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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ INSTITUTO DE ESTUDOS EM DIREITO E SOCIEDADES FACULDADE DE DIREITO DISCIPLINA: TEORIA GERAL DO PROCESSO PROFESSORA: REJANE PESSOA DE LIMA OLIVEIRA DISCENTE: REYNALDO LOBATO SOUSA – MATRÍCULA: 202044627042 PARA ENTENDER A ESTRUTURA, ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DA JUSTIÇA ESTADUAL MOCAJUBA – PA 2021 1. A JUSTIÇA ESTADUAL NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO O fundamento ou origem da Justiça Estadual, está previsto no artigo 125 da Constituição Federal de 1988, a qual expressamente determina: “Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição. § 1º A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça. § 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão. § 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes” (BRASIL, 1988). Inicialmente, é necessário ter o entendimento de que a justiça estadual faz parte do sistema jurídico brasileiro, o que significa dizer que o seu fundamento está na Constituição Federal. Entretanto, a Carta Magna determinou aos Estados a competência pela organização desta espécie de justiça, sem ultrapassar os ditames da mencionada Carta Magna. Em concordância com a Carta Maior da República Brasileira, a Constituição do Estado do Pará estatuiu nos artigos 147 a 201 a estrutura, organização e modo de funcionamento da justiça deste ente Federativo. Neste sentido, a justiça estadual tem jurisdição no território do Estado do Pará, possuindo juízos de primeiro e segundo graus, juizados especiais e forma de organização, estrutura e funcionamento próprios, e distintos, em certa medida, dos demais entes federativos, que serão expostos a seguir. 2. ÓRGÃOS DE PRIMEIRO GRAU DA JUSTIÇA ESTADUAL A priori, é importante entender que o Poder Judiciário, no âmbito estadual, além de possuir em primeiro grau as varas ou seções, onde atuam os juízes de direito, também conta com a atuação dos juizados especiais, bem como com a justiça militar estadual e a justiça leiga, os quais serão observadas a seguir. 2.1. JUIZADOS ESPECIAIS No que concerne aos juizados especiais, estes foram criados no intuito de democratizar o acesso à justiça, de forma que os cidadãos resolvam os conflitos cotidianos de maneira mais célere, econômica e segura. Esses juizados, órgãos pertencentes ao Poder Judiciário, atuam tanto em âmbito federal, conforme versa a Lei nº 10.259/2001, quanto em âmbito estadual, tendo, portanto, nesta esfera o juizado especial cível, criminal, e da fazenda pública. 2.1.1. JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL: Lei nº 9.099/1995 Tanto o juizado especial cível, quanto criminal, atuantes no âmbito estadual, são regidos pela Lei nº 9.099/1995. Contudo, no que tange ao juizado especial cível, este não pode conciliar, processar e julgar causas de menor complexidade cujo valor exceda quarenta vezes o salário mínimo. Este juizado possui competência para lidar com causas envolvendo ação de despejo para uso próprio, e/ ou ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado a 40 salários mínimo, sendo excluído assim, causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e de interesse da Fazenda Pública, e também as relativas a acidentes de trabalho, a resíduos e ao estado e capacidade das pessoas, ainda que de cunho patrimonial (art. 3º, §2º da Lei nº 9.099/95). Outrossim, a supracitada lei também deixa explícito sobre quem pode propor ação perante o Juizado Especial Cível, bem como, quem seriam os excluídos do processo, sendo estes vistos no artigo 8º da Lei nº 9.099/95: “Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído por esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito público, as empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente civil. § 1° Somente serão admitidas a propor ação perante o Juizado Especial: I - as pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários de direito de pessoas jurídicas; II - as pessoas enquadradas como microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno porte na forma da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006; III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, nos termos da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999; IV - as sociedades de crédito ao microempreendedor, nos termos do art. 1o da Lei no 10.194, de 14 de fevereiro de 2001” (BRASIL, 1995). Em contrapartida, o Juizado Especial Criminal (JECRIM) será o responsável pela conciliação, julgamento e a execução das infrações de menor potencial ofensivo, tal qual as contravenções penais, bem como, os crimes cuja pena máxima não ultrapassa 02 (dois) anos, cumulando ou não com multa (art. 60, da Lei 9.099/95), sendo, portanto, exemplos deste: lesão corporal leve, injúria, ameaça, desacato, difamação, entre outros. Em relação ao processo neste juizado, dar-se-á objetivando, sobretudo, a celeridade e a simplicidade, e sempre que possível, a reparação sofrida pela vítima, aplicando pena não privativa de liberdade ao autor do fato (art. 62, da Lei nº 9.099/95). De maneira a solucionar o caso mais rápido, o JECRIM criou institutos despenalizadores, tal qual composição cível, transação penal e suspensão condicional do processo. Para que haja uma composição cível (artigo 72 da Lei nº 9.099/95), ou seja, reparação de danos à vítima, é necessário que durante audiência preliminar a vítima aceite realizar acordo com o autor do fato. Uma vez aceita a proposta, o juiz homologará, por meio de sentença irrecorrível, que terá efeito de título executivo cível, a reparação do dano, a qual poderá ser feita através de pagamento de dinheiro. Vale frisar que a composição cível não produzirá efeito penal, já que o caso será resolvido no juízo civil competente. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp123.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp123.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp123.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp123.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9790.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9790.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9790.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10194.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10194.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10194.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10194.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10194.