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NEONATOLIGIA CLINICA

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NEONATOLIGIA CLINICA EM BOVINOS
Neonatologia é o estudo e a ciência do recém-nascido. O indivíduo enfrenta o estresse do parto, passando por um período de asfixia que pode ser prolongado em caso de distocias. O neonato deve adaptar-se rapidamente ao meio extrauterino, tendo o envolvimento de todos os seus órgãos e sistemas nesse processo. Em um curto intervalo de tempo, o neonato tem que assumir o controle de suas trocas gasosas, eliminar seus próprios excrementos, controlar sua temperatura e seu fluxo sanguíneo, e ainda procurar por alimentação. 
A criação de bezerros, principalmente do nascimento ao desleitamento exige boas práticas de manejo e muita atenção a detalhes. Estimasse que 75% das perdas até um ano de idade ocorram durante o período neonatal (até 28 dias de vida. Os pontos mais críticos para a criação dos bezerros são: as instalações (maternidade e bezerreiro), fornecimento do colostro, a cura do umbigo, o fornecimento da dieta líquida e o desenvolvimento do rúmen (COLEHO, 2007). 
Após o nascimento o bezerro passa por várias mudanças fisiológicas, adaptando-o a vida extra uterina. A primeira e a mais importante é a de iniciar os movimentos respiratórios. O controle do balanço ácido básico precisa ser iniciado o mais breve possível. Todo o metabolismo precisa estar funcionando para que o animal possa iniciar o catabolismo de carboidratos, gordura e aminoácidos para fornecer energia para as funções corpóreas. Outra adaptação necessária é a regulação da temperatura corporal. Para isto os bezerros precisam rapidamente ativar os mecanismos termogênicos, tais como o tremor e o metabolismo da gordura marrom. Iniciado esse processo, e somando-se a ele a ingestão de colostro, a produção de calor corporal aumenta a temperatura corporal se normaliza dentro de 48 horas a 72 horas (COLEHO, 2007).
Muitas dessas mudanças são induzidas pelas modificações endócrinas que iniciam sua ação ao parto, em particular a elevação dos níveis de corticosteróides, estrogênios e prostaglandinas. Exemplos destas alterações são: desenvolvimento de surfactante pulmonar para permitir respiração normal, modificações na composição da hemoglobina, capacidade do bezerro para controlar a hemostasia pela glicose, fechamento do forame oval e ducto arterioso (NOAKES, 1992).
Após o parto checar se o bezerro está vivo palpando seu coração ou pulso carotídeo, testando os reflexos, limpar as vias aéreas superiores, fazendo o uso de aspiradores para a remoção de secreções da cavidade bucal e trato respiratório superior. Colocar o bezerro de cabeça para baixo de modo que o líquido possa drenar a partir do trato respiratório superior (a maior parte do líquido vem provavelmente do abomaso) (NOAKES, 1992). 
Certificar-se que a respiração espontânea está presente e que as vias aéreas estão limpas. Chegar o umbigo para evidências de hemorragia nos vasos, se for severa pinçar e ligar. Fazer a cura imediatamente após o parto com tintura de iodo (7 a 10 %), sendo este procedimento repetido pelo menos mais três vezes. O objetivo da cura do umbigo é a desidratação do coto umbilical com o colabamento dos vasos sanguíneos e do úraco. As onfalopatias e suas conseqüências são responsáveis por altas taxas de mortalidade em bezerros, como o úraco pérvio, onfalite (SMITH,1998). 
Checar para anormalidades congênitas óbvias. Assegurar-se que a vaca aceitará o bezerro, de modo a ser estabelecido o vínculo maternal e que ela não atacará ou machucará o bezerro. Vermifugação ao nascimento (1ml avermectina). Checar o úbere da vaca para a presença de colostro e colocar o bezerro para mamar um colostro de boa qualidade imediatamente, pois a absorção das imunoglobulinas através do epitélio intestinal do neonato para a circulação é aproximadamente 24h após o nascimento. O tempo da administração do colostro é importante por duas razões: perda dos sítios de absorção e colonização do intestino pelas bactérias (STAINKI, 2005). 
