Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Felipe Lima Santos – MED 6º SEM FADIGA, PERDA DE PESO E ANEMIA SP4 – MAIS UMA CHANCE... Nessa situação problemas, abordaremos os seguintes objetivos de estudo: • Diferenciar uso, abuso, dependência, abstinência e tolerância a drogas. • Compreender a fisiopatologia da perda ponderal em dependentes químicos. • Conhecer a fisiopatologia, quadro clínico, diagnóstico e tratamento da intoxicação aguda por álcool, maconha, cocaína, alucinógenos (lis, mdma) e crack. • Estudar o quadro clínico, diagnóstico, tratamento e diagnóstico diferencial da tuberculose pulmonar. TERMOS RELACIONADOS A CONSUMO DE ILÍCITOS • Uso: Relacionado a qualquer tipo de consumo, podendo ser frequente ou não. É o caso, por exemplo, de indivíduos que experimentam a substância pela primeira vez, mas não são afetados pelo uso, podendo simplesmente abandonar o consumo; • Abuso: É o uso nocivo de uma substância consequente de algum tipo de problema. Neste caso, o uso das substâncias é mais recorrente, podendo desencadear na dependência; • Dependência: Ocorre quando não existe mais um controle sobre o uso, causando problemas reais à saúde. O consumo se torna uma compulsão, já que o indivíduo passa a direcionar toda a sua vida ao consumo das drogas ou do álcool. As substâncias se tornam indispensáveis ao funcionamento psicológico do indivíduo. Portanto, a dependência provém não do desejo de consumir substâncias, mas da incapacidade de não as consumir; • Abstinência: descontinuação de uma droga aditiva. Isto pode conduzir à ânsia intensa para as síndromes da droga ou da retirada. • Tolerância: quando o corpo se adapta à contínua presença da droga; PERDA PONDERAL EM DEPENDENTES QUÍMICOS Os mecanismos biológicos de alimentação e vício são sobrepostos durante nossa história evolutiva. O antagonista opióideo naloxona inibe fome em mamíferos e até em amebas. O sistema claramente mais estabelecido em comum com os mecanismos de alimentação e ingestão de droga é sua habilidade em ativar o sistema dopaminérgico ligado ao circuito de recompensa do cérebro. O bloqueio através de fármacos ou até o dano experimental do sistema dopaminérgico atenua a alimentação livre e a recompensa por comer, além do sistema de recompensa a cocaína, anfetamina, nicotina e álcool. O sistema opióideo endógeno interage com cada um dos sistemas dopaminérgicos do cérebro. Na ponte, receptores µ opióideos são localizados nos neurônios gabaérgicos, que normalmente inibem o sistema dopaminérgico. Felipe Lima Santos – MED 6º SEM µ opioides inibem essa configuração, portanto desinibindo o sistema dopaminérgico e assim liberando dopamina no núcleo accumbens e regiões alvo. O bloqueio farmacológico, ou dano experimental a sistemas dopaminérgicos inibem o desejo de recompensa pela alimentação, assim como os efeitos de recompensa da cocaína, anfetamina, nicotina e álcool. Injeções de opioides em cada uma dessas regiões é relacionado a recompensa, e potencializa a alimentação, sendo o papel dos opioides nessas áreas aumentar a ingestão de comidas gordurosas, altamente doces, enfim dando prazer as comidas mais palatáveis. Esses sistemas parecem também serem modulados por substratos de regulação energética. Não só a privação alimentar potencializa os efeitos de recompensa, como a restrição alimentar crônica potencializa o sistema de recompensa do centro hipotalâmico lateral e a maioria das drogas de abuso. O hormônio da leptina, que está em falta em pessoas obesas, não só suprime a ingesta alimentar, como também reverte os efeitos nas recaídas de drogas em modelos animais. Portanto, em amplo espectro, há uma considerável interação do circuito cerebral envolvido na regulação do peso corporal e o circuito que é usurpado por drogas de abuso. INTOXICAÇÃO AGUDA POR ÁLCOOL O consumo de etanol em quantidades moderadas geralmente não é prejudicial, mas em quantidades excessivas, o álcool causa sérios danos físicos e psicológicos. FISIOPATOLOGIA Grande parte do álcool no sangue é biotransformada em acetaldeído no fígado por três sistemas de enzima: álcool desidrogenase (ADH), o sistema microssômico de oxidação do etanol (MEOS), e catalase. O principal sistema enzimático envolvido no metabolismo do álcool é a ADH, localizada no citosol dos hepatócitos. Em altos níveis sanguíneos de álcool, o sistema microssômico de oxidação do etanol participa no seu metabolismo. A catalase, que utiliza peróxido de hidrogênio como um substrato, é