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ESTRUTURA DA JUSTIÇA ESTADUAL

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ 
INSTITUTO DE ESTUDOS EM DIREITO E SOCIEDADES 
FACULDADE DE DIREITO 
DISCIPLINA: TEORIA GERAL DO PROCESSO 
PROFESSORA: REJANE PESSOA DE LIMA OLIVEIRA 
DISCENTE: REYNALDO LOBATO SOUSA – MATRÍCULA: 202044627042 
 
 
 
 
PARA ENTENDER A ESTRUTURA, ORGANIZAÇÃO E 
FUNCIONAMENTO DA JUSTIÇA ESTADUAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MOCAJUBA – PA 
2021 
1. A JUSTIÇA ESTADUAL NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO 
O fundamento ou origem da Justiça Estadual, está previsto no artigo 125 da Constituição 
Federal de 1988, a qual expressamente determina: 
“Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos 
nesta Constituição. 
§ 1º A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei 
de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça. 
§ 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis 
ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada 
a atribuição da legitimação para agir a um único órgão. 
§ 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça 
Militar estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos 
Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por 
Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte 
mil integrantes” (BRASIL, 1988). 
Inicialmente, é necessário ter o entendimento de que a justiça estadual faz parte do 
sistema jurídico brasileiro, o que significa dizer que o seu fundamento está na Constituição 
Federal. Entretanto, a Carta Magna determinou aos Estados a competência pela organização 
desta espécie de justiça, sem ultrapassar os ditames da mencionada Carta Magna. 
Em concordância com a Carta Maior da República Brasileira, a Constituição do Estado 
do Pará estatuiu nos artigos 147 a 201 a estrutura, organização e modo de funcionamento da 
justiça deste ente Federativo. Neste sentido, a justiça estadual tem jurisdição no território do 
Estado do Pará, possuindo juízos de primeiro e segundo graus, juizados especiais e forma de 
organização, estrutura e funcionamento próprios, e distintos, em certa medida, dos demais entes 
federativos, que serão expostos a seguir. 
 
2. ÓRGÃOS DE PRIMEIRO GRAU DA JUSTIÇA ESTADUAL 
 A priori, é importante entender que o Poder Judiciário, no âmbito estadual, além de 
possuir em primeiro grau as varas ou seções, onde atuam os juízes de direito, também conta 
com a atuação dos juizados especiais, bem como com a justiça militar estadual e a justiça leiga, 
os quais serão observadas a seguir. 
2.1. JUIZADOS ESPECIAIS 
No que concerne aos juizados especiais, estes foram criados no intuito de democratizar 
o acesso à justiça, de forma que os cidadãos resolvam os conflitos cotidianos de maneira mais 
célere, econômica e segura. Esses juizados, órgãos pertencentes ao Poder Judiciário, atuam 
tanto em âmbito federal, conforme versa a Lei nº 10.259/2001, quanto em âmbito estadual, 
tendo, portanto, nesta esfera o juizado especial cível, criminal, e da fazenda pública. 
 
