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Estudo Dirigido – Gestão dos Resíduos Sólidos Os resíduos sólidos são todos os restos sólidos ou semi-sólidos das atividades humanas que, embora, possam não apresentar utilidade para a atividade fim de onde foram gerados, podem virar insumos para outras atividades. Desde que o homem deixou de ser nômade e passou a viver como um ser gregário (aproximadamente 4.000 anos a.C.), ou seja, habitando permanentemente uma mesma localidade a partir do domínio do fogo e da agricultura, a geração dos resíduos passou a ser uma questão a ser levada em consideração para o alcance de uma sociedade organizada e civilizada. A geração de algum resíduo sólido que não fossem excretas corporais e restos de alimentos foi uma novidade que surgiu na nossa espécie com a sua sedentarização, que começou a praticar a agricultura e elaborar o seu sistema de comunicação simbólica sob a forma de linguagem, ao mesmo tempo em que criava ferramentas para ajudar o poder e espectro de força de seu corpo, algo que nunca existiu antes na vida do planeta nesse grau de complexidade. Desde milênios, os antigos povos que habitavam o planeta terra, desenvolveram “tecnologias” capazes de evitar o contato direto de dejetos e resíduos com o homem e este processo evoluiu com o passar do tempo. Os romanos (século I a.C.) foram célebres construtores no que diz respeito a grandes dimensões, tanto para captação e distribuição de água quanto para a coleta de águas servidas. Um dos canais mais famosos (e ainda intacto) construído pelos romanos é a cloaca máxima, cuja limpeza era feita por prisioneiros de guerra e outros membros marginalizados da sociedade romana. A partir da Era Moderna é que se disseminaram as leis relacionadas à limpeza urbana. Vale destacar que, desde a época antiga, os principais responsáveis pela limpeza das cidades eram os marginalizados: prisioneiros, mendigos, escravos, prostitutas, originando um processo de construção desqualificada de quem trabalha com esse material. A Revolução Industrial (ocorrida na segunda metade do século XIX) proporcionou uma substancial mudança nos padrões de limpeza pública da época, já que, com o acelerado crescimento, problemas relacionados ao saneamento básico surgiram em maiores proporções. Um fator decisivo para a mudança de paradigmas relacionados aos resíduos foi a proposição da Teoria Microbiana da Doenças (Louis Pasteur, Joseph Lister, Robert Koch e Alexander Fleming) – postulada na segunda metade do século XIX e contrapondo a concepção dos miasmas. Nesta teoria, se estabelecia uma relação direta entre microrganismos e as doenças, fazendo uma reviravolta nos conceitos de saúde e higiene públicas. Historicamente, o desenvolvimento desigual que aconteceu no Brasil promoveu, também, uma diferença de culturas e políticas em nosso território, o que influenciou severamente na gestão dos resíduos em nosso país. Na cidade do Rio de Janeiro, localidade bastante representativa da História do Brasil, desde o século XVI até o século XIX, os padrões de higiene eram bastante precários conforme descreve o Inglês John Luccock: “Se dos dormitórios continuarmos para a cozinha, outras inconveniências não se farão esperar. Entre as piores, acha-se uma tina destinada a receber todas as imundícies e refugos da casa; que, nalguns casos, é levada e esvaziada diariamente, noutros somente uma vez por semana” (citado por Eigenheer, 2009, p. 94-95). O século XX foi caracterizado pela introdução de algumas tecnologias, como a incineração, triagem e compostagem, e a coleta seletiva (1985 – na cidade Universitária – Universidade Federal Fluminense - Niterói/RJ). Entretanto, a coleta seletiva em uma cidade somente aconteceu em 1988, em Curitiba/PR. De acordo com os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a população brasileira atual está em torno de 210 milhões de habitantes e, segundo o Relatório ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) sobre o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, no ano de 2015, foram produzidas cerca de 80 milhões de toneladas de resíduos sólidos no país e, deste montante, cerca de 7 milhões de toneladas tiveram destino impróprio. A produção per capta de resíduos no país equivale a 1, 07 kg/habitante/dia. O aumento do consumo de bens e serviços levou, como consequência, ao aumento da geração de resíduos sólidos no Brasil. Assim, as políticas públicas de gerenciamento, gestão e sensibilização da população para a redução do consumo, segregação correta dos resíduos e seu correto descarte devem ser incentivadas e colocadas em práticas cotidianamente. Por esse fato, é muito importante conhecer e aprender a classificar os resíduos de acordo com as seguintes características que visam o seu correto gerenciamento e destinação final: - Características químicas. - Características físicas. - Características