de menor importância, já que metaboliza não mais do que 5% do etanol no fígado. O acetaldeído produzido pelo metabolismo do álcool através da ADH ou do MEOS é convertido em acetato através da aldeído desidrogenase (ALDH), que então é utilizada na cadeia respiratória mitocondrial O sistema microssômico de oxidação envolve os CYP, em especial o CYP2E1, localizado no retículo endoplasmático agranulos. A indução dos CYP pelo álcool explica o aumento da suscetibilidade dos alcoólatras a outros compostos metabolizados pelo mesmo sistema enzimático, que incluem drogas, anestésicos, carcinógenos e solventes industriais. Observe, entretanto, que quando o álcool está presente no sangue em altas concentrações, ele compete com outros substratos CYP2E1 e atrasa o catabolismo das drogas, potencializando os efeitos depressivos dos narcóticos, sedativos e drogas psicoativas no sistema nervoso central. A oxidação do etanol produz agentes tóxicos e perturba as vias metabólicas. Aqui mencionaremos somente as observações alterações mais importantes Felipe Lima Santos – MED 6º SEM O acetaldeído possui diversos efeitos tóxicos e é responsável por alguns dos efeitos agudos do álcool e pelo desenvolvimento de cânceres orais. A oxidação alcoólica pela ADH causa redução da nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD) a NADH, com uma consequente redução na NAD e um aumento no NADH. NAD é necessária para oxidação dos ácidos graxos no fígado e para a conversão do lactato em piruvato. A sua deficiência é a principal causa do acúmulo de gordura no fígado dos alcoólatras. O aumento na razão NADH/NAD em alcoólatras também pode causar acidose lática. O metabolismo do etanol no fígado através do CYP2E1 produz espécies reativas de oxigênio e causa peroxidação lipídica das membranas celulares. Entretanto, o mecanismo exato responsável pela lesão celular induzida pelo álcool no fígado não foi bem definido. O álcool também causa a liberação de endotoxinas (lipopolissacarídeos) a partir de bactérias Gram- negativas na flora intestinal, que estimulam a produção de TNF (fator de necrose tumoral) e outras citocinas dos macrófagos e células Kupffer, levando à lesão hepática. QUADRO CLÍNICO A despeito de toda a atenção dada às drogas ilícitas, como a cocaína e a heroína, o alcoolismo é um perigo mais amplo e afeta muito mais vidas. Cinquenta por cento dos adultos no mundo ocidental bebem álcool, e cerca de 5% a 10% sofrem de alcoolismo crônico. Estima-se que existam mais de 10 milhões de alcoólatras crônicos nos Estados Unidos e que o consumo de álcool seja responsável por mais de 100.000 mortes por ano. Mais de 50% destas mortes resultam de acidentes causados por motoristas alcoolizados e homicídios e suicídios relacionados ao álcool, e cerca de 15.000 mortes por ano são consequência de cirrose hepática. Mundialmente, o álcool contabiliza cerca de 1,8 milhão de mortes por ano (3,2% de todas as mortes). Após o consumo, o etanol é absorvido sem alteração pelo estômago e pelo intestino delgado. Depois é distribuído para todos os tecidos e fluidos do corpo em proporção direta ao nível sanguíneo. Menos de 10% são eliminados sem alteração pela urina, suor e respiração. A quantidade exalada é proporcional ao nível sanguíneo e forma a base do teste respiratório utilizado pelos responsáveis pela aplicação das leis. Uma concentração de 80 mg/dL no sangue constitui a definição legal de dirigir alcoolizado nos Estados Unidos. Para um indivíduo normal,essa concentração de álcool pode ser obtida após o consumo de três bebidas alcoólicas, aproximadamente 3 (355 mL) latas de cerveja, 445 ml de vinho, ou 120-150 mL de bebidas destiladas com 40% de teor alcoólico. A sonolência ocorre com 200 mg/dL, entorpecimento, com 300 mg/dL, e coma, com possível parada respiratória, com níveis mais altos. A taxa de metabolismo afeta o nível alcoólico no sangue. Os alcoólatras crônicos podem tolerar níveis de até 700 mg/dL, uma situação que é parcialmente explicada pelo metabolismo acelerado do etanol causado por uma indução de cinco a 10 vezes maior dos CYP hepáticos, discutidos a seguir. Os efeitos do álcool também variam de acordo com a idade, sexo e gordura corporal. Os efeitos adversos do etanol podem ser classificados em agudos e crônicos. O alcoolismo agudo exerce seus efeitos principalmente no SNC, mas pode induzir Felipe Lima Santos – MED 6º SEM alterações hepáticas e gástricas reversíveis se o consumo de álcool for descontinuado. Mesmo