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CLASSIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE PLANTAS

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1 
CLASSIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE PLANTAS 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Doença é resultante da interação entre hospedeiro, agente etiológico e ambiente. 
Diversos critérios, baseados no hospedeiro e/ou no agente etiológico, têm sido 
usados para classificar doenças de plantas. 
Quando o hospedeiro é tomado como referência, a classificação reúne as doenças 
que ocorrem numa determinada espécie botânica. Desta forma tem-se, por exemplo, as 
doenças do feijoeiro, do tomateiro, da cana-de-açúcar, etc. 
Esse tipo de classificação tem um caráter prático, pois é de interesse dos técnicos 
envolvidos com cada cultura específica. 
Outra possibilidade é classificar doenças de acordo com a parte ou idade da planta 
atacada. Assim as doenças podem ser agrupadas em doenças de raiz, doenças de colo, 
de parte aérea, etc. 
A classificação de doenças tomando por base a natureza do patógeno define os 
grupos de doenças causadas por fungos, por bactérias, por vírus, por nematóides, etc. 
Este sistema de classificação tem como ponto desfavorável agregar, num mesmo 
grupo, patógenos que, apesar da proximidade taxonômica, atuam de forma diferente em 
relação à planta. 
Como evidência pode-se mencionar o contraste entre uma bactéria que provoca 
murcha (Ralstonia solanacearum), cujo controle estaria mais próximo de uma murcha 
causada por fungo (Fusarium oxysporum) e outra bactéria que causa podridão em 
órgãos de armazenamento (Erwinia carotovora). Esta última teria, do ponto de vista do 
controle, maior similaridade com um fungo causador de podridão (Rhizopus sp.). 
O processo doenças envolve alterações na fisiologia do hospedeiro. 
Com base neste aspecto, George L. Mc.New (1960), propôs uma classificação para 
as doenças de plantas baseada nos processos fisiológicos vitais da planta interferidos 
pelos patógenos. 
Os processos fisiológicos vitais de uma planta, em ordem cronológica, podem ser 
resumidos nos seguintes: 
 
I- Acúmulo de nutrientes em órgãos de armazenamento para o 
desenvolvimento de tecidos embrionários. 
II- Desenvolvimento de tecidos jovens às custas dos nutrientes armazenados. 
III- Absorção de água e elementos minerais a partir de um substrato. 
IV- Transporte de água e elementos minerais através do sistema vascular. 
V- Fotossíntese. 
VI- Utilização, pela planta, das substâncias elaboradas através da fotossíntese. 
 
Assim, de acordo com McNew, o desenvolvimento de uma planta a partir de uma 
semente contida num fruto envolveria várias etapas seqüenciais, como o apodrecimento 
do fruto para a liberação da semente; o desenvolvimento dos tecidos embrionários da 
semente a partir das reservas das mesmas; a formação dos tecidos jovens, como radícula 
e caulículo, ainda a partir das reservas nutricionais da semente; a absorção de água e 
nutrientes minerais pelas raízes; o transporte de água e nutrientes minerais através dos 
vasos condutores; o desenvolvimento das folhas, que passam a realizar fotossíntese, 
tornando a planta independente das reservas da semente; o desenvolvimento completo 
 2 
da planta, tanto vegetativa como reprodutivamente, graças aos materiais sintetizados por 
ela. 
 
Considerando que estes processos vitais podem sofrer interferências provocadas por 
diferentes patógenos, McNew propôs os seguintes grupos de doenças: 
 
Grupo I – doenças que destroem os órgãos de armazenamento. 
 Ex.: podridões de órgãos de reserva, como a podridão mole e a podridão 
seca. 
 
Grupo II - Doenças que causam danos em plântulas. 
 Ex.: tombamento de plântulas causado por Rhizoctonia sp. 
 
Grupo III – Doenças que danificam as raízes ou o colo. 
 Ex.: podridões de raízes ou de colo. 
 
Grupo IV – Doenças que atacam o sistema radicular. 
 Ex.: murchas e cancros 
 
Grupo V – Doenças que interferem com a fotossíntese. 
 Ex.: manchas foliares, ferrugens, oídios, míldios. 
 
Grupo VI – Doenças que alteram o aproveitamento das substâncias fotossintetizadas 
 Ex.: carvões, viroses, doenças associadas a nematóides e algumas 
bactérias. 
 
Esta classificação é conveniente pois, apesar de diferentes patógenos atuarem sobre 
um mesmo processo vital, o modo de ação dos mesmos em relação ao hospedeiro 
envolve procedimentos semelhantes. 
 
Tabela – Grupos de doenças segundo a classificação de McNew, baseado no 
processo fisiológico interferido pelo patógeno. 
 