2.1.1. JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL: Lei nº 9.099/1995 
Tanto o juizado especial cível, quanto criminal, atuantes no âmbito estadual, são regidos 
pela Lei nº 9.099/1995. Contudo, no que tange ao juizado especial cível, este não pode conciliar, 
processar e julgar causas de menor complexidade cujo valor exceda quarenta vezes o salário 
mínimo. Este juizado possui competência para lidar com causas envolvendo ação de despejo 
para uso próprio, e/ ou ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado 
a 40 salários mínimo, sendo excluído assim, causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e 
de interesse da Fazenda Pública, e também as relativas a acidentes de trabalho, a resíduos e ao 
estado e capacidade das pessoas, ainda que de cunho patrimonial (art. 3º, §2º da Lei nº 9.099/95). 
Outrossim, a supracitada lei também deixa explícito sobre quem pode propor ação 
perante o Juizado Especial Cível, bem como, quem seriam os excluídos do processo, sendo 
estes vistos no artigo 8º da Lei nº 9.099/95: 
“Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído por esta Lei, o incapaz, o preso, 
as pessoas jurídicas de direito público, as empresas públicas da União, a massa falida 
e o insolvente civil. 
§ 1° Somente serão admitidas a propor ação perante o Juizado Especial: 
I - as pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários de direito de pessoas jurídicas; 
II - as pessoas enquadradas como microempreendedores individuais, microempresas 
e empresas de pequeno porte na forma da Lei Complementar no 123, de 14 de 
dezembro de 2006; 
III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organização da Sociedade Civil de 
Interesse Público, nos termos da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999; 
IV - as sociedades de crédito ao microempreendedor, nos termos do art. 1o da Lei no 
10.194, de 14 de fevereiro de 2001” (BRASIL, 1995). 
Em contrapartida, o Juizado Especial Criminal (JECRIM) será o responsável pela 
conciliação, julgamento e a execução das infrações de menor potencial ofensivo, tal qual as 
contravenções penais, bem como, os crimes cuja pena máxima não ultrapassa 02 (dois) anos, 
cumulando ou não com multa (art. 60, da Lei 9.099/95), sendo, portanto, exemplos deste: lesão 
corporal leve, injúria, ameaça, desacato, difamação, entre outros. 
Em relação ao processo neste juizado, dar-se-á objetivando, sobretudo, a celeridade e a 
simplicidade, e sempre que possível, a reparação sofrida pela vítima, aplicando pena não 
privativa de liberdade ao autor do fato (art. 62, da Lei nº 9.099/95). De maneira a solucionar o 
caso mais rápido, o JECRIM criou institutos despenalizadores, tal qual composição cível, 
transação penal e suspensão condicional do processo. 
Para que haja uma composição cível (artigo 72 da Lei nº 9.099/95), ou seja, reparação 
de danos à vítima, é necessário que durante audiência preliminar a vítima aceite realizar acordo 
com o autor do fato. Uma vez aceita a proposta, o juiz homologará, por meio de sentença 
irrecorrível, que terá efeito de título executivo cível, a reparação do dano, a qual poderá ser feita 
através de pagamento de dinheiro. Vale frisar que a composição cível não produzirá efeito penal, 
já que o caso será resolvido no juízo civil competente. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp123.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp123.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp123.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp123.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9790.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9790.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9790.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10194.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10194.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10194.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10194.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10194.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10194.htm#art1
Caso não ocorra a composição cível, e haja a representação por parte do ofendido, o 
Ministério Público tem premissa para realizar proposta de transação penal, conforme prevê o 
artigo 76 da referida lei. Contudo, diferente do que ocorre no primeiro instituto despenalizador 
– acordo dependia apenas da aceitação das partes envolvidas –, aqui haverá aplicação imediata 
de pena restritiva de direitos, ou pagamento de multas, sendo que para isso ocorrer, o Ministério 
Público deve verificar se o sujeito atende aos requisitos necessários previstos em lei. 
“Art. 76. [...] 
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: 
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de 
liberdade,por sentença definitiva; 
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação 
de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo; 
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem 
como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida” 
(BRASIL, 1995). 
Uma vez cumprida a transação penal, haverá a extinção da punibilidade, e o processo 
será extinto. Todavia, se o sujeito aceitar a proposta, mas não cumprir o estabelecido pelo 
Ministério Público, a persecução penal seguira, e com isso será apresentada denúncia. 
E por fim, há a suspensão condicional do processo – Sursis Processual –, o qual está 
previsto no artigo 89, da lei que rege o JECRIM: 
“Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, 
abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá 
propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não 
esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os 
demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do 
Código Penal)”. (BRASIL, 1995) 
Vale ressaltar que neste instituto específico, pode-se aplicar sursis processual aos crimes 
que não sejam necessariamente de baixo potencial ofensivo, desde que o mesmo não ultrapasse 
a pena mínima de 01 (um) ano. Além disso, no que corresponde ao período de provas, o acusado 
será submetido as seguintes condições: reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, 
proibição de frequentar determinados lugares, proibição de ausentar-se da comarca onde reside, 
sem autorização do Juiz, e comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para 
informar e justificar suas atividades (art. 89, §1º, Lei nº 9.099/95). Em caso de descumprimento 
da condição imposta, a suspensão será revogada e o processo seguirá em seus ulteriores termos. 
Mas, se o réu seguir o que lhe foi determinado, o juiz declarará extinta a punibilidade. 
2.1.2. JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA: Lei 12.153/2009 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art77
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art77
A partir da Lei nº 12.153/2009, ficou estatuído as regras que iriam reger os Juizados 
Especiais da Fazenda Pública no âmbito estadual, do Distrito Federal, dos Territórios e dos 
Municípios. O referido órgão da justiça comum foi criado no intuito de conciliar, processar, 
julgar e executar as causas de sua competência (art. 1º da Lei 12.153/09), desde que tais causas 
não ultrapassem o valor de 60 (sessenta) salários mínimos, e em caso dessa ocorrência, a autora 
deve renunciar o excedente. 
É importante ressaltar que a competência do referido juizado é absoluta, e este não 
julgará causas envolvendo os assuntos previsto no artigo posto a seguir: 
Art. 2° [...] 