Identificação do animal por tatuagem ou brinco deve ser realizada nos primeiros dias de vida (NOAKES, 1992). Na primeira semana de vida as bezerras devem ser inspecionadas e devem ter as tetas extra numerárias retiradas. Após 15 dias de vida deve ser realizada a mochação dos animais. Vacinação contra pasteurelose e salmonelose (15 a 30 dias de vida) ), (COLEHO, 2007). 
Caso a mãe deste animal venha a óbito, o bezerro necessita de cuidados especiais na primeira semana de vida, se o animal não conseguiu mamar o colostro, é muito importante oferecer para o bezerro, de um banco de colostro e depois a alimentação com auxilio de uma mamadeira, 3 litros de leite duas vezes ao dia (STAINKI,2005).
ASFIXIA NEONATAL BOVINA
Essa doença possui 2 variantes. Temos a asfixia neonatal precoce e a asfixia neonatal
ASFIXIA NEONATAL BOVINA
ASFIXIA NEONATAL BOVINA
NEONATOLOGIA CLINICA EM OVINOS
Após o nascimento os cordeiros deverão ser pesados e a informação registrada. A média de peso após a estação de parição deverá ser confrontada com a forma com que foi feita a suplementação da ovelha gestante. O baixo peso de cordeiros está associado a maior taxa de mortalidade pós-natal.
A cura do umbigo deverá ser realizada imediatamente após o parto com o uso de solução de álcool iodado entre 5 e 10%. O umbigo deverá ser cortado caso seja maior que 5 cm de comprimento. Esse procedimento visa realizar a desinfecção e cauterização química do cordão umbilical, o qual é uma porta de entrada para micro-organismos. Trata-se de um método barato, que se não for realizado, aumentará o risco de morte dos animais. Cordeiros com umbigos infeccionados poderão apresentar febre, falta de apetite, inflamações nas articulações e morte devido à septicemia. Outra possibilidade é a ocorrência de bicheira, causada por larvas de Cochliomyia hominivorax, que se alimentam do tecido do umbigo provocando dor e possibilitando a ocorrência de infecções múltiplas. O colostro deverá ser ingerido pelo cordeiro o mais rapidamente possível, o ideal é que seja ingerido até as seis primeiras horas de vida. A partir desse momento, a capacidade do intestino em absorver os anticorpos torna-se cada vez mais reduzida, atingindo o limite mínimo às 24 horas pós-parto. Isso se deve ao fato de que somente a primeira camada de células intestinais é permeável à entrada de moléculas grandes como os anticorpos. À medida que a ingesta passa pelo intestino ocorre substituição dessas células, renovando totalmente essa camada ao término de 24 horas pós-parto. Animais que não mamam colostro apresentam constantemente doenças, principalmente pneumonia, e baixo peso e desenvolvimento, aumentando os custos com mão-de-obra e medicamentos. É importante manter pequenos frascos com colostro congelado para fornecimento a animais cuja mãe não possui a capacidade de amamentá-los. Em média, o colostro pode permanecer congelado por dois ou três meses e, antes do uso, deve ser descongelado em banhomaria. Após o nascimento, os cordeiros deverão ser identificados por meio de brincos, tatuagens ou chips eletrônicos. A identificação é fundamental para acompanhamento zootécnico do animal e para a gestão do rebanho. 
