilização de medicamentos de forma recorrente pode trazer efeitos adversos nos usuários e a possibilidade de surgimento de novas doenças, além disso, pode ocasionar uma recuperação lenta do problema de saúde pré-existente, podendo retardar um possível diagnóstico correto (ARRAIS et al., 2016). Oliveira e Barbosa (2018) salienta a necessidade de respeitar devidamente as prescrições de medicamentos, para que o uso dos fármacos seja feito conforme orientação médica, a fim de seevitar erros e atrasos nas doses indicadas, respeitando sempre o período estabelecido para a duração do tratamento, para que os critérios de qualidades sejam cumpridos e que se possa cumprir a terapia da melhor maneira possível. 8 No Brasil o setor privado é um dos principais produtores e fornecedores de medicamentos a população brasileira. A grande maioria desses consumidores são pessoas leigas em farmacologia, ou seja, não possuem informações adequadas sobre os riscos e possíveis danos que a automedicação pode trazer a sua saúde. A falta de controle desses medicamentos tem gerado o aumento de sua comercialização, principalmente dos medicamentos de tarja vermelha. Estes, por sua vez, são fármacos que são vendidos com mais facilidade pois não necessitam de receita medica. Os principais sintomas que contribuem para o aumento da automedicação são a dor de cabeça, dores musculares e dores de garganta (OLIVEIRA e BARBOSA, 2018). De acordo com Domingues et al. (2017), a automedicação racional pode ajudar diminuir pequenos sintomas e ajuda nos tratamentos de enfermidades menores sem necessidade de internamentos ou ocupações em hospitais. Os riscos da automedicação podem estar associados às dificuldades encontradas pela população em acessar os serviços de saúde, resultando em adoecimento sem avaliação clínica, atrasos nos diagnósticos ou diagnósticos incorretos. Vários fatores têm influenciado nessa facilidade de compra de fármacos, por exemplo, a falta de acesso ao sistema único de saúde, custos com planos e consultas medicas. No Brasil, entende-se muito pouco sobre a população associada a essa prática, a utilização de medicamento sem acompanhamento devido pode ocasionar consequências graves, na maioria das vezes irreversíveis. De acordo com Domingues et al (2017), tais motivos acarretam na busca individual por medicamentos que minimizem os sinais e sintomas das patologias que lhes acometem, levando o indivíduo a tomar medicamentos sem recomendação médica sem saber quais os efeitos determinado fármaco pode ocasionar no organismo, incidindo em riscos: riscos relacionados a intoxicação, reações alérgicas, dependência química ou efeitos mais graves. Esta pesquisa tem como propósito buscar entender sobre a prática da automedicação; quais fatores levam a essa pratica e quais os riscos e danos que pode causar a saúde do indivíduo. 9 Diante do exposto, o objetivo geral da pesquisa foi analisar os riscos da automedicação na população brasileira e como essa prática pode trazer consequências para a vida das pessoas, além de identificar os riscos e reações adversas da automedicação; relacionar fatores como: idade, gênero e classe social; sistematizar as consequências do uso irracional dos medicamentos sem prescrição medica e entender como alguns medicamentos agem no corpo humano quando administrado de forma contínua. Desta maneira, visto que a automedicação é um problema de saúde pública, sendo ele sociocultural e econômico, observamos que há uma necessidade de entender mais sobre essa prática e buscar formas para tentar ajudar e controlar esses hábitos de se automedicar, tendo como objetivo estudar os fatores e riscos que estão associados a automedicação na população brasileira. 10 2.REVISÃO DE LITERATURA 2.1 O que é automedicação? Para a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a automedicação consiste na “utilização de medicamentos por conta própria ou por indicação de pessoas não habilitadas, para o tratamento de doenças cujos sintomas são percebidos pelo usuário, sem a avaliação prévia de um profissional de saúde habilitado.” A automedicação, portanto, diz respeito, ao uso de medicamentos sem prescrição de um profissional habilitado, como médico ou odontólogo. A Automedicação pode ser compreendida por quem a pratica, como uma forma de autocuidado. Tais hábitos desenvolvem-se a partir do uso de medicamentos conhecidos através da mídia ou em relações socias. Para Bartikokski e colaboradores (2018), a automedicação atrasa ou impede terapias adequadas ao diagnóstico, podendo inibir sinais e sintomas indicativos podendo acarretar em complicações e problemas mais sérios. É importante que as pessoas sejam alertadas sobre a utilização de medicamentos de forma racional (BARTIKOSKI et al., 2018). Segundo Batista (2020), a prática da automedicação arraiga-se a diversos fatores, sendo os principais as questões socioculturais, econômicas e/ou associadas aos serviços de saúde. Nesta investigação notou-se a associação, estatisticamente significante, entre a renda mensal e o uso de medicamentos, sendo condizente com outros estudos, e podendo ser justificado pelo fato de que Indivíduos com problemas de saúde e baixo nível socioeconômico, implica no maior uso de medicamentos, suportada pela dificuldade no acesso aos serviços de saúde e o não pagamento de taxas assistenciais médicas. Verificou-se neste estudo que, os participantes que apresentaram algum tipo de dor, tinham mais chances de terem praticado a automedicação nos últimos de 15 dias. 11 A razão para isto pode estar relacionada com o fato de a dor ser apontada como a principal causa da incapacidade do indivíduo, sendo a medicação o meio mais indicado para o tratamento, tendo em vista a maior disponibilidade dos fármacos e a certa facilidade ao acesso. 