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10194.htm#art1 Caso não ocorra a composição cível, e haja a representação por parte do ofendido, o Ministério Público tem premissa para realizar proposta de transação penal, conforme prevê o artigo 76 da referida lei. Contudo, diferente do que ocorre no primeiro instituto despenalizador – acordo dependia apenas da aceitação das partes envolvidas –, aqui haverá aplicação imediata de pena restritiva de direitos, ou pagamento de multas, sendo que para isso ocorrer, o Ministério Público deve verificar se o sujeito atende aos requisitos necessários previstos em lei. “Art. 76. [...] § 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade,por sentença definitiva; II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo; III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida” (BRASIL, 1995). Uma vez cumprida a transação penal, haverá a extinção da punibilidade, e o processo será extinto. Todavia, se o sujeito aceitar a proposta, mas não cumprir o estabelecido pelo Ministério Público, a persecução penal seguira, e com isso será apresentada denúncia. E por fim, há a suspensão condicional do processo – Sursis Processual –, o qual está previsto no artigo 89, da lei que rege o JECRIM: “Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal)”. (BRASIL, 1995) Vale ressaltar que neste instituto específico, pode-se aplicar sursis processual aos crimes que não sejam necessariamente de baixo potencial ofensivo, desde que o mesmo não ultrapasse a pena mínima de 01 (um) ano. Além disso, no que corresponde ao período de provas, o acusado será submetido as seguintes condições: reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, proibição de frequentar determinados lugares, proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz, e comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades (art. 89, §1º, Lei nº 9.099/95). Em caso de descumprimento da condição imposta, a suspensão será revogada e o processo seguirá em seus ulteriores termos. Mas, se o réu seguir o que lhe foi determinado, o juiz declarará extinta a punibilidade. 2.1.2. JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA: Lei 12.153/2009 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art77 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art77 A partir da Lei nº 12.153/2009, ficou estatuído as regras que iriam reger os Juizados Especiais da Fazenda Pública no âmbito estadual, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios. O referido órgão da justiça comum foi criado no intuito de conciliar, processar, julgar e executar as causas de sua competência (art. 1º da Lei 12.153/09), desde que tais causas não ultrapassem o valor de 60 (sessenta) salários mínimos, e em caso dessa ocorrência, a autora deve renunciar o excedente. É importante ressaltar que a competência do referido juizado é absoluta, e este não julgará causas envolvendo os assuntos previsto no artigo posto a seguir: Art. 2° [...] § 1° Não se incluem na competência do Juizado Especial da Fazenda Pública: I – as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, por improbidade administrativa, execuções fiscais e as demandas sobre direitos ou interesses difusos e coletivos; II – as causas sobre bens imóveis dos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios, autarquias e fundações públicas a eles vinculadas; III – as causas que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores públicos civis ou sanções disciplinares aplicadas a militares” (BRASIL, 2009). Outrossim, também ficou estabelecido em lei que poderiam ser autores de um processo julgado pelo juizado especial da fazenda pública, as pessoas físicas, as microempresas e a empresas de pequeno porte. Em contrapartida, os Estados, o Distrito Federal, os Territórios e os Municípios, bem como autarquias, fundações e empresas públicas a eles vinculadas poderiam ser rés. Em vista disso, entendeu-se que a Fazenda Pública não pode ajuizar ação contra um particular pela via do juizado especial, já que não pode, nesses termos, atuar como autora do processo. Vale frisar também que em relação à capacidade postulatória, ou seja, exigência de advogado na ação, ficou determinado que até a fase de sentença, a parte poderia postular em causa própria, sendo o advogado necessário, apenas na fase recursal. Há que se dizer ainda que no juizado especial da fazenda pública, a incompetência acarretará na extinção do processo, diferentemente no que ocorre em um processo comum, regido pelo Código de Processo Civil, onde os autos processuais serão remetidos a um juízo competente, em virtude do impedimento legal do magistrado anterior, o qual recebeu o processo primeiramente. E por fim, uma vez transitado em julgado a sentença, o seu cumprimento se dará, em caso de obrigação de fazer, de não fazer ou de entregar coisa certa, por meio de ofício expedido pelo juiz, à autoridade envolvida no processo, para que esta cumpra o determinado. Todavia, se na sentença envolver obrigação de pagar, esta deverá ocorrer dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, seguindo os demais termos estipulados pelo artigo 13, da Lei nº 12.153/09: “Art. 13. Tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, após o trânsito em julgado da decisão, o pagamento será efetuado: I – no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado da entrega da requisição do juiz à autoridade citada para a causa, independentemente de precatório, na hipótese do § 3° do art. 100 da Constituição Federal; ou II – mediante precatório, caso o montante da condenação exceda o valor definido como obrigação de pequeno valor” (BRASIL, 2009). 2.2. JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL Consoante a Constituição Federal de 1988, os Estados, por meio de lei estadual, possuem prerrogativa para criar a Justiça Militar estadual (JME), desde que haja proposta do Tribunal de Justiça (TJ). A referida justiça será constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes, conforme disposto no artigo 125, §3º da Constituição de 1988. No que concerne a jurisdição do supracitado órgão, a Carta Magna determina que os julgamentos dos militares estaduais (polícia militar e corpo de bombeiros), nos crimes militares definidos pelo Código Penal Militar, bem como as ações judiciais contra atos disciplinares, deverão ser de competência da Justiça Militar estadual. 2.2.1. JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL DE PRIMEIRO GRAU A Justiça Militar Estadual é composta em 1° grau pelo Conselho de Justiça Militar, ao qual compete o processo e julgamento dos crimes militares, observados nos artigos 124 e 125, § 4º da Constituição Federal, sendo composto por quatro oficiais das armas, também chamados de juízes militares, e um juiz de direito, cujo o ingresso na carreira foi por meio de concurso público. Ao juiz de direito compete a função de processar crimes militares em primeira instância. Outrossim, cabe ressaltar que a justiça militar estadual no primeiro grau ainda se subdivide em duas categorias: o Conselho de Justiça Permanente, o qual destina-se a processar e julgar os militares que formam a base da pirâmide das instituições militares, isto é, os Praças; e o Conselho Especial de Justiça, que irá processar e julgar os réus que ocupam a posição da categoria mais elevada na pirâmide das instituições militares, ou seja os Oficiais. Há que se esclarecer ainda que nos julgamentos, a quantidade de julgadores militares é maior, existindo apenas um juiz togado. Este juiz togado tem por função embasar os julgamentos dentro da estrita legalidade, e em razão desse fato, é o primeiro a votar dando o direcionamento jurídico à lide. Por outro lado, é importante ressaltar que todos os juízes de formação militar possuem competência para o julgamento, uma vez que são possuidoresde conhecimentos específicos referente à legislação militar, principalmente no respeitante aos crimes de natureza militar. 2.2.2. JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL DE SEGUNDO GRAU Naqueles Estados em que o Tribunal de Justiça fez a propositura da criação da Justiça Militar Estadual, o primeiro grau será composto pelo Conselho de Justiça Permanente, bem como, pelo Conselho Especial de Justiça, e o segundo grau contará com o Tribunal de Justiça Militar (TJM). Em apenas três Estados Federais a JME está estruturada em dois graus, sendo eles, estado de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. 