biológicas. Os resíduos sólidos são caracterizados por resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. Os resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços são gerados nessas atividades, excetuados os Resíduos de limpeza urbana, Resíduos dos serviços públicos de saneamento básico, Resíduos de serviços de saúde, Resíduos da construção civil e Resíduos de serviços de transportes. A preocupação com os resíduos vem sendo discutida há algumas décadas nas esferas nacional e internacional, devido à expansão da consciência coletiva com relação ao meio ambiente. Os resíduos da construção civil são gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis. Para a ABNT NBR 10.004:2004, os resíduos sólidos podem ser classificados segundo sua potencialidade de afetar o meio ambiente e a saúde pública (ABNT, 2004). Os resíduos de classe I (perigosos) oferecem risco ao meio ambiente ou à saúde pública, ou, ainda, apresentam características como: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. Essa classificação deve ser feita por um profissional capacitado, o qual deve seguir as orientações de análise emitidas na normativa para a avaliação de cada uma das propriedades citadas. Essa identificação é necessária para que sejam estabelecidos os procedimentos de acondicionamento, transporte e destinação final adequados. Os resíduos não perigosos são classificados em não inertes (classe II A) e inertes (classe II B). Os resíduos não inertes apresentam características como biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. Já os resíduos inertes são aqueles que não se solubilizam em água destilada ou deionizada após contato com a temperatura ambiente. A preocupação com os resíduos vem sendo discutida há algumas décadas nas esferas nacional e internacional, devido à expansão da consciência coletiva com relação ao meio ambiente. Para a caracterização e classificação de um resíduo, devem ser identificadas, primeiramente, a sua fonte geradora (origem) e as seguintes características: - Características físicas: geração de resíduos per capta (por habitante) – há diferentes metodologias para inferir essa quantidade; teor de umidade (percentual de água em uma amostra de resíduo); composição gravimétrica (valores percentuais – em peso – dos diferentes componentes presentes naquelaamostragem); peso específico aparente (relação entre peso/volume); compressividade (potencial de redução em função de uma pressão exercida no material). - Características químicas: proporção carbono/nitrogênio (demonstra o grau de composição do resíduo); poder calorífico inferior (quanto de energia será liberada durante a queima do resíduo); pH (potencial ácido, básico ou alcalino do resíduo); composição química (verificação da presença de macro e micronutrientes – diretamente relacionado ao processo de degradação). - Características biológicas: verificação da presença de microrganismos no resíduo (fungos, bactérias, vírus, protozoários). A primeira normativa relacionada aos resíduos sólidos no Brasil é a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS - Lei n. 12.305/2010) que, em seu artigo 3º, define resíduos sólidos como: [...] material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. (Brasil, 2010). A Agência Norte Americana de Proteção Ambiental (EPA) define resíduos sólidos como qualquer material proveniente de estação de tratamento de água (inclusive lodo) ou de estação de controle de qualidade do ar, material descartado de operações industriais, comerciais, mineração, agrícolas, ou, ainda, proveniente de atividades da comunidade em geral. Os chamados Resíduos Sólidos Urbanos (RSUs, de acordo com a norma NBR.10.004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT), vulgarmente denominados como lixo urbano, são resultantes da atividade doméstica e comercial dos centros urbanos. A composição varia de população para população, dependendo da situação socioeconômica e das condições e hábitos de vida de cada um. Atualmente, entre as questões ambientais de maior relevância, está a correta gestão dos resíduos sólidos. Portanto, quando o tema resíduos sólidos é abordado, é preciso compreender também as normas e as legislações relacionadas a este tipo de material. A compreensão das legislações pertinentes ao tema auxiliará no processo de gerenciamento e destinação final adequados, promovendo o bem-estar humano e ambiental. O manejo ambientalmente saudável dos resíduos sólidos urbanos deve ir além do simples depósito ou aproveitamento por métodos seguros dos resíduos gerados e buscar resolver a causa fundamental do problema, procurando mudar os padrões não sustentáveis de produção e consumo. Isso implica na utilização do conceito de manejo integrado do ciclo vital, o qual apresenta oportunidade única de conciliar o desenvolvimento com a proteção do meio ambiente. O gerenciamento