2.2 Os fatores influenciadores na automedicação O sistema único de saúde (SUS) é um sistema que apresenta vários serviços à saúde de forma gratuita, como, por exemplo, consultas, exames e cirurgias. O problema é a super lotação e os atrasos nos atendimentos disponibilizados. Com essa demora, a população tem optado por um meio mais rápido de aliviar sinais e sintomas, especialmente a dor localizada - através da busca por medicamentos em farmácias populares e privadas. A facilidade em adquirir medicamentos é um dos fatores considerados de grande peso, pois a maioria das pessoas consegue medicamentos com bastante facilidade aumentando assim a possibilidade de automedicação. Os idosos são possivelmente, o grupo mais medicado na sociedade, devido ao número de doenças crônicas com idade, tendo assim mais efeitos colaterais e dessa maneira aumentando a quantidade que vai tomar. A fim de controlar a prática da automedicação, a OMS estabeleceu como seu grande desafio, o de ampliar a divulgação e trazer melhorias na racionalidade quanto ao uso de medicamentos, havendo então a necessidade de promover estudos que proporcionem a avaliação desses usos e observar o padrão do consumo de medicamentos sem orientação médica (MARQUES, 2014). Compreender alguns fatores como a má qualidade de oferta de fármacos, o não cumprimento obrigatório da receita medica e a carência de informações e instrução da população em geral, justificam a preocupação em implementar estratégias do uso racional de fármacos (SILVA, et al., 2012). O acúmulo de medicamentos nas residências tem sido um outro fator importante na prática da automedicação. Muitas pessoas ao sentirem alguma dor, logo recorrem aos fármacos disponíveis em casa e acabam tomando remédio por conta própria, ou por indicação de algum familiar, ou pessoas mais próximas. Além disso, fatores como a familiaridade com o medicamento, experiências positivas anteriores, a função que um medicamento exerce sobre a população e as 12 dificuldades de acesso a serviços públicos de saúde contribuem para a automedicação (OLIVEIRA e BARBOSA,2018). 2.3 Os riscos da automedicação A automedicação é aceitável pela Organização Mundial de Saúde, desde que seja praticada de forma responsável. De acordo com a OMS. este nível de automedicação é até favorável, considerável um benefício para o sistema público de saúde (OMS, 2005). Dores de cabeça, cólicas abdominais oumenstruais podem ser aliviadas com medicamentos de menor potência (CASTRO et al., 2006). O uso inapropriado de medicamentos se torna ainda mais preocupante quando associados a falta de informação por parte do usuário. De acordo com (OLIVEIRA e BARBOSA, 2018) dados do ano de 2016 do Sistema Nacional de Informações toxico-farmacológico, no Brasil, 35% dos casos de intoxicações foram por medicamentos. As intoxicações por medicamentos podem ocorrer por diferentes fatores: por prescrição médica equivocada, superdose, doses administradas por vias incorretas, tentativas de suicídios, acidentes, automedicação, entre outros fatores. O uso sem orientação de medicamentos antibióticos é terminantemente proibido no Brasil, onde a dispensação nas farmácias só deve ocorrer com retenção da receita médica. Para tais medicamentos, deve-se ter a atenção redobrada, pois sabe-se que quando são tomados de forma incorreta (escolha da classe de antibiótico adequado, dosagem, posologia) pode facilitar o aumento de resistência dos microrganismos, diminuindo a ação dos medicamentos indicados para tratar infecções (OLIVEIRA e BARBOSA, 2018). 2.4 Os medicamentos mais usados na automedicação De acordo com Oliveira e Barbosa (2018), os fármacos mais consumidos são os analgésicos, principalmente o paracetamol, dipirona e salicilatos. Estes fármacos podem conferir um alto risco a saúde, podendo estar associados a inúmeras complicações graves, como: riscos de hemorragias e síndrome de Reye, 13 ocasionadas por uso inadequados de salicilatos, hepatite medicamentosa e lesões hepáticas provocadas pelo paracetamol, anemia hemolítica e aplasia medular pelo uso indiscriminado de dipirona (OLIVEIRA e BARBOSA, 2018). Os anti-inflamatórios e os antibióticos têm ganhado destaque na automedicação por serem capazes de solucionar uma enfermidade temporária sem ter a necessidade de procurar um profissional de saúde. Nenhum medicamento possui 100% de eficácia, todos tem seus efeitos colaterais, assim como todo medicamento tem seu risco. (FERNANDES et al., 2020) 2.5 A Automedicação e o covid O coronavírus é responsável por ocasionar doenças respiratórias no indivíduo, sendo associados a infecções agudas e graves. Além disso, tem se destacado como vírus etiológicos emergentes (NOBRE et al., 2014). No Brasil a automedicação em tempos de pandemia teve um aumento significativo. O “kit” covid é uma combinação de alguns medicamentos sem evidências cientificas conclusivas para o tratamento da covid, a distribuição desse “kit” tem sido discutida e chama a atenção da população (MELO et al., 2021). O “kit” covid é composto por alguns medicamentos contendo a hidroxicloroquina ou cloroquina, associada à azitromicina, à ivermectina e à nitazoxanida, além dos suplementos de zinco e das vitaminas C e D. A utilização desses medicamentos sem prescrição médica pode levar os usuários a sofrer riscos e danos a sua saúde. Quando usados de forma irracional pode ocorrer efeitos indesejados, como intoxicações, problemas cardíacos, surgimentos de outras enfermidades e até mesmo levar o indivíduo a óbito (MELO et al., 2021). 