2.3. JUSTIÇA LEIGA O juiz leigo é uma ocupação reconhecida, uma vez que ajuda a acelerar o trabalho do Poder Judiciário. Esse profissional é responsável por desempenhar funções que antes eram exercidas somente pelos juízes togados, tal qual realizar audiências de conciliação, de instrução de julgamento e apresentar propostas de decisão, entendida como o projeto de uma sentença, a qual deve ser submetida ao juiz togado, para homologação. Ademais, cabe frisar ainda que juiz leigo, por ser auxiliar da justiça, ficará nesta função por prazo temporário de dois anos, permitida recondução por igual período. No que tange sua remuneração, será determinada de acordo com ato praticado e ato produzido. Mas vale ressaltar que toda a sua atuação deverá passar pela supervisão do juiz togado. Para ingressar na carreira de juiz leigo, o candidato deverá se submeter a um processo seletivo, o qual só é permitido a participação de pessoas registradas na OAB, tal como determina a Constituição Federal de 1988, bem como a lei n 9.099/95. No que tange esta lei, ficou estabelecido a exigência demais de 05 (cinco) anos de experiência para exercer a função. No entanto, o artigo 1º da Resolução nº 174, de 12 de abril de 2013, do Conselho Nacional de Justiça, abranda para 02 (dois) anos. Art. 98, da CF. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I – Juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau; Resolução nº 174, de 12 de abril de 2013 Art. 1º. Os juízes leigos são auxiliares da Justiça recrutados entre advogados com mais de 2 (dois) anos de experiência. 3. ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA 3.1. CONCEITO Para que haja harmonia no campo jurídico é necessária certa organização judiciária, o que nada mais é do que a forma como as competências jurídicas estão preestabelecidas, mesmo o poder judiciário sendo único e indivisível, se tem a necessidade de agrupar essas competências, sendo por linhas territoriais e cargos legislativos, facilitando assim a forma como o direito percorre o território nacional. 3.2. O QUE É JURISDIÇÃO? Jurisdição pode ser compreendida como a função jurisdicional do Estado, ou seja, o poder de resolução de conflitos da sociedade através do judiciário, na qual a demanda precisa ser levada até o juiz que dirá quem tem razão na causa, por meio da formalização de um processo que é uma concatenação de atos na finalidade de verificar a verdade processual. Na mesma análise, Marcelo Abelha conceitua a jurisdição como “a função do Estado de, quando provocado, substituindo a vontade das partes, e mediante um processo democrático e justo, reconhecer e efetivar a tutela jurisdicional realizando assim a paz social”. O próprio termo ‘jurisdição’ já remete à atuação do Poder Judiciário, na figura de seus juízes, de “dizer o direito”, isto é, com base nas provas processuais acostadas nos autos, formar seu convencimento acerca de quem tem o direito na lide. Este entendimento de tutela jurisdicional do Estado como buscador da paz social, é oriunda do Direito Romano, na qual o juiz possuía a prerrogativa de decidir quem teria causa ganha no processo, porém, deixando a cargo do vencedor efetivar seu direito legitimado pelo magistrado. O sistema jurídico atual, contudo, decorre de função jurisdicional mais completa, isso porque, além de dizer o direito, o juiz apresenta os meios de execução desse direito, tornando factível o teor de sua sentença. 3.3. PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO Na jurisdição é demandado 5 tipos de princípios que corroboram para a uma aplicabilidade mais eficiente dos casos solucionados pelo Estado, sendo eles: o princípio da investidura, inércia, aderência ao território, indeclinabilidade e indelegabilidade. No princípio da investidura o estado tem a necessidade de ter uma pessoa física para o cargo de função jurisdicional, no caso, os juízes. Apenas o juiz em pleno exercício investido regularmente no caso, segundo os ditames legais, terá o exercício de função jurisdicional, ou seja, somente é exercida por quem tenha sido regularmente e legitimamente investido na carreira de juiz, sendo em regra apenas por concurso público. No princípio da inércia a jurisdição somente poderá ser exercida caso seja provocado pela parte ou pelo interessado. O juiz não pode agir de ofício sendo a jurisdição exercida apenas por impulso. Aderência ao território é correspondente à limitação da própria soberania nacional ao território do país. A jurisdição aderirá uma base territorial e será aplicada nessa base. Por exemplo, o Brasil poder exercer jurisdicionalmente em todo o território brasileiro, cada órgão exerce a jurisdição numa área definida pelas regras de competência. Em respeito ao princípio, existem as cartas rogatórias, sendo cartas que tramitam em jurisdição de competência de juízes fora do território nacional e cartas precatórias são entre foros e comarcas tendo a mesma jurisdição brasileira Indeclinabilidade, o juiz não pode se recusar a julgar uma causa por mais complexa que ela seja, sendo a jurisdição obrigatória. Para concluir, a indelegabilidade constitui vedação ao juiz, que exerce atividade pública, de delegar suas funções a outra pessoa ou mesmo a outro poder estatal. Para ilustrar tal vedação, entende-se, por exemplo, que a jurisdição não se delega a outros poderes e o órgão judicial não delega para outro 3.4. COMPETÊNCIA JURISDICIONAL Sabe-se que a jurisdição é una e indivisível, pois o Poder Judiciário que é quem exerce o poder jurisdicional é único, isso significa que este Poder age sob todo território brasileiro. Mas, para melhor viabilizar o exercício da jurisdição, por razões práticas e para melhor administração da justiça, ela é distribuída entre órgãos jurisdicionais, que são definidos seguidos os critérios de competência. Logo, se a jurisdição é o poder-dever do Estado de resolver uma lide, a competência é uma fração dessa jurisdição definida pela lei de cada órgão jurisdicional para ser competente para resolver o conflito na forma de seu regimento interno. 4. JUSTIÇA ESTADUAL NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL A Constituição Federal de 1988 atribui aos entes federativos a prerrogativa de organizar a sua justiça dentro de sua circunscrição, observando que cada órgão do judiciário tenha a liberdade para melhor administrar a justiça em sua região. Vejamos o texto constitucional in verbis: “Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição. § 1º A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça”. A Carta Magna objetivou neste dispositivo assegurar maior liberdade para os entes federativos organizarem sua justiça, abordando de forma ampla e genérica esta prerrogativa, desde que observados os princípios constitucionais. Nesse sentido, todo estado brasileiro em sua Constituição Estadual, traz de forma pormenorizadaa dinâmica de como irá ocorrer o poder judiciário naquele estado, sendo a Lei de Organização Judiciária de cada estado responsável por detalhar a execução, aplicação e funcionamento da justiça estadual nos seus respectivos Tribunais de Justiça. É importante ressaltar a informação contida no parágrafo primeiro, que indica a competência privativa dos Tribunais de Justiça para propositura de Projetos de Leis que visem alterações na organização judiciária, isso porque somente o próprio tribunal pode criar uma nova comarca, por exemplo. 