de resíduos sólidos constitui um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados, a adequada coleta, armazenamento, tratamento, transporte e destino final adequado, visando a preservação da saúde pública e a qualidade do meio ambiente. A Lei n. 12.305, de 02 de agosto de 2010, que estabelece a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) é, sem dúvida, um marco histórico no gerenciamento dos resíduos no Brasil. É importante destacar que somente no ano de 2010 obtivemos uma legislação relativa aos resíduos no país, mas não foi fácil. O projeto de lei que estabelecia a PNRS tramitou por quase 20 anos em nosso Congresso Nacional até ser promulgado. Além de trazer inúmeras definições sobre diferentes aspectos relacionados aos resíduos – definições sobre rejeito, disposição final, geradores de resíduos, ciclo de vida, entre outras –, a grande vantagem da PNRS é que ela reúne as normas gerais nacionais sobre os resíduos sólidos. Antes, essas informações estavam em diversos documentos separados (portarias, decretos, resoluções etc.). Os seguintes princípios estão dispostos na Política Nacional de Resíduos Sólidos: - Princípio do poluidor-pagador. - Princípio do protetor-recebedor. Além dos princípios do Direito ambiental, o segundo objetivo presente em seu artigo sétimo estabelece a “não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos”; nesta ordem de prioridades. A Lei n. 9.605/1998, mais conhecida como a Lei de Crimes Ambientais, dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Em seu artigo 54, a Lei considera como crime ambiental, passível de pena de reclusão de um a cinco anos, o “lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos”. No caso do funcionário público que “conceder licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Público”, este está passível de detenção, de um a três anos, e multa, de acordo com a Lei. Resíduos sólidos constituem aquilo que genericamente se chama lixo: materiais sólidos considerados sem utilidade, supérfluos ou perigosos, gerados pela atividade humana, e que devem ser descartados ou eliminados. O gerenciamento de resíduos sólidos é o conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente “a gestão integrada dos resíduos sólidos inclui todas as ações voltadas à busca de soluções para os resíduos sólidos, incluindo os planos nacional, estaduais, microrregionais, intermunicipais, municipais e os de gerenciamento”. A gestão dos resíduos sólidos é uma das funções do Saneamento Básico. A definição de Gestão Integrada (GI) engloba os seguintes aspectos: - Aspectos políticos – que poderiam evitar qualquer tipo de conflito de interesses neste sentido e aspectos econômicos – relacionados à viabilidade econômica dos projetos. - Aspectos ambientais – na medida em que tem por objetivo a minimização do impacto ambiental e na saúde humana causados, direta ou indiretamente, pelos resíduos e aspectos culturais – que envolvem as questões relacionadas à mudança de hábitos e costumes de consumo, separação correta dos resíduos domiciliares, reuso de materiais. - Aspectos sociais – principalmente aqueles relacionados aos catadores de materiais recicláveis. Para que a Gestão Integrada seja bem-sucedida em seus objetivos é necessário que haja uma mútua cooperação entre os diferentes atores da sociedade; primeiro, segundo e terceiro setores, que engloba a sociedade civil, de governo e de empresariado. Assim, com base nesta perspectiva, as seguintes definições estão atreladas à Gestão Integrada: - Logística reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada; (Brasil, 2010). - Responsabilidade Compartilhada pelo ciclo de vida do produto: conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviçospúblicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei; (Brasil, 2010). - Controle Social: conjunto de mecanismos e procedimentos que garantam à sociedade informações e participação nos processos de formulação, implementação e avaliação das políticas públicas relacionadas aos resíduos sólidos. (Brasil, 2010). Existem alguns conteúdos mínimos que devem estar contemplados no Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PGIRS) para municípios com mais de 20 mil habitantes. Eles estão explicitados no artigo 19º da PNRS. Caso o município tenha menos de 20 mil habitantes, ele pode elaborar um PGIRS simplificado. Os seguintes itens devem constar no plano simplificado: - Diagnóstico dos resíduos produzidos e locais para destinação final. - Logística reversa e soluções compartilhadas ou consorciadas. - Programas de educação ambiental, programas e ações voltadas à participação de cooperativas e associações de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda. A PNRS estabelece que o gerenciamento de resíduos envolve ações sistemáticas em todas as etapas relativas a estes materiais, desde sua geração até sua destinação