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Estatudo do Desarmamento - Módulo Jurídico 2021

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ESTATUDO DO DESARMAMENTO 
Lei nº 10.826/03 
 
1 
 
SUMÁRIO 
ESTATUTO DO DESARMAMENTO ..................................................................................................................... 5 
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................... 5 
NORMATIZAÇÕES DE 2019 ........................................................................................................................................ 5 
CONCEITOS IMPORTANTES ....................................................................................................................................... 7 
ORGANIZAÇÃO DA AULA .............................................................................................. Erro! Indicador não definido. 
DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS ........................................................................................................................... 9 
CADASTRO ............................................................................................................................................................... 10 
REGISTRO ................................................................................................................................................................ 10 
CERTIFICADO DE REGISTRO DE ARMA DE FOGO ..................................................................................................... 11 
PORTE DE ARMA DE FOGO ............................................................................................................................. 13 
AUTORIZAÇÃO PARA O PORTE DE ARMA DE FOGO DAS GUARDAS MUNICIPAIS .................................................... 15 
PORTE PARA AGENTES E GUARDAS PRISIONAIS ...................................................................................................... 17 
PORTE PARA CAÇADOR DE SUBSISTÊNCIA............................................................................................................... 18 
AUTORIZAÇÃO DO PORTE DE ARMA PARA OS RESPONSÁVEIS PELA SEGURANÇA DE CIDADÃOS ESTRANGEIROS EM 
VISITA OU SEDIADOS NO BRASIL ............................................................................................................................. 20 
CAC - COLECIONADORES, ATIRADORES E CAÇADORES ............................................................................................ 21 
DOS CRIMES E DAS PENAS .............................................................................................................................. 22 
ASPECTOS GERAIS DOS CRIMES DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO .................................................................... 22 
BENS JURÍDICOS PROTEGIDOS................................................................................................................................. 22 
ELEMENTO SUBJETIVO ............................................................................................................................................ 22 
AÇÃO PENAL ............................................................................................................................................................ 22 
NATUREZA JURÍDICA DOS CRIMES DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO ................................................................ 22 
OBJETO MATERIAL................................................................................................................................................... 24 
ARMA DE FOGO ................................................................................................................................................... 24 
➢ REALIZAÇÃO DE PERÍCIA NA ARMA ............................................................................................................. 25 
➢ LAUDO PERICIAL REALIZADO ....................................................................................................................... 26 
➢ ARMA DEFEITUOSA...................................................................................................................................... 27 
➢ ARMA DESMUNICIADA OU DESMONTADA .................................................................................................. 27 
➢ ARMA COM REGISTRO VENCIDO ................................................................................................................. 29 
➢ ARMA DE BRINQUEDO................................................................................................................................. 30 
➢ ARMA DE PRESSÃO OU “CHUMBINHO” ....................................................................................................... 31 
ACESSÓRIO .............................................................................................................................................................. 31 
MUNIÇÃO ................................................................................................................................................................ 32 
 
2 
 
CRIMES EM ESPÉCIE ....................................................................................................................................... 35 
ART. 12. POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO ............................................................ 36 
CONDUTA TÍPICA ..................................................................................................................................................... 36 
SUJEITO ATIVO ........................................................................................................................................................ 36 
SUJEITO PASSIVO ..................................................................................................................................................... 37 
ELEMENTO ESPACIAL DO TIPO PENAL ..................................................................................................................... 37 
CONSUMAÇÃO ........................................................................................................................................................ 38 
OBJETO MATERIAL................................................................................................................................................... 39 
CONCURSO DE CRIMES ............................................................................................................................................ 39 
ART. 14 – PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO ................................................................. 41 
CONDUTA TÍPICA ..................................................................................................................................................... 41 
SUJEITO ATIVO ........................................................................................................................................................ 41 
SUJEITO PASSIVO ..................................................................................................................................................... 42 
CONSUMAÇÃO ........................................................................................................................................................ 42 
ELEMENTO SUBJETIVO ............................................................................................................................................ 42 
BEM JURÍDICO TUTELADO ....................................................................................................................................... 42 
OBJETO MATERIAL................................................................................................................................................... 42 
INCONSTITUCIONALIDADE DO PARÁGRAFO ÚNICO ................................................................................................ 43 
ART. 16, CAPUT – POSSE OUPORTE DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO .................................................. 45 
ESQUEMATIZANDO O ART. 16 ................................................................................................................................. 46 
CONDUTA TÍPICA ..................................................................................................................................................... 46 
SUJEITO ATIVO ........................................................................................................................................................ 46 
SUJEITO PASSIVO: .................................................................................................................................................... 47 
CONSUMAÇÃO ........................................................................................................................................................ 47 
OBJETO MATERIAL – ART. 16, CAPUT ...................................................................................................................... 47 
NATUREZA HEDIONDA ............................................................................................................................................ 47 
OBJETIVIDADE JURÍDICA .......................................................................................................................................... 48 
BEM JURÍDICO ......................................................................................................................................................... 48 
ART. 16. PARÁGRAFO 1º – CONDUTAS EQUIPARADAS ................................................................................... 49 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NOS CRIMES DE POSSE OU PORTE DE MUNIÇÃO ................................................. 54 
CONCURSO DE CRIMES – ART. 14 X ART. 16 ............................................................................................................ 62 
ART. 13 – OMISSÃO DE CAUTELA ................................................................................................................... 64 
SUJEITO ATIVO ........................................................................................................................................................ 64 
SUJEITO PASSIVO: .................................................................................................................................................... 64 
OBJETO MATERIAL................................................................................................................................................... 65 
 
3 
 
CONSUMAÇÃO ........................................................................................................................................................ 65 
CARACTERÍSTICAS E ELEMENTO SUBJETIVO DO CRIME ........................................................................................... 65 
CONCURSO DE CRIMES ............................................................................................................................................ 65 
ART. 13 – OMISSÃO DE CAUTELA – PARÁGRAFO ÚNICO ................................................................................ 66 
SUJEITO ATIVO ........................................................................................................................................................ 66 
SUJEITO PASSIVO ..................................................................................................................................................... 66 
OBJETO MATERIAL................................................................................................................................................... 66 
ELEMENTO SUBJETIVO ............................................................................................................................................ 66 
CONSUMAÇÃO ........................................................................................................................................................ 67 
ART. 15 – DISPARO DE ARMA DE FOGO ......................................................................................................... 70 
SUJEITO ATIVO ........................................................................................................................................................ 70 
SUJEITO PASSIVO ..................................................................................................................................................... 70 
CONDUTAS .............................................................................................................................................................. 70 
ELEMENTO ESPACIAL ............................................................................................................................................... 70 
ELEMENTO SUBJETIVO ............................................................................................................................................ 71 
CONSUMAÇÃO ........................................................................................................................................................ 71 
SUBSIDIARIEDADE EXPRESSA ................................................................................................................................... 71 
INCONSTITUCIONALIDADE ...................................................................................................................................... 71 
CONCURSO DE CRIMES ............................................................................................................................................ 71 
ART. 17 – COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO, ACESSÓRIO OU MUNIÇÃO ............................................... 75 
PACOTE ANTICRIME ................................................................................................................................................ 75 
SUJEITO ATIVO ........................................................................................................................................................ 75 
SUJEITO PASSIVO ..................................................................................................................................................... 76 
OBJETO MATERIAL................................................................................................................................................... 76 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA ................................................................................................................................... 76 
PACOTE ANTICRIME: A FIGURA DO AGENTE DISFARÇADO .................................................................................. 77 
PRESENÇA DE ELEMENTOS PROBATÓRIOS RAZOÁVEIS DE CONDUTA CRIMINAL PREEXISTENTE ........................ 78 
ART. 18 – TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO, ACESSÓRIO OU MUNIÇÃO ................................... 80 
PACOTE ANTICRIME ................................................................................................................................................ 80 
SUJEITO ATIVO ........................................................................................................................................................ 80 
SUJEITO PASSIVO ..................................................................................................................................................... 80 
OBJETO MATERIAL................................................................................................................................................... 80 
ELEMENTO SUBJETIVO ............................................................................................................................................ 80 
CONSUMAÇÃO ........................................................................................................................................................81 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA .............................................................................................................................. 82 
 
4 
 
COMPETÊNCIA ......................................................................................................................................................... 82 
art. 19 - CAUSA DE AUMENTO DE PENA ......................................................................................................... 83 
art. 21 - FIANÇA e liberdade provisória .......................................................................................................... 83 
art. 20 - CAUSA DE AUMENTO DE PENA ......................................................................................................... 84 
QUESTÕES GERAIS .......................................................................................................................................... 85 
A VENDA DE ARMA DE FOGO CONFIGURA QUAL CRIME? ................................................................................... 85 
ARMAS DE FOGO APREENDIDAS .................................................................................................................... 86 
QUESTÕES GERAIS DE CONCURSO ................................................................................................................. 87 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................................................... 91 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
ESTATUTO DO DESARMAMENTO 
Lei nº 10.826/03 
 
APRESENTAÇÃO 
Olá, meus queridos! Estudaremos o famoso Estatuto do Desarmamento! A lei nº 10.826/03 é 
bastante cobrada em concursos policiais e por isso vamos estudar de forma bem ampla, com muitas 
questões e, principalmente, através de uma vasta exposição da jurisprudência, que é muito cobrada 
em questões de concurso. 
O Estatuto do Desarmamento dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e 
munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – SINARM, define crimes e dá outras providências. Além 
de penas maiores para o crime de porte de arma, o Estatuto trouxe consequências como restrição à 
venda, registro e autorização para o porte de arma de fogo, a tipificação dos crimes de posse e porte 
de munição, tráfico internacional de armas de fogo, dentre outras. 
 