5. DIVISÃO JUDICIÁRIA DO TJPA Tendo como base a Lei Estadual n. 5.008, de 10 de dezembro de 1981, que disciplina sobre a Organização da Judiciária da Justiça Estadual, passemos a analisar alguns de seus artigos para melhor compreensão da estrutura judiciária do Tribunal de Justiça do Estado do Pará. 5.1. JURISDIÇÃO Quanto a jurisdição do Tribunal de Justiça do Estado do Pará - TJPA -, em seu artigo 8º, a supracitada Lei leciona que “o território do Estado do Pará, para os fins da administração da Justiça, divide-se em Regiões Judiciárias, Comarcas, Termos, Distritos, Subdistritos, formando, porém, uma só circunscrição para os atos da competência do Tribunal de Justiça”. A administração judiciária mencionada refere-se a jurisdição do TJPA que abrange todo território paraense e para melhor exercê-la subdivide sua competência em Regiões Judiciárias, tendo atualmente 15 regiões estabelecidas. Dentro de cada Região Judiciária há Comarcas presentes em todos os municípios paraenses. Reiterando que a jurisdição na Justiça Estadual é una e indivisível, o que temos na realidade é uma divisão de competências. 5.2. COMARCAS No que se refere às Comarcas, o artigo 9º e seu parágrafo único estabelecem: “Art. 9º As Comarcas classificam-se em entrâncias e são as que integram a relação contida no anexo l deste Código. Parágrafo Único. A Comarca da Capital será de terceira entrância, e as demais Comarcas de segunda e primeira entrância, de acordo com o anexo n.º 2”. As Comarcas representam a atuação do Tribunal de Justiça do Estado em todos os municípios paraenses. Elas se dividem, a depender da região judiciária que ocupam, em entrâncias, que são os níveis de complexidade e recursos conforme o números de Varas que uma Comarca possui. Faz-se necessário distinguir, para fins de conceituação, a diferença entre Entrância e Instância, na qual a primeira representa uma classificação das Comarcas com níveis de recurso e aparatos diferentes, na qual as Comarcas de primeira entrância são aquelas que possuem Vara Única, tendo todas as matérias de Direito acumuladas por um único juiz, e estão situadas nas regiões interioranas, sendo sua população, em tese, considerada reduzida em detrimento das Comarcas de segunda entrância, que são chamadas de intermediárias por apresentarem estrutura de médio porte, e as de terceira entrância que localizam-se na capital do estado, Belém, com mais de cinco Varas e um corpo judiciário mais completo. Porém não há hierarquia entre as entrâncias. Já a instância, é a denominação que se dá para a relação entre Tribunais hierarquicamente superior, ou seja, a instância é um grau de jurisdição, uma progressão externa de um tribunal para outro. As Comarcas podem ser extintas ou reclassificadas (reposicionadas em entrâncias), com base em dados que serão coletados anualmente referentes a extensão do território, ao número de habitantes, número de eleitores, receita tributária “Art. 10. A classificação ou reclassificação, bem como a criação e extinção das Comarcas será feita, ressalvadas as constantes desta Lei, em função dos dados referentes à extensão territorial, número de habitantes, número de eleitores, receita tributária, movimento forense dos Municípios interessados atendidos os seguintes índices: a) terceira entrância, 300; b) segunda entrância, 200; c) primeira entrância, 100. §1º Os dados referidos neste artigo serão apurados no ano anterior à vigência desta Lei”. Esses fatores para alteração no funcionamento das Comarcas serão valorados matematicamente como a proporção entre os feitos da Comarca e o objetivo a ser atendido. “Art. 12. Os requisitos de que tratam os artigos anteriores provar-se-ão: a) referente ao número de eleitores, mediante informação do Tribunal Regional Eleitoral; b) o de renda, à vista de certidões fornecidas pelos Departamentos competentes da União, do Estado e do Município e certidão do IBGE quando à extensão territorial; c) e do movimento forense, por certidão do distribuidor do Juízo. Parágrafo Único. Exibida a documentação a que se refere o artigo anterior, o Corregedor Geral da Justiça, ou outro membro que o Tribunal designar, fará inspeção "In loco", e apresentará relatório circunstanciado, propondo ou não a elevação de categoria da Comarca”. O artigo 12 vem tratar dos meios para comprovação dos requisitos exigidos para que ocorra modificações na reclassificação, extinção ou criação de uma Comarca. Dispõe o artigo 11 que é requisito indispensável para criação da Comarca de 1ª entrância a instalação de novo Município. Já o artigo 13 preceitua que criada uma Comarca, o Tribunal promoverá perante o Governo do Estado o processo legislativo para a criação dos cargos correspondentes. Já em relação à extinção da comarca e a produção de seus efeitos, recorre-se ao disposto no artigo 15 da mesma lei, a extinção de uma Comarca só produzirá efeito um ano depois da publicação do ato que a determinou. Diante disso, passemos a analisar os órgãos que compõem a estrutura do Poder Judiciário, como dispõe o Art. 16. São Órgãos do Poder Judiciário do Estado: Tribunal de Justiça; Juízes de Direito; Pretores; Juízes de Paz; Tribunais do Júri; Justiça Militar. 5.3. TRIBUNAL DE JUSTIÇA “Art. 17. O Tribunal de Justiça, Órgão supremo do Poder Judiciário do Estado compõe- se de vinte e sete (27) desembargadores. §1º Este número somente será majorado se o total de processos distribuídos e julgados, durante o ano anterior superar o índice de trezentos feitos por Juiz. Art. 20. Um dos membros do Tribunal de Justiça será o seu Presidente e três (03) outros desempenharão as funções de Vice-Presidente, Corregedor Geral de Justiça para as Comarcas da Região Metropolitana de Belém e Corregedor Geral de Justiça para as Comarcas do Interior serão eleitos, em escrutínio secreto, dentre os Desembargadores mais antigos do Tribunal” (PARÁ, 1981). É o principal órgão do Poder Judiciário no Estado do Pará, com sua sede no município de Belém, e jurisdição em todo território paraense. Atualmente é presidido pela desembargadora Célia Regina de Lima Pinheiro. 5.4. JUÍZES DE DIREITO O início na carreira da magistratura vitalícia, em conformidade com o artigo 30 da lei de Organização Judiciária do Estado: “Art. 30. O cargo inicial da Magistratura vitalícia é o de Juiz de Direito, cujo provimento será feito através de concurso de provas e títulos, organizado pelo Tribunal de Justiça com a colaboração do Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Pará, indicando-se os candidatos habilitados, sempre que possível, em lista tríplice” (PARA, 1981). Os Juízes de Direito são aqueles que integram a magistratura da Justiça Estadual, são órgãos monocráticos ou singulares, compostos por um único juiz. Este exerce seu ofício nas comarcas, que são as unidades em que se divide o território do Estado para efeito de administração da Justiça Estadual. Em cada comarca poderá haver mais um juízo, ou seja, uma ou mais varas. Quando uma comarca possui mais de uma vara, haverá varas especializadas em determinadas matérias (vara cível, criminal, dentre outras). É fulcral a diferenciação entre Juiz de Primeiro Grau e Juízo de Primeiro Grau, na qual o primeiro é a figura do magistrado enquanto operador da justiça, e o segundo é o local de atuação