Buscar

Economia Internacional

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Universidade Eduardo Mondlane 
Faculdade De Letras E Ciências Sociais 
Departamento de Ciências Políticas e Administração Pública 
Curso de licenciatura em Ciência Política 
Cadeira de Introdução às Relações Internacionais 
2
 o
 Ano, laboral 1
o
 Semestre 
TEMA: Economia Internacional 
 
 
Discentes: 
Alberto Ussete 
Anacleto Maguenhane 
Carlos Seifane 
Holly Leaune 
Jerónimo Sitoe 
Márcia Banze 
Nicole Macuacua 
Joloice António 
 
 
 
 
Docente: Anísio Buanaíssa 
 
 
 
 
 
Maputo, Junho de 2021 
 
 
 
Índice 
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1 
1.1. Objectivos......................................................................................................................... 2 
1.1.1. Geral .......................................................................................................................... 2 
1.1.2. Específicos ................................................................................................................ 2 
1.2. Metodologia ..................................................................................................................... 2 
1.2.1. Tipo de pesquisa ....................................................................................................... 2 
2. ECONOMIA INTERNACIONAL .......................................................................................... 3 
2.1. Conceitos e fundamentos ................................................................................................. 3 
3. TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL .................................................................. 4 
3.1. Teoria Mercantilista ......................................................................................................... 4 
3.2. Teoria das vantagens absolutas ........................................................................................ 5 
3.3. Vantagens comparativas ................................................................................................... 6 
3.4. Teoria das Proporções de Factores – Heckscher-Ohlin ................................................... 6 
4. INTEGRAÇÃO ECONÓMICA .............................................................................................. 7 
4.1. Formas de Integração económica ..................................................................................... 7 
4.1.1. Vantagens da integração económica ......................................................................... 8 
5. PROTECCIONISMO .............................................................................................................. 9 
5.1. Desvantagens do proteccionismo ................................................................................... 10 
6. A INTERDEPENDÊNCIA ECONÓMICA .......................................................................... 10 
7. ECONOMIA INTERNACIONAL E RELAÇÕES INTERNACIONAIS ............................ 12 
7.1. Relações económicas internacionais .............................................................................. 12 
7.2. O Poder na Economia Mundial (Dominado e dominador) ............................................ 12 
8. SISTEMA MONETÁRIO INTERNACIONAL: Bretton Woods ......................................... 13 
8.1. Uma visão Realista ......................................................................................................... 13 
 
 
 
8.1.1. Antecedentes de Bretton Woods ............................................................................. 15 
8.1.2. A criação do SMI de Bretton Woods ...................................................................... 15 
8.1.3. Declínio do Sistema Monetário Internacional ........................................................ 19 
9. EMPRESAS MULTINACIONAIS ....................................................................................... 20 
9.1. Seu papel nas Relações económicas internacionais ....................................................... 20 
10. CONCLUSÃO ................................................................................................................... 22 
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 23 
 
 
 
 
1 
 
1. INTRODUÇÃO 
Quando pensamos em economia internacional, pensamos em importações e exportações, este, 
claro está, não é um pensamento errado, longe disso, é acertado. Mas inacabado, pretendemos, 
com esse trabalho, trazer uma abordagem mais abrangente e, quiçá, muito mais explicativa e 
inclusiva. 
Nenhuma nação dispõe dos recursos naturais, alimentares ou minerais, ou de capacidades de 
produção (mão-de-obra, capitais, tecnologia) em todos os domínios da vida económica, por isso 
surgem conceitos como vantagens absolutas e comparativas para possibilitar relações 
económicas entre nações, são, na verdade, as famosas teorias do comércio internacional. 
Cimentamos desde já, que coisa forte e indissociável na economia internacional é o comércio 
internacional, esse que acaba por criar situações de Interdependência. A interdependência 
significa assim a multiplicação das relações entre todas as economias nacionais, ligadas ao 
processo de desenvolvimento das trocas entre as nações. 
É nisso que se encerra a Economia internacional? Afirmamos que não, o estudo monetário 
internacional é outra face dessa moeda, por isso, apresentamos o sistema monetário internacional 
de Bretton Woods, onde não nos agarramos apenas ao factor narrativo-histórico, mas 
apresentamos uma análise através da teoria realística, e o que motiva a escolha dessa teoria não é 
meramente estético, é o desenrolar das relações económicas internacionais. 
Contudo, não esquecemos as empresas multinacionais, que jogam papel importante e têm peso 
igual aos Estados nas relações económicas internacionais, bem, pelo menos quando olhamos de 
forma pluralística. E que papel seria esse? Péssimo trabalho faríamos se entregássemos ainda na 
introdução uma informação como essa. 
Dentro desse contexto, na primeira parte do trabalho introduzimos conceitos e fundamentos 
basilares, teorias importantes para a compreensão do comércio internacional, conjuntamente com 
a integração regional e a interdependência. Finalmente, na segunda parte, tratamos da economia 
internacional e relações internacionais, onde apresentamos o poder na economia, o sistema 
monetário internacional e as empresas Multinacionais. 
 
2 
 
1.1.Objectivos 
 O seguinte trabalho foi elaborado considerando os seguintes objectivos: 
1.1.1. Geral 
 Compreender a Economia Internacional na vertente das Relações internacional. 
1.1.2. Específicos 
 Explicar as teorias das relações comerciais internacionais; 
 Aclarar sobre a Integração Regional e suas formas; 
 Apresentar o papel do poder na economia internacional. 
1.2. Metodologia 
Tomando em consideração que a metodologia ilustra o caminho ou os passos pelos quais a 
pesquisa se orienta para o alcance dos objectivos definidos, neste caso específico, iremos abordar 
aspectos relativos aos procedimentos da pesquisa e seus instrumentos. 
No dizer de Quivy e Campenhoudt (1992), “Importa, acima de tudo, que o investigador seja 
capaz de conhecer e de pôr em prática um dispositivo para a elucidação do real, isto é, no seu 
sentido mais lato, um método de trabalho. Este nunca se apresentará como uma simples soma de 
técnicas que se trataria de aplicar tal e qual se apresentam, mas sim como um percurso global 
do espírito que exige ser reinventado para cada trabalho”. 
A postura metodológica adoptada na realização deste trabalho, como forma de garantir a 
confiabilidade das informações apresentadas, para estruturação desse trabalho é eles: científico 
investigatório e Dedutivo. 
1.2.1. Tipo de pesquisa 
O presente trabalho baseou-se na pesquisa bibliográfica, que permitiubuscar informação dos 
documentos públicos e reconhecidos na internet, também informações advindas de manuais 
contendo a informação a respeito do tema. 
 