NORMATIZAÇÕES DE 2019 
A lei nº 10.826/03 foi regulamentada em 2019 sucessivas vezes pelos decretos nº 9.845/2019, 
nº 9.846/2019 e, finalmente, o Decreto nº 9.847/2019. 
O Decreto nº 9.847/2019 dispõe sobre a aquisição, o cadastro, o registro, o porte e a 
comercialização de armas de fogo e de munição e sobre o Sistema Nacional de Armas e o Sistema de 
Gerenciamento Militar de Armas. 
E, mesmo com o Decreto, ainda foi necessário que uma Portaria descrevesse os parâmetros de 
aferição e listasse os calibres das armas nominalmente como sendo de uso permitido ou restrito. Foi a 
Portaria nº 1.222/2019. Finalmente temos também o Decreto 10.030/19 que que aprova o 
Regulamento de Produtos Controlados. Então temos: 
• Lei nº10.826/03; 
• Decreto nº 9.847/2019; 
• Portaria nº 1.222/2019; 
• Decreto 10.030/19; 
 
 
 
6 
 
Quando damos aula do Estatuto do Desarmamento, é comum que os alunos perguntem MUITAS 
coisas por curiosidade e que, quase sempre, as respostas não estão no estatuto! Rs. 
 
Por exemplo: “Professor, como é que uma pessoa que não tem o porte, mas é atirador, por 
exemplo, pode sair de sua casa com a arma e ir até o stand de tiro?” 
 
DECRETO Nº 9.846, DE 25 DE JUNHO DE 2019 
Art. 5º Os clubes e as escolas de tiro e os colecionadores, os atiradores e os caçadores serão registrados 
no Comando do Exército. 
§ 2º Fica garantido o direito de transporte desmuniciado das armas dos clubes e das escolas de tiro e 
de seus integrantes e dos colecionadores, dos atiradores e dos caçadores, por meio da apresentação do 
Certificado de Registro de Colecionador, Atirador e Caçador ou do Certificado de Registro de Arma de Fogo 
válidos. 
§ 3º Os colecionadores, os atiradores e os caçadores poderão portar uma arma de fogo curta municiada, 
alimentada e carregada, pertencente a seu acervo cadastrado no SINARM ou no SIGMA, conforme o caso, 
sempre que estiverem em deslocamento para treinamento ou participação em competições, por meio da 
apresentação do Certificado de Registro de Colecionador, Atirador e Caçador, do Certificado de Registro de 
Arma de Fogo e da Guia de Tráfego válidos. 
§ 4º A Guia de Tráfego é o documento que confere a autorização para o tráfego de armas, acessórios e 
munições no território nacional e corresponde ao porte de trânsito previsto no art. 24 da Lei nº 10.826, de 22 
de dezembro de 2003. 
 
Viram a guia de tráfego? Pois então... foi para exemplificar! Em breve estudaremos mais isso e 
você verá como é fácil! Vamos seguir! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
CONCEITOS IMPORTANTES 
Não há como iniciarmos o estudo do estatuto do desarmamento sem que tenhamos a ciência 
mesmo que básica do conceito de arma de uso permitido, arma de uso restrito e arma de uso proibido. 
E é justamente do Decreto nº 9.847/2019 que iremos tirar esses conceitos! 
➢ Arma de fogo de uso permitido 
As armas de fogo semiautomáticas ou de repetição que sejam: 
• De porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída 
do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos 
e vinte joules; 
• Portáteis de alma lisa; ou 
• Portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não 
atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-
pé ou mil seiscentos e vinte joules; 
Exemplo de armas de calibre permitido segundo a Portaria nº 1.222: 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
➢ Arma de fogo de uso restrito 
Armas de fogo automáticas e as semiautomáticas ou de repetição que sejam: 
• Não portáteis; 
• De porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do 
cano de prova, energia cinética superior a 1200 libras-pé ou 1620 joules; ou 
• Portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, 
atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a 1200 libras-pé ou 1620 
joules 
• Exemplo de armas de calibre restrito segundo a Portaria nº 1.222: 
 
 
 
➢ Arma de fogo de uso proibido: 
• As armas de fogo classificadas de uso proibido em acordos e tratados internacionais dos 
quais a República Federativa do Brasil seja signatária; ou 
• As armas de fogo dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos; 
 
➢ Arma de fogo obsoleta 
Armas de fogo que não se prestam ao uso efetivo em caráter permanente, em razão de: 
• Sua munição e seus elementos de munição não serem mais produzidos; ou 
• Sua produção ou seu modelo ser muito antigo e fora de uso, caracterizada como relíquia 
ou peça de coleção inerte; 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS 
O Sistema Nacional de Armas - SINARM, instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia 
Federal, com circunscrição em todo o território nacional, é responsável pelo controle de armas de fogo 
em poder da população, conforme previsto na Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento). 
As competências do SINARM estão descritas no art. 2º do Estatuto do Desarmamento e, dentre 
elas, algumas merecem uma atenção especial: 
 
Art. 2º 
II – Cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e vendidas no País; 
IV – Cadastrar as transferências de propriedade, extravio, furto, roubo e outras ocorrências 
suscetíveis de alterar os dados cadastrais, inclusive as decorrentes de fechamento de empresas 
de segurança privada e de transporte de valores; 
VIII – Cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como conceder licença para exercer a 
atividade; 
IX – Cadastrar medianteregistro os produtores, atacadistas, varejistas, exportadores e 
importadores autorizados de armas de fogo, acessórios e munições; 
XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal os registros 
e autorizações de porte de armas de fogo nos respectivos territórios, bem como manter o 
cadastro atualizado para consulta. 
 
O SINARM não controla todas as armas de fogo; excluem-se do controle, por exemplo, as armas 
do exército, marinha e aeronáutica. 
As armas de fogo utilizadas pelas Forças Armadas e Auxiliares e pelas Forças Auxiliares são 
sujeitas a regramento próprio, relacionado ao Sistema de Gerenciamento Militar de Armas – SIGMA. 
 
Art. 2º. Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcançam as armas de fogo das Forças 
Armadas e Auxiliares, bem como as demais que constem dos seus registros próprios. 
 
“Registros próprios” são aqueles realizados por órgãos, instituições e corporações em 
documentos oficiais de caráter permanente. 
 
 
10 
 
CADASTRO 
De acordo com o Decreto nº 9.847/2019, considera-se CADASTRO DE ARMA DE FOGO a 
inclusão da arma de fogo de produção nacional ou importada em banco de dados, com a descrição de 
suas características; 
 
Fragmento do Decreto Nº 9.847, DE 25 DE JUNHO DE 2019 
No SINARM serão cadastradas as armas de fogo: 
a) da Polícia Federal; 
b) da Polícia Rodoviária Federal; 
c) da Força Nacional de Segurança Pública; 
d) do Departamento Penitenciário Nacional; (...) 
 
O SIGMA é o Sistema de Gerenciamento Militar de Armas. É instituído no âmbito do Comando do 
Exército do Ministério da Defesa e manterá cadastro nacional das armas de fogo importadas, 
produzidas e comercializadas no País que não sejam de competência do SINARM. 
 
Serão cadastradas no SIGMA as armas de fogo 
a) das Forças Armadas; 
b) das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares dos Estados 
c) da Agência Brasileira de Inteligência; e 
d) do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República; 
REGISTRO 
O registro da arma de fogo é na verdade a matrícula da arma de fogo que esteja vinculada à 
identificação do respectivo proprietário em banco de dados; 
Art. 3º É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão competente. 
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão registradas no comando do exército, 
na forma do regulamento desta Lei. 
 
• Armas de uso PERMITIDO – Registro feito no SINARM, gerido pela POLÍCIA FEDERAL. 
• Armas de uso RESTRITO – Registro feito no COMANDO DO EXÉRCITO, órgão 
responsável pela gestão do SIGMA. 
 