com uma ingestão moderada de álcool, múltiplas gotículas de gordura se acumulam no citoplasma dos hepatócitos (fígado gorduroso ou esteatose hepática). As alterações gástricas são gastrite e ulceração agudas. No SNC, o álcool é depressivo, afetando primeiro as estruturas subcorticais (provavelmente a formação reticular do tronco cerebral alto) que modulam a atividade cortical cerebral. Consequentemente, há estimulação e desordem no comportamento cortical, motora e intelectual. Em níveis sanguíneos progressivamente mais altos, os neurônios corticais e depois os centros medulares inferiores são deprimidos, incluindo os que regulam a respiração. A parada respiratória pode ocorrer em seguida. O alcoolismo crônico afeta não somente o fígado e o estômago, mas virtualmente todos os outros órgãos e tecidos também. Os alcoólatras crônicos sofrem de morbidade significativa e têm uma duração de vida mais curta, relacionada principalmente ao dano no fígado, trato gastrointestinal, SNC, sistema cardiovascular e pâncreas. INTOXICAÇÃO AGUDA POR MACONHA A maconha, ou “bagulho”, é feita a partir das folhas da planta Cannabis sativa, que contém a substância psicoativa Δ9 -tetraidrocanabinol (THC). Aproximadamente 5% a 10% do THC é absorvido quando é fumado em um cigarro enrolado manualmente (“baseado”). Apesar dos inúmeros estudos, a questão central de se a droga possui efeitos adversos físicos e funcionais persistentes permanece não resolvida. Alguns dos efeitos inconvenientes anedóticos podem ser reações alérgicas ou idiossincrásicas ou possivelmente relacionadas aos contaminantes nos preparos em vez dos efeitos farmacológicos da maconha. Dentre os efeitos benéficos da maconha estão o uso potencial para tratar náusea secundária à quimioterapia para câncer, e como um agente capaz de reduzir a dor em algumas condições crônicas difíceis de tratar de outra maneira. As consequências funcionais e orgânicas no SNC de fumar maconha têm recebido uma pesquisa minuciosa. O seu uso distorce a percepção sensorial e debilita a coordenação motora, mas esses efeitos agudos geralmente desaparecem em 4 a 5 horas. Com uso contínuo, essas alterações podem progredir para debilidades cognitivas e psicomotoras, como a incapacidade de julgar tempo, velocidade e distância, uma causa frequente de acidentes de carro. A maconha aumenta a frequência cardíaca e às vezes a pressão sanguínea, e pode causar angina em indivíduos com doença arterial coronariana. O sistema respiratório também é afetado pelo uso crônico da maconha; laringite, faringite, bronquite, tosse e rouquidão, e sintomas tipo asmáticos já foram descritos, juntamente com uma obstrução leve, porém significativa das vias aéreas. Os cigarros de maconha contêm um grande número de carcinógenos que também estão presentes no tabaco. Fumar um cigarro de maconha, comparado com um cigarro de tabaco, está associado a um aumento de três vezes na quantidade de alcatrão inalado e retido nos pulmões, provavelmente em função do maior volume na tragada, inalação mais profunda, e mais tempo segurando a respiração Independentemente do uso do THC como uma droga recreativa, um grande número de estudos caracterizou o sistema canabinoide endógeno, que consiste Felipe Lima Santos – MED 6º SEM em receptores canabinoides CB1 e CB2, e os lipídios endógenos ligantes conhecidos por endocanabinoides. Esse sistema participa na regulação do eixo hipotalâmico hiporitário-suprarrenal, e modula o controle do apetite, ingestão alimentar e balanço energético, assim como a fertilidade e o comportamento sexual. INTOXICAÇÃO AGUDA POR COCAÍNA O uso de cocaína e crack continuam aumentando. De acordo com uma pesquisa feita em 2006, aproximadamente 35,3 milhões de americanos com 12 ou mais anos já experimentaram cocaína, com 6,1 milhões tendo usado cocaína no último ano. A cocaína é extraída das folhas da planta de coca, e geralmente é preparada como um pó solúvel em água, hidrocloreto de cocaína. Vendida nas ruas, é ligeiramente diluída com pó de talco, lactose, ou outras substâncias parecidas. A cocaína pode ser aspirada ou dissolvida em água e injetada subcutânea ou intravenosamente. A cristalização do alcaloide puro rende pedras de crack, assim chamado em função do barulho que faz quando a cocaína é aquecida para produzir os vapores que são inalados. As ações farmacológicas da cocaína e do crack são idênticas, mas o crack é bem mais potente A cocaína produz euforia e estimulação