 
3 
 
2. ECONOMIA INTERNACIONAL 
2.1. Conceitos e fundamentos 
Economia Internacional é a designação atribuída ao fenómeno que estrutura a cooperação entre 
países, num sistema de interdependência entre as várias áreas onde a economia mundial 
influencia a política, o comércio, a saúde, as populações, a sociedade, entre outros factores 
fundamentais para o ser humano contemporâneo (GUIMARÃES, 2005). 
A economia internacional usa os mesmos métodos fundamentais de análise que outros ramos da 
economia, porque os motivos e o comportamento dos indivíduos são os mesmos nos negócios 
internacionais e nas transacções domésticas (KRUGMAN, 2015). 
O assunto central da economia internacional, portanto, consiste de aspectos levantados pelos 
problemas especiais da interacção económica entre estados soberanos. Sete temas são recorrentes 
durante o estudo da economia internacional: 
 Ganhos decorrentes do comércio, padrão de comércio, proteccionismo, equilíbrio dos 
pagamentos, determinação da taxa de câmbio, coordenação da política internacional e 
mercado de capitais internacional. 
Segundo Krugman (2015), a ciência económica da economia internacional pode ser dividida em 
dois subcampos amplos: o estudo do comércio internacional e o estudo monetário internacional. 
A análise do comércio internacional enfoca primariamente as transacções reais na economia 
internacional, ou seja, as transacções envolvendo o movimento físico de mercadorias ou um 
compromisso tangível de recursos económicos. A análise monetária internacional enfoca a face 
monetária da economia internacional, ou seja, transacções financeiras como compras estrangeiras 
de dólares americanos. 
Um exemplo de um problema de comércio internacional é o conflito entre os Estados Unidos e a 
Europa sobre as exportações subsidiadas de produtos agrícolas da Europa; um exemplo de um 
problema monetário internacional é a disputa entre a opinião de que se deve deixar que o valor 
do câmbio estrangeiro do dólar flutue livremente ou de que ele seja estabilizado por acção 
governamental. 
 
4 
 
3. TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL 
Em termos teóricos o estudo do comércio internacional inicia-se com os mercantilistas. Depois 
faremos uma breve apresentação da teoria Clássica em Adam Smith e David Ricardo, e 
finalizaremos esta referência com a Teoria das Proporções de Factores. 
3.1. Teoria Mercantilista 
Segundo Guimarães (2005:13), “o estudo do comércio internacional inicia-se nos séculos XVII e 
XVIII com os mercantilistas, ainda que não de forma sistemática”. De facto, a maior parte dos 
economistas considera que os mercantilistas foram os primeiros a estudar as vantagens do 
comércio internacional para os países, iniciando-se com os chamados bulionistas
1
 e terminando 
em Colbert, (PRADA, 1991). 
O mercantilismo, mais do que uma teoria ou do que uma doutrina, foi considerado um conjunto 
de medidas práticas que foram sendo adoptadas ao longo dos quase 3 séculos de vigência. Em 
termos gerais, a “doutrina” mercantilista pode ser definida como a necessidade de proteger as 
forças económicas do Estado e incentivá-las no maior grau possível, com objectivo da sua defesa 
e expansão. 
A óptica inerente à teoria mercantilista pressupunha que cada país tem vantagens em não 
comprar, mas sim em vender, tendo em conta que o que interessava era o amealhar ouro para o 
país. Segundo Ekelund e Hébert (1990), foi Von Hornick que melhor exemplificou o sistema 
mercantilista ao definir as principais regras da economia nacional como: 
 Cada pedaço do solo do país deve ser usado para a agricultura, extracção mineira, ou 
indústria transformadora. 
 Todas as matérias-primas encontradas no país devem ser utilizadas na produção da 
indústria transformadora, tendo em conta que os bens finais têm um valor superior ao das 
matérias-primas. 
 Deve ser incentivado o trabalho de uma larga percentagem da população. 
 Deve ser proibida a exportação de ouro e prata, e toda a moeda nacional deve estar em 
circulação. 
 Sempre que possível, toda a importação de bens deve ser desincentivada. 
 
1
 Os bulionistas consideravam que a riqueza do Estado consistia na posse de metais preciosos. 
 
5 
 
Estas regras, de facto, incentivavam a existência de comércio internacional, como forma de um 
país adquirir o ouro e prata necessários à sua riqueza. A grande importância da doutrina 
mercantilista assenta na construção de um Estado nação e na necessidade de fomentar políticas 
comerciais (GUIMARÃES, 2005). 
No século XVIII, a doutrina mercantilista perdeu força, sendo substituída pela doutrina liberal, 
denominadas teorias clássicas, inicialmente com David Hume (1758) e, principalmente, com 
Adam Smith (1776). Começaremos com as Teorias Clássicas: 
3.2. Teoria das vantagens absolutas 
A teoria das vantagens absolutas foi desenvolvida por Adam Smith, em seu livro “A Riqueza das 
Nações” (título completo: Uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações), 
publicado originalmente no ano de 1776. 
Para Smith, a riqueza de cada país não seria considerada considerando a quantidade de metais 
preciosos acumulados, como defendiam os mercantilistas, mas à sua força de trabalho. Esse era o 
factor de produção que gerava riqueza ao país. Além disso, deveria ser considerada a riqueza das 
nações tomadas em conjunto, e não a riqueza de cada país de forma separada. Segundo a teoria 
clássica, o livre comércio proporcionaria o crescimento de todos os países, sendo que cada país 
deveria se concentrar na produção dos bens que lhe oferecem vantagem absoluta, ou seja, em 
artigos cujos custos de produção fossem mais baixos do que em outros países. 
O principal pilar da Teoria das Vantagens Absolutas era a divisão internacional da produção: 
cada país deveria se especializar na produção de itens em que possuísse maior eficiência 
(utilização de uma menor quantidade de insumos na produção do bem), importando os demais 
bens a serem consumidos internamente, e exportando o excedente de sua produção. Segundo 
essa teoria, a divisão internacional da produção permitiria a produção de bens com menores 
custos por países que possuíssem vantagens absolutas em sua produção, proporcionando um 
aumento do bem-estar a todos (MINEIRO, 2018). 
Entretanto, a Teoria das Vantagens Absolutas considera apenas um factor de produção, o 
trabalho, desconsiderando outros factores que interferem no custo de produção, o que limita seu 
alcance. Também não considera aquelas situações em que determinado país possui vantagem 
 