11 
 
CERTIFICADO DE REGISTRO DE ARMA DE FOGO 
Encontramos no site da Polícia Federal o conceito de Registro de Arma de Fogo: 
O registro de arma de fogo é o documento, com validade de 10 anos, que autoriza o proprietário 
de arma de fogo a mantê-la exclusivamente no interior de sua residência ou no seu local de 
trabalho.1 (1) 
• O proprietário não poderá portar arma de fogo fora dos locais indicados, sob pena de 
responsabilidade penal. 
• É possível manter em casa a arma adquirida, mas para isso é necessário possuir o 
registro fornecido pelo SINARM através da Polícia Federal. 
• Já quanto a mantê-la em seu local de trabalho, o proprietário tem que ser o titular ou 
responsável legal pelo estabelecimento ou empresa. 
 
Art. 5º O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o território nacional, 
autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua 
residência ou domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde 
que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa. 
§ 1º O certificado de registro de arma de fogo será expedido pela polícia federal e será precedido 
de autorização do SINARM. 
 
O Certificado de Registro de Arma de Fogo (CRAF) dará o que chamamos de POSSE LEGAL DA 
ARMA. 
 
O Decreto nº 9.685/19, que alterou o Decreto nº 5.123/04, estabeleceu que os Certificados de Registro 
de Arma de Fogo válidos até a data de sua publicação, em 15 de janeiro de 2019, foram automaticamente 
renovados pelo prazo remanescente até completarem 10 (dez) anos. Tal extensão do prazo já foi incluída no 
Sistema Nacional de Armas - SINARM, não sendo necessário ao proprietário de arma de fogo contemplado 
pela norma citada renovar seu registro. (1) 
 
O órgão responsável pela expedição do certificado de registro de arma de fogo é POLÍCIA 
FEDERAL, com autorização do SINARM. 
 
 
1 Justiça, Ministério da. Site da Polícia Federal. [Online] 2020. http://www.pf.gov.br/servicos-pf/armas/registro. 
 
12 
 
O certificado de Registro não autoriza o proprietário da arma a portá-la. 
 
A Lei nº 13.870/2019 trouxe uma norma penal explicativa, esclarecendo que o conceito de 
residência ou domicílio para fins de interpretação da autorização dada pelo Certificado de Registro de 
Arma de Fogo (CRAF). 
Desse modo, aos residentes em área rural, considera-se residência ou domicílio toda a extensão 
do respectivo imóvel rural. 
§ 5º Aos residentes em área rural, para os fins do disposto no caput deste artigo, considera-se 
residência ou domicílio toda a extensão do respectivo imóvel rural. (Incluído pela Lei nº 
13.870, de 2019) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: Delegado de Polícia Federal 
Julgue o item que se segue, relativos a execução penal, desarmamento, abuso de autoridade e 
evasão de dívidas. O registro de arma de fogo na PF, mesmo após prévia autorização do SINARM, não 
assegura ao seu proprietário o direito de portá-la. 
Gabarito:2 
 
 
 
 
 
 
 
2 Certo. 
 
13 
 
PORTE DE ARMA DE FOGO 
É o documento, com validade de até 5 anos, que autoriza o cidadão a portar, transportar e trazer 
consigo uma arma de fogo, de forma discreta, fora das dependências de sua residência ou local de 
trabalho. (1) 
A regra é: É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os 
casos previstos em legislação própria. 
O art. 6º do Estatuto traz as exceções a essa proibição: 
 
Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos 
previstos em legislação própria e para: 
I – Os integrantes das Forças Armadas; 
II – Os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II, III, IV e V do caput do art. 144 da 
Constituição Federal e os da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP); 
III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais 
de 500.000 habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei; 
IV – Os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 e menos de 
500.000 habitantes, quando em serviço; 
V – Os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agentes do Departamento 
de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República; 
VI – Os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição 
Federal; 
VII – Os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os integrantes das 
escoltas de presos e as guardas portuárias; 
VIII – As empresas de segurança privada e de transporte de valores constituídas, nos termos 
desta Lei; 
IX – Para os integrantes das entidades de desporto legalmente constituídas, cujas atividades 
esportivas demandem o uso de armas de fogo, na forma do regulamento desta Lei, observando-
se, no que couber, a legislação ambiental. 
X - Integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do 
Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário. 
XI – Os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da Constituição Federal e os Ministérios 
Públicos da União e dos Estados, para uso exclusivo de servidores de seus quadros pessoais que 
 
14 
 
efetivamente estejam no exercício de funçõesde segurança, na forma de regulamento a ser 
emitido pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Público 
- CNMP. 
§ 1º As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do caput deste artigo terão direito de portar 
arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, 
mesmo fora de serviço, nos termos do regulamento desta Lei, com validade em âmbito nacional 
para aquelas constantes dos incisos I, II, V e VI. 
§ 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas prisionais poderão portar arma 
de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, 
mesmo fora de serviço, desde que estejam: 
I - Submetidos a regime de dedicação exclusiva; 
II - Sujeitos à formação funcional, nos termos do regulamento; e 
III - Subordinados a mecanismos de fiscalização e de controle interno. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
AUTORIZAÇÃO PARA O PORTE DE ARMA DE FOGO DAS GUARDAS 
MUNICIPAIS 
De acordo com o Estatuto do Desarmamento, o critério adotado para garantir o porte de arma 
(estando em serviço ou não) para os guardas municipais é o número de habitantes do município de 
onde é o agente. 
 
Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos 
previstos em legislação própria e para: (...) 
III – Os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais 
de 500.000 habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei; 
IV - Os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 e menos de 
500.000 habitantes, quando em serviço; (…) 
§ 7º Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios que integram regiões 
metropolitanas será autorizado porte de arma de fogo, quando em serviço. 
 
Assim, de acordo com o Estatuto do Desarmamento, os guardas municipais de municípios com 
mais de 500.000 habitantes podem portar armas enquanto os guardas de municípios com mais de 
50.000 e menos de 500.000 habitantes só poderão portar quando em serviço. 
Segundo Renato Brasileiro (2)3 o critério populacional não é razoável para essa discriminação. E 
questiona: 
“Com efeito, se a função exercida por um guarda civil de uma capital é idêntica àquela exercida por um guarda 
civil de uma cidade menor, e se a formação funcional de ambos deve ser semelhante, por que admitir que aqueles 
possam portar armas de fogo fora de serviço, estes não?” (Página 415) 
 
Diante disso, foi pleiteada uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 5.948) e, em junho de 
2018, o Ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Morais deferiu liminar para suspender 
trechos do Estatuto do Desarmamento que restringiam o porte. 
 
ADI 5.948 “…Diante do exposto, nos termos dos arts. 10, § 3º, da Lei 9.868/99 e 21, V, do RISTF, 
CONCEDO A MEDIDA CAUTELAR PLEITEADA, ad referendum do Plenário, DETERMINANDO A IMEDIATA 
SUSPENSÃO DA EFICÁCIA das expressões das capitais dos Estados e com mais de 500.000 (quinhentos 
mil) habitantes, no inciso III, bem como o inciso IV, ambos do art. 6º da Lei Federal nº 10.826/2003. ” 
Alexandre de Morais, 29/6/2018. 
 
3 Lima, Renato Brasileiro de. Legislação Criminal Especial Comentada. 8º Edição. Juspodivm, 2020. Vol. único. 
 
16 
 
Observe como “ficou o entendimento” após a liminar: 
 
“É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos previstos em 
legislação própria e para: 
III – Os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de 
500.000, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei; 
IV - Os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 e menos de 500.000 
habitantes, quando em serviço; “ 
 
No dia 01 de março de 2021, por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal 
(STF) autorizou que todos os integrantes de guardas municipais do país tenham direito ao porte 
de armas de fogo, independentemente do tamanho da população do município. 
Na sessão virtual concluída em 26/2, a Corte declarou inconstitucionais dispositivos do Estatuto 
de Desarmamento (Lei 10.826/2003) que proibiam ou restringiam o uso de armas de fogo de acordo 
com o número de habitantes das cidades. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
PORTE PARA AGENTES E GUARDAS PRISIONAIS 
Observem o que diz o art. 6º, § 1º-B. 
 
§ 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas prisionais poderão portar arma 
de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, 
mesmo fora de serviço, desde que estejam: 
I - Submetidos a regime de dedicação exclusiva; 
II - Sujeitos à formação funcional, nos termos do regulamento; e 
III - Subordinados a mecanismos de fiscalização e de controle interno. 
 
Assim, até o momento, os integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas prisionais poderão 
portar arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, 
mesmo fora de serviço, desde que estejam: 
I - Submetidos a regime de dedicação exclusiva; 
II - Sujeitos à formação funcional, nos termos do regulamento; e 
III - Subordinados a mecanismos de fiscalização e de controle interno. 
 
