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DENISE CALHAU- RA:2154008 -TURMA:003107B02 Texto I: um vendedor externo, Genivaldo, contratado pela empresa “Atacado Geral Ltda.”, que atua no setor de distribuição de doces e balas em geral, recebeu em sua CTPS anotação acerca da exceção do artigo 62, inciso I da CLT, eis que o empregador não realiza controle formal da jornada de trabalho. Em seu labor Genivaldo comparecia à empresa pela manhã e elaborava um roteiro de visitas, a partir de carteira de clientes de área definida pela empresa, prevendo no mínimo 20 (vinte) visitas diárias. Por volta das 8:30 da manhã Genivaldo saía da empresa para realizar as visitas do roteiro, mantendo constante contato por telefone, quando informava o horário de chegada e saída em cada cliente. Encerradas as visitas o vendedor enviava o relatório através de e-mail ao Supervisor da área de venda. Como mencionado Genivaldo não registrava em controle de frequência a sua jornada, que em média era de 10 horas, sem intervalos, de segundas a sábados. Dispensado após dez anos de serviços prestados, sob o fundamento de justa causa por ato de concorrência desleal em prejuízo da empresa, Genivaldo propôs Reclamação Trabalhista em face de sua ex-empregadora, onde pretende a descaracterização da justa causa, o pagamento de horas extras e seus reflexos e pagamento de empréstimo que ele autor fez ao sócio da empresa. Em audiência realizada, a conciliação proposta pelo juiz foi infrutífera. Em sua defesa a empresa “Atacado Geral Ltda.” sustenta nada dever a título de horas extras, dada à exceção a que estavam sujeitos os seus vendedores, e que a justa causa encontra-se caracterizada na medida em que, o empregado nas suas horas vagas como era proprietário de estabelecimento comercial em sociedade com sua esposa, vendia outros produtos alimentícios no varejo, especialmente batatas fritas e salgadinhos em geral. A contestação foi apresentada ao advogado de Genivaldo que rechaçou por negativa geral os fatos narrados na defesa e reiterou o conteúdo da petição inicial. Ato contínuo o juiz iniciou a instrução informando que dispensava o interrogatório do autor e do preposto, perguntando às partes se tinham provas orais, o advogado do autor informou que apresentaria duas testemunhas e a ré que apresentaria apenas uma testemunha. Iniciada a colheita da prova oral, as testemunhas do autor informaram nada saber acerca dos fatos relacionados à justa causa e confirmaram que o autor estava submetido a controle informal de horário eis que se reportava a empresa nos exatos termos narrados na petição inicial. A testemunha da empresa, que exercia a função de diretor comercial com participação acionária de 40% do capital social da empresa, foi contraditada pelo advogado do autor, sob o fundamento de exercício de cargo de confiança na empresa e por ser sócio do empreendimento. A contradita não foi acolhida, sendo que o juiz se baseou para essa decisão, no fato de que a testemunha convocada embora diretor não tinha real interesse na demanda. O advogado apresentou protestos, que restaram consignados em ata de audiência. A testemunha da empresa foi ouvida e nada acrescentou com relação às horas extras, mencionando tão somente que o trabalho do autor era realizado externamente sob a supervisão do depoente. Com relação à justa causa seu depoimento foi no sentido que ele(testemunha) havia investigado o fato pessoalmente e constatou que o autor era sócio minoritário de estabelecimento comercial localizado em frente à um clube onde eram vendidos no varejo toda a espécie de salgadinhos e por fim com relação ao empréstimo informou que de fato a empresa era devedora do empréstimo referenciado na petição inicial. A instrução foi encerrada e as partes apresentaram alegações finais remissivas e ato contínuo o juiz prolatou a sentença julgando todos os pedidos iniciais improcedentes com fundamento na prova produzida em audiência, imputando ao autor as penas de litigância de má fé no percentual de 20% e atribuiu custas processuais definidas em lei e honorários sucumbenciais arbitrados no percentual de 20% ao empregado calculado sob o valor da causa no valor de R$ 50.000,00. Nos autos constava pleito do autor no sentido de concessão dos benefícios da Justiça Gratuita, assim publicada a sentença o advogado de Genivaldo apresentou medida processual visando o exame desse ponto omisso da decisão, bem como rebateu a falta de fundamentação da decisão com relação a litigância de má fé. O juiz recebeu a medida processual referenciada no parágrafo anterior, julgando-a improcedente sob o fundamento que não havia qualquer omissão no julgado, novamente, inconformado o autor no prazo apresentou medida processual objetivando reforma da decisão, que restou em juízo de admissibilidade denegada por falta de preparo. Mais uma vez o autor inconformado aviou nova medida processual RESPOSTAS: 1) Agiu