6 
 
absoluta em todos os bens produzidos e mesmo assim importa determinados itens. Esse último 
ponto foi desenvolvido na Teoria das Vantagens Comparativas que veremos a seguir. 
3.3.Vantagens comparativas 
O que seria vantagem comparativa? São as diferenças de produtividade de diferentes bens, 
considerando o custo de oportunidade. A Teoria das Vantagens Comparativas, desenvolvida por 
David Ricardo, justifica o comércio internacional mesmo quando um país for mais eficiente na 
produção de todos os bens, ou seja, mesmo que tenha vantagens absolutas em todos os bens 
considerados. 
Exemplo: Consideremos dois países (Verde e Vermelho): no país Verde, para produzir 1 kg de 
queijo é necessário 1 hora de trabalho, e para produzir 1 litro de vinho são necessárias 2 horas de 
trabalho; já no país Vermelho, para produzir 1 kg de queijo são necessárias 6 horas de trabalho, e 
para produzir 1 litro de vinho são necessárias 3 horas de trabalho. 
Segundo Mineiro (2018), aqui entra o conceito de custo de oportunidade, conceito este que não 
foi utilizado expressamente por Ricardo em sua teoria, mas que lhe dá fundamento: é preferível 
que o país Verde abra mãode produzir vinho para utilizar a mão-de-obra para produzir 
exclusivamente queijo, visto que sua produtividade é maior nesse bem em relação ao país 
Vermelho, deixando para esse país a produção de vinho. Logicamente, considerando que um 
quilo de queijo é trocado por um litro de vinho nos mercados mundiais. 
3.4. Teoria das Proporções de Factores – Heckscher-Ohlin 
A Teoria das proporções de factores foi desenvolvida por dois economistas suecos, Eli 
Heckscher e Bertil Ohlin (Ohlin recebeu o Prémio Nobel de Economia em 1977), e se 
fundamenta na inter-relação entre as proporções em que factores de produção diferentes estão 
disponíveis em diferentes países, e nas proporções em que eles são utilizados na produção de 
diferentes bens. Com base nessa teoria, um país tende a exportar bens intensivos nos factores 
cuja oferta é abundante. Esta teoria procura fundamentar o comércio internacional considerando 
mais de um factor de produção. 
Além do factor “trabalho”, considerado na teoria ricardiana, o modelo de Heckscher-Ohlin 
analisa as vantagens comparativas considerando o custo de produção também com base nos 
fatores “terra”, “recursos naturais” e “capital”. Como exemplo, se um país cujo factor trabalho 
 
7 
 
for abundante poderá ter um custo relativo menor em produtos intensivos em trabalho; por outro 
lado, um país intensivo em capital poderá ter vantagem comparativa na produção de bens 
intensivos em capital. 
4. INTEGRAÇÃO ECONÓMICA 
Bela Balassa (apud Sousa, 2005) utiliza uma definição mais precisa, considerando a integração 
como um processo e um estádio. Como processo, a integração entende-se como as medidas que 
visam a supressão da discriminação entre as entidades económicas que resultariam da existência 
de diferentes Estados nacionais; considerada como estádio, a integração significa a ausência de 
diferentes formas de discriminação entre as entidades económicas nacionais. Por sua vez, para 
Tinbergen, a integração é a criação da estrutura económica internacional mais desejável para 
suprimir as barreiras artificiais para uma acção óptima de livre-cambismo, introduzindo todas. 
4.1. Formas de Integração económica 
No que respeita a formas de integração económica existentes, podemos abordar as apontadas por 
Bela Balassa (apud Perreira, S/D): o clube de comércio preferencial, a zona de comércio livre, a 
união aduaneira, o mercado comum, a união económica e a união política. 
O Clube de Comércio Preferencial pressupõe que os direitos aduaneiros recíprocos sobre a 
importação de bens são reduzidos pelos respectivos países membros, mantendo, cada um deles, 
os direitos aduaneiros, de forma independente, sobre o resto do mundo. É exemplo desta situação 
a actual liberalização efectuada no âmbito dos acordos do GATT e da actual OMC. 
Livre-comércio é um modelo de mercado no qual as trocas fluem de forma natural, sem a 
interferência de restrições impostas pelo Estado. São consideradas zonas de livre-comércio as 
associações entre países, nas quais as mercadorias podem circular com taxas alfandegárias 
reduzidas em decorrência de acordos mútuos entre os parceiros comerciais. Na Zona de 
Comércio Livre os direitos e restrições quantitativas entre países participantes são abolidas, mas 
cada país mantém as suas próprias pautas aduaneiras em relação aos países não-membros. 
A União Aduaneira implica a supressão das discriminações no que se refere aos movimentos de 
mercadorias no seu interior e a igualização dos direitos em relação ao comércio com os países 
 
8 
 
não-membros, o que significa a existência de uma pauta externa comum. Podemos referir a 
Comunidade Económica Europeia como exemplo da União Aduaneira. 
O Mercado Comum tem como objectivos não só a eliminação das barreiras à livre circulação de 
mercadorias, tal como na união aduaneira, mas também a eliminação das restrições aos 
movimentos dos factores produtivos. Ou seja, pressupõe uma total liberalização dos quatro 
factores: bens, serviços, capital e trabalho. A Comunidade Europeia (CE), após o Acto Único 
Europeu, é um exemplo de mercado comum, que entrou em vigor em 1992, com algumas 
restrições para alguns produtos e para alguns países considerados menos desenvolvidos. 
A União Económica caracteriza-se pela harmonização das legislações económicas nacionais, 
pela coordenação das políticas económicas e pela substituição de certas políticas económicas 
nacionais por políticas comuns. 
A União Monetária supõe a criação de uma moeda comum, entre os países integrantes, ou a 
fixação das taxas de câmbio. A União Económica e Monetária caracteriza-se, assim, pela 
existência de políticas económicas comuns e de uma moeda comum (ou fixação das taxas de 
câmbio) entre os Estados Membros. Actualmente, a União Europeia (UE), é a expressão máxima 
deste tipo de integração. Dentro da UE, ainda comporta uma união monetária descrito nos actuais 
doze países que compõem a área do euro
2
. Podemos, ainda, referir a União Política como a mais 
abrangente forma de integração, e que implica a total coordenação das políticas económicas 
nacionais, a existência de uma moeda única, de uma instituição supranacional com poderes 
alargados e de uma política de defesa comum. Estas formas de integração económica podem ser 
vistas como processos concêntricos, em que um círculo superior integra os anteriores. Todavia, a 
realidade é mais complexa, na medida em que uma organização pode ter características de várias 
formas de integração económica. 
4.1.1. Vantagens da integração económica 
A Teoria Económica (ROBSON, 1985 apud PERREIRA, S/D) considera que a integração 
económica tem as seguintes vantagens: 
 
2
 A área do euro é actualmente composto por 12 países (Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, 
Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos e Portugal). A partir de 1 de Janeiro de 2007, junta-se a 
Eslovénia como 13º país da área do euro. 
 
