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G R A D U A Ç Ã O
DR. CLAUDIO ROBERTO MAGALHÃES PESSOA
Engenharia
Econômica
Híbrido
GRADUAÇÃO
Engenharia
Econômica
Dr. Claudio Roberto Magalhães Pessoa
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração, Wilson de Matos
Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James
Prestes, Tiago Stachon , Diretoria de Design
Educacional Débora Leite, Diretoria de Graduação
e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de
Permanência Leonardo Spaine, Head de Produção
de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho,
Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros,
Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey,
Gerência de Produção de Conteúdos Diogo
Ribeiro Garcia, Supervisão do Núcleo de Produção
de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Projeto
Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães
Cripaldi, Fotos Shutterstock.
Coordenador de Conteúdo Crislaine Rodrigues
Galan e Fabio Augusto Gentilin .
Designer Educacional Janaína de Souza Pontes e
Yasminn Talyta Tavares Zagonel.
Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira e Talita
Dias Tomé.
Editoração Bruna Stefane Martins Marconato e
Isabela Mezzaroba Belido.
Ilustração Bruno Pardinho e Marcelo Goto.
Realidade Aumentada Kleber Ribeiro, Leandro
Naldei e Thiago Surmani.
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a
Distância; PESSOA, Claudio Roberto Magalhães.
Engenharia Econômica. Claudio Roberto Magalhães Pessoa.
Maringá-PR.: Unicesumar, 2018. Reimpresso em 2021.
208 p.
“Graduação - EAD”.
1. Engenharia 2. Econômica 3. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-1277-4
CDD - 22 ed. 330
CIP - NBR 12899 - AACR/2
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação
CEP 87050-900 - Maringá - Paraná
unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
Impresso por:
PALAVRA DO REITOR
WILSON DE MATOS SILVA
REITOR
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha-
mos com princípios éticos e profissionalismo, não
somente para oferecer uma educação de qualida-
de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-
-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo-
cional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois
cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos
mais de 100 mil estudantes espalhados em todo
o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá,
Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de
300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de
graduação e pós-graduação. Produzimos e revi-
samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil
exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo
MEC como uma instituição de excelência, com
IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os
10 maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos
educadores soluções inteligentes para as ne-
cessidades de todos. Para continuar relevante, a
instituição de educação precisa ter pelo menos
três virtudes: inovação, coragem e compromisso
com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para
os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as
quais visam reunir o melhor do ensino presencial
e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
BOAS-VINDAS
WILLIAM DE MATOS SILVA
PRÓ-REITOR DE EAD
Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co-
munidade do Conhecimento.
Essa é a característica principal pela qual a
Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu-
nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é
importante destacar aqui que não estamos falando
mais daquele conhecimento estático, repetitivo,
local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ-
mico, renovável em minutos, atemporal, global,
democratizado, transformado pelas tecnologias
digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comu-
nicação têm nos aproximado cada vez mais de
pessoas, lugares, informações, da educação por
meio da conectividade via internet, do acesso
wireless em diferentes lugares e da mobilidade
dos celulares.
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace-
leraram a informação e a produção do conheci-
mento, que não reconhece mais fuso horário e
atravessa oceanos em segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer
transformou-se hoje em um dos principais fatores de
agregação de valor, de superação das desigualdades,
propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
Logo, como agente social, convido você a saber
cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e
usar a tecnologia que temos e que está disponível.
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
cultura e transformando a todos nós. Então, prio-
rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação
a Distância (EAD), significa possibilitar o contato
com ambientes cativantes, ricos em informações
e interatividade. É um processo desafiador, que
ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores
oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida
sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que
a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
Janes Fidélis Tomelin
DIRETORIA
EXECUTIVA
DE ENSINO
Kátia Coelho
DIRETORIA
OPERACIONAL
DE ENSINO
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você
está iniciando um processo de transformação,
pois quando investimos em nossa formação, seja
ela pessoal ou profissional, nos transformamos e,
consequentemente, transformamos também a so-
ciedade na qual estamos inseridos. De que forma
o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe-
lecendo mudanças capazes de alcançar um nível
de desenvolvimento compatível com os desafios
que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o
Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa-
nhará durante todo este processo, pois conforme
Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na
transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem
dialógica e encontram-se integrados à proposta
pedagógica, contribuindo no processo educa-
cional, complementando sua formação profis-
sional, desenvolvendo competências e habilida-
des, e aplicando conceitos teóricos em situação
de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como
principal objetivo “provocar uma aproximação
entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita
o desenvolvimento da autonomia em busca dos
conhecimentos necessários para a sua formação
pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de
crescimento e construção do conhecimento deve
ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu-
deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza-
gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas
ao vivo e participe das discussões. Além disso,
lembre-se que existe uma equipe de professores e
tutores que se encontra disponível para sanar suas
dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren-
dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili-
dade e segurança sua trajetória acadêmica.
APRESENTAÇÃO
Prezado Aluno,
Seja bem-vindo à disciplina de Engenharia Econômica.
Ao longo de nossa disciplina, iremos abordar um tema que, a princípio,
pode parecer fora do contexto da engenharia, mas que, ao estudarem e
analisarem o conteúdo, perceberão que está totalmente ligada ao dia a dia
de nós engenheiros.
Ser engenheiro é ser um gestor nato. Não adianta um engenheiro ter somen-
te conhecimentos técnicos da área, pois estará sempre à frente de tomadas
de decisões gerencias e, casoesteja preparado para elas, terá um grande
diferencial como profissional da área.
É de suma importância para um engenheiro conhecer o mercado, entender
qual a sua relação com as organizações, com outras empresas, com outros
países, como elaborar orçamentos, análises de custos e de investimentos que
deverão ser realizados pela organização, na busca de melhores resultados.
Ao longo das unidades, teremos a oportunidade de conhecer o conceito de
economia e qual é o problema fundamental enfrentado por ela. Entende-
remos quais são os fatores de produção e como funciona um fluxo econô-
mico em uma sociedade e como isso afeta o mercado da engenharia. Após
conhecer esses conceitos, entenderemos o que é a engenharia econômica e
qual a sua importância na vida de um engenheiro. Estudaremos conceitos
importantes, como a microeconomia e macroeconomia, que nos permitirão
saber qual a relação entre organizações e mercados.
Após estudarmos uma parte conceitual do tema, aprenderemos ferramentas
da matemática que nos auxiliarão em tomadas de decisão em relação à
parte financeira de projetos, produtos e serviços da área. Serão analisados
o funcionamento de sistemas de amortização de possíveis dívidas empresa-
riais, sistema de capitalização (juros simples e compostos) praticados pelo
mercado. Aprenderemos como são feitas as análises de investimentos com
prazos fixo, variado, e qual é a influência do prazo na análise. Para completar,
conheceremos como fatores externos, como inflação e impostos, afetam o
dia a dia das organizações.
Estou certo que, ao final da disciplina, você estará apto para analisar pos-
síveis investimentos, pagamentos de dívidas, calcular amortização de pro-
dutos vendidos a clientes, entre outras análises que devem ser feitas por
um engenheiro que almeja alcançar melhores resultados operacionais na
sua organização.
Espero que aproveitem bem o conteúdo da disciplina, pois vai ajudá-lo(a)
a ser um profissional diferenciado.
Grande abraço!
Prof. Cláudio Pessoa
CURRÍCULO DOS PROFESSORES
Cláudio Roberto Magalhães Pessoa
Doutor em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com
um período de Doutorado Sanduíche na Universidade do Porto - Portugal, Mestre em Admi-
nistração de Empresas pela Universidade Fumec, MBA em Gestão de Negócios e Tecnologia
da Informação pela Fundação Getúlio Vargas - FGV/BH e OHIO University - USA, Engenheiro
especialista em Sistema de Telecomunicações e Redes de Computadores pelo Instituto Nacio-
nal de Telecomunicações - INATEL, Especialista em Gestão de Sistemas de Telecomunicações
e Redes de Computadores pela Universidade Fumec e Graduado em Engenharia Civil pela
Faculdade de Engenharia da Universidade Fumec. Professor da EMGE - Escola de Engenha-
ria, possui pesquisas nas áreas de Gestão da Informação e do Conhecimento, Segurança da
Informação, Segurança e Infraestrutura de redes de dados e Governança em ferramentas de
Tecnologia das Informações e Comunicação (TIC) e Internet das coisas. Conselheiro da Câmara
Especializada de Engenharia Civil (CEEC) do CREA- MG. Atua como consultor em projetos de
telecomunicações, na área de comunicação de dados, Governança em TIC e alinhamento
estratégico da Gestão Estratégica com a Gestão de Informações e ferramentas TIC há mais
de 20 anos.
Introdução à
Economia
13
Fundamentos
da Engenharia
Econômica
35
Microeconomia
55
Macroeconomia
Matemática
Financeira
77
97
Sistema de
Amortização
119
Série de Pagamentos
Análise de
Investimentos
163
Análise de
Externalidades
185
143
17 Necessidades humanas x fatores de
produção
40 Qual o valor do seu dinheiro ao longo
do tempo?
79 Macroeconomia
147 Fluxo de caixa
Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Dr. Cláudio Roberto Magalhães Pessoa
• Entender o que é economia.
• Compreender qual é o problema fundamental enfrentado
pela economia.
• Conhecer quais são os sistemas econômicos.
• Definir quais são os fatores de produção.
• Compreender o que é e como o fluxo econômico afeta
uma sociedade.
Conceitos Básicos
O Problema
Fundamental da
Economia
Fatores de Produção
Os Fluxos EconômicosSistemas Econômicos
Introdução à Economia
Conceitos
Básicos
Olá, prezado(a) aluno(a), é uma felicidade estar
aqui com você e poder conversar sobre um assun-
to tão instigante e importante para todos nós – a
economia. Nesta unidade, será possível conhecer-
mos um pouco mais sobre os conceitos básicos de
economia, seus problemas e como ela interfere em
nosso dia a dia. Então, vamos lá!
Todos os dias assistimos em telejornais, lemos
notícias na internet (ou até mesmo em jornais im-
pressos) uma seção inteira dedicada à economia.
Na correria do dia a dia, ou mesmo por falta de
interesse, nunca nos questionamos o porquê de
ser dada tanta importância a este tema. E você,
alguma vez já parou para pensar sobre o tema?
Para que seja possível entender bem o conceito
de economia, é importante analisar coisas simples
que fazemos em nosso cotidiano. Todos os dias,
saímos de casa para trabalhar para que possamos
ganhar dinheiro, não é mesmo? Mas, para quê?
Precisamos sobreviver e, para tal, adquirir co-
mida, roupas, veículos, casa etc., pois essas coisas,
além de nos dar conforto, mostram que todo o
esforço nos levou a algum lugar. Porporcionam a
sensação de dever cumprido.
15UNIDADE I
Ao pensarmos nisso, começamos a introduzir
e entender um pouco de economia. Izidoro (2015)
mostra que a palavra economia pode ter vários
significados, a saber:
• Hábito de gastar apenas o necessário:
geralmente é aquela pessoa que gasta
pouco, economiza seu dinheiro e recur-
sos (como água, luz etc.) no dia a dia. São
pessoas que planejam e evitam gastar com
coisas que são supérfluas.
• Atividade que gera dinheiro: é uma ati-
vidade realizada por alguma pessoa visan-
do ganhar dinheiro, tal como trabalhar ou
aplicar dinheiro.
• Economia: segundo Izidoro (2015, p. 3), é
“ciência que estuda a atividade econômica”.
O conceito de economia poderá variar de acordo
com o enfoque e o autor que o define. O conceito
adotado neste livro será o defendido por Mendes
(2012, p. 3), “o estudo da utilização dos serviços
escassos na produção de bens e serviços para sa-
tisfação das necessidades ou desejos humanos”.
Economia é o estudo da utilização dos serviços
escassos na produção de bens e serviços para sa-
tisfação das necessidades ou desejos humanos.
(Judas Tadeu Grassi Mendes)
Este conceito nos permite conhecer a importância
de se falar e entender economia, apresentando o
que foi dito anteriormente e mostrando claramen-
te a relação da economia com o nosso dia a dia.
Outra coisa que é interessante observar no
conceito é que ele já introduz o que estudaremos
no próximo tópico desta unidade, qual é o pro-
blema fundamental da economia? Vamos a ele?
16 Introdução à Economia
Qual seria o problema fundamental estudado pela
economia? Ao lermos o conceito no tópico ante-
rior, já podemos notá-lo: estudo da utilização
dos serviços escassos na produção de bens e
serviços para satisfação das necessidades ou
desejos humanos.
Este é o grande problema que a economia tenta
solucionar. Ao olharmos para o mercado perce-
bemos, de um lado, as pessoas com suas necessi-
dades pela aquisição de bens e/ou serviços que
satisfaçam suas necessidades ou desejos. Do outro,
as empresas que precisam utilizar os fatores de
produção (matéria-prima, mão de obra, infraes-
trutura) com o objetivo de produzir os bens e/ou
serviços necessários para atender a demanda das
pessoas. Surge, portanto, um grande problema:
os recursos limitados x necessidades ilimitadas
das pessoas.
Mas o que seriam os bens e serviços?
O Problema
Fundamental
da Economia
17UNIDADE I
Figura 1 - Necessidades humanas x fatores de produção
X
X
X
BENS: são materiais tangíveis
provenientes de atividades
agropecuárias, industriais,construção civil etc. (MENDES,
2012). Exemplos: automóveis,
imóveis, alimentos, eletrodo-
mésticos etc.
SERVIÇOS: “são produtos in-
tangíveis, resultantes de al-
guma atividade terciárias de
produção” (MENDES, 2012).
Exemplos: Serviço de Consumo
(alimentação, proteção), Servi-
ço de Conveniência (ônibus,
táxi), Serviços de Especialida-
des (dentista, advogado, cabe-
leireiro) etc.
(Judas Tadeu Grassi Mendes)
18 Introdução à Economia
Tenha sua dose extra de
conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.
Outro conceito relevante para destaque é o dos seto-
res (atividades) de produção. É importante entender
que, quando vemos setores distintos, como agrope-
cuária, indústria e serviços, eles estão separados para
que possamos classificá-los quanto ao setor de pro-
dução. Segundo Mendes (2012), essa classificação é
necessária, pois apesar de todas estarem produzindo
bens ou serviços, não utilizam os recursos econômi-
cos e as técnicas de produção na mesma proporção.
Assim, o autor divide os setores como:
• Setor Primário: engloba produtos oriundos
da agricultura, pecuária e extração vegetal.
Exemplos: horticultura, lavouras, criação e
abate de gado, porco, aves, reflorestamento etc.
• Setor Secundário: engloba as indústrias em
geral. Exemplos: construção civil, extração
mineral, produtos alimentícios, química, fia-
ção, tecelagem, calçados, telecomunicações,
transporte, bebidas, fumo etc.
• Setor Terciário: engloba os serviços presta-
dos por pessoas e empresas. Exemplos: co-
mércio, seguradoras, corretoras, hotéis, ba-
res, lanchonetes, manutenção, cabeleireiro,
barbeiro, assistência de saúde, educação etc.
Pare e reflita! No caso das empresas de engenha-
ria que prestam consultoria, em qual dos setores
produtivos você encaixaria?
Pensado dessa forma, é possível perceber que a
economia entra como fonte importante de “me-
diação” nos momentos de conflito. Por exemplo,
imagine que você resolveu adquirir um carro.
Hoje, temos no mercado várias marcas e mode-
los de carros que nos deixam em uma situação
complicada para tomar a decisão. Tudo isso vem
do desejo que existe em nós para aquisição de
novos bens/serviços. Porém existe algo que irá
limitar a sua capacidade de escolha: quanto você
tem para gastar?
Surgem, então, as grandes perguntas debatidas
por todos os autores da área da economia:
• O que e quanto produzir?
Devemos produzir mais bens de consumo
ou bens de capital? E quanto?
• Como produzir?
Aqui já se trata de uma questão de eficiên-
cia produtiva. Deve ser refletida pelas or-
ganizações para poder atender a demanda
ou, até mesmo, evitar desperdícios.
• Para quem produzir?
Nesse caso, é importante entender como
será a distribuição de renda gerada pela eco-
nomia e quais serão os setores beneficiados.
Essas perguntas são de extrema importância no mercado, pois tudo isso influencia diretamente na
economia. Para responder essas perguntas é importante entendermos os sistemas econômicos. Vamos
debater sobre eles a seguir.
19UNIDADE I
Muito ouvimos em conversas nos dias de hoje a
discussão sobre o melhor sistema a ser utilizado
pelo governo: socialista ou capitalista? Mas, e você,
já parou para pensar qual seria a diferença entre
os sistemas? Vamos analisá-los!
Segundo Mendes (2012, p. 12), o sistema eco-
nômico é “formado por um conjunto de organi-
zações cujo funcionamento faz com que os re-
cursos escassos sejam utilizados para satisfazer as
necessidades humanas”. Para Vasconcelos (2015),
os sistemas econômicos são como a sociedade se
organiza para do ponto de vista econômico. Por-
tanto, podemos entender que sistemas econômi-
cos funcionam para definir como a sociedade fará
para gerenciar os problemas básicos da economia.
Sistema econômico é formado por conjunto de
organizações, cujo funcionamento faz com que
os recursos escassos sejam utilizados para satis-
fazer as necessidades humanas.
(Judas Tadeu Grassi Mendes)
Sistemas
Econômicos
20 Introdução à Economia
Segundo Vasconcelos (2015), a economia de mer-
cado poderá ser dividida, basicamente, em dois
sistemas:
• Economia de mercado (ou descentralizada).
• Economia planificada (ou centralizada).
Ainda segundo Vasconcelos (2015), todos
os países possuem um tipo de economia de
mercado, pois será ela que regulará o fun-
cionamento da economia. Vamos entender
como funciona cada uma?
Economia de Mercado - o sistema de economia
de mercado se divide, ainda, em:
• Sistema de concorrência pura (sem in-
tervenção do governo): esse sistema se ba-
seia na ideia que o mercado deverá resolver
as questões econômicas fundamentais. O
estado seria responsável por outros setores
como justiça e segurança. Segue a base do
liberalismo econômico. Nesse caso, o pre-
ço irá promover o equilíbrio do mercado
(Figura 2).
As críticas que existem sobre esse sis-
tema seriam: uma grande simplificação
da realidade; o mercado sozinho não pro-
moverá a perfeita alocação de recursos e
distribuição de renda; os preços poderão
variar em função de sindicatos, poder de
monopólios e/ou oligopólios (VASCON-
CELOS, 2015).
Um bom exemplo a ser dado para
o sistema de concorrência pura é o
mercado hortifrutigranjeiro, pois nele
são os produtores e seus clientes, basi-
camente, que irão definir o preço dos
produtos.
Figura 2 - Funcionamento da concorrência pura
Fonte: o autor.
21UNIDADE I
• Sistema de concorrência Mista: basica-
mente, a diferença das duas é exatamen-
te a participação do governo para evitar
possíveis abusos no mercado. Segundo
Vasconcelos (2015), depois da revolução
industrial, perdurou por muito tempo o
sistema muito similar ao de concorrência
pura. Porém, no século XX, com o surgi-
mento (e crescimento) dos sindicatos, mo-
nopólios e oligopólios aliados, ainda, à crise
financeira dos anos 30, foi possível perceber
que o mercado sozinho não resolveria as
questões primordiais da economia. Surge,
então, a necessidade da atuação do setor
público, que se dá de várias formas, a saber:
• Formação de preços (impostos etc).
• Complemento à iniciativa privada (in-
fraestrutura, energia, estradas etc).
• Fornecimento de serviços públicos (ilu-
minação, água, esgoto etc).
• Fornecimento de bens públicos não
vendidos no mercado (educação, jus-
tiça, segurança).
• Compra de bens e serviços do setor
privado.
• Economia Planificada (centralizada): no
caso da economia centralizada, todo o con-
trole da economia está nas mãos do governo.
Segundo Vasconcelos (2015), é o governo
quem resolverá os problemas fundamen-
tais da economia. Os meios de produção
(máquinas, residência, terra, matéria-prima,
entidades financeiras etc.) são do estado; já
os “meios de sobrevivência” (roupas, carros,
televisores) pertencem aos indivíduos.
Sendo assim, a diferença básica entre os dois sistemas
econômicos se resume em dois aspectos básicos:
• Propriedade pública x propriedade privada
dos meios de produção.
• Como resolver os problemas fundamentais
da economia: mercado x governo (Figura 3).
Figura 3 - Sistemas econômicos
Fonte: adaptada de Vasconcelos (2015).
22 Introdução à Economia
Vários autores costumam tratar dos sistemas
econômicos como comunismo, capitalismo e
socialismo. Segundo Vasconcelos (2015), é im-
portante não confundir os sistemas econômicos
com regimes políticos, que são esses adotados pelo
governo de todos os países. Não é objetivo desse
livro comparar as formas de governo, o que seria
uma boa pesquisa para o aluno.
Você pode observar, no Quadro 1, uma forma
humorística de tratar os regimes políticos, apre-
sentada por Mendes (2012).
Socialismo Você tem duas vacas. O Estado
lhe toma uma e a dá a alguém.
Comunismo Você tem duas vacas. O Estado
lhe toma as duas e lhe dá o leite.
Facismo Você tem duas vacas. O Estado
toma as duas e lhe vende o leite.
Nazismo Você tem duas vacas. O Estado
lhe toma as duas e mata você.
Capitalismo Você tem duas vacas. Você ven-
de uma e compra um touro.
Quadro 1 - Regimespolíticos
Fonte: Mendes (2012).
23UNIDADE I
Para entendermos, agora, como funciona o fluxo
econômico, é importante conhecermos quais são
os fatores de produção. Segundo autores como
Vasconcelos (2015), Mendes (2012), Silva (2014)
e Izidoro (2015), pode-se afirmar que os fatores de
produção são importantes para que as empresas
possam fornecer os bens e/ou serviços necessários
que atendam às demandas das pessoas. Basica-
mente são divididos da seguinte forma:
• Recursos naturais: são os elementos da
natureza que poderão ser utilizados de
alguma forma na economia. Como exem-
plos, temos a matéria-prima, rios, oceanos,
fontes de energia (água, sol, vento) etc.
• Mão de obra: no caso da mão de obra,
podemos considerar aquelas pessoas que
estão disponíveis para trabalharem. É im-
portante considerar, aqui, as populações
economicamente ativas (PEA). A mão de
obra poderá ser própria ou terceirizada.
Os Fatores
de Produção
24 Introdução à Economia
PEA (População economicamente ativa) = Habi-
tantes - (crianças + idosos).
• Capital: são os bens materiais produzidos
pelo homem e que são utilizados na pro-
dução. Para Izidoro (2015), não existe o
fator capital sem o fator trabalho humano,
pois esse só será possível existir se existir
trabalho. Como exemplo, podemos citar
edificações, instalações, máquinas e equi-
pamentos, capacidade tecnológica, geren-
cial, financeira etc.
Os fatores de produção têm uma função primordial
na economia, pois são condição Sine qua non para
o bom funcionamento de qualquer organização. Por
conta disso, merecem uma atenção especial, por par-
te dos gestores, no momento de elaborarem as estra-
tégias da organização. Não adianta nada uma boa
estratégia sem que se faça uma análise da possibilida-
de de obter todos os fatores de produção necessários
para colocar em prática as estratégias escolhidas.
25UNIDADE I
Para que possamos fechar o nosso tópico de
Introdução à Economia, é necessário entender
como ela interage diretamente em nosso dia a
dia. Assim, será possível perceber como estamos
envolvidos com isso e nem percebemos, pois a
coisa acontece naturalmente.
Para ilustrar essa interação, a forma mais clara
de entendimento é analisar o fluxo que Ferreira
(2015) chamou de fluxo de troca do sistema eco-
nômico. Nós adotaremos, neste livro, o nome de
Fluxo econômico.
No fluxo econômico, é primordial que se avalie
o papel de cada agente econômico e como eles se
interagem. Os agentes econômicos são: as famí-
lias, as empresas, o mercado de bens e serviços,
o mercado de fatores produtivos, o governo, o
mercado financeiro etc., ou seja, todos aqueles que
estão envolvidos de alguma forma nesse contexto,
conforme mostrado na Figura 4.
Fluxos
Econômicos
26 Introdução à Economia
Conforme visto no Tópico 3 (Sistemas Econômi-
cos), nós vivemos em um país que adota o capita-
lismo como regime político. Este, por sua vez, está
enquadrado no sistema de concorrência mista,
em que o governo tem um papel importante para
regular o mercado, portanto a análise será feita
sob essa óptica.
Podemos notar que temos dois fluxos na
figura, o fluxo real e o fluxo monetário. Co-
meçaremos a análise pelo fluxo real. Segundo
Ferreira (2015), o fluxo econômico se iniciará
pelas famílias, que ofertam os fatores de pro-
dução (trabalho, capital, terra) ao mercado, que
são fatores primordiais para que as empresas
consigam produzir. As empresas demandam es-
ses fatores de produção e oferecem às famílias
os produtos e/ou serviços que são produzidos
por elas. Desse modo, fechar um primeiro ciclo,
uma vez que esses produtos e/ou serviços são
demandados pelas famílias.
Por outro lado, para que as famílias adqui-
ram os produtos e/ou serviços das empresas, é
necessário ter dinheiro (renda). Surge, portanto,
a moeda (Fluxo Monetário). No momento em
que contratam as pessoas (famílias) como mão
de obra, torna-se possível pagá-las pelo serviço
prestado. Assim, gera-se a renda necessária para
sobrevivência das famílias. Portanto, as famílias,
buscando satisfazer suas necessidades, irão até as
empresas demandando produtos e/ou serviços;
retornando, portanto, a moeda (despesas) às em-
presas e permitindo, desse modo, que elas tenham
condições de pagarem as pessoas. Essa relação
empresa/famílias funciona, portanto, como uma
simbiose, em que um depende do outro, visando
sua sobrevivência.
Figura 4 - Fluxo Econômico
Fonte: o autor.
27UNIDADE I
Surge, também, dentro desse fluxo, o governo
que, além de controlar o mercado evitando pos-
síveis desajustes, tem, também, um papel central
na relação. O governo contrata mão de obra das
famílias e também contrata serviços e produtos das
empresas. Com isso, é um grande contribuidor para
aumentar a renda e receita de empresas e famílias,
mas, por outro lado, a maior parte da receita do
governo é oriunda dos tributos, mas os Estados e
Municípios recebem capital financeiro do governo
Federal. Além disso, temos as empresas públicas que
vendem bens e serviços. Ele é obrigado a cobrar
impostos sobre serviços e produtos, visando a sua
própria sobrevivência. Com isso, contribui para
diminuir a renda das famílias e receita das empre-
sas. Portanto, é de suma importância que o governo
ajuste os valores de impostos sob pena de, ao invés
de ajudar a controlar a economia, pode ser fonte de
problemas ao retirar o dinheiro do mercado.
Por fim, como visto na figura, existe o mercado
de capitais. Nesse mercado, encontram-se bancos
e instituições que permitam que, tanto as empresas
quanto as famílias possam aplicar o seu dinhei-
ro, buscando aumentar a renda com o mercado
financeiro. Trata-se de um mercado em que a taxa
de juros sobre o dinheiro aplicado fará com que o
dinheiro renda (cresça) e gere mais receita para seu
investidor. Como isso acontece?
Veremos com detalhes na Unidade V, na qual
estudaremos sistemas de capitalização.
Ao analisarmos o fluxo econômico, é possível
perceber o quanto a economia influencia nossas
vidas e como estamos inseridos em um contexto
importante para sobrevivência de uma socieda-
de. Sem a existência do fluxo e de seus agentes, se-
ria praticamente impossível controlar o mercado
e fazer com que as relações aconteçam, de forma
quase que transparente, para todos os envolvidos.
Chegamos, aqui, ao fim da nossa primeira
unidade. Só recapitulando, nosso objetivo nesta
unidade era conhecer um pouco mais sobre os
conceitos básicos de economia e qual é o pro-
blema fundamental enfrentado por ela. Tam-
bém procuramos conhecer quais são e como
funcionam os sistemas econômicos existentes;
saber quais são os fatores de produção que irão
movimentar a economia, com seus problemas de
escassez e, por fim, foi possível perceber como
funciona o fluxo econômico em uma sociedade
e como estamos inseridos nele.
Caso não esteja seguro que tenha assimila-
do bem esses conceitos, leia novamente o texto,
buscando assimilar bem os conceitos que serão
importantes ao longo do curso.
28
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
1. Os três problemas econômicos relativos a “o quê”, “como” e “para quem” pro-
duzir existem:
a) Apenas nas sociedades de planejamento centralizado.
b) Apenas nas sociedades de “livre empresa” ou capitalistas, nas quais o problema
da escolha é mais agudo.
c) Em todas as sociedades, não importando seu grau de desenvolvimento ou sua
forma de organização política.
d) Apenas nas sociedades “subdesenvolvidas”, uma vez que desenvolvimento é,
em grande parte, enfrentar esses três problemas.
e) Todas as respostas anteriores estão corretas.
2. Leia atentamente as afirmações a seguir e faça o que se pede:
I) No fluxo monetário da economia, as famílias demandam produtos e serviços
das empresas que, por sua vez, demandam serviços (mão de obra das famí-
lias), fazendo com que o dinheiro circule e gire a economia.
II) O grande problema enfrentado pela economia é a produção de bens e servi-
ços, pois são eles que geramriquezas e fazem com que a sociedade sobreviva.
III) Dentro dos fatores de capital vistos, o mais importante é o capital, pois sem
ele a economia não teria verba e não seria possível manter o seu bom fun-
cionamento.
IV) O sistema de concorrência pura, em que a concorrência do mercado dita as
regras, é o mais comum de ser encontrado. No Brasil, por exemplo, vivemos
em uma democracia e esse sistema permite que as empresas concorram de
forma livre e plena na economia local.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
29
3. Após leitura do texto e reflexão sobre os conceitos básicos da economia, pense
em nosso país e faça uma classificação de nossa economia em relação a: sistema
econômico adotado; principais fatores de produção e os bens/serviços ofertados
por nós para economia mundial. Porque ainda não podemos ser considerados
um país desenvolvido? (Responda em, no máximo, 15 linhas).
30
Economia: Micro e Macro
Autor: Marco Antônio Sandoval de Vasconcellos
Editora: Gen, Atlas
Sinopse: esse livro privilegia o aprendizado ativo do aluno com um texto com-
pacto e, ao mesmo tempo, abrangente. Todos os capítulos contêm questões de
revisão e perguntas com alternativas para serem escolhidas, retiradas de alguns
dos principais concursos públicos, como Receita Federal.
LIVRO
31
DA SILVA, A. O. Economia e Gestão. São Paulo: Pearson, 2014.
FERREIRA, P. V. Análise de Cenários Econômicos. Curitiba: Intersaberes, 2015.
IZIDORO, C. Economia e Mercado. São Paulo: Pearson, 2015.
MENDES, J. T. G. Economia. São Paulo: Pearson, 2012.
VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: Micro e Macro. 6. ed. São Paulo: Gen, Atlas, 2015.
32
1. C.
2. E.
3. Neste caso, é importante entender que, no Brasil, temos um grande problema na economia mundial por
exportarmos matérias-primas (fator de produção) e importamos os produtos e serviços que contêm um
maior Know-How. Esse fator nos coloca em posição desfavorável na economia mundial, pois o valor de
exportação da matéria-prima é baixa em comparação a um produto e/ou serviço que contenha um co-
nhecimento embarcado.
No caso de nosso sistema econômico, adotamos o sistema de concorrência mista, em que existe uma
dependência do governo para regular melhor o mercado.
33
34
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Compreender os fundamentos da engenharia econômica.
• Entender como a engenharia econômica auxiliará nas
tomadas de decisão em análises financeiras.
• Entender como são feitas análises econômicas dentro de
cenários diferentes.
Fundamentos da
Engenharia Econômica
A importância da análise
Econômica
O engenheiro e a engenharia
econômica hoje
Dr. Cláudio Roberto Magalhães Pessoa
Fundamentos da
Engenharia Econômica
Fundamentos da
Engenharia Econômica
Caro(a) aluno(a), na primeira unidade do livro,
os conceitos básicos de economia, os problemas
enfrentados, fatores de produção e fluxo econômi-
co permitiram perceber como estamos inseridos
dentro da economia de uma sociedade e como ela
nos afeta diretamente. É importante, doravante, co-
meçarmos a entender como esses conceitos serão
importantes em nossa vida profissional e pessoal.
Para tal, nesta unidade, vamos entender novos
conceitos ligados à Engenharia Econômica que
nos auxiliarão nas análises de investimentos, ta-
refa de extrema importância na vida de qualquer
engenheiro.
Na unidade anterior, pudemos perceber que
a principal preocupação da economia está foca-
da na escassez, ou seja, como será gerenciado o
mercado de modo que as necessidades ilimitadas
do seres humanos não acabem com os fatores de
produção que são escassos. Agora, é interessante,
uma vez que estamos em um curso de engenharia,
entender o que seria a engenharia econômica e
como ela irá influenciar a nossa vida profissional.
37UNIDADE II
A engenharia econômica tem um papel fun-
damental na vida de um engenheiro. Ao analisar-
mos as atividades desenvolvidas pelo engenheiro,
é possível notar que ele é um gestor nato, pois
trabalhará a maior parte de seu tempo tomando
decisões que afetarão o negócio de sua empre-
sa; esteja ele na obra, departamento de projetos
ou como executivo. É importante salientar que o
impacto da tomada de decisão será maior (ou me-
nor) de acordo com o nível de responsabilidade
que estiver na mão desse profissional.
Portanto é relevante conhecermos o conceito
básico da engenharia econômica. Para Ferreira
(2017, p. 15), a engenharia econômica é
“
um sinônimo, ou até mesmo uma área, da
análise de investimentos, a qual, por sua
vez, é uma área fundamental da atividade
empresarial. Afinal é pela execução de pro-
jetos de investimentos que as empresas e os
empreendimentos ampliam sua capacidade
operacional, sua capacidade de realização
de negócios e seus resultados financeiros e
mercadológicos, assegurando, dessa forma,
sua continuidade.
Em um trabalho interessante desenvolvido por
Nakano (1967), é elaborado um raciocínio visan-
do fazer conexão entre a engenharia e a economia.
Segundo o autor, o grande desafio no desenvolvi-
mento econômico do país é fazer com que as em-
presas entendam que, no mercado atual, a gran-
de força do mercado está nas mãos do mercado.
Hoje, não são mais as empresas que decidem o que
produzir e vender. Claro que todas as empresas
possuem um foco de mercado; porém, uma vez
escolhido o mercado, são seus clientes que irão
definir o que e quando comprarem, uma vez que
o mercado está muito concorrido.
Ainda segundo Nakano (1967), não se pode
esquecer que os fatores de produção são escassos,
como vimos na unidade anterior. Com isso, e com
a dependência da demanda de mercado, a enge-
nharia econômica ganhará força no momento da
tomada de decisão dos gestores para atuarem no
mercado escolhido.
Com essa ideia, Nakano (1967, p. 90) faz uma
conexão interessante de conceitos, ao mostrar que
a engenharia, nesse contexto, tem a grande missão
de desenvolver uma solução “tentando controlar
e dirigir as forças físicas e materiais da natureza
em benefício do Homem”. Por seu lado, a econo-
mia fará todo um estudo em relação aos aspectos
sociais de produção e distribuição de bens e/ou
serviços. Assim, temos a engenharia procurando
a eficiência tecnológica e a economia procuran-
do a eficiência econômica. Desse modo, o autor
conclui que a Engenharia Econômica terá esse
papel fundamental de “harmonizar a eficiência
tecnológica à eficiência econômica”.
A Engenharia Econômica procura subordinar a
técnica de produção, desenvolvida pela Enge-
nharia, aos fins da atividade econômica do Ho-
mem. Leva, assim, em consideração a maneira
de satisfazer as necessidades humanas e o seu
custo de satisfazê-la.
(Yoshiaki Nakano)
38 Fundamentos da Engenharia Econômica
Segundo Ferreira (2017), a
Engenharia Econômica existe
desde o século XIX, porém, no
Brasil, só passou a ganhar força
nos últimos 50 anos engloban-
do conhecimento de economia,
matemática e estatística. Ela tem
como objetivo principal dar res-
postas aos problemas de toma-
da de decisão que resultem na
aplicação eficiente de recursos,
trazendo consigo um retorno do
investimento que atenda à de-
manda das organizações. Para o
autor, a Engenharia econômica
é tão importante nas organiza-
ções, como administração estra-
tégica, marketing, gestão de pro-
cessos, recursos humanos etc.,
pois, sem uma gestão efetiva dos
recursos das organizações, até
mesmo sua sobrevivência pas-
sará a ser um “evento de caráter
aleatório”, em que não poderá
prever quase nada.
Para o autor, todas essas funções podem ser resumidas como “o estudo da rentabilidade comparada
das alternativas” (MACHLINE, 1966, p. 99 apud NAKANO, 1967, p. 91). Sendo assim, é importante,
então, observarmos, nesse momento, as análises econômicas que são utilizadas nas tomadas de decisão.
A Engenharia Econômica utilizaráos raciocínios matemáticos da engenharia, aliados aos conheci-
mentos da economia, para auxiliar os gestores em suas tomadas de decisão de investimentos que
serão realizados na busca de melhores resultados operacionais para as organizações.
Fonte: adaptada de Nakano (1967).
Figura 1 - Funções da Engenharia Econômica
39UNIDADE II
Ao estudarmos a primeira unidade e os conceitos
básicos da Engenharia Econômica, ficou claro, ao
falarmos de economia, que estamos sempre anali-
sando um problema básico que é a escassez de re-
cursos e fatores de produção. É, também, essencial
analisar, no momento da tomada de decisão, as
possíveis variáveis financeiras que permitirão ao
gestor ter uma noção do impacto de sua decisão.
Ao longo deste livro, iremos analisar vários mé-
todos e fórmulas que são utilizadas para esse fim.
Segundo Vasconcellos (2009), a Engenharia
Econômica aplica técnicas que permitem o tra-
tamento de informações, com análises econômi-
cas e matemáticas, e permite tomar decisão entre
alternativas de investimentos, como substituição
de equipamentos, compra ou aluguel de um de-
terminado imóvel etc. Segundo o autor, a análise
prévia do investimento permite a racionalização
dos fatores de produção. Para tal, utiliza-se a ma-
temática financeira que, por sua vez, descreve a
relação do binômio Tempo x Dinheiro.
A Importância da
Análise Econômica
40 Fundamentos da Engenharia Econômica
A relação tempo x dinheiro é de suma importância na análise de investimentos, pois dará aos
gestores uma noção do dinheiro ao longo do tempo. Em outras palavras, ao analisarmos um investi-
mento, principalmente de médio e longo prazo, é necessários que façamos uma análise mais profunda
em relação às variáveis ao longo do tempo, pois, como veremos adiante, a inflação, taxa de juros etc.
poderão depreciar o seu dinheiro, mascarando possíveis perdas futuras. Por isso é mister analisar, em
caso de investimentos, contrair dívidas, o quanto iremos poupar e/ou gastar hoje, para fazer com o
que o retorno desse investimento seja proveitoso no futuro (Figura 2).
Figura 2 - Qual o valor do seu dinheiro ao longo do tempo?
41UNIDADE II
Para que seja feita uma análise com qualidade, Vasconcellos (2009) propõe que sejam
utilizados critérios para tomada de decisão, a saber:
Sem haver alternativas para análises, não faz sentido algum fazê-la. Para que busquemos um
resultado que realmente seja significante para a organização, é preciso que se consiga algumas
alternativas interessantes que nos permita avaliar qual seria a melhor naquele momento.
Devem Haver Alternativas de Investimentos
É importante ter esse critério em mente para evitar perda de tempo com análises que não levarão
a nada. Foque sempre naquilo que diferencia duas alternativas. Se, por exemplo, você for ana-
lisar dois motores e, nesse caso, o consumo dos dois é o mesmo, esse critério perde o sentido
no momento da decisão. É preciso analisar outros fatores que farão a diferenciação entre eles.
Só as diferenças entre as alternativas são válidas
No mercado financeiro não será levado em consideração os gastos passados com determina-
dos produtos ou serviços. Só será levado em consideração o valor de mercado desse bem. Por
exemplo, não adianta nada adquirirmos um carro, investir em diversos acessórios e querer, no
momento da venda, tentar recuperar esse valor gasto. Nem mesmo querer que o carro tenha o
mesmo valor que foi pago no momento da compra. O carro terá o seu valor de mercado daquele
momento. Nenhuma pessoa pagará mais por ele, mas é importante pensar, no momento de se
realizar um investimento, qual seria a perda financeira com esse bem no futuro, pois, caso essa
perda seja significativa, talvez não seja interessante desembolsar esse valor no momento. Talvez
possa existir outro investimento que se justifique nesse momento, por isso é importante analisar
todas as alternativas, como visto no primeiro critério.
Nos estudos econômicos, o passado geralmente não é considerado; interessa-nos
o presente e o futuro
Quando falamos em dinheiro, estamos falando uma língua universal. É muito perigoso, ao se
analisar possíveis investimentos, comparar grandezas ou coisas diferentes, como horas mensais
de mão de obra com Kwh de energia. Sem que se tenha uma linguagem única, a análise se torna
infrutífera, mas é, também, primordial lembrar que existem coisas que são intangíveis, impon-
deráveis. E essas serão complicadas de analisarem em uma tomada de decisão financeira, pois
quando tratamos de matemática, analisamos números de forma fria.
As alternativas devem ser expressas em dinheiro
Todas as vezes que se emprega um dinheiro, existe a possibilidade de se ganhar mais dinheiro com
os juros que renderão em cima desse capital inicial. Essa análise é primordial para se conhecer
e escolher qual seria a alternativa que traria um melhor retorno. Isso vale, também, para investi-
mentos em equipamentos, produtos ou serviços. Sempre é importante, nas tomadas de decisão,
analisar qual seria o retorno do capital caso fosse investido no mercado de capital e comparar
com o retorno do investimento desejado. Isso poderá ser um fator crucial na tomada de decisão.
Sempre serão considerado os juros sobre o capital empregado
42 Fundamentos da Engenharia Econômica
Como visto na Figura 3, todo gestor, no momento de tomar uma decisão ficará com várias dúvidas
que o levarão a buscar informações que os auxiliem nesse momento. É de extrema importância criar
critérios, como os vistos anteriormente, para que, assim, possua um parâmetro que o guiará no sentido
de buscar melhores resultados. Além desses critérios citados, Vasconcellos (2009) chama a atenção,
também, para outros critérios de aprovação de um projeto. No caso dos projetos, o autor cita três di-
mensões que devem ser trabalhadas de forma isolada ou conjunta. São elas:
• Critérios financeiros: no caso dos recursos financeiros, é muito importante a análise dos custos
para prestação do serviço ou fabricação de um produto. Esse é um critério que, muitas vezes,
é esquecido e que, mais adiante, inviabiliza qualquer projeto. Se a empresa não tiver recurso
suficiente para “bancar” os seus custos até o fim, não adiantará em nada ter uma grande receita
a receber lá na frente, pois a empresa morrerá antes. Sua empresa poderá até contrair dívidas,
desde que seja possível amortizá-la em seu fluxo de caixa, mas se não tiver recurso necessário
para pagar as despesas recorrentes, não irá durar muito tempo.
Figura 3 - Critérios para tomada de decisão
43UNIDADE II
O que matará sua empresa não é uma dívida,
mas o seu fluxo de caixa!
• Critérios econômicos: no caso dos recur-
sos econômicos, é fundamental conhecer
qual será a rentabilidade do negócio, ou
seja, qual a relação entre o lucro líquido
em relação ao investimento realizado. Essa
análise permite conhecer, até mesmo antes
da realização do investimento propriamen-
te dito, qual seria o seu retorno. Com isso,
torna-se um critério muito importante na
tomada de decisão.
Você sabe a diferença entre
Lucratividade e
Rentabilidade?
Para acessar, use seu leitor
de QR Code.
• Critério imponderáveis: os critérios im-
ponderáveis são aqueles que não temos
como transformá-los em valor financei-
ro (dinheiro). Como exemplo, podemos
analisar a compra de uma geladeira em
lojas que a financiam em 36x. Utilizando
as fórmulas da matemática financeira (que
veremos mais adiante), é possível perceber
que, ao comparar com o valor à vista, o va-
lor pago daria para comprar mais de uma
geladeira. Essa análise é fria e de critério
puramente matemático. É preciso entender
que, muitas vezes, somente desse modo o
cliente pode equacionar a dívida em seu
fluxo de caixa, comprando, assim, a gela-
deira. À vista, não teria dinheiro para tal
e ficaria sem o produto. Acho que, dessa
forma, fica mais claro de entender o que
seria o critério do imponderável. É pre-
ciso, muitas vezes, levar em consideração
situações que figuramdos dois primeiros
critérios. Às vezes, pode estar ali a resposta
que procura para sua tomada de decisão.
Agora que já conhecemos os conceitos e a impor-
tância da engenharia econômica, é interessante
fazermos um paralelo entre ela e outras ciências.
44 Fundamentos da Engenharia Econômica
Nos dias atuais, a profissão de engenheiro teve
uma mudança brusca, se compararmos aos en-
genheiros do século passado. Quando estudamos
teorias de gestão antigas, como as de Ford, Fayol
e Taylor, vistas em Chiavenato (2014), é possí-
vel perceber que, nessa época, o engenheiro era
responsável, única e exclusivamente, na área téc-
nica, ou seja, era o engenheiro o responsável por
aumentar a produção da empresa, uma vez que,
quando enfrentamos um cenário de pouca con-
corrência, produzir mais é sinônimo de vender
mais. Desse modo, aumentado a produção, con-
sequentemente, aumenta o resultado econômico
da organização.
Após várias décadas de evolução, Peter Druc-
ker, que também pode ser visto em Chiavenato
(2014) como principal autor da teoria neoclássica,
mostra-nos a inversão do mercado. O crescimento
do mercado trouxe consigo a concorrência. Uma
vez existindo concorrência, a inovação passa a
ser algo primordial para sobrevivência das orga-
nizações. O cliente passa a ter em mãos um poder
comparativo de produtos no mercado, o que fará
com que ele escolha aquele produto que melhor
atende às suas necessidade.
O Engenheiro e a
Engenharia Econômica Hoje
45UNIDADE II
Surge, então, a chamada era da informação.
Pessoa e Silva (2016) mostram, com isso, a im-
portância de se preocupar com a gestão da in-
formação, principalmente com aquela que está
diretamente ligada à organização: a demanda de
seus clientes. Caso os gestores, engenheiros, não
se atentem a isso, a organização estará condenada
ao fracasso, pois não tem mais o poder de colocar
no mercado aquilo que ela acha que deve. É aqui
que a Engenharia Econômica deve ter um paralelo
bem definido, com uma relação saudável com
todas as outras ciências.
Qual seria, então, o perfil esperado pelas orga-
nizações em tempos modernos?
O engenheiro deve entender, portanto, que,
hoje, ele irá:
• Tomar decisões de negócio: eu costu-
mo dizer que o engenheiro moderno tra-
balhará 70% do seu tempo com decisões
gerenciais (administrativas e financeiras) e
30% utilizando os seus conhecimentos téc-
nicos. É ele quem está à frente de áreas de
produção das empresas. Sendo assim, deve
procurar conhecer muito bem do negócio
da organização. Não cabe mais somente se
preocupar com área técnica.
• Ter uma exigência de conhecimentos,
habilidades e competências: para po-
der tomar decisões gerenciais, é preciso
aprender a gerenciar informações, de tal
forma que consiga utilizá-la corretamente
no momento oportuno.
Após essa análise crítica de informações, o en-
genheiro deve realizar um estudo de viabilidade,
utilizando todos os conceitos e fórmulas da en-
genharia econômica que estudaremos neste livro,
conhecendo todas as alternativas de investimen-
tos, para, assim, escolher a que adeque melhor às
necessidades da organização.
É importante para o engenheiro ter uma boa
base de conhecimento de economia, devendo
levar em conta coisas como: abordagem de cus-
to-benefício, controle de custos e obtenção de
lucro, conhecimento de informações do merca-
do consumidor (indivíduos, família, empresas) e
acompanhamento de índices de mercado (taxas
de juros, investimentos, poupança). Isso dará a
ele um diferencial competitivo, pois o habilita a
tomar decisões mais precisas.
Nesse aspecto, o engenheiro terá uma vanta-
gem, em relação aos economistas, por exemplo,
por possuir um pensamento lógico e o costume
de gerenciar processos. Isso permite que sua
mente tome decisões de investimento seguin-
do um padrão lógico como o demonstrado na
Figura 4. Claro que não há, aqui, a intenção em
dizer que esse modelo é o ideal para tomadas de
decisão, porém poderá auxiliar os engenheiros,
com menor experiência em gestão, a criarem
o seu próprio modelo que permita enxergar
como poderá agir na busca de decisões mais
precisas.
Como veremos na Figura 4, é importante mu-
darmos o perfil do engenheiro. Hoje, os engenhei-
ros serão cobrados a serem muito mais participa-
tivos em relação ao negócio da organização. Por
mais que ela tenha um pensamento muito técnico,
em que pretende trabalhar somente com projetos
técnicos, é importante perceber que o nível de
conhecimento existente, hoje, é muito grande. Isso
torna impossível a qualquer engenheiro elaborar
projetos grandes (estradas, hidroelétricas, grandes
máquinas, sistemas de geração e distribuição de
energia etc.) sozinhos. Isso o torna dependente
de boas equipes. E, mais uma vez, somente os co-
nhecimentos técnicos não serão suficientes, pois
deverá saber lidar com gestão de equipes – mas
esse já é assunto de outra disciplina.
46 Fundamentos da Engenharia Econômica
Nesta unidade, foi possível percebermos a impor-
tância da engenharia econômica na vida profis-
sional dos engenheiros, em que conhecemos seus
conceitos básicos, critérios e métodos, a importân-
cia da análise de situações, mercados, produtos, re-
cursos etc., no momento da tomada decisão. Ficou
claro que, para o engenheiro ser eficaz nas organi-
zações, o seu nível de conhecimento deverá ir além
de conhecimentos técnicos da área da engenharia.
É claro que, para que possamos fazer essas aná-
lises, é preciso aprender também as ferramentas
e fórmulas da matemática que nos conduzirão a
tomadas de decisões que realmente trarão melho-
res resultados operacionais às organizações. E esse
será o assunto das unidades de agora em diante.
Aguardo você, caro(a) aluno(a), lá!
Figura 4 - Fluxograma de processo de tomada de decisão
Fonte: o autor.
47
1. Leia as afirmações a seguir:
I) Segundo o que aprendemos no texto, ficou claro que, hoje, é importante que
as organizações se preocupem com a estratégia de atendimento à demanda
do mercado. Antes de falar em tecnologia, é preciso traçar estratégias eficazes
e somente depois adequar as tecnologias para suportar o negócio.
II) O mercado, hoje, não busca mais aquele engenheiro que tenha conhecimen-
tos técnicos suficiente para soluções dos problemas de engenharia. Esse
profissional será muito valorizado, pois, caso alinhe esses conhecimentos a
outros de análise de mercado, será possível criar um diferencial que, conse-
quentemente, trará melhores resultados operacionais.
III) A Engenharia econômica utilizará todos os conhecimentos matemáticos e
técnicos dos engenheiros, com fórmulas e pensamento lógico, em análises
econômicas na busca de melhores resultados operacionais.
IV) A Engenharia econômica ganhou força a partir do início do século XX, quando
os grandes engenheiros industriais passaram a ter uma importância ímpar
na busca de melhores resultados operacionais.
V) A grande preocupação da Engenharia econômica é fazer com que as organi-
zações busquem melhores resultados. Para tal, é preciso criar alternativas de
cenários, análises de mercado futuro e análises de problemas imponderáveis,
pois, somente assim, é possível tomar uma decisão de forma eficaz.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I e III estão corretas.
b) Apenas II e IV estão corretas.
c) Apenas I, II e IV estão correta.
d) Apenas II, IV e V estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
48
2. Leia as afirmações a seguir e faça o que se pede:
I) No momento de uma análise de investimentos, é de suma importância que
se avalie todos os pontos e os compare com outras alternativas, como pontos
comuns, positivos, negativos, diferenças etc. Somente assim será possível
tomar uma decisão de qualidade.
II) O critério do imponderável é um dos mais importantes na tomada de decisão.
Ele poderá ser o critério de decisão no momento de se montar as formas de
pagamento de um produto.
III) No caso de análise financeira,um dos critérios de análises financeiras são
as taxas de juros. Elas podem fazer com que você perca dinheiro ao longo
do tempo.
IV) Como estudado nesta unidade, um dos fatores que devem ser muito bem
analisados são as dívidas. Porém uma dívida pode não ser o fator primordial
para fazer com que uma empresa venha a ter prejuízo.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
3. Após leitura da unidade, faça uma pesquisa na internet sobre o tema da ren-
tabilidade e lucratividade. Qual seria, segundo os estudos realizados, a função
de cada uma dessas variáveis em uma análise econômica financeira de um
investimento? Qual das duas é mais importante sobre a óptica do investidor?
49
Coletânea Luso Brasileira VII: Gestão da Informação, Políticas Públicas e
Territórios
Autor: Cláudio R. M Pessoa, Armando Malheiro da Silva.
Editora: Universidade do Porto
Sinopse: esse texto mostra claramente como os gestores devem, hoje, preocupar
primeiro com as informações primordiais para o negócio da organização, para,
depois, planejar as estratégias e tecnologias que irão suportar o planejamento.
Disponível em: <http://www.observatorioueg.com.br/site/luso-brasileira.php>.
LIVRO
50
CHIAVENATO, I. Teoria Geral da Administração: Abordagens, perspectivas e normativas. 7. ed. Manole,
Barueri, São Paulo, 2014. Volume 1.
DA SILVA, A. O. Economia e Gestão. São Paulo: Pearson, 2014.
FERREIRA, M. Engenharia Econômica Descomplicada. Curitiba: Intersaberes, 2017.
NAKANO, Y. Engenharia econômica e desenvolvimento. Rev. adm. empres., São Paulo, v. 7, n. 22, p. 89-112,
mar. 1967. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rae/v7n22/v7n22a05.pdf>. Acesso em: 20 Jul. 2018.
RYBA, A.; LENZI, E. K.; LENZI, M. K. Elementos de Engenharia Econômica. Curitiba: Intersaberes, 2016.
SILVA, A. M.; FREITAS, C. C.; ALMEIDA, F. A. S.; FRANCO, M. J. B. (Orgs.). Gestão da informação, políticas
públicas e territórios. Porto (Portugal): Universidade do Porto, 2016.
VASCONCELLOS, M. A. S. Economia Micro e Macro. Belo Horizonte: Atlas, 2009.
51
1. D.
2. D.
3. Ambos os índices são muito importantes para o investidor, porém, no caso da rentabilidade, a análise é
mais abrangente, pois medirá a capacidade do produto/serviço bancar os investimentos realizados.
52
53
54
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Entender o funcionamento de uma economia em um de-
terminado mercado.
• Estudar a oferta de um determinado local.
• Estudar a demanda de um determinado local
• Compreender como essas variáveis afetam diretamente
o mercado.
Fundamentos da
Microeconomia
Demanda Mercado
Oferta
Dr. Cláudio Roberto Magalhães Pessoa
Microeconomia
Fundamentos da
Microeconomia
Prezado(a) aluno(a), após analisarmos anterior-
mente os conceitos de economia e engenharia
econômica, com a finalidade de criarmos um em-
basamento maior no tema, nesta unidade será
possível analisar o funcionamento de um mer-
cado de uma determinada região. Nesse contex-
to, analisaremos, também, as curvas de demanda
e oferta e, ainda, como elas interagem entre si e
com o mercado. Esperamos, ao fim da unidade,
estarmos aptos para entender o mercado e suas
variáveis.
Vamos entender, agora, como é o funciona-
mento de um mercado em relação a assuntos tão
difundidos: oferta e demanda. O que seriam essas
duas variáveis dentro do contexto econômico?
Como será que afetam o mercado? Ao final desta
unidade, seremos capazes de responder a essas
perguntas com facilidade. Vamos lá, então!
Ao tratarmos do tema economia, é importante
para elucidá-lo melhor e “dividi-lo” em dois con-
ceitos importantes: microeconomia e macroe-
conomia. Estudaremos os dois em detalhes nas
próximas duas unidades.
57UNIDADE III
Segundo Baidya et al. (2014), a microeconomia
possui uma função importante quando estamos
analisando o contexto de uma localidade especí-
fica (vila, cidade, estado, país).
A microeconomia estuda as ações de indivíduos
enquanto consumidores e de indivíduos como
proprietários de firmas.
(James D. Gwartney, Richard L. Stroup e José L.
Carvalho)
Para os autores, a microeconomia é responsável
pelo estudo do comportamento dos “tomadores”
de decisão como “células unitárias”, sejam eles em-
presários, gerentes, engenheiros ou, até mesmo,
como indivíduos (como pessoa física) na compra
de produtos ou serviços. Segundo Vasconcellos
(2009) e Baidya et al. (2014), a microeconomia
terá, ainda, como objetivo analisar a composição
de preços e a utilização dos recursos disponíveis
para o processo produtivo. A microeconomia, a
quem Vasconcellos (2009) denomina teoria dos
preços, é a parte da teoria econômica que estuda
o comportamento das famílias e das empresas e
os mercados na qual operam.
Para Vasconcellos (2009), é de suma impor-
tância salientar que a microeconomia não tem
por seu foco principal o estudo das empresas em
si, pois senão seria fatalmente comparada à ad-
ministração de empresas. No entanto, terá como
objetivo, portanto, analisar o mercado no qual
as empresas e pessoas interagem, os fatores eco-
nômicos que determinam o comportamento do
consumidor e o comportamento das empresas.
Basicamente, a microeconomia estuda, portan-
to, a forma como os indivíduos e as famílias bus-
cam os bens e serviços, a forma como as empresas
definem o que e quando produzir bens e serviços
e, por fim, a forma como o mercado relaciona a
busca e a produção.
Vasconcellos (2009) chama atenção para a
condição Coeteris Paribus, expressão que vem
do Latim e quer dizer “e tudo o mais constante”.
Lembra-se de quando estudava física na escola
e em todas as demonstrações o professor falava:
“Isso acontecerá em condições normais de tem-
peratura e pressão”. A condição Coeteris Pasi-
bus é similar para a análise da economia. É uma
condição fundamental para realização de análi-
ses de mercado, pois ela define que o mercado
analisado não interfere e nem é interferido pelos
demais. Segundo o autor, servirá, também, para
analisarmos variáveis de forma isolada, tal como
o preço de um bem em relação à sua procura,
independentemente de outras variáveis, como
renda, gastos etc.
É importante, aqui, definirmos mercado.
Segundo Baidya et al. (2014), mercado é um
bem abstrato, entretanto, pode-se afirmar que
ele engloba todas as possibilidades de trocas e
negociações entre indivíduos, firmas e países.
Segundo os autores, as partes que negociam são
denominadas agentes de mercado. Podemos dar
como exemplos de mercado diversas áreas, como
mercado imobiliário, mercado de automóveis,
mercado de hortifrutigranjeiros etc.
Segundo Mendes (2012), baseado nos ele-
mentos essenciais da estrutura do mercado, o nú-
mero de empresas e a diferenciação dos produtos,
é possível classificar o mercado em: competitivo,
pouco competitivo e sem competitividade, con-
forme Quadro 1.
58 Microeconomia
Número de
Empresas Tipo de produto Atividade da Empresa
Venda Compra
Muitas Homogêneo Competição Pura Competição Pura
Muitas Diferenciado Competição Monopolística Competição Monopsonística
Poucas Homogêneo ou não Oligopólio Ologopsônio
Uma Único Monopólio Monopsônio
Quadro 1 - Classificação dos mercados
Fonte: Mendes (2012, p. 62).
Enfim, após conhecer os conceitos básicos da microeconomia, ficou claro que é preciso analisar as três
áreas citadas de forma isolada, a saber: demanda, oferta e mercado. Vamos a elas, então.
59UNIDADE III
O conceito de demanda é um consenso entre os
autores da área, tais como Vasconcellos (2009),
Mendes (2012), Baidya et al. (2014) e Ferreira
(2017). A demanda definirá a quantidade de bem
ou serviço que um indivíduo deseja comprar, em
um determinado período, dada a sua renda, seus
gastos e em relação ao preço do mercado. É im-
portante salientar que demanda não expressa a
compra em si do bem ou serviço, mas a manifes-
tação do desejoda compra. Assim, pode-se definir
o que Vasconcellos (2009, p.38) denominou de lei
da demanda como “a quantidade de demanda de
um bem e/ou serviço diminui à medida que seu
preço aumenta na condição Coeteris Paribus”.
Para entender melhor esse conceito, é interes-
sante pensarmos em um exemplo prático. Mendes
(2012) traz um exemplo simples de se entender.
Imagine que você esteja querendo comprar uma
TV com tecnologias modernas (LED, LCD etc.),
quando essas televisões chegaram ao mercado, o
seu custo era muito alto devido à novidade e às
tecnologias que ela traz embarcada. Era possível
encontrar televisores custando algo em torno de
R$ 15.000,00. Devido a esse preço, poucas pessoas
eram capazes de adquirir esse bem, pois o preço
Demanda
60 Microeconomia
é considerado alto em relação à
renda e gastos das pessoas. Por-
tanto, a demanda por esse bem
era baixa. Com o passar dos
anos, com domínio da tecnolo-
gia e barateamento dos fatores
de produção, foi possível, para as
empresas, conseguirem abaixar
o preço de venda de seus televi-
sores. Hoje, é possível encontrar
os mesmos produtos nas lojas
por valores como R$ 1.500,00 e,
dependendo do tamanho e tec-
nologia, até mais baratos. Com
a queda dos preços, aumentou
consideravelmente a quantidade
de pessoas que possuem condi-
ções de comprar, aumentando,
consequentemente, a demanda
pelo produto. O exemplo mostra
o contrário do dito na lei da de-
manda. Quanto menor o preço,
maior a demanda. No entanto, se
analisarmos o oposto, é possível
notar que é verdadeira a afirma-
ção, ou seja, quanto mais cara a
empresa colocar o custo de uma
TV, menos pessoas terão con-
dições de comprá-la, definindo,
assim, uma demanda menor.