corretamente o Magistrado na distribuição do ônus da prova no acaso acima apresentado? Fundamente sua opção de forma completa, inclusive abordando brevemente a questão da inversão do ônus da prova no processo do trabalho. R: não, o magistrado não agiu corretamente na distribuição do ônus da prova, haja vista que as alegações feitas pelo reclamante, são de certo modo, simples, menos complicadas para serem provadas ou controvertidas pelo reclamado, por tratar-se de demissão de justa causa, horas extras e também, de seus reflexos. Portanto, o magistrado teria que se basear pelo artigo 818, §1°/CLT,e com isso, invertido o ônus da prova, diante de decisão fundamentada para o reclamado, haja vista que é evidente a hipossuficiência do reclamante e sua excessiva dificuldade em cumprir o encargo. A visão do processo do trabalho é que o ônus deve ser atribuído a parte que melhor possa exerce-lo. 2) Qual a finalidade do protesto apresentado pelo advogado do autor? R: a finalidade do protesto apresentado pelo advogado do autor é a interrupção do prazo prescricional após a parte (ator ou réu), discordar com a decisão interlocutória, ou seja, o advogado do autor evitou a preclusão do direito de seu cliente, devido ao fato que o Direito Processual do Trabalho possui como princípio, o da irrecorribilidade, onde é garantido o duplo grau de jurisdição da decisão interlocutória, com sua base legal no artigo 893, §1º/CLT. Como diz Carlos Henrique Bezerra Leite: "os incidentes do processo serão resolvidos pelo próprio juízo ou tribunal, admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente em recurso da decisão definitiva.” 3) O juiz poderia dispensar o interrogatório das partes? R: com base aos artigos 848 e 794 da Consolidação das Leis Trabalhistas e com o princípio da ampla defesa e do contraditório, o juiz não poderia ter dispensado o interrogatório das partes. 4) Explique à luz da doutrina, legislação e jurisprudência os fundamentos que deveriam ser utilizados pelo advogado de Genivaldo ao formular a contradita da testemunha. R: a contradita da testemunha deve ser feita antes depoimento da testemunha, em um momento oportuno, para impedir que ocorra sua oitiva, o artigo 457, §1º/CPC, diz que é legítimo o advogado contraditar a testemunha da ré. Conforme o artigo 829/CLT, poderá ocorrer o contraditório, no máximo, até a última instancia superior. À luz da jurisprudência, é frequente as testemunhas ouvidas não serem contrariadas, quando os depoimentos pessoais são ricos de certeza, e ainda jurisprudência demostra o interesse da testemunha e não tão somente, de se tratar de alegação de suspensão por si a toa. “Depoimentos das testemunhas que se mostraram harmônicos e coerentes entre si, merecendo credibilidade até porque não houve contradita ou oportuna alegação de suspeição ou parcialidade. […] (TJ/RS, Quinta Câmara Criminal, Apelação Crime Nº 70062224332, Rel. Cristina Pereira Gonzales, julgado em 25/02/2015)” 5) Expliqueo que são razões finais remissivas? Se hipoteticamente os advogados optassem por razões finais orais, quais as cautelas que deveriam ser observadas? R: as razões remissivas ocorrem quando o advogado não há mais nada para acrescentar, reiterando os termos da inicial ou defesa, de acordo com o artigo 850/CLT. Encerrada a instrução, o próprio juiz vai falar sobre as Razões Finais, em um prazo que não exceda de 10 minutos para cada uma, logo, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação e não se realizando esta, será proferida a decisão. 6) Agiu corretamente o juiz ao arbitrar os honorários sucumbências no percentual de 20% a ser calculado considerando o valor da causa? R: levando-se em conta o artigo 791-A/CLT, o juiz não agiu corretamente ao arbitrar os honorários sucumbenciais, pois eles são fixados, de no mínimo ,5%, e no máximo,15%, sobre o valor da causa. 7) Qual a medida processual utilizada pelo autor para o exame dos pontos omissos da sentença? Qual o prazo? Se tivesse sido acolhida a medida quais os seus efeitos? R: a medida cabível processual utilizada pelo autor é os embargos de declaração, possuindo o prazo de 5 dias úteis para ser proposta, conforme o artigo 897-A/CLT, e assim, a sentença será alterada. Se tivesse sido acolhida a medida, o juiz teria concedido a Justiça Gratuita e como consequência, a ação julgadora seria dada como improcedente. 8) Qual a medida processual apresentada pelo autor após o indeferimento da medida processual em relação à omissão? Qual o prazo e o marco inicial desse prazo? Quais os seus pressupostos genéricos? R: a medida processual apresentada pelo autor seria o recurso ordinário, conforme o artigo 895, I/CLT. O prazo é de 8 dias úteis, começando a contagem a partir da data inicial dos embargos de declaração. Seus pressupostos genéricos se dividem em extrínsecos e intrínsecos. Os extrínsecos serão os preparos, a tempestividade e a regularidade formal. Já os intrínsecos serão os cabimentos, que é a oportunidade recursal, o interesse recursal e a legitimidade para recorrer. 