Ano: 2021 Banca: CESPE Órgão: DEPEN Prova: Agente Federal de Execução Penal 
Com base na legislação penal, julgue o item seguinte. 
É permitido a agentes e guardas prisionais não submetidos a regime de dedicação exclusiva 
portar arma de fogo particular ou fornecida por sua corporação enquanto não estiverem de serviço. 
Gabarito:4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 Errado. 
 
18 
 
PORTE PARA CAÇADOR DE SUBSISTÊNCIA 
Outro ponto importante para levarmos para nossa prova é o chamado Porte para Caçador de 
Subsistência. A leitura do Art. 6º § 5º é autoexplicativa, porém reitero a necessidade de termos as 
elementares bem claras para não cairmos em “pegadinhas” da banca! Observe as possíveis pegadinhas 
listadas por mim! 
Art. 6º § 5º Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 anos que comprovem depender do 
emprego de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar será concedido pela 
Polícia Federal o porte de arma de fogo, na categoria caçador para subsistência, de uma arma de 
uso permitido, de tiro simples, com 1 ou 2 canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16, 
desde que o interessado comprove a efetiva necessidade em requerimento ao qual deverão ser 
anexados os seguintes documentos: 
I - Documento de identificação pessoal 
II - Comprovante de residência em área rural; 
III - Atestado de bons antecedentes. 
§ 6º O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma de fogo, independentemente de 
outras tipificações penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou por disparo de arma 
de fogo de uso permitido. 
 
O aluno deve observar os critérios cumulativos para que seja permitida a concessão do porte para 
Caçador de Subsistência: 
➢ Maior de 25 anos 
• Cuidado com: “maior de 18 ou maior de 21” ou “o indivíduo deve ser imputável” 
➢ Residente em área rural 
➢ “Comprovem depender do emprego de arma de fogo para prover sua subsistência 
alimentar familiar” 
• Pode-se entender como “dependa de caçar para sobreviver” 
➢ O indivíduo terá a POSSE ou o PORTE? 
• Porte! 
➢ A arma será de uso PERMITIDO ou RESTRITO? 
• Permitido! 
➢ Quem dará o porte? 
• Polícia Federal! 
 
19 
 
Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: DEPEN 
Considere que João, residente em área rural, dependa do emprego de arma de fogo para prover sua 
subsistência alimentar familiar. Nos termos do disposto na Lei n.º 10.826/2003, a João não pode ser 
concedido porte de arma de fogo por expor a perigo sua integridade física, uma vez que João pode se 
alimentar de outros produtos além da caça. 
Gabarito:5 
 
Ano: 2020 Banca: SELECONÓrgão: Prefeitura de Boa Vista - RR Prova: Guarda Civil 
Teotônio é proprietário rural, atuando em área de pequeno porte onde habita com sua família e 
colhe para subsistência. E com pequeno excesso de produção, atua vendendo os produtos nas feiras 
próximas. Tendo em vista que não existem órgãos de segurança pública no distrito onde exerce a 
agricultura, requer autorização para portar arma. Nos termos do estatuto do desarmamento, aos 
residentes em áreas rurais, maiores de vinte e cinco anos, que comprovem depender do emprego de 
arma de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar será concedido pela Polícia Federal o 
porte de arma de fogo, comprovados os requisitos legais, na categoria caçador para subsistência. 
Gabarito:6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 Errado. 
6 Certo. 
 
20 
 
AUTORIZAÇÃO DO PORTE DE ARMA PARA OS RESPONSÁVEIS PELA 
SEGURANÇA DE CIDADÃOS ESTRANGEIROS EM VISITA OU SEDIADOS 
NO BRASIL 
Mais um tipo de porte especial que é muito cobrado em prova! 
Quando, por exemplo, alguma autoridade estrangeira realiza alguma visita ao Brasil e necessita 
que seus seguranças ingressem no país armados, a autorização do porte é de competência do 
Ministério da Justiça. 
A CESPE, em 2013, no concurso da PRF, “disse” que a competência era do Ministro da Justiça! 
Olha que “pegadinha”! 
 
Art. 9º Compete ao Ministério da Justiça a autorização do porte de arma para os responsáveis 
pela segurança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e, ao Comando do 
Exército, nos termos do regulamento desta Lei, o registro e a concessão de porte de trânsito de 
arma de fogo para colecionadores, atiradores e caçadores e de representantes estrangeiros em 
competição internacional oficial de tiro realizada no território nacional. 
 
Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: PRF 
Supondo que determinado cidadão seja responsável pela segurança de estrangeiros em visita ao Brasil 
e necessite de porte de arma, a concessão da respectiva autorização será de competência do ministro 
da Justiça. 
Gabarito:7 
 
Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: STF 
A autorização de porte de arma para os responsáveis pela segurança de cidadãos estrangeiros em visita 
ao Brasil ou aqui sediados é de responsabilidade do Ministério da Justiça. 
Gabarito:8 
 
 
 
 
 
 
7 Errado. 
8 Certo. 
 
21 
 
Ano: 2014 Banca: CESPE Órgão: Câmara dos Deputados Prova: Analista Legislativo 
Julgue o seguinte item, acerca de crimes relacionados a arma de fogo e à propriedade industrial. 
Se um indivíduo que não possua porte de arma de fogo transportar, a pedido de um amigo que 
possua o referido porte, munição de uma arma de fogo e, estando sozinho nessas circunstâncias, for 
encontrado pela polícia, tal fato configurará crime previsto em lei. 
Gabarito:9 
 
CAC - COLECIONADORES, ATIRADORES E CAÇADORES 
No caso de o registro e concessão de porte de trânsito de arma de fogo para colecionadores, 
atiradores e caçadores e de representantes estrangeiros em competição internacional oficial de tiro 
realizada no território nacional, a competência é do Comando do Exército. 
 
Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2º desta Lei, compete ao Comando do 
Exército autorizar e fiscalizar a produção, exportação, importação, desembaraço alfandegário e 
o comércio de armas de fogo e demais produtos controlados, inclusive o registro e o porte de 
trânsito de arma de fogo de colecionadores, atiradores e caçadores. 
 
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: ABIN 
Compete à Polícia Federal a autorização de porte de arma de fogo de uso permitido em todo território 
nacional, ao Ministério da Justiça a autorização aos responsáveis pela segurança de cidadãos 
estrangeiros em visita ao Brasil e ao comando do Exército a autorização para o porte de trânsito de 
arma de fogo para colecionadores, atiradores e caçadores e de representantes estrangeiros em 
competição internacional oficial de tiro realizada no território nacional. 
Gabarito:10 
 
 
 
 
 
 
 
9 Certo. 
10 Certo. 
 
22 
 
DOS CRIMES E DAS PENAS 
 
ASPECTOS GERAIS DOS CRIMES DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO 
Vamos esquematizar os aspectos gerais dos crimes do Estatuto do Desarmamento. Não deixem 
de prestar atenção pois serão conceitos importantes para entendermos algumas considerações sobre 
os objetos materiais! 
 
BENS JURÍDICOS PROTEGIDOS 
➢ Objeto jurídico imediato: 
Segurança Coletiva (Segurança Pública, Incolumidade Pública, Paz Pública) 
➢ Objetos jurídicos mediatos/secundários: 
Vida, saúde, patrimônio, incolumidade física. 
 
ELEMENTO SUBJETIVO 
Os crimes do Estatuto do Desarmamento são, em regra, praticados de forma dolosa. 
A exceção é justamente o único crime culposo do Estatuto do Desarmamento – o crime de 
Omissão de Cautela (art. 13, caput). 
 
AÇÃO PENAL 
Ação Penal Pública Incondicionada 
 
NATUREZA JURÍDICA DOS CRIMES DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO 
Vamos fazer um resumo sobre o grau de intensidade do resultado almejado por um agente na 
prática de uma conduta: 
➢ Crime de Dano: É aquele que a consumação está condicionada à efetiva lesão ao bem 
jurídico tutelado3. Exemplo; Homicídio. 
➢ Crime de Perigo: É aquela que há uma probabilidade de dano, que não precisa ocorrer para 
a consumação do delito. 
 
23 
 
• Crime de Perigo Abstrato: Os tipos penais descrevem apenas um comportamento e 
criminalizam a conduta de quem realiza. Não há necessidade de lesão ou perigo de lesão 
a bem jurídico. Não é necessário um resultado específico. A ofensividade já está na 
própria norma. Exemplo: Portar drogas. 
• Crime de Perigo Concreto: A suposta situação de perigo gerada ao bem jurídico deve 
ser comprovada no caso concreto. A simples realização da conduta não a tipifica, mas a 
realização da conduta e a comprovação da situação de perigo gerada por ela no caso 
concreto, sim. Exemplo: Dirigir em CNH. Art. 309 CTB. 
 