Tudo isso que foi dito pode
ser representado graficamente
pela curva de demanda (Figura
1). Essa curva, segundo Mendes
(2012, p. 29), define “a relação
que descreve a quantidade de
um bem que os consumidores
estão dispostos a comprar, a di-
ferentes níveis de preço, em um
determinado período de tempo,
dado um conjunto de condições”.
É fundamental perceber que a curva de demanda será determinada
por todos os fatores que foram citados, ou seja, a curva será uma
função definida por:
Cd = ƒ (Pb, Pbs, Pbc, R, G) (1)
Sendo:
Cd= curva de demanda.
Pb= preço do Bem.
Pbs= preço de bem substituto.
Pbc= preço do bem complementar.
R= renda.
G= gostos, hábitos, preferências.
Analisando as variáveis anteriores:
• Curva de demanda: curva definida no gráfico em função
de todas as variáveis analisadas.
• Preço do Bem: preço determinado pelas empresas para
venda dos bens produzidos.
• Preço do bem substituto: um bem substituto é aquele que
poderá substituir o bem analisado por algum motivo, ou
seja, o consumo deste elimina o consumo do outro. Exemplo:
manteiga e margarina.
Figura 1 - Curva Hipotética de demanda para compra de um televisor
Fonte: o autor.
61UNIDADE III
• Preço do bem complementar: bem complementar é aquele que só será consumido caso seja
comprado um bem principal, ou seja, a sua compra depende da compra de outro. Exemplo:
cartucho de impressoras.
• Renda: é a renda das famílias que dará a elas o poder de compra.
• G: é o imponderável que já foi explicado anteriormente. Algo que é complicado de se medir,
mas que interfere na decisão de compra.
A curva de demanda, segundo Vasconcellos (2009),
poderá ser representada por uma reta (linear) ou
assumir a figura mostrada no gráfico da Figura 1
(função potência). O que determinará o formato
serão as variáveis analisadas.
A curva poderá, também, sofrer deslocamentos
positivos/negativos de acordo com as condições de
mercado, por exemplo variação da renda, dos pre-
ços, preferências, aumento do número de consumi-
dores etc. O fato do aumento de preços, relacionado
aos bens substitutos e complementares, também
faz com que a curva se desloque para esquerda ou
direta (expansão ou retração, respectivamente). No
caso da expansão, segundo Vasconcellos (2009), por
exemplo, podemos analisar a demanda de compra
de um refrigerante 1 em relação ao refrigerante 2.
Caso o preço do refrigerante 1 aumente, fará com
que a demanda pelo refrigerante 2 aumente. A re-
tração também será possível perceber nessa rela-
ção, por exemplo, o aumento do preço de carros
no mercado fará com que a demanda por gasolina
diminua, como visto na Figura 2.
Figura 2 - Deslocamentos da curva de demanda
Fonte: o autor.
62 Microeconomia
No caso do conceito de oferta, assim como no caso
da demanda, também há um consenso entre os
autores da área, como os que estamos utilizando
como referência neste livro, Vasconcellos (2009),
Mendes (2012), Baidya et al.(2014) e Ferreira
(2017).
No caso da demanda, foi possível perceber que
é feita uma análise da intenção de compra por
parte das famílias (indivíduo). Já no caso da oferta,
a análise passará a ser feita do lado da empresa. A
oferta, a grosso modo, é quantidade de bem/servi-
ço que a empresa deseja vender em um determi-
nado período de tempo. Assim como a demanda,
não representa a venda efetiva, mas a intenção da
venda de bens e produtos. Vasconcellos (2009) diz,
na lei da oferta, que a quantidade ofertada de um
bem aumenta à medida que seu preço aumenta
na condição Coeteris Paribus.
Você pode ter estranhado, ao ler a lei da oferta,
o fato de que ao se aumentar o preço, aumenta a
oferta, mas é que estamos acostumados a pensar
Oferta
63UNIDADE III
sob a óptica do consumidor. Lembre-se que estamos aqui analisando o lado das empresas. Portanto, se
eu tenho um produto que eu quero vender, e seu preço aumentou no mercado por algum motivo, eu
quero ofertá-lo ao máximo, pois isso aumentará a receita, consequentemente, poderá aumentar o lucro.
É importante, também, analisarmos a curva de oferta. Segundo Mendes (2012), a curva da oferta é
uma relação que descreve quanto de um bem os produtores de todas as empresas estão dispostos a ofe-
recer, a diferentes níveis de preço, em determinado período de tempo, dado a um conjunto de condições.
A curva de oferta pode ser definida como (Figura 3):
(Kg)
Figura 3 - Curva Hipotética de Oferta
Fonte: o autor.
Co = ƒ (Pb, Pƒp, Pbs, T, A) (2)
Onde:
Co = curva de oferta.
Pb = preço do bem.
Pfp = preço dos fatores e produção.
Pbs = preço de bem substituto
T = tecnologia.
A = condições Ambientais.
Analisado as variáveis anteriores:
• Curva de oferta: curva que será definida pelo gráfico em relação a todas as variáveis.
• Preço do bem: preço em que o bem/serviço é ofertado no mercado.
• Preço dos fatores de produção: o preço dos fatores de produção é uma variável primordial,
pois ele estará diretamente ligado ao preço final do produto.
• Tecnologia: hoje, também é uma variável importante na produção e composição de um pro-
duto/serviço. Ela poderá contribuir e, em alguns casos, encarecer o valor da solução final. A
melhoria da tecnologia, por exemplo, pode mudar o modelo de produção, afetando diretamente
na produção final de bens/serviços.
64 Microeconomia
• Condições Ambientais: essa variável, em toda a bibliografia sobre o tema, está diretamente
ligada às condições climáticas, mas eu ousarei, aqui, ir além e dizer que o ambiente (mercado)
também afetará a oferta. Algumas externalidades, que analisaremos em breve, podem fazer com
o que o preço altere, fazendo, com isso, que a curva também se altere.
(Kg)
Figura 4 - Deslocamento da curva de oferta
Fonte: o autor.
Para dar um exemplo prático e entender as variáveis, podemos pensar em algum produto agrícola, como
a cana. Imagine que, em um determinado período, o país sofreu com a safra da cana. O produto fica
escasso e o preço aumenta. No caso dos produtores, eles devem fazer escolha de, por exemplo, atender
o mercado de açúcar ou de combustível. Ele irá escolher aquele que lhe pagar melhor, assim, o aumento
do preço do produto, em fator de um problema climático, faz com que a oferta do produto aumente.
A curva de oferta também sofrerá variações com as mudançasde suas variáveis. A curva, assim
como a curva de demanda, poderá sofrer retração ou expansão. Por exemplo, no caso do aumento do
preço do açúcar, como visto anteriormente, fará com que a curva de oferta se expanda, ou seja, au-
mentará a oferta em função do aumento do preço. Em contrapartida, imaginemos que por um fator
favorável de mercado, como o uso de uma tecnologia nova, faça com que o preço caia no mercado.
Consequentemente, a curva de oferta irá retrair, pois as empresas terão seu faturamento reduzido com
a queda dos preços (Figura 4).
Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.
65UNIDADE III
Após estudar as curvas de demanda e de oferta,
em que um lado tínhamos as intenções de com-
pra das famílias e do outro os produtos ofertados
pelas empresas, é primordial entendermos como
funciona o mercado quando essas duas curvas
funcionam em conjunto. Em outras palavras, é
preciso entender como funcionará o equilíbrio
do mercado. Esse conceito é o que define o que
sempre escutamos em relação ao mercado quando
dito popularmente em lei da oferta x procura.
Para Mendes (2012), mercado é o locus em que
a demanda e a oferta se unem para formar os pre-
ços do produtos e serviços. Isto é, para o autor, a
formação do preço dependerá do resultado direto
das condições das ofertas e da demanda.
Vasconcellos (2009) corrobora com esse pensa-
mento e diz que o preço de mercado é determinado
pela oferta e procura; e, segundo ele, ao colocarmos
essas duas curvas em um gráfico, será determinado
um ponto de equilíbrio, que define o preço ideal
para atender a demanda de mercado (Figura 5).
Mercado
66 Microeconomia
A curva de demanda x oferta nos faz refletir e permite que façamos diversas análises em relação ao
mercado. Por exemplo, é possível notar quando temos um excesso de demanda ou escassez de ofertas.
Vejamos a Figura 6.
Figura 5 - Equilíbrio de Mercado
Fonte: o autor.
Figura 6 - Excesso de oferta
Fonte: o autor.
67UNIDADE III
Ao analisarmos o gráfico, é possível notar que o preço para o ponto de equilíbrio seria o de R$ 6,00,
em que teríamos uma demanda de 40 produtos. Porém, ao olharmos para os pontos A e B, é possível
ver que se o preço do produto fosse de R$ 10,00, teríamos uma demanda de 20 produtos, uma oferta
de 60. O que nos daria um excedente de oferta de 40 produtos.
Já na Figura 7, será possível notar que teremos uma escassez de oferta, pois, ao abaixarmos o preço
do produto para R$ 4,00, fez com que tivéssemos uma demanda para 70 produtos; porém, a empresa
conseguiria produzir somente 10 produtos nesse preço. Assim, para essa nova realidade, teríamos uma
escassez de produção de 60 produtos.
Essa decisão de quanto deve ser produzido é, possivelmente, respondida quando se analisa o gráfico
da Figura 7, de oferta x demanda.
Figura 7 - Escassez de oferta
Fonte: o autor.
Vamos analisar um exemplo prático para entender como funciona a relação da curva de oferta e de-
manda. Imagine que tenhamos a curva de oferta e demanda construídas com as funções dadas a seguir.
Quais seriam o preço e quantidade necessária de produção para equilibrar o mercado?
Funções:
Curva de Demanda: D= 70 - 3P
Curva de Oferta: O = 20 + 2P
Onde: D=demanda; O=oferta; P=preço.
68 Microeconomia
O equilíbrio existirá quando tivermos uma oferta
igual a demanda. Portanto, uma forma de calcular
seria igualar O e D. Assim, teremos:
D=O, assim: 70-3P=20+2P
Portanto: 5P=50; então P=R$ 10,00. Este seria o
preço de equilíbrio.
Jogando o preço de equilíbrio em uma das
duas funções, encontraremos a quantidade pro-
duzida necessária para o equilíbrio.
O=20+2P = 20+ 20 = 40
Portanto, teríamos que ter uma oferta de 40
produtos para equilibrar o mercado a um preço
de R$ 10,00.
É importante lembrar que os fatores que afe-
tam as curvas de demanda e oferta irão variar,
também, o ponto de equilíbrio do mercado. Por
exemplo, foi visto nas variáveis da demanda que,
caso a renda do consumidor cresça, haverá uma
expansão da curva de demanda, pois teremos,
nesse caso, mais pessoas interessadas no produ-
to, pois terão mais capacidade de compra. Isso
afeta diretamente o ponto de equilíbrio. Ao ana-
lisarmos a Figura 8, fica clara a expansão da cur-
va com o aumento da renda. O gráfico mostra
que, mesmo que o preço do produto tenha um
aumento de R$ 6,00 para R$ 8,00, o ponto de
equilíbrio teria um aumento da demanda de 40
para em torno de 53 produtos. Com isso, a em-
presa é capaz de visualizar, graficamente, quanto
deveria aumentar sua produção para continuar
em equilíbrio. É claro que, como analisamos o
fato da expansão, a retração também traz conse-
quências para a curva de equilíbrio de mercado.
Porém, a análise seria realizada da mesma forma,
obviamente com uma redução da demanda e do
ponto de equilíbrio.
Figura 8 - Mudança do ponto de equilíbrio
Fonte: o autor.
69UNIDADE III
Prezado(a) aluno(a), o objetivo desta unidade era
de compreendermos como funciona a economia
em um mercado local. Acredito que, com os con-
ceitos de microeconomia, já é possível realizarmos
Tenha sua dose extra de
conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.
algumas análises iniciais para tomada de decisão
nas organizações. Principalmente os conceitos
de demanda, oferta e de equilíbrio de mercado
já nos dão uma noção de como é possível iniciar
uma análise para um futura tomada de decisão de
investimentos, consequentemente de melhoria de
resultados operacionais das empresas.
Claro que ainda nos faltam ferramentas e
análises mais apuradas de externalidades, como
inflação, juros e fluxos de caixas, que iremos ana-
lisar nas unidades seguintes. Em breve já estare-
mos aptos para tal.
Vamos em frente!
70
1. As curvas de oferta e demanda serão construídas devido às seguintes funções:
Curva de Demanda: D= 30 - 2P
Curva de Oferta: O = 15 + P
1.1 Qual é o preço de equilíbrio para essa realidade do mercado?
a) R$ 3,00.
b) R$ 4,00.
c) R$ 5,00.
d) R$ 6,00.
e) R$ 7,00.
1.2 Na mesma realidade do mercado, qual seria a quantidade necessária de
produção para equilibrar o mercado?
a) 15.
b) 20.
c) 25.
d) 30.
e) 35.
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
71
2. Lembrando do que foi dito para a condição Coeteris paribus, é possível afirmar que:
I) O aumento da oferta de um produto diminui o seu preço e aumentará, con-
sequentemente, a sua demanda.
II) Se a demanda aumentar, o preço do bem cairá, consequentemente aumenta
a sua oferta.
III) O aumento da demanda, aumenta o preço e, consequentemente, aumentará
a sua oferta.
IV) O aumento da oferta aumenta a demanda, consequentemente faz com que
o preço caia.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I está correta.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I, III e IV estão corretas.
d) Apenas I e III estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
72
Micro Economia e Comportamento
Autor: Robert H. Frank
Editora: Bookman
Sinopse: Microeconomia e Comportamento apresenta um conteúdo que vai além
das ferramentas técnicas essenciais para a análise da economia comportamental,
e lança aos estudantes uma provocação crítica de como desenvolver “o pensar
como um economista”, com base em fatos cotidianos. Com essa metodologia
desafiadora e a abordagem dos tópicos com grau de dificuldade crescente, Frank
propõe uma série de exercícios recolhidos de contextos conhecidos para que
a aplicação dos conceitos seja concreta.
LIVRO
73
BAIDYA, T. K. N.; AIUBE, F. A. L.; MENDES, M. R. C.; BATISTA, F. R. S. Fundamentos de Microeconomia.
Rio de Janeiro: Interciência, 2014.
FERREIRA, M. Engenharia Econômica Descomplicada. Curitiba: Intersaberes, 2017.
MENDES, J. T. G. Economia. São Paulo: Pearson, 2012.
VASCONCELLOS, M. A. S. Economia Micro e Macro. Belo Horizonte: Atlas, 2009.
74
1.
1.1. C.
1.2. B.
No caso da questão 1 dos exercícios, a resolução é:
Função demanda: D= 30-2P
Funçãooferta: O=15 + P
Como a curva é construída para o gráfico preço x quantidade, o que temos na fórmula como D e O são
o número de produtos demandados e ofertados respectivamente. P é o preço do produto.
Portanto para achar o equilíbrio de mercado é quando temos o número de produtos demandados igual
ao de produtos ofertados.
Assim, igualando as fórmulas, teremos como variável o preço de equilíbrio.
Portanto:
30-2P = 15 + P
Assim: P + 2P = 3-15
Portanto: 3P = 15 - Consequentemente P=R$ 5,00 (reais)
Ao jogarmos o valor em qualquer uma das fórmulas, teremos o número de produto para o preço de
equilíbrio.
O = 15 + P ou seja O= 15+5= 20 produtos.
2. D.
75
76
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Entender os Fundamentos da Macroeconomia.
• Conhecer os conceitos de Política Fiscal.
• Conhecer os conceitos de Política Monetária.
• Conhecer os conceitos de Política Cambial.
Fundamentos de
Macroeconomia
Política Fiscal
Política Cambial
(comercial)
Política Monetária
Dr. Cláudio Roberto Magalhães Pessoa
Macroeconomia
Fundamentos da
Macroeconomia
Olá, aluno(a)! Estudamos, na unidade anterior,
os conceitos básicos de microeconomia, ou seja,
como funciona uma economia em relação a um
local específico (vila, cidade, estado). No caso des-
ta unidade, analisaremos como funciona a econo-
mia de modo global, isto é, como é a economia de
um país e sua relação com os demais países do
mundo. Para isso, será muito importante conhe-
cermos os conceitos de macroeconomia e suas
políticas. Vamos a elas!
Após analisarmos o funcionamento de econo-
mias mais regionais, chegou a hora de entendermos
como funciona a economia de uma forma mais
ampla, ou seja, como podemos analisar a economia
de um país e sua relação com os demais países.
Você já se questionou, alguma vez, qual é a
relação entre as políticas econômicas de nosso
país com os demais? Já procurou saber o porquê
de as bolsas de valores de outros países afetarem
a nossa economia?
79UNIDADE IV
Na unidade anterior, nós estudamos a microeconomia e verificamos o comportamento de mercados,
empresas e famílias em relação à demanda, oferta etc., mas, se buscar pela memória, lembrará que lá
utilizamos uma condição coeteris paribus, isto é, tudo mais constante. Na microeconomia, o estudo é
feito de forma isolada, não levando em consideração variações de mercado, políticas (cambiais, fiscais,
de países etc.).
Agora, vamos tratar de um conceito de economia de forma mais ampla, a macroeconomia. Segundo
Vasconcellos (2009, p. 187), macroeconomia:
Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.
“
é o ramo da teoria econômica que trata da evolução da econo-
mia como um todo, analisando a determinação e o comporta-
mento dos grandes agregados, como renda e produto nacionais,
investimento, poupança e consumo agregados, nível geral de
preços, emprego e desemprego, estoque de moeda e taxas de
juros, balanço de pagamentos e taxa de câmbio.
O conceito do autor é bem completo e demonstra a importância de
uma análise mais ampla, pois, hoje em dia, com o mundo globalizado,
os efeitos de mudanças em outros países e regiões afetam, de forma
significativa e rápida, a economia de um determinado local. Ainda se-
gundo Vasconcellos (2009), a macroeconomia preocupa em analisar
questões conjunturais de curto prazo, como desemprego e inflação.
Para Mendes (2012), é interessante o estudo da macroeconomia,
pois ela dará parâmetros e critérios que auxiliam na análise da eco-
nomia do país. Toda análise traz consigo a necessidade de se utilizar
critérios que permitam saber se o país, empresa, família, seja lá o que
for analisado, está bem ou mal. No entanto, para isso, é necessário
ter um parâmetro para comparação. O autor cita como exemplo
dois critérios de análises muito importantes para se conhecer o
nível de produção de um país e utilizados por todos os países do
mundo - o PIB e o PNB.
Macroeconomia
80 Macroeconomia
Segundo Mendes (2012), conhecer e distinguir
os conceitos é de fundamental importância pois,
apesar de ambos medirem o nível de produção de
um país, países como o Brasil, cujo o PIB é maior
que o PNB, envia uma parcela de rendimentos
muito maior para fora do país. Em países como os
Estados Unidos, essa realidade é invertida, ou seja,
o PNB é maior que o PIB, ficando, assim, maior
parte do que é arrecadado dentro do próprio país.
Isso representa uma parcela muito importante na
balança comercial e na economia do país.
Porém a maioria dos países do mundo utiliza
o PIB como critério de análise. É ele que permite
analisar o crescimento, ou não, de uma econo-
mia do país e comparar esse resultado aos demais
países do mundo. Assim, as análises econômicas
se tornam mais eficazes, pois analisam critérios
semelhantes.
PIB (Produto Interno Bruto): o PIB de um país é a soma de tudo que é produzido no país. Dentro
dessa produção, encontra-se o que foi produzido por empresa nacional e estrangeira.
PNB (Produto Nacional Bruto): o PNB (Produto Nacional Bruto) de um país é a semana de tudo que
é produzido por empresas nacionais, estejam elas atuando no próprio país ou no exterior.
81UNIDADE IV
Segundo Vasconcellos (2009) e Mendes (2012), as metas de estudo da macroeconomia são:
A política de empregos cresceu a partir dos anos 30, logo após a crise da bolsa dos Estados Unidos,
quando o produto nacional caiu em torno de 30% e a taxa de desemprego chegou a 25%. Foi ba-
seado nos estudos de John Maynard Keynes, considerado, inclusive, o pai da macroeconomia por
muitos autores.
Segundo o autor, essa meta está muito relacionada à análise da inflação e seu impacto na economia.
Para ele, um pouco de inflação é inerente aos ajustes de uma sociedade dinâmica em crescimento.
Porém, a inflação irá acarretar distorções sobre as expectativas empresariais, mercado de capitais
e, sobretudo, na distribuição de renda. Por isso tudo, é importante que se desenvolva uma política
econômica que tenha por objetivo a estabilidade de preços para se conseguir um crescimento eco-
nômico contínuo e estável.
Para o autor, inclusive utilizando de justificativas de economistas da época do milagre econômico
brasileiro (60/70), o aumento da concentração de renda é inerente ao desenvolvimento capitalista.
Os autores afirmam que o problema disso é que, com o crescimento econômico, faz-se necessário
criar mão de obra cada vez mais qualificada. E por ser qualificada ela custa mais. Isso faz com que o
distanciamento dos mais qualificados para os menos cresça ainda mais, fazendo com que a distribui-
ção de renda não aconteça de forma considerada justa.
Nessa meta, o autor chama atenção para uma curiosidade de crescimento. Como exemplo ele cita
um país com uma taxa de desemprego alto, portanto, capacidade produtiva ociosa. Como solução
imediata, bastaria o governo incentivar a atividade produtiva, pois isso geraria emprego e renda. Po-
rém, para aumentar a atividade produtiva, é necessário investir em avanço tecnológico e utilização de
recursos produtivos que, como vimos, são escassos e limitarão a produção.
Alto nível de empregos:
Estabilidade de preços:
Distribuição de renda socialmente justa:
Crescimento econômico:
1
2
3
4
82 Macroeconomia
Outro aspecto que deve ser levado em consideração para o desenvolvimento econômico de um país,
segundo o autor, é a renda per capita. Não adianta o país crescer o seu PIB com produção de produtos
e/ou serviços, sem que a renda da população cresça. É importante medir o crescimento econômico
de um país utilizando, também, outros critérios de crescimento social, como: pobreza, desemprego,
meio ambiente, moradia etc.
Ainda segundo Vasconcellos (2009), a macroeconomia divide a economia em duas áreas, a parte
real e a monetária, e, ainda, essas duas são divididas conforme mostrado no Quadro 1:
Mercados Variáveis determinadas
Parte real de economia Mercado de bens e serviços
Produto Nacional
Nível geralde preços
Mercado de trabalho
Nível de emprego
Salários Nominais
Parte monetária de economia Mercado Financeiro
Taxa de Juros
Estoque de moedas
Mercado de Divisas Taxa de Câmbio
Quadro 1 - Estrutura da análise Macroeconômica
Fonte: Vasconcellos (2009, p. 192).
No mercado de bens e serviços, ao agregar tudo
que foi produzido (bens e serviços), forma o pro-
duto nacional. Seu preço é representado por uma
média de todos os preços, gerando, assim, o cha-
mado nível geral de preços.
O mercado de trabalho, também ao ser anali-
sado em nível geral, permite criar a taxa salarial
e o nível de emprego (ou desemprego) do país.
Em paralelo a tudo isso, o autor chama atenção
do mercado monetário, pois se faz necessário fazer
trocas utilizando um elemento em comum para
critério de comparação, a moeda. O mercado mo-
netário, portanto, determinará as taxas de juro, que
estudaremos mais adiante, e a quantidade de moeda
necessárias para efetivar as transações econômicas.
Por fim, os países do mundo visando reali-
zarem transações entre eles necessitam de uma
taxa que faça um comparativo entre suas moedas.
Surge, então, as taxas cambiais que permitirão
relacionar moedas distintas.
83UNIDADE IV
Segundo Mendes (2012), há uma relação importante entre essas variáveis, e existem três formas de
se analisar as atividades econômicas de um país: PIB, óptica da despesa (dispêndio) e a renda. Sendo
que o PIB, segundo o autor, que é um dos principais índices como visto anteriormente, poderá ser
medido pela seguinte identidade macroeconômica:
DEMANDA = OFERTA AGREGADA (PIB) = RENDA
DEMANDA
OFERTA
AGREGADA
RENDA
Corresponde aos gastos de um país em um determinado
ano. É composto por: consumo agregado, investimento
privado, gasto público e exportações.
Formada pela produção nacional mais as importações.
Composta pelos salários, lucros, juros e aluguéis.
A política macroeconômica, visando atender as metas que foram citadas anteriormente, precisa lançar
mão de instrumentos de controle que auxiliem o governo a atingir seus objetivos. Segundo os autores
da economia, os principais são: política fiscal, política monetária e política cambial. Que analisaremos
separadamente a seguir.
84 Macroeconomia
Para falarmos da política fiscal, veremos, em pri-
meiro lugar, o seu conceito. Para Vasconcellos
(2009), a política fiscal se refere a todos os instru-
mentos de que o governo dispõe para a arrecadação
de tributos (política tributária) e controle de suas
despesas (política de gastos). Para Mendes (2012),
política fiscal é a atuação do governo em relação
a arrecadação de impostos e aos gastos públicos.
É interessante tratar do assunto imposto, no
Brasil. Ao falar nessa palavra, todo mundo já
pensa em problemas e começa a falar mal, mas
é importante analisar o contexto dos impostos e
sua importância na Macroeconomia.
Visando conhecer mais a fundo a política, é
importante analisarmos os gastos e receitas do
governo. É mister salientar a obrigação que qual-
quer governo público tem em investir para dar ao
povo saúde, educação, moradia e locomoção em
alto nível. No entanto, todo mundo esquece que,
para conseguir tudo isso, é necessário ter dinheiro
para investimentos e, no caso do governo, de onde
viria esse dinheiro? De impostos.
Política Fiscal
85UNIDADE IV
Mendes (2012) chama atenção que os gastos
do governo são, geralmente, conhecidos. É com-
posto por despesas correntes, como funcionários,
pagamentos a empresas privadas na prestação de
serviços aos órgãos governamentais, juros de dí-
vidas (interna e externa) e subsídios a produtores
e consumidores.
No entanto, no caso das receitas, não existe um
interesse da maioria em conhecer. O autor eviden-
cia, então, as principais fontes de recursos, a saber:
• Impostos diretos: incidem diretamente
sobre renda e propriedade (IPVA, IPTU,
Imposto de Renda, ITR (Imposto Territo-
rial Rural)).
• Impostos Indiretos: gerados na produ-
ção, consumo e venda de mercadoria (IPI,
ICMS, ISSQN, Finsocial, PIS.
Vasconcellos (2009) ressalta a importância da
política fiscal, não somente no momento da ar-
recadação de impostos que geram receitas para
o governo. Ela tem outro papel importante na
economia, que foi visto na primeira unidade,
quanto tratamos da concorrência mista, quando
o governo manipula as estruturas de alíquotas
dos impostos para controle da economia, por
exemplo estimular produção, permitindo, assim,
um controle do desemprego, e também com a
possibilidade de inibir gastos do setor privado e
consumidores para controle de inflação. Caso o
governo pense, também, na meta de melhoria da
distribuição de renda, poderia criar uma política
de cobrança de impostos variáveis, de acordo com
o nível de renda, ou seja, quem fatura mais paga
mais impostos.
É importante, inclusive para estudos que fa-
remos mais adiante, entender a diferença entre a
taxa nominal e taxa real de juros. Segundo Men-
des (2012), a taxa nominal de juros, conhecida
pelo símbolo “i”, é aquela que representa o ganho
monetário de uma determinada aplicação finan-
ceira, ou o custo monetário de um empréstimo. Já
o juros real, conhecido pelo símbolo “r”, é o juro
nominal descontado o valor da inflação. Veremos
mais adiante que esse conceito se fará importante
para entendimento de análises de investimentos.
86 Macroeconomia
Na política monetária, como vimos, é quando
a economia fala em moeda. É interessante pen-
sarmos que o funcionamento da economia não
dependeria de se utilizar moedas, poderia ser fei-
to como em outras épocas, locais ou ocasiões, a
utilização de troca de mercadorias e/ou serviços.
Porém, a política monetária vai tratar o assunto,
pois é a forma como o governo controlará a quan-
tidade de moeda existente no mercado (liquidez).
Para Vasconcellos (2009), a política monetária
se refere à atuação do governo sobre a quantidade
de moeda, de crédito e das taxas de juros.
Política Monetária
87UNIDADE IV
Segundo o autor, o governo, por meio do banco central, utilizará das seguintes fer-
ramentas para realizar esse controle:
Essa autonomia é única e
exclusiva do banco central,
que controlará a quantida-
de de moeda no mercado,
emitindo moedas quando
for necessário.
Essa ferramenta consiste em empréstimos realizados pelo Banco Central aos bancos
comerciais. Podem ser realizados por motivos de liquidez, para, por exemplo, uma
eventual compensação de cheques, ou podem ser realizados os chamados redescon-
tos especiais ou seletivos, que possuem como objetivo beneficiar setores específicos,
tais como financiamento de compra de máquinas agrícolas.
Também conhecido como depósito
compulsório, refere-se à quantia
que todos os bancos comerciais
são obrigados a fazer no banco
central. É uma espécie de seguro
para caso o banco tenha problema.
Consiste na compra e venda de títulos públicos pelo governo. Pode ser realizado em
dois momentos e com finalidades diferentes. No caso de venda de títulos públicos,
o interesse do governo é diminuir um pouco a liquidez, ou seja, parte do dinheiro
que está nas mãos da população em geral volta para os cofres do governo com o
pagamento desse títulos. Já no caso de compra dos títulos, o governo terá a intenção
inversa, isto é, ao comprar os títulos, o dinheiro irá para o mercado, aumentando a
liquidez e capacidade de compra dos consumidores. Podemos ver que essa é uma
ferramenta direta da quantidade de moeda no mercado.
EMISSÃO DE MOEDAS
REDESCONTOS
RESERVAS COMPULSÓRIAS
OPEN MARKET
Outra ferramenta da política monetária importante, segundo Mendes (2012), são as taxas de juros. É
um assunto muito debatido e todas as vezes que assistimos, ou lemos, algo a respeito, ela aparece. No
Brasil, é a chamada Selic. Para Mendes (2012), essa é uma taxa básica da economia e referência para
toda as demais aplicações.