§ 1° Não se incluem na competência do Juizado Especial da Fazenda Pública: 
I – as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, 
populares, por improbidade administrativa, execuções fiscais e as demandas sobre 
direitos ou interesses difusos e coletivos; 
II – as causas sobre bens imóveis dos Estados, Distrito Federal, Territórios e 
Municípios, autarquias e fundações públicas a eles vinculadas; 
III – as causas que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a 
servidores públicos civis ou sanções disciplinares aplicadas a militares” (BRASIL, 
2009). 
Outrossim, também ficou estabelecido em lei que poderiam ser autores de um processo 
julgado pelo juizado especial da fazenda pública, as pessoas físicas, as microempresas e a 
empresas de pequeno porte. Em contrapartida, os Estados, o Distrito Federal, os Territórios e 
os Municípios, bem como autarquias, fundações e empresas públicas a eles vinculadas 
poderiam ser rés. Em vista disso, entendeu-se que a Fazenda Pública não pode ajuizar ação 
contra um particular pela via do juizado especial, já que não pode, nesses termos, atuar como 
autora do processo. 
Vale frisar também que em relação à capacidade postulatória, ou seja, exigência de 
advogado na ação, ficou determinado que até a fase de sentença, a parte poderia postular em 
causa própria, sendo o advogado necessário, apenas na fase recursal. Há que se dizer ainda que 
no juizado especial da fazenda pública, a incompetência acarretará na extinção do processo, 
diferentemente no que ocorre em um processo comum, regido pelo Código de Processo Civil, 
onde os autos processuais serão remetidos a um juízo competente, em virtude do impedimento 
legal do magistrado anterior, o qual recebeu o processo primeiramente. 
E por fim, uma vez transitado em julgado a sentença, o seu cumprimento se dará, em 
caso de obrigação de fazer, de não fazer ou de entregar coisa certa, por meio de ofício expedido 
pelo juiz, à autoridade envolvida no processo, para que esta cumpra o determinado. Todavia, se 
na sentença envolver obrigação de pagar, esta deverá ocorrer dentro do prazo de 60 (sessenta) 
dias, seguindo os demais termos estipulados pelo artigo 13, da Lei nº 12.153/09: 
“Art. 13. Tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, após o trânsito em julgado 
da decisão, o pagamento será efetuado: 
I – no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado da entrega da requisição do juiz à 
autoridade citada para a causa, independentemente de precatório, na hipótese do § 
3° do art. 100 da Constituição Federal; ou 
II – mediante precatório, caso o montante da condenação exceda o valor definido 
como obrigação de pequeno valor” (BRASIL, 2009). 
2.2. JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL 
Consoante a Constituição Federal de 1988, os Estados, por meio de lei estadual, 
possuem prerrogativa para criar a Justiça Militar estadual (JME), desde que haja proposta do 
Tribunal de Justiça (TJ). A referida justiça será constituída, em primeiro grau, pelos juízes de 
direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou 
por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil 
integrantes, conforme disposto no artigo 125, §3º da Constituição de 1988. 
No que concerne a jurisdição do supracitado órgão, a Carta Magna determina que os 
julgamentos dos militares estaduais (polícia militar e corpo de bombeiros), nos crimes militares 
definidos pelo Código Penal Militar, bem como as ações judiciais contra atos disciplinares, 
deverão ser de competência da Justiça Militar estadual. 
2.2.1. JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL DE PRIMEIRO GRAU 
A Justiça Militar Estadual é composta em 1° grau pelo Conselho de Justiça Militar, ao 
qual compete o processo e julgamento dos crimes militares, observados nos artigos 124 e 125, 
§ 4º da Constituição Federal, sendo composto por quatro oficiais das armas, também chamados 
de juízes militares, e um juiz de direito, cujo o ingresso na carreira foi por meio de concurso 
público. Ao juiz de direito compete a função de processar crimes militares em primeira instância. 
Outrossim, cabe ressaltar que a justiça militar estadual no primeiro grau ainda se 
subdivide em duas categorias: o Conselho de Justiça Permanente, o qual destina-se a processar 
e julgar os militares que formam a base da pirâmide das instituições militares, isto é, os Praças; 
e o Conselho Especial de Justiça, que irá processar e julgar os réus que ocupam a posição da 
categoria mais elevada na pirâmide das instituições militares, ou seja os Oficiais. 
Há que se esclarecer ainda que nos julgamentos, a quantidade de julgadores militares é 
maior, existindo apenas um juiz togado. Este juiz togado tem por função embasar os 
julgamentos dentro da estrita legalidade, e em razão desse fato, é o primeiro a votar dando o 
direcionamento jurídico à lide. Por outro lado, é importante ressaltar que todos os juízes de 
formação militar possuem competência para o julgamento, uma vez que são possuidoresde 
conhecimentos específicos referente à legislação militar, principalmente no respeitante aos 
crimes de natureza militar. 
2.2.2. JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL DE SEGUNDO GRAU 
Naqueles Estados em que o Tribunal de Justiça fez a propositura da criação da Justiça 
Militar Estadual, o primeiro grau será composto pelo Conselho de Justiça Permanente, bem 
como, pelo Conselho Especial de Justiça, e o segundo grau contará com o Tribunal de Justiça 
Militar (TJM). Em apenas três Estados Federais a JME está estruturada em dois graus, sendo 
eles, estado de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. 
2.3. JUSTIÇA LEIGA 
O juiz leigo é uma ocupação reconhecida, uma vez que ajuda a acelerar o trabalho do 
Poder Judiciário. Esse profissional é responsável por desempenhar funções que antes eram 
exercidas somente pelos juízes togados, tal qual realizar audiências de conciliação, de instrução 
de julgamento e apresentar propostas de decisão, entendida como o projeto de uma sentença, a 
qual deve ser submetida ao juiz togado, para homologação. 
 Ademais, cabe frisar ainda que juiz leigo, por ser auxiliar da justiça, ficará nesta função 
por prazo temporário de dois anos, permitida recondução por igual período. No que tange sua 
remuneração, será determinada de acordo com ato praticado e ato produzido. Mas vale ressaltar 
que toda a sua atuação deverá passar pela supervisão do juiz togado. 
Para ingressar na carreira de juiz leigo, o candidato deverá se submeter a um processo 
seletivo, o qual só é permitido a participação de pessoas registradas na OAB, tal como 
determina a Constituição Federal de 1988, bem como a lei n 9.099/95. No que tange esta lei, 
ficou estabelecido a exigência demais de 05 (cinco) anos de experiência para exercer a função. 
No entanto, o artigo 1º da Resolução nº 174, de 12 de abril de 2013, do Conselho Nacional de 
Justiça, abranda para 02 (dois) anos. 
Art. 98, da CF. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: 
I – Juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes 
para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade 
e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e 
sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento 
de recursos por turmas de juízes de primeiro grau; 
Resolução nº 174, de 12 de abril de 2013 
Art. 1º. Os juízes leigos são auxiliares da Justiça recrutados entre advogados com mais 
de 2 (dois) anos de experiência. 
 