2.6 A automedicação e o profissional da biomedicina Por ser uma profissão da saúde com atribuições de caráter técnico e em pesquisa, o biomédico poderá atuar em equipes multidisciplinares de saúde com foco no diagnóstico e na prevenção de agravos a população. O biomédico trabalha com segurança na descoberta, prevenção, tratamento de diagnóstico das determinadas patologias. Além disso, tem como papel identificar e classificar microrganismos causadores de enfermidades, podendo desenvolver 14 medicamentos e produzir vacinas para combater certas patologias (MEDEIROS et al., 2019). O biomédico pode atuar em diversas áreas da saúde, por exemplo: farmacologia, imunologia, toxicologia, dentre outras especialidades, o que permite ter uma visão ampla do problema da automedicação na sociedade. Portanto, a contribuição do biomédico inclui a prevenção e promoção da saúde através de educação sanitária, coleta e armazenamento de material biológico para análise e pesquisas de possíveis agentes etiológicos de maior incidência na população em que está inserido. (COSTA, TRINDADE e PERREIRA, 2010). 15 3 MÉTODO Para iniciar uma pesquisa bibliográfica é necessário ter um objetivo claro do vai pesquisar. A Pesquisa bibliográficas são feitas através de um assunto, autor, veículos, período de tempos e por combinações entre eles por palavras chaves é feita diversas buscas em bancos de dados, procurando por artigos que contenhas essas palavras antes de expor detalhadamente o conteúdo desses artigos (TRAINA, JUNIOR 2009). Os estudos integrativos trata-se de uma abordagem metodológica, no qual permite a inclusão de estudos experimentais e não experimentais para a compressão do assunto abordado. Além disso, proporciona agregar propósitos que podem ser: definições de conceitos, revisões de teorias, evidencias e analises de problemas metodológicos de um assunto. (SOUZA, SILVA, CARVALHO et al., 2010). O presente trabalho trata-se de uma pesquisa bibliográfica com abordagem integrativa, na qual foram utilizados artigos científicos nacionais nas bases de dados: Scielo, Google acadêmico e LILACS. Para a seleção dos artigos, os critérios para a inclusão foram através de artigos originais na coleta de dados que foram publicados referente ao ano de 2010 a 2020, e artigos relevantes no ano de 1998. Os critérios de exclusão para a pesquisa: artigos em inglês e artigos que não contenham dados sobre o tema abordado. Os descritores deste trabalho de pesquisa foram empregados aos termos automedicação e riscos, automedicação e o Biomédico, Saúde e população brasileira. As perguntas norteadoras dessa pesquisa foram: o que é automedicação? Quais fatores e riscos influenciam na automedicação? Quais são os medicamentos mais utilizados? E qual o papel do profissional da biomedicina na promoção da automedicação. No início da pesquisa foram encontrados 60 artigos, onde foram considerados os que apresentavam maior relevância sobre a automedicação entre os anos de 2011 a 2020. Após a busca foi iniciado o processo de escolha dos artigos que mais se aproximaram do tema em foco. Deste total, foram selecionados 16 16 artigos que adequadamente preenchiam todos os requisitos abordados nesta pesquisa. Figura 1: Fluxograma do processo de seleção dos artigos incluídos na revisão. ↓ ↓ → ↓ Fonte: As autoras, 2021. Registros após a remoção de duplicadas e triplicadas (n=48) E L E G IB IL ID A D E ID E N T IF C A Ç Ã O Estudos Incluídos (n=16) Registros identificados na pesquisa na base de dados: SciELO (n=34); LILACS (n=26) T R IA G E M Artigos com textos completos excluídos por não preencherem os critérios de inclusão (n=26). IN C L U S Ã O Artigos com textos completos avaliados para elegibilidade (n=22) 17 4 RESULTADOS Após a leitura dos artigos e resumos, foram selecionados 16 artigos que apresentaram maior relevância sobre a automedicação na população brasileira. A caracterização dos estudos foi agrupada por autores, título, população de estudo, categoria de estudo, objetivos e resultados da pesquisa. Posteriormente seguiu-sea análise e discussão dos resultados através das opiniões dos autores que discutem o tema abordado. Percebe-se o espaço intervalo de tempo sobre o tema, possibilitando um estudo e comparação dos anos. Características dos estudos selecionados estão apresentados na tabela 01. Tabela 01: Caracterização dos estudos entre o ano de 2011 a 2020. AUTOR TITULO POPULAÇÃ O DO ESTUDO AMOSTRA/TIPO DE ESTUDO OBJETIVOS RESULTADOS 2016 ARRAIS, P.S.D. et al Prevalência da automedicação no Brasil e fatores associados Até 60 anos de idade Transversal Analisar a prevalência e os fatores associados a utilização de medicamentos por automedicação no Brasil. Prevalência da automedicação brasileira foi de 16,1%, sendo maior na região nordeste. Maior parte das pessoas do sexo feminino. 