desse magistrado,ou seja, a Comarca ou a Vara. Quanto à competência de jurisdição dos Juízes de Direito nas entrâncias de segundo e terceiro graus, ocorrerá a distribuição eletrônica dos processos, de forma proporcional entre as Varas que tratem da mesma matéria. A previsão legal pata tal hipótese encontra-se no artigo 88, que diz que quando a Jurisdição for exercida por mais de um Juiz, dentro de uma mesma área, a competência firmar-se-á pela distribuição. Dessa forma, o sistema de distribuição atual transcorre da digitalização de todos os processos compondo o Processo Judicial Eletrônico (PJE) que facilita a grande demanda dos tribunais. Contudo, ocorrendo erros de distribuição deverá se o número de protocolo ser mantido e atribui-se nova distribuição àquele processo. “Art. 92. Ressalvados os casos previstos em Lei, a distribuição, uma vez feita, não se cancela, não podendo o Juiz ordenar baixa da mesma, para dar lugar à nova distribuição, ainda mesmo que as partes desistam de prosseguir no feito, ou deixem-no sem andamento por outro qualquer motivo. Art. 93. Quando a petição inicial de uma causa for distribuída a Juiz ou Escrivão legalmente impedido, far-se-á nova distribuição, sendo o Juiz ou Escrivão compensado na primeira oportunidade, com outro feito” (PARÁ, 1981). 5.5. PRETORES “Art. 44. Os Pretores serão nomeados pelo Governador do Estado, mediante proposta do Tribunal, em lista sêxtupla, dentre os graduados em Direito, de reconhecida capacidade intelectual e moral, e servirão por quatro (4) anos, podendo serem reconduzidos por igual período, mediante a aprovação do Tribunal, que encaminhará o nome do reconduzido ao Poder Executivo para lavratura do ato” (PARÁ, 1981). Os pretores, ou Juiz Pretor, são magistrados, assim como o Juiz de Direito, que não teve o reconhecimento da carreia a partir da Constituição Federal de 1988, não havendo mais concurso atualmente para essa carreira. Os Pretores possuem limitação em seu campo de atuação para apreciar, julgar e instruir feitos. 5.6. JUIZ DE PAZ Art. 45. Os Juízes de Paz e seus Suplentes serão nomeados pelo Governador, mediante lista tríplice organizada pelo Tribunal, ouvido o Juiz de Direito da Comarca”. Os Juízes de Paz são juízes leigos que competentes para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar processos de habilitação, sem, contudo, ter caráter jurisdicional (TJPA). 5.7. TRIBUNAL DO JÚRI O Tribunal do Júri possui a previsão constitucional para o julgamento de crimes dolosos contra a vida. Seu funcionamento ocorrerá sob a presidência de um juiz de direito, com organização e a competência prevista na Lei processual vigente (art. 46). Ademais, compõem os parâmetros de sua atribuição a soberania dos veredictos, o sigilo das votações, e a plenitude do direito de defesa (art. 5º, inciso XXXVIII). É um órgão colegiado especial, formado por um juiz de direito e por vinte e cinco cidadãos, dentre os quais sete, por meio de sorteio, formarão o Conselho de Sentença. Esse colegiado é encarregado de definir se o crime em análise ocorreu e se o réu é culpado ou inocente, baseado no compromisso de avaliar a causa com imparcialidade e de acordo com sua consciência e com os princípios de justiça. O magistrado decide de acordo com o colegiado, proferindo a sentença e fixando a pena, em caso de condenação. (STEMLER; SOARES; SADEZ, 2017). 6. UNIDADE E DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO Assim como os demais ordenamentos jurídicos modernos, o brasileiro também estatuiu o princípio do duplo grau de jurisdição. Tal princípio estatui o direito às partes envolvidas em um conflito jurídico de recorrerem das decisões proferidas monocraticamente por uma autoridade judicial (juiz) pertencente ao juízo ou órgão de primeiro grau, para serem apreciadas e julgadas novamente por um órgão de segundo grau (tribunal), de forma colegiada. Este princípio emana da estrutura jurídica do Estado formalizada em órgãos inferiores, denominados juízos ou órgãos de primeiro grau, e órgãos superiores definidos como tribunais ou órgãos de segundo grau. O duplo grau de jurisdição, constituído por órgãos inferiores e superiores, está presente tanto na estrutura de justiça dos Estados (como é o caso do Estado do Pará) quanto na organizada e mantida pela união, e acima destes, pairando como instâncias recursivas de último grau, dependendo da matéria, estão o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça. Neste sentido, faz-se necessário esclarecer que tanto a justiça organizada pelo Estados quanto a organizada pela união, no que concerne ao duplo grau de jurisdição seguem o mesmo raciocínio, a saber: “De decisão judicial emanada de juízo inferior, de primeiro grau, recorre-se para o juízo superior, isto é, de segundo grau (tribunal)”. O que significa dizer tão e somente que uma decisão judicial proferida por órgão de primeiro grau pode ser apreciada e/ou revista por órgão de segundo grau. Porém, isso não implica em alteração da decisão do juízo de primeiro grau, posto que, após a análise o tribunal pode decidir por: manter a decisão; alterá-la; ou rejeitá-la. Na verdade, a instituição do duplo grau de jurisdição tem duas finalidades. A primeira, consiste em assegurar à parte vencida, e/ ou insatisfeita com os resultados de uma decisão judicial de primeiro grau, o direito de obter dentro de certos limites jurídicos uma nova manifestação de órgão superior, de segundo grau do Poder Judiciário. A segunda, permite corrigir eventuais erros praticados por juízes. 6.1. ARGUMENTOS FAVORÁVEIS E CONTRÁRIOS AO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO No que concerne ao duplo grau de jurisdição, identifica-se na literatura jurídica duas correntes com posições opostas, sobre a necessidade de duas instâncias, isto é, de primeiro e segundo graus para assegurar a efetivação da justiça em um caso concreto. A corrente que se posiciona de forma contrária a existência do duplo grau de jurisdição apresenta como fundamento os seguintes argumentos: 1- tanto um juiz de primeiro grau, quanto juízes de segundo grau podem errar e/ou proceder com prevaricação, efetivando assim a injustiça em um caso concreto. O que significa dizer que a existência de uma instância inferior e outra superior, sendo esta última de caráter revisor, não elimina por completo os erros e injustiças praticadas por juízes; 2- A decisão judicial de segundo grau que confirmar a de primeiro grau será inútil por não acrescentar nada ao caso. Porém, se reformá-la, evidencia-se como nociva, por permitir a dúvida sobre quais das decisões foi justa, e dessa forma, contribui para o desprestígio do Poder Judiciário. Por outro lado, a corrente favorável ao duplo grau de jurisdição sustenta seu posicionamento nos seguintes argumentos: 1- é possível que as decisões judiciais apresentem vícios resultantes de erro ou má fé. E, em razão desse fato, faz-se necessária a existência de instância superior revisora, capaz de sanar tais vícios, e assim, reestabelecer e efetivar a justiça; 2- A possibilidade de reexame das decisões judiciais de primeiro grau, pela instância de segundo grau, constituída por juízes mais experientes e meticulosos, possibilita melhor solução para os conflitos jurídicos, bem como em muito contribui para a o aprimoramento do sistema jurídico e moral e profissional de juízes; 3- Estudos recentes no campo da psicologia tem demonstrado que