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INTRODUÇÃO Esta apostila está dividida em três módulos que visam contribuir para o entendimento das melhores práticas de gerenciamento de cronograma, custos e recursos em projeto. Os módulos estão estruturados de forma que você possa perceber a inter-relação e correlacionar a lógica entre eles. Dedicamos o primeiro módulo ao gerenciamento de recursos do projeto, contemplando a gerência de recursos do projeto, levantando questões como a montagem e o gerenciamento da equipe e o planejamento dos recursos de cada atividade. O segundo módulo, sobre o gerenciamento de cronograma, aborda a influência do escopo na identificação das atividades; as durações das atividades considerando a alocação de recursos; o método de diagrama de redes, para determinar o prazo do projeto; as técnicas de ajustes de cronogramas; e, por fim, o conceito de corrente crítica. No terceiro módulo, apresentaremos uma definição dos diferentes tipos de custos e os seus comportamentos de acordo com os direcionadores de custos. Apresentaremos, ainda, como a relação das proporções inversas pode auxiliar na identificação dos itens relevantes para auxílio nos processos de planejamento e controles dos custos. Veremos também a importância da distribuição dos custos dos projetos ao longo do seu desenvolvimento para o controle por meio da análise do valor agregado e prazo agregado. Esperamos com esta apostila revelar um pouco da nossa experiência no ensino e na arte de gerenciar cronogramas, recursos e custos em projetos. Não se trata somente de montar um cronograma, integrado com os recursos e custos, mas de como gerar valor real para o gerenciamento do projeto. Nosso desejo é que você possa fazer analogias com o seu cotidiano como gerente e aproveitar ao máximo a leitura. . SUMÁRIO MÓDULO I – GERENCIAMENTO DE RECURSOS HUMANOS DO PROJETO ........................................ 9 AMBIENTE ORGANIZACIONAL .......................................................................................................... 9 POLÍTICAS E PRÁTICAS DO RH DA ORGANIZAÇÃO ...................................................................... 10 PLANEJAMENTO E ESTIMATIVA DOS RECURSOS HUMANOS ..................................................... 10 MONTAGEM DE EQUIPES DE PROJETOS ....................................................................................... 11 CRITÉRIOS DE MONTAGEM DE EQUIPES ...................................................................................... 12 ORGANOGRAMA DO PROJETO ....................................................................................................... 14 COMPOSIÇÃO DA EQUIPE DE PROJETOS ...................................................................................... 16 MATRIZ DE RESPONSABILIDADES .................................................................................................. 16 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DA EQUIPE DE PROJETOS .......................................................... 18 SISTEMA DE PREMIAÇÃO E RECONHECIMENTO .......................................................................... 20 EFICÁCIA X DESEMPENHO ............................................................................................................... 20 ETAPAS DA FORMAÇÃO DA EQUIPE DE PROJETOS ...................................................................... 22 MÓDULO II – GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA ....................................................................... 25 ATIVIDADES E DURAÇÕES ............................................................................................................... 25 Articulação: gerência de cronograma no planejamento e controle ................................. 25 Definição das atividades ......................................................................................................... 27 Influência do escopo ............................................................................................................... 27 Modelos de EAP para definição de atividades ..................................................................... 28 Identificação das atividades ................................................................................................... 29 Atributos .................................................................................................................................... 31 Nível de detalhamento ............................................................................................................ 33 Marcos (milestones) .................................................................................................................. 34 Duração das atividades ........................................................................................................... 37 Duração, esforço e tempo decorrido .................................................................................... 38 Tipos de tarefa ......................................................................................................................... 42 Trabalho fixo ....................................................................................................................... 42 Duração fixa ........................................................................................................................ 43 Unidades de atribuição fixa .............................................................................................. 44 Prática recomendada para estimar duração das atividades ............................................. 44 Fase I – Determinar as durações das atividades sem restrições – Agendamento Automático .......................................................................................................................... 45 Fase II – Ajustar a duração da atividade com base no impacto da restrição ou outros fatores limitantes – Agendamento Manual ..................................................................... 47 Fase III – Revisar as durações iniciais das atividades para atender às exigências do projeto .................................................................................................................................. 50 Cálculos complementares: calculando durações iniciais utilizando a estimativa aprovada .................................................................................................................................................... 52 DESENVOLVIMENTO DO CRONOGRAMA ...................................................................................... 54 Métodos de diagramação ....................................................................................................... 54 O processo de sequenciamento ....................................................................................... 54 Tipos de precedência .............................................................................................................. 56 Tipos de dependência ............................................................................................................. 58 Antecipações e esperas ........................................................................................................... 58 Métodos de diagramação ....................................................................................................... 59 PDM ...................................................................................................................................... 59 Atividades-sumário .................................................................................................................. 61 Técnicas para desenvolvimento de cronogramas ............................................................... 61 Datas mais cedo e mais tarde ................................................................................................ 62 O caminho crítico .....................................................................................................................63 1º passo: calculando a duração (ida) ............................................................................... 65 2º passo: calculando as datas de término (volta) ........................................................... 67 Calculando as folgas do projeto ....................................................................................... 68 Técnicas de aceleração de cronograma ............................................................................... 69 Incorporação de análise de riscos ao cronograma ............................................................. 70 Estimativas de três pontos ................................................................................................ 73 CORRENTE CRÍTICA .......................................................................................................................... 75 Conceito de CCPM ................................................................................................................... 75 Caminho crítico de recursos (CCR) ........................................................................................ 78 Identificando a corrente ......................................................................................................... 79 Gerenciamento dos buffers .................................................................................................... 