Art. 309 - Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação 
ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano 
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa 
 
É majoritário o entendimento do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça 
segundo o qual os crimes do Estatuto do Desarmamento são de perigo abstrato ou presumido, 
significando que sua ofensividade já está presumida na própria lei. Ou seja, para que exista o crime não 
há necessidade de uma situação real de perigo para alguém. 
Assim, todos os crimes do Estatuto do Desarmamento são de perigo abstrato. 
 
“os crimes previstos na Lei de Armas são crimes de perigo abstrato, em que se presume a 
potencialidade lesiva, razão pela qual é dispensável a análise a respeito da potencialidade lesiva da arma ou 
da munição apreendida, tampouco a demonstração de perigo concreto à sociedade.” 
STJ, 07/08/2017. 
 
Ano: 2019 Banca: MPE-SC Órgão: MPE-SC Prova: MPE-SC - Promotor de Justiça 
O crime de porte de arma de fogo (art. 14 da Lei n. 10.826/2003) é um crime de perigo concreto. 
Gabarito:11 
 
Antes de estudarmos os crimes e as penas, é de fundamental importância que a gente estude os 
OBJETOS MATERIAIS! 
Nesse quesito, em especial, temos uma vasta JURISPRUDÊNCIA que é muito cobrada em prova! 
Observem que há muitos julgados e informativos importantes do ano de 2020! 
 
11 Errado. 
 
24 
 
OBJETO MATERIAL 
Objeto material é a pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta delituosa. Esse conceito é o 
mais amplamente difundido e pacífico perante a doutrina. Por exemplo, no crime de homicídio qual é 
“a pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta delituosa”? Fácil, não? É o ser humano vivo, o “alguém” 
do art. 121 do Código Penal (CP). 
Em regra, os crimes do Estatuto do Desarmamento possuem como objeto material: 
• Arma de Fogo 
• Acessório 
• Munição 
 
Há 3 crimes no Estatuto do Desarmamento que não possuem como objeto material a arma, acessório 
ou munição deforma alternativa. 
O crime de Omissão de Cautela (art. 13, caput) tem como objeto material apenas a arma de fogo. 
O crime de Disparo de Arma de Fogo (art. 15) possui como objeto material a arma de fogo e a 
munição, não incluindo o acessório. 
No art. 16, parágrafo 2, encontramos as figuras equiparadas do art. 16 (Porte Ilegal de Arma) e dentre 
os seus incisos encontramos objetos materiais diversos. Iremos analisar! 
 
ARMA DE FOGO 
Uma arma de fogo é um tipo de arma capaz de disparar um ou mais projéteis em alta velocidade 
através de uma ação pneumática provocada pela expansão de gases resultantes da queima de um 
propelente de alta velocidade 
Atenção: Jamais confunda arma de fogo com arma de pressão! 
Vamos ver conceitos existentes no Decreto nº 10.030/2019: 
➢ Arma de fogo: arma que arremessa projéteis empregando a força expansiva dos gases, 
gerados pela combustão de um propelente confinado em uma câmara, normalmente 
solidária a um cano, que tem a função de dar continuidade à combustão do propelente, 
além de direção e estabilidade ao projétil. 
➢ Arma de pressão: arma cujo princípio de funcionamento é o emprego de gases 
comprimidos para impulsão de projétil, os quais podem estar previamente armazenados 
em uma câmara ou ser produzidos por ação de um mecanismo, tal como um êmbolo 
solidário a uma mola. 
 
25 
 
 
Por razões obvias, as armas brancas (artefatos cortantes ou perfurantes, possuindo ou não 
lâmina) não constituem objeto material dos crimes do Estatuto do Desarmamento. 
 
➢ REALIZAÇÃO DE PERÍCIA NA ARMA 
Por mais que a doutrina não concorde, de acordo com os Tribunais Superiores, o exame pericial 
na arma é DISPENSÁVEL e PRESCINDÍVEL para a comprovação da potencialidade lesiva da arma. A 
falta do exame pericial pode ser suprida por outros meios de prova. 
Assim, caso um acusado alegue que, em um determinado caso concreto, ele tenha usado uma 
arma de brinquedo, será dele o ônus de provar. (2) 
Por ser um crime de perigo abstrato, é dispensável, para a sua configuração, a realização de 
exame pericial a fim de atestar a potencialidade lesiva da arma de fogo apreendida. 
 
“O posicionamento perfilhado pelo Tribunal de origem coaduna-se com a jurisprudência deste Superior 
Tribunal de Justiça, que é no sentido de que o crime previsto no art. 14 da Lei n. 10.826/2003 é de perigo 
abstrato, sendo desnecessário perquirir sobre a lesividade concreta da conduta, porquanto o objeto 
jurídico tutelado não é a incolumidade física, e sim a segurança pública e a paz social, colocadas em 
risco com a posse da arma de fogo, ainda que desprovida de munição, revelando-se despicienda a 
comprovação do potencial ofensivo do artefato através de laudo pericial.” 
STJ, Quinta Turma, 23/10/2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
➢ LAUDO PERICIAL REALIZADO 
Caso a perícia seja realizada, existirá o vínculo quanto a inaptidão absoluta da arma em produzir 
disparos. 
 
INFORMATIVO 544/STJ 
Não está caracterizado o crime de porte ilegal de arma de fogo quando o instrumento apreendido 
sequer pode ser enquadrado no conceito técnico de arma de fogo, por estar quebrado e, de acordo com laudo 
pericial, totalmente inapto para realizar disparos. 
 
JURISPRUDÊNCIAS EM TESES - STJ n.º 108/18 (3)12 
Demonstrada por laudo pericial a inaptidão da arma de fogo para o disparo, é atípica a conduta de 
portar ou de possuir arma de fogo, diante da ausência de afetação do bem jurídico incolumidade pública, 
tratando-se de crime impossível pela ineficácia absoluta do meio. 
REsp 1726686/MS, 22/05/2018 
HC 445564/SP, 15/05/2018 
HC 411450/RJ, Rel. 13/03/2018 
REsp 1709398/BA, 06/03/2018 
 
Apesar de ser dispensável, caso a perícia tenha sido realizada e o laudo pericial confeccionado 
atestar a incapacidade absoluta de produzir disparos (arma inapta), ele será vinculado e tornará o fato 
atípico. 
“Não está caracterizado o crime de porte ilegal de arma de fogo quando o instrumento apreendido 
sequer pode ser enquadrado no conceito técnico de arma de fogo, por estar quebrado e, de acordo com laudo 
pericial, totalmente inapto para realizar disparos” 
397.473/DF, 19.08.2014, informativo 544 
STJ 15.09.2015, Informativo 570. 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 STJ. Jurisprudências em Teses - STJ. http://www.stj.jus.br/. [Online] 
http://www.stj.jus.br/internet_docs/jurisprudencia/jurisprudenciaemteses/Jurisprud%C3%AAncia%20em%20teses%20102%20-
%20Estatuto%20do%20Desarmamento%20-%20I.pdf. 
 
27 
 
➢ ARMA DEFEITUOSA 
Como vimos anteriormente, apesar dos crimes do Estatuto do Desarmamento serem de perigo 
abstrato, em que não há necessidade de lesão ou perigo de lesão a bem jurídico, entende-se que, diante 
de uma arma defeituosa ou quebrada – DESDE QUE SEJA ATESTADA EM PERÍCIA OU EXAME DE 
CORPO DE DELITO A INAPTIDÃO PARA PRODUZIR DISPAROS, deve ser reconhecida a atipicidade. 
(2) 
Se a arma de fogo é absolutamente incapaz de realizar disparos é uma hipótese de crime 
impossível, por ineficácia absoluta do objeto. (2) Repare que a incapacidade deve ser absoluta para 
ser crime impossível, jamais “incapacidade relativa”. Se a incapacidade for considerada relativa, a 
conduta será típica! Cuidado com questões de prova! 
 
➢ ARMA DESMUNICIADA OU DESMONTADA 
Para a configuração dos crimes é considerada objeto material a arma de fogo independentemente 
de estar carregada ou montada. Assim, até mesmo a arma desmontada é considerada objeto material. 
 