final, observadas as prioridades (nesta ordem) de “não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. A cada ano no Brasil gera-se, aproximadamente, 78,3 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, dos quais quase 10% não tiveram seu destino final adequado. Isso demostra que, passados alguns anos da implementação da PNRS, muitos aspectos ainda precisam ser melhorados, sobretudo no que diz respeito à reciclagem e à logística reversa. O correto gerenciamento dos resíduos pode auxiliar consideravelmente a preservação da saúde humana e ambiental. Para além das vantagens socioambientais, podemos citar as vantagens econômicas das empresas e dos municípios que fazem este trabalho corretamente, uma vez que se promove oportunidade de economia de matéria-prima e sua comercialização (reciclagem), reuso dos materiais em outra fase do ciclo de vida do produto, identificação das deficiências e redução do desperdício, contribuindo significativamente para uma imagem ambientalmente correta (ecofriendly) da empresa ou do município que adota essa prática. O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) é um documento técnico que identifica a tipologia e a quantidade de geração de cada tipo de resíduo, sendo um documento legal que norteia as práticas relacionadas ao correto manejo, passando pelas seguintes etapas: - Geração e armazenamento dos resíduos. - Transporte dos resíduos. - Destino final dos resíduos. O manejo inadequado dos resíduos causa um grande impacto ao meio ambiente. Assim, é de importância jurídico-legal que os estabelecimentos, para os quais a elaboração do PGRS se faz obrigatória, façam seus planos da forma mais adequada possível, evitando danos ambientais desnecessário. Para isso, o art. 21 da Lei n. 12.3015/2010 estabelece os conteúdos mínimos para a elaboração do plano, seguindo o fluxo: 1. segregação na fonte; 2. coleta; 3. armazenamento; 4. transporte; e 5. destinação final, observando os seguintes aspectos prioritários: - Não geração e redução. - Reutilização. - Tratamento e destinação final adequados. O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) é um documento técnico que identifica a tipologia e a quantidade de geração de cada tipo de resíduos e indica as formas ambientalmente corretas para o manejo, nas etapas de geração, acondicionamento, transporte, transbordo, tratamento, reciclagem, destinação e disposição final. As principais etapas do PGRS são: - Descrição do empreendimento ou atividade – algumas informações sobre o local em que será implementado o PGRS, além de informações sobre o responsável pelo plano. - Diagnóstico dos resíduos – caracterização dos resíduos gerados no local: identificação, classificação, volume, origem e passivos ambientais associados, de acordo com a NBR 10.004 (ABNT, 2004). - Etapa de gerenciamento. De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal nº 12.305/2010), a elaboração e a execução do PGRS são obrigatórias aos geradores de resíduos sólidos, responsáveis pelo adequado gerenciamento de seus resíduos. A etapa de gerenciamento da PGRS inclui as seguintes ações: - Segregação e coleta. - Armazenagem e transporte. - Destinação final. A destinação final incorreta dos resíduos sólidos é caracterizada como um crime ambiental, enquadrado na Lei n. 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais), levando a multas e pena de reclusão de 3 anos. A destinação final dos resíduos inclui os seguintes fatores: - Reutilização e reciclagem. - Compostagem. - Recuperação e o aproveitamento energético. O art. 54 da PNRS, na época de sua publicação, estabeleceu o fim dos lixões de todos os municípios brasileiros até dia 02 de agosto de 2014. Por meio da alegação de que as prefeituras não possuíam dinheiro nem pessoal qualificado para levar a cabo esse ordenamento, por meio de um projeto de lei houve prorrogação desse prazo até o ano de 2021. Os seguintes locais podem ser destinados os resíduos sólidos no Brasil: - Aterro sanitário. - Aterro controlado. - Lixão a céu aberto. Um lixão à céu aberto é o local em que o resíduo coletado é lançado (ilegalmente, de acordo com a legislação brasileira) diretamente no solo sem nenhum tipo de tratamento, critério técnico ou cuidado e, portanto, polui drasticamente as diferentes interfaces do ecossistema. Aterro sanitário é um local destinado à decomposição final de resíduos sólidos gerados pela atividade humana. Nele são dispostos resíduos domésticos, comerciais, da indústria de construção e também resíduos sólidos retirados do esgoto. A diferença básica entre um aterro sanitário e um aterro controlado é que este último prescinde das seguintes ações: - Coleta do chorume. - Tratamento do chorume. - Drenagem e queima do biogás. Alguns autores alegam que tanto um aterro sanitário como um aterro controlado podem ser considerados como sendo destinos ambientalmente