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NEGÓCIOS DIGITAIS 1 Prezado aluno, Esta apostila é a versão estática, em formato .pdf, da disciplina online e contém todas as informações necessárias a quem deseja fazer uma leitura mais linear do conteúdo. Os termos e as expressões destacadas de laranja são definidos ao final da apostila em um conjunto organizado de texto denominado NOTAS. Nele, você encontrará explicações detalhadas, exemplos, biografias ou comentários a respeito de cada item. Além disso, há três caixas de destaque ao longo do conteúdo. A caixa de atenção é usada para enfatizar questões importantes e implica um momento de pausa para reflexão. Trata-se de pequenos trechos evidenciados devido a seu valor em relação à temática principal em discussão. A galeria de vídeos, por sua vez, aponta as produções audiovisuais que você deve assistir no ambiente online – aquelas que o ajudarão a refletir, de forma mais específica, sobre determinado conceito ou sobre algum tema abordado na disciplina. Se você quiser, poderá usar o QR Code para acessar essas produções audiovisuais, diretamente, a partir de seu dispositivo móvel. Por fim, na caixa de Aprenda mais, você encontrará indicações de materiais complementares – tais como obras renomadas da área de estudo, pesquisas, artigos, links etc. – para enriquecer seu conhecimento. Aliados ao conteúdo da disciplina, todos esses elementos foram planejados e organizados para tornar a aula mais interativa e servem de apoio a seu aprendizado! Bons estudos! NEGÓCIOS DIGITAIS 2 ....................................................................................................................................................... 0 Apresentação ................................................................................................................................ 3 Aula 1: O que são negócios digitais? ............................................................................................. 4 Introdução ............................................................................................................................. 4 Conteúdo ................................................................................................................................ 5 Como se chegou até aqui? .............................................................................................. 5 Surgimento das primeiras editoras ................................................................................ 5 Meio físico e meio digital ................................................................................................. 6 Das editoras tradicionais à difusão de conteúdo na Web ......................................... 8 Cultura da convergência .................................................................................................. 8 Mudanças nas relações de produção e consumo ..................................................... 10 Mercado brasileiro ........................................................................................................... 12 Mudança nos modelos de negócios ............................................................................ 14 Atividade proposta .......................................................................................................... 15 Aprenda Mais ............................................................................Erro! Indicador não definido. Referências........................................................................................................................... 16 Exercícios de fixação ......................................................................................................... 17 Notas ........................................................................................................................................... 22 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 22 Aula 1 ..................................................................................................................................... 22 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 22 Conteudista ................................................................................................................................. 26 NEGÓCIOS DIGITAIS 3 Atualmente, o componente digital nos negócios é um ponto extremamente importante. É difícil imaginar alguma área do mercado, nas últimas décadas, que não tenha sido afetada pelo uso da internet e pela web. Empresas que, hoje, possuem grande valor de mercado, como Google e Facebook, sequer existiam no início dos anos 1990, enquanto outras, outrora sólidas, como Kodak, desapareceram do cenário global, por causa das imensas transformações no mundo. Para entendermos a lógica dessas mudanças no mercado, é importante estudar as bases da nova Economia da Informação, organizada em redes, e sua diferença da Economia Industrial clássica. Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: 1. Descrever os principais conceitos relacionados à Economia da Informação; 2. Examinar os principais termos de negócio aplicados ao mundo digital, entendendo suas especificidades em relação às contrapartes da Economia Industrial; 3. Apontar o processo de planejamento de iniciativas digitais; 4. Identificar bases analíticas para o comportamento do consumidor em ambientes digitais; NEGÓCIOS DIGITAIS 4 Introdução O desenvolvimento da internet e da Web, processo que se estende há 50 anos, deixou marcas profundas na maneira como as pessoas se comunicam, como os produtos e serviços são vendidos e na própria lógica de negócios. Falamos em negócios digitais como se fossem muito distintos dos negócios "pré- digitais"; ou seja, os que existiam antes da internet. Mas será que há essa diferença tão grande em relação aos modelos de negócio dessas duas fases? A resposta é sim, e ao mesmo tempo, não. Evidentemente as alterações nos fluxos de informação, a automação de processos, o trabalho com dados em tempo real, entre outras características definidoras do atual estágio econômico, foram significativas e reconfiguraram, muitas vezes, setores inteiros. Alguns simplesmente desapareceram (como as máquinas de escrever) enquanto outros surgiram (como os motores de busca). Entretanto, algumas bases econômicas, gerenciais e sociológicas dos negócios se mantiveram praticamente inalteradas. Nosso primeiro papel, aqui, será compreender o que exatamente significa a chamada Economia Digital, e o que a difere (ou não) dos modelos que existiam antes da mesma. Objetivo: 1. Descrever um panorama da formação da Economia Digital; 2. Examinar as alterações de produção e consumo de conteúdo como ponto de partida para a análise de Negócios Digitais. NEGÓCIOS DIGITAIS 5 Conteúdo Como se chegou até aqui? Em um cenário no qual as informações nos parecem cada vez mais rápidas, e que existe uma necessidade cada vez maior de consumo de informações de todo o tipo, ainda que não saibamos direito se as mesmas serão úteis de alguma maneira (ou se estão corretas), parece que o mundo inteiro está em uma corrida. E realmente está. Entretanto, para que seja possível a análise de negócios, é necessário que tenhamos uma visão menos precipitada acerca dessas mudanças. Fala-se que o comportamento do consumidor com a internet se alterou de modo radical. Será? É claro que essas alterações aconteceram, e muitas foram significativas, mas é nosso papel identificar quais são os pontos de contato e as causas de mudanças nessas maneiras de se estruturar um negócio. Praticamente todos os mercados sofreram impactos das mudanças tecnológicas – e vamos procurar entender como aconteceram. Que condições culturaisexistiam para que determinada tecnologia (e não outra) se mostrasse vitoriosa? Como é o processo de evolução nos mercados e como podemos compreender suas mudanças? A nossa principal função no estudo de modelos de negócio (independentemente de serem digitais ou não) é justamente a compreensão dos processos de mudança – históricos, culturais, políticos, tecnológicos, econômicos etc. – que foram responsáveis pelo atual formato do mercado. Isso ficará mais claro através do exemplo que veremos a seguir! Surgimento das primeiras editoras Vamos voltar um pouco no tempo, retomando um período histórico marcante para a comunicação: a invenção da prensa de tipos móveis, por Johannes Gutenberg, no século XV. NEGÓCIOS DIGITAIS 6 A invenção da prensa de tipos móveis possibilitou a reprodução de textos em uma escala até então inédita, aumentando a disponibilidade de livros e criando um mercado para produção, intermediação e difusão do conhecimento. Surgiram as primeiras editoras (à época ainda exercendo o papel de impressoras), e o mercado leitor na Europa foi se expandindo lentamente ao longo dos séculos seguintes. Sua estrutura se manteve praticamente inalterada até o século XX: uma editora era a responsável pela preparação do livro (negociação com autores, ordem de impressão, distribuição etc.), enquanto livrarias o vendiam para consumidores que desejavam ler aquele conteúdo. Entretanto, após a Web, na década de 1990, esse modelo começou a mudar. Atenção Antes de Gutenberg, os livros na Europa eram manuscritos – ou seja, para se reproduzir algum texto era necessário