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Resenha - Gerenciamento de Resíduos Sólidos

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GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS 
 
A maioria dos dois municípios brasileiros dispõe de seus resíduos sólidos urbanos 
de forma descontrolada, prática com graves consequências: contaminação de ar, 
fazer sozinho, águas superficiais e subterrâneas, procriação de focos de organismos 
patogênicos, transmissão de vetores de doenças, com graves repercussões na 
Saúde população. A situação tem sido agravada pela presença de resíduos 
industriais e sanitários em muitos aterros domésticos e, não raramente, em aterros 
clandestinos. 
Observa-se que, na maioria dos municípios, o circuito de resíduos sólidos apresenta 
características muito semelhantes, desde a geração até a disposição final, 
proporcionando apenas atividades regulares de coleta, transporte e descarga final, 
em locais quase sempre selecionados por disponibilidade de áreas e distância em 
relação. Para a área urbana e vias de acesso, que ocorrem ao ar livre, em valas, etc. 
Em raras ocasiões, este circuito inclui vários procedimentos: coleta seletiva, 
processos de compostagem, tratamento térmico, etc., e mesmo assim, esses 
processos são muitas vezes mal planejados, o que torna a operação difícil e 
impossível em curtíssimo prazo. 
A gestão inadequada de resíduos sólidos de qualquer origem e resíduos tem 
contribuído significativamente para a manutenção das desigualdades sociais, tem 
constituído uma ameaça constante para a saúde pública e agravada a degradação 
ambiental, comprometendo a qualidade de vida das pessoas, principalmente nos 
centros urbanos do meio ambiente. 
No Brasil, a ausência de definições e diretrizes de política para a área de resíduos 
nos três níveis de governo (federal, estadual e municipal) está associada à escassez 
de recursos técnicos e financeiros para a solução do problema. Em relação aos 
aspectos legais, a legislação brasileira ainda é bastante limitada e genérica, às 
vezes inviável pela falta de ferramentas ou recursos adequados para viabilizar sua 
implementação. 
Observando o Estado de São Paulo, pode-se observar que inúmeras intervenções 
pontuais foram realizadas, e não raros desequilíbrios. Os exemplos mais frequentes 
destinam-se ao domínio dos modelos tecnológico-operacionais alternativos, para 
sistemas integrados ou não integrados de gestão de resíduos sólidos, recolha 
regular e seletiva, reciclagem, unidades de recolha seletiva, compostagem manual 
ou mecanizada, etc. Nestes casos, a ruptura institucional quase sempre se 
manifesta na coexistência de diversos agentes que atuam de forma descoordenada 
no setor, com sobreposição de poderes, pouca eficiência decisória e evidente 
dispersão na aplicação dos recursos públicos. 
A situação evidencia a urgência de se adotar um sistema adequado de gestão de 
resíduos, definindo uma política de gestão e gestão que garanta a melhoria contínua 
da qualidade de vida, promova práticas recomendadas para a saúde pública e 
proteja o meio ambiente de fontes poluentes. 
É consenso entre os especialistas em resíduos sólidos a necessidade urgente de 
solucionar o problema do tratamento e destinação dos resíduos. Na verdade, em 
raras ocasiões, os resíduos sólidos são tratados, que geralmente são depositados 
em "aterros sanitários". 
Uma análise criteriosa da questão dos resíduos sólidos no Brasil mostra que uma 
das principais estagnações é no campo da gestão e gestão de resíduos. 
Somente com a criação de uma política em que as diretrizes, os arranjos 
institucionais e os recursos a serem aplicados sejam claramente definidos, 
explicitando e sistematizando a articulação entre os instrumentos jurídicos e 
financeiros, poderá ser efetivamente garantida a consistência e a eficácia neste 
campo. 
No plano da ação governamental, são necessárias mudanças importantes: é preciso 
promover um planejamento integral, que inclua as relações entre os aspectos 
ambientais, urbanos, tecnológicos, políticos, sociais e econômicos. 
A garantia da promoção contínua no setor de resíduos sólidos só se concretizará 
com a existência de uma política de gestão e com o compromisso de sólidas 
instituições sociais para a sua manutenção. A participação da sociedade civil é um 
componente indispensável para isso. 