9 
 
 Aumento da produção, como consequência da especialização realizada de acordo com as 
vantagens comparativas e de um melhor aproveitamento das potencialidades das 
economias de escala; 
 Melhoria dos termos de troca da organização em relação ao resto do mundo; 
 Mudanças forçadas na eficiência causadas pelo aumento da concorrência no interior da 
organização; 
 Mudanças induzidas pela integração afectando a quantidade e a qualidade dos factores de 
produção, tais como o aumento do fluxo de capitais; 
 Mudança na taxa de avanço tecnológico. 
5. PROTECCIONISMO 
Para Sousa (2005) o Proteccionismo é “política económica de intervenção nas condições do 
comércio internacional através da qual os Estados favorecem os produtos e os factores nacionais, 
ou alguns deles, na concorrência com os estrangeiros”. 
O conjunto de medidas que faz parte do proteccionismo é contrário aos ideais propostos pela 
política de livre-comércio e quase que de forma generalizada, em maior ou menor grau, é a 
política adoptada pela maior parte dos países no capitalismo moderno. Os defensores do 
proteccionismo acreditam que as suas medidas propostas, além de protegerem as empresas 
protegem os trabalhadores no mercado interno. 
Os proteccionistas afirmam que a importação de produtos existentes no mercado interno 
provoca, na maioria das vezes, o desemprego industrial dentro do país e fomenta o emprego 
industrial fora dele. Algumas das medidas proteccionistas são: 
 A criação de barreiras alfandegárias com relação aos produtos estrangeiros. 
 A implantação de exigências voltadas para a qualidade, com o objectivo de tornar os 
produtos importados mais caros. 
 A concessão de subsídios para as indústrias do país, para ajudá-las no combate à 
concorrência internacional. 
 A fixação de quotas de importação voltadas para a limitação da entrada de produtos 
oriundos do exterior. 
 
10 
 
5.1. Desvantagens do proteccionismoApesar de proteger a indústria interna, a política de proteccionismo apresenta algumas 
desvantagens: 
 Retarda a evolução tecnológica do segmento da economia (geralmente industrial) que 
está sob protecção. 
 Pode deixar o segmento que está sendo protegido estagnado, sem a preocupação de 
evoluir para enfrentar a competição externa. 
 Quase sempre essa política, típica dos países considerados pobres, dificulta o 
desenvolvimento económico. 
6. A INTERDEPENDÊNCIA ECONÓMICA 
O termo de interdependência económica é definido pela OCDE como: “facto ou condição de 
dependência de uns em relação aos outros: Dependência Mútua” (COOPER, 1985). 
Um país é, assim, dependente, quando é afectado de forma significativa por forças externas. De 
forma idêntica, também podemos definir interdependência como mútua dependência, ou seja é 
uma situação caracterizada por efeitos recíprocos entre os países. 
Estes efeitos podem resultar das relações internacionais em que os países são intervenientes, 
como em fluxos monetários, de bens e serviços e de pessoas. A interdependência económica 
pode ser medida a partir do valor das transacções económicas entre dois países, ou entre o país e 
o resto do mundo. 
A interdependência económica depende de uma melhoria dos transportes internacionais e das 
comunicações, bem como da difusão de técnicas de produção e gestão, de uma maior integração 
dos mercados, da redução das barreiras ao comércio e da redução das barreiras ao movimento de 
capitais. Podemos considerar que existe uma forte interdependência entre dois ou mais países 
quando as importações são cruciais no processo produtivo de cada um desses países em relação 
ao outro (ou aos outros). Se a dependência é recíproca, poderá ser apelidada de interdependência 
mútua (COOPER, 1985). 
 
11 
 
Existe uma diferença entre interdependência e integração de mercados: enquanto a 
interdependência económica reporta-se à elevada substituibilidade entre vários produtos no 
espaço, a integração de mercados refere-se a uma tendência de igualização dos preços dos 
produtos nos mercados a integrar. 
Podemos ter um alto grau de integração de mercado sem que haja uma forte interdependência, 
mas, no entanto, o contrário pode não ser verdade, pois uma elevada integração de mercados é 
necessária para uma elevada interdependência, apesar de a não assegurar. 
A interdependência também pode ser estrutural, quando dois países estão muito abertos um ao 
outro, de tal forma que os acontecimentos económicos de um país influenciam o nível ou as 
orientações económicas do outro país, e política, quando já existe uma interdependência 
estrutural e de objectivos de política económica. 
Na elaboração das políticas económicas deve-se contar com a problemática dos objectivos 
conflituais. Ou seja, vivendo num mundo interdependente, cada país pode seguir objectivos de 
política económica incompatíveis com os de outros países, correndo o risco de não obter os 
resultados esperados. 
Hamada (apud PERREIRA, S/D) apresenta três hipóteses, em que na primeira os países 
cooperam na formulação das políticas económicas que cada um pretende seguir, na segunda cada 
país segue os seus objectivos de forma independente e, na última, cada país segue os seus 
objectivos mas há um país líder que consegue antecipar as reacções do outro país às suas 
próprias acções. 
Isto origina três soluções conhecidas da teoria do duopólio: 
 Solução cooperativa, em que os dois países cooperam entre si de forma a atingir 
simultaneamente os objectivos a que se propõem. Esta solução é apresentada como 
Óptimo de Pareto, em que se considera que com a existência de cooperação os dois países 
melhoram as suas condições, melhorando o seu bem-estar económico; 
 Solução Nash-Cournot, em que cada país segue os seus objectivos sem se preocupar com 
o outro. Pelo facto de estarem numa situação de interdependência, as acções de cada um 
têm influência no outro. O resultado será quase sempre sub-óptimo, pois as reacções às 
 