copiá-lo a mão. O principal livro à época – a Bíblia – era considerado uma preciosidade, não apenas pela sua relevância religiosa, mas também pelo elevado esforço dispendido em sua cópia. Somente a realeza e a Igreja possuíam bibliotecas e saber ler era privilégio de poucos. Meio físico e meio digital Manuel Castells, professor da Universidade de Berkeley, afirma que a nossa sociedade vem passando por um processo multidimensional de transformação estrutural há cerca de duas décadas. Assim como Marshall McLuhan cunhou o termo A Galáxia de Gutemberg, ingressamos em um novo mundo da comunicação que, nas palavras de Castells é a Galáxia de internet, formando uma economia em rede que gera novas formas de organização da produção, distribuição e gestão. NEGÓCIOS DIGITAIS 7 A internet é um meio de comunicação que permite, pela primeira vez, a comunicação de muitos com muitos, em um momento escolhido, em escala global. Como bem nota Nicholas Negroponte, a diferença mais marcante se torna entre bits e átomos (entre o digital e o físico). Conteúdo que até determinado momento estava apenas na sua modalidade impressa (nos livros) começa a ser disponibilizado de diferentes maneiras na internet. Especialmente com as reproduções não autorizadas de conteúdo (chamadas de "piratas"), as editoras começam a ver problemas em seus modelos de negócio. Por que isso aconteceu? Primeiramente, devemos entender uma característica da informação. Imagine o conteúdo que você está lendo nesse momento. Ele poderia estar impresso em um livro ou apostila, contido em um podcast ou em um blog, ou mesmo manuscrito. Poderia, também, ser proferido em uma palestra. Embora tenhamos diferença de prazer de leitura (e usabilidade) entre as diferentes formas de aplicação desse conteúdo, o mesmo independe, até certo ponto, do meio que usamos para sua transmissão. O fato de você estar consumindo esse conteúdo nesse momento em uma tela reflete uma característica muito importante: ele é, de certa forma, intangível. Para deixar ainda mais claro, vamos voltar ao exemplo clássico da Bíblia. Poderíamos ler a Bíblia de Gutenberg da mesma forma que se lê uma edição impressa da Bíblia hoje em dia. Mas também seria possível ler a Bíblia em um site. E o conteúdo seria tão diferente assim da sua versão impressa? A princípio, não. NEGÓCIOS DIGITAIS 8 Atenção Hoje o consumo do conteúdo pode ser feito de diferentes maneiras. Antes da formação do mercado editorial, o principal consumo de conteúdo era feito de maneira oral (ONG, 1984), por meio de sermões, declamações em praça pública, debates, etc. – até porque poucos sabiam ler ou escrever. Após o desenvolvimento do mercado editorial, e do aumento do número de leitores no mundo, tem-se um momento no qual a transmissão de conteúdo em sua forma escrita se mostrou cada vez mais importante. São duas maneiras de se consumir. Das editoras tradicionais à difusão de conteúdo na Web E como se estruturavam as editoras tradicionais? Dentro da lógica do livro impresso, o mesmo servia como um meio para que determinado conteúdo chegasse (impresso, daí o nome) até alguém. As editoras eram parte fundamental dessa dinâmica, pois tinham acesso tanto aos potenciais autores – os que produziriam o conteúdo – quanto aos potenciais leitores – os que consumiriam o conteúdo. Com a difusão da Web, o papel das editoras como intermediadoras do conteúdo entre seus produtores e consumidores se tornou cada vez mais frágil, dadas as novas possibilidades de acesso aos mesmos. Dessa maneira, com a internet, passamos a ter a possibilidade de consumo de conteúdo pelos de meios digitais, o que mudou radicalmente as estruturas de competição do mercado. Cultura da convergência O conceito de cultura da convergência foi desenvolvido por Henry Jenkins, que afirma vivermos em um cenário em que as velhas e novas mídias colidem, se cruzam no dia a dia das pessoas por meio da conexão entre múltiplas NEGÓCIOS DIGITAIS 9 plataformas. Jenkins fundamenta seu argumento em um tripé composto por três conceitos básicos. Vamos entender melhor dois desses conceitos. Inteligência coletiva Refere-se à nova forma de consumo, que se tornou um processo conjunto e pode ser considerada uma nova fonte de poder. Cultura participativa Serve para caracterizar o comportamento do consumidor midiático contemporâneo, cada vez mais distante da condição receptor passivo. São pessoas que interagem com um sistema complexo de regras, criado para ser dominado de forma coletiva. Os consumidores estão aprendendo a utilizar as diferentes tecnologias para ter controle mais completo sobre o fluxo da mídia e para interagir com