PATOLOGIAS EM RUMINANTES
 ONFALITE: A onfalite é a inflamação das estruturas externas do umbigo, principalmente em animais de 2 a 5 dias de idade. Os neonatos apresentam anorexia, depressão e febre, dor à palpação e aumento de volume do umbigo (RADOSTITS et al., 2002). As onfalites podem ser difusas (flegmonosas) com os sinais de inflamação de dor, calor, rubor e volume aumentado; ou pode ser circunscrita (apostematosa) formando abscesso encapsulado ou geralmente fistulado com drenagem de pus (FIGUEIRDO, 1999). Quando os agentes infecciosos e suas toxinas atingem a corrente sanguínea podem chegar a diversos órgãos, sendo capazes de promover poliartrites, endocardites, pneumonias, nefrites, emagrecimento e retardo no desenvolvimento (SILVA et al., 2001). O tratamento se dá através de antibioticoterapia juntamente com remoção cirúrgica devido à infecção (SMITH, 2006). 
ONFALOFLEBITE: A onfaloflebite consiste na inflamaçãodas veias umbilicais, podendo acometer apenas as partes distais do umbigo ou se estender até o fígado promovendo abscessos, dependendo da extensão do processo inflamatório. Essa inflamação disseminada também pode causar uma toxemia crônica e subdesenvolvimento dos bezerros acometidos. Os animais com onfaloflebite costumam ter o umbigo dilatado e com material purulento, porém, em alguns casos, a parte externa do umbigo pode não aumentar de volume. Apresentam-se inativos, inapetentes, subdesenvolvidos e até febris, com pouca resposta à antibioticoterapia, indicando-se a laparotomia exploratória e remoção cirúrgica dos abscessos (RADOSTITS et al., 2002). Portanto, as onfaloflebites podem evoluir promovendo hepatite, peritonite e abscessos hepáticos (SILVA et al., 2001).
URAQUITE: As infecções no úraco também podem ocorrer em qualquer lugar de seu trajeto, desde o umbigo até a bexiga (OLIVEIRA, 2017). O umbigo pode ter aspecto normal, mas em geral encontra-se com intumescência e drena secreção purulenta. Durante o exame físico, com a palpação profunda do abdômen em direção dorsocaudal, pode-se detectar a presença de uma massa expansiva e, de acordo com a extensão da infecção, o animal pode apresentar cistite, piúria e nefrite. O tratamento é feito com a remoção cirúrgica do abscesso através de laparotomia exploratória (RADOSTITS et al., 2002).
BRONCOPNEUMONIA: A pneumonia brônquica é caracterizada fisiopatologicamente pela invasão de microorganismos patogênicos que penetram nos pulmões pela árvore pulmonar. A broncopneumonia de bezerros é uma doença de causa multifatorial e pode ser causada por bactérias, vírus, fungos, parasitas, clamídias, micoplasmas (GONÇALVES, 1997; REBHUN, 2000; CARDOSO et al., 2002; RADOSTITS et al., 2002; MAILLARD et al., 2006; VALARCHER e HÄGGLUND, 2006) e, em determinadas condições, por substâncias químicas irritantes e agentes físicos, que danificam a superfície do epitélio que recobre as vias aéreas anteriores, comprometendo o mecanismo de limpeza mucociliar (SMITH, 2006). 
Sua manifestação é fruto da combinação de um ou mais agentes infecciosos e do meio ambiente com o hospedeiro, para que possa se desenvolver. Durante o processo inflamatório que ocorre, as células de defesa liberam enzimas e substâncias tóxicas como os radicais livres, que lesam os tecidos adjacentes, como vasos e capilares sangüíneos (LEDWOZYW & STOLARCZYK, 1991). 
Os animais acometidos por broncopneumonia podem apresentar sinais clínicos variados, dependendo do tipo de agente envolvido no processo. Porém, o diagnóstico de broncopneumonia pode ser feito pelo exame físico, associado ou não a exames auxiliares e quando realizado corretamente é insubstituível por qualquer exame complementar (GONÇALVES & BARIONI, 2000). A presença de sinais clínicos ligados às vias aéreas posteriores e parênquima pulmonar isolados ou em associação, podem confirmar o diagnóstico (WILSON & LOFSTEDT, 1990; ANDREWS, 1992; STOBER, 2000) e caracterizar a intensidade moderada e grave das broncopneumonias em bovinos (GONÇALVES et. al., 2001). 