12 
 
políticas do outro país podem ser tardias e surgirem apenas como um confronto, o que 
pode levar a um maior desgaste da economia; c. Solução Nash-Stackelberg, em que os 
países seguem os seus objectivos sem cooperarem, mas existe um deles, o líder, que 
consegue antecipar as reacções do outro país às suas acções. A partir das três soluções de 
interdependência podemos concluir que a solução óptima é a solução cooperativa ou 
Óptimo de Pareto. Nesta solução as duas regiões melhoram com a cooperação existente 
entre elas. 
7. ECONOMIA INTERNACIONAL E RELAÇÕES INTERNACIONAIS 
Didacticamente, a Economia Internacional é enquadrada como parte dos estudos da Ciência 
Política e das relações internacionais. Seu principal objectivo, nesse enquadramento, é o estudo 
da estruturação das relações económicas globais, enfatizando a importância do conceito de 
cooperação entre as nações. 
Num outro olhar, podemos dizer que as relações económicas internacionais foram precipitadas 
pelo comércio, ou seja, a economia possibilitou a ocorrência de relações entre nações, entre 
empresas, entre vários outros actores. Podendo assim, hoje, a mescla de Economia internacional 
e relações internacionais ser apelidada de Relações económicas internacionais, essas que são as 
Relações que tem como suporte a economia. 
7.1. Relações económicas internacionais 
Aqui damos particular relevo à abordagem de Susan Strange (1923-1998), que criou uma 
estrutura de pensamento que enquadra as relações económicas internacionais numa base de 
poder, ou antes de tipos de poder. 
7.2. O Poder na Economia Mundial (Dominado e dominador) 
Para o estudo da Economia Internacional torna-se fundamental a análise do papel do “poder” na 
vida económica. Na verdade, é o “poder”, ou antes quem tem o poder, que determina a relação 
existente entre as autoridades e o mercado. O mercado não pode exercer um papel dominante se 
o não for permitido por quem tem o poder ou exerce autoridade, uma visão globalista com toques 
realistas. 
 
13 
 
Pode dizer-se que a grande diferença entre uma economia de mercado, orientada por empresas 
privadas e uma economia estatizada, orientada por empresas controladas pelo Estado, está não só 
no grau de liberdade que é dada ao mercado pelas autoridades mas também pelo contexto do 
funcionamento do mercado (STRANGE, 1991). 
Assim, mais do que perguntarmos quem tem o poder, devemos questionar qual é a fonte do 
poder, sendo esta questão a preocupação central do pensamento de Susan Strange. Para a autora, 
em Política Económica existem dois tipos de poder: poder estrutural e relacional, mas, devido ao 
forte incremento da competitividade entre as nações e entre as empresas, é o poder estrutural que 
tem ganho peso e forma. 
Podemos definir poder relacional como o poder que é exercido por um país, empresa ou agente 
sobre um outro país, empresa ou agente, para que este faça algo que de outra forma não o faria. 
O poder estrutural determina as estruturas da política económica global entre os diferentes 
Estados, as suas instituições políticas, as suas empresas e os agentes que laboram nessas 
empresas e instituições. Em resumo, o poder estrutural confere o poder de decidir como as 
“coisas” podem ser feitas, permite moldar novas estruturas e enquadramentos das relações entre 
os Estados e as Empresas. 
8. SISTEMA MONETÁRIO INTERNACIONAL: Bretton Woods 
8.1. Uma visão Realista 
A análise da criação até a queda do Sistema Monetário Internacional de Bretton Woods, está 
referenciada por uma visão realista da política internacional, em detrimento de uma visão 
idealista. 
“No final da Segunda Guerra Mundial impunha-se uma nova abordagem das Relações 
Internacionais, mais próxima dos factos e como reacção ao idealismo. Assim, surge o 
realismo, que atribui à Segunda Guerra Mundial a ingenuidade da diplomacia de 
apaziguamento que prevaleceu no decurso do períodoentre as duas guerras” (SOUSA, 
2005). 
Visão realista essa que se alicerça principalmente no conceito de hegemonia (poder) como a 
superação dos oponentes pela força, algo que tem derivação de fundamentos da ciência política 
 
14 
 
de Maquiavel (2008) e Hobbes (2006). No século XX, Lênin (1985), no campo socialista, e 
Morgenthau (1986), no campo capitalista, são duas principais fontes do entendimento da relação 
entre as nações com base no realismo. 
Segundo Philippe Braillard (apud SOUSA, 2005), “o realismo é o poder e, mais precisamente, a 
procura do poder, que é o fundamento de toda a relação política e que constitui, assim, o 
conceito chave de toda a teoria política. Esta procura do poder está inscrita profundamente na 
natureza humana onde tem a sua origem, natureza que não é essencialmente boa, já que ela 
confere a todos os homens um ardente desejo de poder ou animus dominandi, e os faz, com 
frequência, agir como uma ave de rapina”. 
Para comandarem, com peso excessivamente assimétrico em seu favor, a construção e o 
desenvolvimento do Sistema Monetário Internacional (SMI) de Bretton Woods, foi fundamental 
que os Estados Unidos saíssem de sua tradição de isolacionismo na política internacional, 
ancorada em uma concepção idealista, e avocassem a hegemonia no mundo capitalista saído da 
Segunda Guerra Mundial, quando se afirmavam como a única superpotência económica e tinham 
apenas a rivalidade da União Soviética no que dizia respeito ao poderio bélico. 
A opção por tornarem-se gerente e xerife do capitalismo mundial levaria os Estados Unidos a 
adoptar uma linha realista na política internacional, de acordo com os parâmetros sistematizados 
por Morgenthau (1986), em detrimento da linha idealista anterior. Bretton Woods, portanto, 
como veremos mais adiante, a despeito de ter sido um concerto entre países então aliados, foi 
uma espécie de ditado baixado pelos Estados Unidos, tendo a cumplicidade maior da Grã-
Bretanha e a adesão quase que passiva e subalterna dos demais países, os quais necessitavam 
estar sob a protecção desse novo SMI (Sistema Monetário Internacional) para sua sobrevivência 
no campo das trocas internacionais por divisas. 
À medida que os Estados Unidos tiveram enfraquecida a sua hegemonia no campo económico, o 
SMI (Sistema Monetário Internacional) de Bretton Woods passou a entrar em declínio, 
resultando em sua extinção em 1971. 
 