outros consumidores. Eles ocupam espaços e exigem o direito de participar da produção do conteúdo. Dessa maneira, a circulação de conteúdos – por meio de diferentes sistemas de mídia – depende fortemente da participação ativa dos consumidores. É a denominada cultura participativa que eleva a inteligência coletiva como fonte primordial na geração de conteúdo. Atenção Veja o que Castells afirma em seu livro A Galáxia da Internet: “O que caracteriza a atual revolução tecnológica não é a centralidade de conhecimentos e informação, mas a aplicação desses conhecimentos e dessa informação para a geração de conhecimentos e de dispositivos de processamento/comunicação da informação, em um ciclo de realimentação cumulativo entre a inovação e seu uso.” NEGÓCIOS DIGITAIS 10 Vamos ver um exemplo! Um grande sucesso atrelado aos conceitos estudados é o aplicativo Waze, que hoje pertence à Google. Ele só existe e é eficiente porque as pessoas colaboram enviando informações, neste caso, sobre o trânsito. É possível sinalizar para os outros usuários se existem acontecimentos nas rotas, como um acidente, trânsito lento ou dar dicas de novos caminhos. Segundo Daren C. Brabham (2013), o aplicativo Waze pode ser classificado como uma ação de crowdsourcing do tipo “Knowledge discovery and management” caracterizado quando uma organização estabelece uma tarefa para a coletividade, com o objetivo de buscar e coletar as informações, partindo de um formato específico. No casodo Waze, é um aplicativo de georreferenciamento. O Brasil está entre os países mais populares do mundo para o aplicativo gratuito de navegação GPS Waze. Há versões do Waze para Android, iOS e Windows Phone. Até outubro de 2014, a cidade de São Paulo já contabilizava 1,5 milhão de usuários ativos mensalmente. O Rio de Janeiro está entre as cidades com mais usuários, somando mais de 500 mil e é pioneira em um projeto de colaboração do Waze com a prefeitura. Os profissionais do serviço público recebem dados em tempo real sobre o trânsito, enquanto o Waze recebe informações que podem ser agregadas aos seus mapas, como, por exemplo, bloqueios de ruas durante obras ou grandes eventos. Mudanças nas relações de produção e consumo Embora o exemplo do mercado editorial seja mais evidente, praticamente todos os mercados passaram por alterações com a difusão da Web nas últimas duas décadas. No caso do mercado editorial, vemos principalmente a mudança no consumo do conteúdo, que agora pode ser feito de vários modos. Contudo, é NEGÓCIOS DIGITAIS 11 importante que notemos que essa alteração também alcançou os produtores de conteúdo. Atualmente, qualquer pessoa com uma conexão de internet ativa e uma câmera (ou celular) pode gravar um vídeo e realizar seu upload em uma plataforma de compartilhamento de vídeos como o YouTube ou o Vimeo. Mesmo que muitos desses vídeos jamais alcancem mais do que 100 visualizações, é exatamente essa lógica de produção multifacetada e descentralizada que caracteriza a Economia Digital. Vamos entender um pouco a razão olhando novamente para a História. Na década de 1960, início da Guerra Fria, Paul Baran sugeriu que a melhor forma de um sistema de comunicação resistir a um ataque (preocupação bastante razoável naquele momento) era não ter pontos que centralizassem a comunicação – ou seja, reduzir ao máximo a dependência da comunicação do sistema como um todo a alguns pontos específicos. NEGÓCIOS DIGITAIS 12 Segundo a sugestão de Paul Baran, essa rede de comunicação deveria se configurar como distribuída: cada informação produzida por um ponto poderia chegar de várias maneiras a outros dentro da rede. Mesmo com a destruição de uma parcela significativa dos pontos, a comunicação ainda seria possível. Essa ideia foi bastante influente nas décadas seguintes e acabou por ser basicamente o modelo de comunicação da internet. Por meio da distribuição da comunicação na rede, muitos puderam agora ocupar a função de produtores e consumidores de conteúdo. A figura do prosumer apareceu como um desafio às estruturas tradicionais do mercado, que separavam de modo claro ambas as funções – e colocavam algumas empresas como intermediárias desse processo. Essa alteração nas relações de produção e consumo de informação foi o principal motor de mudanças nos mercados, e em seus modelos de negócio. Fonte: extraída do livro On Distributed Communication Networks de Paul Baran, disponível em: http://goo.gl/PHVNz7. Mercado brasileiro Hoje, com cerca de 80 milhões de usuários, a internet tem ganhado massa crítica no Brasil. O número de celulares já supera o número de habitantes, e a propaganda digital e mobile