 
 
 
3. ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA 
3.1. CONCEITO 
 Para que haja harmonia no campo jurídico é necessária certa organização judiciária, o 
que nada mais é do que a forma como as competências jurídicas estão preestabelecidas, mesmo 
o poder judiciário sendo único e indivisível, se tem a necessidade de agrupar essas competências, 
sendo por linhas territoriais e cargos legislativos, facilitando assim a forma como o direito 
percorre o território nacional. 
3.2. O QUE É JURISDIÇÃO? 
 Jurisdição pode ser compreendida como a função jurisdicional do Estado, ou seja, o 
poder de resolução de conflitos da sociedade através do judiciário, na qual a demanda precisa 
ser levada até o juiz que dirá quem tem razão na causa, por meio da formalização de um 
processo que é uma concatenação de atos na finalidade de verificar a verdade processual. 
 Na mesma análise, Marcelo Abelha conceitua a jurisdição como “a função do Estado 
de, quando provocado, substituindo a vontade das partes, e mediante um processo democrático 
e justo, reconhecer e efetivar a tutela jurisdicional realizando assim a paz social”. 
 O próprio termo ‘jurisdição’ já remete à atuação do Poder Judiciário, na figura de seus 
juízes, de “dizer o direito”, isto é, com base nas provas processuais acostadas nos autos, formar 
seu convencimento acerca de quem tem o direito na lide. 
 Este entendimento de tutela jurisdicional do Estado como buscador da paz social, é 
oriunda do Direito Romano, na qual o juiz possuía a prerrogativa de decidir quem teria causa 
ganha no processo, porém, deixando a cargo do vencedor efetivar seu direito legitimado pelo 
magistrado. O sistema jurídico atual, contudo, decorre de função jurisdicional mais completa, 
isso porque, além de dizer o direito, o juiz apresenta os meios de execução desse direito, 
tornando factível o teor de sua sentença. 
3.3. PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO 
 Na jurisdição é demandado 5 tipos de princípios que corroboram para a uma 
aplicabilidade mais eficiente dos casos solucionados pelo Estado, sendo eles: o princípio da 
investidura, inércia, aderência ao território, indeclinabilidade e indelegabilidade. 
 No princípio da investidura o estado tem a necessidade de ter uma pessoa física para o 
cargo de função jurisdicional, no caso, os juízes. Apenas o juiz em pleno exercício investido 
regularmente no caso, segundo os ditames legais, terá o exercício de função jurisdicional, ou 
seja, somente é exercida por quem tenha sido regularmente e legitimamente investido na 
carreira de juiz, sendo em regra apenas por concurso público. 
 No princípio da inércia a jurisdição somente poderá ser exercida caso seja provocado 
pela parte ou pelo interessado. O juiz não pode agir de ofício sendo a jurisdição exercida apenas 
por impulso. 
 Aderência ao território é correspondente à limitação da própria soberania nacional ao 
território do país. A jurisdição aderirá uma base territorial e será aplicada nessa base. Por 
exemplo, o Brasil poder exercer jurisdicionalmente em todo o território brasileiro, cada órgão 
exerce a jurisdição numa área definida pelas regras de competência. Em respeito ao princípio, 
existem as cartas rogatórias, sendo cartas que tramitam em jurisdição de competência de juízes 
fora do território nacional e cartas precatórias são entre foros e comarcas tendo a mesma 
jurisdição brasileira 
 Indeclinabilidade, o juiz não pode se recusar a julgar uma causa por mais complexa que 
ela seja, sendo a jurisdição obrigatória. 
 Para concluir, a indelegabilidade constitui vedação ao juiz, que exerce atividade pública, 
de delegar suas funções a outra pessoa ou mesmo a outro poder estatal. Para ilustrar tal vedação, 
entende-se, por exemplo, que a jurisdição não se delega a outros poderes e o órgão judicial não 
delega para outro 
3.4. COMPETÊNCIA JURISDICIONAL 
 Sabe-se que a jurisdição é una e indivisível, pois o Poder Judiciário que é quem exerce 
o poder jurisdicional é único, isso significa que este Poder age sob todo território brasileiro. 
Mas, para melhor viabilizar o exercício da jurisdição, por razões práticas e para melhor 
administração da justiça, ela é distribuída entre órgãos jurisdicionais, que são definidos 
seguidos os critérios de competência. 
 Logo, se a jurisdição é o poder-dever do Estado de resolver uma lide, a competência é 
uma fração dessa jurisdição definida pela lei de cada órgão jurisdicional para ser competente 
para resolver o conflito na forma de seu regimento interno. 
4. JUSTIÇA ESTADUAL NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
 A Constituição Federal de 1988 atribui aos entes federativos a prerrogativa de organizar a 
sua justiça dentro de sua circunscrição, observando que cada órgão do judiciário tenha a liberdade 
para melhor administrar a justiça em sua região. Vejamos o texto constitucional in verbis: “Art. 
125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta 
Constituição. § 1º A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a 
lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça”. 
 A Carta Magna objetivou neste dispositivo assegurar maior liberdade para os entes 
federativos organizarem sua justiça, abordando de forma ampla e genérica esta prerrogativa, desde 
que observados os princípios constitucionais. Nesse sentido, todo estado brasileiro em sua 
Constituição Estadual, traz de forma pormenorizadaa dinâmica de como irá ocorrer o poder 
judiciário naquele estado, sendo a Lei de Organização Judiciária de cada estado responsável por 
detalhar a execução, aplicação e funcionamento da justiça estadual nos seus respectivos Tribunais 
de Justiça. 
 É importante ressaltar a informação contida no parágrafo primeiro, que indica a 
competência privativa dos Tribunais de Justiça para propositura de Projetos de Leis que visem 
alterações na organização judiciária, isso porque somente o próprio tribunal pode criar uma nova 
comarca, por exemplo. 
5. DIVISÃO JUDICIÁRIA DO TJPA 
 Tendo como base a Lei Estadual n. 5.008, de 10 de dezembro de 1981, que disciplina sobre 
a Organização da Judiciária da Justiça Estadual, passemos a analisar alguns de seus artigos para 
melhor compreensão da estrutura judiciária do Tribunal de Justiça do Estado do Pará. 
5.1. JURISDIÇÃO 
 Quanto a jurisdição do Tribunal de Justiça do Estado do Pará - TJPA -, em seu artigo 8º, 
a supracitada Lei leciona que “o território do Estado do Pará, para os fins da administração da 
Justiça, divide-se em Regiões Judiciárias, Comarcas, Termos, Distritos, Subdistritos, formando, 
porém, uma só circunscrição para os atos da competência do Tribunal de Justiça”. 
 A administração judiciária mencionada refere-se a jurisdição do TJPA que abrange todo 
território paraense e para melhor exercê-la subdivide sua competência em Regiões Judiciárias, 
tendo atualmente 15 regiões estabelecidas. Dentro de cada Região Judiciária há Comarcas 
presentes em todos os municípios paraenses. Reiterando que a jurisdição na Justiça Estadual é una 
e indivisível, o que temos na realidade é uma divisão de competências. 
5.2. COMARCAS 
 No que se refere às Comarcas, o artigo 9º e seu parágrafo único estabelecem: 
“Art. 9º As Comarcas classificam-se em entrâncias e são as que integram a relação 
contida no anexo l deste Código. 
Parágrafo Único. A Comarca da Capital será de terceira entrância, e as demais Comarcas 
de segunda e primeira entrância, de acordo com o anexo n.º 2”. 
 As Comarcas representam a atuação do Tribunal de Justiça do Estado em todos os 
municípios paraenses. Elas se dividem, a depender da região judiciária que ocupam, em entrâncias, 
que são os níveis de complexidade e recursos conforme o números de Varas que uma Comarca 
possui. 
 Faz-se necessário distinguir, para fins de conceituação, a diferença entre Entrância e 
Instância, na qual a primeira representa uma classificação das Comarcas com níveis de recurso e 
aparatos diferentes, na qual as Comarcas de primeira entrância são aquelas que possuem Vara 
Única, tendo todas as matérias de Direito acumuladas por um único juiz, e estão situadas nas 
regiões interioranas, sendo sua população, em tese, considerada reduzida em detrimento das 
Comarcas de segunda entrância, que são chamadas de intermediárias por apresentarem estrutura 
de médio porte, e as de terceira entrância que localizam-se na capital do estado, Belém, com mais 
de cinco Varas e um corpo judiciário mais completo. Porém não há hierarquia entre as entrâncias. 
 Já a instância, é a denominação que se dá para a relação entre Tribunais hierarquicamente 
superior, ou seja, a instância é um grau de jurisdição, uma progressão externa de um tribunal para 
outro. 
 As Comarcas podem ser extintas ou reclassificadas (reposicionadas em entrâncias), com 
base em dados que serão coletados anualmente referentes a extensão do território, ao número de 
habitantes, número de eleitores, receita tributária 
“Art. 10. A classificação ou reclassificação, bem como a criação e extinção das Comarcas 
será feita, ressalvadas as constantes desta Lei, em função dos dados referentes à extensão 
territorial, número de habitantes, número de eleitores, receita tributária, movimento 
forense dos Municípios interessados atendidos os seguintes índices: 
a) terceira entrância, 300; 
 b) segunda entrância, 200; 
c) primeira entrância, 100. 
§1º Os dados referidos neste artigo serão apurados no ano anterior à vigência desta Lei”. 
 