88 Macroeconomia
Mas o que seriam as taxas de juros? Basica-
mente, seria um valor pago pelo empréstimo
do dinheiro realizado. De acordo com Mendes
(2012),a taxa de juros se forma na interação da
demanda e oferta de moeda. É como se pensásse-
mos da seguinte forma: uma pessoa (ou empresa)
precisa de dinheiro em espécie (liquidez) para
realização de algum investimento ou compra de
algum bem, porém ele não possui esse dinheiro.
Ele poderá recorrer a um banco comercial (ou
agente financeiro) que fornecerá esse dinheiro
de imediato. Porém, será cobrada uma espécie de
taxa de aluguel desse dinheiro, ou seja, no período
em que houver a dívida, é pago um valor do em-
préstimo, mais um pedaço de amortização dessa
dívida. Estudaremos isso com mais detalhes na
Unidade 6 desse livro. Outra forma de pagamento
de juros seria na modalidade de investimentos. De
forma contrária ao que falamos, nos investimen-
tos, as pessoas (empresas) possuem um dinheiro
que não utilizarão de imediato. Assim, podem
ganhar mais no mercado financeiro. Procuram
bancos comerciais (ou agentes financeiros) e “em-
prestam” o seu dinheiro para que seja aplicado no
mercado de capitais. Nesse momento, será pago
ao proprietário do dinheiro um valor de juros
durante o período em que o dinheiro ficou “em-
prestado”. Vale salientar que nem sempre os valo-
res pagos em investimentos são os mesmos pagos
em empréstimos. Geralmente, as taxas cobradas
pelos bancos para que eles emprestem dinheiro
são maiores que as taxas pagas em investimentos.
Segundo Mendes (2012), isso pode ser explicado
por fatores como Impostos, altos custos operacio-
nais de bancos, inadimplência (risco) e os altos
percentuais de recolhimentos compulsórios.
É importante salientar que os sistema bancário
comercial é formado por agentes que estão auto-
rizados, pelo BACEN, a receberem depósitos à
vista: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal
e os Bancos Comerciais. Estes serão regulamen-
tados e fiscalizados pelo governo. É preciso tomar
cuidado com agentes financeiros que aparecem
oferecendo empréstimos e taxas, a princípio, con-
vidativas, mas que poderão causar uma dor de
cabeça no futuro.
As taxas de Juros definidas pelo Governo são:
• Sistema Especial de Liquidação e de Cus-
tódia (SELIC): taxa de negociação dos títulos
públicos que vimos anteriormente. Seu valor
em Julho de 2017 era de 10,15% ao ano, se-
gundo o Banco Central.
• Taxa referencial de Juros (TR): utilizada na
remuneração de caderneta de poupança,
FGTS. A taxa teve um rendimento acumulado
no ano de 2016 de 2,0125, segundo o Banco
Central.
• Taxa de Juros a Longo Prazo (TJLP): essa é
a taxa utilizada pelo Banco Nacional de De-
senvolvimento e Social (BNDES). A taxa, em
julho de 2017, estava em 0,5833% ao mês,
segundo o site da receita Federal.
Fonte: Mendes (2012).
89UNIDADE IV
A política cambial terá uma função um pouco
diferente das políticas fiscal e monetária. As duas
vistas anteriormentes têm uma função de contro-
le da economia interna do país. A política cam-
bial terá uma função importante de controlar
relações comerciais existentes entre agentes de
países diferentes.
A política cambial está fundamentada na admi-
nistração da taxa de câmbio e no controle das
operações cambiais.
Fonte: Mendes (2012).
Vasconcellos (2009) divide o conceito em política
Cambial e Política Comercial. A política cambial
se refere ao controle do Governo sobre a taxa de
câmbio (câmbio fixo, flutuante etc.). A política
comercial diz respeito aos instrumentos de incen-
tivo às exportações e/ou estímulo/desestímulo às
importações, sejam fiscais, creditícios, seja esta-
belecimento de cotas etc.
Política Cambial
(Comercial)
90 Macroeconomia
A política cambial é interessante para enten-
dermos algumas coisas importantes na economia.
Cada país, praticamente, possui sua moeda própria.
É preciso criar um critério para se realizar rela-
ções comerciais com agentes cujas moedas não
são as mesmas, pois, caso contrário, não teremos
como chegar a um consenso de valores. Mendes
(2012) chama atenção para um fato interessante:
seria fácil para o Brasil, por exemplo, ao obter uma
dívida com países credores, emitir moeda (Real)
para saldar a dívida. Porém não é bem assim que
funciona. O Real não é uma moeda aceita interna-
cionalmente como, por exemplo, acontece com o
Dólar e o Euro, que são moedas fortes em todos os
países do mundo. Para conseguir, então, saldar as
dívidas externas, é necessário que sejam incorpo-
radas ao mercado brasileiro moedas estrangeiras. E
como fazer isso? As duas melhores formas seriam
a exportação de produtos brasileiros e captação de
investidores estrangeiros no mercado local.
O Brasil, em relação ao mercado mundial,
encontra-se numa posição desconfortável. Se-
gundo o site Comex do Brasil1, a nossa partição
no mercado mundial ficou, pela primeira vez, em
2016, abaixo de 1%. Isso deve-se a vários fatores
importantes de se analisar. Dentre eles, segundo
Mendes (2012), somente algo em torno de 0,7 %
das empresas brasileiras exportam seus produtos.
Outro fator importante, que afeta diretamente na
produção e exportação de produtos, é a política
cambial. Segundo diversos sites especializados
no assunto, 7 entre 10 produtos mais exportados
pelo Brasil vêm do agronegócio. E ainda existe
a exportação de matéria prima para indústria,
como o minério. Isto é, exportamos muita ma-
téria-prima e produtos do agronegócio e impor-
tamos produtos manufaturados, que geralmente
são mais caros por estarem embutidos no preço
todo do Know How de produção.
E quais seriam as ferramentas para o mercado cambial? Segundo Mendes (2012), elas são:
• Intervenção no mercado cambial: nada mais do que um controle sobre a taxa de câmbio,
em que é possível valorizá-la ou desvalorizá-la, de acordo com as necessidades do mercado. A
taxa de câmbio é o valor correspondente da moeda estrangeira no país naquele momento. Pela
taxa de câmbio, é possível estimular a exportação e desestimular a importação de produtos, ou
o contrário. Segundo o autor, existem três regimes cambiais:
a) Taxas Fixas: predefinidas pelas autoridades monetárias.
b) Taxas Variáveis: taxas flutuantes formadas livremente pelo mercado.
c) Taxas administrativas: que seriam um meio-termo entre as duas primeiras.
• Políticas comerciais: neste caso, seria uma forma de proteção com imposição de tarifas, em
que é possível fixar uma cota de importação (ou exportação).
• Tratamento ao capital Estrangeiro: visa interferir no fluxo de mercadoria e serviços.
91UNIDADE IV
Todas as políticas analisadas são importantes e não funcionam de forma isolada. O conjunto de regras
criadas pelo governo é que fará o controle da economia, fazendo com que ela cresça ou não. É funda-
mental pensar que o excesso de moeda estrangeira na economia local faz com que a moeda nacional se
desvalorize, pois permite que as negociações estrangeiras se tornem frequentes, levando todo o capital
para o exterior. Assim, é necessário emitir mais moeda local.
Portanto, por tudo isso, faz-se necessário uma política governamental séria, muito bem planejada
para evitar uma derrocada da economia do país. Uma economia fraca gera consequências graves para
a população, como é possível perceber nos países do chamado terceiro mundo, onde não existe uma
infraestrutura básica para atender a população.
Nesta unidade, tivemos como objetivo principal conhecer os conceitos e ferramentas da macroe-
conomia. É importante entender a relação da nossa economia com os demais países do mundo, bem
como as ferramentas e políticas (fiscal, monetária e cambial) e que podem ser utilizadas pelo governo
na realização de fiscalização e controle da economia.
Com tudo isso, aliado ao que aprendemos na Unidade 3 (Microeconomia), é possível perceber
como funciona a economia do país. Apesar de se dizer que microeconomia e a macroeconomia são
coisas distintas, uma não funcionaria sem a outra, pois foi possível perceber que ambas possuem mé-
tricas, critérios e ferramentas que nos permitem entender como será possível gerar regras e fiscalizar
o funcionamento das relações econômicase financeiras entre os agentes econômicos e entre países.
92
1. Assinale qual é a alternativa errada:
a) O PNB é constituído de tudo que é produzido no país.
b) A Política Monetária tem por função controlar o dinheiro do país.
c) A Política Tributária é um tipo de ferramenta da Política Fiscal. Por meio dela é
possível gerenciar os impostos que serão praticados no país.
d) Uma das ferramentas utilizadas pela Política Cambial se refere às alterações
na taxa de câmbio.
e) Todas as alternativas anteriores estão erradas.
2. Leias as alternativas a seguir e assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):
)( A Política Monetária trata dos recursos totais arrecadados, enquanto a Política
Fiscal trata dos impostos.
)( O desconto é uma ferramenta que é utilizada para controle de liquidez no
mercado.
)( As taxas de câmbio podem ser utilizadas para o controle comercial entre agen-
tes estrangeiros. Isso permitirá incentivar, ou não, as transações comerciais.
)( Os impostos são a única forma de arrecadação do governo de verbas para
custear suas despesas.
Assinale a alternativa correta:
a) V-V-V-V.
b) V-F-F-V.
c) F-F-F-V.
d) F-V-V-F.
e) V-F-V-F.
3. Faça um resumo de quais serão os instrumentos do governos para controlar a
economia no país. Explique cada um deles.
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
93
O Monge e o Executivo
Autor: Cristiane A. J. Schimidt; Fábio Giambiagi
Editora: Campus
Sinopse: esse livro supre a lacuna entre a relevância do tema e o ensino da
macroeconomia conformada à nossa realidade e se destina a gestores e exe-
cutivos com interesses mais imediatos. Quais os determinantes das variáveis
macroeconômicas? Quais as escolhas possíveis dos instrumentos da política
econômica e seus impactos na gestão dos negócios? Quais as restrições à gestão
pública e as possibilidades e consequências de curto e longo prazo das escolhas
adotadas? Quais os seus impactos sobre a produção e a procura pelos produtos
produzidos domesticamente? Quais suas implicações sobre o nosso ambiente
de negócios? A opção por um tratamento acessível do tema e os exemplos
retirados da nossa realidade, aliados à análise cuidadosa e à interpretação dos
fatores e evidências disponíveis, tornam esse livro um instrumento útil para o
ensino dos fatos e restrições da macroeconomia para um público mais amplo.
LIVRO
94
BAIDYA, T. K. N.; AIUBE, F. A. L.; MENDES, M. R. C.; BATISTA, F. R. S. Fundamentos de Microeconomia.
Rio de Janeiro: Interciência, 2014.
MENDES, J. T. G. Economia. São Paulo: Pearson, 2012.
RYBA, A.; LENZI, E. K.; LENZI, M. K. Elementos de Engenharia Econômica. 2. ed. Curitiba: Intersaberes, 2016.
VASCONCELLOS, M. A. S. Economia Micro e Macro. Belo Horizonte: Atlas, 2009.
REFERÊNCIAS ONLINE
1Em <http://www.comexdobrasil.com/participacao-do-brasil-no-comercio-mundial-devera-ficar-pela-primei-
ra-vez-abaixo-de-1/>. Acesso em: 23 jul. 2018
95
1. A.
2. B.
3. Nesta questão, é esperado que o aluno leia, analise e escreva, de forma resumida, as políticas fiscal, mo-
netária e cambial, com todas as suas ferramentas de controle.
96
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Ver os fundamentos da Matemática Financeira e entender
os principais conceitos.
• Mostrar como funciona o sistema de capitalização simples.
• Mostrar como funciona o sistema de capitalização com-
posta.
• Entender como são tratados os descontos em caso de
antecipação de pagamento de uma possível dívida.
Fundamentos da
Matemática Financeira
Capitalização Simples Desconto
Capitalização Composta
Dr. Cláudio Roberto Magalhães Pessoa
Matemática Financeira
Fundamentos da
Matemática Financeira
Até nesse momento do nosso material, aprende-
mos conceitos que nos ajudaram a entender o que
é e como funciona a economia. A partir de agora,
com a ajuda da matemática, nós poderemos fazer
análises que nos auxiliarão em tomadas de deci-
são, sejam elas pessoais, como na aquisição de car-
ros, imóveis, investimentos no mercado financeiro
etc., e também profissionais, em que teremos as
decisões de investimentos dos negócios em nos-
sas mãos, como comprar um novo equipamento,
investir em um novo produto, pagar aluguel ou
comprar uma sede própria, dentre outras. Para tal,
é importante conhecer o conceito da matemática
financeira.
Tenha sua dose extra de
conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.
99UNIDADE V
É interessante, ao tratar do assunto, chamar a aten-
ção para um fato citado por Wakamatsu (2012).
Ao falarmos de Matemática Financeira, tratamos
de dois assuntos temidos por muitos, matemática
e economia. É muito importante aprendermos a
matemática financeira, pois por meio dela é pos-
sível enxergar melhor as alternativas de investi-
mentos e, com isso, tomar melhores decisões.
É importante salientar que, ao tomarmos de-
cisões, precisamos lembrar que o dinheiro não
terá o mesmo valor ao considerarmos a variável
tempo. Vimos, nas unidades anteriores, vários mo-
delos econômicos nos quais o governo age para
tentar regulamentar o mercado, mas temos ain-
da fatores que irão interferir no valor da moeda,
como os juros, inflação etc.
Para ficar claro, é interessante pensar na com-
pra de um bem no mercado, hoje. Vamos pensar
em lojas como Ricardo Eletro, Ponto Frio, Maga-
zine Luíza etc. Todas as vezes que entramos para
comprar uma geladeira, por exemplo, podemos
ver que temos o preço a vista (R$ 2.000,00) ou
parcelado com juros (24 vezes de R$ 120,00). Se
somarmos as 24 prestações de R$ 120,00 teremos
R$ 2.880,00. Esse valor cobrado a mais é exata-
mente o mercado financeiro funcionando. Por-
tanto, é preciso entendermos alguns conceitos:
Matemática financeira é o ramo da matemática
que estuda as variações do dinheiro ao longo
do tempo e as operações financeiras que se es-
truturam por meio dessas variações, sendo de
fundamental importância para o estudo da en-
genharia econômica.
(Marcelo Ferreira)
Além do conceito da matemática financeira, é
fundamental conhecermos outros que analisa-
remos ao longo do capítulo:
Quadro 1 - Conceitos Fundamentais
Valor Presente ou Principal (VP)
Valor de um fluxo futuro de recurso ou custos, em termo de valor
atual.
Isto é, quanto seria o seu investimento no momento zero de sua
análise.
Valor Futuro ou montante (VF)
É o valor pactuado para os fluxos de capital, em determinada data,
resultante da aplicação de certa taxa de juros, durante um deter-
minado período de tempo.
Isto é, quanto será o montante do investimento realizado no mo-
mento zero em uma data futura.
Taxa de Juros (i) ou (J)
É a taxa de remuneração de capital emprestado ou financiado
por seu proprietário a alguém que não tinha recursos e o tomou
emprestado durante um determinado tempo.
Isto é, quanto uma pessoa, ou instituição financeira, cobra de “alu-
guel” de um montante de dinheiro durante o tempo em que ele
ficar com o devedor.
Tempo (n)
É o número de períodos em que a operação financeira irá perdurar.
Em outras palavras, é o tempo em que a movimentação financeira
irá acontecer (1 ano, 1 mês, 10 anos etc.).
Fonte: adaptado de Ferreira (2017).
100 Matemática Financeira
de caixa de alguma pessoa, ou empresa, que em-
prestou dinheiro. Isto é, no momento zero, houve
uma saída de capital; portanto, no período 8, o
dinheiro volta ao caixa com os juros cobrados pela
operação. Se fossemos analisar o mesmo fluxo na
óptica do devedor, ele estaria invertido, ou seja,
no momento zero, temos uma entrada de capital
(valor que foi pego emprestado) e, no período 8,
uma saída de capital para que, quitada a dívida,
conforme mostrado na Figura 2.
0 1 2 3 4 5 6 7
Figura 2 - Diagrama de Fluxo de caixa sob a óptica de um
devedor
Fonte: Wakamatsu (2012).
Vistos esses princípios básicos, já é possível co-
meçarmos analisar as formas de capitalizações
existentes no mercado.
As operações financeiras são representadas por
um fluxo de caixa (receitas e despesas) ao longo
deum tempo predefinido. A matemática finan-
ceira permite analisar esse fluxo para auxiliar nas
tomadas de decisão. A representação de um fluxo
de caixa é feita conforme mostrado na Figura 1.
0
1 2 3 4 5 6 7
Figura 1 - Diagrama de Fluxo de caixa sob a óptica de um
financiador
Fonte: Wakamatsu (2012).
Podemos notar que o diagrama representa o fluxo
ao longo de períodos (0, 1, 2...8), que podem ser
meses ou anos, dependendo da análise realizada.
No caso das setas para baixo, representam uma
saída de capital do caixa; as setas para cima en-
tradas. Portanto, a Figura 1 representa um fluxo
101UNIDADE V
O processo de Capitalização é aquele em que um
montante de dinheiro aumenta durante um es-
paço de tempo em consequência da aplicação de
uma taxa de juros (FERREIRA, 2017).
Existem dois tipos de capitalização, simples e
composta. Nesse tópico, analisaremos a capitali-
zação simples, fundamentados em autores como
Samanez (2007), Wakamatsu (2012), Ferreira
(2017) entre outros.
Capitalização simples é aquela cuja taxa de juros
de cada período será sempre aplicada em cima
do valor inicial ou principal (VP).
Para entendermos melhor, vamos analisar a se-
guinte situação: imagine que você tenha aplicado
um valor de R$ 1.000,00 e o banco pagaria a você
uma taxa de juros de 5% ao mês, durante um pe-
ríodo de 6 meses. Quanto de dinheiro você teria
ao final desse período?
Capitalização
Simples
102 Matemática Financeira
Para resolver essa situação, podemos lembrar o que foi dito no tópico anterior. Os juros de 5% são
o valor do “aluguel” que o banco está pagando para que você aplique o dinheiro que é seu com
eles. A representação gráfica da análise ficará conforme a Figura 3.
Na Figura 3, podemos notar que, a cada período que passa, é aplicada a taxa de juros do período em
cima do valor presente. Poderíamos calcular da seguinte forma:
VP = R$ 1.000,00; i = 5% a.m (ao mês); n = 6 meses.
Portanto: R$ 1000,00 x 5% a.m. (que pode ser representado em valor decimal por 0,05) = R$ 50,00
ao mês. Como na capitalização simples os juros são aplicados sempre em cima do valor presente
j1=j2=j3=j4=j5=j6 = R$ 50,00. Assim basta somarmos 6 x R$ 50,00 = R$ 300,00 ao final dos seis meses.
Portanto o valor Futuro:
Vf = 1000,00 + 300,00 = R$ 1.300,00
0 1
J1 J1 J1 J1 J1 J1
2 3 4 5 6
J2 J2 J2 J2 J2
J3 J3 J3 J3
J4 J4 J4
J5 J5
J6
VF
VP
Figura 3 - Capitalização Simples
Fonte: o autor.
103UNIDADE V
Visando facilitar os cálculos, apresentaremos as fórmulas para cálculo de VP e J em capitalização
simples (Quadro 2):
Quadro 2 - Fórmulas para cálculos em capitalização simples
Valor Futuro VF = VPx (1 + ixn)
Juros J = VPxixn
Fonte: o autor.
Usando a fórmula para cálculo do exemplo dado, temos:
Cálculo do Montante ao final de 6 meses.
VF = VP. (1+ i x n) = 1000,00. (1+ 0,05 x 6) = R$ 1.300,00
Se quisermos saber qual o valor de juros embutido na operação financeira, temos:
J= VP x n x i = R$ 1.000,00 x 6 x 0,05 = R$ 300,00.
Por meio das fórmulas, é possível chegar às respostas de forma mais rápida. É importante salientar
que, no caso da capitalização simples, a visualização da resposta é mais fácil, pois os juros são aplica-
dos sobre o mesmo valor. O que não é verdade na capitalização composta, que veremos adiante. Para
elucidar melhor, vamos analisar outro exemplo.
Exemplo 1
Um investidor aplicou uma importância de R$ 150.000,00, em que o sistema de capitalização utilizado
é o simples. Ao final do período de um ano, ele recebeu uma remuneração de R$ 54.000,00. Qual foi
a taxa de juros ao mês aplicada nessa operação?
Analisando os dados, temos:
VP = R$ 150.000,00; n = 1 ano (12 meses); J = R$ 54.000,00; i=?
Usando a Fórmula de juros:
J = VP x i x n
Portanto:
i = J / VP x n
Assim, teremos:
i= 54.000,00 / 150.000 x 12 ⇒ i= 0,03, ou seja, 3% ao mês.
104 Matemática Financeira
Importante lembrar de colocar as unidades de
medidas iguais. Isto é, o período foi dado em
ano, mas foi pedida a taxa de juros em meses.
Devemos sempre ficar atentos à proporção de
taxa de juros, pois o período analisado poderá
ser diferente dos dados. No caso de capitalização
simples, a proporção é direta, ou seja:
i a.m = i. a. t / 3 = i a. s. / 6 = i a. a. / 12
Sendo:
i.a.t. = taxa de juros trimestral
i a.m. = taxa de juros mensal.
i a.s. = taxa de juros semestral.
i a.a. = taxa de juros anual.
105UNIDADE V
Seria uma beleza para todos nós se o mercado só
utilizasse o sistema de capitalização simples, pois
é fácil para fazermos contas e verificar os valores
das operações financeiras. Porém, o sistema ado-
tado é o de capitalização composta. Assim como
no sistema de capitalização simples, existe um
consenso entre autores como Samanez (2007),
Wakamatsu (2012) e Ferreira (2017) em relação
a esse conceito.
Capitalização Composta é aquela cuja taxa de
juros será aplicada, a cada período, no montante
do final do período, acumulando, assim, ao longo
do período total.
No mercado, é comum escutarmos, quando é
adotado o sistema de capitalização composta
que é cobrado juros sobre juros. Isto é, ao final de
cada período, o juros será acrescido do valor do
principal mais o juros do período anterior. Para
entender melhor, vamos analisar a dedução da
fórmula de juros composto (SOBRINHO, 2001).
Capitalização
Composta
106 Matemática Financeira
Período 1
VF1 = VP + VP x i = VP (1 +i)
Período 2
VF2 = VF1 + VF1 x n = VF1 x (1 x i) = VP (1 + i) (1 + i) = VP (1 + i)2
Período 3
VF3 = VF2 + VF2 x i = VF2 x (1 +i) = VP (1 + i)2 (1 + i) = VP (1+ i)3
Portanto, se quisermos generalizar para um período igual a “n”, teremos a seguinte fórmula:
VF=VP . (1 + i)n
Dessa fórmula, será possível deduzir todas as outras para cálculo no sistema de capitalização
composta, como podemos ver no Quadro 3.
Quadro 3 - Fórmulas para cálculos em capitalização composta
Valor Futuro VF = VP x (1+i)n
Juros J = VF - VP
Valor Presente VP = VF / (1 + i)n
Prazo (n) n = Log (VF/VP) / Log (1 + i)
Taxa de Juros (i) i = (VF/VP)1/n -1
Fonte: o autor.
É sempre importante fazermos uma comparação entre os dois sistemas visando entender o que seria a
aplicação de juros sobre juros. Conforme visto em Sobrinho (2001), podemos acompanhar a diferença
no exemplo a seguir:
Exemplo 3
R$ 1.000,00 aplicados em um período de 4 meses, com uma taxa de juros de 10% a.m., renderão:
Capitalização Simples
VP Juros Simples VF
1 R$ 1000,00 R$ 100,00 R$ 1.100,00
2 R$ 1000,00 R$ 100,00 R$ 1.200,00
3 R$ 1000,00 R$ 100,00 R$ 1.300,00
4 R$ 1000,00 R$ 100,00 R$ 1.400,00
107UNIDADE V
Capitalização Composta
VP Juros Compostos VF
1 R$ 1000,00 R$ 100,00 R$ 1.100,00
2 R$ 1.100,00 R$ 110,00 R$ 1.210,00
3 R$ 1.210,00 R$ 121,00 R$ 1.331,00
4 R$ 1.331,00 R$ 133,10 R$ 1.464,10
Ao compararmos os dois sistemas, é possível perceber que o valor rendido no sistema de capitalização
simples foi de R$ 400,00; já o valor rendido no sistema de capitalização composta foi de R$ 464,10. Pode
parecer pequeno o valor, mas é importante lembrar que estamos analisando um período de 4 meses.
Quanto maior o período, maior seria a diferença. Podemos ver isso analisando para um período de 2 anos.
Utilizando as fórmulas dadas:
Simples: J = VP x n x i = R$ 1.000,00 x 24 (meses) x 10% (0,1) = R$ 2.400,00
Composta: J = VF - VP
VF = VP (1 +i)n = R$ 1000,00 (1 + 0,1)24 = R$ 9.849,73
Portanto: J = VF-VP = R$ 9.849,73 - R$ 1.000,00 = R$ 8.849,73
Nessa análise, é possível verificar perfeitamente a diferença dos dois sistemas. Enquanto no sistema de
capitalização simples rendeu R$ 2.400,00, o de capitalização composta rendeu R$ 8.849,73.
Vamos analisar outros exemplos:
Exemplo 4
Um investidor aplicou uma quantia de R$ 200.000,00, gerando uma remuneração de R$ 20.000,00 no
período de um ano. Qual a taxa de juros anual para a operação?
Solução: VP = R$ 200.000,00; n= 1 ano. J= R$ 20.000,00 ; i=?;
VF = VP + J = R$ 200.000,00 + R$ 20.000,00 = R$ 220.000,00
Como visto nas fórmulas: i = (VF/VP)1/n -1 = (220.000/200.000)1/1 -1 = 0,1Portanto: i = 0,1 ou 10% ao ano.
108 Matemática Financeira
Exemplo 5
Imagine que você queira adquirir um carro cujo valor de mercado é de R$ 60.000,00 e você quer fazer
isso em, no máximo, 2 anos. Quanto deverá poupar, hoje, em uma aplicação, se o banco paga uma taxa
de 1,3% ao mês?
Solução: VF = R$ 60.000,00; n=2 anos (24 meses); i=1,3% a.m.; VP=?
Conforme visto nas fórmulas: VP = VF / (1 + i)n = R$ 60.000,00 / (1 + 0,013)24
VP = R$ 44.007,28
Exemplo 6
Um capital de R$ 10.000,00 foi emprestado à uma taxa de juros composta de 10% ao ano, pelo prazo de
5 anos e 6 meses. Se pegarmos por base a capitalização anual, qual será o montante ao final do período?
É importante lembrar de colocar as unidades de medidas iguais. Isto é, o período foi dado em ano e
meses e a taxa de juros ao ano. E foi pedido uma análise para analisar sob a óptica da taxa anual.
No caso da capitalização composta, não existe proporção de taxa de juros; existe, sim, equivalência da
taxa de juros. Vamos analisar, então, como calcular essa equivalência analisando o exemplo visto em
Sobrinho (2001).
Sejam duas taxas efetivas:
1. Taxa ao mês analisada em 1 ano (12 meses) : VF=VP (1 + i mensal)
12
2. Taxa ao ano analisada em 1 ano: VF = VP (1 + ianual)
1
Para se fazer a equivalência das taxas, é necessário colocá-las em um mesmo período. Por esse motivo,
ambas devem ser analisadas ao ano. Assim, podemos compará-las e teremos:
(1 + imensal)
12 = (1+ianual)
1
109UNIDADE V
Consequentemente, podemos fazer a equivalência de taxa sempre usando a taxa e o período
como referência. Teremos, dessa forma:
(1+ianual)
1 =(1 + isemestral)
2 =(1 + iquadrimestral)
3=(1 + itrimestral)
4= (1 + ibimestral)
6 =(1 + imensal)
12
Uma vez visto isso, vamos à solução do Exemplo 6.
Solução: VP: R$ 10.000,00; i=10% a. a. ; n= 5 anos e seis meses; VF=?
Para resolver, podemos calcular o montante ao final de 5 anos (uma vez que a taxa é anual); com esse
montante VF1, calculamos o valor de VFt usando equivalência de taxa para 6 meses. Assim, teremos,
então:
VF1= VP (1 + i)n = 10.000 (1+0,1)5 = R$ 16.105,10
Cálculo da taxa para o semestre:
(1+0,1)1 = (1+is)2 ⇒ (1+is)2 = 1,1
is = (1,1)½ - 1 ⇒ is = 0,0488 = 4,88% a.s.
Portanto:
VFt = VF1 (1+ ia.s.)n = 16.105,10 (1 + 0,0488)1 = VFt = R$ 16.891,03
110 Matemática Financeira
A análise de desconto é de suma importância para
uma tomada de decisão nos negócios, pois pode
ser que uma organização (ou até mesmo a pes-
soa física) possa diminuir o valor de uma dívida
quitando-a ou minimizando o seu valor. Vamos
entender, então, o que seria.
Sobrinho (2001) chama atenção para o fato
de que toda dívida gera, por parte do credor, um
título de crédito, uma nota promissória, uma letra
de câmbio ou uma duplicata.
Nota Promissória: comprovante de aplicação
de um capital com vencimento predeterminado.
Usado entre pessoas físicas ou instituição finan-
ceira com pessoa física.
Duplicata: título emitido de uma pessoa jurídica
contra uma pessoa, seu cliente (física ou jurídica).
Letra de Câmbio: é um comprovante de uma
aplicação de capital com vencimento predeter-
minado, porém é um título ao portador, emitido
exclusivamente por uma instituição financeira.
(Jose Dutra Vieira Sobrinho)
Descontos
111UNIDADE V
Todas as vezes que se quer descontar um título desses, ou até mesmo quitar (ou minimizar) uma dívida
antecipadamente, geralmente, para que valha a pena, deve-se negociar um desconto. Basicamente, para
haver um desconto deve conhecer o Valor Futuro (VF - aqui também conhecido como valor nominal),
no qual será incidido o valor dos juros a serem descontados. No mercado existem 2 tipos de desconto:
Simples (ou bancário, ou comercial) e Composto.
Desconto Simples (Bancário; Comercial):
No caso do desconto simples, a taxa de desconto
será aplicada no valor futuro diretamente.
D = VF x n x d Lembrando que D = VF-VP
onde
D = Valor do desconto e moeda
VF = Valor Futuro (Valor nominal)
n = Período
d = Taxa de desconto (juros)
Desconto Composto:
A taxa de desconto é sempre aplicada no valor do
montante do período anterior.
VP = VF (1 - d)n Lembrando que D = VF-VP
onde
VP = Valor presente
VF = Valor Futuro (Valor nominal)
n = Período
d = Taxa de desconto (juros)
Exemplo 7
Imagina uma empresa que possua uma duplicata no valor de R$ 15.000,00, mas resolveu resgatá-las
antes do período final porque precisava de dinheiro. Uma instituição financeira ofereceu para realizar
a operação cobrando uma taxa de desconto do título de 2,5% ao mês. O vencimento final da duplicata
é de 120 dias. Qual será o valor que a empresa terá em mãos ao fim do processo?