18 2020 BARROS et al. Uso de analgésicos e o risco da automedicação em amostra de população urbana: estudo transversal 416 indivíduos Estudo observacional transversal com amostra de população urbana. Definir o padrão de uso de analgésicos entre os portadores de dor crônica (DC) e a seu potencial associação à automedicação analgésica. 45,7% (n = 190) portadores de dor crônica, sendo os do sexo feminino (72,3%; p = 0,04) os mais acometidos. A automedicação analgésica é praticada por 78,4% dos portadores de dor crônica 2016 PEREIRA et al. Automedicação em adolescentes da rede estadual de ensino na cidade de Picos/Piauí 209 adolescentes Estudo descritivo e transversal Analisar a prática de automedicação por adolescentes da rede estadual de ensino de Picos-PI A faixa etária mais prevalente (94) foi de 17 anos (44,9%);122 (58,4%) do sexo feminino;129 moravam com a família (61,7%); 179 na zona urbana (85,7%); e 149católicos (71,2%). 209(100%) praticam a automedicação, sendo a febre (120) o principal sintoma (57,4%), e o comprimido (168) a forma farmacêutica mais consumida (57,4%). 19 2020 FILLER et al. Caracterização de uma amostra de jovens e adultos em relação à pratica de automedicação 184 participantes com idade entre 18 e 35 anos. Estudo descritivo, de corte transversal Avaliar a prática de automedicação de jovens e adultos. Apresentou-se alta incidência do gênero feminino (80,4%) e de jovens com idade entre 18 a 25 anos (66,3%). Houve uma predominância (89,7%) de participantes que utilizaram medicamentos nos últimos 15 dias, sendo que a maioria (81,5%) fez o uso de algum medicamento sem prescrição médica. 2017 DOMINGUES et al. Prevalência e fatores associados à automedicação em adultos no Distrito Federal: estudo transversal de base populacional* 1.820 participantes Estudo transversal de base populacional Estimar a prevalência e investigar fatores associados à automedicação em adultos no Distrito Federal, Brasil 646 participantes usaram pelo menos um medicamento; a prevalência da automedicação foi de 14,9% (IC95%: 12,6%;17,5%); a análise ajustada apontou associação negativa em pessoas na idade de 50 a 65 anos (RP=0,26; IC95%: 0,15;0,47) e com doenças crônicas (RP=0,38; IC95%: 0,28;0,51); adultos com dificuldades na prática de atividades cotidianas (RP=2,25; IC95%: 1,43;3,53) realizaram mais automedicação 20 2020 FERNANDES et al. Automedicação: a prática entre discentes do curso de biomedicina de uma instituição de ensino superior do interior do Tocantins Estudantes de biomedicina 79 discentes Estudo de campo de caráter exploratório O objetivo deste estudo foi identificar o perfil e a prática dos discentes do curso de biomedicina do Instituto Educacional Santa Catarina – Faculdade Guaraí, no município de Guaraí - TO 32 (trinta e dois) discentes que relataram já ter realizado a prática da automedicação. Os discentes que estão na reta final do curso se automedicam com maior frequência comparado aos que cursam períodos iniciais 2020 XAVIER et al. Automedicação e o risco à saúde: uma revisão de literatura 240 acadêmicos Estudo transversal Analisar a prática da automedicação na sociedade brasileira e entender os riscos e complicações mais frequentes dessa prática. 91,3% afirmaram realizar automedicação e apenas 8,8% afirmaram não realizar essa prática, estabelecendo uma prevalência de quase totalidade. 21 2019 SILVA et al. Acesso e implicações da automedicação em idosos na atenção primária à saúde 121 Idosos Estudo seccional Avaliar o acesso e sua interferência no processo da automedicação em idosos. A prevalência de automedicação foi de 66,7%, associada negativamente ao acesso, atributo desfavoravelmente avaliado pelos idosos (média de 3,4). A febre (19,8%) foi a principal queixa motivadora de automedicação, sendo os analgésicos, os fármacos mais utilizados na automedicação. 2020 HENRIQUES et al. Promoção do uso racional de medicamentos no contexto dos 3º e 4º ciclos da educação de jovens e adultos Jovens e adultos Abaixo de 60 anos Pesquisa epidemiológica transversal, quantitativa e descritiva Traçar o perfil socio econômico, demográfico e farmacoterapêutico dos alunos incluídos na presente pesquisa; bem como, promover atividades de educação em saúde. A maioria dos estudantes jovens e adultos com idade abaixo de 60 anos (75,7%), predominando o sexo feminino (69,6%) e parda (63,3%). Quase metade dos participantes é constituída de desempregados (45,5%). As classes medicamentosas predominantes foram os analgésicos, anti- hipertensivos, anti- inflamatórios, antiácidos e hipoglicemiantes. 2020 MOTA, K de Faria et al. Medicamentos isentos de 108 farmacêuticos Estudo descritivo Identificar os MIP mais comumente dispensados em farmácias comunitárias da região Os MIP mais dispensados constituem fármacos ou associações de fármacos com 22 prescrição (MIP): o farmacêutico pode prescrever, mas ele sabe o que são? metropolitana de Belo Horizonte, bem como o perfil de conhecimentos dos farmacêuticos em relação a categorização legal desta classe de medicamentos. efeitos analgésico e/ou anti- inflamatório. Além disso 35,2% dos farmacêuticos listaram ao menos um medicamento não considerado isento de prescrição. Dentre 468 medicamentos citados, 54 representavam medicamentos sob prescrição médica. 