 Esses fatores para alteração no funcionamento das Comarcas serão valorados 
matematicamente como a proporção entre os feitos da Comarca e o objetivo a ser atendido. 
“Art. 12. Os requisitos de que tratam os artigos anteriores provar-se-ão: 
a) referente ao número de eleitores, mediante informação do Tribunal Regional Eleitoral; 
b) o de renda, à vista de certidões fornecidas pelos Departamentos competentes da União, 
do Estado e do Município e certidão do IBGE quando à extensão territorial; 
c) e do movimento forense, por certidão do distribuidor do Juízo. 
Parágrafo Único. Exibida a documentação a que se refere o artigo anterior, o Corregedor 
Geral da Justiça, ou outro membro que o Tribunal designar, fará inspeção "In loco", e 
apresentará relatório circunstanciado, propondo ou não a elevação de categoria da 
Comarca”. 
 
 O artigo 12 vem tratar dos meios para comprovação dos requisitos exigidos para que 
ocorra modificações na reclassificação, extinção ou criação de uma Comarca. Dispõe o artigo 11 
que é requisito indispensável para criação da Comarca de 1ª entrância a instalação de novo 
Município. Já o artigo 13 preceitua que criada uma Comarca, o Tribunal promoverá perante o 
Governo do Estado o processo legislativo para a criação dos cargos correspondentes. 
 Já em relação à extinção da comarca e a produção de seus efeitos, recorre-se ao disposto 
no artigo 15 da mesma lei, a extinção de uma Comarca só produzirá efeito um ano depois da 
publicação do ato que a determinou. 
 Diante disso, passemos a analisar os órgãos que compõem a estrutura do Poder Judiciário, 
como dispõe o Art. 16. São Órgãos do Poder Judiciário do Estado: Tribunal de Justiça; Juízes de 
Direito; Pretores; Juízes de Paz; Tribunais do Júri; Justiça Militar. 
5.3. TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
“Art. 17. O Tribunal de Justiça, Órgão supremo do Poder Judiciário do Estado compõe-
se de vinte e sete (27) desembargadores. 
§1º Este número somente será majorado se o total de processos distribuídos e julgados, 
durante o ano anterior superar o índice de trezentos feitos por Juiz. 
Art. 20. Um dos membros do Tribunal de Justiça será o seu Presidente e três (03) outros 
desempenharão as funções de Vice-Presidente, Corregedor Geral de Justiça para as 
Comarcas da Região Metropolitana de Belém e Corregedor Geral de Justiça para as 
Comarcas do Interior serão eleitos, em escrutínio secreto, dentre os Desembargadores 
mais antigos do Tribunal” (PARÁ, 1981). 
 É o principal órgão do Poder Judiciário no Estado do Pará, com sua sede no município de 
Belém, e jurisdição em todo território paraense. Atualmente é presidido pela desembargadora 
Célia Regina de Lima Pinheiro. 
5.4. JUÍZES DE DIREITO 
 O início na carreira da magistratura vitalícia, em conformidade com o artigo 30 da lei de 
Organização Judiciária do Estado: 
“Art. 30. O cargo inicial da Magistratura vitalícia é o de Juiz de Direito, cujo provimento 
será feito através de concurso de provas e títulos, organizado pelo Tribunal de Justiça 
com a colaboração do Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Pará, 
indicando-se os candidatos habilitados, sempre que possível, em lista tríplice” (PARA, 
1981). 
 Os Juízes de Direito são aqueles que integram a magistratura da Justiça Estadual, são 
órgãos monocráticos ou singulares, compostos por um único juiz. Este exerce seu ofício nas 
comarcas, que são as unidades em que se divide o território do Estado para efeito de administração 
da Justiça Estadual. Em cada comarca poderá haver mais um juízo, ou seja, uma ou mais varas. 
Quando uma comarca possui mais de uma vara, haverá varas especializadas em determinadas 
matérias (vara cível, criminal, dentre outras). 
 É fulcral a diferenciação entre Juiz de Primeiro Grau e Juízo de Primeiro Grau, na qual o 
primeiro é a figura do magistrado enquanto operador da justiça, e o segundo é o local de atuação 
desse magistrado,ou seja, a Comarca ou a Vara. 
 Quanto à competência de jurisdição dos Juízes de Direito nas entrâncias de segundo e 
terceiro graus, ocorrerá a distribuição eletrônica dos processos, de forma proporcional entre as 
Varas que tratem da mesma matéria. A previsão legal pata tal hipótese encontra-se no artigo 88, 
que diz que quando a Jurisdição for exercida por mais de um Juiz, dentro de uma mesma área, a 
competência firmar-se-á pela distribuição. 
 Dessa forma, o sistema de distribuição atual transcorre da digitalização de todos os 
processos compondo o Processo Judicial Eletrônico (PJE) que facilita a grande demanda dos 
tribunais. Contudo, ocorrendo erros de distribuição deverá se o número de protocolo ser mantido 
e atribui-se nova distribuição àquele processo. 
“Art. 92. Ressalvados os casos previstos em Lei, a distribuição, uma vez feita, não se 
cancela, não podendo o Juiz ordenar baixa da mesma, para dar lugar à nova distribuição, 
ainda mesmo que as partes desistam de prosseguir no feito, ou deixem-no sem andamento 
por outro qualquer motivo. 
Art. 93. Quando a petição inicial de uma causa for distribuída a Juiz ou Escrivão 
legalmente impedido, far-se-á nova distribuição, sendo o Juiz ou Escrivão compensado 
na primeira oportunidade, com outro feito” (PARÁ, 1981). 
5.5. PRETORES 
“Art. 44. Os Pretores serão nomeados pelo Governador do Estado, mediante proposta do 
Tribunal, em lista sêxtupla, dentre os graduados em Direito, de reconhecida capacidade 
intelectual e moral, e servirão por quatro (4) anos, podendo serem reconduzidos por igual 
período, mediante a aprovação do Tribunal, que encaminhará o nome do reconduzido ao 
Poder Executivo para lavratura do ato” (PARÁ, 1981). 
 Os pretores, ou Juiz Pretor, são magistrados, assim como o Juiz de Direito, que não teve 
o reconhecimento da carreia a partir da Constituição Federal de 1988, não havendo mais concurso 
atualmente para essa carreira. Os Pretores possuem limitação em seu campo de atuação para 
apreciar, julgar e instruir feitos. 
5.6. JUIZ DE PAZ 
 Art. 45. Os Juízes de Paz e seus Suplentes serão nomeados pelo Governador, mediante 
lista tríplice organizada pelo Tribunal, ouvido o Juiz de Direito da Comarca”. Os Juízes de Paz 
são juízes leigos que competentes para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar processos 
de habilitação, sem, contudo, ter caráter jurisdicional (TJPA). 
5.7. TRIBUNAL DO JÚRI 
 O Tribunal do Júri possui a previsão constitucional para o julgamento de crimes dolosos 
contra a vida. Seu funcionamento ocorrerá sob a presidência de um juiz de direito, com 
organização e a competência prevista na Lei processual vigente (art. 46). Ademais, compõem 
os parâmetros de sua atribuição a soberania dos veredictos, o sigilo das votações, e a plenitude 
do direito de defesa (art. 5º, inciso XXXVIII). É um órgão colegiado especial, formado por um 
juiz de direito e por vinte e cinco cidadãos, dentre os quais sete, por meio de sorteio, formarão 
o Conselho de Sentença. Esse colegiado é encarregado de definir se o crime em análise ocorreu 
e se o réu é culpado ou inocente, baseado no compromisso de avaliar a causa com 
imparcialidade e de acordo com sua consciência e com os princípios de justiça. O magistrado 
decide de acordo com o colegiado, proferindo a sentença e fixando a pena, em caso de 
condenação. (STEMLER; SOARES; SADEZ, 2017). 
 
6. UNIDADE E DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO 
Assim como os demais ordenamentos jurídicos modernos, o brasileiro também estatuiu 
o princípio do duplo grau de jurisdição. Tal princípio estatui o direito às partes envolvidas em 
um conflito jurídico de recorrerem das decisões proferidas monocraticamente por uma 
autoridade judicial (juiz) pertencente ao juízo ou órgão de primeiro grau, para serem apreciadas 
e julgadas novamente por um órgão de segundo grau (tribunal), de forma colegiada. Este 
princípio emana da estrutura jurídica do Estado formalizada em órgãos inferiores, denominados 
juízos ou órgãos de primeiro grau, e órgãos superiores definidos como tribunais ou órgãos de 
segundo grau. 
O duplo grau de jurisdição, constituído por órgãos inferiores e superiores, está presente 
tanto na estrutura de justiça dos Estados (como é o caso do Estado do Pará) quanto na 
organizada e mantida pela união, e acima destes, pairando como instâncias recursivas de último 
grau, dependendo da matéria, estão o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal 
de Justiça. 
Neste sentido, faz-se necessário esclarecer que tanto a justiça organizada pelo Estados 
quanto a organizada pela união, no que concerne ao duplo grau de jurisdição seguem o mesmo 
raciocínio, a saber: “De decisão judicial emanada de juízo inferior, de primeiro grau, recorre-se 
para o juízo superior, isto é, de segundo grau (tribunal)”. O que significa dizer tão e somente 
que uma decisão judicial proferida por órgão de primeiro grau pode ser apreciada e/ou revista 
por órgão de segundo grau. Porém, isso não implica em alteração da decisão do juízo de 
primeiro grau, posto que, após a análise o tribunal pode decidir por: manter a decisão; alterá-la; 
ou rejeitá-la. 
Na verdade, a instituição do duplo grau de jurisdição tem duas finalidades. A primeira, 
consiste em assegurar à parte vencida, e/ ou insatisfeita com os resultados de uma decisão 
judicial de primeiro grau, o direito de obter dentro de certos limites jurídicos uma nova 
manifestação de órgão superior, de segundo grau do Poder Judiciário. A segunda, permite 
corrigir eventuais erros praticados por juízes. 
 
6.1. ARGUMENTOS FAVORÁVEIS E CONTRÁRIOS AO DUPLO GRAU DE 
JURISDIÇÃO 
No que concerne ao duplo grau de jurisdição, identifica-se na literatura jurídica duas 
correntes com posições opostas, sobre a necessidade de duas instâncias, isto é, de primeiro e 
segundo graus para assegurar a efetivação da justiça em um caso concreto. 
A corrente que se posiciona de forma contrária a existência do duplo grau de jurisdição 
apresenta como fundamento os seguintes argumentos: 
1- tanto um juiz de primeiro grau, quanto juízes de segundo grau podem errar e/ou 
proceder com prevaricação, efetivando assim a injustiça em um caso concreto. O que significa 
dizer que a existência de uma instância inferior e outra superior, sendo esta última de caráter 
revisor, não elimina por completo os erros e injustiças praticadas por juízes; 
2- A decisão judicial de segundo grau que confirmar a de primeiro grau será inútil por 
não acrescentar nada ao caso. Porém, se reformá-la, evidencia-se como nociva, por permitir a 
dúvida sobre quais das decisões foi justa, e dessa forma, contribui para o desprestígio do Poder 
Judiciário. 
Por outro lado, a corrente favorável ao duplo grau de jurisdição sustenta seu 
posicionamento nos seguintes argumentos: 
1- é possível que as decisões judiciais apresentem vícios resultantes de erro ou má fé. E, 
em razão desse fato, faz-se necessária a existência de instância superior revisora, capaz de sanar 
tais vícios, e assim, reestabelecer e efetivar a justiça; 
2- A possibilidade de reexame das decisões judiciais de primeiro grau, pela instância de 
segundo grau, constituída por juízes mais experientes e meticulosos, possibilita melhor solução 
para os conflitos jurídicos, bem como em muito contribui para a o aprimoramento do sistema 
jurídico e moral e profissional de juízes; 
3- Estudos recentes no campo da psicologia tem demonstrado que raramente uma pessoa 
se conforma com uma decisão judicial de primeiro grau que lhe seja desfavorável, o que 
justifica a existência da instância de segundo grau. 
Portanto, independentemente dos argumentos apresentados pelas duas correntes, o 
importante é que o Estado por meio do Poder Judiciário proporcione toda as condições para que 
a verdadeira justiça seja materializada enquanto solução para os conflitos jurídicos existentes 
entre as partes envolvidas 
 