15 
 
8.1.1. Antecedentes de Bretton Woods 
Antecedentes de Bretton Woods: o padrão ouro De 1875 a 1914, temos a chamada “idade 
dourada” do Sistema Monetário Internacional. Foi a época do SMI regido pelo padrão-ouro sob 
hegemonia britânica. Padrão-ouro este que, em última instância, era padrão-esterlina). 
O facto de ter partido na frente na corrida industrial, reforçou sobremaneira a condição de 
potência militar-económica que a Inglaterra já detinha no período pré-Revolução Industrial. 
Como superpotência económica e bélica, ela impôs a ordem capitalista mundial do pós-
Revolução Industrial. Impôs o multilateralismo baseado no padrão-ouro. De modo que, o livre-
cambismo a nível internacional, menos do que ser uma evolução natural dos demais países em 
direcção ao capitalismo, que tinha o modelo britânico como epicentro, foi uma imposição da 
Inglaterra. Para tanto, ela detinha não somente a vantagem de ter o monopólio de levar 
manufacturados à diversas partes do mundo, mas principalmente o facto de exercer o monopólio 
dos poderes económico, militar e político a nível mundial. 
Também, o facto de ter partido na frente na corrida industrial e ter imposto uma ordem mundial 
livre-cambista, permitiu à Inglaterra impor uma nova divisão internacional do trabalho, baseada 
em praticamente um único país exportador de manufacturas em larga escala (Inglaterra) e o resto 
do mundo importador dessas manufacturas e exportador de matérias-primas para serem 
transformadas em novas manufacturas pela indústria britânica. Entretanto, o surgimento da 
disputa imperialista pela África e pela Ásia representou um golpe fatal para o padrão-ouro e o 
princípio do fim do imenso poder que a Inglaterra mantivera na política económica mundial 
durante o século XIX. A passagem deste século para o século XX apresentou um novo 
gerenciamento no mundo capitalista, devido ao surgimento de novas potências imperialistas além 
da Inglaterra. (BLOCK, 1989, p. 29, nota 6). 
8.1.2. A criação do SMI de Bretton Woods 
No imediato pós-II Guerra Mundial, havia, no plano bélico e político, duas superpotências, 
Estados Unidos e União Soviética, e, no plano económico, uma só superpotência: Estados 
Unidos. Os países da Europa em geral e o Japão estavam extenuados dos pontos de vista bélico, 
político e económico. Necessitavam passar por um processo de reconstituição para se 
recuperarem dos escombros da guerra. Na qualidade de superpotências bélicas e de comandantes 
da vitória dos Aliados, Estados Unidos e União Soviética dividiram a Europa em duas áreas de 
 
16 
 
influência: a Europa ocidental sob a influência estadunidense e a Europa oriental sob a influência 
soviética. Devido, sobretudo à radical diferença ideológica entre a União Soviética e o restante 
dos países aliados, tornava-se iniludível que a aliança entre eles era meramente circunstancial e 
não poderia sobreviver além do objectivo por eles demarcado: a vitória sobre os países do Eixo. 
Logo que alcançaram esse desiderato comum, já começaram a se acentuar as rivalidades entre 
suas ideologias antagónicas. Os Estados Unidos saíram da guerra com o seu território-sede 
intacto (ao contrário das potências europeias e da URSS) e como os maiores credores do mundo, 
contabilizando uma enorme reserva em divisas, além de uma não menor capacidade de exportar 
manufacturados e capitais, mercadorias das quais os demais países tinham uma necessidade 
grandiosa e premente. Isso lhes dava o pressuposto para impor uma nova ordem monetária 
internacional, a exemplo do que fizera a Inglaterra nos séculos XVIII e XIX. Para tanto, tinham 
as condições objectivas: eram uma superpotência económica e militarmente. 
No entanto, tinha um obstáculo de grande importância, com o qual a Inglaterra não se deparara 
nos tempos em que impunha a ordem monetária internacional baseada no padrão-ouro. Ou seja, 
os Estados Unidos tiveram uma superpotência bélica rival que se opusesse ao capitalismo e, 
concomitantemente, tivesse planos e condições objectivas de lutar para impor uma ordem anti-
capitalista a uma parte considerável do mundo. 
Diante dessa conjuntura do imediato pós-IIGM, na qual Estados Unidos e União Soviética 
lutavam para dividir o mundo em duas zonas de influência, o primeiro país se sentia impelido a 
não voltar à sua tradição isolacionista, ao seu imperialismo basicamente latino-americano, 
baseado na Doutrina Monroe. 
Fazia-se mister, do ponto de vista realista, espargir esse imperialismo até onde fosse possível, 
guardados os limites de sua rivalidade com a URSS, sob o risco de perder aliados potenciais para 
a influência soviética. Além disso, era necessário exportar o seu elevado excedente de 
manufacturas e de capitais. Dentro desse espírito de rivalidade ideológica e da grande 
oportunidade económico-financeira de maximizar seu desenvolvimento e sua liderança mundial, 
os Estados Unidos deliberaram por praticar um capitalismo internacional ao invés do capitalismo 
nacional que lhes era contumaz e que os levaram à condição de potência-líder do planeta. Dessa 
 
17 
 
opção surgiria, sob a liderança estadunidense, o novo Sistema Monetário Internacional, sobre o 
qual discorreremos a seguir. 
Os planos White e Keynes 
O momento era extremamente favorável a que os Estados Unidos adoptassem um capitalismo 
internacional, tal qual a Inglaterra fizera anteriormente. No entanto, era preciso vencer os 
defensores do capitalismo nacional não somente dentro dos Estados Unidos, mas principalmente 
nos paíseseuropeus ocidentais e no Japão, que se esforçavam por recuperar suas economias 
através de um viés proteccionista. No começo da década de 1940, duas altas instituições do 
governo Roosevelt disputavam impor suas directrizes à política económica estadunidense e, por 
extensão, à política económica internacional do período pós-guerra: 
O Departamento de Tesouro e o Departamento de Estado. Na primeira, predominavam os 
defensores do capitalismo nacional; na segunda, os do capitalismo internacional (BLOCK, 
1989). 
Mesmo antes de acabar a IIGM, a partir de fins de 1942, os Estados Unidos partiram na frente no 
escopo de organizar um novo SMI para vigorar quando chegasse à paz. Para tal empreitada, 
cooptaram a cumplicidade britânica. Roosevelt, ele próprio um ferrenho defensor do capitalismo 
nacional, encarregou o Departamento de Tesouro de formular um projecto de criação de um 
fundo de estabilização internacional que teria a responsabilidade de mediar as relações 
monetárias e financeiras no pós-guerra. A escolha significou uma derrota para o Departamento 
de Estado, que tinha Cordell Hull como Secretário. 
A responsabilidade de comandar o projecto recaiu sobre Harry Dexter White, alto funcionário do 
Departamento de Tesouro. Concomitantemente à elaboração do Plano White, era elaborado o 
Plano Keynes, como contribuição britânica à nova ordem monetária internacional a ser instalada 
depois da guerra 
Uma diferença nodal entre os pontos de vista de White e de Keynes é que para este o ouro devia 
ser definitivamente erradicado como meio de pagamento e substituído por um convênio 
internacional, enquanto o primeiro defendia que o padrão-ouro ainda deveria servir de suporte à 
nova ordem. 
 