corretos. No entanto, o aterro controlado pode não ser considerado uma boa alternativa para os resíduos em função dos seguintes fatores: - Emissão de gases tóxicos para a atmosfera. - Produção de chorume sem tratamento. - Possibilita a infiltração de líquidos no solo. Os aterros sanitários devem estar de acordo com a NBR 8.419 e possuir o Licenciamento Ambiental para funcionar. Os aterros sanitários possuem uma vida útil que está diretamente relacionada aos seguintes fatores: - Tipo do solo e a quantidade e tipo de resíduos depositados diariamente. - Percentual de reciclagem dos materiais (quanto maior for esse percentual, maior será a vida útil do local). - Tamanho da área utilizada. Em geral, um aterro possui uma vida útil programada para 10 a 20 anos de trabalho. A partir dessa informação é necessário compreender a importância das seguintes ações relacionadas aos resíduos sólidos: - Não geração e reuso. - Reciclagem. - Coleta seletiva. O lançamento de resíduos a céu aberto causa os seguintes problemas de saúde pública e para o meio ambiente: - Impactos na atmosfera (por meio da liberação de gases tóxicos gerados a partir da decomposição dos materiais). - Impactos no solo (por meio da liberação de substâncias químicas, físicas e biológicas). - Impactos nas águas subterrâneas e superficiais (por meio da contaminação do lençol freático a partir da percolação de líquidos tóxicos como, por exemplo, o chorume). O lançamento de resíduos a céu aberto gerainúmeros problemas e favorece a proliferação de vetores e animais indesejáveis, dentre eles: - Roedores. - Insetos. - Aves e mamíferos. Encerrar uma área de disposição final de resíduos, sobretudo os lixões, não se trata tão somente de não depositar mais resíduos no local, fechar as porteiras e abandonar a área. É importante ressaltar que, embora não haja mais deposição de resíduos no local, as atividades físico-químicas e biológicas que ocorrem em função da degradação e decomposição do material continuarão a acontecer. A escolha da melhor técnica para a recuperação de uma área outrora utilizada para esse fim depende dos seguintes fatores: - Realização de levantamento planialtimétrico do terreno. - Estudos de sondagem e caracterização geotécnica. - Análises de águas superficiais e subterrâneas. Para Bitar e Braga (1995), há 3 conjuntos de tecnologias que podem ser utilizados (integradas ou não) para a recuperação dessas áreas. São elas: revegetação, tecnologias geotécnicas e (bio)remediação. Ainda de acordo com os mesmos autores, as principais medidas de recuperação destes locais incluem: - Prospecção do depósito. - Remoção total ou parcial, transporte e disposição dos resíduos. - Tratamento in situ do solo. - Descontaminação ou remediação do solo. Os resíduos provenientes dos serviços de saúde (RSS) se classificam a partir dos critérios estabelecidos na Resolução RDC ANVISA (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária), n. 306/2004 e da Resolução do CONAMA n. 358/2005. Estas normativas classificam este material nos seguintes grupos: - Grupo A: presença de agentes biológicos. Exemplos: bolsas transfusionais de sangue, lâminas e planas de laboratório, carcaças, peças anatômicas etc. Este grupo é subdividido em outros 5 subgrupos: A1, A2, A3, A4 e A5, cada um com sua especificidade. - Grupo B: contém substâncias químicas que podem ser prejudiciais à saúde pública ou ao meio ambiente. Exemplos: medicamentos, reagentes de laboratório, metais pesados etc. - Grupo C: materiais que contenham radionuclídeos (materiais radioativos). Exemplos: materiais de serviços de medicina nuclear (aparelhos de raios X, ressonância magnética etc.), materiais provenientes de radioterapia. No ano de 1993, a Resolução CONAMA 05/1993 define “procedimentos mínimos para o gerenciamento desses resíduos (provenientes dos serviços de saúde), com vistas a preservar a saúde pública e a qualidade do meio ambiente e [...] o estabelecimento de ações preventivas são menos onerosas e minimizam os danos à saúde pública e ao meio ambiente” (Brasil, 1993). Nesta resolução, passa a ser obrigatória a elaboração do PGRS (Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos), que aborda os seguintes aspectos relacionados resíduos dos serviços de saúde (RSS): - Identificação e separação. - Acondicionamento, coleta e transporte. - Tratamento e disposição final. A Gestão e Gerenciamento de Resíduos Sólidos envolve todo o setor de Resíduos e deve ser abordado de uma maneira completa. Podemos considerar que o gerenciamento dos Resíduos do Serviço de Saúde (RSS) segue, minimamente, as seguintes etapas: - Segregação, acondicionamento e identificação. - Coleta e transportes internos, armazenamento temporário e tratamento (se necessário). - Armazenamento externo, coleta e transportes externos e disposição final.
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