2020 SUMIYA et al. Mudanças de hábitos de vida em trabalhadores da atenção primária durante a pandemia de COVID-19: um estudo transversal Trabalhadores da Saúde de 3 Estados Mato Grosso do Sul, Paraná (PR), São Paulo (SP Transversal Discutir algumas mudanças de hábitos de vida em trabalhadores da atenção primária em saúde provocadas pela pandemia de COVID-19 no Brasil. A maioria dos profissionais reportou medo moderado (47,4%) de contrair a COVID-19, seguido por muito medo (27,3%). Demonstrou-se prevalência quanto ao pessimismo em relação ao enfrentamento da COVID-19 no Brasil, tendo em vista as respostas o pior estava por vir (67,5%) e estamos no pior período (20,2%) 2020 PRADO et al. Uso de medicamentos prescritos e automedicação em homens 1.063 homens transversal de base populacional Estimar a prevalência, verificar os fatores associados ao uso de medicamentos segundo prescrição e identificar os principais fármacos consumidos sem indicação, frente ao motivo do uso, em homens adultos. Dos 1.063 homens, 45,3% referiram uso de ao menos 1 medicamento nos 3 dias que antecederam a pesquisa e, desses, 32,9% referiram uso exclusivamente prescrito e 11,2% relataram automedicação. Em relação ao consumo de medicamentos, 45,3% (IC95% 41,3 - 49,4) relataram ter consumido ao 23 menos 1 medicamento nos 3 dias prévios à entrevista 2018 SILVA et al. A pratica da automedicação em crianças por seus pais: Atuação da enfermagem 17 familiares cuidadoresde crianças Qualitativo, de caráter exploratório e descritivo Conhecer como se dá a prática da automedicação em crianças por seus pais. A automedicação ocorreu nos casos de febre, dor e cólica; os medicamentos mais utilizados foram analgésicos, antitérmicos, além de remédios para cólica, trato respiratório e plantas medicinais; visavam a amenizar os sintomas; referiram dificuldade de locomoção até um atendimento de saúde, indicação de familiares, farmacêuticos e pediatras em consulta anterior. 2020 MOREIRA et al. Uso de medicamentos por adultos na atenção primária: inquérito em serviços de saúde de Minas Gerais, Brasil 1.159 usuários transversal Descrever e avaliar o perfil de utilização de medicamentos em uma amostra representativa de usuários adultos da atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS) de Minas Gerais. 949 usuários (81,8%) relataram ter usado medicamento nos últimos 30 dias. A maior parte dos usuários de medicamentos (80,1%) era do sexo feminino, mas a proporção de homens aumentou com a idade, chegando a 34,7% na faixa etária de 65 anos ou mais 24 2011 MASTROIAN NI et al. Estoque doméstico e uso de medicamentos em uma população cadastrada na estratégia saúde da família no Brasil 319 domicílios transversal, descritivo e observacional Identificar domicílios atendidos pela estratégia saúde da família (ESF) que possuíam estoque de medicamentos, avaliar as condições de armazenamento e conhecer o modo de uso dos medicamentos Foram encontrados medicamentos em 255 domicílios (91,1%). Dos 326 locais de guarda de medicamentos, 217 (75,8%) eram inadequados (de fácil acesso a crianças ou expostos a umidade, luz). Das 2 578 especialidades farmacêuticas encontradas, 2 059 (79,9%) tinham algum problema de segurança ou identificação, o que foi observado em 236 (84,3%) domicílios. 2019 BARROS et al. Uso de analgésicos e o risco da automedicação em amostra de população urbana: estudo transversal 416 indivíduos Observacional transversal Definir o padrão de uso de analgésicos entre os portadores de dor crônica (DC) e a seu potencial associação à automedicação analgésica. Foram incluídos 416 indivíduos; 45,7% (n = 190) portadores de dor crônica, sendo os do sexo feminino (72,3%; p = 0,04) os mais acometidos. A automedicação analgésica é praticada por 78,4% dos portadores de dor crônica. O tratamento analgésico vigente mais frequente é composto pelos anti‐inflamatórios não esteroides (AINES), dipirona e paracetamol. Fonte: Autoria própria (2021). 25 Na tabela 02: A distribuição dos estudos foi separada por autores, fatores que influenciam na automedicação, classe medicamentosa e medicamentos utilizados da automedicação apresentadas nos artigos já selecionados. AUTOR FATORES QUE INFLUENCIAM NA PRATICA DA AUTOMEDICAÇÃO CLASSE MEDICAMENTOSA MEDICAMENTOS UTILIZADOS 2016 ARRAIS, P.S.D. et al Aspectos demográficos, socioeconômicos, condições de saúde, acesso aos serviços de saúde. Analgésicos Dipirona cafeína-orfenadrina- dipirona e paracetamol. 2020 BARROS et al. Dor crônica Anti-inflamatórios Analgésicos AINES, dipirona paracetamol 2016 PEREIRA et al. Crença religiosa. Ingestão de bebidas alcoólicas Uso de tabaco Facilidade de conseguir medicamentos Analgésicos Anti-inflamatórios Comprimidos Xaropes 2020 FILLER et al. Elevado custos das consultas médicas. Demora nos atendimentos. Ter sido tratado anteriormente com o mesmo medicamento para a mesma doença. Um familiar ou amigo tomou e indicou. Viu propaganda do medicamento na mídia Analgésicos/antitérmicos Antialérgicos/anti-histamínicos Anti-inflamatórios De acordo com o artigo não foram citados nomes de medicamentos, só a classe medicamentosa. 