18 
 
A versão final do Plano White tinha três disposições principais: 
 Tipos fixos de câmbio e um preço fixo para o ouro; 
 Rechaço dos controles directos e do bilateralismo para lograr o equilíbrio da balança de 
pagamentos; 
 Um fundo de moedas que poderiam ser emprestadas aos países em déficit para permitir-
lhes superar as dificuldades temporárias na balança de pagamentos e ao mesmo tempo 
manter a convertibilidade de suas moedas. Foi deixado de lado as estipulações com vistas 
ao futuro que permitiam ao Fundo vender seus próprios títulos ou ao “Banco” realizar 
suas próprias inversões. 
Principais características da câmara internacional de compensação proposta por Keynes: 
 O banco (que Keynes denominou União de Compensação) organizaria uma compensação 
multilateral dos desequilíbrios bilaterais entre bancos centrais, por meio da qual todos os 
pagamentos internacionais seriam centralizados e dirigidos. 
 As operações da União de Compensação seriam efectuadas em um novo activo de reserva 
internacional, denominada por Keynes „bancor‟. 
 Os países-membros poderiam acumular saldos credores ou sacar a descoberto junto à 
União de Compensação. Haveria cobrança de juros, tanto sobre os saques a descoberto 
como sobre a propriedade excessiva de créditos em „bancor‟; esta última proposta visava 
explicitamente incentivar também o ajustamento dos países superavitários, introduzindo 
uma simetria no ajustamento muito maior do que a existente até então, e reduzindo 
também o viés deflacionário que uma ênfase apenas no ajustamento de países deficitários 
acarretava (e, aliás, acarreta) para a economia mundial. 
 A proposta de Keynes implicava a criação de uma grande instituição, que permitiria o 
acesso incondicional a vultosos direitos de sobregiro de no mínimo 26 bilhões de dólares, 
sendo que o passivo potencial dos Estados Unidos nesse montante atingiria até 23 bilhões 
Os Estados Unidos (o Congresso estadunidense) acabaram aprovando um documento final, 
relativo à constituição do novo SMI, baseado mais no Plano White do que no Plano Keynes, já 
que este colocava em mãos estadunidenses a principal responsabilidade de arcar financeiramente 
com os desequilíbrios do Sistema, face ao facto deste país estar com níveis de superávit bem 
 
19 
 
acima daqueles dos demais países. O Plano White serviu de base à criação do novo Sistema 
Monetário Internacional, na Conferência de Bretton Woods, em 22 de julho de 1944, 
denominada Conferência Internacional Monetária e Financeira das Nações Unidas e Associadas, 
a qual também criou o FMI e o Banco Mundial. 
O que norteou a fundação do novo SMI foi a preocupação de se criar um Sistema baseado em 
taxas cambiais fixas, buscando-se evitar as desvalorizações competitivas que se mostraram 
bastante nefastas para a saúde da economia internacional durante a década de 1930. 
Basicamente as regras do novo SMI consistiram em: Os países-membros deveriam fixar uma 
paridade de suas moedas em relação ao ouro ou ao dólar e deveriam manter as flutuações das 
taxas de câmbio, no caso de operação à vista, limitadas em mais 1% ou menos 1% da paridade 
(por exemplo: se dada moeda fosse além do 1%, o banco central desse país ficava obrigado a 
vender „x‟ quantidade de moeda nacional e comprar dólares até fazer voltar o equilíbrio). 
Caso um país quisesse mudar a paridade, somente poderia fazê-lo com a aquiescência do FMI, o 
qual não teria o poder de opor-se a uma mudança de paridade que não excedesse a 10%. Somente 
a partir deste patamar, o FMI teria o poder de opor-se. 
Essas prerrogativas do SMI e, principalmente, do FMI visavam inibir desvalorizações unilaterais 
que acabariam por trazer malefícios ao Sistema. Haveria uma convertibilidade fixa do dólar em 
ouro, segundo a qual os Estados Unidos assumiriam o compromisso de sempre venderem e 
comprarem o ouro a um preço invariável de US$35,00 a onça. 
8.1.3. Declínio do Sistema Monetário Internacional 
Os contínuos déficits na balança de pagamentos dos Estados Unidos, isto é, a contínua saída de 
grandes quantidades de dólares, acabaria colocando em risco o SMI, pois ia debilitando a 
capacidade deste país manter a convertibilidade do dólar em ouro de acordo com Bretton Woods. 
Podemos dizer que Bretton Woods foi útil para recuperar as potências capitalistas mais afectadas 
pela guerra, países da Europa ocidental e Japão. (MORGENTHAU, 1986) 
A partir dessa recuperação, a iniciativa privada passou a desprezar os limites impostos por 
Bretton Woods. Para tanto, foram fundamentais a invasão de multinacionais estadunidenses, 
sobretudo na Europa, e a formação dos eurodólares. 
 
20 
 
Estes dois factores foram tirando o SMI do controle público estabelecido pelos Estados 
acordados em Bretton Woods para o descontrole privado. Também é preciso sublinhar que, ao 
passarem de uma situação de crise para uma situação de constante ascensão económica, os países 
europeus e o Japão se dispuseram a pressionar os Estados Unidos por uma ordem monetária que 
reflectisse a nova correlação de forças mundial, o que implicava o estabelecimento de relações 
bilaterais à revelia de Washington e de Bretton Woods. 
9. EMPRESAS MULTINACIONAIS 
9.1. Seu papel nas Relações económicas internacionais 
Dentro do contexto da Teoria da Dependência as EMNs têm o grande papel de serem os 
agentes da dependência entre os países centrais e periféricos. Ou seja, à medida que essas 
empresas se expandem em seu processo de internacionalização diversas empresas nacionais 
acabam desaparecendo em meio a processos de aquisição e fusão. Como consequência, o 
movimento acelerado de globalização económica torna os países periféricos cada vez mais 
dependentes do fluxo de capital internacional e do desenvolvimento tecnológico conduzido por 
essas EMNs. Fundamentalmente as EMNs aumentam a vulnerabilidade dos Estados periféricos, 
entretanto, esses países não têm alternativa a este movimento de internacionalização pois, o custo 
de ficar fora da economia global é muito maior do que o custo da vulnerabilidade crescente. 
Nessa teoria, as EMNs são vistas como entidades poderosas que exploram os países periféricos e 
aprofundam as diferenças entre Norte e Sul. 
Dentrodo contexto teórico do Neo-Realismo e da Estabilidade Hegemónica o papel das EMNs 
nas relações internacionais deve ser dividido em três partes: a relação das EMNs de origem 
norte-americana com os EUA, a relação das EMNs de outros países com seu país sede e, a 
relação dessas empresas com os outros países (receptores das subsidiárias). Teoricamente, a 
influência das EMNs sempre se dá dentro do marco nacional, ou seja, o Estado é que canaliza o 
ativo económico-político dessas empresas para o seu próprio interesse e, a medida que convenha 
a sua agenda, retorna às empresas promovendo sua expansão internacionalmente. Em última 
instância, poderia se dizer que, ceteris paribus, quanto mais um país tem EMNs fortes no cenário 
internacional maior será a influência económica e política desse país. 
 