As perdas econômicas decorrentes dela aparecem de modo cumulativo, com o valor do tratamento, queda na produção e mortes e, são responsáveis por 80% dos casos da doença (ANDREWS et al., 1992; REBHUN, 2000; STOVALL ET al., 2000). Sobre as broncopneumonias podemos citar a Pneumonia enzoótica dos bezerros, que acomete bezerros de fazendas de leite principalmente, de até 2 semanas de vida (VIRTALA et.al. 1996) ocorre em surtos de doença respiratória. Além dela, a Febre dos transportes, que acomete bovinos após cerca de 3 semanas da chegada ao confinamento de engorda (SMITH, 2006). Dentre os agentes bacterianos associados à broncopneumonia destacam-se a: Mannheimia haemolytica, Pasteurella Multocida, Haemophilus somnus que são os principais invasores primários do sistema respiratório (SMITH, 2006).
DIARREIA NEONATAL: A diarreia neonatal dos bezerros é uma enfermidade multifatorial que resulta da interação de fatores relacionados ao bezerro, ao ambiente, ao manejo nutricional e aos microrganismos infecciosos. Esta afecção causa sérios problemas de bem-estar e perdas econômicas decorrente da mortalidade, além dos custos do tratamento e da baixa taxa de crescimento (SCOTT et al., 2008). Durante o período após o parto, é necessária muita atenção aos detalhes de prática e manejo, em relação à criação e a saúde dos bezerros, principalmente os neonatos. Pois é nesse período que ocorre 75% das perdas até um ano de idade (MARTINI, 2008). Diversos agentes que podem dar diarreia, mas em geral ocorre por ação de quatro principais. O primeiro se chama Escherichia coli, que é a colibacilose. O outro pode ser rotavírus, outro pode ser o criptosporídio, que é um parasito que tem no intestino, e um outro, que hoje está muito na moda, é o coronavírus, que também causa diarreia no bovino. 
desse
ASFIXIA NEONATAL PRECOCE: Ela é muitas vezes um problema dentro do útero. Ocasionada por quadros de partos distorcicos, ou demora na expulsão desse bezerro, esse animal vai ficar preso no canal do parto e devido a isso tem dificuldades em obter oxigênio e liberar CO², levando ao acumulo deste em seu sangue, levando a uma acidose respiratória. Os tecidos entram em glicólise anaeróbica, produzindo ácido lático e o excesso causa acidose metabólica, ocorre lesões em vários órgãos levando o animal a óbito. 
ASFIXIA NEONATAL TARDIA: Nascimento prematuro, associada com uma baixa produção de sulfactante e em consequência o colabamento do pulmão. Este colabamento dificulta a aspiração do oxigênio e eliminar CO², levando a um quadro de acidose mista, e se ainda o animal aspirar mecônio, que vai para o pulmão levando a duas coisas: a primeira e dificuldade ainda maior de produção de sulfactante e a segunda e sepse. Leva o animal a óbito por sufocamento. 
REFERÊNCIAS
REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679-7353 Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça – FAMED/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel.: (0**14) 3407-8000 www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br. Ano VII – Número 12 – Janeiro de 2009 – Periódicos Semestral
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/144729/1/Circular73-CuidadosCordeiro-CGPE.pdf
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIA CURSO DE BACHARELADO EM DE MEDICINA VETERINÁRIA FOLHA DE APROVAÇÃO Janaína Maria de Souza Torquato ONFALOPATIAS EM RUMINANTES E RELATO DE PERSISTÊNCIA DE ÚRACO EM BEZERRA DA RAÇA NELORE
https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/120802/rocha_mn_tcc_botfmvz.pdf?sequence=1
https://ri.cesmac.edu.br/bitstream/tede/475/1/Caracteriza%C3%A7%C3%A3o%20dos%20diferentes%20tipos%20de%20diarreia%20neonatal%20em%20bezerros%20revis%C3%A3o%20de%20literatura.pdf

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