Solução: d=2,5% a.m.; n= 4 meses; VF = R$ 15.000,00; VP=?
Caso seja utilizado para instituição desconto simples, teremos:
D = VF x n x d = 15.000,00 x 4 x 0,025 = R$ 1.500,00
Como D = VF-VP, teremos que:
VP= VF - D = R$ 15.000,00 - R$ 1.500,00 = R$ 13.500,00
Caso seja utilizado para instituição desconto composto, teremos:
VP = VF (1- d)n = 15.000,00 x (1 - 0,025)4 = VP = R$ 13.555.32
112 Matemática Financeira
Como foi possível perceber, assim como no sis-
tema de capitalização, quanto maior o tempo no
sistema desconto composto, o valor monetário do
desconto será menor, pois incidirá sempre em um
montante menor. Por isso, as instituições finan-
ceiras geralmente utilizam o sistema de desconto
simples, que incidirá sempre sobre o montante e
o desconto será maior, o que beneficia o credor.
Para finalizar esse capítulo, é interessante en-
tender qual a relação entre a taxa de juros nos
sistemas de capitalização e de desconto. Em outras
palavras, é importante entender qual a taxa de
desconto que seria correspondente aos juros em-
butidos no momento da aquisição de uma “dívida”.
Segundo Sobrinho (2001), a diferença que faz é
que os juros são acrescentados no valor presente,
já os descontos são aplicados no valor futuro ou
montante (Figura 4).
Valor
Futuro
Períodos
Valor
Presente
1 2 3 4
i
d
5 6
Figura 4 – Relação entre taxa de juros e descontos
Fonte: Sobrinho (2001).
Para mostrar a relação entre elas, basta recorrer-
mos às fórmulas:
Em juros simples: VF = VP (1 + in); em Desconto
simples: VP = VF (1 – dn)
Sendo: VP/VF = 1/(1 + in) e VP/VF = 1- dn
Portanto: (1 – dn) = 1/(1 + in)
Dessa forma, teremos:
d = i / (1 + in) e i = d / (1 - dn)
Exemplo 8
Seja um banco que realiza descontos de nota Pro-
missórias nos critérios (SOBRINHO, 2001):
a. Prazo de operação 3 meses.
b. Taxa cobrada: 2% a.m.
c. Juros pagos antecipadamente.
Caso o cliente deseje uma operação de R$
100.000,00, qual a taxa efetiva de juros?
Solução: n = 3 meses; d = 2% a.m, com é desconto
simples 6% a. t.; VF = R$ 100.000,00
VP = VF (1 – dn) = 100.000,00 (1- 0,02 x 3) =
R$ 94.000,00
Portanto D = R$ 6.000,00
Para achar a taxa de rentabilidade efetiva, po-
demos usar a fórmula de capitalização simples
com o valor recebido como valor presente, assim
teremos:
VF =VP (1 + in) = 100.000,00 = 94.000,00 (1 +
3i) i = 0,02128 ou 2,128% a. m.
Para conferir, usamos a fórmula de relação entre
as taxas:
d = i/(1 + in) = 0,02128 / (1+ 0,02128 x 3) = 0,02
ou 2,0% a.m.
113
1. Uma empresa possui uma duplicata no valor de R$ 170.000,00 e quer descon-
tá-la. Ela precisa receber, em mãos, no mínimo R$ 146.000,00 para um inves-
timento interno. Sabendo que a instituição financeira cobra uma taxa de 3,5%
ao mês na operação, com quantos meses antes ele deve realizar a operação?
Marque a opção correta:
a) 4 meses.
b) 5 meses.
c) 6 meses.
d) 7 meses.
e) 8 meses.
2. Qual é o valor a ser pago em um investimento de R$ 130.000,00, cujo prazo é de
7 meses e 20 dias, e taxa de juros no período é de 15% ao ano, no sistema de
capitalização simples? OBS.: Considerar o mês com 30 dias e o ano com 365 dias.
3. Uma empresa deseja adquirir um terreno para construção de um galpão. Anali-
sando o mercado, encontrou um terreno que possui um custo a vista no valor de
R$ 370.000,00. Foi oferecido comopossibilidade de pagamento uma entrada de
R$ 80.000,00 e mais uma parcela de R$ 320.000,00 ao final de 5 meses. Sabendo
que, no mercado, a taxa de uma aplicação pré-fixada é de 2,8% ao mês, analise
qual seria a melhor opção para aquisição do terreno. Justifique a resposta.
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
114
Matemática Financeira
Autor: José Dutra Vieira Sobrinho
Editora: Atlas
Sinopse: o conteúdo desse livro foi desenvolvido de acordo com uma sequên-
cia lógica, ou seja, do mais simples para o mais complexo, abrangendo Juros e
Capitalização Simples, Capitalização Composta, Descontos, Séries de Pagamen-
to, Métodos de Avaliação de Fluxos de Caixa, Classificação das Taxas de Juros,
Taxa Média e Prazo Médio, Sistema de Amortização, Operações Realizadas no
Sistema Financeiro Brasileiro, Diferimento de Receitas e Despesas Financeiras
e Utilização de Calculadoras Financeiras.
LIVRO
115
FERREIRA, M. Engenharia Econômica Descomplicada. Curitiba: Intersaberes, 2017.
RYBA, A.; LENZI, E. K.; LENZI, M. K. Elementos de Engenharia Econômica. 2. ed. Curitiba: Intersaberes, 2016.
SAMANEZ, C. P. Matemática Financeira: aplicações à análise de Investimentos. 4. ed. São Paulo: Pearson, 2007.
SOBRINHO, J. D. V. Matemática Financeira. 7. ed. Belo Horizonte: Atlas, 2001.
WAKAMATSU, A. Matemática Financeira. São Paulo: Pearson, 2012.
116
1. A.
2. Solução: R$ 142.287,67.
3. Solução: A melhor opção é comprar a prazo, pois, caso pague os R$ 80.000,00 à vista, sobram R$ 290.000,00.
Aplicado no mercado em 5 meses a taxa de 2,8% ao mês, renderá R$ 332.938,16, ou seja, pagará os R$
320.000,00 restantes e ainda sobrarão R$ 12.938,16.
117
118
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Apresentar quais são os sistemas de amortização de dívidas.
• Apresentar os conceitos básicos de sistemas de amor-
tização.
• Conhecer os sistemas mais utilizados pelo mercado.
• Compreender o conceito e aplicação dos sistemas Price,
Sac, sistema de amortização Americano (SAA).
Sistema PRICE: Método de
Amortização Francês
Sistema de Amortização
Constante (SAC)
Sistema de Amortização
Americano (SAA)
Sistema de Amortização
Misto (SAM)
Dr. Cláudio Roberto Magalhães Pessoa
Sistema de
Amortização
Sistema Price:
Método de
Amortização Francês
É muito comum em nossas vidas, seja pessoal ou
nas organizações, precisar contrair uma dívida
para que possamos realizar algum tipo de inves-
timento, tais como comprar um automóvel, casa,
equipamentos, terrenos, reformas etc. É muito
importante entender que o problema não é a dívi-
da, mas sim não sabermos planejar o pagamento
dessa dívida de forma que as prestações caibam
em nosso orçamento. Caso isso seja planejado e
consigamos pagá-las, não será problema nenhum
dever. Porém, caso esse planejamento não seja
bem feito, a dívida crescerá de forma exponen-
cial (conforme visto no sistema de capitalização
composta da unidade anterior) e poderá atingir
patamares que não será mais possível pagá-la.
Neste unidade, apresentaremos os sistemas de
amortização mais utilizados pelo mercado.
121UNIDADE VI
Para Ferreira (2017, p. 33),
“
amortizar uma dívida é o ato de honrar com
os compromissos financeiros assumidos, e
realizar reembolsos de um calor concedido
por empréstimo ou financiamento, dentro
de certo espaço de tempo, a uma determi-
nada taxa de juros.
Tenha sua dose extra de
conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.
Em outras palavras, os sistema de amortização
permitem saber como a pessoa (ou empresa) que
adquiriu uma dívida pagará o valor devido (prin-
cipal) e os juros que foram embutidos no ato do
empréstimo pelo credor.
Segundo Sobrinho (2001), os sistemas de
amortização nos permitem conhecer também o
quanto (em valores monetários) de determinada
dívida ainda é devido, a qualquer tempo.
Segundo o autor, toda parcela para pagamen-
to de uma dívida será composta das seguintes
variáveis:
PMT + A + J (1)
onde:
PMT (pagamento)= Valor da parcela paga no
período estipulado no momento da aquisição da
dívida (mês, bimestre, semestre, ano etc.).
A = Valor amortizado naquele período.
J = Parcela de pagamento dos juros.
Para que possamos clarear, é simples entender
se utilizarmos como exemplo a aquisição de um
produto em um loja. Imagine que deseja com-
prar uma televisão nova com tecnologia avan-
çada. Suponha que ela custe, na loja, à vista, R$
7.000,00. A loja, para te vender, diz que divide o
pagamento em 24 prestações de R$ 350,00. Até
aqui ok, sabemos que foi embutido nessa parcela
um percentual de juros e a dívida será quitada
em 24 meses. Mas quanto foi acrescido? Quanto
em cada parcela é de juros e quanto eu amortizo
a dívida existente? E se você quiser quitar a dívida
antes de seu fim?
Para responder a essas perguntas, é preciso
analisar os sistemas e amortização. Cada um deles
terá uma particularidade e, por isso, é de suma im-
portância saber qual será utilizado no momento
de adquirir a dívida. Começaremos, portanto, pelo
sistema Francês (Price).
122 Sistema de Amortização
Esse sistema, segundo autores da área, como Sobrinho (2001), Ferreira (2017), é muito conhecido
como Tabela Price. No sistema Price, as parcelas possuem sempre o mesmo valor do início ao fim do
período. Com isso, o valor de pagamento dos juros irá decrescer e o valor do principal (dívida) aumenta
a cada parcela paga, conforme é possível perceber na Figura 1.
Amortização
Juros
Empréstimo
0
1 n
Prestação
(PMT)
Figura 1 - Evolução do pagamento do sistema PRICE
Fonte: Sobrinho (2001).
Segundo Sobrinho (2001), para o cálculo do valor
das prestações, é utilizado o fator de recuperação
de capital (FRC), a parcela de juros multiplicando
a taxa definida pelo saldo devedor (a cada pe-
ríodo), e a amortização será a diferença entre a
parcela e o juros do período. As fórmulas para
cálculo são mostradas no Quadro 1.
Quadro 1 - Fórmulas para elaborar tabela Price
Variável Fórmula
PMT
(Prestação)
PMT P.
i i
i
n
=
+( )
+( )
1
1 -1( )n
Juros J = i x P
Amortização A = PMT - J
Fonte: Sobrinho (2001).
Exemplo 1
Calcular o valor da parcela e da amortização referente à primeira prestação de um empréstimo de R$
9.000,00, a uma taxa de juros de 2% ao mês, que será liquidado em um ano, utilizando a Tabela Price.
Solução:
P= R$ 9.000,00; i= 2% a.m.; n= 12 meses
PMT= 9.000,00 x [(1+0,02)12 x 0,02 / (1+0,02) 12 -1] = R$ 851,04
J= 0,02 x 9.000,00 = R$ 180,00
Portanto: A = PMT - J = 851,04 - 180,00 = R$ 671,40
123UNIDADE VI
Exemplo 2
Calcular o valor da parcela e da amortização referente à segunda prestação de um empréstimo de R$
9.000,00, a uma taxa de juros de 2% ao mês, que será liquidado em um ano, utilizando a Tabela Price.
Solução: i=2%; n=12; P=R$ 9.000,
Porém, para cálculo do segundo período, teremos:
PMT=851,04 (não muda, pois, no sistema Price, a parcela é sempre igual em todos os períodos).
Cálculo do Principal: no segundo período, o Principal já será abatido do valor amortizado na pri-
meira prestação. Então, teremos:
P2 = P - A1 = 9.000,00 - 671,40 = R$ 8.328,60
Assim: J=0,02 x 8328,60 = R$166,57
Portanto A2 = 851,04 - 166,57 = R$ 684,47
A melhor forma de se trabalhar a Tabela Price e conhecer os valores de PMT, A e J é por meio de um
planilha, conforme mostrado na planilha da Tabela 1:
Tabela 1 - Sistema Price
Tempo Juros Amortização Parcela Saldo Devedor
0 - - - R$9.000,00
1 R$180,00 R$671,04 R$851,04 R$8.328,96
2 R$166,58 R$684,46 R$851,04 R$7.644,51
3 R$152,89 R$698,15 R$851,04 R$6.946,36
4 R$138,93 R$712,11 R$851,04 R$6.234,25
5 R$124,69 R$726,35 R$851,04 R$5.507,90
6 R$110,16 R$740,88 R$851,04 R$4.767,02
7 R$95,34 R$755,70 R$851,04 R$4.011,33
8 R$80,23 R$770,81 R$851,04 R$3.240,52
9 R$64,81 R$786,23 R$851,04 R$2.454,29
10 R$49,09 R$801,95 R$851,04 R$1.652,34
11 R$33,05 R$817,99 R$851,04 R$834,35
12 R$16,69 R$834,35 R$851,04 R$0,00
Totais R$1.212,44 R$9.000,00 R$10.212,44
Fonte:o autor.
Exemplo 3
Você resolveu adquirir um carro, cujo valor à vista é R$ 60.000,00. Para que possa comprá-lo, preci-
sará fazer um financiamento em 24 meses. A financiadora cobra uma taxa de juros de 1,05% ao mês.
Montar uma planilha para conhecer os valores de parcela, amortização e juros ao longo do período.
124 Sistema de Amortização
Caso queira quitar a dívida no décimo quarto mês e tenha pago tudo em dia até lá, qual o valor que
possibilitaria a quitação da dívida?
Solução: i=1,05% a. m. ; n=24 meses; P=R$ 60.000,00.
Montar a planilha:
Tempo Juros Amortização Parcela Saldo Devedor
0 - - - R$60.000,00
1 R$630,00 R$2.211,25 R$2.841,25 R$57.788,75
2 R$606,78 R$2.234,47 R$2.841,25 R$55.554,28
3 R$583,32 R$2.257,93 R$2.841,25 R$53.296,35
4 R$559,61 R$2.281,64 R$2.841,25 R$51.014,72
5 R$535,65 R$2.305,59 R$2.841,25 R$48.709,12
6 R$511,45 R$2.329,80 R$2.841,25 R$46.379,32
7 R$486,98 R$2.354,27 R$2.841,25 R$44.025,05
8 R$462,26 R$2.378,99 R$2.841,25 R$41.646,06
9 R$437,28 R$2.403,97 R$2.841,25 R$39.242,10
10 R$412,04 R$2.429,21 R$2.841,25 R$36.812,89
11 R$386,54 R$2.454,71 R$2.841,25 R$34.358,18
12 R$360,76 R$2.480,49 R$2.841,25 R$31.877,69
13 R$334,72 R$2.506,53 R$2.841,25 R$29.371,16
14 R$308,40 R$2.532,85 R$2.841,25 R$26.838,30
15 R$281,80 R$2.559,45 R$2.841,25 R$24.278,86
16 R$254,93 R$2.586,32 R$2.841,25 R$21.692,53
17 R$227,77 R$2.613,48 R$2.841,25 R$19.079,06
18 R$200,33 R$2.640,92 R$2.841,25 R$16.438,14
19 R$172,60 R$2.668,65 R$2.841,25 R$13.769,49
20 R$144,58 R$2.696,67 R$2.841,25 R$11.072,82
21 R$116,26 R$2.724,98 R$2.841,25 R$8.347,83
22 R$87,65 R$2.753,60 R$2.841,25 R$5.594,24
23 R$58,74 R$2.782,51 R$2.841,25 R$2.811,73
24 R$29,52 R$2.811,73 R$2.841,25 R$0,00
Totais R$8.189,99 R$60.000,00 R$68.189,99
Analisando a planilha, temos:
PMT = R$ 2,841,24 fixa.
No 14º mês, para quitar, basta analisarmos o saldo devedor: R$ 26.838,30.
125UNIDADE VI
Para entendermos como funciona o sistema SAC,
basta analisar o que diz a sigla: SAC - Sistema de
Amortização Constante. Como visto no sistema
Price, toda parcela paga periodicamente tem, na
sua composição, uma parte dos juros cobrados e
uma parte da amortização da dívida (principal).
No sistema Price, vimos que a parcela é fixa. Ago-
ra, no sistema SAC, como o próprio nome já diz,
o valor da amortização é constante.
O sistema SAC é um sistema que consiste em
uma sequência de prestações cujo valor dimi-
nui a cada pagamento realizado, pois o valor do
principal pago é sempre igual, ao passo que os
juros diminuem conforme o saldo devedor vai
diminuindo.
(Marcelo Ferreira)
Sistema de Amortização
Constante (SAC)
126 Sistema de Amortização
Portanto, no caso da SAC, segundo Sobrinho (2001), cada parcela será calculada com o valor da
amortização constante, mas acrescida dos juros sobre o saldo do principal no período, conforme
pode ser visto na Figura 2.
Amortização
Juros
Empréstimo
0
1 n
Prestação
(PMT)
Figura 2 - Evolução do pagamento do sistema SAC
Fonte: Sobrinho (2001).
Segundo Sobrinho (2001), no caso do sistema
SAC, para calcular o valor da amortização, divide-
-se o valor do principal pelo número de parcelas
do período acordado. A parcela de juros é calcu-
lada multiplicando a taxa da operação pelo saldo
devedor do período anterior. Já para calcular a
prestação, basta somar a amortização ao valor dos
juros. As fórmulas são mostradas no Quadro 2.
Quadro 2 - Fórmulas para elaborar tabela Price
Variável Fórmula
PMT (Prestação) PMT = A + Jn
Juros J = i x Pn-1
Amortização A
P
n
=
Fonte: Sobrinho (2001).
Exemplo 4
Calcular os valores de prestação e das parcelas de juros de um empréstimo de R$ 30.000,00, a uma
taxa de 1,5% ao mês, que será liquidado em 6 meses.
Solução: P=R$ 30.000,00; i=1,5%; n= 6 meses.
A = P / n = 30.000,00 / 6 = R$ 5.000,00
Parcela do período 1:
J1 = 0,015 * 30.000 = R$ 450,00
PMT1 = A + J1 = 5.000,00 + 450,00 = R$ 5.450,00
Parcela do período 2:
J2= 0,015.(R$ 30.000,00-R$ 5.000,00)=R$ 375
PMT2= A+J2=R$ 5.000,00+R$ 375,00=R$ 5.375,00
127UNIDADE VI
Assim como no sistema Price, a melhor forma de trabalhar o sistema SAC é utilizar uma planilha,
conforme mostrado na Tabela 2:
Tabela 2 - Sistema SAC
Tempo Juros Amortização Parcela Saldo Devedor
0 - - - -
1 R$ 450,00 R$ 5.000,00 R$ 5.450,00 R$25.000,00
2 R$ 375,00 R$ 5.000,00 R$ 5.375,00 R$20.000,00
3 R$ 300,00 R$ 5.000,00 R$ 5.300,00 R$15.000,00
4 R$ 225,00 R$ 5.000,00 R$ 5.225,00 R$10.000,00
5 R$ 150,00 R$ 5.000,00 R$ 5.150,00 R$5.000,00
6 R$ 75,00 R$ 5.000,00 R$ 5.075,00 R$0,00
Totais R$1.575,00 R$30.000,00 R$31.575,00
Fonte: o autor.
Exemplo 5
Para a compra de um apartamento, o seu valor
à vista seria de R$ 350.000,00. Imagine que você
tenha, em mãos, R$ 150.000,00 e precisa fazer um
empréstimo do restante do dinheiro para comprá-
-lo. Para tal, será necessário que o credor financie
o valor restante em período de 10 anos. Ele cobra-
rá uma taxa de juros de 13% ao ano para realizar a
operação. Montar uma planilha que demonstre o
plano de amortização da dívida no período citado.
Qual seria o valor necessário a ser pago caso você
resolva pagar a dívida após 6 anos e meio do início
do período?
Solução: n = 10 anos (120 meses), i =13% a.a.;
P = R$ 350.000,00 - R$ 150.000,00 = R$ 200.000,00
Como para a amortização as parcela são men-
sais, é necessário fazer a equivalência de taxa de
juros, que foi dado ao ano, com a taxa mensal.
(1 +ia)
1 = (1+im)
12 = (1+0,13)1 = (1+im)
12 com
isso i.m. = 0,010 ou 1,0%
Analisando a Tabela 3, é possível perceber que o
valor dos juros pago pelo financiamento em 10
anos é alto: R$ 122.210,00. Porém, seria a única
forma de pagar o apartamento. Tecnicamente,
analisando somente os números, poderíamos
chegar à conclusão que não compensaria, mas,
caso não fosse dessa maneira, você ficaria sem o
apartamento. Portanto, isso mostra que, no caso
de compras para quem não tem o dinheiro à vis-
ta, existe a possibilidade do imponderável, que
não será avaliado pela matemática financeira.
Outra informação que tiramos da planilha é o
saldo devedor após 6 anos e meio. Para isso, basta
olhar ao final do período 78. P78 = R$70.000,00
128 Sistema de Amortização
Tabela 3 - Planilha do exercício 5
Tempo Juros Amortização Parcela Saldo Devedor
0 - - - R$200.000,00
1 R$2.020,00 R$1.666,67 R$3.686,67 R$198.333,33
2 R$2.003,17 R$1.666,67 R$3.669,83 R$196.666,67
3 R$1.986,33 R$1.666,67 R$3.653,00 R$195.000,00
4 R$1.969,50 R$1.666,67 R$3.636,17 R$193.333,33
5 R$1.952,67 R$1.666,67 R$3.619,33 R$191.666,67
6 R$1.935,83 R$1.666,67 R$3.602,50 R$190.000,00
7 R$1.919,00 R$1.666,67 R$3.585,67 R$188.333,33
8 R$1.902,17 R$1.666,67 R$3.568,83 R$186.666,67
9 R$1.885,33 R$1.666,67 R$3.552,00 R$185.000,00
10 R$1.868,50 R$1.666,67 R$3.535,17 R$183.333,33
11 R$1.851,67 R$1.666,67 R$3.518,33 R$181.666,67
12 R$1.834,83 R$1.666,67 R$3.501,50 R$180.000,00
13 R$1.818,00 R$1.666,67 R$3.484,67 R$178.333,33
14 R$1.801,17 R$1.666,67 R$3.467,83 R$176.666,67
15 R$1.784,33 R$1.666,67 R$3.451,00 R$175.000,00
16 R$1.767,50 R$1.666,67 R$3.434,17 R$173.333,33
17 R$1.750,67 R$1.666,67 R$3.417,33 R$171.666,67
18 R$1.733,83 R$1.666,67 R$3.400,50 R$170.000,00
19 R$1.717,00 R$1.666,67 R$3.383,67 R$168.333,33
20 R$1.700,17 R$1.666,67 R$3.366,83 R$166.666,67
21 R$1.683,33 R$1.666,67 R$3.350,00 R$165.000,00
22 R$1.666,50 R$1.666,67 R$3.333,17 R$163.333,33
23 R$1.649,67 R$1.666,67 R$3.316,33 R$161.666,67
24 R$1.632,83 R$1.666,67 R$3.299,50 R$160.000,00
25 R$1.616,00 R$1.666,67 R$3.282,67 R$158.333,33
26 R$1.599,17 R$1.666,67 R$3.265,83 R$156.666,67
27 R$1.582,33 R$1.666,67 R$3.249,00 R$155.000,00
28 R$1.565,50 R$1.666,67 R$3.232,17 R$153.333,33
29 R$1.548,67 R$1.666,67 R$3.215,33 R$151.666,67
30 R$1.531,83 R$1.666,67 R$3.198,50 R$150.000,00
31 R$1.515,00 R$1.666,67 R$3.181,67 R$148.333,33
129UNIDADE VI
Tempo Juros Amortização Parcela Saldo Devedor
32 R$1.498,17 R$1.666,67 R$3.164,83 R$146.666,67
33 R$1.481,33 R$1.666,67 R$3.148,00R$145.000,00
34 R$1.464,50 R$1.666,67 R$3.131,17 R$143.333,33
35 R$1.447,67 R$1.666,67 R$3.114,33 R$141.666,67
36 R$1.430,83 R$1.666,67 R$3.097,50 R$140.000,00
37 R$1.414,00 R$1.666,67 R$3.080,67 R$138.333,33
38 R$1.397,17 R$1.666,67 R$3.063,83 R$136.666,67
39 R$1.380,33 R$1.666,67 R$3.047,00 R$135.000,00
40 R$1.363,50 R$1.666,67 R$3.030,17 R$133.333,33
41 R$1.346,67 R$1.666,67 R$3.013,33 R$131.666,67
42 R$1.329,83 R$1.666,67 R$2.996,50 R$130.000,00
43 R$1.313,00 R$1.666,67 R$2.979,67 R$128.333,33
44 R$1.296,17 R$1.666,67 R$2.962,83 R$126.666,67
45 R$1.279,33 R$1.666,67 R$2.946,00 R$125.000,00
46 R$1.262,50 R$1.666,67 R$2.929,17 R$123.333,33
47 R$1.245,67 R$1.666,67 R$2.912,33 R$121.666,67
48 R$1.228,83 R$1.666,67 R$2.895,50 R$120.000,00
49 R$1.212,00 R$1.666,67 R$2.878,67 R$118.333,33
50 R$1.195,17 R$1.666,67 R$2.861,83 R$116.666,67
51 R$1.178,33 R$1.666,67 R$2.845,00 R$115.000,00
52 R$1.161,50 R$1.666,67 R$2.828,17 R$113.333,33
53 R$1.144,67 R$1.666,67 R$2.811,33 R$111.666,67
54 R$1.127,83 R$1.666,67 R$2.794,50 R$110.000,00
55 R$1.111,00 R$1.666,67 R$2.777,67 R$108.333,33
56 R$1.094,17 R$1.666,67 R$2.760,83 R$106.666,67
57 R$1.077,33 R$1.666,67 R$2.744,00 R$105.000,00
58 R$1.060,50 R$1.666,67 R$2.727,17 R$103.333,33
59 R$1.043,67 R$1.666,67 R$2.710,33 R$101.666,67
60 R$1.026,83 R$1.666,67 R$2.693,50 R$100.000,00
61 R$1.010,00 R$1.666,67 R$2.676,67 R$98.333,33
62 R$993,17 R$1.666,67 R$2.659,83 R$96.666,67
63 R$976,33 R$1.666,67 R$2.643,00 R$95.000,00
64 R$959,50 R$1.666,67 R$2.626,17 R$93.333,33
130 Sistema de Amortização
Tempo Juros Amortização Parcela Saldo Devedor
65 R$942,67 R$1.666,67 R$2.609,33 R$91.666,67
66 R$925,83 R$1.666,67 R$2.592,50 R$90.000,00
67 R$909,00 R$1.666,67 R$2.575,67 R$88.333,33
68 R$892,17 R$1.666,67 R$2.558,83 R$86.666,67
69 R$875,33 R$1.666,67 R$2.542,00 R$85.000,00
70 R$858,50 R$1.666,67 R$2.525,17 R$83.333,33
71 R$841,67 R$1.666,67 R$2.508,33 R$81.666,67
72 R$824,83 R$1.666,67 R$2.491,50 R$80.000,00
73 R$808,00 R$1.666,67 R$2.474,67 R$78.333,33
74 R$791,17 R$1.666,67 R$2.457,83 R$76.666,67
75 R$774,33 R$1.666,67 R$2.441,00 R$75.000,00
76 R$757,50 R$1.666,67 R$2.424,17 R$73.333,33
77 R$740,67 R$1.666,67 R$2.407,33 R$71.666,67
78 R$723,83 R$1.666,67 R$2.390,50 R$70.000,00
79 R$707,00 R$1.666,67 R$2.373,67 R$68.333,33
80 R$690,17 R$1.666,67 R$2.356,83 R$66.666,67
81 R$673,33 R$1.666,67 R$2.340,00 R$65.000,00
82 R$656,50 R$1.666,67 R$2.323,17 R$63.333,33
83 R$639,67 R$1.666,67 R$2.306,33 R$61.666,67
84 R$622,83 R$1.666,67 R$2.289,50 R$60.000,00
85 R$606,00 R$1.666,67 R$2.272,67 R$58.333,33
86 R$589,17 R$1.666,67 R$2.255,83 R$56.666,67
87 R$572,33 R$1.666,67 R$2.239,00 R$55.000,00
88 R$555,50 R$1.666,67 R$2.222,17 R$53.333,33
89 R$538,67 R$1.666,67 R$2.205,33 R$51.666,67
90 R$521,83 R$1.666,67 R$2.188,50 R$50.000,00
91 R$505,00 R$1.666,67 R$2.171,67 R$48.333,33
92 R$488,17 R$1.666,67 R$2.154,83 R$46.666,67
93 R$471,33 R$1.666,67 R$2.138,00 R$45.000,00
131UNIDADE VI
Tempo Juros Amortização Parcela Saldo Devedor
94 R$454,50 R$1.666,67 R$2.121,17 R$43.333,33
95 R$437,67 R$1.666,67 R$2.104,33 R$41.666,67
96 R$420,83 R$1.666,67 R$2.087,50 R$40.000,00
97 R$404,00 R$1.666,67 R$2.070,67 R$38.333,33
98 R$387,17 R$1.666,67 R$2.053,83 R$36.666,67
99 R$370,33 R$1.666,67 R$2.037,00 R$35.000,00
100 R$353,50 R$1.666,67 R$2.020,17 R$33.333,33
101 R$336,67 R$1.666,67 R$2.003,33 R$31.666,67
102 R$319,83 R$1.666,67 R$1.986,50 R$30.000,00
103 R$303,00 R$1.666,67 R$1.969,67 R$28.333,33
104 R$286,17 R$1.666,67 R$1.952,83 R$26.666,67
105 R$269,33 R$1.666,67 R$1.936,00 R$25.000,00
106 R$252,50 R$1.666,67 R$1.919,17 R$23.333,33
107 R$235,67 R$1.666,67 R$1.902,33 R$21.666,67
108 R$218,83 R$1.666,67 R$1.885,50 R$20.000,00
109 R$202,00 R$1.666,67 R$1.868,67 R$18.333,33
110 R$185,17 R$1.666,67 R$1.851,83 R$16.666,67
111 R$168,33 R$1.666,67 R$1.835,00 R$15.000,00
112 R$151,50 R$1.666,67 R$1.818,17 R$13.333,33
113 R$134,67 R$1.666,67 R$1.801,33 R$11.666,67
114 R$117,83 R$1.666,67 R$1.784,50 R$10.000,00
115 R$101,00 R$1.666,67 R$1.767,67 R$8.333,33
116 R$84,17 R$1.666,67 R$1.750,83 R$6.666,67
117 R$67,33 R$1.666,67 R$1.734,00 R$5.000,00
118 R$50,50 R$1.666,67 R$1.717,17 R$3.333,33
119 R$33,67 R$1.666,67 R$1.700,33 R$1.666,67
120 R$16,83 R$1.666,67 R$1.683,50 R$0,00
R$122.210,00 R$200.000,00 R$322.210,00
Fonte: o autor.