ganha relevância nos modelos de negócios digitais. Um cenário prolífico para grandes ideias, com sólidos conceitos e modelos de negócios, configurando uma oportunidade única de criar grandes empreendimentos digitais em nosso país. Alguns fatores macroambientais vêm contribuindo de forma decisiva para o crescimento significativo das redes sociais e do próprio uso da internet no cenário nacional: http://goo.gl/PHVNz7 NEGÓCIOS DIGITAIS 13 A popularização e acessibilidade econômica aos aparelhos denominados smartphones e tablets; A disponibilidade do sistema wireless – sem fio – em ambientes públicos e privados; A interação do público brasileiro, em especial os jovens, a essas redes virtuais. Dados de março de 2013 da consultoria ComScore apontam que, no Brasil, 90,8% dos usuários de internet acessa redes sociais e passa aproximadamente 18% do seu tempo online navegando nesses sites. Os usuários passam 4,7 horas em redes sociais por mês. Mas o interesse dos brasileiros não é apenas pelas redes sociais. O e-commerce, ou comércio via internet, apresenta dados superlativos. Segundo a consultoria especializada em dados de internet, e-bit, no primeiro semestre de 2014, o setor ganhou 5,06 milhões de novos consumidores. Eles inauguraram suas compras online, marcando um crescimento de 27% em relação ao primeiro semestre de 2013. Houve um extraordinário aumento em participação de vendas por dispositivo móvel nos primeiros seis meses de 2014, subindo de 3,8% (junho/2013) para 7% (junho/2014), o que representou um crescimento de 84% em um ano. Tudo isso mostra que não somente o uso de dispositivos móveis tem crescido, mas também as lojas estão se aproveitando deste movimento e oferecendo melhor experiência de navegação aos seus consumidores. O comércio eletrônico brasileiro fechou o primeiro semestre de 2014 com um faturamento de R$ 16,06 bilhões, superando o mesmo período em 2013 (quando vendeu R$ 12,74 bilhões), e registrando crescimento nominal de 26% no setor. Observe, a seguir, a evolução do número de novos e-consumidores. NEGÓCIOS DIGITAIS 14 Mudança nos modelos de negócios Um fator macroambiental que deve ser destacado é a confluência de 3 indústrias – Tecnologia, Telecom e Mídia e Entretenimento (Comunicações) – que vem modificando radicalmente os modelos de negócios em vários segmentos. Se voltarmos alguns anos, para se criar um jornal ou uma revista, os padrões da categoria exigiam uma redação, um parque gráfico, uma rede de distribuição e ainda uma longa trajetória para construir credibilidade. Hoje, sem abrir mão do critério credibilidade, a parte de custos fixos de gráfica e distribuição são irrelevantes para se lançar um jornal virtual. Em suma: a barreira de entrada para publicações digitais hoje é muito reduzida, de forma que o grande diferencial fica ligado à geração de grandes ideias e conteúdos e como será sua apresentação digital e interface com o usuário. NEGÓCIOS DIGITAIS 15 Examine o recente portal Gshow lançado pela Rede Globo. Através dele os usuários podem assistir, sob demanda, a hora que quiserem, conteúdos de novelas, jornais, entre várias produções da emissora. O acesso é pago, o que demonstra a disposição da Rede Globo em consolidar seus domínios para os usuários de internet e dispositivos móveis para um grande público. Concluindo, existe uma vasta gama de oportunidades para empreendedores nesse novo ecossistema de Tecnologia, Telecom, Mídia e Entretenimento. As oportunidades vão desde a criação de aplicativos e games para smartphones e tablets, soluções corporativas para os mesmos Mobile Internet Devices (MIDs), meios de pagamento, novas revistas, jornais digitais segmentados, entrega de conteúdo digital, entre tantos outros. Atividade proposta Vamos fazer uma atividade! O aplicativo Waze é um grande sucesso de público, ganhando novos usuários a cada dia. Acesse a página do Waze e navegue pelo conteúdo. https://www.waze.com/pt-BR NEGÓCIOS DIGITAIS 16 Logo na página inicial você lerá a frase: WAZE. DERROTANDO O TRÂNSITO, JUNTOS. A seguir podemos ler: “Nada pode superar as pessoas trabalhando juntas. Imagine milhões de motoristas nas vias trabalhando juntos em um objetivo comum: escapar do trânsito e fazer com que todos peguem a melhor rota, para ir e voltar do trabalho, todos os dias.” Identifique pontos de sucesso do aplicativo. Chave de resposta O sucesso do Waze é justamente baseado no conceito de cultura participativa que você aprendeu anteriormente. É possível verificar a questão da externalidadeda rede, ou seja, quanto mais pessoas aderirem ao aplicativo, mais interessante e útil ele será. No site do Waze podemos identificar outras formas de interação com o usuário que a ferramenta oferece. A conjunção de dados que são gerados a partir do conceito de cultura participativa permite que outras empresas possam utilizar o Waze como ferramenta de negócios, levando em consideração que é um mapa modificado em tempo real e que permite que os usuários postem dicas e marquem locais. Referências BRIGGS, A.; BURKE, P. Uma História Social da Mídia. Rio de Janeiro: Zahar, 2006. BURKE, P. Uma História Social do Conhecimento. Rio de Janeiro: Zahar, 2003. CASTELLS, M. A Galáxia da Internet. Rio de Janeiro: Zahar, 2003. JENKINS, H. Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2008. LI, C.; BERNOFF, J. Groundswell. Boston: Harvard Business Review Press, 2011. NEGROPONTE, N. Being digital. New York: Alfred Knopf, 1995. ONG, W.J. Orality, Literacy, and Medieval Textualization. New Literary History, v.16, n.1, p.1-12, 1984. NEGÓCIOS DIGITAIS 17 Exercícios de fixação Questão 1 Voltando ao exemplo do mercado editorial, podemos entender melhor algumas das alterações no sentido de produção e consumo de conteúdo ocorridas com a Web. Em relação ao mesmo, podemos dizer que: a) Antigamente ninguém poderia produzir conteúdo sem passar por uma editora, enquanto agora todos podem. b) A pirataria foi a grande causa do declínio do mercado editorial. c) A importância das editoras se alterou com a possibilidade de publicar conteúdo diretamente para o consumidor. d) Hoje podemos consumir conteúdo de várias formas, e isso faz com que o conteúdo seja mais raso. Questão 2 A invenção da prensa de tipos móveis revolucionou a Europa, ao permitir que livros fossem produzidos com uma escala jamais vista anteriormente, acabando com a necessidade de se copiá-los a mão. Esse novo mercado que surgiu (o editorial) se tornou cada vez mais importante no contexto cultural do Ocidente. Em relação ao mercado editorial, assinale a alternativa que está incorreta. a) O impacto do novo mercado editorial se deu principalmente por possibilitar o acesso a informações, algo que não ocorria anteriormente. b) Não bastava apenas ter o livro físico, mas também era necessário que houvesse uma quantidade de consumidores aptos a sua leitura. c) As editoras que surgiram nesse período foram se consolidando como as intermediárias entre os autores dos livros e os leitores. d) O processo de impressão através da prensa de tipos móveis permitiu que houvesse mais títulos disponíveis aos leitores da época. NEGÓCIOS DIGITAIS 18 Questão 3 O Conceito de Cultura da Convergência propõe que vivemos um cenário em que as velhas e novas mídias colidem, se cruzam no dia a dia das pessoas por meio da conexão entre múltiplas plataformas. É correto afirmar que: a) As mídias tradicionais não têm mais espaço dentro da cultura da convergência. b) É possível, hoje, utilizar o conteúdo de meios considerados antigos – TV, rádio, jornal – que podem acessados através de suportes/plataformas diferentes digitais e mobile. c) A cultura da convergência resume o fato de podermos utilizar diferentes ferramentas em um mesmo dispositivo. d) Os dispositivos móveis não são peça central na cultura da convergência. Questão 4 Por que o autor Manuel Castells, fazendo uma alusão ao termo Galáxia de Gutemberg, denomina a era que vivemos hoje de Galáxia da internet formando uma economia em rede que gera novas formas de organização da produção, distribuição e gestão? a) O advento da internet criou um novo mundo da comunicação. b) A internet possibilita a comunicação de um para um, criando um novo sistema. c) A internet não modificou a forma como as pessoas se comunicam. d) Porque a internet é um novo meio de comunicação NEGÓCIOS DIGITAIS 19 Questão 5 A cultura participativa – termo cunhado por Henry Jenkins – é um conceito presente em nosso dia a dia que caracteriza o comportamento do consumidor midiático contemporâneo, cada vez mais distante da condição receptor passivo. Qual a alternativa que melhor sintetiza essa afirmação: a) Hoje os velhos meios coabitam com os novos dentro de um cenário de cultura da convergência. b) A circulação de conteúdos – por meio de diferentes sistemas de mídia – não depende fortemente da participação ativa dos consumidores. c) Os consumidores estão aprendendo a utilizar as diferentes tecnologias, ocupando espaços e exigindo o direito de participar da produção do conteúdo. d) Qualquer pessoa pode interagir com os outros. Questão 6 Na década de 1960, início da Guerra Fria, Paul Baran havia sugerido que a melhor forma de um sistema de comunicação resistir a um ataque era essa rede de comunicação se configurar como distribuída. O