21 
 
Para a maior parte das EMNs o seu mercado principal segue sendo o de seu país de origem, e as 
políticas dos governos desses países pesam mais do que as decisões dos governos dos países 
receptores. É verdade também que os mercados estrangeiros também são mercados nacionais e 
as estratégias corporativas devem se adaptar as políticas dos governos dos países receptores 
(GILPIN, 2002). Também é verdade que, apesar da globalização, as EMNs são 
consideravelmente distintas, uma das outras, principalmente em função das tradições ideológicas 
do país da origem da empresa. 
 
 
22 
 
10. CONCLUSÃO 
Encerramos o trabalho reafirmando alguns pontos: a abertura do comércio internacional ajudou 
os países a crescer mais, comparativamente com outras circunstâncias: o comércio internacional 
fomenta o desenvolvimento económico quando as exportações de um país impulsionam o seu 
crescimento económico graças à globalização 
Integração regional é uma reacção às necessidades de ajustamento das forças económicas e 
decorre do fenómeno da interdependência. Nas razões da integração regional, podemos enunciar 
o progresso técnico, que favoreceu a expansão multinacional das empresas e a mobilidade do 
capital e a mundialização das actividades industriais que, por efeito, alargou o conjunto de 
medidas que influem sobre a competitividade internacional, ao mesmo tempo que reduz a 
eficácia das políticas comerciais e industriais tradicionais. Cada acordo regional aplica um 
conjunto de medidas e varia segundo o ritmo de ajustamento requerido. Entre elas destacam-se a 
supressão dos controlos nas fronteiras, a abertura dos mercados públicos às empresas da região, a 
garantia de mobilidade total do capital (pelos detentores de activos e fornecedores de serviços 
financeiros) e medidas que favorecem a intensificação de concorrência. 
Vimos ainda que a construção da nova ordem mundial capitalista do imediato pós-II GM foi 
resultante de uma correlação de forças bastante assimétrica, na qual os Estados Unidos se 
apresentavam como detentor da hegemonia para implementar um novo SMI em lugar daquele 
que fora erodido pelo conturbado e instável período entre guerras. 
Ao analisar o papel das EMNs, percebemos que ignorar a importância delas na política 
internacional contemporânea como um actor independente dos Estados é ignorar o crescente 
poder, autônomo e independente dos Estados, que essas empresas vem adquirindo na economia 
mundial, especialmente no contexto de globalização e governança global, onde os Estados vem 
perdendo a capacidade de autonomia à medida que cresce a interdependência econômica. 
 
23 
 
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BALASSA, BELA, 1961, “The Theory of Economic Integration”, Clássica Editora, 2ª edição, 
Lisboa. 
BARBOSA, António S.Pinto, 1997, Economia Pública, McGraw-Hill, Lisboa, Junho. 
BLOCK, Fred. Los orígenes del desorden económica internacional. México: Fondo de Cultura 
Económica,1989. 
BUITER, Willem H. e MARSTON, Richard C., “International Economic Policy Coordination”, 
Centre for Economic Policy Research, National Buerau of Economic Research (NBER), 
Cambridge University Press. 
COOPER, Richard N., 1985, “Economic interdependence and coordination of economic 
policies”, in JONES, R.W. e KENEN, P.B. (ed), Handbook of International Economics, Vol II, 
Harvard University, pp.1195-1233. 
EKELUND, Robert B. e HÉBERT, Robert F., 1990, A history of Economic Theory and Method, 
McGraw-Hill International Editions, 3rd Edition, Singapure. 
FOSCHETE, Mozart T, 2003, “Relações económica s internacionais”. 2. ed. São Paulo: 
Aduaneiras, 2003. 
GUERRA, A. Castro, 1990, “Ronald Coase e a Teoria das Firmas Multinacionais”, ISEG, 
Outubro de 1990, MIMEO. 
GUIMARÃES, Maria Helena, 2005, Economia Política do Comércio Internacional: Teorias e 
Ilustrações, Ed. Princípia, Cascais. 
GILPIN, Robert. 2002. “A economia política das relações internacionais”. Brasília: Editora da 
UNB. 
KRUGMAN, Paul R.; OBSTFELD, Maurice, 2015. “Economia internacional”. 10. ed. São 
Paulo: Pearson. 
MINEIRO, Rodrigo. 1986, Aula de introdução ao Comércio Internacional. Direção, concursos. 
 
24 
 
MORGENTHAU, Hans. 1986, Política entre las Naciones: la lucha por el poder y la paz. 
Buenos Aires: Grupo Editor Latinoamericano. 
ODELL, John. 1982, The International Monetary System. Princeton: Princeton UniversityPress. 
PRADA, Valentin Vasquez de, 1991, História Económica Mundial, Editora Livraria Civilização, 
Colecção Habitat, Porto. 
PERREIRA, José Carlos, S/D. Relações Económicas entre África do Sul e Moçambique: 
Cooperação ou Dominação? ISEG. 
QUIVY, Raymond. at al, 1992, Manual de investigação em ciências sociais. Lisboa: Gradiva. 
STRANGE, Susan , 1994, States and Markets, 2nd edition, Pinter Publishers, London. 
STRANGE, Susan, e STOPFORD, John, 1991, Rival States, Rival Firms: competition for world 
market shares, Cambridge Studies in International Relations, Cambridge University Press, 
Canada.

Outros materiais