raramente uma pessoa se conforma com uma decisão judicial de primeiro grau que lhe seja desfavorável, o que justifica a existência da instância de segundo grau. Portanto, independentemente dos argumentos apresentados pelas duas correntes, o importante é que o Estado por meio do Poder Judiciário proporcione toda as condições para que a verdadeira justiça seja materializada enquanto solução para os conflitos jurídicos existentes entre as partes envolvidas 6.2. SOBRE O DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO OBRIGATÓRIO EFACULTATIVO O ordenamento jurídico brasileiro prevê um duplo grau de jurisdição obrigatório para as causas em forem vencidos em uma lide a União, os Estados, o Distrito Federal e o Município, suas autarquias e fundações de direito público. Na ocorrência desta hipótese, o juiz deve remeter os autos do processo para reexame do tribunal, independentemente da existência de recurso voluntário, conforme o disposto no artigo 496, do novo Código de Processo Civil: “Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público; II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal. § 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá-los-á. § 2º Em qualquer dos casos referidos no § 1º, o tribunal julgará a remessa necessária. § 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a: I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público; II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados; III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público. § 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em: I - súmula de tribunal superior; II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa” (BRASIL, 2015). Também, é importante esclarecer, que nas causas em que a condenação ou o proveito econômico obtido for de valor certo e líquido inferior aos estipulados no mencionado dispositivo legal, o princípio do duplo grau de jurisdição não será aplicado. E neste sentido, não se aplicará no caso da União e suas autarquias e fundações de direito público quando o valor da causa for inferior a 1.000 (mil) salários-mínimos. No caso do Estados, do Distrito Federal, e dos Municípios que forem capitais dos Estados, quando o valor da causa for inferior a 500 (quinhentos) salários-mínimos. E, para os demais Municípios quando o valor da causa for inferior 100 (cem) salários-mínimos. Faz-se necessário ainda ressaltar que, não se aplicará o duplo grau de jurisdição nas situações em que a sentença judicial estiver fundamentada: em súmula de tribunal superior; acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos. No que concerne ao duplo grau de jurisdição facultativo há o entendimento na literatura jurídica de que deva ser permitido somente nas situações de relevante interesse econômico ou moral, ou relevante interesse público, bem como nas ações relativas ao estado ou capacidade das pessoas. Nas causas de pequeno valor, ou de valores irrisórios, entende-se que não deveria ser permitido porque demandariam muito tempo e desperdício de recursos públicos, e na maioria absoluta dos casos, o tribunal mantêm a decisão de primeiro grau. 7. COMPOSIÇÃO DOS JUÍZOS E TRIBUNAIS Ao tratar sobre a organização judiciária, Carreira Alvim explica que Juízo é o nome técnico que tem o órgão julgador, como célula do Poder Judiciário. O juiz, por outro lado, é a pessoa física que integra o Juízo, tendo como função exercer o poder de decidir em nome do Estado. Nesse sentido, a análise da estrutura do Poder Judiciário aponta para alguns critérios que apresentam, segundo a doutrina, maior relevância, dada a maior aplicabilidade na estrutura do Poder Judiciário, são elas: I – juiz único em primeiro e segundo grau de jurisdição; II – juízo colegiado em primeiro e em segundo grau de jurisdição; III – juiz único em primeiro e juízo colegiado em segundo grau de jurisdição. É importante salientar, entretanto, que o ordenamento jurídico pátrio não aponta a adoção de um critério exclusivo, dentre os supracitados, na orientação de sua atuação jurisdicional, variando, pois, conforme a natureza da justiça da qual se busca. A) Juiz único em primeiro e em segundo grau de jurisdição: conforme ensina Carreira Alvim, esse critério apresenta uma inequívoca vantagem, que é a de não necessitar de mais de um juiz, diferentemente do que ocorre em órgãos colegiados, por exemplo, dando, portanto, maior celeridade ao Judiciário. Preconiza o eminente professor que tal prática é utilizada de maneira excepcional nas searas federal e estadual de justiça, na qual os juízes julgam singularmente a matéria, e, em caso de impetração de recurso, o relator no tribunal o julga, também singularmente, nas hipóteses previstas nos incisos II a VI do artigo 932 do novo Código de Processo Civil1. B) Juízo colegiado em primeiro e segundo grau de jurisdição: o segundo critério trazido por Carreira Alvim estabelece situações em que a decisão primeiro grau já é prolatada por órgão colegiado, a exemplo do que ocorre com os Conselhos de Justiça Militar elencados na Constituição do Estado do Pará. Ilustrando satisfatoriamente o critério, estabelece o art. 168 da Constituição estadual que a Justiça Militar Estadual é constituída, em primeiro grau, pelos Conselhos de Justiça Militar e, em segundo, pelo Tribunal de Justiça do Estado. Nesse sentido, fica cristalino que a adoção desse critério é plenamente cabível a determinadas situações, como a que dispõe o artigo 168. C) Juiz único em primeiro e juízo colegiado em segundo grau de jurisdição: concatenando ideias expostas nos dois critérios anteriores, esse critério adota a figura de um juiz singular que julga em primeiro grau. Entende-se que a primeira instância ou primeiro grau é a principal porta de entrada do Judiciário. Consoante ao que dispõe esse critério em sua parte introdutória, estabelece o texto da Constituição do Pará, em seu artigo 164, que os Juízes de Direito integram a magistratura de carreira e exercem a jurisdição comum estadual de primeiro grau, nas Comarcas e Juízos. Já para ilustrar a segunda parte do critério, que aborda o segundo grau de jurisdição em juízo colegiado, recorre-se novamente ao Texto Constituição do Pará, no artigo 161, inciso II, que trata da competência do Tribunal de Justiça do Estado do Pará: Além das outras atribuições previstas nesta Constituição, compete ao Tribunal de Justiça: II - julgar, em grau de recurso as causas decididas em primeira instância, no âmbito de sua competência, conforme dispuserem as leis. 1 Art. 932. Incumbe ao relator: II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência originária do tribunal; III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; IV - negar provimento a recurso que for contrário a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência. O que é abordado no dispositivo legal citado aponta uma característica dos Tribunais de Justiça,que é a responsabilidade e possibilidade de revisar matérias já analisadas em juízo singular de primeira instância. 8. CRITÉRIOS DE INGRESSO NA MAGISTRATURA No Brasil, é possível notar a utilização de diferentes critérios na escolha de seus magistrados, de acordo com a natureza de cada justiça ou órgão de primeiro ou segundo grau de jurisdição. Os critérios são empregados e adotados pela doutrina de maneira que melhor atenda às peculiaridades do povo e do território. Destacam-se entre tais critérios: a eleição elo voto popular, livre escolha pelo Executivo, livre nomeação pelo Poder Judiciário etc. A seguir, identifica-se as peculiaridades de cada critério. 