que significa esse conceito? a) A distribuição da rede acontece em todo o mundo. b) É a mesma coisa que uma rede descentralizada. c) Cada informação produzida por um ponto poderia chegar somente através dele a outros pontos dentro da rede. d) Não ter pontos que centralizassem a comunicação. NEGÓCIOS DIGITAIS 20 Questão 7 Que fatores são macroambientais e vêm contribuindo de forma decisiva para a expansão do universo digital e mobile no Brasil? a) A popularização dos smartphones e tablets; a disponibilidade do sistema wireless – sem fio e a interação do público brasileiro em redes sociais. b) Inflação controlada e dólar em baixa. c) Aumento do número de sites e blogs e expansão do e-mail. d) Crescimento da classe média e maior acesso ao wifi. Questão 8 Por que pode se dizer que a confluência de três indústrias – Telecom, Mídia e Entretenimento (Comunicações) e Tecnologia – vem modificando radicalmente os modelos de negócios em vários segmentos? a) São as indústrias preferidas do grande público. b) Hoje temos mais aparelhos celulares do que o número de habitantes no Brasil. c) Através dela novos negócios surgem mesclando meios antigos a novas formas de acessá-los. d) Devido à variedade de programação e conteúdo. Questão 9 Qual é a alternativa que melhor explica o conceito de prosumer? a) Os consumidores hoje estão assumindo um duplo papel de "produtores" de conteúdo e ao mesmo tempo “consumidores". b) Consumidores estão mais proativos. NEGÓCIOS DIGITAIS 21 c) Consumidores que utilizam o e-commerce. d) Pessoas que só produzem conteúdo para ser consumido na internet. Questão 10 Qual dado você não escolheria para demonstrar o crescimento do e-commerce no Brasil? a) O Facebook no Brasil possui cerca de 68 milhões de usuários. b) O comércio eletrônico brasileiro fechou o primeiro semestre de 2014 com um faturamento de R$ 16,06 bilhões. c) Houve um aumento em participação de vendas por dispositivo móvel nos primeiros seis meses deste ano, subindo de 3,8% (junho/2013) para 7% (junho/2014). d) No primeiro semestre de 2014, o setor ganhou 5,06 milhões de novos consumidores. NEGÓCIOS DIGITAIS 22 Henry Jenkins: Professor e Diretor do Programa de Estudos de Mídia Comparada do MIT – Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Nicholas Negroponte: Teórico sobre o impacto da internet em nossa sociedade, autor de vários livros e professor do MIT. Prosumer: Termo em inglês, mistura de producer e consumer, respectivamente produtor e consumidor. Aula 1 Exercícios de fixação Questão 1 - C Justificativa: As editoras não desapareceram, e não necessariamente o conteúdo publicado de outras maneiras (que não a impressa) é raso. A terceira alternativa coloca de modo correto o problema, pois ressalta a alteração da dinâmica de intermediação outrora realizada pelas editoras em caráter de quase exclusividade para se chegar ao mercado. Na primeira alternativa existe uma inverdade ao afirmarque ninguém poderia produzir conteúdo sem passar por uma editora, pois o conceito de produção de conteúdo vai muito além de algo somente distribuído por uma editora. A segunda alternativa está incorreta, pois com a difusão da Web, o papel necessário das editoras como intermediadoras do conteúdo entre seus produtores e consumidores se torna cada vez mais frágil, dadas as novas possibilidades de acesso aos mesmos. E não somente pela pirataria. NEGÓCIOS DIGITAIS 23 Já sobre a quarta alternativa, podemos dizer que a nova característica do consumo do conteúdo é que pode ser feito de diferentes maneiras sem que isso necessariamente resulte em um conteúdo mais raso. Você pode ler um livro denso, teórico em um tablet, por exemplo. Questão 2 - A Justificativa: O erro na primeira alternativa encontra-se em seu final, "algo que não ocorria anteriormente". O acesso às informações não necessariamente depende de sua modalidade escrita, e a oralidade era (e ainda é) uma forma importante de comunicação. Assim, estaria errado dizer que não havia acesso às informações antes da prensa de Gutenberg. A segunda alternativa está correta devido ao fato de a produção precisar de uma audiência. De que adianta ter um livro se não há público para ler? A terceira alternativa está correta ao afirmar que as editoras assumiram o papel de intermediárias entre os autores dos livros e os leitores. A quarta alternativa relaciona a introdução da tecnologia da prensa de tipos móveis com a maior oferta de títulos, o que está correto, pois permitiu a produção mais rápida e menos onerosa. Questão 3 - B Justificativa: A Questão 4 - A Justificativa: A <em>Galáxia da internet</em> pode ser comparada em termos de