intensas, tornando-se uma das drogas que mais causam vício. Animais experimentais pressionam uma alavanca mais de 1.000 vezes e abstêm-se de alimentos e água para obter a cocaína. No usuário de cocaína, embora a dependência física geralmente não ocorra, a abstinência psicológica é profunda e pode ser extremamente difícil de tratar. Desejos intensos são especialmente graves nos primeiros vários meses após a abstinência, e podem ser recorrentes por diversos anos. A overdose aguda pode produzir convulsões, arritmias cardíacas e parada respiratória. Efeitos cardiovasculares. Os efeitos físicos mais sérios da cocaína estão relacionados a sua ação aguda no sistema cardiovascular, onde se comporta como um simpatomimético. Facilita a neurotransmissão tanto no SNC, onde bloqueia a recaptação de dopamina, quanto nas terminações nervosas adrenérgicas, onde bloqueia a recaptação tanto da epinefrina quanto da norepinefrina, enquanto estimula a liberação pré-sináptica da norepinefrina. O efeito líquido é o acúmulo desses dois neurotransmissores nas sinapses, resultando no excesso de estímulo, manifestado por taquicardia, hipertensão e vasoconstrição periférica. A cocaína também induz a isquemia miocárdica, causando vasoconstrição da artéria coronária e aumentando a agregação plaquetária e a formação de trombos. O tabagismo potencializa o vasoespasmo coronário. Induzido por cocaína. Dessa forma, o duplo efeito da cocaína, causando um aumento na demanda de oxigênio para o miocárdio através da sua ação simpatomimética, e, ao mesmo tempo, reduzindo o fluxo sanguíneo coronariano, estabelece um ambiente propício para uma isquemia miocárdica, podendo levar a um infarto do miocárdio. A cocaína também precipita arritmias letais por aumentar a atividade simpática, assim como por interromper o transporte de íons normal (K+, Ca2+, Na+) para o miocárdio. Esses efeitos tóxicos não estão necessariamente relacionados à dose, e um evento fatal pode ocorrer em um indivíduo que usa cocaína pela primeira vez com o que é tipicamente uma dose que altera o humor Felipe Lima Santos – MED 6º SEM SNC. Os efeitos mais comuns no SNC são hiperpirexia (que se acredita ser causada por aberrações das vias dopaminérgicas que controlam a temperatura do corpo) e convulsões Efeitos na gravidez. Em gestantes, a cocaína pode causar uma redução no fl uxo sanguíneo para a placenta, resultando na hipoxia fetal e aborto espontâneo. O desenvolvimento neurológico pode ser prejudicadono feto de uma gestante usuária crônica da droga Outros efeitos. O uso crônico da cocaína pode causar: (1) perfuração do septo nasal em usuários que cheiram; (2) redução na capacidade de difusão pulmonar em usuários que inalam a fumaça; e (3) o desenvolvimento de uma miocardiopatia dilatada TUBERCULOSE PULMONAR A tuberculose é causada por uma bactéria chamada Mycobacterium Tuberculosis, uma doença tão antiga, com relatos de casos em múmias egípcias, além de estudos realizados por Hipócrates na antiga Grécia, além da incidência em tempos remotos a sua disseminação ocorreu somente no período colonial, com uma grande epidemia no século XVIII e sua disseminação pelas Américas aconteceu através de grandes navegações vindas da Europa. As manifestações da tuberculose podem ser inespecíficas, o que as fazem ser ignoradas algumas vezes, mas no geral os sintomas mais apresentados são tosse seca e contínua por mais de 3 semanas consecutivas, que podem se caracterizar com muco ou sangue, febre e sudorese noturna, perda de peso, podendo chegar a apresentar tosse sanguinolentas nos estágios mais avançados da doença. Os sintomas respiratórios suspeitos de TB pulmonar (TBP) são: tosse com duração de 2 ou mais semanas, expectoração, hemoptises, dor torácica e dispneia. Os sintomas constitucionais mais frequentes são: febre de qualquer tipo de predomínio vespertino, anorexia, emagrecimento, suores noturnos e astenia. Pode-se apresentar sob a forma primária, pós-primária (ou secundária) ou miliar. Os sintomas clássicos da TB pulmonar são: tosse persistente, produtiva ou não (com muco e eventualmente sangue), febre vespertina, sudorese noturna e emagrecimento. TB pulmonar primária – É mais comum em crianças e clinicamente apresenta-se, na maior parte das vezes, de forma insidiosa. O paciente apresenta-se irritadiço, com febre baixa, sudorese noturna, inapetência e o exame físico pode ser inexpressivo. TB pulmonar pós-primária – Pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum no adolescente e no adulto jovem. Tem como característica principal a tosse, seca ou produtiva. Em locais com elevadas taxas de incidência de TB, todo paciente que procure a unidade de saúde devido à tosse deve ter a TB incluída na sua investigação diagnóstica. A expectoração pode ser purulenta ou mucoide, com ou sem sangue. A febre vespertina, sem calafrios, não costuma ultrapassar os 38,5º C. A sudorese noturna e a anorexia são comuns. O exame físico geralmente mostra fácies de doença crônica e emagrecimento, embora indivíduos com bom estado geral e sem perda do apetite também possam ter TB pulmonar. A ausculta pulmonar pode apresentar diminuição do murmúrio vesicular, sopro anfórico ou mesmo ser normal. Felipe Lima Santos – MED 6º SEM TB miliar – A denominação é vinculada ao aspecto radiológico pulmonar. É uma forma grave de doença e ocorre em 1% dos casos de TB em pacientes HIV soronegativos, e em até 10% dos casos em pacientes HIV soropositivos, em fase avançada de imunossupressão. A apresentação clínica clássica é a aguda, mais comum em crianças e em adultos jovens. Os sintomas são febres, astenia e emagrecimento, que, em associação com tosse, ocorrem em 80% dos casos. O exame físico mostra hepatomegalia (35% dos casos), alterações do sistema nervoso central (30% dos casos) e alterações cutâneas do tipo eritemato- máculo-papulo-vesiculosas. A baciloscopia direta deve ser solicitada aos pacientes que apresentem: • critérios de definição de sintomático respiratório (exame de escarro) (ver capítulo Detecção de casos); • suspeita clínica e/ou radiológica de TB pulmonar, independentemente do tempo de tosse (exame de escarro); e • suspeita clínica de TB extrapulmonar (exame em materiais biológicos diversos). A cultura para micobactéria é indicada nos seguintes casos: • suspeita clínica e/ou radiológica de TB com baciloscopia repetidamente negativa; • suspeitos de TB com amostras paucibacilares (poucos bacilos); • suspeitos de TB com dificuldades de obtenção da amostra (por exemplo, crianças); • suspeitos de TB extrapulmonar; e • casos suspeitos de infecções causadas por micobactérias não tuberculosas – MNT (nestes casos o teste de sensibilidade pode ser feito com MIC). Cultura com identificação e teste de sensibilidade, independentemente do resultado da baciloscopia, estão indicados nos seguintes casos: • contatos de casos de tuberculose resistente; • pacientes com antecedentes de tratamento prévio, independentemente do tempo decorrido; • pacientes imunodeprimidos, principalmente portadores de HIV; • paciente com baciloscopia positiva no final do 2o mês de tratamento; • falência ao tratamento antiTB; • em investigação de populações com maior risco de albergarem cepa de M. tuberculosis resistente (profissionais de saúde, população de rua, privados de liberdade, pacientes internados em hospitais que não adotam medidas de biossegurança e instituições de longa permanência) ou com difícil abordagem subsequente (indígenas). A radiografia de tórax é método diagnóstico de grande importância na investigação da tuberculose (BURRIL, 2007; DALEY; GOTWAY; JASMER, 2009). Diferentes achados radiológicos apontam para a suspeita de doença em atividade ou doença no passado, além do tipo e extensão do comprometimento pulmonar. Deve ser solicitada para todo o paciente com suspeita clínica de TB pulmonar. No entanto, até 15% dos casos de TB pulmonar não apresentam alterações radiológicas, principalmente pacientes imunodeprimidos. Nos pacientes com suspeita clínica, o exame radiológico permite a diferenciação de Felipe Lima Santos – MED 6º SEM imagens sugestivas de tuberculose ou de outra doença, sendo indispensável submetê-los a exame bacteriológico. A prova tuberculínica – PT consiste na inoculação intradérmica de um derivado protéico do M. tuberculosis para medir a resposta imune celular a estes antígenos A hospitalização é recomendada em casos especiais e de acordo com as seguintes prioridades: • meningoencefalite tuberculosa; • intolerância aos medicamentos antiTB incontrolável em ambulatório; • estado geral que não permita tratamento em ambulatório; • intercorrências clínicas e/ou cirúrgicas relacionadas ou não à TB que necessitem de tratamento e/ou procedimento em unidade hospitalar; e • casos em situação de vulnerabilidade social como ausência de residência fixa ou grupos com maior possibilidade de abandono, especialmente se for um caso de retratamento, falência ou multirresistência.
Compartilhar