132 Sistema de Amortização
O sistema de amortização misto, segundo Sobri-
nho (2001), foi criado em 1979, pelo antigo BNH,
que fazia financiamento de imóveis na época. O
sistema é um misto entre o sistema Price e o sis-
tema SAC, ou seja, para calcular o valor de PMT,
juros e amortização, é necessário calcular como
seriam os dois modelos citados (SAC e PRICE)
e tirar uma média entre eles. Assim, teremos as
fórmulas como mostrado no Quadro 3:
Quadro 3 - Fórmulas do sistema SAM
Variável Fórmula
PMT
(Prestação)
PMT PMT price PMT sac= +
2
Juros
J J price Juros sac= +
2
Amortização A A price A sac= +
2
Fonte: o autor.
Sistema de Amortização
Misto (SAM)
133UNIDADE VI
Para ilustrar o sistema SAM, analisaremos o exemplo 6:
Exemplo 6
Para um empréstimo de R$ 15.000,00, em um período de 10 meses, com uma taxa de juros de 2%
ao mês, calcular a primeira prestação, o valor dos juros e amortização para a primeira parcela no
sistema de capitalização SAM.
Solução: i=2% a.m.; n= 10 meses; P=R$ 15.000,00
1) CÁLCULO NO SISTEMA PRICE:
PMT Px i xi
i
n
n=
+
+
−
( )1
1 1 = 15.000 x [(1+0,02)
10 x 0,02 / (1+0,02)10 -1] = R$ 1.669,90
J = i x P = 0,02 x 15.000,00 = R$ 300,00
A = PMT - J = 1.669,90 - 300,00 = R$ 1.369,90
2) CÁLCULO NO SISTEMA SAC:
A = P/n = 15.000,00 / 10 = R$ 1.500,00
J = i x P = 15.000,00 x 0,02 = R$ 300,00
PMT = A + J = R$ 1.800,00
3) CÁLCULO NO SISTEMA SAM:
A = A price + A sac / 2 = 1.369,90 + 1.500,00 / 2 = R$ 1.434,95
J = Jprice + Jsac / 2 = 300,00 + 300,00 / 2 = R$ 300,00
PMT = PMT price + PMT sac / 2 = 1.669,90 + 1.800,00 = R$ 1.734, 95
Para melhor visualização de todas as parcelas e da operação de forma integral, assim como visto nos
dois sistemas anteriores, a melhor forma é criar uma planilha eletrônica, conforme demonstrado nas
Tabelas 4, 5 e 6.
134 Sistema de Amortização
Tabela 4 - Tabela Price para o exemplo 4
Tempo Juros Amortização Parcela Saldo Devedor
0 - - - R$15.000,00
1 R$300,00 R$1.369,90 R$1.669,90 R$13.630,10
2 R$272,60 R$1.397,30 R$1.669,90 R$12.232,81
3 R$244,66 R$1.425,24 R$1.669,90 R$10.807,56
4 R$216,15 R$1.453,75 R$1.669,90 R$9.353,82
5 R$187,08 R$1.482,82 R$1.669,90 R$7.871,00
6 R$157,42 R$1.512,48 R$1.669,90 R$6.358,52
7 R$127,17 R$1.542,73 R$1.669,90 R$4.815,79
8 R$96,32 R$1.573,58 R$1.669,90 R$3.242,21
9 R$64,84 R$1.605,05 R$1.669,90 R$1.637,15
10 R$32,74 R$1.637,15 R$1.669,90 R$0,00
Totais R$1.698,98 R$15.000,00 R$16.698,98
Fonte: o autor.
Tabela 5 - Tabela SAC para o exemplo 4
Tempo Juros Amortização Parcela Saldo Devedor
0 - - - R$15.000,00
1 R$300,00 R$1.500,00 R$1.800,00 R$13.500,00
2 R$270,00 R$1.500,00 R$1.770,00 R$12.000,00
3 R$240,00 R$1.500,00 R$1.740,00 R$10.500,00
4 R$210,00 R$1.500,00 R$1.710,00 R$9.000,00
5 R$180,00 R$1.500,00 R$1.680,00 R$7.500,00
6 R$150,00 R$1.500,00 R$1.650,00 R$6.000,00
7 R$120,00 R$1.500,00 R$1.620,00 R$4.500,00
8 R$90,00 R$1.500,00 R$1.590,00 R$3.000,00
9 R$60,00 R$1.500,00 R$1.560,00 R$1.500,00
10 R$30,00 R$1.500,00 R$1.530,00 R$0,00
Totais R$1.698,98 R$15.000,00 R$16.698,98
Fonte: o autor.
135UNIDADE VI
Tabela 6 - Tabela SAM para o exemplo 4
Tempo Juros Amortização Parcela Saldo Devedor
0 - - - R$15.000,00
1 R$300,00 R$1.434,95 R$1.734,95 R$13.565,05
2 R$271,30 R$1.448,65 R$1.719,95 R$12.116,40
3 R$242,33 R$1.462,62 R$1.704,95 R$10.653,78
4 R$213,08 R$1.476,87 R$1.689,95 R$9.176,91
5 R$183,54 R$1.491,41 R$1.674,95 R$7.685,50
6 R$153,71 R$1.506,24 R$1.659,95 R$6.179,26
7 R$123,59 R$1.521,36 R$1.644,95 R$4.657,90
8 R$93,16 R$1.536,79 R$1.629,95 R$3.121,10
9 R$62,42 R$1.552,53 R$1.614,95 R$1.568,58
10 R$31,37R$1.568,58 R$1.599,95 R$0,00
Totais R$1.674,49 R$15.000,00 R$16.674,49
Fonte: o autor.
É interessante, ao analisarmos as três planilhas, salientar o fato de que, na tabela Price, em que temos
as mesmas condições de empréstimo, é a que se paga maior valor monetário dos juros. No entanto,
nem sempre é possível para a pessoa, ou empresa, que busca o empréstimo, escolher qual sistema será
utilizado. Isso será definido pelo credor. É muito comum para compra de automóveis utilizarem a
tabela Price, pois os valores são fixos. No caso de compra de imóveis, aplica-se a tabela SAC ou SAM.
136 Sistema de Amortização
Dentro dos sistemas utilizados, existe o sistema
que, segundo Ferreira (2017), é utilizado nos Es-
tados Unidos da América para realização de em-
préstimos. No sistema americano, a amortização
do Principal só acontecerá ao final do período
acordado, sendo que o devedor paga os juros ao
longo do período inteiro, ou poderá ser capitaliza-
do e pago ao final do período, dependendo, claro,
do acordo feito no momento do empréstimo. O
valor do juros é calculado e pago, a cada período,
dentro do valor do saldo que foi feito o emprésti-
mo. Isso na modalidade de pagamento dos juros a
cada período. Para ilustrar melhor, analisaremos
a planilha do exemplo a seguir.
Sistema de Amortização
Americano (SAA)
Tenha sua dose extra de
conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.
137UNIDADE VI
Exemplo 7
Desenvolver a planilha para amortização de uma dívida, que foi realizada no sistema americano,
de um valor de R$ 20.000,00, a uma taxa de juros de 3% ao mês e com o período para pagamento
de 6 meses.
Solução: i = 3% a.m; n = 6 meses; P =R$ 20.000,00
Cálculo da parcela de juros: i=0,03 x R$ 20.000,00 = R$ 600,00
Criar a planilha:
Tabela 7 - Sistema SAA
Tempo Juros Amortização Parcela Saldo Devedor
0 - - - R$20.000,00
1 R$600,00 R$0,00 R$600,00 R$20.000,00
2 R$600,00 R$0,00 R$600,00 R$20.000,00
3 R$600,00 R$0,00 R$600,00 R$20.000,00
4 R$600,00 R$0,00 R$600,00 R$20.000,00
5 R$600,00 R$0,00 R$600,00 R$20.000,00
6 R$600,00 R$20.000,00 R$20.600,00 R$0,00
Totais R$3.600,00 R$20.000,00 R$23.600,00
Fonte: o autor.
É possível perceber, pela planilha, que, nesse caso,
o valor do principal existe todo o tempo do pe-
ríodo, sendo que o saldo devedor só se encerrará
ao final. Isso quer dizer que caso o devedor queira
quitar sua dívida antes do período, deverá pagar
todo o valor devido. Isso evitará que ele pague os
juros do restante do período. A diferença básica
dos demais sistemas é que, nos demais, o saldo
devedor diminui com o passar dos períodos. Nes-
se caso, se a dívida for quitada antes do tempo, o
saldo devedor é menor e também será evitado que
se pague os juros do restante do período.
Nesta unidade, aprendemos como funcionam
os sistemas de amortização de dívidas no mercado.
É bom salientar que os sistemas mais utilizados
são o Price e SAC, porém é sempre importante
entendermos como funcionam todos, e mesmo
que o credor vá utilizar algum que não conheça,
é interessante que peça para explicar o seu fun-
cionamento. Ao montar a planilha, além de ficar
claro e fácil de enxergar como serão as prestações,
amortização e juros do período, permite fazer todo
um planejamento em seu fluxo de caixa para que
não existam surpresas ao longo do caminho.
138
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
1. Um empréstimo de R$ 40.000,00 deve ser amortizado utilizando o sistema de
amortização Price, em 24 parcelas mensais, com a taxa de juros de 2,05% ao
mês. Calcular o valor da amortização do 6o mês e qual seria o saldo devedor do
décimo sexto mês.
a) A= R$ 32. 101,48; Saldo=R$ 16.036,10.
b) A= R$ 1.433,98; Saldo= R$ R$ 1.790,84.
c) A= R$ 1.399,00; Saldo= R$ 32.101,48.
d) A= R$ 1.399,00; Saldo= R$ 1.790,84.
e) A= R$ 1.446,40; Saldo= R$ R$ 15.546,63.
2. Um terreno foi colocado à venda por um valor de R$ 60.000,00 de entrada e
mais 20 prestações trimestrais, calculadas no sistema SAC. Sabendo que a taxa
de juros é de 10% ao trimestre e que o valor da primeira prestação é de R$
24.750,00, calcular o valor do terreno à vista. Qual o valor dos juros pago?
a) VT= R$ 165.000,00 ; J= R$ 173.250,00.
b) VT= R$ 225.000,00 ; J= R$ 173.250,00.
c) VT= R$ 225.000,00 ; J= R$ 165.000,00.
d) VT = R$ 338,250,00 ; J= R$ 173.250,00.
e) VT= R$ 225.000,00; J= R$ 165.000,00.
3. A compra de um imóvel, no valor de R$ 500.000,00, será paga por meio de um
financiamento, utilizando o sistema SAM, em um período de 10 anos. A taxa
de juros do período é de 12% ao ano. Com os dados fornecidos, qual das res-
postas a seguir está correta para valor da Prestação do 14º mês? E o valor da
amortização no 112º mês?
a) PMT= R$ 7.001,20; A= R$ 6.552,82.
b) PMT= R$ 8.402,08; A= R$ 4.166,67.
c) PMT= R$ 7.701,64; A= R$ 5.298,37.
d) PMT= R$ 7.701,64; A= R$ 5.297,32.
e) PMT=R$ 7.697,22; A= R$ 5.297,32.
139
Matemática Financeira com HP 12C e Excel
Autor: Cristiano Marchi Gimenes
Editora: Pearson
Sinopse: o livro ensina utilizar a calculadora cientifica HP12C para calcular os
valores vistos nos sistemas de amortização, bem como de outras ferramentas
que utilizaremos ao longo do curso.
LIVRO
140
FERREIRA, M. Engenharia Econômica Descomplicada. Curitiba: Intersaberes, 2017.
RYBA, A.; LENZI, E. K.; LENZI, M. K. Elementos de Engenharia Econômica. 2. ed. Curitiba: Intersaberes, 2016.
SOBRINHO, J. D. V. Matemática Financeira. 7. ed. Belo Horizonte: Atlas, 2001.
WAKAMATSU, A. Matemática Financeira. São Paulo: Pearson, 2012.
141
1. E.
2. B.
3. D.
142
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Analisar, em primeiro lugar, o conceito de fluxo de caixa,
que nos permitirá entender como é feito o controle de
entradas e saídas de dinheiro na organização.
• Analisar o sistema de séries de pagamentos iguais com
termos vencidos.
• Analisar o sistema de séries de pagamentos iguais com
termos antecipados.
• Analisar série de pagamentos variáveis.
Noção de Fluxo de Caixa
Série de pagamentos iguais
com termos vencidos
Série de pagamentos
variáveis
Série de pagamentos iguais
com termos antecipados
Dr. Cláudio Roberto Magalhães Pessoa
Série de Pagamentos
Noção de Fluxo
de Caixa
Olá aluno(a), nesta unidade, conheceremos como
funciona o fluxo de caixa de uma organização,
além de aprendermos como planejarmos possí-
veis pagamentos de dívida para não atrapalhar
esse fluxo. É sempre muito bom lembrar que o
que fará com que uma empresa tenha problemas
financeiros é o seu fluxo de caixa. Ao contrário
do que muitos pensam, dívidas, desde que sejam
planejadas e amortizadas em um fluxo de caixa
planejado, não farão com que a empresa feche.
Porém, caso ela não tenha condições de honrar
seus compromissos (água, luz, telefone, pessoal
etc), que sempre chegarão independentemente
de receitas, aí sim terá uma dificuldade real em
sobreviver no mundo dos negócios.
Portanto, antes de começarmos a entender
como a matemática financeira nos ajudará com
as séries de pagamentos, é importante conhecer e
entender o funcionamento de um fluxo de caixa.
145UNIDADE VII
Até o momento, toda nossa aná-
lise de juros, descontos e amor-
tização, está baseada em parce-
las únicas de saídas de capital.
Ao falarmos de fluxo de caixa,
a análise passa a ser de todo ca-
pital que entra e sai do caixa da
organização.
As informações obtidas em
um fluxo de caixa permitirão
aos gestores conhecer o resulta-
do operacional da organização,
possibilitando, com isso, plane-
jar os gastos, visando evitar pos-
síveis problemas de gastos maio-
res que a receita. Isso levaria a
empresa a uma dívida que, por
ventura, poderia não ter condi-
ções de sanar, consequentemen-
te, levando a empresa à falência.
O fluxo de caixa, nos estu-
dos da matemática financeira
de série de pagamentos (RYBA;
LENZI, E.; LENZI, M., 2016), é
representado por uma linha
horizontal, dividida no núme-
ro de períodos da análise e setas
direcionaisvoltadas para cima
(representando as entradas de
capital, receita) e direcionadas
para baixo (representando as
saídas de capital, despesas), con-
forme Figura 1.
Fluxo de Caixa é um Instrumento de gestão financeira que projeta
para períodos futuros todas as entradas e as saídas de recursos
financeiros da empresa, indicando como será o saldo de caixa
para o período projetado.
(Sebrae).
R$ 150,00
R$ 100,00 R$ 100,00
R$ 50,00
4 6
n
321
Figura 1 - Representação de um fluxo de caixa
Fonte: o autor.
Para representar o fluxo em análises realizadas nas organizações,
geralmente são utilizadas planilhas eletrônicas em que estarão, me-
lhor detalhadas, as entradas e saídas de capital, bem como origem
da operação, seja ela de entrada ou saída. Isso permitirá saber, em
detalhes, onde está sendo gasto o dinheiro da organização e de onde
vieram suas receitas. A Figura 2 demonstra uma planilha que foi
retirada do material do Sebrae (2011, on-line)1.
146 Série de Pagamentos
Figura 2 - Planilha de análise de Fluxo de caixa
Fonte: Sebrae (2011, on-line)1.
NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN
FATURAMENTO % 40.000,00 40.000,00 40.000,00 32.000,00 20.000,00 20.000,00 20.000,00 40.000,00
COMPRAS 12.000,00 12.000,00 12.000,00 9.600,00 6.000,00 6.000,00 6.000,00 12.000,00
FLUXO DE CAIXA
NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN
à vista 0 - - - - - - - -
à prazo -
30 dias
50% 20.000,00 20.000,00 20.000,00 16.000,00 10.000,00 10.000,00 10.000,00
à prazo -
60 dias
50% 20.000,00 20.000,00 20.000,00 16.000,00 10.000,00 10.000,00
0
I - TOTAIS
DAS
ENTRADAS
40.000,00 40.000,00 36.000,00 26.000,00 20.000,00 20.000,00
Compras
à vista
100% 12.000,00 12.000,00 9.600,00 6.000,00 6.000,00 6.000,00 12.000,00
Frete 3% 1.200,00 600,00 600,00 600,00 600,00 1.200,00
Impostos s/
Vendas
15,00% 6.000,00 6.000,00 4.800,00 3.000,00 3.000,00 3.000,00
Comissões
s/ Vendas
10% 4.000,00 4.000,00 3.200,00 2.000,00 2.000,00 2.000,00
Salários e
Encargos
6.500,00 6.500,00 6.500,00 6.500,00 6.500,00 6.500,00
Despesas
mensais
4.000,00 4.000,00 4.000,00 4.000,00 4.000,00 4.000,00
Retirada dos
Sócios
2.500,00 2.500,00 2.500,00 2.500,00 2.500,00 2.500,00
II - TOTAIS
DAS SAÍDAS 36.200,00 33.560,00 27.600,00 24.600,00 24.600,00 31.200,00
II - RESULTADO OPERACIONAL
Saldo inicial
IV - SALDO FINAL DE CAIXA
3.800,00 6.440,00 8.400,00 1.400,00 (4.600,00) (11.200,00)
2.500,00 6.300,00 12.740,00 21.140,00 22.540,00 17.940,00
6.300,00 12.740,00 21.140,00 22.540,00 17.940,00 6.740,00
Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.
147UNIDADE VII
Na planilha, é possível analisarmos as entradas e saídas de capital de
uma suposta empresa, em que os números negativos aparecem entre
parênteses, e os positivos sem nenhuma marcação. Assim, percebe-se
que o resultado operacional dos meses de janeiro a abril são positi-
vos; porém os meses de maio e junho possuem resultado negativo,
ou seja, nesses dois meses a empresa gastou mais do que faturou.
Para se fazer uma análise eficaz, é importante sabermos utilizar
planilhas eletrônicas. Assista nossa pílula de aprendizagem, em que
iremos discutir o uso e as análise que devem ser realizadas!
Ao sabermos analisar os fluxos de caixas, já podemos conhecer
como funcionam as séries de pagamentos que devem ser analisadas
para estudo do negócio da organização.
Fluxo de caixa
148 Série de Pagamentos
Até o momento, nossos estudos estavam focados
em taxa de juros, amortizações, capitalização etc.
A partir de agora, será possível analisarmos os
índices financeiros de outra forma. Segundo So-
brinho (2001), as séries de pagamentos são mui-
to comuns em operações comerciais, tais como
financiamentos bancários, de imóveis, de carros,
eletrodomésticos etc. Com elas, será possível cal-
cular o prazo de pagamento com um determinado
valor de parcela, calcular a parcela com uma taxa
de juros e período definido (como vimos feito
em planilhas nos sistemas de amortização). Para
início dos estudos, analisaremos as séries de paga-
mento iguais com termos vencidos e antecipados.
Série de Pagamentos Iguais
com Termos Vencidos
149UNIDADE VII
As séries de pagamentos iguais e com termos ven-
cidos podem ser representadas conforme Figura 3.
VP
0 1
PMT PMT PMT PMT PMT
FV
2 3 4 ...
...
n
Figura 3 - Representação da série vencidas iguais
Fonte: Sobrinho (2001).
onde:
PMT= parcela paga ao longo do período
VP= Valor presente ou atual
VF= Valor Futuro ou Montante
i= Taxa de juros coerente com unidade de tempo
n= é o prazo em número de prestações
Segundo Sobrinho (2001), para calcular o valor
futuro em uma série de pagamentos iguais com
termos vencidos (ou postecipados), o funciona-
mento é segundo a fórmula:
VF = PMTo x (1 + i)0 + PMT1x (1 + i)+...+PMTnx (1+i)
VF = PMT x [(1 + i)0 + (i + 1)1 + ...(1 + i)n]
VF = PMT [(1 + i)n ]-1
i
As rendas certas, ou séries periódicas uniformes,
podem ser divididas em postecipadas, antecipa-
das e diferidas. Nas antecipadas, os pagamentos
são feitos no início de cada período respectivo;
nas postecipadas, o pagamento acontecerá no
final do período respectivo; e nas diferidas exis-
te uma carência para pagamento da primeira
parcela.
(Carlos Patricio Samanez)
Exemplo 1
Determinar o montante de uma série de aplica-
ções por um período de 5 meses, com parcelas
iguais e consecutivas, no valor de R$ 500,00 cada
uma, a uma taxa de juros de 2% ao mês.
Solução: em primeiro lugar, é interessante que
seja desenhado o fluxo de caixa para ilustrar o
período das aplicações.
R$ 500,00R$ 500,00
4 5
VF=?
3210
Figura 4 - Fluxo de caixa do exemplo 1
Fonte: o autor.
Podemos solucionar de duas formas: utilizando a
150 Série de Pagamentos
fórmula de juros compostos para todos os 5 períodos ou utilizando a fórmula de pagamentos contínuo.
Vejamos as duas formas:
Juros Compostos: VF = VP x (1+i)n como a primeira aplicação acontece ao final do primeiro
período, e lembrando que o cálculo é feito contando o número de período do pagamento até o último,
teremos:
VF1 = 500,00 x (1 + 0,02)4 = 541,22
VF2 =500 x (1 + 0,02)3 = 530,60
VF3 = 500,00 x (1 + 0,02)2 = 520,20 VF = Vf0+Vf1+Vf2+Vf3+Vf4 = R$ 2.602,02
VF4 = 500,00 x (1 + 0,02)1 = 510,00
VF5 = 500,00 x (1 + 0,02)0 = 500,00
Utilizando a fórmula de pagamentos iguais e contínuos:
VF = PMT x {[(1+ i)n - 1] / i} = 500 x {[(1+ 0,02)5 -1] / 0,02} = R$ 2.602,02
Para que possamos calcular todas as variáveis, dentro das séries de pagamentos iguais e com termos
vencidos, Sobrinho (2001) apresenta um resumo das fórmulas (Quadro 1) que auxiliam no momento
dos cálculos. Esses cálculos podem ser resumidos em:
a) Dado PMT achar VF – Fator de acumulação de capital, FAC (i,n).
b) Dado VF achar PMT – Fator de formação de capital, FFC (i,n).
c) Dado PMT achar VP – Fator de valor atual, FVA (i,n).
d) Dado VP achar PMT – Fator de recuperação de Capital, FRC (i,n).
Quadro 1 - Fórmulas para Série de pagamento iguais com termos vencidos
Fator Fórmula
Fator de Acumulação de Capital VF PMT x
i
i
n
=
+ −
( )1 1
Fator de Formação de Capital PMT VF i
i n
=
+( ) −
1 1
Fator de Valor Atual VP PMT x
i
i i
n
n=
+( ) −
+( )
1 1
1
Fator de Recuperação de Capital PMT VP x
i i
i
n
n=
+( )
+( ) −
1
1 1
Fonte: Sobrinho (2001).
151UNIDADE VII
Exemplo 2
Imagine que você deseja comprar um automóvel cujo valor, à vista,
é R$ 70.000,00. Para adquiri-lo, você resolve investir em um fundo
de renda fixa, cuja taxa de juros é de 1,5% ao mês, durante 2 anos.
Daí surge a dúvida: qual seria o valor da parcela para que, ao final
do período, possa adquirir o automóvel à vista?
Solução: VF = R$ 70.000,00; n=24 meses; i =1,5% a.m.; PMT=?
Conforme vimos anteriormente: PMT = VF { i / [(1+i)n – 1]}
Assim teremos: PMT = 70.000,00 x { 0,015 / [(1+0,015)24 -1]}
PMT= R$ 2.444.70
Exemplo 3
Uma série de pagamentos no valor de R$ 3.500,00 cada, durante
um período de24 prestações a uma taxa de juros de 5% ao mês,
corresponde a qual valor, hoje?
Solução:
PMT = R$ 3.500,00; n =24 meses; i = 5% a.m.; VP =?
Conforme visto no Quadro 1:
Assim, teremos:
VP = 3.500,00 x [ (1+ 0,05)24 -1 / 0,05 x (1+0,05)24 ]
VP = 3.500,00 x 13,79864
VP = R$ 48. 295,24
Exemplo 4
Uma empresa necessita de R$ 150.000,00 de empréstimo para rea-
lizar um investimento em um novo negócio. O banco com o qual
trabalha oferece o empréstimo para que seja quitado em 12 meses
e cobra uma taxa de juros de 2% ao mês na operação. Qual é o valor
da prestação que a empresa deverá pagar para que seja quitada a
dívida no período dessa operação financeira?
Solução: VP= R$ 150.000,00; n=12 meses; i= 2% a.m.; PMT=?
Conforme visto no Quadro 1:
Assim, teremos:
PMT = 150.000,00 x [ 0,02 x (1+0,02)12 / (1+0,02)12 – 1]
PMT = 150.000,00 x 0,09456
PMT = R$ 14.183,45
152 Série de Pagamentos
Parecido com a série de pagamentos vista no tó-
pico “Noções de fluxo de caixa”, a série de paga-
mentos com termos antecipados, segundo sobri-
nho (2001), diferencia-se, pois os pagamentos são
realizados no início de cada intervalo de tempo. A
representação gráfica pode ser vista na Figura 5.
VP
0 1
PMTPMT PMT PMT PMT PMT
FV
2 3 4 ...
...
n
Figura 5 - Série de pagamentos iguais com termos antecipados
Fonte: Sobrinho (2001).
Onde:
PMT – Valor monetário de cada parcela.
VF – Valor futuro (montante).
VP – Valor presente (Atual).
i – Taxa de juros aplicada no período.
n – Prazo.
Série de Pagamentos Iguais
Com Termos Antecipados
153UNIDADE VII
Para melhor entender as fórmulas que representam essa série, basta perceber que teremos um período
a mais, pois a primeira parcela será paga no momento zero da operação financeira, para tal, segundo
Sobrinho (2001), acrescentam-se às fórmulas o valor de (1+i) que corresponderá a esse período.
Quadro 2 - Fórmulas para Série de pagamento iguais com termos antecipados
Fator Fórmula
Fator de Acumulação de Capital VF PMT x i x
i
i
n
= +( ) +( ) −
1
1 1
Fator de Formação de Capital PMT VF x i
x i
i n
=
+( )
+( ) −
1
1 1 1
Fator de Valor Atual VP PMTx i x
i
i i
n
n= +( )
+( ) −
+( )
1
1 1
1
Fator de Recuperação de Capital PMT VPx i
x
i i
i
n
n= +( )
+( )
+( ) −
1
1
1
1 1
Fonte: Sobrinho (2001).
Exemplo 5
Imagine que você deseja comprar um automóvel
cujo valor à vista é R$ 70.000,00. Para adquiri-lo,
você resolve investir em um fundo de renda fixa,
cuja taxa de juros é de 1,5% ao mês, durante 2
anos, e lhe foi exigido que os pagamentos sejam
realizados em termos antecipados. Daí surge a dú-
vida: qual seria o valor da parcela para que, ao final
do período, possa adquirir o automóvel à vista?
Solução: VF = R$ 70.000,00; n =24 meses; i
=1,5% a.m.; PMT =?
Conforme vimos anteriormente: PMT = VF x [1/
(1+i)] x { i / [(1+i)n – 1]}
Assim, teremos: PMT= 70.000,00 x [1 / (1+0,015)]
x { 0,015 / [(1+0,015)24 -1]}
PMT = 70.000 x 0,98522 x 0,03492
PMT = R$ 2.408,27
Exemplo 6
Uma série de pagamentos, no valor de R$ 3.500,00
cada, durante um período de 24 prestações a uma
taxa de juros de 5% ao mês, corresponde a qual
valor hoje?
Solução:
PMT = R$ 3.500,00; n=24 meses; i= 5% a.m.; VP=?
Conforme visto no Quadro 1:
Assim, teremos:
VP=3.500,00 x (1+0,05) x [ (1+ 0,05)24 -1 / 0,05
x (1+0,05)24 ]
VP= 3.500,00 x 1,05 x 13,79864
VP= R$ 50.710,00
154 Série de Pagamentos
No caso de série de pagamentos variáveis, o próprio
nome já está dizendo uma das diferenças das duas
que foram vistas até o momento, os pagamentos
variam ao longo do período estipulado. É impor-
tante salientar o que Sobrinho (2001) nos mostra:
os valores poderão ser variáveis em seu valor de
forma crescente ou decrescente. Dessa forma, é
acrescido às fórmulas um gradiente (G), onde será
acrescido o valor das parcelas diferentes. Dessa
forma, as fórmulas ficam segundo o Quadro 3.
Exemplo 7
Observando a figura a seguir, qual o valor atual
da sequência em gradiente, se a taxa de juros será
de 1% ao mês?
100
200
300
400
1200
1 20 3 4 12
Figura 6 - Fluxo de caixa do exemplo 7
Fonte: o autor.
Série de Pagamentos
Variáveis
155UNIDADE VII
Para resolver o Exemplo 7, é preciso conhecer as fórmulas de série de pagamentos variáveis.
Quadro 3 - Fórmulas para Série de pagamento variável crescente
Fator Fórmula
Fator de Acumulação de Capital com termos
antecipados.
VF G
i
x
i
i
n
n
=
+( ) −
−
1 1
Fator de Valor Atual com termos antecipados. VP
G
i i
x
i
i
nn
n
=
+( )
+( ) −
−
1
1 1
Fator de Acumulação de Capital com termos
Vencidos.
VF G
i
x i x
i
i
n
n
= +( ) +( ) −
−
1
1 1
Fator de Valor Atual com termos Vencidos. VP
G
i
x i x
i
i i
n
i
n
n n= +( )
+( ) −
+
−
+
1
1 1
1 1( ) ( )
Fonte: Sobrinho (2001).
Solução: G =100; i = 1%a.m.; n =12; PV=?
Conforme podemos ver na figura, os pagamentos
são todos ao final do período, isso significa que
devemos utilizar a fórmula de termos vencidos.
Portanto:
VP G
i
x i x i
i i
n
i
n
n n= +
+ −
+
− +
( )
( )
( ) ( )
1
1 1
1 1
VP = 100/0,01 x {(1+0,01) x [(1+0,01)12 - 1/ 0,01
(1+0,01)12]-12/(1+0,01)12}
VP = 10.000,00 x {1,01 x [0,12682 / 0,011268] -
10,6494}
VP = R$ 7.180,30
Exemplo 8
Um financiamento deverá ser amortizado em sete
prestações mensais e crescentes, de acordo com
uma série variável. Sabendo-se que a primeira
prestação no valor de R$ 1.000,00 é devida no se-
gundo mês do contrato, que G é igual ao valor da
primeira prestação, e que a taxa de juros compos-
tos cobrada pela instituição financeira é de 4% ao
mês, calcular o montante pago no financiamento
(SOBRINHO, 2001).