26 (internet, TV, etc.) 2017 DOMINGUES et al. Presença de dor ou desconforto Doença crônica. Ansiedade e Depressão. Analgésicos Anti-inflamatórios e antirreumáticos. Hormônios sexuais e moduladores do sistema genital Dipirona sódica e combinações Paracetamol Diclofenaco e combinações. Ciproterona e etinilestradiol. 2020 FERNANDES et al Informações da internet. insatisfação com o Atendimento em postos de saúde e hospitais. Falta de tempo para realizar uma consulta médica. Analgésicos Os anti-inflamatórios De acordo com o artigo não foram citados nomes de medicamentos, só a classe medicamentosa. 2020 XAVIER et al. Cefaleia e resfriados Variedade de produtos fabricados pela indústria farmacêutica. Facilidade de comercialização de medicamentos. Analgésicos Anti-inflamatórios Antiácidos Paracetamol Dipirona 2019 SILVA et al. Mal-estar Funcionamento das UBS Atendimento na APS à noite e/ou nos finais de semana Analgésicos Anti-hipertensivos sedativo e ansiolítico Sinvastatina, Losartana Potássica e ansiolíticos benzodiazepínicos 27 2020 HENRIQUES et al. Facil acesso Remédios baratos Influência do marketing na TV. Analgésicos. Anti-hipertensivos. Anti-inflamatórios. Antiácidos. Hipoglicemiantes Cloridrato de Propranolol. Captopril. Bicarbonato de sódio. 2020 MOTA, K de Faria et al. Dor em geral Estresse Demanda física Qualidade de vida Analgésicos e anti- inflamatórios não esteroidais (AINES) Dipirona, paracetamol, ibuprofeno, simeticona, Bicarbonato de sódio, loratadina, vitaminas e sais minerais. 2020 SUMIYA et al Estresse Medo Mudança de comportamento De acordo com o artigo não foram citados classe medicamentosa. De acordo com o artigo não foram citados nomes de medicamentos, só a classe medicamentosa. 2020 PRADO et al. Familiaridade com o medicamento, experiências prévias positivas, dificuldade de acesso aos serviços. Dores de cabeça Anti-inflamatórios. Analgésicos. Dipirona Diclofenaco Paracetamol 28 2018 SILVA et al. Febre Dor Cólica Antitérmicos Analgésicos Paracetamol, a dipirona, a Novalgina e o ibuprofeno. Alivium, Luftal e Simeticona. 2020 MOREIRA et al. Possuir o medicamento em casa Uso anterior do medicamento Dores musculares Depressão Hipertensão Artrite/artrose ou reumatismo Diabetes mellitus antagonistas da angiotensina II. Agentes modificadores de lipídeo analgésicos e antipiréticos contraceptivos hormonais. Antidepressivos. Anti-hipertensivos e psicofármacos. Losartana, hidroclorotiazida, sinvastatina, omeprazol e metformina. Clonazepam e a fluoxetina. sulfato ferroso, hidroclorotiazida, ácido fólico, omeprazol e clonazepam. 2011 MASTROIANNI et al. Compartilhamento familiar Utilização de sobras de medicamentos. Aquisição de medicamento sob prescrição sem apresentação do receituário ou com receituários antigos. Anti-inflamatório Analgésicos Anti-hipertensivos Antibióticos Novalgina Anador diclofenaco de sódio Dipirona 2019 BARROS et al. Dor crônica Anti-inflamatórios não esteroides. AINES, dipirona e paracetamol. Fonte: Autoria própria, 2021 29 5 DISCUSSÃO Com base nos estudos analisados, indivíduos do gênero feminino se automedicam mais que o masculino. De acordo com Domingues e colaboradores, 2017) a prevalência na automedicação é maior nas regiões do nordeste e centro- oeste do Brasil, com menor incidência na região norte. No que tange a faixa etária, os estudos observados relatam que a prevalência da automedicação nos jovens e adultos apresentou uma maior incidência em indivíduos do gênero feminino (80,4%) com jovens entre idade entre 18 a 25 anos. Os autores ARRAIS et al. (2016) apontaram em um estudo com 41.433que a prevalência da automedicação na população brasileira foram 16,1% (IC 95% 15,0–17,5), sendo maior em pessoas do sexo feminino entre a faixa etária de 20–39 anos. No Brasil, a prática da automedicação por alguns indivíduos está associada a existência de doenças crônicas. Porém, alguns estudos em países desenvolvidos relataram a associação entre a prática da automedicação com agravos menores em saúde, como gripe, resfriado, cefaleia e dores musculares (DOMINGUES et al., 2017). Em relação à prática entre estudantes da rede estadual do Piauí, foi descrito por PEREIRA et al., (2016) que uma amostra de 209 adolescentes, 100% afirmaram que praticam a automedicação, onde observou-se nesta amostra que a faixa etária prevalente foi de 17 anos, em relação ao total dos entrevistados. No que se refere à automedicação por jovens, vale ressaltar que a facilidade para a compra de medicamentos é um dos motivos mais comum. Um outro motivo apontado para essa prática de se automedicar foi a indicação por amigos ou familiares a determinado medicamento já utilizado (PEREIRA et al., 2016). Nas crianças a automedicação é uma prática realizada pelos pais. Segundo SILVA et al., 2018, os pais automedicam seus filhos por motivos de febre, dor e cólica. Entre os medicamentos utilizados estão os analgésicos e antitérmicos, sendo eles paracetamol, dipirona, novalgina e ibuprofeno. Inflamação de garganta, tosse e dores em geral são alguns dos motivos apresentados pelos pais para a prática da automedicação (FILHO E JÚNIOR, 2013). 