6.2. SOBRE O DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO OBRIGATÓRIO EFACULTATIVO 
O ordenamento jurídico brasileiro prevê um duplo grau de jurisdição obrigatório para 
as causas em forem vencidos em uma lide a União, os Estados, o Distrito Federal e o Município, 
suas autarquias e fundações de direito público. Na ocorrência desta hipótese, o juiz deve remeter 
os autos do processo para reexame do tribunal, independentemente da existência de recurso 
voluntário, conforme o disposto no artigo 496, do novo Código de Processo Civil: 
 
“Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois 
de confirmada pelo tribunal, a sentença: 
I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas 
respectivas autarquias e fundações de direito público; 
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal. 
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz 
ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo 
tribunal avocá-los-á. 
§ 2º Em qualquer dos casos referidos no § 1º, o tribunal julgará a remessa necessária. 
§ 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito 
econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a: 
I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações 
de direito público; 
II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as 
respectivas autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam 
capitais dos Estados; 
III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas 
autarquias e fundações de direito público. 
§ 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada 
em: 
I - súmula de tribunal superior; 
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de 
Justiça em julgamento de recursos repetitivos; 
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de 
assunção de competência; 
IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito 
administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou 
súmula administrativa” (BRASIL, 2015). 
 
Também, é importante esclarecer, que nas causas em que a condenação ou o proveito 
econômico obtido for de valor certo e líquido inferior aos estipulados no mencionado 
dispositivo legal, o princípio do duplo grau de jurisdição não será aplicado. E neste sentido, não 
se aplicará no caso da União e suas autarquias e fundações de direito público quando o valor da 
causa for inferior a 1.000 (mil) salários-mínimos. No caso do Estados, do Distrito Federal, e 
dos Municípios que forem capitais dos Estados, quando o valor da causa for inferior a 500 
(quinhentos) salários-mínimos. E, para os demais Municípios quando o valor da causa for 
inferior 100 (cem) salários-mínimos. 
Faz-se necessário ainda ressaltar que, não se aplicará o duplo grau de jurisdição nas 
situações em que a sentença judicial estiver fundamentada: em súmula de tribunal superior; 
acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em 
julgamento de recursos repetitivos. 
No que concerne ao duplo grau de jurisdição facultativo há o entendimento na literatura 
jurídica de que deva ser permitido somente nas situações de relevante interesse econômico ou 
moral, ou relevante interesse público, bem como nas ações relativas ao estado ou capacidade 
das pessoas. Nas causas de pequeno valor, ou de valores irrisórios, entende-se que não deveria 
ser permitido porque demandariam muito tempo e desperdício de recursos públicos, e na 
maioria absoluta dos casos, o tribunal mantêm a decisão de primeiro grau. 
7. COMPOSIÇÃO DOS JUÍZOS E TRIBUNAIS 
 Ao tratar sobre a organização judiciária, Carreira Alvim explica que Juízo é o nome 
técnico que tem o órgão julgador, como célula do Poder Judiciário. O juiz, por outro lado, é a 
pessoa física que integra o Juízo, tendo como função exercer o poder de decidir em nome do 
Estado. Nesse sentido, a análise da estrutura do Poder Judiciário aponta para alguns critérios 
que apresentam, segundo a doutrina, maior relevância, dada a maior aplicabilidade na estrutura 
do Poder Judiciário, são elas: I – juiz único em primeiro e segundo grau de jurisdição; II – juízo 
colegiado em primeiro e em segundo grau de jurisdição; III – juiz único em primeiro e juízo 
colegiado em segundo grau de jurisdição. 
 É importante salientar, entretanto, que o ordenamento jurídico pátrio não aponta a 
adoção de um critério exclusivo, dentre os supracitados, na orientação de sua atuação 
jurisdicional, variando, pois, conforme a natureza da justiça da qual se busca. 
A) Juiz único em primeiro e em segundo grau de jurisdição: conforme ensina Carreira Alvim, 
esse critério apresenta uma inequívoca vantagem, que é a de não necessitar de mais de um juiz, 
diferentemente do que ocorre em órgãos colegiados, por exemplo, dando, portanto, maior 
celeridade ao Judiciário. Preconiza o eminente professor que tal prática é utilizada de maneira 
excepcional nas searas federal e estadual de justiça, na qual os juízes julgam singularmente a 
matéria, e, em caso de impetração de recurso, o relator no tribunal o julga, também 
singularmente, nas hipóteses previstas nos incisos II a VI do artigo 932 do novo Código de 
Processo Civil1. 
B) Juízo colegiado em primeiro e segundo grau de jurisdição: o segundo critério trazido por 
Carreira Alvim estabelece situações em que a decisão primeiro grau já é prolatada por órgão 
colegiado, a exemplo do que ocorre com os Conselhos de Justiça Militar elencados na 
Constituição do Estado do Pará. Ilustrando satisfatoriamente o critério, estabelece o art. 168 da 
Constituição estadual que a Justiça Militar Estadual é constituída, em primeiro grau, pelos 
Conselhos de Justiça Militar e, em segundo, pelo Tribunal de Justiça do Estado. Nesse sentido, 
fica cristalino que a adoção desse critério é plenamente cabível a determinadas situações, como 
a que dispõe o artigo 168. 
C) Juiz único em primeiro e juízo colegiado em segundo grau de jurisdição: concatenando ideias 
expostas nos dois critérios anteriores, esse critério adota a figura de um juiz singular que julga 
em primeiro grau. Entende-se que a primeira instância ou primeiro grau é a principal porta de 
entrada do Judiciário. Consoante ao que dispõe esse critério em sua parte introdutória, 
estabelece o texto da Constituição do Pará, em seu artigo 164, que os Juízes de Direito integram 
a magistratura de carreira e exercem a jurisdição comum estadual de primeiro grau, nas 
Comarcas e Juízos. 
 Já para ilustrar a segunda parte do critério, que aborda o segundo grau de jurisdição em 
juízo colegiado, recorre-se novamente ao Texto Constituição do Pará, no artigo 161, inciso II, 
que trata da competência do Tribunal de Justiça do Estado do Pará: Além das outras atribuições 
previstas nesta Constituição, compete ao Tribunal de Justiça: II - julgar, em grau de recurso as 
causas decididas em primeira instância, no âmbito de sua competência, conforme dispuserem 
as leis. 
 
1 Art. 932. Incumbe ao relator: 
II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência originária do tribunal; 
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os 
fundamentos da decisão recorrida; 
IV - negar provimento a recurso que for contrário a: 
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; 
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de 
recursos repetitivos; 
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência. 
 