“Este Superior Tribunal de Justiça tem jurisprudência pacificada no sentido de que o porte ilegal de 
arma de fogo desmuniciada ou desmontada configura hipótese de perigo abstrato, bastando apenas a 
prática do ato de levar consigo para a consumação do delito. Dessa forma, eventual nulidade do laudo pericial, 
ou até mesmo a sua ausência, não impede o enquadramento da conduta.” 
STF (HC 119154/BA) e STJ (HC 248580/2014) 
Ainda que a arma esteja desmuniciada e que não esteja gerando situação de perigo real no momento é 
CRIME, pois o crime é de perigo abstrato. 
STJ (1400337/2013) e STF (RHC 117566/2013) 
 
ARTIGO 14 DA LEI 10.826/03. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. ARMA 
DESMUNICIADA. TIPICIDADE DA CONDUTA. PRECEDENTES. ORDEM DENEGADA. 
O crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido é de mera conduta e de perigo abstrato, 
consumando-se independentemente da ocorrência de efetivo prejuízo para a sociedade, sendo que a 
probabilidade de vir a ocorrer algum dano é presumida pelo tipo penal. (...). É irrelevante para a tipificação 
do art. 14 da Lei 10.826/03 o fato de estar a arma de fogo municiada (...). 
STF, HC 107.447/ES, 03.06.2011 
 
 
 
 
 
 
28 
 
Observem essa questão da CESPE: 
 
Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-BA Prova: Juiz 
Constatada a utilização de arma de fogo desmuniciada na perpetração de delito de roubo, não se 
aplica a circunstância majorante relacionada ao emprego de arma de fogo. 
Gabarito:13 
 
Aqui temos uma divergência na jurisprudência. 
 
STJ 
Conforme o atual entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o emprego de arma de fogo 
desmuniciada tem o condão de configurar a grave ameaça e tipificar o crime de roubo, no entanto não é 
suficiente para caracterizar a majorante do emprego de arma, pela ausência de potencialidade lesiva no 
momento da prática do crime. 
 
 HC n. 147.939/SP, Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 24/2/2012 
 
AgRg no REsp 1536939/SC, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 
15/10/2015, DJe 05/11/2015 
 
STF 
Ato infracional equiparado a crime de roubo circunstanciado (art. 157, § 2º, I e II, do CP). 
Adolescente condenado a cumprir medida de internação por tempo indeterminado, com a execução 
limitada ao período de 12 meses, conforme artigos 121, caput, §§ 2º e 3º, do ECA. 
A celeuma diz respeito a dois pontos controvertidos: a configuração da violência pelo uso de arma de 
fogo e a possibilidade de internação do adolescente.O TJ/MG alega que a arma tinha potencial lesivo, conforme laudo acostado aos autos após a sentença, 
afirmando que, naquela oportunidade, foi garantido o contraditório à defesa. 
Ainda que a arma não tivesse sido apreendida, conforme jurisprudência desta Suprema Corte, seu 
emprego pode ser comprovado pela prova indireta, sendo irrelevante o fato de estar desmuniciada para 
configuração da majorante. Precedentes. 7. Conforme sentença, o uso de arma de fogo restou comprovado 
pela confissão e depoimento da vítima. Portanto, conforme jurisprudência do STF é despicienda a 
comprovação da potencialidade lesiva, tendo em vista que sua utilização propiciou a subtração do bem 
almejado pelos menores. 
 
RHC 115077, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 06/08/2013, 
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-176 DIVULG 06-09-2013 PUBLIC 09-09-2013 
 
 
13 Certo. Observe que a CESPE adotou o posicionamento do STJ. 
 
29 
 
➢ ARMA COM REGISTRO VENCIDO 
O registro e o Porte possuem prazo de validade e devem ser renovados nos prazos previstos em 
regulamentos ou decretos. 
E se por acaso um indivíduo não renove o registro ou o porte e continue com a arma nas 
atividades permitidas caso o registro ou porte estivessem em validade? 
É fato atípico estar com sua arma em casa ou em seu local de trabalho (proprietário ou 
responsável legal) com registro vencido. Esse entendimento é restrito ao delito de posse ilegal de arma 
de fogo de uso permitido (art. 12 da Lei n. 10.826/2003). 
Porém o mesmo não se aplica ao crime de porte ilegal de arma de fogo (art. 14 da Lei n. 
10.826/2003), muito menos ao delito de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (art. 16 da Lei n. 
10.826/2003). Observem a data desse informativo! 
 
INFORMATIVO 572 do STJ 
Atipicidade da conduta de posse ilegal de arma de fogo de uso permitido com registro vencido. 
 
INFORMATIVO 671 do STJ 
A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça decidiu, no julgamento da Acabo Penal n. 686/AP, que, 
uma vez realizado o registro da arma, o vencimento da autorização não caracteriza ilícito penal, mas 
mera irregularidade administrativa que autoriza a apreensão do artefato e aplicação de multa. 
APn n. 686/AP, relator Ministro Joao Otavio de Noronha, Corte Especial, DJe de 29/10/2015. 
Tal entendimento, todavia, é restrito ao delito de posse ilegal de arma de fogo de uso permitido (art. 12 
da Lei n. 10.826/2003), não se aplicando ao crime de porte ilegal de arma de fogo (art. 14 da Lei n. 
10.826/2003), muito menos ao delito de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (art. 16 da Lei n. 
10.826/2003), cujas elementares são diversas e a reprovabilidade mais intensa. 
885.281-ES, Rel. Min. Antônio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por unanimidade, DJe 
08/05/2020 
 
Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-PA Prova: Juiz 
A inaptidão de arma de fogo para efetuar disparos, ainda que comprovada por laudo pericial, não 
é excludente de tipicidade. 
Gabarito:14 
 
 
 
 
14 Errado. 
 
30 
 
Observem essa questão da prova de Delegado da Polícia Federal 2021: 
 
Ano: 2021 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: Delegado de Polícia Federal 
Com relação aos crimes previstos em legislação especial, julgue o item a seguir. 
É conduta atípica o porte ilegal de arma de fogo de uso permitido com registro de cautela vencido. 
Gabarito:15 
 
➢ ARMA DE BRINQUEDO 
Atualmente, portar ou possuir arma de brinquedo é fato atípico, restringindo-se à seara de 
infração administrativa. 
Mesmo assim, o Estatuto veda a comercialização de armas de brinquedo em seu art. 26: 
 
Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos, 
réplicas e simulacros de armas de fogo, que com estas se possam confundir. 
Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas e os simulacros destinados à instrução, 
ao adestramento, ou à coleção de usuário autorizado, nas condições fixadas pelo Comando do 
Exército. 
 
São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos, réplicas e 
simulacros de armas de fogo, que com estas se possam confundir (art. 26). Esta regra tem exceções, 
quando a réplica ou simulacro se destina a: instrução, adestramento, ou à coleção de usuário 
autorizado. 
Atenção para o fato do caso concreto pois, a despeito de não ser crime o uso da arma de 
brinquedo, a depender do caso concreto, poderá configurar o ROUBO (pela grave ameaça), mas jamais 
será circunstanciado pelo emprego de arma de fogo, pois, obviamente, não é uma arma de fogo. 
 
Não se esqueça, porém, que o uso de simulacro de arma de fogo ou arma de brinquedo configura a 
elementar “ameaça”, caracterizadora do crime de roubo (art.157, caput do CP), mas não uma causa de 
aumento de pena do art.157 §2º. 
 
 
 
15 Errado. 
 
31 
 
➢ ARMA DE PRESSÃO OU “CHUMBINHO” 
Não são consideradas armas de fogo para o Estatuto do Desarmamento e não são objetos 
materiais. 
O fato de uma arma de pressão ou “chumbinho” não serem objetos materiais dos crimes do 
Estatuto do Desarmamento, o comércio é proibido e, sendo assim, a depender do caso concreto, a 
conduta pode ser enquadrada como contrabando (art. 334-A, CP), já que se trata de produto controlado 
ou de proibição relativa. (2) 
 
IMPORTAÇÃO DE ARMA DE PRESSÃO. PROIBIÇÃO RELATIVA. CONFIGURAÇÃO DO CRIME DE 
CONTRABANDO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. 
1. A jurisprudência deste Superior Tribunal tem-se posicionado no sentido de que, a importação não 
autorizada de arma de pressão, ainda que de calibre inferior a 6 (seis) mm, configura crime de contrabando, 
cuja prática impede a aplicação do princípio da insignificância. 2. No crime de contrabando, é imperioso 
afastar o princípio da insignificância, na medida em que o bem jurídico tutelado não tem caráter 
exclusivamente patrimonial, pois envolve a vontade estatal de controlar a entrada de determinado produto 
em prol da segurança e da saúde pública. 3. Também é firme o entendimento de que, para a caracterização do 
delito de contrabando, basta a importação de arma de pressão sem a regular documentação, sendo 
desnecessária a perícia. 
STJ - REsp: 1479836 RS 2014/0229175-2, Relator: Ministro RIBEIRO DANTAS, 18/08/2016 
 
ACESSÓRIO 
De acordo com o Decreto nº 10.030/2019, é considerado acessório de arma de fogo o artefato 
que, acoplado a uma arma, possibilita a melhoria do desempenho do atirador, a modificação de 
um efeito secundário do tiro ou a modificação do aspecto visual da arma. 
São quaisquer objetos que, acoplados à arma: 
• Melhoram o seu funcionamento ou precisão (melhoram o desempenho) (exemplo: luneta, 
mira a laser etc.) 
• Modificam o efeito secundário do tiro (exemplo: silenciador) 
• Alteram o aspecto visual da arma. 
 