8.1. ELEIÇÃO PELO VOTO POPULAR Trata-se um dos critérios que permite que o povo escolha seu magistrado por meio do voto direto, da mesma maneira que escolhem seus representantes no Poder Executivo e Legislativo. Apresenta, contudo, a desvantagem de vincular os juízes às bases eleitorais, com promessas de campanhas, o que pode comprometer a imparcialidade dos futuros juízes. Um exemplo de sua utilização é o que ocorre nos Estados Unidos na escolha dos juízes locais, através de campanhas políticas. 8.2. LIVRE ESCOLHA PELO EXECUTIVO Por esse critério, o chefe do executivo tem a prerrogativa de escolher livremente quem deve ingressar na magistratura, por suas qualidades intelectuais e seus méritos, contudo, acredita-se que na pratica esse critério apresenta a inconveniência de beneficiar os apadrinhados políticos de quem possui poder. 8.3. LIVRE NOMEAÇÃO PELO PODER JUDICIÁRIO Nesse critério, os próprios membros do judiciário escolhem quem deve ingressar na magistratura, é a livre nomeação pelo poder do Judiciário, também conhecido como cooptação. Tal critério é controverso, pois pode possuir a peculiaridade de favorecer, no ingresso do cargo, os candidatos ligados aos desembargadores e aos ministros de tribunais, criando assim castas judiciárias, ou ainda desfavorecer candidatos por conta de inimizades ou coisas afins. No Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, a escolha dos juízes ocorre por meio de promoção pelos critérios de antiguidade e merecimento, sem risco da cooptação. É o próprio tribunal que indica o magistrado, sem qualquer intervenção de algum outro poder, exceto apenas ao quinto constitucional, exclusivo aos Advogados e ao Ministério Público. 8.4. NOMEAÇÃO PELO PODER EXECUTIVO COM APROVAÇÃO DO LEGISLATIVO A nomeação pelo Poder Executivo com aprovação do Legislativo se dá através da conjugação da vontade do chefe do Poder Executivo e do Senado Federal, que se limita a aprovar a indicação, após o Presidente fazer a nomeação. É esse critério adotado na escolha da composição da alta corte da justiça brasileira, o Supremo Tribunal Federal. A desvantagem desse critério é que podem os tribunais serem compostos por magistrados com uma vertente ideológica unidirecional, podendo, pois, ser a mesma defendida pelo Presidente da República, uma vez que é elem que faz a indicação, não podendo o Senado Federal recusar seu nome, única e exclusivamente, por divergência de pensamentos. 9.5. ESCOLHA POR ÓRGÃO ESPECIALIZADO Esse critério é bastante simples, a escolha do magistrado ocorre através da decisão de um órgão composto por especialista em assunto da justiça, representando os três poderes e a classe dos advogados, que seria o Conselho Nacional da Magistratura. 9.6. NOMEAÇÃO PELO EXECUTIVO POR INDICAÇÃO DA OAB E DO MINISTÉRIO PÚBLICO COM A PARTICIPAÇÃO DO JUDICIÁRIO E DO LEGISLATIVO Esse é o critério utilizado na escolha da composição do quinto constitucional, nos tribunais de segundo grau, nos Tribunais de Justiça Estadual e do Distrito Federal, nos Tribunais Regionais Federais e nos Tribunais Regionais do Trabalho, e do terço constitucional, nos tribunais superiores, nos Tribunais Superiores de Justiça, Tribunal Superior do Trabalho e Superior Tribunal Militar. Sesses cargos são compostos por membros do Ministérios Público e, também, por advogados, mediante indicação em lista sêxtupla de suas instituições de classe do Ministério Público e dos advogados, reduzindo a lista tríplice pelo tribunal, ademais, nos tribunais superiores isso também depende da aprovação do legislativo, na figura do Senado Federal. 8.7. ESCOLHA POR CONCURSO A escolha por meio de concurso é a que mais proporciona vantagens ao magistério, pois permite que bacharéis e advogados com vasto saber jurídico, indispensável ao âmbito jurídico, ingressam na carreira de juiz, isso sem qualquer descriminação de classe social, ou seja, de igual oportunidade a todos participantes do concurso. Contudo, esse critério para o ingresso na magistratura apenas analisa o conhecimento jurídico do futuro juiz, não apura sua 2sensibilidade 2 Art. 30 da Lei 5008 de 1981 O cargo inicial da Magistratura vitalícia é o de Juiz de Direito, cujo provimento será feito através de concurso de provas e títulos, organizado pelo Tribunal de Justiça com a colaboração do judicante, sua ética e nem sua moral, qualidades essas indispensáveis para chegar a uma justiça justa e igualitária. O critério realizado mediante concurso de provas é usado na escolha dos juízes de primeira instância, da Justiça Federal e Estadual, do Distrito Federal, além, do Trabalhista e Militar. No Estado do Pará vigora Constituição Estadual de 5 de Outubro de 1989 na qual evidencia que o ingresso na magistratura se dá por meio curso de provas e de títulos com participação da Ordem dos Advogados (OAB), seção do estado do Pará, ademais, o cargo inicial se dá com juiz substituto, conforme dispõe o artigo 151, I e II da Constituição Estadual, e também o art. 30 da Lei 5008 de dezembro de 1981. Conforme a lei 5008 de dezembro de 1981 da organização judiciaria do estado do Pará, o curso de provas para o magistrado é organizando pelo Tribunal de Justiça com a colaboração do Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil, seção do Pará. Os aprovados serão nomeados como juiz de direito de 1° entrância, inicialmente, servindo com juiz regional, a data do concurso é fixada pelo Tribunal de Justiça. No artigo 31 § 1 diz que para o requerimento de inscrição o participante deve ser brasileiro, estar quite com o serviço militar, ser titulado em Direito, ter mais de 23 anos e menos de 50 anos de idade (os candidatos bacharéis em Ciências Jurídicas e Sociais inscritos na Ordem dos Advogados que já tenham exercido o cargo de Pretor por mais de 10 anos ou Promotor Público, e tem mais de 15 anos de serviço público, o limite de idade será de 60 anos de idade; gozar de uma boa saúde física e mental, comprovada por inspeção médica, através da Secretaria de Estado de Saúde Pública; e ter título de eleitor ou documento de quitação eleitoral; Ademais, o Concurso de Provas e de Títulos será realizado na Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Pará, indicando-se os candidatos habilitados, sempre que possível, em lista tríplice ²Art. 151 da Constituição Estadual do Pará. A magistratura estadual terá seu regime jurídico estabelecido com observância dos seguintes princípios: I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, através de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Pará, em todas as suas fases, obedecendo- se, nas nomeações, à ordem de classificação; II - promoção de entrância para entrância, alternadamente, por antiguidade e merecimento, respeitadas as seguintes normas: a) é obrigatória a promoção do juiz que figure, por três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento; b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de antiguidade desta, salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago; c) aferição do merecimento pelos critérios da prestezae segurança no exercício da jurisdição e pela frequência e aproveitamento em cursos reconhecidos de aperfeiçoamento; d) na apuração da antiguidade, o Tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação forma estabelecida nesta Lei (5008 de dezembro de 1981) e no Regulamento elaborado pelo Tribunal de Justiça do Estado. 