 O que é abordado no dispositivo legal citado aponta uma característica dos Tribunais de 
Justiça,que é a responsabilidade e possibilidade de revisar matérias já analisadas em juízo 
singular de primeira instância. 
8. CRITÉRIOS DE INGRESSO NA MAGISTRATURA 
 No Brasil, é possível notar a utilização de diferentes critérios na escolha de seus 
magistrados, de acordo com a natureza de cada justiça ou órgão de primeiro ou segundo grau 
de jurisdição. Os critérios são empregados e adotados pela doutrina de maneira que melhor 
atenda às peculiaridades do povo e do território. Destacam-se entre tais critérios: a eleição elo 
voto popular, livre escolha pelo Executivo, livre nomeação pelo Poder Judiciário etc. A seguir, 
identifica-se as peculiaridades de cada critério. 
8.1. ELEIÇÃO PELO VOTO POPULAR 
 Trata-se um dos critérios que permite que o povo escolha seu magistrado por meio do 
voto direto, da mesma maneira que escolhem seus representantes no Poder Executivo e 
Legislativo. Apresenta, contudo, a desvantagem de vincular os juízes às bases eleitorais, com 
promessas de campanhas, o que pode comprometer a imparcialidade dos futuros juízes. Um 
exemplo de sua utilização é o que ocorre nos Estados Unidos na escolha dos juízes locais, 
através de campanhas políticas. 
8.2. LIVRE ESCOLHA PELO EXECUTIVO 
 Por esse critério, o chefe do executivo tem a prerrogativa de escolher livremente quem 
deve ingressar na magistratura, por suas qualidades intelectuais e seus méritos, contudo, 
acredita-se que na pratica esse critério apresenta a inconveniência de beneficiar os apadrinhados 
políticos de quem possui poder. 
8.3. LIVRE NOMEAÇÃO PELO PODER JUDICIÁRIO 
 Nesse critério, os próprios membros do judiciário escolhem quem deve ingressar na 
magistratura, é a livre nomeação pelo poder do Judiciário, também conhecido como cooptação. 
Tal critério é controverso, pois pode possuir a peculiaridade de favorecer, no ingresso do cargo, 
os candidatos ligados aos desembargadores e aos ministros de tribunais, criando assim castas 
judiciárias, ou ainda desfavorecer candidatos por conta de inimizades ou coisas afins. No Estado 
do Rio de Janeiro, por exemplo, a escolha dos juízes ocorre por meio de promoção pelos 
critérios de antiguidade e merecimento, sem risco da cooptação. É o próprio tribunal que indica 
o magistrado, sem qualquer intervenção de algum outro poder, exceto apenas ao quinto 
constitucional, exclusivo aos Advogados e ao Ministério Público. 
8.4. NOMEAÇÃO PELO PODER EXECUTIVO COM APROVAÇÃO DO LEGISLATIVO 
 A nomeação pelo Poder Executivo com aprovação do Legislativo se dá através da 
conjugação da vontade do chefe do Poder Executivo e do Senado Federal, que se limita a 
aprovar a indicação, após o Presidente fazer a nomeação. É esse critério adotado na escolha da 
composição da alta corte da justiça brasileira, o Supremo Tribunal Federal. A desvantagem 
desse critério é que podem os tribunais serem compostos por magistrados com uma vertente 
ideológica unidirecional, podendo, pois, ser a mesma defendida pelo Presidente da República, 
uma vez que é elem que faz a indicação, não podendo o Senado Federal recusar seu nome, única 
e exclusivamente, por divergência de pensamentos. 
9.5. ESCOLHA POR ÓRGÃO ESPECIALIZADO 
 Esse critério é bastante simples, a escolha do magistrado ocorre através da decisão de 
um órgão composto por especialista em assunto da justiça, representando os três poderes e a 
classe dos advogados, que seria o Conselho Nacional da Magistratura. 
9.6. NOMEAÇÃO PELO EXECUTIVO POR INDICAÇÃO DA OAB E DO MINISTÉRIO 
PÚBLICO COM A PARTICIPAÇÃO DO JUDICIÁRIO E DO LEGISLATIVO 
 Esse é o critério utilizado na escolha da composição do quinto constitucional, nos 
tribunais de segundo grau, nos Tribunais de Justiça Estadual e do Distrito Federal, nos Tribunais 
Regionais Federais e nos Tribunais Regionais do Trabalho, e do terço constitucional, nos 
tribunais superiores, nos Tribunais Superiores de Justiça, Tribunal Superior do Trabalho e 
Superior Tribunal Militar. Sesses cargos são compostos por membros do Ministérios Público e, 
também, por advogados, mediante indicação em lista sêxtupla de suas instituições de classe do 
Ministério Público e dos advogados, reduzindo a lista tríplice pelo tribunal, ademais, nos 
tribunais superiores isso também depende da aprovação do legislativo, na figura do Senado 
Federal. 
8.7. ESCOLHA POR CONCURSO 
 A escolha por meio de concurso é a que mais proporciona vantagens ao magistério, pois 
permite que bacharéis e advogados com vasto saber jurídico, indispensável ao âmbito jurídico, 
ingressam na carreira de juiz, isso sem qualquer descriminação de classe social, ou seja, de 
igual oportunidade a todos participantes do concurso. Contudo, esse critério para o ingresso na 
magistratura apenas analisa o conhecimento jurídico do futuro juiz, não apura sua 2sensibilidade 
 
2 Art. 30 da Lei 5008 de 1981 O cargo inicial da Magistratura vitalícia é o de Juiz de Direito, cujo provimento será 
feito através de concurso de provas e títulos, organizado pelo Tribunal de Justiça com a colaboração do 
judicante, sua ética e nem sua moral, qualidades essas indispensáveis para chegar a uma justiça 
justa e igualitária. O critério realizado mediante concurso de provas é usado na escolha dos 
juízes de primeira instância, da Justiça Federal e Estadual, do Distrito Federal, além, do 
Trabalhista e Militar. 
 No Estado do Pará vigora Constituição Estadual de 5 de Outubro de 1989 na qual 
evidencia que o ingresso na magistratura se dá por meio curso de provas e de títulos com 
participação da Ordem dos Advogados (OAB), seção do estado do Pará, ademais, o cargo inicial 
se dá com juiz substituto, conforme dispõe o artigo 151, I e II da Constituição Estadual, e 
também o art. 30 da Lei 5008 de dezembro de 1981. 
 Conforme a lei 5008 de dezembro de 1981 da organização judiciaria do estado do Pará, 
o curso de provas para o magistrado é organizando pelo Tribunal de Justiça com a colaboração 
do Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil, seção do Pará. Os aprovados serão nomeados 
como juiz de direito de 1° entrância, inicialmente, servindo com juiz regional, a data do 
concurso é fixada pelo Tribunal de Justiça. No artigo 31 § 1 diz que para o requerimento de 
inscrição o participante deve ser brasileiro, estar quite com o serviço militar, ser titulado em 
Direito, ter mais de 23 anos e menos de 50 anos de idade (os candidatos bacharéis em Ciências 
Jurídicas e Sociais inscritos na Ordem dos Advogados que já tenham exercido o cargo de Pretor 
por mais de 10 anos ou Promotor Público, e tem mais de 15 anos de serviço público, o limite 
de idade será de 60 anos de idade; gozar de uma boa saúde física e mental, comprovada por 
inspeção médica, através da Secretaria de Estado de Saúde Pública; e ter título de eleitor ou 
documento de quitação eleitoral; Ademais, o Concurso de Provas e de Títulos será realizado na 
 
Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Pará, indicando-se os candidatos habilitados, sempre 
que possível, em lista tríplice 
 