Os resíduos sólidos são geralmente classificados de acordo com sua origem, tais 
como: 
Urbanos: incluem resíduos domésticos gerados em residências, resíduos comerciais 
gerados em escritórios, lojas, hotéis, supermercados, restaurantes e similares, 
resíduos de serviços, resíduos de limpeza pública urbana, além de aos resíduos de 
varrer vias públicas, limpar galerias, terrenos, riachos, praias, feiras, podas, capinas; 
Indústria: corresponde aos resíduos gerados nos diferentes tipos de indústria 
transformadora. Devido aos perigos apresentados por alguns desses resíduos, a 
ABNTNBR 10 sugere o seguinte agrupamento: 
Resíduos Classe I (perigosos): Devido à sua inflamabilidade, corrosividade, 
reatividade, toxicidade e patogenicidade, podem apresentar riscos à saúde pública, 
que, se manuseado ou descartado incorretamente, causa ou contribui para o 
aumento da mortalidade ou tem efeitos negativos sobre o meio ambiente; 
Resíduos de Classe II (não inertes): Esta classe inclui resíduos potencialmente 
biodegradáveis ou combustíveis; 
Resíduos da Classe III (inertes): Esta classe inclui os resíduos considerados inertes 
e incombustíveis. 
Resíduos de serviços de saúde: Resíduos gerados em hospitais, clínicas médicas e 
veterinárias, laboratórios de análises clínicas, farmácias, centros de saúde, 
consultórios odontológicos e semelhantes. Esses resíduos podem ser divididos em 
dois níveis distintos: 
Resíduos comuns: compreendem alimentos, papel, resíduos de embalagens, etc .; 
Resíduos sépticos: constituídos por restos de salas cirúrgicas, áreas de isolamento, 
centros de hemodiálise, etc. Seu manuseio (embalagem, coleta, transporte, 
tratamento e destinação final) requer cuidados especiais, pois podem representar 
um perigo potencial para a saúde pública. 
Resíduos de portos, aeroportos, rodovias e terminais ferroviários: representam 
resíduos sépticos que podem conter organismos patogênicos, tais como: materiais 
de higiene e cuidados pessoais, resíduos de alimentos, etc. e podem transmitir 
doenças de outras cidades, estados e países. 
Resíduos agrícolas: corresponde aos resíduos das atividades agropecuárias, tais 
como vasilhames de fertilizantes, defensivos agrícolas, rações, restos de colheitas, 
esterco animal. A principal preocupação no momento é a embalagem de 
agroquímicos, que é objeto de legislação específica devido à sua alta toxidade. 
Destroços - Consiste em entulhos de construção - demolição, entulhos de 
construção, terra escavada, etc. 
Resíduos radioativos (resíduos nucleares): Resíduos de combustível nuclear. A sua 
gestão é da responsabilidade exclusiva da Comissão Nacional de Energia Nuclear 
da CNEN. 
Os conflitos decorrentes da gestão e gestão inadequadas dos resíduos sólidos 
urbanos estão aumentando em relação direta à conscientização da sociedade sobre 
os problemas ambientais. O aparecimento de soluções inovadoras, “adequadas a 
qualquer situação”, segundo os seus defensores, tem criado situações de confusão 
com as administrações municipais, aliadas à rotação periódica das equipas de 
gestão municipal. O mesmo processo que melhora politicamente a democracia, por 
outro lado, promovem descontinuidades e reestudos que muitas vezes vão além do 
período fértil das conquistas das administrações, atrasando perigosamente soluções 
lentas e complexas, como as relativas a problemas relacionados ao cuidado final e 
destinação de resíduos. 
O problema do volume de resíduos sólidos no Brasil pode ser percebido quando 
vemos que, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) (1992), o 
país produzia cerca de 250.000 toneladas de resíduos por dia em 1991. Desse total, 
76% foram descartados a céu aberto (aterrosanitário), 13% encerrados em aterros 
sanitários que recebem algum tipo de controle (cobertura periódica), 10% dispostos 
em aterros sanitários, 0,9% tratados em usinas de compostagem e 0,1% 
incinerados. 
Refira-se que cerca de 90 mil toneladas deste total consistiam em resíduos 
domésticos, dos quais cerca de 21% nem sequer foram recolhidos, visto terem sido 
ilegalmente destinados a terrenos baldios, riachos, encostas, etc. (IBGE, 1992). 
Provavelmente, desde a data do censo citado, essa quantidade de resíduos tenha 
aumentado, porém, a implantação de um conjunto de ações organizadas nos três 
níveis de governo (federal, estadual e municipal), capazes de começar a derrubar o 