8.8. ESCOLHA POR SORTEIO A escolha do magistrado por meio de sorteio é tradicionalmente usado no Brasil, necessariamente, na composição do órgão do tribunal do júri (Conselho de Sentença), nos julgamentos dos crimes contra a vida, crime dolosos. Composto por juiz leigos, não togado. No tribunal do júri ocorre os julgamentos sociais, profere seus julgamentos no ex informata conscientia, pois suas decisões não dependem de fundamentação. Baseado na soberania popular é uma das instituições q mais exprime o Estado Democrático de Direito Muitos doutrinadores acreditam, em principio, que o sorte não é o melhor critério de a escolha para o magistrado. 8.9 NOMEAÇÃO PELO PODER EXECUTIVO POR INDICAÇÃO DO JUDICIÁRIO OU LEGISLATIVO Na nomeação pelo Poder Executivo por indicação do Judiciário ou Legislativo é possível perceber que há conjugação da vontade dos três poderes na nomeação dos futuros juízes, ocorre da seguinte forma: a nomeação é feita pelo Poder Executivo, na figura do Governador de Estado ou Presidente, mediante a proposta do Poder Judiciário e Legislativo. Assim como os outros critérios, nesse também há desvantagens, se a indicação vim do Legislativo o candidato logo terá ligação com partido político, e quando a indicação vim do Judiciário o candidato terá ligação com desembargadores ou ministros. Este critério de nomeação pelo chefe do Executivo por proposto do Judiciário, é geralmente usado escolha dos membros dos Tribunais Regionais Federais, no qual é o próprio tribunal que realiza a escolha dos candidatos ao cargo, remetendo a lista dos candidatos ao presidente que escolhe e nomeia. É importante salientar, que não temos a nomeação pelo chefe do Executivo por indicação do Legislativo, apenas as indicações da Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal de dois indivíduos para ingressar no Conselho de Justiça, conforme o art.103-B da Constituição Federal, no qual os nomes são passados ao Presidente para realizar a nomeação, contudo, esse Conselho não faz parte do elenco disposto no art. 92, pois não exerce apenas funções administrativas. 8.10 NOMEAÇÃO PELO PODER EXECUTIVO, POR INDICAÇÃO DO JUDICIÁRIO, COM APROVAÇÃO DO LEGISLATIVO Esse critério também permite que os três poderes participem da escolha do magistrado, necessariamente, o Judiciário faz a indicação, o Senado Federal aprova essa indicação e o Presidente da República faz a escolha e nomeia. Este critério é adotado na composição do STJ (Supremo Tribunal da Justiça), os candidatos as vagas são indicados em lita tríplice e o escolhido pelo presidente é remetido a aprovação do Senado Federal e só depois é nomeado. 9. GARANTIAS DA MAGISTRATURA: INDEPENDÊNCIA POLÍTICA E JURÍDICA DOS JUÍZES Para que a função jurisdicional do Estado possa ser cumprida concretamente, foi necessária a criação de um conjunto de órgãos encarregados de executá-la: o Poder Judiciário. Sua atividade se exterioriza muito em virtude dos juízes que são ainda, conforme aponta o Texto Constitucional, órgãos do Poder Judiciário. Em virtude de o exercício da função jurisdicional depender diretamente do trabalho dos magistrados, a Constituição estabeleceu a eles uma série de garantias e algumas vedações no curso de seu exercício, visando proteger a função exercida por eles e resguardar os direitos daqueles que pleiteiam o respeito aos seus direitos por meio do Poder Judiciário. As garantias de que gozam os magistrados visam garantir-lhes, em resumo, a independência para proferir as suas decisões, que, muitas vezes, contrariam interesses de grandes grupos econômicos, ou até mesmo interesses de governos. As garantias apresentadas pelo Texto Constitucional possuem naturezas institucional e também funcional. As garantias institucionais, como o nome sugere, conferem proteção à Instituição, que visam assegurar a permanência da instituição, que não deve ser atingida ou violada, sob pena de perecimento do ente protegido. Tais garantias estão especificamente afirmadas no art. 95 da Carta Magna, incisos I a III, se consubstanciam na vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios. Em virtude disso, faz-se necessário a discussão sobre cada uma dessas garantias, conforme se faz abaixo. a) Vitaliciedade: é adquirida pelo juiz de primeiro grau após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado, nos termos do artigo 95, inciso I, da Constituição Federal. No que se diz respeito a vitaliciedade, pode-se concluir que o magistrado, após o estágio probatório de dois anos, só perde o cargo em apenas uma hipótese: sentença judicial transitada em julgado, assegurada a ampla defesa e o contraditório. Importante destacar que obviamente o juiz pode pedir exoneração a qualquer tempo, bem como se aposentar compulsoriamente ao atingir a idade de 70 anos. b) Inamovibilidade: essa garantia significa que o juiz não pode ser removido, de comarca ou vara, ou promovido para o tribunal sem iniciativa sua, salvo por motivo de interesse público (CF, art. 95, II). Como decorrência da inamovibilidade, o juiz não poderá ser removido ou transferido para outro lugar sem a sua aquiescência, salvo se por interesse público pela decisão da maioria absoluta do Tribunal ao qual está vinculado ou do Conselho Nacional de Justiça. c) Irredutibilidade de subsídios - significa que o juiz não pode ter seus vencimentos reduzidos, sujeitando-se, contudo, ao pagamento de tributos, inclusive o imposto de renda (CF, art. 95, III). Por fim, a irredutibilidade de subsídios assegura a independência econômica do juiz, garantindo que ele não pode ter seus vencimentos reduzidos, ressalvados os descontos relativos aos impostos e os de natureza previdenciária. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVIM, J. E. C. Teoria Geral do Processo. 21 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. ______________. Lei nº 9.099/95 de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providencias. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília DF, 27 set 1995. ______________. Lei n° 12.153/09 de 22 de dezembro de 2009. Dispõe sobre os Juizados Especiais da Fazenda Pública no âmbito dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília DF, 22 set 2009. CARVALHO, M. B. A. A Justiça Militar Estadual: estrutura, competência e fundamentos de existência. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/17546/a-justica-militar-estadual-estrutura-competencia-e- fundamentos-de-existencia> acesso em 30 ago. de 2021 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. O que faz o juiz leigo? Disponível em: <https://www.cnj.jus.br/o-que- faz-o-juiz-leigo/> acesso em 30 ago. de 2021. PARÁ [Lei n° 5.008 de 10 de dezembro de 1988] Código Judiciário do Estado do Pará. Belém: Assembleia Legislativa do Estado do Pará, 1988. PARÁ. [Constituição (1989)]. Constituição do Estado do Pará. Belém: Assembleia Legislativa do Estado do Pará, 1989. ROTH, J. R. A atuação do conselho de justiça na justiça militar e as formalidades constitucionais e legais: formação, momento de atuação, validade de votação. Disponível em: <http://www.amajme- sc.com.br/artigos/ARTIGO_CONSELHO_JUSTICA_Forca%20Policial_Revista%20eletronica.pdf>acesso em 29 ago. de 2021. SCHNEIDER, F. Você sabe como funciona a Justiça Militar? 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