Não são consideradas acessórias partes isoladas da arma (cano, cabo etc.), nem objetos que não alteram 
o funcionamento da arma (coldre, por exemplo). 
 
 
 
 
32 
 
MUNIÇÃO 
Munição é o projétil a ser disparado de uma arma de fogo, incluindo o cartucho, que é um tubo 
oco, geralmente de metal, com um propelente no seu interior; na sua parte aberta fica preso o projétil 
e na sua base encontra-se o elemento de iniciação. 
Em regra, a apreensão de até mesmo uma munição seria crime? Sim. É objeto material dos crimes 
do Estatuto do Desarmamento. 
Observe o tópico 01 e 02 do informativo do STJ “jurisprudências em teses”: (3) 
 
JURISPRUDÊNCIAS EM TESES – STJ Nº108 
1) O simples fato de possuir ou portar munição caracteriza os delitos previstos nos arts. 12, 14 e 16 da 
Lei n. 10.826/2003, por se tratar de crime de perigo abstrato e de mera conduta, sendo prescindível a 
demonstração de lesão ou de perigo concreto ao bem jurídico tutelado, que é a incolumidade pública. 
Julgados: 
HC 432691/MG, julgado em 21/06/2018 
HC 433241/RS, julgado em 12/06/2018 
HC 430272/MG, julgado em 24/05/2018 
AgRg no REsp 1708014/RS, julgado em 15/05/2018 
AgRg no REsp1688268/RS, julgado em 19/04/2018 
HC 434093/SP, julgado em 10/04/2018 
 
Porém, os Tribunais têm admitido a aplicação do Princípio da Insignificância em casos de 
apreensão de munição desacompanhadas da arma de fogo. 
 
Após o estudo dos artigos 12, 14 e 16, teremos um tópico específico que abordaremos a aplicação do 
Princípio da Insignificância quando o objeto material for apenas a munição. 
 
Observem os julgados e tenham muita atenção, pois essa mudança de entendimento já estão 
sendo cobradas nas questões! 
Apesar da aplicação no caso concreto do Princípio da Insignificância (peculiaridades do caso 
concreto), a regra, contudo, na jurisprudência do STF é a de que não se reconheça a possibilidade de 
aplicação17. Iremos analisar mais a aplicabilidade do Princípio da Insignificância em um tópico 
específico após o estudo do art. 16. 
 
 
 
 
33 
 
MUNIÇÃO USADA COMO CHAVEIRO OU COLAR 
 
“A natureza do projétil é descaracterizada mediante a utilização em obra de arte ou para confecção de 
chaveiro, colar etc.” 
STJ, 16/05/2017 
 
Vamos ver como essas jurisprudências e os objetos materiais foram cobrados em prova? 
 
Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: DPE-PE 
Tales foi preso em flagrante delito quando transportava, sem autorização legal ou regulamentar, dois 
revólveres de calibre 38 desmuniciados e com numerações raspadas. 
Acerca dessa situação hipotética, julgue o item que se segue, com base na jurisprudência dominante 
dos tribunais superiores relativa a esse tema. 
O fato de as armas apreendidas estarem desmuniciadas não tipifica o crime de posse ou porte ilegal de 
arma de fogo de uso restrito em razão da total ausência de potencial lesivo da conduta. 
Gabarito:16 
 
Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: DPE-DF 
O porte de arma de fogo sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar, 
ainda que a arma esteja desmuniciada ou comprovadamente inapta a realizar disparos, configura 
delito de porte ilegal de arma de fogo. 
Gabarito:17 
 
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-SE Prova: Delegado 
O porte de arma de fogo de uso permitido sem autorização, mas desmuniciada, não configura o delito 
de porte ilegal previsto no Estatuto do Desarmamento, tendo em vista ser um crime de perigo concreto 
cujo objeto jurídico tutelado é a incolumidade física. 
Gabarito:18 
 
 
 
 
 
16 Errado. 
17 Errado. 
18 Errado. 
 
34 
 
Ano: 2014 Banca: CESPE Órgão: TJ-SE 
Segundo atual entendimento do STF e do STJ, configura crime o porte de arma de fogo desmuniciada, 
que se caracteriza como delito de perigo abstrato cujo objeto jurídico tutelado não é a incolumidade 
física, mas a segurança pública e a paz social. 
Gabarito:19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 Certo. 
 
35 
 
CRIMES EM ESPÉCIE 
 
Por questões didáticas, iremos estudar os crimes na sequência abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
ART. 12. POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO 
PERMITIDO 
 
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso 
permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua 
residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular 
ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa. 
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
 
CONDUTA TÍPICA 
A conduta tipificada no art. 12 é a de possuir ou manter a arma/acessório/munição, de uso 
permitido na SUA CASA (interior, dependências) ou LOCAL DE TRABALHO (titular ou responsável 
legal), porém SEM O REGISTRO no órgão competente. 
Obs.: Não se exige a propriedade da arma, basta a “posse” ou “guarda”, estando configurado o 
crime o agente que possuir, por exemplo, a arma de calibre permitido em sua residência sem o 
certificado de registro mesmo que a propriedade da arma não esteja vinculada a ele. 
Obs.: Como vimos anteriormente, o registro estiver vencido é fato atípico. 
 
SUJEITO ATIVO 
O crime do art. 12 é comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa. 
De acordo com a doutrina (2) (4) 20, a segunda parte do dispositivo “ou, ainda no seu local de 
trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa” faria 
referência a um sujeito ativo especial, sendo, então, um crime próprio. 
 
 
 
 
 
 
 
20 Portocarrero, Cláudia Barros e Palermo, Wilson Luiz. Leis Penais Extravagantes. 5º Edição. Juspodivm, 2020. 
 
37 
 
Conceitos importantes trazidos pelo Decreto nº 9.869/2019: 
 
Art. 4º O Certificado de Registro de Arma de Fogo, expedido pela Polícia Federal, precedido de cadastro 
no SINARM, tem validade no território nacional e autoriza o proprietário a manter a arma de fogo 
exclusivamente no interior de sua residência ou nas dependências desta, ou, ainda, de seu local de trabalho, 
desde de que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou pela empresa. 
§ 1º Para fins do disposto no caput, considera-se: 
III - titular do estabelecimento ou da empresa - aquele assim definido no contrato social; e 
IV - Responsável legal pelo estabelecimento ou pela empresa - aquele designado em contrato 
individual de trabalho, com poderes de gerência. 
 
SUJEITO PASSIVO 
O sujeito passivo do delito é a coletividade. Trata-se, portanto, de crime vago. 
 
ELEMENTO ESPACIAL DO TIPO PENAL 
Conforme já visto anteriormente, o registro da arma no órgão competente autoriza seu 
proprietário a mantê-la - exclusivamente - no interior de sua residência, domicílio ou dependência, ou, 
ainda, no seu local de trabalho (ele deve ser o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou 
empresa). 
Podemos dizer então que o tipo penal do art. 12 condiciona a tipificação ao fato da conduta ser 
realizada nesses locais. Conceitos importantes trazidos pelo Decreto nº 9.869/2019: 
 
Art. 4º O Certificado de Registro de Arma de Fogo, expedido pela Polícia Federal, precedido de cadastro 
no SINARM, tem validade no território nacional e autoriza o proprietário a manter a arma de fogo 
exclusivamente no interior de sua residência ou nas dependências desta, ou, ainda, de seu local de trabalho, 
desde de que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou pela empresa. 
§ 1º Para fins do disposto no caput, considera-se: 
I - Interior da residência ou dependências desta - toda a extensão da área particular do imóvel, 
edificada ou não, em que resida o titular do registro, inclusive quando se tratar de imóvel rural; 
II - Interior do local de trabalho - toda a extensão da área particular do imóvel, edificada ou não, em 
que esteja instalada a pessoa jurídica, registrada como sua sede ou filial; 
 
 
 
38 
 
ARMA ENCONTRADA EM BOLEIA DE CAMINHÃO 
O STJ entendeu que o transporte da arma na boleia configurava PORTE, e não POSSE, já que a boleia 
não pode ser considerada casa ou residência e nem local de trabalho para estes fins. 
1. O caminhão é instrumento de trabalho do motorista, um meio físico para se chegar ao fim laboral. 
2. Arma de fogo apreendida no interior da boleia do caminhão tipifica o delito de porte ilegal de arma 
(art. 14 da Lei n. 10.826/2003). 
(…) 
PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO. INTERIOR DE CAMINHÃO. CONFIGURAÇÃO DO DELITO 
TIPIFICADO NO ART. 14 DA LEI 10.826/2003. 
1. Configura delito de porte ilegal de arma de fogo se a arma é apreendida no interior de caminhão. 
2. O caminhão não é um ambiente estático, não podendo ser reconhecido como local de trabalho. 
 REsp 1219901/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMADJe 10/05/2012 
 
Taxi não é local de trabalho do taxista. 
STJ, 6º Turma, 18/08/2013 
 
A posse de arma de fogo em OUTRA RESIDÊNCIA que não a do agente tipifica o crime do art. 14 – Porte 
Ilegal de Arma. 
 