²Art. 151 da Constituição Estadual do Pará. A magistratura estadual terá seu regime jurídico estabelecido com 
observância dos seguintes princípios: 
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, através de concurso público de provas e títulos, 
com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Pará, em todas as suas fases, obedecendo-
se, nas nomeações, à ordem de classificação; 
II - promoção de entrância para entrância, alternadamente, por antiguidade e merecimento, respeitadas as seguintes 
normas: 
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure, por três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de 
merecimento; 
b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira 
quinta parte da lista de antiguidade desta, salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago; 
c) aferição do merecimento pelos critérios da prestezae segurança no exercício da jurisdição e pela frequência e 
aproveitamento em cursos reconhecidos de aperfeiçoamento; 
d) na apuração da antiguidade, o Tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto de dois terços de 
seus membros, conforme procedimento próprio, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação 
 
forma estabelecida nesta Lei (5008 de dezembro de 1981) e no Regulamento elaborado pelo 
Tribunal de Justiça do Estado. 
8.8. ESCOLHA POR SORTEIO 
 A escolha do magistrado por meio de sorteio é tradicionalmente usado no Brasil, 
necessariamente, na composição do órgão do tribunal do júri (Conselho de Sentença), nos 
julgamentos dos crimes contra a vida, crime dolosos. Composto por juiz leigos, não togado. No 
tribunal do júri ocorre os julgamentos sociais, profere seus julgamentos no ex informata 
conscientia, pois suas decisões não dependem de fundamentação. Baseado na soberania popular 
é uma das instituições q mais exprime o Estado Democrático de Direito Muitos doutrinadores 
acreditam, em principio, que o sorte não é o melhor critério de a escolha para o magistrado. 
8.9 NOMEAÇÃO PELO PODER EXECUTIVO POR INDICAÇÃO DO JUDICIÁRIO OU 
LEGISLATIVO 
 Na nomeação pelo Poder Executivo por indicação do Judiciário ou Legislativo é 
possível perceber que há conjugação da vontade dos três poderes na nomeação dos futuros 
juízes, ocorre da seguinte forma: a nomeação é feita pelo Poder Executivo, na figura do 
Governador de Estado ou Presidente, mediante a proposta do Poder Judiciário e Legislativo. 
 Assim como os outros critérios, nesse também há desvantagens, se a indicação vim do 
Legislativo o candidato logo terá ligação com partido político, e quando a indicação vim do 
Judiciário o candidato terá ligação com desembargadores ou ministros. Este critério de 
nomeação pelo chefe do Executivo por proposto do Judiciário, é geralmente usado escolha dos 
membros dos Tribunais Regionais Federais, no qual é o próprio tribunal que realiza a escolha 
dos candidatos ao cargo, remetendo a lista dos candidatos ao presidente que escolhe e nomeia. 
 É importante salientar, que não temos a nomeação pelo chefe do Executivo por 
indicação do Legislativo, apenas as indicações da Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal 
de dois indivíduos para ingressar no Conselho de Justiça, conforme o art.103-B da Constituição 
Federal, no qual os nomes são passados ao Presidente para realizar a nomeação, contudo, esse 
Conselho não faz parte do elenco disposto no art. 92, pois não exerce apenas funções 
administrativas. 
8.10 NOMEAÇÃO PELO PODER EXECUTIVO, POR INDICAÇÃO DO JUDICIÁRIO, 
COM APROVAÇÃO DO LEGISLATIVO 
 Esse critério também permite que os três poderes participem da escolha do magistrado, 
necessariamente, o Judiciário faz a indicação, o Senado Federal aprova essa indicação e o 
Presidente da República faz a escolha e nomeia. Este critério é adotado na composição do STJ 
(Supremo Tribunal da Justiça), os candidatos as vagas são indicados em lita tríplice e o 
escolhido pelo presidente é remetido a aprovação do Senado Federal e só depois é nomeado. 
9. GARANTIAS DA MAGISTRATURA: INDEPENDÊNCIA POLÍTICA E JURÍDICA DOS 
JUÍZES 
 Para que a função jurisdicional do Estado possa ser cumprida concretamente, foi 
necessária a criação de um conjunto de órgãos encarregados de executá-la: o Poder Judiciário. 
Sua atividade se exterioriza muito em virtude dos juízes que são ainda, conforme aponta o Texto 
Constitucional, órgãos do Poder Judiciário. Em virtude de o exercício da função jurisdicional 
depender diretamente do trabalho dos magistrados, a Constituição estabeleceu a eles uma série 
de garantias e algumas vedações no curso de seu exercício, visando proteger a função exercida 
por eles e resguardar os direitos daqueles que pleiteiam o respeito aos seus direitos por meio do 
Poder Judiciário. As garantias de que gozam os magistrados visam garantir-lhes, em resumo, a 
independência para proferir as suas decisões, que, muitas vezes, contrariam interesses de 
grandes grupos econômicos, ou até mesmo interesses de governos. 
 As garantias apresentadas pelo Texto Constitucional possuem naturezas institucional e 
também funcional. As garantias institucionais, como o nome sugere, conferem proteção à 
Instituição, que visam assegurar a permanência da instituição, que não deve ser atingida ou 
violada, sob pena de perecimento do ente protegido. 
 Tais garantias estão especificamente afirmadas no art. 95 da Carta Magna, incisos I a III, 
se consubstanciam na vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios. Em virtude 
disso, faz-se necessário a discussão sobre cada uma dessas garantias, conforme se faz abaixo. 
a) Vitaliciedade: é adquirida pelo juiz de primeiro grau após dois anos de exercício, dependendo 
a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado e, nos 
demais casos, de sentença judicial transitada em julgado, nos termos do artigo 95, inciso I, da 
Constituição Federal. 
 No que se diz respeito a vitaliciedade, pode-se concluir que o magistrado, após o estágio 
probatório de dois anos, só perde o cargo em apenas uma hipótese: sentença judicial transitada 
em julgado, assegurada a ampla defesa e o contraditório. Importante destacar que obviamente 
o juiz pode pedir exoneração a qualquer tempo, bem como se aposentar compulsoriamente ao 
atingir a idade de 70 anos. 
b) Inamovibilidade: essa garantia significa que o juiz não pode ser removido, de comarca ou 
vara, ou promovido para o tribunal sem iniciativa sua, salvo por motivo de interesse público 
(CF, art. 95, II). Como decorrência da inamovibilidade, o juiz não poderá ser removido ou 
transferido para outro lugar sem a sua aquiescência, salvo se por interesse público pela decisão 
da maioria absoluta do Tribunal ao qual está vinculado ou do Conselho Nacional de Justiça. 
c) Irredutibilidade de subsídios - significa que o juiz não pode ter seus vencimentos reduzidos, 
sujeitando-se, contudo, ao pagamento de tributos, inclusive o imposto de renda (CF, art. 95, III). 
 Por fim, a irredutibilidade de subsídios assegura a independência econômica do juiz, 
garantindo que ele não pode ter seus vencimentos reduzidos, ressalvados os descontos relativos 
aos impostos e os de natureza previdenciária. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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Centro Gráfico, 1988. 
 
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Criminais e dá outras providencias. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília DF, 27 set 1995. 
______________. Lei n° 12.153/09 de 22 de dezembro de 2009. Dispõe sobre os Juizados Especiais da Fazenda 
Pública no âmbito dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios. Diário Oficial da República 
Federativa do Brasil, Brasília DF, 22 set 2009. 
 
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Pará, 1989. 
 
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formação, momento de atuação, validade de votação. Disponível em: <http://www.amajme-
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funciona-a-justica-militar> acesso em 26 ago. De 2021.

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