"lixo numerologia”. 
Essa enorme quantidade de resíduos não é apenas um problema estético, mas 
também representa uma grave ameaça ao homem e ao meio ambiente, reduzindo 
consideravelmente os espaços úteis disponíveis. 
No Brasil, os inúmeros episódios críticos de poluição, ligados à falta de tratamento e 
má disposição de resíduos, principalmente registrar a contaminação do solo e 
recursos hídricos por metais pesados, solventes orgânicos halogenados e resíduos 
de pesticidas agrícolas. A ausência de definições e diretrizes nos três níveis de 
governo está associada à escassez de recursos técnicos e financeiros para a 
solução do problema, bem como às dificuldades de aplicação das determinações 
legais. 
É consenso entre os especialistas a necessidade urgente de o Estado adotar um 
sistema adequado de gestão de resíduos, definindo uma política de gestão que 
garanta a melhoria da qualidade de vida, promova práticas recomendadas para a 
saúde pública e o saneamento ambiental. 
A gestão dos resíduos sólidos depende de vários fatores, entre os quais se 
destacam a forma de geração, o acondicionamento na fonte de geração, a coleta, o 
transporte, o tratamento, a recuperação e a disposição final. Por isso, deve ser 
criado um sistema pautado nos princípios da engenharia e nas técnicas de projeto, 
que permita a construção de dispositivos capazes de proporcionar segurança à 
saúde das comunidades, frente aos efeitos negativos dos resíduos. 
Destaca-se a importância desse sistema na análise da gestão de resíduos, 
considerando os impactos ecológicos, a correlação com a defesa da saúde pública, 
os métodos de geração na sociedade tecnológica e sua magnitude em termos 
qualitativos e quantitativos. A concepção de um sistema desta natureza requer uma 
atividade multidisciplinar que, para além dos preceitos da boa engenharia, envolve 
também: economia, urbanismo, aspectos sociais, para além da participação efetiva 
dos diversos sectores organizados da sociedade. 
Na maioria dos municípios brasileiros, a ausência de modelos de gestão e práticas 
adequadas de gestão de resíduos sólidos gera uma variedade de “soluções” que, 
hoje, parecem ser o maior complicador no processo de tomada de decisão. O aterro 
sanitário é a solução mais barata para as condições brasileiras, mas tem sido 
contestado pelos transtornos que causa na vizinhança e é aplicado com maior 
dificuldade nas grandes cidades. 
As usinas de classificação e compostagem têm ampliado sua participação no 
mercado, graças a fontes de financiamento em bancos de desenvolvimento e 
desenvolvimento tecnológico, apesar da qualidade do composto orgânico e do preço 
pago pelos produtos reciclados nessas usinas; A incineração, embora reduza 
significativamente o volume de resíduos, transformando a fração orgânica em cinzas 
inertes, apresenta elevados custos operacionais e de investimento, tanto nas 
próprias incineradoras como nas demais unidades de proteção ambiental, hoje 
indispensáveis. 
A verdade é que a presença significativa de matéria orgânica em decomposição 
encontrada no lixo doméstico determina a necessidade de transporte ágil e 
destinação imediata. A limpeza pública é um serviço caro, onde se consome entre 
10 e 15 do total do orçamento municipal. 
Há ainda outras questões a serem consideradas: os serviços de limpeza pública, por 
tratarem um produto muito saboroso, o lixo, têm sua imagem atrelada ao produto 
(lixo) e não ao objetivo (limpeza). O vínculo com um conceito nobre se perde em 
troca do resto, fedorento, descartável e objeto, o que acaba prejudicando o setor por 
falta de "charme", que tão bem caracteriza as administrações de parques e jardins, 
calçadas, avenidas, asfaltos e obras públicas em geral. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ARIMA, Y. Considerações básicas para encapsulamento de lodos perigosos. 
Revista PPM, Japão (40) - 1977. 
 
BERNARDES JR.; et alii. Classificação de Resíduos Sólidos Industriais. São 
Paulo, CETESB, 1983. 23p. (Trab. Apres.cong. Bras. Eng. sanit. E amb., 12. 
(Camburiú, 1973). 
 
BERNARDES JR.; C alii. Incineração de Resíduos Perigosos, Rio de Janeiro - 
Dez 1988. 
 
CETESB, São Paulo. Resíduos contendo cianeto. São Paulo, 1978. 109p. 
 
LEPSCH, I. F. Solos, formação e conservação. São Paulo. Melhoramentos,1976. 
(Série Prima -nº31).

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