30 Observou-se que em todos os estudos que a automedicação é menor entre os homens. Conforme PRADO et al., (2020) a realização de um estudo com 1.063 indivíduos do sexo masculino mostrou que a prevalência na automedicação entre os entrevistados foi de 17,6%. Sobre os medicamentos mais usados pelos entrevistados do gênero masculino, os relatos incidiram em queixas comuns, como dores de cabeça frequente e enxaqueca. Sousa e colaboradores observou que a obesidade pode ser um fator que contribui para a automedicação entre os homens, já que, em pesquisa realizada, verificou-se que entre os indivíduos obesos do sexo masculino a utilização de medicamentos para amenizar dores. Entre as principais motivações para a automedicação está a carência dos programas destinados à prevenção e manutenção da saúde, insatisfação com atendimentos, deficiências em ações de ofertas a serviços de saúde, relatam os homens em uma pesquisa feita pelos autores (SOUSA et al., 2019). No que se refere-se a prática da automedicação nos idosos a prevalência foi de 66,7% num total de 121 idosos entrevistados. A febre foi a principal queixa relatada pelos idosos, sendo os antitérmicos e analgésicos os fármacos mais utilizados (SILVA et al., 2019). Em uma pesquisa realizada pelos autores GARCIA et al., (2018) observou- se que a prevalência da automedicação entre os idosos foi de 78,8%, o que reflete o total de 154 dos entrevistados, que relataram utilização de medicamentos por escolha própria ou adquiridos nas unidades de saúde pública. Os idosos constituem o grupo mais vulnerável da população. Ao analisarem dados de 74 idosos considerados ativos, PEREIRA et al., (2017) observou que a pratica da automedicação é frequente nestes idosos, totalizando em 57 idosos (77%). Os medicamentos mais utilizados foram os analgésicos e antitérmicos, para amenizar dores desencadeadas por cefaleia. Em um total de 43 indivíduos desta análise (58,1%) a prática da automedicação ocorre quase diariamente. No que se refere a prática da automedicação em universitários, em um estudo feito com 73 discentes do curso de biomedicina do estado do Tocantins, 32 discentes relataram ter realizado a prática da automedicação. Foi possível identificar que o período que mais efetua a prática da automedicação é o 8.º período 31 (FERNANDES et al., 2020). Em relação à prática entre estudantes de enfermagem foi descrito por ALVES et al., (2019) que 99% dos entrevistados afirmou praticar a automedicação, enquanto apenas 1% afirmaram nunca ter utilizado medicamentos sem a prescrição de profissionais habilitados legalmente. Em relação à covid, em uma pesquisa realizada pelos autores SOUZA et al., 2020, foram entrevistadas 509 pessoas, a maioria do sexo feminino (74,5%), no qual 69,2% relataram não ter se automedicado. Sobre os fármacos, (52,8%) realizaram a automedicação por meio do medicamento Ivermectina, acompanhado por azitromicina (14,2%). Além desses medicamentos os suplementos de zinco, vitamina C e D tiveram aumento de vendas (MELO et al., 2021). Esse aumento de vendas ocorreu por causa de fake News, a disseminação da desinformação deu-se através de notícias que circularam em redes sociais. Tais notícias noticiavam que o uso desses medicamentos poderia prevenir a covid-19. Os fármacos que compõe o fictício “Kit covid” resultaram no aumento de vendas em 89,04% no estado do acre e 23,74% no estado de São Paulo no ano de 2020. Os principais motivos relatados para a automedicação foi “possuir medicamentos em casa” e uso de “medicamento utilizado anteriormente” (MOREIRA et al., 2020). Outro fator que pode influenciar a automedicação são as propagandas que tendem a mostrar os benefícios dos medicamentos e a facilidade de obter em determinados locais de venda (PEREIRA et al., 2016). Demora nos atendimentos, elevado custo das consultas médicas, falta de tempo, ter sido tratado anteriormente com o mesmo medicamento para a mesma doença são alguns dos motivos pelos quais levam a prática da automedicação, afirmam os autores (FILLER et al., 2020). O baixo nível de escolaridade de um indivíduo pode comprometer a adoção de comportamentos saudáveis, a falta de conhecimento e informações sobre os riscos de se automedicar pode levar a vulnerabilidade e levar a sérios riscos à saúde. Pessoas capacitadas com escolaridade elevada ou bom nível de alfabetização pode ser mais consciente acerca dos riscos de determinados comportamentos e assim evita-los (PEREIRA et al., 2016). A baixa escolaridade foi observada em maior proporção entre os idosos (MOREIRA et al.,2020). 