Solução: G = 1.000,00; i = 4%; n = 8 meses; VF =?
Como no exemplo, a primeira prestação já é de-
vida, estamos tratando de série com termos an-
tecipados.
156 Série de Pagamentos
Portanto: VF
G
i
x i
i
n
n
=
+ −
−
( )1 1
VF = 1.000,00/0,04 {[(1+0,04)8 -1/0,04]-8}
VF = 25.000,00 x 1,2142
VF = R$ 30.355,66
Vimos, até agora, exemplos para gradiente crescente. Caso tenhamos
gradiente decrescente, as fórmulas a serem utilizadas são as que
podem ser vistas no Quadro 4.
Quadro 4 - Fórmulas para Série de pagamento variável decrescente
Fator Fórmula
Fator de
Acumulação
de Capital
com termos
Vencidos
VF G
i
x n i i
i
n
n
= + −
+ −
( ) ( )1 1 1
Fator de
Valor Atual
com termos
Vencidos
VP G
i
x n i
i i
n
n= −
+ −
+
( )
( )
1 1
1
Fonte: Sobrinho (2001).
Exemplo 9
Qual o montante de 9 aplicações mensais, feitas à taxa de 2,5% ao
mês, realizadas no final de cada período, sabendo-se que a primeira
é de R$ 9.000,00 e as demais de valores decrescentes, à razão de
R$1.000,00?
Solução: n = 9 meses; i = 2,5% a.m; G = 1.000,00; VF =?
VF G
i
x n i i
i
n
n
= +( ) − + −
1
1 1( )
VF = 1000/0,025 x {9 (1,025)9 - [(1,025)9 - 1/0,025]}
VF =40.000 x {11,239 - 9,9545}
VF = R$ 51.400,00
157UNIDADE VII
Com essa série, encerramos as séries de pagamento. Poderíamos falar, ainda, das séries variáveis
com pagamentos antecipados. O que seria interessante é dar uma lida no livro de Sobrinho
(2001), mas por ser uma obra não muito comum em se ver no mercado, não foi tratado neste livro.
Foi possível perceber, neste capítulo, que as séries de pagamentos são muito utilizadas no
mercado para cálculo de pagamentos de possíveis dívidas, planejamento e compra de bens ou,
ainda, nos permite-nos saber o montante de um dinheiro aplicado a prazo. Isso nos permite
planejar o fluxo de caixa da organização (e até mesmo pessoal) para que não tenhamos surpresas.
Na próxima unidade, poderemos utilizar tudo que vimos anteriormente para analisarmos
viabilidade de investimentos. Te espero porlá.
158
1. Um veículo é anunciado na internet nas seguintes condições: Entrada de
R$ 20.000,00; Saldo em 36 parcelas de R$ 590,00. Sendo a taxa de juros cobrada
na venda de 1,45% ao mês. Qual é o valor do veículo a vista?
2. Qual o montante de 7 aplicações mensais, feitas à taxa de 1,5% ao mês, realizadas
no início de cada período, sabendo-se que a parcela é de $8.000,00?
3. Qual o montante de 5 aplicações, mensais, a uma taxa efetiva de juros compostos
de 6% ao mês, em que a primeira é de R$ 20.000,00 e as demais gradativamen-
te crescentes, formando uma série gradiente uniforme igual a R$ 20.000,00,
R$ 40.000,00, R$ 60.000,00, R$ 80.000,00 e R$ 100.000,00?
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
159
O Sebrae disponibiliza um documento online que permite conhecer mais sobre
a elaboração de planilhas de fluxo de caixa e traz um modelo que pode ser
preenchido para treinar e conhecer as análises da planilha.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
WEB
160
RYBA, A.; LENZI, E. K.; LENZI, M. K. Elementos de Engenharia Econômica. 2. ed. Curitiba: Intersaberes, 2016.
SAMANEZ, C. P. Matemática Financeira: aplicações à análise de Investimentos. 4. ed. São Paulo: Pearson, 2007.
SOBRINHO, J. D. V. Matemática Financeira. 7. ed. Belo Horizonte: Atlas, 2001.
REFERÊNCIA ON-LINE
1 Em: <https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf>. Acesso em: 21
maio 2018.
https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal Sebrae/Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf
https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal Sebrae/Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf
https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal Sebrae/Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf
https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal Sebrae/Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf
https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal Sebrae/Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf
https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal Sebrae/Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf
https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal Sebrae/Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf
https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal Sebrae/Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf
https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal Sebrae/Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf
https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal Sebrae/Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf
https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal Sebrae/Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf
https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal Sebrae/Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf
https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal Sebrae/Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf
https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal Sebrae/Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf
https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal Sebrae/Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf
https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal Sebrae/Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf
https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal Sebrae/Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf
https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal Sebrae/Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf
https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal Sebrae/Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf
https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal Sebrae/Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf
https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal Sebrae/Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf
https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal Sebrae/Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf
161
1. Como foi dado R$ 20.000,00 de entrada, é preciso conhecer, portanto, qual é o valor atual do saldo deve-
dor. Portanto:
VP = PMT x (1+i)n -1 / i x (1+i)n = 590,00 x (1,0145)36 - 1 / 0,0145 x (1,0145)36
VP = 16.456,49
Como já foi pago R$ 20.000,00, o valor à vista = VP + valor pago = 16.486 + 20.000.
Solução: R$ 36.486,00.
2. Como no caso do exercício dado as prestações são todas no início de cada período, deve-se utilizar a fór-
mula de série de pagamentos iguais e antecipados, onde:
VF = PMT x (1+i) x [(1+i)n -1 / i]
VF = 8.000 x (1,015) x [(1,015)7 -1/ 0,015] = R$ 59.462,71
Solução: R$ 59.462,71.
3. Para solucionar é preciso utilizar a fórmula de série de pagamentos variável crescente: VF G
i
. i
i
n
n
=
+ −
−
( )1 1
VF = 20.000/0,06 x {[(1,06)5-1/0,06] - 5} = R$ 212.364,32
Solução: R$ 212.364,32.
162
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Conhecer os conceitos básicos de análise de investi-
mentos.
• Analisar os critérios básicos para análise de investimentos.
• Conhecer os métodos de análise de investimento.
• Analisar a possibilidade de substituição de equipamentos
nas organizações.
Introdução à Análise de
Investimentos
Critérios econômicos para
análise de decisões (TMA,
VPL, TIR, VFL, Payback)
Substituição de
equipamentos
Métodos de análise
de investimentos
Dr. Cláudio Roberto Magalhães Pessoa
Análise de Investimentos
Introdução à Análise
de Investimentos
Nesta unidade, um dos principais assuntos é a
análise financeira em uma organização. Todas as
vezes que se pensar em fazer investimentos novos
em uma organização, deve ser (ou pelo menos
deveria) uma obrigação dos gestores e/ou toma-
dores de decisões analisar o contexto financeiro
para conhecer qual é o impacto de sua tomada de
decisão no negócio da organização.
Segundo Wakamatsu (2012), vantagem de se uti-
lizar as ferramentas de análise de investimentos é
conseguirmos colocar, por exemplo, dois investimen-
tos diferentes em condições de igualdade. É preciso
criar e utilizar um critério de comparação que os
deixa em condições de igualdade. Somente assim
será possível tomar uma decisão em relação aos dois.
Segundo o autor, os métodos nos permite ver se um
investimento será viável ou não, nos dando, assim,
condições favoráveis para decidir com segurança.
É importante entender qual seria a função do
investimento na organização.
O autor salienta que é importante para um pro-
jeto de investimento que sejam analisados todos
os detalhes financeiros e econômicos, bem como
o imponderável. É importante analisar o fluxo de
caixa (entradas e saídas de capital). Em relação ao
tempo, é importante analisarmos sempre dentro
165UNIDADE VIII
do mesmo período de tempo e, segundo Ryba, Lenzi E. e Lenzi M.
(2016), é importante o presente o futuro, pois “passado é passado”.
Um investimento pode ser para um lançamento de um novo
produto, a modernização de sistemas, adequação ao mercado, subs-
tituição de equipamentos, aluguel, compra ou leasing de ativos ou
patrimônio, dentre outros.
Um investimento é definido como um gasto focando a melhoria
do processo de produção.
(Andréa Ryba, Ervin Kaminski Lenzi e Marcelo Kaminski Lenz)
Os critérios de análise, segundo Ryba, Lenzi E.e Lenzi M. (2016), são:
1. Econômicos: analisa a rentabilidade do investimento. As
principais ferramentas são: Taxa Mínima de Atrativida-
de (TMA); Valor presente; Taxa Interna de Retorno (TIR);
Tempo de Retorno (Payback).
2. Financeiro: analisa a disponibilidade de recursos.
3. Imponderável: existem alguns critério complicados de se
calcular, tais como a imagem da empresa na cabeça do clien-
te, histórico de manutenção, ergonomia, poluição sonora etc.
Todos esses critérios auxiliarão nas tomadas de decisão que poderão
seguir os seguintes passos:
• Identificação do Problema.
• Criação de alternativas que resolvam o problema identificado.
• Avaliar as alternativas e escolher a que melhor se adeque às
necessidades da empresa.
• Implementar a melhor alternativa.
Para se atender, agora, os critérios econômicos de avaliação, vamos
analisar os principais.
Tenha sua dose extra de conhecimento
assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.
166 Análise de Investimentos
Neste tópico, serão mostradas ferramentas que
nos permitirão conhecer variáveis que nos darão
subsídio para uma tomada de decisão segura e
baseada em cálculos matemáticos.
Taxa mínima de atratividade
Todas as vezes que vamos realizar uma tomada de
decisão, uma das principais coisas que precisamos
ter é um parâmetro, ou um critério, que nos levará
à decisão. Para Ryba, Lenzi E. e Lenzi M. (2016), a
TMA será a referência que teremos no momento
da tomada de decisão, ou seja, qual será o retorno
que queremos (em percentual de juros) em um
determinado investimento.
Porém, ainda segundo os autores, não existe
uma fórmula que nos permita calcularo TMA.
Essa taxa é uma análise pessoal (varia com os
profissionais e situações de suas empresas), mas
é possível seguir alguns critérios, e Ryba, Lenzi E.
e Lenzi M. (2016) cita os seguintes:
• Rentabilidade.
• Grau de risco da operação.
• Liquidez.
Critérios Econômicos
para Análise de Decisões
(TMA, VPL, TIR, VFL, Payback)
167UNIDADE VIII
• Política de expansão da empresa.
• Cenário político e econômico do país.
• Inflação.
É importante comparar com outras operações
financeiras de mercado, para entender, também,
se a taxa de retorno trará o resultado desejado,
ou até mesmo se aplicamos o dinheiro em outro
local que poderia render mais com menores risco.
Nesse caso, o investimento de menor risco seria,
por exemplo, caderneta de poupança.
Então, vamos estudar os outros critérios que
nos auxiliarão nas tomadas de decisão.
Taxa Mínima de retorno: É a menor taxa de juros
que você deseja ganhar ao fazer um investimento.
(Andréa Ryba, Ervin Kaminski Lenzi e Marcelo
Kaminski Lenz)
Valor Presente Líquido (VPL)
Segundo Wakamatsu (2012), o VPL é utilizado
quando queremos comparar o fluxo de caixa de um
empreendimento com o investimento inicial. Para
tal, capitaliza-se o fluxo de caixa em cada período
de interesse, faz-se a correção do custo de capital
e se subtrai, disto, o valor do investimento inicial.
Wakamatsu (2012) salienta que, para cálculos
agora de análise de investimentos, as fórmulas se
tornarão mais complexas, em que haverá uma
dificuldade de se calcular de cabeça e, até mes-
mo, com calculadoras comuns. Para isso, pode-se
utilizar planilhas eletrônicas como Excel ou cal-
culadoras financeiras1.
1 Nos materiais complementares é sugerido um curso
para utilização da calculadora 12c.
Tenha sua dose extra de
conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.
A fórmula geral para cálculo do VPL é a seguinte:
VPL I + FCn
it
n
t=− +( )=
∑
1 1
Onde:
• VPL = Valor Presente líquido.
• I = Investimento inicial.
• i = Taxa mínima de atratividade (TMA).
• t = Período das parcelas.
• FCn = Fluxo de caixa.
Ao analisarmos um investimento, é importante
notar que teremos o investimento inicial, a soma
das parcelas ao longo do período analisado e um
valor final que é chamado de valor residual. Esse
valor corresponde ao valor de venda, por exem-
plo, do bem (equipamentos, terrenos, imóveis) da
organização ao final do período.
Para sabermos se o valor do investimento é
interessante, teremos 3 possibilidades, a saber:
1. VPL > 0 - O projeto seria aprovado, pois o
seu retorno é maior que o fluxo de capital.
2. VPL = 0 - Como a taxa colocada na fór-
mula é o TMA, essa igualdade quer dizer
que o retorno é exatamente igual ao míni-
mo exigido para o investimento, portanto,
ainda assim, pode ser aprovado.
3. VPL < 0 - O retorno está abaixo do espe-
rado. Portanto seria reprovado o projeto.
Para entender melhor como funciona o VPL, va-
mos analisar os exemplos a seguir.
168 Análise de Investimentos
Exemplo 1
(Castanheira, 2012, p. 125) Uma empresa de ra-
diotáxi está analisado a possibilidade de adqui-
rir, para sua frota, veículos no valor unitário de
R$ 40.000,00, sabendo que as receitas líquidas
estimadas, em cinco anos, são de R$ 18.000,00,
R$ 18.500,00, R$ 19.200,00, R$ 20.000,00, R$
21.200,00, respectivamente. Ao final dos cinco
anos, o valor residual do veículo é de R$ 10.000,00.
Com uma taxa de retorno de 18% ao ano, a em-
presa deveria, ou não, investir esse valor?
Solução: representado o fluxo de caixa, teremos:
40.000
18.000 18.500 19.200 20.000 31.200
Figura 1 - Fluxo de caixa do exemplo 1
Fonte: o autor.
Note que no último período é preciso somar o
valor da receita líquida com o valor residual.
Ao jogarmos na fórmula, teremos:
VPL = -40.000 + [18.000/(1+0,18)1] + [18.500/
(1+0,18)2] + [19.200/(1+0,18)3] + [20.000/
(1+0,18)4] + [31.200/(1+018)5]
VPL= -40.000 + 14.254.24+13.286,41+11.685,71
+10.315,78+ 13.637,81
VPL = R$ 24.179,95
Como o VPL deu positivo, os cálculos mostram
que o retorno do investimento está além da TMA,
portanto deve ser realizado o investimento. Po-
rém, essa afirmação está baseado simplesmente no
VPL, o que não leva em consideração em quanto
tempo e qual a taxa de juros real de retorno. Para
isso, precisamos utilizar outras ferramentas que
veremos a seguir.
Taxa Interna de Retorno (TIR)
A TIR é um parâmetro dos mais importantes na
análise de investimento.
TIR: é a taxa de juros compostos (taxa de descon-
to) que anula o seu valor presente (valor atual).
(Nelson Pereira Castanheira)
Segundo Castanheira (2012), é preciso observar
o valor algébrico dentro das parcelas e seguir dois
critérios:
1. Os valores de recebimento (crédito) serão
sempre positivos, pois são entradas de caixa.
2. Os valores de pagamentos serão sempre ne-
gativos, pois, por sua vez, são saídas de caixa.
Castanheira (2012), Wakamatsu (2012) e Ryba,
Lenzi E. e Lenzi M. (2016) corroboram com a ideia
e dizem que a TIR será a taxa que irá zerar o fluxo
de caixa, ou seja, anula as parcelas com o VPL.
Portanto, para deduzirmos a fórmula de cálcu-
lo da TIR, usamos a fórmula de VPL, igualamos
o VPL a zero (conforme visto na teoria anterior)
e ficará da seguinte forma:
VPL I x FCn
it
n
t=− +( )=
∑� � �
1 1
;
169UNIDADE VIII
Como VPL = 0:
0
11
=−
+( )=
∑I + FCn
it
n
t
Chegando, portanto, na fórmula Final:
I FCn
it
n
t= +( )=
∑�
1 1
Onde:
• VPL = Valor Presente líquido.
• I= Investimento inicial.
• i = Taxa interna de retorno.
• t= Período das parcelas.
• FC = Fluxo de caixa.
Da mesma forma do VPL, podemos usar 3 crité-
rios de avaliação da TIR para aprovação (ou não)
de um investimento:
1. TIR > TMA - O projeto seria aprovado,
pois o seu retorno é maior que a taxa mí-
nima esperada.
2. TIR = TMA - Essa igualdade quer dizer
que o retorno é exatamente igual ao míni-
mo exigido para o investimento, portanto
ainda assim pode ser aprovado.
3. TIR < TMA - O retorno está abaixo do es-
perado, portanto seria reprovado o projeto.
Para entendermos melhor, vamos analisar o
Exemplo 2.
Exemplo 2
Determinar a taxa interna de retorno correspon-
dente a um empréstimo de R$ 1.000,00 a ser li-
quidado em 3 pagamentos mensais de R$ 300,00,
R$ 500,00 e R$ 400,00.
Solução: para entender, vamos, em primeiro lu-
gar, desenhar o fluxo de caixa:
1.000,00
300,00
500,00
400,00
Figura 2 - Fluxo do caixa do exemplo 2
Fonte: o autor.
Ao jogar na fórmula, teremos:
I FCn
it
n
t= +( )=
∑�
1 1
1.000,00 = [300/(1+i)1] + [500/(1+i)2] + [500 / (1+i)3]
OBS: o cálculo de i, caso queira fazer usando a
matemática, deve ser feito por interpolação. Por-
tanto, é interessante que se utilize uma planilha
eletrônica, como o Excel ou uma calculadora fi-
nanceira.
Usando a planilha de Excel, basta colocar os
valores em coluna e utilizar a fórmula de TIR.
Teremos a seguinte tela:
Fluxo
1000
-300
9,26%
-500
-400
TIR
Figura 3 - Cálculo de TIR
Fonte: o autor.
Portanto: TIR = 9,26% a.m.
Observe que, ao utilizar a fórmula, já temos o
resultado na coluna da direita.
170 Análise de Investimentos
Payback
Os demais parâmetros analisados até aqui não se preocuparam em
conhecer qual seria o tempo necessário, dentro de uma operação
financeira, para que o valor dos pagamentos (parcelas) se iguale ao
investimento inicial.
Payback é o tempo para o qual a somatória entre a relação do fluxo
de caixa e o custo do capital (parcelas) seja igual, ou superior, ao
investimento inicial.
(André Wakamatsu)
O cálculo do payback é feito segundo a fórmula a seguir:
Payback
Período dia mês ano x Investimento Inicial
To
=
( )
ttal Recebido
É importante salientar que, no caso do payback, todo dinheiro ganho
após o tempo para igualar o investimento inicial não será conside-
rado. O critério de aceitação estará ligado ao que foi definido pela
empresa, mas é sempre bom lembrar que quanto menor, melhor.
Para entender melhor, vejamos o exemplo a seguir.
Exemplo 3
Considerando a compra de umnovo equipamento para empresa no va-
lor de R$ 200.000,00 e que o retorno que ele trará para empresa será uma
economia anual de R$ 75.000,00, calcular o payback do investimento.
Conforme visto na fórmula:
Payback
Período dia mês ano x Investimento Inicial
To
=
( )
ttal Recebido , assim teremos: se
quisermos calcular em meses:
Payback = 36 (meses) x 200.000,00 / 225.000 = 32 meses
Foram considerados 3 anos por perceber que, antes disso, o valor
de recebimentos é menor que o investimento inicial.
Se quisermos calcular em dias:
Payback = 1095 (dias) x 200.000,00 / 225.000 = 973, 33 dias
Para calcularmos em anos:
Payback = 3 (anos) x 200.000,00 / 225.000 = 2,67 anos
171UNIDADE VIII
Os critérios estudados anteriormente ajudam
muito nas análises para tomadas de decisão e são
os mais utilizados. Podem ser utilizados de forma
individual, porém, caso sejam usados de forma
conjunto, dão uma noção melhor de retorno e
tempo. Isso dará uma base melhor na análise.
Existem, também, outros critérios que podem
ser utilizados e que citaremos aqui. O primeiro é o
critério do Benefício-Custo (ou custo benefício).
Segundo Samanez (2007), ele nos permite compa-
rar, a qualquer momento, os ingressos de capital e os
custos para prestação de serviço. Muito usado, por
exemplo, em obras que demandam análise de im-
pactos sociais, como obras públicas. Para se calcular
o Benefício-Custo, utiliza-se a seguinte fórmula:
B
C
b
i
c
i
t o
n
t
t o
n
t
=
+( )
+( )
=
=
∑
∑
1
1
Onde:
b = Benefício do período.
c= Custo do período.
n= Horizonte do planejamento.
i=Custo do capital.
Como critério de análise, caso B/C >1, o projeto
será viável.
Métodos de Análise
de Investimentos
172 Análise de Investimentos
AE VPL
VP
= �
Exemplo 4
Analisar a viabilidade econômica de um projeto com um custo
de capital de 5% ao ano e com o custo benefício apresentado no
quadro a seguir.
Ano 0 Ano 1 Ano 2
Custos (c) -R$ 300,00 -R$ 6.800,00 -R$ 15.000,00
Benefício (b) R$ 150,00 R$ 8.500,00 R$ 20.000,00
Fluxo de caixa Líquido -R$ 150,00 R$ 1.700,00 R$ 5.000,00
Solução: Podemos analisar de duas formas:
a) Calculando pelos benefícios/custos:
B
C
b
i
c
i
t o
n
t
t o
n
t
=
+( )
+( )
=
=
∑
∑
1
1
B/C = {(150 + [8500/(1,05)1]+ [20.000/(1,05)2]} / {300 + [6.800/
(1,05)1] + [15.000/(1,05)2}
B/C= 1,29 - Portanto projeto Viável.
b) Calculando pelo Fluxo de caixa líquido.
B/C = [1700/(1,05)1] + [5000/(1,05)2] / 150 = 41,03 - Projeto Viável
OBS: notem que, no caso do fluxo de caixa, a análise é feita medindo
o resultado dos períodos em relação ao investimento no ano zero,
que, geralmente, será negativo.
Como visto anteriormente, um outro método de avaliação muito
utilizado é a análise do fluxo de caixa.
Segundo Wakamatsu (2012), existem ainda momentos em que
teremos que comparar investimentos que se manifestam em di-
ferentes unidades no tempo. O autor dá como exemplo a compra
de equipamentos em que um já tem retorno imediato de receitas,
porém já possui reposição imediata; a outra tem um desempenho
menor, porém constante. Daí, qual escolher?
Para essa análise, o autor lança mão do VPL, mas fazendo uma
análise do impacto ao longo do tempo. Para tal, utiliza um método
173UNIDADE VIII
AE VPL
VP
= �
denominado de anuidade equivalente. Para calcular a anuidade
equivalente, utiliza-se a seguinte fórmula.
AE VPL
VP
= �
Onde:
VPL= Valor presente líquido do período.
VP = Valor presente (onde já vimos a fórmula na série de pa-
gamentos).
Somente para lembrar:
VP
i
i xin
=
+( ) −
+( )
1 1
1
n
Exemplo 5
Uma empresa deverá escolher qual o melhor equipamento que deve
ser adquirido com os seguintes dados:
• Investimento inicial de ambos equipamentos: R$ 300,00;
custo de capital 10% ao ano.
• Equipamento 1: fluxo de caixa de R$ 700,00 logo no pri-
meiro ano, mas se torna inutilizável ao fim desse ano.
• Equipamento 2: tem um fluxo de caixa de R$ 300,00 ao ano
e se torna inutilizável ao final do 3o ano.
VPL1= - 300 + [700/ (1,1)
1] = R$ 336,36
VPL2 = -300 + [300 / (1,1)
1] + [300 / (1,1)2] + [300 / (1,1)3] = R$
446,05
Analisando somente pela ótica do VPL, seria escolhida a opção 2,
por ter um retorno maior do investimento. Analisaremos, agora,
utilizando a fórmula de Anuidade equivalente.
AE1 = 336,36 / { [(1+0,1)
1 -1] / [(1+0,1)1 x 0,1]} = R$ 370,00
AE2 = 746,05 / {[(1+0,1)
3 -1] / [(1+0,1)3 x 0,1]} = R$ 300,00
Ao analisarmos considerando o tempo igual para ambos os investi-
mentos, foi possível perceber que a alternativa A se tornou a melhor
entre as duas. O que nos mostra que sempre devemos pensar e co-
locar todas as alternativas dentro de um mesmo período de análise,
evitando, assim, comparações entre tipos diferentes de investimento.
174 Análise de Investimentos
A Análise de substituição de equipamentos em
uma organização é algo importante, pois toda or-
ganização precisa sempre analisar a atualização de
seu parque tecnológico,ou algum ativo (máquinas
industriais, equipamentos de uso técnico etc.).
Para Ryba, Lenzi E. e Lenzi M. (2016), é impor-
tante seguir critérios que definirão quando se deve
fazer, ou não, a troca dos equipamentos. São eles:
• Ampliação da capacidade de produção.
• Danos irreversíveis.
• Desgaste natural.
• Obsolescência.
• Falta de suporte ou manutenção do fa-
bricante.
• Perda de produtividade.
• Poluição sonora.
• Acidentes.
Segundo os autores, uma pergunta importante
deve ser respondida: a economia trazida com a
compra compensa o investimento?
Substituição de
Equipamentos
Exemplo 6
Dado fluxo de caixa abaixo da operação de uma máquina (em mi-
lhares de reais), com um TMA de 10% ao ano, analisar a viabilidade
de troca (RYBA, LENZI, E.; LENZI, M. 2016, p.128).
Ano
Valor de
compra/venda
Custo Operacional Receita Gerada
0 500 0 0
1 450 100 500
2 400 150 400
3 300 200 250
4 150 250 200
5 100 300 100
Solução: para responder à pergunta, é importante analisar o VPL
a cada período:
VPl1= - 500 + 850/(1,1)
1 = 272,70
VPl2= - 450 + 650/(1,1)
1 = 140,90
VPl3= - 400 + 350/(1,1)
1 = -81,80
Na análise anterior, pudemos notar que, a partir do terceiro ano,
o VPL deu um valor negativo de R$ 81.800,00, o que nos mostra
que a máquina deverá ser trocada a partir do final do segundo ano.
Com os exemplos mostrados na unidade, foi possível perceber
a importância de serem realizados estudos utilizando os métodos
e critérios apresentados. Somente com a utilização desses métodos
e critérios é possível obter informações suficientes que servirão
de base para os gestores em tomadas de decisões precisas e com
menos erros.
Para análise de investimentos, é sempre bom escolher a sua TMA,
analisar em conjunto TIR, VPL, Payback, pois, assim, teremos sem-
pre resposta de retorno e tempo; e, caso seja preciso, utilizar, ainda,
os métodos apresentados para que sejam igualadas operações di-
ferentes, criando, com isso, critérios precisos nas análises.
Na próxima unidade, faremos análises com a intervenção de
fatores externos. Te espero por lá.
176
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
1. Uma lavanderia analisa duas alternativas para melhorar os seus serviços de
entrega:
a) Comprar uma caminhonete:
custo de aquisição: $ 40.000,00
vida útil: 6 anos
valor de venda após 6 anos (valor residual): $ 4.000,00
custos anuais de manutenção: $ 8.000,00
b) Alugar uma caminhonete:
custos anuais com o aluguel e manutenção: $ 15.000,00
em ambos os casos utilizar uma taxa de juros ao ano de 10%.
2. A Empresa XYZ estuda a compra de dois equipamentos A e B com as seguintes
características:
A B
Custo inicial $ 28.000,00 $ 23.000,00
Vida útil 5 anos 5 anos
Custos anuais $ 4.000,00 $ 5.000,00
Receitas anuais $ 12.000,00 $ 10.000,00
Valor residual $ 12.000,00 $ 10.000,00
Dadas as informações, analise VPL e a TIR para os equipamentos A e B, verifi-
cando por estes métodos se ambos os projetos são viáveis e, neste caso, qual
deles é o mais atrativo. A TMA da empresa é de 18% ao ano.
177
3. Uma empresadeseja trocar uma máquina velha e levantou os seguintes dados
da planilha a seguir:
Máquina Velha Máquina Nova
Investimento Inicial 0 R$ 25.000
Fluxo de caixa operacional R$ 12.000,00/ano R$ 8.000,00/ano
Vida útil 2 anos 4 anos
custo de capital 6% ao ano 6% ao ano
Com os dados anteriores, qual decisão você tomaria, trocar ou não o equipa-
mento?
178
Curso prático de Calculadora HP 12c
Para aqueles que trabalham, ou irão trabalhar, com a área de análises de in-
vestimentos, é de bom grado que adquira uma calculadora financeira. A mais
utilizada pelos profissionais da área é a HP 12C, que permite fazer os cálculos
vistos no capítulo com facilidade. Para conhecê-la e aprender a utilizá-la, esse
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179
CASTANHEIRA, N. P. Matemática Financeira Aplicada. Curitiba: Intersaberes, 2012.
RYBA, A.; LENZI, E. K.; LENZI, M. K. Elementos da Engenharia Econômica. Curitiba: Intersaberes, 2016.
SAMANEZ, C. P. Matemática Financeira: aplicações à análise de Investimentos. 4. ed. Pearson, São Paulo, 2007.
WAKAMATSU, A. Matemática Financeira. São Paulo: Pearson, 2012.
180
1. B.
Solução: Para solucionar o exercício, é preciso calcular o VPL dos dois casos. Para tal, pode-se fazer de
duas formas:
Utilizar a fórmula de VPL: VPL I+
FC
i
n
t
t
n
= −
+=
∑ ( )11
Assim, temos que VPLa = -40000 - 8000/(1,1) - 8000/(1,1)2 - 8000(1,1)3 - 8000(1,1)4 - 8000(1,1)5 - 4000 (1,1)6
= - R$ 72.584,18
VPLb = -15000/1,1 - 15000/(1,1)2 - 15000/(1,1)3 - 15000(1,1)4 - 15000/(1,1)5 - 15000/(1,1)6 = - R$ 65.328,91
Ou pode ser utilizada a fórmula de VPL no Excel conforme visto na videoaula.
VPLA (15%) = - R$ 72.584,18; VPLB (15%) = - $ 65.328,91
A Melhor opção é, portanto, alugar caminhonete.
2. A.
Para solucionar o exercício, é preciso calcular, aqui, o VPL, que compara ambas opções no valor atual,
e a TIR, que nos permite conhecer a taxa de retorno do investimento. É importante lembrar que, para
analisar a TIR, devemos compará-la com o TMA (taxa mínima de atratividade) definida pela organização.
Para calcular, pode-se utilizar as fórmulas de VPL e TIR vistas ao longo da unidade, utilizar Excel ou, ainda,
calculadora financeira.