9) Qual a medida judicial cabível da denegação da medida judicial referida no item 8? Quais as obrigações da parte que avia essa medida em face da decisão denegatória? Qual o juízo de interposição? Qual o juízo de conhecimento? Qual o objetivo dessa medida? R: a medida judicial não referida no item 8 é o agravo de instrumento, possuindo sua legitimidade no artigo 897, b/CLT. A parte tem a obrigação de promover a formatação do instrumento 10) Considerando-se que o Tribunal deu provimento a medida judicial que combateu a decisão denegatória da medida principal, bem como provimento parcial a própria medida principal, reconhecendo o direito às horas extras e o direito de Genivaldo receber valores relacionados ao empréstimo sem apresentar tese explícita, o que resta do ponto de vista processual para que Genivaldo possa defender seus interesses com relação a justa causa e a litigância de má fé? Apresente a(s) medida(s), prazo(s), finalidade(s) e pressuposto(s) especifico(s) ao caso concreto. R: no ponto de vista processual, resta ainda para Genivaldo, o recurso de revista, possuindo como base legal o artigo 896/CLT e nas Súmulas 184 e 297/TST; para realizar esta medida, deve-se ser no prazo de 8 dias. Este recurso tem o fito de alterar a decisão do TRT, esclarecendo o ponto omissivo do acordão. Tem como pressupostos específico, o extrínseco, por ter tempestividade, regularidade formal, preparo, deposito recursal e custas processuais. 11) Como o Tribunal reformou a sentença com relação ao empréstimo, qual ou quais a medidas que a empresa pode adotar? Qual ou quais os seus prazos, pressupostos, efeitos, juízo de admissibilidade, julgamento e fundamento jurídico? R: devido ao fato que o magistrado não apresentou a tese explicita, à medida que deve ser adotada é os embargos de declaração, com fundamento no artigo 897-A, §3º/CLT, possuindo o prazo de 5 dias, e estes, interrompem o prazo para interposição de outros recursos, por qualquer uma das partes, salve quando intempestivos, irregular a representação da parte ou assente a sua assinatura. Esse recurso possui como juízo de admissibilidade é o” a quo”, e quem julgará é o próprio juiz que prolatou a 1º decisão. Texto II: intimada para se manifestar acerca dos cálculos ofertados pelo autor da ação, hipotética empresa demandada formulou impugnação especifica inclusive apresentando cálculos que julga corretos no percentual de 50% dos cálculos apresentados pelo autor. Ato contínuo os cálculos do autor foram homologados e expedido mandado de citação, penhora e avaliação, assim foi citada a empresa executada. Não pagando nem oferecendo bens à penhora, retornou o Senhor Oficial de Justiça ao local e penhorou, então, incontinente o automóvel do sócio da empresa, estacionado na rua, em frente ao estabelecimento. RESPOSTAS: 1) Agiu corretamente o juiz na homologação dos cálculos? Explique. R: não, devido ao fato que após a apresentação dos cálculos, deveria ter aberto o prazo para que o autor impugnasse os cálculos da reclamada. Podendo também, abrir prazo para perito calculista para apresentar seu relatório e após isso, teria o prazo de 10 dias para as partes impugnarem o laudo pericial; com fundamentação no artigo 827, §1°-B e §6°/CLT; artigo 879, §2°/CLT. 2) Qual a medida jurídica que pode utilizada pela empresa e/ ou por seu sócio em razão da penhora? Em que prazo? Qual o fundamento a ser utilizado pela empresa e/ou por seu sócio nessa medida? R: a medida cabível que possa ser utilizada pela empresa e/ou por seu sócio é os embargos à execução, conforme o artigo 884/CLT, com prazo de 5 dias para propor. O fundamento a ser utilizado por estes, será com base ao princípio da despersonalização do empregador; este princípio diz que o patrimônio do socio só pode ser atingido se for comprovada que realmente existiu a fraude na administração da empresa ou uma confusão patrimonial. 3) Qual o recurso cabível da decisão proferida que manteve a penhora do carro? Qual o prazo, quais os requisitos desse recurso? R: o recurso cabível da decisão proferida que manteve a penhora do carro foi os embargos à execução, conforme o artigo 884/CLT, com o prazo de 5 dias para propor. Os requisitos desse recurso são a apresentação da caução, penhora de bens ou depósito que, garanta a execução, de outra maneira, o executado não poderá recorrer. 4) Na hipótese de não provimento desse recurso pode a empresa manusear outro recurso? Qual? Sob qual fundamento intrínseco. R: caso do não provimento desse recurso pode a empresa, manusear o recurso de agravo de petição, com fundamento no artigo 897/CLT,no prazo de 8 dias para propor, perante o fundamento da delimitação da matéria que nesse caso, vai ser referente a penhora do patrimônio pessoal do sócio.
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