Grupo Processo 
interferido 
Doenças/sintomas Patógeno Controle 
1 Armazenamento 
de substâncias 
Doenças pós-
colheita, podridões 
moles ou secas em 
sementes, frutos, 
etc. 
Parasitas facultativos ou 
acidentais: 
- Rhizopus spp. 
- Penicillium spp. 
- Erwinia spp. 
- Evitar ferimentos 
- Armazenamento 
adequado 
- Uso de fungicidas 
2 Formação de 
tecidos jovens 
“Damping-off” ou 
tombamento de 
plântulas 
Parasitas facultativos: 
- Pythium spp. 
- Rhizoctonia solani 
- Phytophthora spp. 
- Tratamento do solo 
- Tratamento de sementes 
- Uso de sementes sadias 
- Práticas culturais 
3 Absorção de 
água e 
nutrientes 
Podridões de 
raízes e do colo 
Parasitas facultativos: 
- Fusarium solani 
- Sclerotium rolfsii 
- Thielaviopsis basicola 
- Tratamento do solo 
- Rotação de culturas 
- Cultivares resistentes 
4 Transporte de 
água e 
Murchas 
vasculares com 
Parasitas facultativos: 
- Fusarium oxysporum 
- Tratamento de solo 
- Rotação de culturas 
 3 
nutrientes sintomas externos 
e internos 
- Verticillium albo-atrum 
- Ralstonia solanacearum 
- Cultivares resistentes 
- Controle de nematóides 
5 Fotossíntese a) Manchas e 
crestamentos 
Parasitas facultativos: 
- Alternaria spp. 
- Cercospora spp. 
- Colletotrichum 
gloesporioides 
- Xanthomonas spp. 
- Cultivares resistentes 
- Controle químico 
- Medidas de sanitização 
 b) Míldios Parasitas obrigados: 
- Plasmopara viticola 
- Bremia lactucae 
- Pseudoperonospora 
cibensis 
- Controle químico 
- Cultivares resistentes 
- Medidas de sanitização 
- Rotação de cultura 
 c) Oídios Parasitas obrigados: 
- Oidium spp. 
- Erysiphe spp. 
-Controle químico 
- Cultivares resistentes 
- Medidas de sanitização 
- Rotação de cultura 
 d) Ferrugens Parasitas obrigados: 
- Puccinia spp. 
- Uromyces spp. 
- Hemileia vastatrix 
- Controle químico 
- Cultivares resistentes 
- Medidas de sanitização 
- Rotação de cultura 
6 Utilização das 
substâncias 
elaboradas 
a) Carvões Parasitas obrigados: 
- Ustilago scitaminea 
- Ustilago maydis 
- Entyloma spp. 
- Rotação de cultura 
- Cultivares resistentes 
- Tratamento de sementes 
- Medidas de sanitização 
 b) Galhas Parasitas obrigados e 
facultativos: 
- Plasmodiophora 
brassicae 
- Agrobacterium 
tumefaciens 
- Meloidogyne spp. 
- Cultivares resistentes 
- Rotação de cultura 
- Medidas de sanitização 
- Tratamento do solo 
- Controle biológico 
 c) Viroses Parasitas obrigados: 
- “Tobacco mosaic vírus” 
(TMV) 
- “Cucumber mosaic 
vírus” (CMV) 
- Cultivares resistentes 
- Controle de vetores 
- Eliminação de 
hospedeiros alternativos 
 d) Amarelos 
 Fitoplasmoses 
 Espiroplasmose 
Parasitas obrigados: 
- Fitoplasmas 
- Spiroplasma citri 
- Cultivares resistentes 
- Controle de vetores 
- Eliminação de 
hospedeiros alternativos 
- Uso de tetraciclina 
 
Assim, diversos fungos e diversas bactérias podem causar lesões em folhas; a 
doença provocada por estes patógenos, porém, interfere no mesmo processo fisiológico 
vital, ou seja, a fotossíntese. 
Em adição, doenças pertencentes a um mesmo grupo apresentam características 
semelhantes quanto às diversas fases do ciclo de relações patógeno-hospedeiro, não raro 
apresentando idênticas medidas para o seu controle. 
 4 
Finalmente, este sistema de classificação permite, também, uma ordenação dos 
agentes causais de doença segundo os graus de agressividade, parasitismo e 
especificidade. 
 
 
 
Assim, de um modo geral, à medida que se caminha do grupo I para o grupo VI, 
constata-se maiorgrau de agressividade no patógeno, maior grau de evolução no 
parasitismo e maior especificidade do patógeno em relação ao hospedeiro. 
Em relação à agressividade, os patógenos dos grupos I e II apresentam alta 
capacidade destrutiva, pois em curto espaço de tempo provocam a morte do órgão ou da 
planta atacada; são organismos saprofíticos que, através de toxinas, levam, antes, o 
tecido à morte para depois, colonizá-lo. 
Quanto à evolução do parasitismo, os patógenos encontrados nos grupos V e VI 
são considerados mais evoluídos, pois convivem com o hospedeiro, não provocando a 
sua rápida destruição; ao invés de toxinas, estes patógenos, geralmente, produzem 
estruturas especializadas em retirar nutrientes diretamente da célula, sem, no entanto, 
provocar sua morte imediata. 
A especificidade dos patógenos em relação ao hospedeiro também aumenta do 
grupo I para o VI. Nos primeiros grupos é comum a ocorrência de patógenos capazes de 
atacar indistintamente uma gama de diferentes hospedeiros; por outro lado, nos últimos 
grupos estão presentes patógenos que causam doença apenas em determinadas espécies 
vegetais. 
A ocorrência de raças patogênicas, com especificidade para cultivar, são de 
ocorrência comum nesses grupos superiores.

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