VPLa = -28000 + 8000/(1,18) + 8000/(1,18)2 + 8000/(1,18)3 + 8000/(1,18)4 + 20000/(1,18)5 = R$ 2.262,68
VPLb = -23.000 +5000/1,18 + 5000/(1,18)2 + 5000/(1,18)3 + 5000/(1,18)4 + 15000/(1,1)5 = - R$ 2.993,05
Para calcular TIR, é aconselhado utilizar as fórmulas de Excel ou calculadora.
TIRa = 21%; TIRb= 13%.
Analisados, então, os dados calculados, teremos:
Solução: VPLA (18%) = R$ 2.262,68; TIRA= 21% - Viável
VPLB (18%) = - R$ 2.993,05; TIRB=13% - Como o VPL < 0 - O retorno está abaixo do esperado.
Portanto seria reprovado o projeto. Além disso, a TIR é menor que a TMA,
Melhor Opção é A, pois o TIR está acima do TMA e o VPL positivo.
181
3. Solução: AEv= R$ 1.320,04; AEn= R$ 163,32 – Como, nesse caso, o valor de anuidade equivalente é maior
na máquina velha, não é aconselhável trocar o equipamento.
Para solucionar essa questão, podemos utilizar o método de anuidade equivalente, que nos permitirá
colocar ambas opções sob o mesmo critério. A fórmula para cálculo será:
AE VPL
VP
=
Onde VP= (1+i)n / (1+i)n x i
Assim teremos:
O cálculo do VPL pode ser feito conforme visto nos exercícios ao longo do capítulo
VPLv= 12000/(1,06) + 12000/(1,06)2 = R$22.000,71
VPLn= -25000 + 8000x(1,06) + 8000x(1,06)2 + 8000x(1,06)3 + 8000x(1,06)4 = R$ 2.720,84
AEv= 22.000,71 / [(1,06)2 / (1,06)2 x 0,06] = R$ 1.320,04
AEn=2.720,84 / [(1,06)4/(1,06)4 x 0,06] = R$ 163,32
182
183
184
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Dr. Cláudio Roberto Magalhães Pessoa
• Realizar análises para realização de investimentos nas
organizações.
• Compreender os conceitos de inflação e deflação.
• Saber como proceder para realização de correção mone-
tária (inflação e deflação).
• Conhecer o impacto dos impostos no negócio da or-
ganização.
Investimento
Inflação Impostos
Correção Monetária
Análise de
Externalidades
Investimento
Agora que já vimos várias técnicas e fórmulas que
nos permitem avaliar vários tipos de investimen-
tos e projetos financeiros, só nos faltou conhecer
como analisar possíveis investimentos, porém em
conjunto o fluxo de caixa financeiro da empresa,
ademais, é também importante conhecer a forma
como fatores externos, tais quais inflação, câmbio,
imposto de renda, podem influenciar nessas análi-
ses. Começaremos analisando investimentos, mas
não de forma isolada, dentro de um planejamento
que leva em consideração as condições financeiras
da organização.
Para analisar um investimento desse porte,
podemos fazer, nas organizações, uma análise de
sensibilidade, que nada mais é do que criar cená-
rios possíveis, por meio de simulações, que nos
darão uma visão melhor do que poderá acontecer
mais à frente. Projetamos, portanto, várias situa-
ções e podemos, com isso, escolher qual seria a
melhor opção para organização de acordo com
os resultados obtidos.
187UNIDADE IX
Analisar investimentos dentro do que apren-
demos até o momento, por meio da TIR, VPL,
Payback, de forma isolada, não leva em consi-
deração as incertezas e risco do mercado. Te-
mos que lembrar que existem inflação, variações
cambiais e riscos econômicos que podem mudar
o rumo do país e, consequentemente, dos resul-
tados operacionais da organização.
OK! Como começar, então, essa análise e de-
senhar possíveis cenários?
Para iniciarmos as nossas análises, faz-se ne-
cessário ser bem criterioso na construção de um
fluxo de caixa que reflita bem o que acontece no
dia a dia da organização. O fluxo de caixa real
nos mostrará o que aconteceu com a empresa de
forma “histórica”, ou seja, será anotado tudo que
entrou e saiu de capital da organização dentro um
período determinado. Vejamos, na Tabela 1, um
exemplo de fluxo de caixa resumido (SEBRAE,
2011, on-line)2.
Tabela 1 - Fluxo de caixa real
Contas Valores
1. Receitas Totais R$364.000,00
2. Custos Variáveis R$211.120,00
Compras R$109.200,00
Fretes R$10.920,00
Impostos R$54.600,00
Comissões R$36.400,00
3. Margem de Contribuição R$152.880,00
4. Custos Fixos R$132.000,00
Salários e Encargos R$78.000,00
Despesas Mensais R$24.000,00
Retirada dos Sócios R$30.000,00
5. Resultado Líquido R$20.880,00
Fonte: o autor.
Somente para esclarecimento da planilha mos-
trada na Tabela 1, a margem de contribuição,
segundo a literatura sobre o tema, refere-se à di-
ferença existente entre as receitas da organização
e seus custos variáveis, ou seja, quanto sobrará
para que sejam pagas as despesas fixas (salários,
encargos, luz, água, aluguel etc.) e saber se ainda
deu lucro.
No caso apresentado, é possível perceber
que, no mês em questão, houve um resultado
operacional positivo de R$ 20.880,00. Não cha-
mei nesse momento de lucro, pois é importante
entender qual o momento da organização. Ela
poderia estar, ainda, no seus primeiros meses de
vida e não ter pago o seu investimento inicial. Daí
a importância em se pagar esse investimento. A
forma de pagamento seria definida pelos sócios,
mas só podemos entender como lucro caso já
tenha sido pago esse investimento.
Para analisarmos cenários visando melhores
resultados operacionais, é importante entender
que só podemos trabalhar com alguns parâme-
tros, como: as receitas, que poderão aumentar
ou diminuir; e os custos que também poderão
crescer ou diminuir. O custo variável dependerá
diretamente das receitas. Já o custo fixo pode ser
trabalhado buscando adequar a realidade da or-
ganização. O raciocínio é mesmo matemático, ou
seja, para melhorar os resultados, é preciso existir
três possibilidades: ganhar mais sem alterar os
custos, ganhar mais reduzindo os custos, manter
a receita e baixar os custos.
188Análise de Externalidades
Vamos analisar as tabelas a seguir (SEBRAE, 2011, on-line)2:
Tabela 2 - Cenário 1: aumento de receitas em 30%
Contas Valores % Mais 30% de receita %
1. Receitas Totais R$364.000,00 100,00 R$473.200,00 100,00
2. Custos Variáveis R$211.120,00 58 R$274.456,00 58
Compras R$109.200,00 R$141.960,00
Fretes R$10.920,00 R$14.196,00
Impostos R$54.600,00 R$70.980,00
Comissões R$36.400,00 R$47.320,00
3. Margem de Contribuição R$152.880,00 42 R$198.744,00 42
4. Custos Fixos R$132.000,00 36 R$132.000,00 28
Salários e Encargos R$78.000,00 R$78.000,00
Despesas Mensais R$24.000,00 R$24.000,00
Retirada dos Sócios R$30.000,00 R$30.000,00
5. Resultado Líquido R$20.880,00 6 R$66.744,00 14
Fonte: o autor.
Tabela 3 - Cenário 2: queda das receitas em 5%
Contas Valores % Menos 5% receita %
1. Receitas Totais R$364.000,00 100,00 R$345.800,00
2. Custos Variáveis R$211.120,00 58 R$200.564,00 58
Compras R$109.200,00 R$103.740,00
Fretes R$10.920,00 R$10.374,00
Impostos R$54.600,00 R$51.870,00
Comissões R$36.400,00 R$34.580,00
3. Margem de Contribuição R$152.880,00 42 R$145.236,00 42
4. Custos Fixos R$132.000,00 36 R$132.000,00 38
Salários e Encargos R$78.000,00 R$78.000,00
Despesas Mensais R$24.000,00 R$24.000,00
Retirada dos Sócios R$30.000,00 R$30.000,00
5. Resultado Líquido R$20.880,00 6 R$13.236,00 4
Fonte: o autor.
189UNIDADE IX
Tabela 4 - Cenário 3: queda de custos fixo em 8%
Contas Valores % Menos 8% despesa Fixa %
1. Receitas Totais R$364.000,00 100,00 R$364.000,00
2. Custos Variáveis R$211.120,00 58 R$211.120,00 58
Compras R$109.200,00 R$109.200,00
Fretes R$10.920,00 R$10.920,00
Impostos R$54.600,00 R$54.600,00
Comissões R$36.400,00 R$36.400,00
3. Margem de Contribuição R$152.880,00 42 R$152.880,00 42
4. Custos Fixos R$132.000,00 36 R$121.440,00 33
Salários e Encargos R$78.000,00 R$71.760,00
Despesas Mensais R$24.000,00 R$22.080,00
Retirada dos Sócios R$30.000,00 R$27.600,00
5. Resultado Líquido R$20.880,00 6 R$31.440,00 9
Fonte: o autor.
Tabela 5 - Resumo de cenários
Planilha
Resumo
Contas Valores %
Mais 30%
receita
%
Menos 5%
receita
%
Menos 8%
despesas Fixas
%
Receitas
Totais
R$364.000,00 100 R$473.200,00 100 R$345.800,00 100 R$364.000,00 100
Custo
Variável
R$211.120,00 58 R$274.456,00 58 R$200.564,00 58 R$211.120,00 58
Custo
Fixos
R$132.000,00 36 R$132.000,00 28 R$132.000,00 38 R$121.440,00 33
Resultado
Líquido R$20.880,00 6 R$66.744,00 14 R$13.236,00 4 R$31.440,00 9
Fonte: o autor.
Ao analisarmos a planilha resumo, é possível
perceber as mudanças que aconteceriam no re-
sultado líquido da organização, de acordo com
as mudanças efetuadas. É interessante notar que
o fato de aumentar 30% de receita, não neces-
sariamente significa que o resultado aumentará
na mesma proporção, pois isso altera, também,
os custos variáveis. Assim, o crescimento, nesse
caso, foi de 8%, pois sai de 6% do valor da receita
bruta, para 14%, mas o mesmo acontece também
quando abaixamos a receita. Ao abaixar em 5%, a
receita caí apenas 2 pontos percentuais o resultado
líquido do período, mas o mais interessante é ver
que, ao abaixar os custos fixos em 8%, acontece
190 Análise de Externalidades
um crescimento significativo de 3 pontos per-
centuais no resultado final. Isso nos mostra que
o melhor seria aumentar receitas e abaixar custos.
O que nem sempre será possível. A decisão final
ficará a cargo do gestor da organização, que terá
todos os índices a serem avaliados, bem como o
objetivo da organização. Mas é mister salientar
que a análise é de extrema importância, não só
para conhecer o que acontecerá com o resultado
devido aos cenários propostos, mas também para,
ao longo do tempo, saber se os resultados da orga-
nização estão seguindo conforme planejado. Sem
critérios de análise, torna-se impossível saber se a
empresa está caminhando bem, ou não.
Outra oportunidade é pensar em buscar novos
investimentos para organização. Para entender-
mos melhor, vamos analisar o fluxo atual da or-
ganização (Tabela 1) e ver se seria possível buscar
um investimento de R$ 200.000,00 em uma ins-
tituição financeira. Essa instituição cobrará uma
taxa de 2% ao mês e o empréstimo seria quitado
em 24 meses, no regime Price.
Para essa análise, é necessário, em primeiro lu-
gar, saber como ficaria as parcelas na tabela price
para amortização.
PMT= VP {[(1+i)n x i]/[(1+i)n - 1]} = PMT
= R$ 10.574,22
Calculado o valor da parcela, podemos olhar
na planilha de resultados para perceber se o fluxo
de caixa atual comportaria um empréstimo nesse
valor.
Como temos um resultado líquido atual de R$
20.880,00, seria possível receber mais uma des-
pesa fixa de R$ 15.861,33, o que ainda daria um
resultado operacional positivo de R$ 5.018,67.
Porém, caso a receita caia em 5%, conforme vimos
na Tabela 3, o resultado líquido é de R$ 13.236,00.
Assim, caso a empresa assuma mais um custo fixo
de R$ 15.861,33 teria, nesse caso, um resultado lí-
quido (prejuízo) de R$ 2.625,33, comprometendo,
assim, o resultado da organização.
Com a análise realizada, ficou claro como a
“construção” de possíveis cenários é importante
na análise de investimentos realizados pela orga-
nização. Eles permitem ao gestor visualizar qual
seriam os impactos de novos investimentos ou até
mesmo de possíveis ações no sentido de corrigir
possíveis problemas com os quais a organização
esteja no momento.
No entanto, é bom lembrar também que es-
ses possíveis problemas podem ser causados por
externalidades, como taxa de câmbio, inflação,
impostos etc. Vamos analisá-las, então.
191UNIDADE IX
Todos nós, ao assistirmos telejornais, lendo no-
tícias na internet, jornais, revistas especializadas
etc., sempre ouvimos falar da inflação. Todos os
especialistas da área dizem que o governo deve
adotar políticas firmes que combatam a inflação,
sob pena dela prejudicar, de forma sensível, a eco-
nomia do país. Mas então, o que seria a inflação e
qual o seu impacto sobre as organizações?
Para Castanheira (2012), o período inflacioná-
rio corresponde ao momento em que os preços se
encontram em elevação, ou seja, uma certa quan-
tidade de dinheiro não compra mais a mesma
quantidade de um produto, o que compraria antes.
Inflação é a desvalorização da moeda.
Ao contrário da inflação, deflação é a valorização
da moeda.
Porém, ainda segundo Castanheira (2012), existem,
também, os momentos de deflação, ou seja, aquele
momento em que, em um determinado período, os
preços caem e será possível comprar, com a mesma
quantidade de dinheiro, mais produtos.
Inflação
192 Análise de Externalidades
Assim, em ambos os casos, é importante ana-
lisar, no momento de análises financeiras, quais
seriam os seus impactos em relação ao seu negó-
cio. Para Wakamatsu (2012), trabalhar com isso é
ponderar qual será esse impacto no valor futuro
de uma aplicação, por exemplo, pois, caso exista
no mercado inflação, esse valor deverá ser corri-
gido a uma taxa proporcional à da inflação sob
pena de a empresa perder dinheiro, pois esse será
“consumido” pela taxa inflacionária.
Segundo o autor, existem duas maneiras de se
tratar isso, na primeira, aplica-se o valor da infla-
ção diretamente no fluxo de caixa; na segunda,
considera-se a taxa de juros em conjunto com a
taxa nominal, criando uma taxa única.
Exemplo 1
Pretende-se decidir sobre a viabilidade de uma
aplicação, utilizando o método de VPL, onde o
investimento inicial é de R$ 14.000,00; o resul-
tado operacional é positivo e de R$ 5.000,00 no
primeiro mês e de R$ 10.000,00 no segundo; a
taxa de juros do período é de 6% ao mês e a taxa
de inflação de 3%.
Solução: para resolver essa questão, utiliza-
remos a fórmula de VPL, porém considerando
que existe uma taxa de inflação que atuará no
resultado operacional da organização. Teremos,
portanto:
VPL = - 14.000 + {(5000/1,03)/(1,06)1} +
{(10.000/1,03)/(1,06)2} = - 779,67
Em um primeiromomento, ao notarmos que
temos dois resultados maiores que o valor in-
vestido, nos levaria a crer que o investimento é
viável. Porém, ao utilizarmos a fórmula de VPL,
percebemos que o valor da inflação faz com que
o dinheiro se desvalorize e o VPL dê negativo,
inviabilizando, portanto, o negócio.
193UNIDADE IX
Como visto no item anterior, a inflação impactará
muito nos valores de análise de investimentos.
Assim, é necessário, ao realizar análises, levar em
consideração esses índices, que são dados pelo
governo.
Correção monetária é a recuperação ou atualiza-
ção do poder aquisitivo da moeda, conforme os
índices oficiais informados pelo governo.
(Nelson Pereira Castanheira)
O autor chama atenção da importância de se ter o
índice adotado formalizado em contrato e obriga-
toriamente se escolher outro que o substitua, caso
o primeiro que foi escolhido seja extinto.
A variação da correção monetária é dada pela
seguinte fórmula (CASTANHEIRA, 2012):
CM índice do período indicado
índice do período anterior
= −1
Correção
Monetária
194 Análise de Externalidades
Para calcular a média inflacionária de um perío-
do, pode-se, também, utilizar a fórmula (CASTA-
NHEIRA, 2012):
IM CM n= +( ) −1 1
1
Onde:
IM = Inflação média.
CM = Correção monetária.
n = Período de cálculo.
Para entendermos melhor, vamos analisar um
exemplo dado por Castanheira (2012):
Exemplo 2
Calcule a correção monetária e a média mensal
de inflação, de outubro/2004 a maio/2005, inclu-
sive, considerando os dados do INPC do IBGE,
conforme a Tabela 6:
Tabela 6 - Valores da inflação mensal
Período Mensal (%) índice
Setembro (2004) - 100,0000
Outubro (2004) 0,17 100,1700
Novembro (2004) 0,44 100,6107
Dezembro (2004) 0,86 101,4760
Janeiro (2005) 0,57 102,0544
Fevereiro (2005) 0,44 102,5035
Março (2005) 0,73 103,2517
Abril (2005) 0,91 104,1913
Maio (2005) 0,70 104,9207
Fonte: o autor.
Solução: em primeiro lugar, é preciso calcular
qual é a correção monetária do período.
CM índice do período indicado
índice do
= −
odo anterior
1
í
CM = (104,9207/100,0000) - 1 = 0,049207 ou
4,9207% no período.
Para calcular a média inflacionária, basta utilizar
a fórmula dada:
IM CM n= +( ) −1 1
1
Assim, teremos:
IM = (1+ 0,049207)⅛ -1 = 0,006022 ou 0,6022%
ao mês.
195UNIDADE IX
Outro índice que não poderá ser ignorado pelas
organizações são os impostos. Assunto também
muito comum nos noticiários e combatido por
muitos, os impostos podem levar a uma análise
errada, principalmente no momento da compo-
sição do preço de venda de um produto.
Segundo Vascocellos (2009), existem dois tipos
de impostos que incidem sobre a venda de um
produto: Impostos indiretos (ICMS, IPI), que in-
cidem sobre o preço das mercadorias; e impostos
diretos que incidem diretamente sobre a renda das
pessoas (Imposto de Renda).
É importante, para entender o impacto dos
impostos, analisarmos como se compõe um preço
de venda de produtos e/ou serviços. Segundo in-
formações obtidas no site do Sebrae, o preço final
de um produto é composto por quatro fatores:
• Custo fixo: gastos que não variam em fun-
ção dos volumes de produção.
• Custos Variáveis: gastos que variam em
função do volume de produção. Esses
custos englobam impostos, comissões etc.
Segundo informações do SEBRAE (2018,
on-line)1, os custos variáveis são os mos-
trados na Tabela 7.
Impostos
196 Análise de Externalidades
Tabela 7 - Custos variáveis de venda
Custos Variáveis de Venda (CVV)
ICMS (Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços) – federal. 17,0%
PIS (Programas de Integração Social e de Formação do
Patrimônio do Servidor Público) – Federal.
0,65%
COFINS (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social)
– Federal. 3,00%
Contribuição Social - Federal. 1,08%
IRPJ (Lucro presumido) - (Imposto de Renda Pessoa Jurídica). 1,20%
ISSQN - (Impostos Sobre Serviços de Qualquer Natureza) –
municipal.
2 a 5% - Depende da prefeitura
Comissões. Depende da organização
Fonte: SEBRAE (2018, on-line)1.
No caso de ICMS e ISSQN, usa-se um ou outro.
Depende do que for vendido. No caso de serviços,
aplica-se ISSQN no caso de produtos ICMS. É
bom salientar que ainda existem outros impostos
que são ligados ao ramo da organização, tais como,
o IPI, (imposto sobre produtos industrializados),
FUST (Fundo de Universalização dos Serviços de
Telecomunicações), entre outros. É preciso ficar
atento para conhecer se na sua área existe algum
que não constou no seu valor de venda.
• Custos diretos: gastos que podem ser
apropriados diretamente ao produto e/ou
serviço.
• Custos Indiretos: despesas que para se-
rem incorporadas ao produto e/ou serviço
utilizarão um critério de rateio, pois tam-
bém são utilizados por outros produtos e
/ou serviços da organização.
Para saber qual será sua contribuição no preço de
venda final, deve-se calcular a relação do custo
fixo em relação ao faturamento da organização.
A fórmula para cálculo é:
CF CFm
RBm
x% =
100
Onde:
CF% = percentual do custo fixo.
CFm = Custo fixo médio da organização.
RBm = Receita Bruta média da organização.
É sempre importante lembrar no momento da
composição de um custo de venda três fatores:
quanto nos custa prestar o serviço (ou produzir
um produto), quanto queremos ganhar de mar-
gem com esse produto e o quanto o mercado paga.
Não adianta nada queremos uma margem muito
grande se o mercado não estiver disposto a pagar
pelo que queremos vender.
Outro fator importante é a margem de lucro,
pois aqui é que está a fatia que realmente sobrará
para organização ao final de todo estudo. Esse
valor é chamado pelo Sebrae de Taxa de Marcação.
197UNIDADE IX
Para calcular, utiliza-se a fórmula:
TM
CF CVV ML
=
− + +( )
100
100 %
Onde:
CF% = Custo fixo médio percentual em relação
a receita bruta média.
CVV = Custo variável de venda.
ML = Margem de lucro.
Para um melhor entendimento, vamos analisar o
exemplo a seguir:
Exemplo 3
Imagine uma empresa que queira vender calças e
camisas e fez compra das duas mercadorias com
seu fornecedor. Foram adquiridas 200 calças, no
valor unitário de R$ 30,00 e 300 camisas no valor
unitário de R$ 15,00. Além desses valores, a em-
presa que vendeu acrescentou um valor de IPI na
alíquota de 10%, ICMS de 17% e um valor de frete
de R$ 900,00. Considerando que a empresa tem
um custo fixo médio de R$ 2.000,00 e uma receita
bruta média de R$ 20.500,00. Qual seria o preço
de venda desses produtos se a empresa quiser ter
uma margem de lucro de 20% e ainda paga uma
comissão aos seus vendedores de 4% do valor de
venda? (SEBRAE, 2011, on-line)2.
Solução: para montar o preço, é preciso saber, em primeiro lugar, qual foi o custo de aquisição da
mercadoria:
CAM= Preço de compra + IPI + ICMS + frete
Tabela 8 - Composição do Preço de venda
Produto P. Compra (R$) IPI (10%) Frete p/ peça (R$) SOMA (R$) ICMS (17%) CAM (R$)
Calça 30,00 3,00 1,80 34,80 5,92 40,72
Camisa 15,00 1,50 1,80 18,30 3,11 21,41
Fonte: o autor.
Note que o frete para composição de custo é aplicado no valor total do preço de compra mais IPI e
que o valor do frete é calculado por peça.
Agora que conhecemos o valor de aquisição, vamos calcular os valores adicionais para venda.
198 Análise de Externalidades
Tabela 9 - Custo Variável de venda
Custos Variáveis de Venda (CVV)
Imposto Alíquota
ICMS 17,0%
PIS 0,65%
COFINS 3,00%
Contribuição Social - Federal 1,08%
IRPJ 1,20%
Comissões 4%
Total 26,93%
Fonte: Sebrae (2018, on-line)1.
A Tabela 9 mostra que teremos um acréscimo de 26,93% ao preço
para cobrir os custos variáveis.
Custo indireto Fixo: como visto na fórmula.
CF CFm
RBm
x x% , %=
=
=100
2000
20500
100 9 76
A taxa de marcação (já constando da margem de lucro), que será
acrescentada, é composta de:
TM
CF CVV ML
=
− + +( )
=
− + +( )
=
100
100
100
100 9 76 26 93 20
2 31
% , ,
,
Agora basta multiplicar a taxa de marcação pelos preços de aqui-
sição.
Tabela 10 -Cálculo do custo de venda
Produto CAM (R$) TM Preço de venda (R$)
Calça 40,72 2,31 94,06
Camisa 21,41 2,31 49,46
Fonte: o autor.
199UNIDADE IX
Pode-se notar que a taxa de marcação nos leva a um preço de venda
mais que o dobro do custo de aquisição. O que demonstra o que
comentamos no início do grande problema que teríamos se, ao
montarmos nossos preços, deixarmos de lado os impostos e outros
custos, como comissões.
Tenha sua dose extra de conhecimento
assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.
Bom, chegamos ao fim da nossa última unidade, em que pudemos
ver a importância de analisarmos como é preciso as chamadas ex-
ternalidades (inflação, deflação, impostos etc.), pois elas poderão
afetar, em muito, os resultados operacionais das organizações. Sendo,
portanto, primordiais nas tomadas de decisão.
200
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
1. Segundo o que foi visto ao longo do texto, existem vários tipos de impostos que
precisam ser levados em consideração no momento das análises financeiras,
sob pena de não colocarmos todos os custos necessários no momento de mon-
tar um preço de venda. Para uma empresa que presta serviço, todos, a seguir,
devem ser considerados, exceto:
a) ISSQN.
b) COFINS.
c) PIS.
d) ICMS.
e) CSSL (Contribuição Social).
2. Leia as informações, a seguir, e Assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):
)( Nos custos variáveis de uma organização, incluem-se salários e encargos, bem
como pró-labore que dependem diretamente do número de funcionários da
organização e de alíquotas do governo para sua composição.
)( Nos custos fixos, devemos levar em consideração água, luz, telefone e todos
os custos que a organização possui para prestação de serviços.
)( A correção monetária, conforme visto nos textos, tem por objetivo corrigir o
valor da moeda no tempo, visando uma análise mais precisa de investimentos
ao longo do tempo.
Assinale a alternativa correta:
a) V-V-V.
b) V-F-F.
c) F-F-F.
d) F-V-V.
e) V-F-V.
201
3. Observando a tabela a seguir, calcule qual é a correção monetária e a inflação
média de setembro/2016 a agosto/2017.
Período Mensal (%) índice
Setembro (2016) - 100,0000
Outubro (2016) 0,26 100,26
Novembro (2016) 0,18 100,44
Dezembro (2016) 0,30 100,74
Janeiro (2017) 0,38 101,20
Fevereiro (2017) 0,33 101,45
Março (2017) 0,25 101,70
Abril (2017) 0,14 101,84
Maio (2017) 0,31 102,15
Junho (2017) -0,23 101,92
Julho (2017) 0,24 102,16
Agosto (2017) 0,19 102,35
Fonte: Trading Economic (2018, on-line)3.
a) CM= 2,35%; IM= 0,21%.
b) CM=2,16% ; IM= 0,19%.
c) CM=2,35% ; IM= 0,23%.
d) CM=2,35% ; IM= 0,19%.
e) CM= 2,16% ; IM= 0,21%.
202
Fluxo de caixa: o que é e como implantar
Esse link nos dá uma noção maior de como é composto um fluxo de caixa e
qual a sua importância no momento da análise financeira de um organização.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
WEB
203
CASTANHEIRA, N. P. Matemática Financeira Aplicada. Curitiba: Intersaberes, 2012.
WAKAMATSU, A. Matemática Financeira. São Paulo: Pearson, 2012.
REFERÊNCIAS ON-LINE
1Em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/ap/artigos/custos-e-precodevendanocomercio,e-
195164ce51b9410VgnVCM1000003b74010aRCRD>. Acesso em: 25 maio 2018.
2Em: <http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/0_fluxo-de-caixa.pdf>. Acesso em: 25 maio
2018.
3Em: <http://pt.tradingeconomics.com/brazil/inflation-rate-mom>. Acesso em: 24 jul. 2018.
204
1. D.
2. D.
3. Como Calcular?
CM índice do período indicado
índice do período anterior
= − =1 102 35,
1100
1 0 0235 2 35
− = =, , %
IM CM n= +( ) − = +( ) − = =1 1 1 0 0235 1 0 0021 0 21
1 1
11, , , %
Solução:
CM = 2,35% no período; Inflação Média = 0,21% ao mês.
205
206
CONCLUSÃO
Enfim, chegamos ao final do nosso livro!
Foi possível, ao longo das nove unidades, percebermos que, mesmo a eco-
nomia não sendo um assunto de nossa preferência, é muito importante
para analisarmos o contexto das organizações e planejarmos melhor como
investir, melhorando os resultados operacionais.
Tentei, ao longo do livro, mostrar a você, estudante de engenharia, o que
é importante para o dia a dia do trabalho de engenheiro. O livro não tem
pretensão de ser referência para profissionais da área da economia, onde as
análises deveriam ser mais profundas, mas dá aos engenheiros ferramentas
e técnicas necessárias, que nos permitem tomar decisões importantes em
nosso negócio.
Na sequência do livro, busco trazer uma linha de raciocínio mostrando os
conteúdos importantes para, ao final, fazer uma análise de investimentos
com segurança.
Na Unidade 1, foram conhecidos os conceitos de economia e os proble-
mas econômicos. Eles dão a base necessária para o bom entendimento de
todos as outras unidades. Na Unidade 2, foram analisados os conceitos da
engenharia econômica e como eles afetarão o dia a dia do engenheiro. Nas
Unidades 3 e 4, analisamos o que é a microeconomia e a macroeconomia,
qual é a diferença entre os conceitos e como isso afeta a organização. Na
Unidade 5, foram analisados as fórmulas e conceitos da matemática finan-
ceira. Ela nos deu ferramentas para, nas unidades seguintes, analisarmos
CONCLUSÃO
investimentos e tomarmos decisões. A Unidade 6 apresentou os sistemas de
amortização, onde podemos analisar impactos de, por exemplo, emprésti-
mos na saúde financeira da organização. Na Unidade 7, foram analisadas as
séries de pagamentos, ou seja, como serão pagamentos perante a possíveis
empréstimos e dívidas. E, por fim, nas Unidades 8 e 9, foram analisados
possíveis investimentos perante a tudo isso que foi visto, analisando, tam-
bém externalidades que afetam o dia a dia das organizações.
Estou certo de que, ao ler o livro, analisando os exemplos e dicas que foram
dadas, você estará apto a atuar de forma consciente e profissional.
Foi um imenso prazer contribuir, de alguma forma, na sua formação. Siga
sempre nessa linha de estudos e honestidade, pois, dessa forma, o sucesso
(pessoal e profissional) será inevitável.
Um grande abraço!
Prof. Cláudio Pessoa
capa
AVA_Engenharia Econômica
CAPA ENG_Livro_2018 - Copia
AVA_Engenharia Econômica-completo
Introdução à Economia
Fundamentos da
Engenharia Econômica
Microeconomia
Macroeconomia
Matemática Financeira
Sistema de
Amortização
Série de Pagamentos
Análise de Investimentos
Análise de
Externalidades
Figura 1 - Necessidades humanas x fatores de produção
Figura 2 - Qual o valor do seu dinheiro ao longo do tempo?
Macroeconomia
Fluxo de caixa
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