81 MÓDULO III – GERENCIAMENTO DE CUSTOS DO PROJETO ............................................................. 85 INTRODUÇÃO AO GERENCIAMENTO DE CUSTOS ....................................................................... 85 CONTABILIDADE GERENCIAL X CONTABILIDADE FINANCEIRA .................................................. 86 Plano de contas ........................................................................................................................ 87 COMPORTAMENTO DOS CUSTOS DE ACORDO COM OS DIRECIONADORES .......................... 90 Terminologia e classificação dos custos ............................................................................... 93 COMPORTAMENTO DOS CUSTOS POR UNIDADE DE ACUMULAÇÃO ....................................... 95 Considerações especiais acerca das classificações .......................................................... 102 ESTIMANDO OS CUSTOS DO PROJETO ...................................................................................... 104 ESTIMAR OS CUSTOS .................................................................................................................... 104 ESTIMATIVA ANÁLOGA ................................................................................................................. 104 ESTIMATIVA PARAMÉTRICA .......................................................................................................... 106 PRINCIPAIS MODELOS E TÉCNICAS DE ESTIMATIVAS DE CUSTOS ......................................... 110 CLASSES DAS ESTIMATIVAS .......................................................................................................... 112 GRAU DE PRECISÃO DAS ESTIMATIVAS DE CUSTOS ................................................................. 114 Passos para desenvolver uma estimativa de custo confiável......................................... 115 AGREGAÇÃO DE CUSTOS ............................................................................................................. 122 ANÁLISE DAS RESERVAS ............................................................................................................... 123 DETERMINAR OS CUSTOS DO PROJETO PARA REALIZAR A PRECIFICAÇÃO DO PRODUTO . 124 DIAGRAMA DE PARETO ................................................................................................................ 127 MEDINDO O DESEMPENHO DO PROJETO POR MEIO DOS CUSTOS ...................................... 134 ANÁLISE DE DESEMPENHO DO PROJETO .................................................................................. 135 ANÁLISE DO VALOR AGREGADO ................................................................................................. 135 APLICAÇÕES DO GERENCIAMENTO DE VALOR AGREGADO .................................................... 143 PRAZO AGREGADO ....................................................................................................................... 148 RELATÓRIOS DE DESEMPENHO .................................................................................................. 153 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................... 155 PROFESSOR-AUTOR ........................................................................................................................... 157 Trataremos do gerenciamento das pessoas que atuam nos projetos e aprenderemos como estimar essa participação e como são compostas as equipes. A estimativa e a alocação correta dos recursos humanos são um enorme desafio para o Gerenciamento de Projetos (GP), pois implica diretamente custos e prazos mais nivelados para o projeto. Ambiente organizacional No planejamento de recursos humanos, a equipe do projeto deve ter papéis e responsabilidades bem definidos, para que estimativas mais adequadas e assertivas sejam possíveis. Recomenda-se, na fase de planejamento de recursos humanos, a participação de todos os profissionais responsáveis pelas atividades, para que se obtenham informações e conhecimentos de forma a contribuir com estimativas realistas. O envolvimento desses recursos ainda pode criar mais comprometimento por parte desses profissionais e das suas equipes. Além das atividades de GP, o gestor deve estar atento à formação da sua equipe a partir de características específicas relacionadas aos seguintes aspectos: � ambiente da equipe – nas etapas de formação de uma equipe, aspectos do ambiente, no sentido de ambientação, estão diretamente relacionados a regras claras de papéis, responsabilidades e quanto cada um poderá contribuir com o outro visando ao bem global do projeto e, consequentemente, da organização. Não há mais espaço para feudos que não visam ao bem do todo; � localização geográfica dos membros da equipe – estamos vivendo em um mundo de transição dos contatos físicos para os virtuais. Cada vez mais, temos equipes em coeso home office, o que requer uma adaptação da forma de interação no trabalho de equipe; MÓDULO I – GERENCIAMENTO DE RECURSOS HUMANOS DO PROJETO Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis 10 � comunicação entre as partes interessadas – a interação daqueles que trabalharão no projeto com as partes interessadas deve ter como base a empatia, que facilitará enormemente a humanização das equipes perante todos os envolvidos; � gerenciamento de mudanças organizacionais – essas mudanças podem impactar as equipes, pois é comum que as altas administrações tragam profissionais da sua confiança para o time. A equipe do projeto, nesse contexto, deve estar atenta para rapidamente se revender, posicionando-se e gerando credibilidade nos resultados dos projetos e a confiança necessária para se manter no time; � políticas interna e externa – a formação da equipe pode passar por questões de política interna, baseadas em critérios da organização. Quanto à política externa, por exemplo, questões de restrições em editais para requisitos de formação de profissionais e disponibilidade, entre outras, influenciarão na formação das equipes de projetos e � estrutura analítica de projetos (EAP) – também será a base da escolha e da formação do time do projeto, pois é em razão das atividades do cronograma que serão inseridos recursos conforme as necessidades de cada tipo de ação. Políticas e práticas do RH da organização As políticas de Recursos Humanos (RH) trouxeram para as empresas o conceito de colocation, que significa fazer as pessoas se agrupareme dividirem o mesmo espaço físico sem as tradicionais divisórias de separação de profissionais ou grupos de profissionais. Em projetos, tal modelo tem sido aplicado, trazendo como resultado uma interação maior das equipes, melhorando assim a comunicação. Cada vez mais se usa também a famosa war room, sendo esse outro tipo de agrupamento de equipes. Esse tipo de reunião é muito usado em situações de crise nos projetos, quando decidir por um caminho ou por outro pode gerar discussões em busca da melhor solução. A seguir, trataremos da busca de recrutamentos adequados e da seleção dos recursos humanos, respeitando todas essas particularidades. Planejamento e estimativa dos recursos humanos De acordo com Barreto (2019), planejar recursos humanos no projeto passa por estimá-los para a realização do trabalho do projeto. Neste ponto surge uma subjetividade que deve ser bem trabalhada pelo gerente do projeto e pela sua equipe: como estimar esses recursos. Nas estimativas de recursos humanos, é importante saber que não existe uma ordem correta entre estimar o tempo de que os recursos humanos irão precisar para realizar a atividade e estimar o custo desses recursos nas atividades. O ideal é estimar primeiramente os recursos humanos para, então, aumentar a precisão dessa estimativa com algumas idas e vindas entre a estimativa da duração Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis 11 das atividades, dos custos das atividades e dos riscos, até calibrar a real necessidade usando ferramentas das áreas do conhecimento de Gerenciamento de Cronograma, Gerenciamento de Custos e Gerenciamento de Riscos. Essas áreas do conhecimento possuem, portanto, grande influência na estimativa de recursos humanos, pois fatores como custos de homem-hora (HH) e disponibilidade de recursos humanos vão impactar diretamente as escolhas dos membros da equipe. Também devem ser consideradas as premissas e as restrições do termo de abertura do projeto, pois, havendo, por exemplo, um teto orçamentário a ser seguido (restrição), isso afetará o dimensionamento da força de trabalho, a qual deverá ser adequada a esse requisito de limitação de custo. Nesse sentido, ao se concretizarem alguns riscos passíveis de acontecer no projeto, aumenta muito a necessidade de trabalho da equipe. Chuvas além do previsto, por exemplo, em um projeto de construção de uma rodoviária, impactarão tarefas que não poderão ser realizadas, sendo necessário alocar mais recursos (mão de obra e equipamento) visando à recuperação do período de improdutividade, resultando em custos adicionais ao projeto. O registro dos riscos pode conter informações sobre as ameaças e as oportunidades que podem afetar o planejamento de recursos humanos, ou seja, conforme o exemplo, a identificação do período de chuvas ao longo do cronograma do projeto. Montagem de equipes de projetos Com os recursos humanos já planejados e estimados de acordo com as necessidades, torna-se necessário recrutar e selecionar pessoas que se encaixem nos perfis designados para que assumam as atividades do projeto. Esse processo de recrutamento, seleção e alocação de recursos humanos não é estático, pois ocorre periodicamente ao longo do projeto conforme as necessidades deste. Os recursos humanos podem ser internos ou externos. Essa aquisição acontece de fato na execução, mas há uma equipe inicial que participa do planejamento do projeto na definição desses profissionais que trabalharão nas atividades de execução. Os recursos humanos internos são buscados com os gerentes funcionais, no caso de uma estrutura matricial; sendo uma estrutura projetizada, os recursos serão alocados normalmente pelo gerente dessa estrutura em que os recursos estão disponíveis. Para que os recursos humanos externos sejam adquiridos pelo projeto, é necessário que a equipe de gerenciamento tenha total sinergia com a área de aquisições, já que esses recursos são de terceiros. Independentemente de serem internos ou externos, alguns fatores devem ser considerados no processo de recrutamento e seleção dos recursos humanos: � disponibilidade – Possui tempo disponível? � competência – Possui competência para fazer? � conhecimento – Possui conhecimento sobre o segmento de negócio do cliente do projeto? � experiência – Já realizou atividade similar? Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis 12 � habilidades – Possui as habilidades requeridas para trabalhar no projeto? � interesse – Há real vontade de trabalhar no projeto? e � custo – Qual o valor desse HH? No momento do recrutamento/seleção de recursos humanos, alguns fatores podem causar incertezas ao projeto, pela falta de controle da equipe de gerenciamento sobre esse processo, podendo levar a não se ter exatamente os recursos requeridos. Vejamos alguns exemplos: � A empresa contratada pode subcontratar funcionários. Nesse caso, o contrato deve ser a forma de mitigar riscos da equipe de gerenciamento de projetos. Ele deve explicitar muito bem os requisitos dos recursos necessários, sendo o mais objetivo possível nessa especificação. � A área de RH da empresa pode ser centralizadora quando se fala de aquisições de pessoal próprio, dando pouca autonomia à equipe de gerenciamento do projeto no processo de escolha dos recursos humanos. � A área de aquisição possui critérios próprios na escolha de fornecedores, havendo pouca interferência da equipe de gerenciamento do projeto. � O projeto é executado numa estrutura matricial e os recursos humanos próprios serão divididos entre o projeto e suas atividades de rotina. Isso requer muitas habilidades de negociação, pois sem esses recursos o cronograma e o orçamento do projeto serão afetados. No caso de estruturas matriciais, é fundamental que a equipe de gerenciamento do projeto tenha boa influência na organização e boas habilidades de negociação perante os gerentes funcionais, outros gerentes de projeto e fornecedores em geral, sempre tendo em vista a possibilidade de recursos alternativos aos então planejados e ainda que deixe registrado o impacto no projeto pela eventual falta de recursos humanos quando forem necessários. Há casos em que os profissionais são conhecidos antes de o projeto começar. Isso se chama pré-designação. Essa situação pode ocorrer quando, por exemplo, o patrocinador do projeto designa algum profissional já no termo de abertura. Outro exemplo é quando um recurso humano na equipe terceirizada é um requisito do cliente para uma proposta comercial de um fornecedor. Os membros da equipe podem ter vários tipos de competências, que reúnem conjuntos de habilidades, assunto da próxima seção. Critérios de montagem de equipes Devemos sempre mapear o tipo de competência requerida nas atividades e não buscar pelo melhor recurso humano. Devemos focar naquele estritamente necessário para desempenhar a atividade, senão pagaremos mais caro no projeto por um recurso que está em um patamar além do necessário. Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis 13 Para isso, a equipe de gerenciamento do projeto deve conhecer muito bem os requisitos das atividades do projeto, para que as habilidades dos integrantes da equipe sejam valorizadas, pois colocar as pessoas certas nas atividades certas irá fazer uma enorme diferença no resultado. Outra questão importante é o efeito halo, que vem a ser a seleção de um profissional para um cargo degestão de um projeto somente porque ele é muito bom no campo técnico. Isso não deve ser feito, pois um bom técnico não necessariamente terá um perfil gerencial. Nesse sentido, muitas empresas hoje trabalham com o conceito de carreira em Y (figura 1), em que se busca a paridade de crescimento tanto no lado técnico quanto no lado gerencial, ou seja, na carreira em Y, o profissional tem a opção de trilhar por um caminho diferente do gerencial, usando os seus conhecimentos para progredir como especialista, não restando somente a opção de crescimento rumo a um cargo gerencial. Figura 1 – Carreira em Y É necessário, ainda, definir as relações entre as áreas da empresa envolvidas no projeto, considerando os fatores hierárquicos, os quais serão abordados na próxima seção. 14 Organograma do projeto O organograma básico de um projeto mostra as mais diversas relações hierárquicas entre os vários integrantes da equipe e/ou departamentos, conforme podemos ver na figura 2. Figura 2 – Estrutura Analítica Organizacional (EAO) do projeto Se olharmos os atuais modelos de projetos voltados para metodologias ágeis, cada vez mais temos menor viés hierárquico e maior viés colaborativo. Em se tratando de Estrutura Analítica Organizacional (EAO), o modelo a ser apresentado é o da figura anterior, com base nos departamentos que atuarão no projeto, com vinculação direta aos pacotes de trabalho da EAP. Ou seja, o pacote de trabalho terá integrantes da equipe vinculados aos departamentos citados. É importante que se tenha um documento no qual estejam registrados os acordos estabelecidos, com regras claras de responsabilidades por parte dos membros, evitando-se assim eventuais conflitos, conforme descrito na sequência. O gerente de projetos precisa entender a correlação de cada pacote de trabalho da EAP. Por exemplo, na construção de uma fábrica, o módulo A do projeto de engenharia pode ser de responsabilidade dos departamentos de Engenharia, de Elétrica e de Mecânica, conforme demonstrado a seguir. Adicionalmente, será importante identificar o tipo de insumo (material, mão de obra e equipamentos) que foi alocado na atividade, por meio da Estrutura Analítica de Custos (EAC). 15 Figura 3 – Interseção entre a EAO e a EAP Fonte: Adaptado de (KERZNER, 2003). A EAO de um projeto é definida no Plano Mestre e retrata a organização da equipe que irá implementar, em nível operacional, o projeto de acordo com a metodologia e os processos de execução definidos, atribuindo aos seus integrantes responsabilidades pela execução dos vários segmentos que compõem o projeto. A interseção entre a EAO e a EAP permite definir, para cada projeto, quem está sendo alocado onde, caracterizando assim os diferentes Centros de Custo (CC) ou, mais precisamente, Centros de Controle. O conjunto de centros de custos forma, para cada projeto, o respectivo plano de contas, em função do qual serão planejados e depois controlados os custos e os prazos de execução de cada elemento do projeto. Felipe Gorgen dos Reis 16 Composição da equipe de projetos Após a composição da equipe, é preciso defini-la formalmente. Poderemos adotar um documento que descreva as relações de responsabilidades bem como o processo para a solução de conflitos. Por exemplo, pode ser elaborado um documento chamado Termo de Nomeação da Equipe. Esse termo pode incluir alguns tópicos básicos, como: � valores da equipe – deixar claro os valores importantes para a equipe, por exemplo, a assiduidade; � diretrizes para a comunicação – como a comunicação deve tramitar no projeto entre a equipe; � critérios e processos para a tomada de decisão – qual tipo de regra será estabelecida; � processo para a solução de conflitos – diretriz para a solução de conflitos; � diretrizes para reuniões – regras de conduta em reuniões e regras para registro delas e � acordos da equipe – acordos, de forma geral, estabelecidos entre integrantes. Ao final, teremos a equipe definida, com regras claras e com critérios estabelecidos, de forma a nivelar o atendimento de todos os envolvidos no projeto. Resta ainda, definir responsabilidades especificas. A próxima seção descreve a matriz de responsabilidades. Matriz de responsabilidades A matriz de responsabilidades é feita conforme o próximo quadro e tem como objetivo mostrar quais recursos estão atuando em cada pacote de trabalho e qual é a responsabilidade de cada membro da equipe naquela entrega. Se houver interesse em maior detalhamento dessa delegação de responsabilidades, e dependendo ainda do tamanho e da complexidade do projeto, a matriz de responsabilidades pode ser feita a partir de atividades ou mesmo de um mix das duas situações, ou seja, a matriz pode ser usada em parte com pacotes de trabalho, quando não exigir tanto detalhamento; e em parte com atividades, quando for necessário um acompanhamento mais amiúde do trabalho a ser delegado. A matriz de responsabilidades tipo RACI (quadro1) é usada para que os pacotes ou as atividades tenham bem definidos quem faz o quê, ou seja, um mapa de ações com responsabilidades passadas para a equipe de forma bem objetiva. Assim, evita-se redundância de ações, disputa por fazer ou mesmo não fazer certo trabalho e conflitos de forma geral, pois a definição das responsabilidades faz todos trabalharem de forma complementar e integrada, criando uma sinergia voltada para o resultado, uma vez que todos sabem onde cada um contribui e como o trabalho de um influencia o do outro. Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis 17 Quadro 1 – Matriz de responsabilidades Organograma RACI Pessoas Atividades Ana Ben Carlos Dina Ed Criar termo de abertura A R I I I Coletar os requisitos I A R C C Enviar solicitação de mudança I A R R C Desenvolver plano de teste A C I I R R = Responsável pela execução A= responsável pela Aprovação C = aquele que é Consultado I = aquele que é Informado No quadro, podemos observar cada pessoa associada às atividades ou aos pacotes em que atuará. As letras R, A, C ou I sinalizam o papel e a responsabilidade de cada uma nesses momentos específicos. O R indica o responsável pela execução da atividade; o A, o responsável pela aprovação da atividade; o C somente sendo consultado para tirar eventuais dúvidas e dar direcionamento; e o I sendo aquele que necessita ser informado do que está acontecendo nas atividades. Nessa matriz, poderiam figurar grupos em vez de pessoas, ou mesmo um determinado papel, por exemplo, engenheiros (pool), departamentos, empresas etc. Esse preenchimento dependerá do nível de precisão que se deseja no processo de delegação. É importante ressaltar que cada linha da matriz, ou seja, em cada atividade ou pacote, só poderá haver uma pessoa responsável pela aprovação (A), evitando assim uma duplicidade que, na prática, só geraria confusão de mando frente à atribuição. No que se refere a papéis, essa definição tem a ver com a designação que a pessoa da equipe tem no projeto, como: engenheiro, projetista, analista etc. No quesito autoridade é importante definir, para o papel, qual o nível de autoridade desse integrante da equipe. Exemplo: até quanto essa pessoa pode gastar com um determinado recurso sem pedir autorização? Em que situações ela pode decidir ou mesmo aprovar, por exemplo, uma entrega? Outra questão associada à definição das responsabilidades na matriz são as competências de cada um dos integrantes da equipe, ou seja, é muito importante que, na definição de R, A, C e I, sejam levadas em consideração as habilidades e as capacidades para desempenhar aquela função. Nesse caso, recomenda-se elaborar a matriz de competência. Podemos usar a matriz com a legenda que melhor se ajuste à condução dos trabalhos no projeto. O modelo RACI é só inspirador, mas cabe a adaptação que o gerente de projeto, em função do segmento em queatua, precise fazer. O importante é o entendimento de que a atribuição de responsabilidade é Felipe Gorgen dos Reis 18 fator fundamental para o sucesso de um projeto e para a condução adequada dos trabalhos em equipe, podendo ser usada também para controle de equipes internas e externas frente a suas tarefas. Para um melhor entendimento de como a matriz de responsabilidades pode nos ajudar no dia a dia de um projeto, segue um exemplo: Você, como gerente do projeto, foi convocado para uma reunião de emergências pelo patrocinador. Este solicitou que você também convocasse para essa reunião as pessoas da equipe que estão vinculadas a uma determinada entrega. Assim, o gerente de projeto abre a matriz de responsabilidades e rapidamente as identifica bem como verifica qual é a responsabilidade de cada um. Fica claro então, que se não tivesse a matriz, seria difícil, em um primeiro momento, saber esse tipo de detalhe de atribuições de cada membro da equipe, principalmente em projetos com muitas entregas. Avaliação de desempenho da equipe de projetos Para acompanhar o desempenho da equipe de projetos, é necessário estabelecer indicadores que monitorem a performance desses profissionais e que essas sinalizações indiquem onde estão eventuais problemas no andamento do projeto. É certo que, predominantemente, os problemas em projetos possuem relação direta com a equipe. E como trabalhamos, nesse caso, com os indicadores? Eles devem ser capazes de sinalizar tendências ou desvios em relação ao planejado quando vistos de forma integrada. É importante saber que não adianta ter uma infinidade de indicadores. Devemos dispor do número suficiente que nos ajude no processo de tomada de decisão, visando a correções de rota do projeto. Para tanto é necessária uma meta vinculada a cada um dos indicadores, que podem ser referência de benchmark interno (de outra área de projetos da empresa) ou de benchmark externo (de mercado). Seguem alguns exemplos de indicadores segundo Taj et al. (2010, p. 124): � índice de absenteísmo (IAbs) – indica que a equipe está se ausentando do trabalho: IAbs = (número de afastamento no período x 100) / quantidade média de funcionários no período; � índice de treinamento (ITrein) – indica quanto está sendo investido em treinamento para a equipe: Itrein = quantidade de homens-hora trabalhando por ano / quantidade de homens-hora em treinamento no ano e � índice de turnover (ITurn) – indica a rotatividade dos profissionais da equipe: Iturn = {[(funcionários admitidos + demitidos) / 2] / média de funcionários no período} x 100. Dos indicadores apresentados, podemos exemplificar que um turnover alto pode estar indicando uma insatisfação (da equipe) que precisa ser resolvida, pois no entra e sai de profissionais no projeto há sempre um risco de perda de informações em um gap temporal até o novo recurso apresentar uma performance adequada. O índice de treinamento sinaliza quanto está sendo investido no treinamento de uma equipe em um projeto, o que pode significar, por Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis 19 exemplo, que em um próximo projeto que requeira determinada competência não se precise mais terceirizar, pois ela será primarizada. Como outro exemplo, também podemos sinalizar indicadores internos de uma organização usados em projetos de P&D (pesquisa e desenvolvimento) dentro da categoria qualificação de recursos humanos próprios e competências das entidades executoras de pesquisa. Um exemplo de indicador usado na categoria de qualificação de recursos humanos próprios, muito usado em projetos de pesquisa, é o tipo de titulação da mão de obra própria, que pode estar dividida em: � pós-doutorado; � doutorado; � pós-graduação (latu sensu); � especialização; � graduação e � técnico. Esse indicador pode sinalizar a quantidade de profissionais das equipes de projeto por tipo de titulação de forma percentual, avaliando a variação percentual dessas titulações no tempo e fazendo alguma correlação com o rendimento de projetos em um determinado período. Um exemplo de indicador usado na categoria de competência das entidades executoras de pesquisa pode estar dividido de acordo com a fase da cadeia de inovação do projeto: � pesquisa básica; � pesquisa aplicada; � desenvolvimento experimental; � projeto piloto e � produto final. Esse indicador sinaliza percentualmente a quantidade de projetos por entidade executora nas respectivas fases da cadeia de inovação. Isso propicia análises de tendência das entidades de pesquisa com maior viés para as fases finais próximas ao mercado (cabeça de série, lote pioneiro e inserção de mercado) e para aquelas que possuem maior viés acadêmico, normalmente nas fases iniciais da cadeia de inovação (pesquisa básica, pesquisa aplicada e desenvolvimento experimental), fazendo também alguma correlação com o rendimento de projetos em um determinado período (BARRETO, 2009). Um indicador mais usual seria, por exemplo, em um projeto de engenharia, o tipo de função ou cargo: � engenheiro sênior; � engenheiro máster; � engenheiro pleno; 20 � engenheiro júnior; � técnico; � analista de recursos e � auxiliar administrativo. Também esse tipo de indicador pode sinalizar a quantidade de profissionais das equipes de projeto por tipo de função ou cargo, avaliando o desempenho. Ou seja, dependendo do segmento do projeto, esse tipo de análise pode ser adaptado. No projeto, todos os participantes da execução devem possuir informações claras quanto aos sistemas de premiação e reconhecimento das equipes, o que é abordado na próxima seção. Sistema de premiação e reconhecimento Segundo Chaves (2013, p. 127), a premiação pressupõe que o “[...] líder deve reconhecer e validar os esforços e os resultados obtidos pela equipe. Mesmo os mais simples, pois as pessoas querem provas de que suas realizações são importantes”. Assim, os participantes da execução, ao possuírem informações claras quanto a premiações e reconhecimentos nos projetos e os comportamentos desejáveis e valorizados para alcançar os resultados pretendidos, devem ter formas de acompanhar como estão evoluindo os indicadores que geram recompensas ou premiações. Isso ajuda a equipe a permanecer engajada e comprometida com os resultados do projeto como um todo. A valorização pode vir por meio de alguma recompensa previamente acordada, mas deve-se ter atenção para que se atendam as expectativas do profissional, pois, quando falamos de recompensas, não necessariamente estamos falando de um lado financeiro, já que os valores das pessoas variam, e isso deve ser percebido pela gestão do projeto, ou seja, entender o perfil da equipe e os seus valores é fundamental no processo. Dinheiro, portanto, não é a única possibilidade de recompensa. Podem ser oferecidas folgas, homenagens etc. como formas de reconhecimento. Outra maneira de tratar essa questão que funciona muito bem é a premiação da equipe como um todo ao se atingir uma meta durante a execução do projeto, pois, assim, cria-se o espírito de pertencimento e foco global. Eficácia x Desempenho O estudo de Katzenbach e Smith (1994) sobre o desempenho das equipes no ambiente produtivo apresenta a relação entre a eficácia da equipe e o impacto no desempenho. O modelo proposto, como a curva de desempenho da equipe, pode ser visualizado na figura 4. Ela é apresentada, classificando os grupos de acordo com o modo de funcionamento e o grau de maturidade, facilitando a compreensão da evolução de um grupo de trabalho para uma equipe de alto desempenho. Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis 21 Figura 4 – Curva de desempenho da equipe Fonte: (KATZENBACH; SMITH, 1994, p. 85). Cada etapa de desenvolvimento possuium conceito com características específicas baseadas na forma de operar. A primeira fase é o grupo de trabalho. Há interação entre pessoas de maneira independente e autônoma, cujos membros cumprem as tarefas de forma individualizada e segmentada. O reconhecimento é individual, pois as responsabilidades e os objetivos pertencem a cada indivíduo. Nesse tipo de formação, o compartilhamento de informações é realizado de forma individualizada. A próxima fase é denominada pseudoequipe. Nela as pessoas se organizam e estabelecem o vínculo de compromisso mútuo, apresentando o conhecimento dos objetivos e das metas do grupo. No entanto, ainda não estão envolvidas na tarefa de forma coletiva, porque os interesses pessoais sobrepõem os interesses do grupo. Esse estágio é o que apresenta o nível mais baixo de desempenho da curva, pois o resultado apresentado é fruto do trabalho individual. Na terceira fase, a da equipe potencial, começa a aparecer o método e a disciplina para a realização do trabalho. Ainda não há total clareza de propósito, senso de responsabilidade coletiva, e as competências de cada integrante começam a aparecer. A quarta fase constitui a equipe real, ocorrendo um salto de melhoria de desempenho. Os integrantes encontram-se igualmente compromissados com o propósito e as metas comuns. Há demonstração de responsabilidade e cooperação mútuas. As avaliações são realizadas de forma objetiva e direta. Cada integrante coloca a sua competência a serviço da equipe. Equipes apresentam os resultados esperados e os membros começam a confiar uns nos outros. No estágio final da curva, a equipe de alto desempenho, todas as condições da equipe real são atendidas e observa-se ainda uma preocupação com o crescimento e o sucesso de todos os membros. Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis 22 A equipe apresenta o comprometimento de todos os participantes com o sucesso da organização. O nível de entendimento e a relação entre os membros são altos na busca da autossuperação. Essa formação possibilita à equipe alcançar resultados superiores. Dessa forma, observa-se que a qualidade dos esforços da equipe, o compromisso dos participantes e o senso de missão partilhado possibilitam vencer os desafios e alcançar as metas. A base dessa formação de equipe é a confiança dos membros. Etapas da formação da equipe de projetos Os projetos normalmente são de natureza temporária, com prazo determinado para a sua finalização. Portanto, a duração de um projeto é distinta das atividades funcionais, pois estas últimas possuem uma perspectiva de longa duração, basicamente acompanhando toda a história de vida da organização. Por essa característica singular, os projetos se desenrolam normalmente com várias fases de mudanças em termos da equipe de projetos, e essas fases são calcadas nas relações estabelecidas pelos seus membros em diferentes momentos. Normalmente, a relação é evolutiva, perpassando pelo estabelecimento de relações de confiança pessoal e profissional. A figura 5 apresenta simbolicamente essas diversas fases, contendo a visualização do estabelecimento dos vínculos entre os membros da equipe à medida que os projetos se desenvolvem na linha do tempo. Figura 5 – As fases de formação da equipe de projetos Fonte: Adaptada de (ZANELLI et al., 2004). A primeira fase apontada se refere aos primeiros contatos ou contratações daqueles membros que deverão participar na formação da equipe do projeto já na sua fase inicial. Muitas vezes, esses membros não se conhecem por serem procedentes de outras áreas da empresa ou provenientes de contratação externa realizada por meio da área de RH. Esse grupo é constituído por pessoas que devem participar das reuniões preliminares ao início do projeto. A segunda fase – a de formação do grupo inicial – começa já na reunião de abertura (kick off meeting) abordada anteriormente, em que são apontados os papéis, as responsabilidades, as tarefas, Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis 23 as interfaces, as normas, os processos, os procedimentos e a relevância de cada membro da equipe para o resultado coletivo. A partir dessa reunião de abertura, ou pontapé do projeto, inicia-se a terceira fase – a de conformação –, que pode se revelar extremamente delicada e suscetível a situações conflitantes entre os membros da equipe de projetos. Pelo fato de os membros da equipe, muitas vezes, não terem trabalhado em conjunto, fato esse associado às diversidades precedentes de natureza hierárquica, às diversidades de experiência profissional e por serem provenientes de áreas distintas da organização ou de outras organizações, com formação diferenciada e características de personalidade, crenças e valores individuais às vezes divergentes, é quase inimaginável a inexistência de conflitos, o desalinhamento de condutas e as dificuldades de aceitação ou de tolerância de diversidades no cotidiano do projeto. Essa fase pode requerer de quem está exercendo o gerenciamento dos recursos humanos, por um lado, muita habilidade interpessoal e empatia; e, por outro, muita firmeza e clareza em demonstrar à equipe os propósitos do projeto, o que deve ser feito, por quem, os seus papéis e as suas responsabilidades, a interdependência das tarefas e das áreas responsáveis, atuando, por exemplo, como um técnico de futebol que gerencia um conjunto de craques com os seus talentos, mas com os problemas inerentes a egos e a vaidades, que precisam ser estimulados a dar o melhor de si, individualmente e coletivamente, para se conquistar a vitória nas partidas e, consequentemente, o campeonato. Ressaltamos que, quanto mais heterogêneas as equipes, mais esses aspectos da diversidade entre os membros são salientes e, por decorrência, elas se revelam como equipes que carecerão de maior atenção, proximidade e supervisão por parte dos gestores em relação aos comportamentos individuais e interativos, visando à resolução de eventuais diferenças entre os participantes da equipe. Na quarta fase – a de normalização –, o conjunto de membros que se constitui na base dos recursos humanos do projeto já pode ser considerado uma equipe, com perspectiva de produzir um efeito sinérgico, em que o todo é maior do que a soma da participação individual dos seus componentes. Nesse momento, revelam-se, nos comportamentos e nas interações dos membros da equipe, relações de confiança, tanto de cunho pessoal quanto profissional, respeito e compreensão mais nítida das diferenças, indicando uma evolução do sentido de equipe, o que direciona a próxima etapa, em que se pode obter um alto desempenho, transformando de forma potencializada as suas ações em resultados que atendam às expectativas do projeto. 24 Esse é o momento que se configura como o ponto alto da equipe, a qual pode conquistar a quinta fase – a do desempenho. As principais características de uma equipe de alto desempenho, a ser objeto da atenção e percepção por parte da liderança do projeto, são apontadas por Finamor et al. (2015, p. 54-56), como: � crescimento contínuo – a liderança precisa estimular a melhoria de desempenho pessoal e profissional dos membros da equipe em um processo contínuo de capacitação e desenvolvimento que deverá impactar também o resultado da equipe de forma positiva e � compartilhamento de competências – há a necessidade de se estimular o compartilhamento de conhecimentos, habilidades, know how, insights entre os membros de equipe, não só para ampliar o escopo do aprendizado coletivo como para possibilitar a transferência desse aprendizado para outras aplicações, em outros projetos e outras atividades organizacionais.Veremos à frente que essa é uma das bases para se construir nas organizações um programa de gerenciamento do conhecimento. Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis ATIVIDADES E DURAÇÕES Articulação: gerência de cronograma no planejamento e controle Por meio das práticas de gerenciamento do cronograma será possível identificar as atividades requeridas para a entrega dos produtos do projeto; sequenciá-las de acordo com a lógica de desenvolvimento do produto; investigar os conhecimentos necessários à estimativa das durações, considerando a disponibilidade de recursos necessários para a realização das atividades; e, por fim, plotar o diagrama de barras ao logo do tempo. O cronograma será utilizado pelos gestores técnicos com as ferramentas adequadas para o seu acompanhamento. Ele é o documento que reflete o planejamento do projeto com relação aos prazos previstos em documentos iniciais, como o Termo de Abertura do Projeto. Ele servirá como referência para o acompanhamento do progresso físico do projeto com relação aos prazos programados. Referimo-nos ao gerenciamento do cronograma e não ao gerenciamento do tempo porque, tecnicamente, não se gerencia o tempo. Trata-se de um fato inexorável que se convencionou apresentar sob a forma de horas, dias, meses e anos da mesma forma para todos nós. O que podemos gerenciar são as ações, por meio das atividades que compõem o cronograma de nossos projetos. O gerenciamento deste guarda algumas características: � é um subprocesso da elaboração do plano de gerenciamento do projeto; � é a área mais facilmente percebida da gerência de projetos e � sofre uma relevante influência dos outros fatores do projeto. MÓDULO II – GERENCIAMENTO DO CRONOGRAMA Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis 26 Pela figura 6, podemos observar a relação do gerenciamento do cronograma com as outras áreas. Ao mesmo tempo, é difícil entender como, em muitos casos, gerentes e equipes de projeto acabam gerando cronogramas inteiros diretamente, digitando atividade por atividade na sua ferramenta predileta, sem antes ter fechado corretamente o desenho dos entregáveis do projeto. Em projetos, é fato a existência de uma data final como característica intrínseca, por isso, a necessidade de gerenciar as atividades ao longo do tempo se torna ainda mais clara. Organizar as atividades envolvidas em um projeto de maneira a encontrar a estratégia adequada à sua realização, refletir essa estratégia em um cronograma, considerando obviamente as restrições impostas a ele e criar uma forma de acompanhá-lo, leva o gerente do projeto a ter domínio sobre os seus resultados por meio de um indicador de desvio daquilo que assumiu como referência. O cronograma do projeto requer um plano detalhado com informações sobre quando e como cada produto, serviço ou resultado será entregue. Trata-se de um documento que servirá como ferramenta de comunicação e gerenciamento de expectativas dos stakeholders em acompanhar o projeto. Figura 6 – A relação do gerenciamento do cronograma com as demais disciplinas É a visão de dependência e interligação com diversas áreas de planejamento e controle que procuramos oferecer neste material. Reconhecemos que, por pressões do próprio mercado, muitas vezes essa abordagem acaba se tornando muito difícil, ainda mais na chamada era da velocidade e da mudança. O planejamento e o controle acabam cedendo ao improviso. Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis 27 Definição das atividades Verificaremos como obter, de uma forma concisa, a lista de atividades pertinentes ao projeto a ser executado. Você perceberá que, apesar de parecer um processo óbvio, a forma de obtenção das atividades pode ser feita de várias maneiras, mas sempre com base no escopo do projeto. Definir as atividades que farão parte do cronograma é o primeiro processo da gestão deste, sendo, portanto, a porta de entrada na gerência de projetos. Dessa forma, o processo de definição das atividades sofre muita influência dos processos de outras áreas envoltas em gerência de projetos, influenciando também os demais processos do planejamento do cronograma. O cronograma deve ser o reflexo de todos os elementos requeridos para a entrega dos produtos da EAP no prazo. Dessa forma, deve contemplar, por exemplo: etapas/fases, marcos, atividades, trabalho necessário, recursos e datas calendário. Um cronograma integrado (CI) deve ser baseado no método de análise de redes que contém todo o trabalho retratado em atividades logicamente vinculadas representando o plano de execução. No seu nível de resumo, o cronograma mestre fornece uma visão estratégica das atividades e das etapas necessárias ao início e à conclusão de um projeto. No nível de detalhamento, o cronograma reflete claramente a EAP a partir das atividades necessárias à produção e à entrega de cada produto. Os detalhes devem ser suficientes para que se identifique o maior caminho da rede. O CI deve refletir todos os esforços necessários à conclusão bem-sucedida do projeto, independentemente de quem o executa. A ausência dessa boa prática pode impedir, por exemplo, que os membros do projeto compreendam completamente o plano e de que forma ele está progredindo para uma conclusão de sucesso. Se as atividades estiverem faltando no cronograma, outras práticas recomendadas não serão atendidas. A menos que todas as atividades necessárias sejam contempladas, ninguém terá a certeza de que elas estarão relacionadas na sequência, se os recursos estarão alocados corretamente, se o caminho crítico será válido ou se uma análise de risco do cronograma irá abranger todos os riscos. Como o cronograma é usado para a coordenação, a ausência de elementos necessários dificultará a coordenação, aumentando a probabilidade de interrupções e atrasos. Influência do escopo Não somente o gerenciamento do cronograma, mas todas as áreas do gerenciamento de projetos têm no escopo do projeto a base para o seu planejamento. No caso específico do gerenciamento do cronograma, e principalmente no momento da definição das atividades, essa influência é determinante. Três itens derivados da gestão do escopo são fundamentais como entradas para o processo de definição das atividades: � declaração de escopo do projeto; � estrutura analítica do projeto (EAP); � dicionário da EAP. Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis 28 Ou seja, precisamos do documento do objetivo do projeto, da sua estrutura analítica (EAP) e da descrição dos itens que a compõem para determinarmos as atividades do projeto. Só com base nesses documentos podemos decompor os entregáveis em atividades. Tal decomposição é, na verdade, uma extensão da decomposição feita para a geração da EAP, só que voltada para as atividades que serão realizadas, não focando nos produtos a serem entregues. O objetivo do projeto, materializado pela declaração de escopo, contém a estratégia da organização para o projeto, uma informação crucial para o desenvolvimento da EAP, para a definição das atividades e para o restante dos processos de planejamento. A EAP, como ferramenta de detalhamento do escopo, possui as seguintes funções para o gerenciamento do cronograma: � melhorar a precisão das estimativas de tempo; � auxiliar na definição de uma linha de base para medir e controlar o desempenho; � possibilitaro acompanhamento e o controle do prazo do projeto tanto pelo todo como por entregas. Benefício – divisão dos pacotes de trabalho em atividades que fornecem uma base para estimar, programar, executar, monitorar e controlar os trabalhos do projeto. Modelos de EAP para definição de atividades Como acontece com o desenvolvimento da EAP, é factível que durante a definição das atividades tenhamos condição de padronizar certas partes do projeto, que é único, não cabendo a padronização do todo. Assim, como complemento da possibilidade de termos modelos de EAP, podemos igualmente ter modelos de EAPs com as suas respectivas atividades, que serviriam de base para o detalhamento daquela entrega. Essa padronização de atividades, apesar de limitada em relação ao todo das atividades, tem grande importância para o gerenciamento de projetos, já que, por meio dela, teríamos condição de comparar a sua utilização nas diversas entregas ou entre projetos, abrindo caminho para a criação do histórico da atividade. Com este, teríamos mais informações para diminuir a incerteza do planejamento, principalmente na estimativa de duração das atividades, além de um planejamento das diversas áreas com maior precisão. Para estruturas gerenciais, como os chamados escritórios de projetos ou Project Management Offices (PMO), essa padronização é fundamental para a alimentação dos processos de lições aprendidas e para a melhoria contínua, já que possibilitam a definição de métricas no âmbito da gerência do projeto, do programa e do portfólio. A possibilidade de padronização depende muito da natureza técnica do projeto e das áreas em que o seu produto é mais facilmente mensurável. Se a tecnologia que define a execução não muda com grande frequência, fica mais fácil a padronização e o uso de modelos. É o caso da engenharia civil, por exemplo, que, como qualquer outra área, tem projetos únicos, porém, tecnicamente semelhantes. Nesse Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis 29 caso, usam-se as chamadas composições, exemplos de modelos de EAP e de atividades, em que, para a execução de uma parede de alvenaria, obtém-se facilmente no mercado (ou nas literaturas especializadas) as atividades necessárias, índices de produtividade de recursos e até o consumo de materiais. A decomposição, pode ser descrita como “a subdivisão dos pacotes de trabalho do projeto em componentes menores e mais facilmente gerenciáveis, chamados de atividades do cronograma”. Explicando: devemos abrir os pacotes de trabalhos definidos pela EAP em atividades, definindo assim as ações necessárias para que se cumpra cada uma das entregas do projeto. Teríamos, então, uma visão gráfica da EAP até o nível de Pacote de Trabalho e, ao lado, a Lista de Atividades correspondente, como pode ser observado na figura 7. Figura 7 – Exemplo de EAP x Lista de atividades A definição das atividades, na prática, pode ser confundida com o desenvolvimento da EAP, já que o detalhamento do escopo é um processo gradativo e constante durante o planejamento. Identificação das atividades A prática recomendada para a identificação das atividades e desenvolvimento do cronograma, segundo a AACE, na sua prática n. 23R-02 – Identification of activities, em geral é envolver todos os membros-chave da equipe sob a liderança do gerente de projeto com o apoio da equipe de planejamento. Por exemplo, em um projeto de construção, os principais membros da equipe podem incluir o gerente de construção, o gerente de engenharia, o gerente de garantia de qualidade, o representante da segurança, o orçamentista, o representante dos suprimentos e, claro, o responsável pelo planejamento. Para os cronogramas dos contratados, um representante deve comparecer à reunião de planejamento quando apropriado. Da mesma forma, representantes importantes do contratante, dos principais fornecedores, devem participar de acordo com a necessidade. Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis 30 Uma reunião de equipe e/ou workshop são excelentes fóruns para a identificação de atividades para o cronograma do projeto. Antes da reunião, todos os documentos de escopo e outros documentos de apoio devem ser fornecidos aos participantes para revisão. Esses documentos e informações de suporte podem incluir: � estrutura de decomposição do trabalho (EAP); � declaração de trabalho; � requisitos funcionais; � documentação do conceito do projeto; � marcos e restrições significativas do projeto; � estimativa do projeto (incluindo cronograma mestre e esforço requerido); � informações de análise de risco, incluindo considerações regulatórias apropriadas que podem afetar o cronograma; � plano de aquisição/contratação de projetos (itens de longo prazo) e � lições aprendidas com itens similares de projetos previamente concluídos. A EAP é a representação do escopo do projeto/produto de forma hierárquica utilizada para planejamento, gestão, execução e emissão de relatórios para o projeto. Dessa forma, a EAP se caracteriza por ser uma grande fonte de referência durante o processo de planejamento, especialmente para a identificação de atividades, a partir de cada pacote de trabalho. Cada atividade deve ter apenas uma designação EAP. Para projetos de curta duração ou complexos, é uma boa prática identificar e incluir no processo de planejamento e reuniões, conforme apropriado, o membro específico da equipe de projeto que será responsável pela execução de cada pacote de trabalho ou atividade, caso de projetos de curta duração. Essa abordagem de atribuição pode ser difícil para projetos de longa duração. Portanto, também é uma prática recomendada para a definição e a documentação plena da base de atividade, para que se garanta o entendimento do escopo pelo responsável pelo seu desempenho futuro. Uma atividade é composta pelos seguintes atributos essenciais derivados da EAP e pelas fontes de suporte: � Um identificador alfanumérico único permitirá de forma simples e sistemática organizar e relacionar vários agrupamentos de atividades do cronograma. Esse atributo permitirá o agrupamento e a classificação de relatórios de forma aprimorada. � A quantidade de trabalho inicial/estimada que reflita o escopo pretendido, descrito no título da atividade ou em campo apropriado. � Uma atribuição de calendário específica para a atividade, se for o caso, para refletir a sua característica, considerando jornadas de trabalho alternativas. A necessidade de múltiplos calendários para o projeto deve ser revista, porque o uso de múltiplos calendários pode afetar o cálculo das folgas; a equipe deve estar de acordo sobre a escolha do calendário. Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis 31 � Título descritivo do escopo de trabalho pretendido. Deve ser claro e sucinto sem ser vago e/ou ambíguo e � A sequência preliminar da relação lógica deve estar vinculada a uma atividade predecessora e sucessora, de acordo com o plano de execução do projeto. É importante que a lógica inicial reflita uma sequência prudente e uma prática para o desempenho do trabalho. Começar com essa sequência inicial facilitará a determinação posterior de sequências alternativas que podem reduzir o custo e o tempo de conclusão. Atributos O atributoamplia a descrição da atividade pela identificação dos múltiplos componentes associados a cada atividade. Os componentes incluem: � o identificador (ID) da atividade; � o ID da EDP/EAP; � o nome da atividade; � as tarefas predecessoras e as sucessoras; � os tipos de relações lógicas; � as antecipações e as esperas; � os recursos e as quantidades; � as restrições; � o tipo de tarefa; � a quantidade da tarefa; � o nível de esforço (NDE-hrs); � o esforço distinto e o esforço distribuído e � o calendário da tarefa. Veja a seguir exemplos de alguns desses atributos relacionados, por meio de uma tabela do MS Project ©: Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis 32 Tabela 1 – Tabela de atributos Fonte: Microsoft Project© A descrição e a duração inicial da atividade devem expressar inequivocamente o escopo do trabalho. Isso reduz a confusão entre os stakeholders e facilita revisões lógicas, medições do progresso para controles e pagamentos, novas estimativas e outras tarefas. Incluir um produto ou quantificador na descrição, como uma dimensão, a quantidade ou uma demarcação física, é geralmente uma boa maneira de comunicar o seu escopo da atividade. A intenção de um orçamentista não é duplicar as quantidades orçadas que estão em outros lugares, em ferramentas de controle, mas tornar o escopo da atividade o mais evidente possível pela descrição. Nem todas as descrições de atividades permitem o uso de quantidades. Os seguintes pontos devem ser considerados: i. essa prática geralmente envolve um conjunto de dimensões ou de limitações diferente de quantidades físicas, como volume, área, esforço e comprimento; ii. uma ocorrência incomum é dividir um esforço contínuo em atividades separadas com base em uma parte do trabalho; iii. o caso específico de um processo contínuo que só pode ser descrito por meio de quantidades deve ser feito dessa forma e iv. quando quantidades são usadas e não correspondem à estimativa total mas a uma fração da estimativa a ser medida, a última fase/parte da atividade usando uma descrição de quantidade geralmente é: “Quantidade restante de horas do Projeto Básico de Engenharia xxx”, de forma que a quantidade estimada real nunca é incluída na descrição da atividade (ou seja, evitando assim discrepâncias que possam surgir com alterações comuns nos projetos de Engenharia). Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis 33 Nível de detalhamento Uma decisão antecipada a ser tomada pela equipe durante o processo de planejamento é determinar o nível de detalhamento e o número geral de atividades adequadas para a gestão do projeto. Projetos de curta duração e baixa complexidade geralmente não precisarão do mesmo nível de detalhamento das atividades de projetos complexos de longa duração. É recomendável que sejam mais detalhadas as entregas cuja importância seja crucial para o projeto, tanto técnica quanto gerencialmente. Logo, em um projeto cujo prazo tem importância relevante, seria de grande valia um detalhamento maior das entregas e das atividades que compõem o caminho crítico, conforme veremos adiante. Isso promove um crescimento da precisão gerencial nas partes que diretamente contribuem para o prazo do projeto. A mesma ideia se aplica para entregas de maior custo em um projeto no qual esse fator é mais relevante e para as entregas tecnicamente mais importantes quando a qualidade do produto for o destaque. Recomenda-se, para empresas de baixa maturidade em gerenciamento de projetos, que se busque o detalhamento gerencial mínimo necessário, o que se traduziria em um número reduzido de entregas e, principalmente, de atividades na definição do projeto. O Project Management Institute (PMI) publicou o Practice Standard for Work Breakdown Structures (PMI, 2001), no qual alguns aspectos e recomendações referentes ao nível de detalhamento da EAP e das atividades são tratados. Destacamos os seguintes tópicos quanto ao detalhamento das atividades: � deve ser suficiente para se fazer a estimativa de duração, trabalho e custo da atividade; � deve ser suficiente para se definir as interdependências entre as atividades; � deve ser suficiente para se fazer a alocação da atividade para um recurso; � deve fazer com que a duração das atividades não exceda o período de reporte definido no plano de comunicação e � deve fazer com que a duração das atividades esteja entre 1% e 10% da duração total do projeto. Os aspectos aqui descritos servem como recomendação, cabendo ao gerente do projeto o melhor balanceamento entre o detalhamento da EAP e o das atividades do projeto em função da precisão gerencial desejada e de acordo com a característica do projeto e do ambiente em que ele será executado. É importante lembrar que alguns modelos de EAP estão disponíveis, podendo ser utilizados para facilitar a criação de uma lista de atividades pertinentes ao projeto. Algumas considerações na determinação de níveis adequados de detalhes incluem: � Duração do projeto – um projeto de menor duração normalmente requer um menor nível de detalhamento do que um projeto mais longo. Como diretriz geral, as durações das atividades devem ter aproximadamente o mesmo período de frequência dos relatórios de status de progresso do projeto, p. ex., 30 dias). Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis 34 � Complexidade do projeto – projetos complexos podem ter durações curtas, como paralisações de manutenção medidas em horas, mas ainda podem exigir um maior nível de detalhamento na identificação das atividades. � Metodologia de execução – projetos com alto nível de subcontratação geralmente requerem menos detalhes do que projetos realizados por equipe própria. � Fase do projeto – o nível de detalhamento na identificação da atividade deve coincidir com o tipo de trabalho que está sendo realizado e as informações disponíveis para a fase correspondente. Por exemplo, durante a fase conceitual, inicialmente pode ser planejado com atividades de nível sumário do plano mestre, enquanto a engenharia de detalhamento pode ser planejada com mais detalhes. � Custo do projeto – geralmente, quanto maior o custo do projeto, maior o nível de detalhamento na identificação das atividades. � Custo e capacidade de revisar adequadamente o cronograma – o contratante de um projeto não deve exigir a apresentação de um cronograma mais detalhado e complexo do que o contratado é capaz de revisar adequadamente, ao longo da execução. Como apresentação obrigatória, o cronograma deve se tornar uma expressão formal do plano do contratado de forma que o contratante tenha uma compreensão razoável do conteúdo. � Custo de atualização do cronograma – um nível mais elevado de detalhamento na identificação das atividades normalmente resulta em aumento do custo de atualização e situação do cronograma. Essa é uma troca importante que a equipe do projeto precisa considerar no seu planejamento. � Expectativas do cliente – o cliente/contratante pode ter requisitos de cronograma específicos que podem determinar o nível de detalhe necessário na identificação das atividades. � Risco do projeto – normalmente, projetos de altorisco são planejados em detalhes para auxiliar a mitigação de riscos e � Mensurabilidade – Ao identificar atividades, a equipe deve garantir que cada atividade possa ser facilmente medida e controlada de forma única. Marcos (milestones) Marcos são eventos únicos sem duração com pontos significativos na execução do projeto. Como parte do processo de planejamento, os marcos devem ser identificados pela equipe do projeto e incluídos na lista de atividades. As atividades sumárias são um agrupamento especial de atividades que têm a duração do período de tempo entre o início da primeira atividade desse agrupamento e o término da última. Um pacote de trabalho composto por diversas atividades poderia ser uma sumária. As sumárias devem ser usadas apenas para resumir uma série de atividades vinculadas hierarquicamente. Elas são úteis para apresentar gráficos de nível mais alto e relatórios tabulares de dados discretos, como o cronograma mestre. Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis 35 Durante a identificação das atividades, é fundamental que todas as suposições de desempenho do trabalho sejam claramente documentadas. Além disso, devem ser documentadas interpretações de escopo de projetos, inclusões e exclusões e outras informações de base. Essa documentação ajudará a reduzir o risco de erro ou o erro de aplicação no desenvolvimento subsequente do cronograma. Eventualmente, essas suposições se tornarão parte do documento base de cronograma. Podem ser de vários tipos: � entrega do produto ou serviço resultante, sendo, portanto, a data final do projeto; � entrega dos pacotes de trabalho da EAP, sendo a data de término destes; � reuniões, apresentações, eventos de importância no projeto que mereçam uma representação e acompanhamento da sua data no cronograma; � eventos pontuais, cuja duração seja tão pequena que não compense uma representação temporal no cronograma, mas cujo registro pontual seja importante, tais como recebimento de relatórios e validação das entregas do projeto; � datas importantes ou restrições do projeto, como fechamento de contrato e datas preestabelecidas de paradas de manutenção; � interface com eventos externos ao projeto, como recebimentos de material, equipamentos e toda e qualquer ação que não faça parte do escopo do projeto, mas cujo resultado influencie alguma atividade deste. Fazendo uso dos milestones, podemos obter visualizações simplificadas, nas quais um cronograma de marcos representando as entregas da EAP daria uma visão temporal destes. Dessa forma, teríamos um pacote de trabalho representado por um elemento da EAP, as atividades e o marco representativo da sua entrega, conforme demonstrado na figura 8. Figura 8 – Diagrama de marcos e sumárias do projeto Fonte: Microsoft Project© Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis 36 O marco de maior importância para o gerenciamento do cronograma é a entrega final do projeto. Além de compor a EAP como um elemento de gerência do escopo, o marco tem uma função específica para o processo de sequenciamento das atividades, como veremos mais à frente, uma vez que a divisão da rede por meio do método de diagrama de precedências precisa que todas as atividades possuam uma sucessora direta. Como algumas atividades não têm uma sucessora no processo técnico, elas se ligam ao marco de final de projeto que faz da rede de precedências uma rede fechada, característica necessária para o bom sequenciamento. Para facilitar a identificação dos itens do projeto, recomendamos a descrição dos pacotes de trabalho por substantivos, já que são entregas; as atividades por verbos no presente, já que são ações; e os marcos, por verbos no passado e substantivos, conforme o exemplo a seguir: � entregável – construção; � pacote de trabalho – alvenaria; � atividade – executar alvenaria do cômodo 1; � marco – alvenaria entregue. Ao término das sessões de planejamento de cronogramas, a lista de atividades deve ser revisada para validar se todas as atividades foram contempladas. Essa revisão deve incluir: � A lista de atividades do cronograma inclui todo o escopo do projeto? � Todas as maiores aquisições e de longo tempo foram incluídas? � O nível de detalhe é adequado por fase do projeto, complexidade e risco? � Todas as atividades podem ser resumidas de acordo com o EAP? � Cada atividade tem um único indivíduo responsável pela execução e um para prestar contas? � Especialistas foram consultados para requisitos únicos? � A história do projeto passado e as lições aprendidas foram consideradas? � Cada atividade é capaz de ser medida e identificada com exclusividade? � Todos os marcos significativos do projeto foram incluídos? � Todas as premissas das atividades foram documentadas? � Foram consideradas restrições externas e outros fatores? Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis Felipe Gorgen dos Reis 37 Lista de verificação de melhores práticas: identificar todas as atividades Os aspectos aqui descritos servem como recomendação, cabendo ao gerente do projeto o melhor balanceamento entre o detalhamento da EAP e o das atividades do projeto em função da precisão gerencial desejada e de acordo com a característica do projeto e do ambiente em que este será executado. É importante lembrar que alguns modelos de EAP estão disponíveis, podendo ser utilizados para facilitar a criação de uma lista de atividades pertinentes ao projeto, conforme descrito a seguir. Duração das atividades Vimos até agora como se definem as atividades do projeto e como se prepara um diagrama de rede com base na sequência lógica entre atividades. Este capítulo visa à definição de quantos períodos serão necessários para a execução de uma determinada atividade. Felipe Gorgen dos Reis 38 Estimar a duração é um dos aspectos mais difíceis e complexos do planejamento de um projeto. Assim, procuramos explorar as etapas necessárias para que uma adequada estimativa de duração de atividades possa ser realizada. É importante lembrar, porém, que se trata de uma estimativa e nunca de uma certeza. Diversos fatores devem ser considerados para a elaboração adequada de uma estimativa: ameaças e oportunidades que podem surgir ao longo do projeto, em se tratando de análise de riscos; competência e produtividade dos recursos envolvidos e a sua curva de aprendizagem. A tentativa é a de responder à clássica pergunta “Quanto tempo levará?” com o maior nível de precisão possível, pois a certeza não existe. Esse processo consiste em estimar o intervalo de tempo necessário à execução das atividades com os recursos estimados. Vários fatores influenciam essa estimativa: � recursos; � escopo; � quantitativo físico do esforço da tarefa; � natureza da tarefa; � restrições; � grau de risco e � histórico de projetos anteriores. Determinar durações realistas para as atividades é essencial para o desenvolvimento do cronograma. Há sempre uma chance de que as datas-marco do projeto não sejam alcançadas, dada a amplitude do trabalho a ser realizado, considerando a disponibilidade dos recursos e um conjunto de fatores que veremos adiante. Devemos utilizar durações realistas mesmo que as datas derivadas das estimativas de tempo não cumpram as exigências das metas de prazo. Se estas não estão em linha com os requisitos do
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