32 Em relação à classe medicamentosa, os medicamentos mais usados foram os analgésicos, antitérmicos, antibióticos e anti-inflamatórios. Esta informação pôde ser verificada na maior parte dos estudos analisados. Os abusos do uso de medicamentos podem levar a vários danos no organismo dos indivíduos, fármacos como antibióticos podem induzir o surgimento de bactérias multirresistentes quando utilizados de forma descontrolada (MORAES et al., 2018). Além dos medicamentos citados pelos autores acima, outros medicamentos foram citados pelos usuários, na prática da automedicação. Mastroianni e colaboradores, (2010) observaram a presença de fármacos como antiulcerosos, antiespasmódicos, relaxantes musculares, descongestionantes nasais e diuréticos tiazídicos complementam a classe de medicamentos utilizados na automedicação. Observou-se que losartana, hidroclorotiazida, sinvastatina, omeprazol e metformina foram os medicamentos mais utilizados por jovens e adultos com prevalência de automedicação de 81,8% em uma pesquisa feita com 1.159 entrevistados em 104 municípios e 253 serviços de saúde em Minas Gerais (MOREIRA et al., 2020). Já nas crianças, os fármacos mais usados foram dipirona (54%) e o paracetamol (36%) são os medicamentos mais utilizados, seguidos dos xaropes expectorantes apontam os autores (SILVA et al., 2018). O uso de bebidas alcoólicas e o uso de drogas ilícitas tem se demonstrado maior em portadores de doenças crônicas do que na população em geral (BARROS et al., 2020). O risco de tal prática pode alterar algumas propriedades farmacocinéticas e farmacodinâmicas dos medicamentos e, como consequências, suas propriedades terapêuticas, aumentando o risco da toxicidade (MORAESet al., 2018). Medicamentos isentos de prescrição médica podem ser adquiridos facilmente em farmácias, entretanto na maioria das vezes são causadores de intoxicações e reações adversas (ARRAIS et al., 2016). Quando são adquiridos por adolescentes, o risco do uso inadequado pode aumentar, visto que o uso irracional é comum nessa faixa etária (PERREIRA et al., 2016). 33 A população idosa é um público que merece cuidados preferenciais em relação ao uso irracional de medicamentos. Os idosos fazem o uso de múltiplos medicamentos, prática conhecida como polifarmácia (HENRIQUES et al.,2020). Entre as reações adversas causadas nos idosos estão os riscos gastrointestinais, renais, cardiovasculares e de interações com outros medicamentos frequentemente utilizados na atenção primária (SOUSA e ARRAIS, 2018). A prática de uso de analgésicos é aceitável desde que esse uso seja de forma racional entres os usuários, quando usado de forma correta tende a solucionar problemas de saúde de menor gravidade e com isso tem contribuído para a diminuição da sobrecarga nos sistemas de saúde (BARROS et al.,2019). A promoção do uso racional de medicamentos pode trazer benefícios a população, através de práticas de educação em saúde e valorização de experiências vividas de práticas e conceitos sobre o tema (HENRIQUES et al., 2020). Desse modo o conhecimento sobre o uso de medicamentos através de ações educativas poderá reduzir riscos e danos à saúde da população (MARTINS et al., 2011). Para SILVA et al., (2019) a automedicação não é facilmente controlada. Para tanto, a ajuda de profissionais e serviços de saúde pode surtir efeitos positivos, na medida que esse acesso não seja negligenciado ou terceirizado. Mais disponibilidades em serviços locais apropriados, em horários flexíveis baseados nas necessidades da comunidade e podem ajudar na prática racional de medicamentos quando necessário. Nesse contexto, a importância de ações de promoção a saúde realizada por profissionais de saúde promove estratégias positivas de mudanças na sociedade (TAZIANA et al., 2013). 34 Conclusão A automedicação é uma prática presente na vida da maioria dos brasileiros. O ato de se automedicar acontece nas diversas classes sociais, entres elas, os idosos são os que mais se automedicam. Verificou-se que pessoas do sexo feminino apresentam maior índice na realização desta prática. Os analgésicos e anti-inflamatórios estiveram presentes em todos os estudos analisados, indicados como os medicamentos mais usados entre os usuários. O uso irracional de se automedicar sem a devida orientação médica gera danos à saúde da população. Desse modo, essa prática pode levar a superlotação em serviços de saúde e gerar gastos desnecessários por partes dos governos. A influência das mídias socias e a facilidade de compra de medicamentos sem prescrição medica é um dos motivos relatados pela maioria dos usuários. Foi possível perceber que o baixo nível de escolaridade contribui para a falta de informação da população no uso de medicamentos, fazendo com que a automedicação ocorra de maneira mais frequente. Acredita-se que a promoção a saúde por parte dos profissionais possa contribuir para o uso racional de medicamentos perante a sociedade, é necessário realizar ações ativas e educativas para diminuição dessa prática em todas as faixas etárias. Tais praticas teriam como foco informar a população dos riscos e efeitos adversos que possa gerar no organismo do indivíduo quando é tomado medicamentos sem acompanhamento de um profissional de saúde. Contudo, espera-se que essas ações possam minimizar a prática da automedicação e gastos nos setores de atendimento público diminuindo as internações relacionadas as intoxicações pelo uso exagerado de medicamentos. 35 REFERÊNCIAS ARRAIS, P.S.D. et al. Prevalência da automedicação no Brasil e fatores associados. Revista Saúde Pública, São Paulo, nº12, v. 50, 2016. CENÇO, B. Automedicação: isso tem que parar. Revista APM (Associação Paulista de Medicina), São Paulo, v. 610, p. 5-8, 2010. CORREIA; B.C, TRINDADE; J.K, ALMEIDA; A.B. Fatores Correlacionados à Automedicação entre os Jovens e Adultos: Uma Revisão Integrativa da Literatura. Rev Inic Cient Ext 2(1):57-61. 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