MUITA ATENÇÃO 
Discute-se a possibilidade de o proprietário da arma de fogo registrada PORTÁ-LA no interior de sua 
residênciaou local de trabalho (titular ou responsável legal). 
Segundo Renato Brasileiro2, o registro dá o direito ao proprietário de manter a arma nesses locais 
específicos, porém não dá o direito de o indivíduo portá-la dentro destes locais. Ou seja, o indivíduo não 
poderia circular com seu armamento em sua casa ou seu local de trabalho (titular ou responsável legal). 
 
CONSUMAÇÃO 
O crime se consuma no momento que o objeto material entra na residência ou no 
estabelecimento comercial. Trata-se de crime permanente e de mera conduta (sem modificação no 
mundo exterior). 
Mesmo de difícil acontecimento, a tentativa é possível. (2) 
 
 
 
 
 
39 
 
OBJETO MATERIAL 
Todos de uso PERMITIDO. 
➢ Armas 
• Arma sem munição: Crime 
• Arma desmontada: Crime 
➢ Acessório: 
➢ Munição 
• Recentemente foi aplicado o Princípio da Insignificância a uma apreensão ilegal de 
munição como veremos abaixo: 
• Armas obsoletas (sem potencial lesivo): Crime Impossível. 
 
CONCURSO DE CRIMES 
➢ Posse de mais de uma arma (munição ou acessório) 
• Crime único2, pois o bem jurídico foi atingido uma única vez. Porém, cuidado com 
contextos diversos! (2) Exemplo: Indivíduo possui uma arma na casa da cidade e outra 
na casa de campo. Serão dois crimes do art. 12. 
 
➢ Agente encontrado na rua com uma arma de fogo de uso restrito (art. 16) e depois a 
polícia acha uma arma de uso permitido em sua casa (art. 12). Concurso Material. (2) 
 
➢ Polícia encontra 2 armas na casa de um indivíduo: uma arma permitida (art. 12) e a 
outra restrita (art. 16). 
• O art. 16 absorve o art. 14. (2) 
 
MUITA ATENÇÃO 
Porém, há julgados dos Tribunais superiores reconhecendo a possibilidade de concurso formal dos 
artigos 14 e 16 se forem localizadas armas de fogo de uso restrito e uso permitido, principalmente quando o 
crime do art. 16 vier de uma arma com numeração raspada. Iremos estudá-los quando estivermos estudando 
o art. 16. 
 
➢ Porte de Arma e Homicídio: 
Observe esses dois exemplos que irei abordar e analise as suas diferenças: 
 
40 
 
• Exemplo A: Indivíduo sai de casa com sua arma ilegal para ir para casa distante de um 
amigo. No meio do caminho, se envolve em uma briga de trânsito e mata outro indivíduo. 
O crime de Porte ilegal teve o mesmo contexto que o homicídio? Observe, antes de o 
agente realizar o primeiro disparo durante a briga, o crime de porte ilegal já não estava 
consumado? Há relação de dependência e subordinação? Assim, aplica-se o concurso 
material de crimes, não havendo absorção do porte ilegal pelo homicídio. 
 
• Exemplo B: Um indivíduo desarmado está em um bar bebendo quando observa um 
antigo desafeto no mesmo recinto. Esse indivíduo pega a arma de um terceiro e dispara 
contra o seu desafeto. Observe que há uma relação de subordinação. O crime do porte 
ilegal só existiu para que o homicídio pudesse ter ocorrido no caso concreto. Nesse caso, 
o homicídio irá absorver o porte ilegal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
ART. 14 – PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO 
PERMITIDO 
 
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que 
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, 
acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar: 
Pena – reclusão, de 2 a 4 anos, e multa. 
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo 
estiver registrada em nome do agente. 
 
É muito comum que o aluno fixe no “nome do crime” para buscar a correlação com a conduta 
criminosa. Assim, é comum imaginar que o crime de porte é realizado apenas com a conduta de 
“portar”, o que não é verdade. O crime de “Porte Ilegal de Arma” possui muitos verbos, no total 18, 
sendo, portanto, um tipo misto alternativo, ou seja, um crime de conduta múltipla ou variada 
(plurinuclear). 
A prática de várias condutas no mesmo contexto fático, portanto, configura um crime único. 
Condutas em contextos fáticos diferentes configura concurso de crimes. 
 
CONDUTA TÍPICA 
Como dissemos, embora a denominação legal do delito seja “Porte Ilegal de arma de fogo de uso 
permitido”, existem outras inúmeras condutas típicas. 
As ações nucleares são portar, deter, adquirir, ter em deposito, receber, ceder, transportar, entre 
outras. 
Então, em regra, responde pelo crime do art. 14 aquele que “fornece” arma permitida a alguém, 
aquele que transporta arma permitida, tem em depósito, recebe etc. 
 
SUJEITO ATIVO 
O crime do art. 14 é comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa. 
 
 
42 
 
SUJEITO PASSIVO 
O sujeito passivo do delito é a coletividade. Trata-se, portanto, de crime vago. 
 
CONSUMAÇÃO 
O crime se consuma quando o agente realiza as condutas típicas sem autorização ou em 
desacordo com determinação legal. É um crime de mera conduta. 
Imagine, por exemplo, a situação em que um indivíduo que possui ilegalmente uma arma de uso 
permitido resolve sair de casa e ir ao shopping. Como não possui o respectivo porte, o crime de porte 
ilegal do art. 14 estará caracterizado. 
Caso o mesmo indivíduo não tenha o Registro e seja encontrado em casa, ele responderá pelo art. 
12 (Posse Ilegal de arma). Caso esteja fora desse elemento espacial (casa ou local de trabalho em que 
seja representante legal, por exemplo), responderá pelo art. 14. 
 Em alguns verbos admite-se a tentativa (ex.: tentativa de aquisição de arma de fogo). 
 
ELEMENTO SUBJETIVO 
O elemento subjetivo é o dolo. 
 
BEM JURÍDICO TUTELADO 
Ver “aspectos gerais” no início da nossa aula! 
 
OBJETO MATERIAL 
• Arma de Fogo (de uso permitido) 
• Munição (de uso permitido) 
• Acessório (de uso permitido) 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
INCONSTITUCIONALIDADE DO PARÁGRAFO ÚNICO 
 “O crime previsto neste artigo é inafiançável” 
 
O Tribunal, por maioria, julgou procedente, em parte, a ação para declarar a inconstitucionalidade 
dos parágrafos únicos dos artigos 014 e 015 e do artigo 021 da Lei nº 10826, de 22 de dezembro de 2003. 
Plenário, 02.05.2007. 
Acórdão, DJ 26.10.2007. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
Observem essa interessante questão: 
 
Ano: 2021 Banca: FGV Órgão: PC-RN Prova: Delegado de Polícia Civil 
Vanda, funcionária de uma empresa de segurança particular, recebe de seu chefe, Eric, ordem 
para levar uma arma de fogo a um dos seguranças que estava em serviço e havia esquecido o seu 
equipamento na empresa. Temendo ser demitida, apesar da inexistência de ameaça neste sentido, 
Vanda cumpre a ordem recebida, ciente da conduta criminosa que estaria perpetrando, mas no 
caminho é parada por policiais militares. Considerando os fatos acima narrados, as condutas de ambos 
podem ser assim classificadas: 
A Vanda e Eric praticaram crime de transporte ilegal de arma de fogo, em concurso de pessoas; 
B Eric praticou crime de transporte ilegal de arma de fogo, enquanto Vanda ficará isenta de pena, 
por tratar-se de ordem não manifestamente ilegal; 
C Vanda responderá por transporte ilegal de arma de fogo, enquanto Eric ficará isento de pena, 
pois não praticou qualquer conduta; 
D Eric responderá por transporte ilegal de arma de fogo, enquanto Vanda terá a ilicitude de sua 
conduta afastada, por inexigibilidade de conduta diversa; 
E Eric responderá por transporte ilegal de arma de fogo, enquanto Vanda terá sua culpabilidade 
afastada, pois agiu em estrita obediência hierárquica. 
Gabarito:21 
 
Comentário: Primeiro você deve ter pensado de onde a banca tirou o crime de “Transporte Ilegal de 
Arma de Fogo”. Veja que o art. 14 possui vários verbos, dentre eles o “transportar” os objetos materiais fora 
das condições legais. Algumas bancas pegam esses verbos e fazem o que a FGV fez nessa questão. Vale a 
lembrança para ficarem atentos.

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