impacto na sociedade a <em>Galáxia de Gutemberg</em> gerando novas formas de organização da produção, distribuição e gestão. Na segunda alternativa, o conceito errado se refere ao fato de a internet possibilitar a comunicação de um para muitos e não de um para um. A terceira alternativa está errada porque é um consenso afirmar que a internet modificou definitivamente a forma como as pessoas se comunicam. A quarta alternativa é sobre o fato de a internet ser um novo meio de comunicação, porém isso não explica a abrangência do conceito de Galáxia de Gutemberg. NEGÓCIOS DIGITAIS 24 Questão 5 - C Justificativa: Na cultura participativa as pessoas assumem o papel de protagonistas, gerando conteúdo e auxiliando no processo de circulação das informações em diferentes sistemas de mídia. Na primeira alternativa, a sentença está correta, mas não é associada diretamente ao conceito de cultura da convergência. Já na segunda na alternativa, o correto seria afirmar que a circulação de conteúdos – por meio de diferentes sistemas de mídia – depende fortemente da participação ativa dos consumidores. E na quarta alternativa, o fato de que qualquer pessoa pode interagir com os outros não caracteriza o conceito de cultura participativa. Questão 6 - D Justificativa: Ao configurar a rede como distribuída, a ideia é reduzir ao máximo a dependência da comunicação do sistema como um todo a alguns pontos específicos. Na primeira alternativa, a sentença vai contra o conceito de rede distribuída, não pelo mundo todo, mas em pontos específicos. Na segunda alternativa, o erro é que rede descentralizada não é a mesma coisa que rede distribuída, pois na descentralizada não se pode acessar os pontos de todos os lugares. E, finalmente, na terceira alternativa, o erro está em afirmar que cada informação produzida por um ponto poderia chegar somente através dele a outros pontos dentro da rede. Na rede distribuída todos os pontos podem acessar os outros. Questão 7 - A Justificativa: A primeira alternativa aponta os fatores primordiais que alavancaram a expansão do universo digital e mobile no Brasil. Na segunda alternativa, os dois fatores não são decisivos para expansão do universo digital e mobile no Brasil. Na terceira alternativa, os fatores apontados são consequência e não causas. E na quarta alternativa, o crescimento da classe média e maior acesso ao wifi também não são, em conjunto, fatores decisivos. NEGÓCIOS DIGITAIS 25 Questão 8 - C Justificativa: A terceira alternativa mostra como a confluência dessas três indústrias está gerando um leque de novos negócios e oportunidade de negócios, tais como, jornais e emissoras de rádios somente em plataformas digitais. Na segunda alternativa, o fato de termos mais aparelhos celulares do que o número de habitantes no Brasil não vem modificando radicalmente os modelos de negócios em vários segmentos. A primeira alternativa fala sobre a preferência de público, o que não é suficiente para gerar novos modelos de negócios. E a quarta alternativa também não associa o fato de existir variedade de programação e conteúdo ao que fala a questão. Questão 9 - A Justificativa: A primeira alternativa está correta, pois o termo prosumer conceitua um novo consumidor híbrido que, ao mesmo tempo, produz conteúdo e também consome, subvertendo paradigmas antigos do mercado. Na segunda alternativa, o fato de estarem mais proativos não os caracteriza como prosumers. Na terceira alternativa, a utilização do e-commerce não tem relação direta com os prosumers. E na quarta alternativa, os prosumers não apenas produzem o conteúdo como também consomem, por isso está incorreta. Questão 10 - A Justificativa: Todas as outras alternativas trazem números diretamente ligados ao e-commerce. O número de usuários do Facebook não quer dizer que os mesmos sejam consumidores pela internet. NEGÓCIOS DIGITAIS 26 Pedro Ivo Rogedo Costa Dias é Advogado, Mestre e Doutor em Administração de Empresas pelo Instituto Coppead de Administração, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente é líder de estratégia da Movimento Comunicação, agência de publicidade do grupo FLAG/Interpublic, atendendo os seguintes clientes: Lojas Americanas, OLX, Coca-Cola, Oi, Bodytech, Formula e Purina. Possui artigos científicos publicados em revistas e congressos nacionais na área de Marketing Digital e Estratégia. Foi professor da graduação da UFRJ. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7871436371217249 http://lattes.cnpq.br/7871436371217249 NEGÓCIOS DIGITAIS 1 Prezado aluno, Esta apostila é a versão estática, em formato .pdf, da disciplina online e contém todas as informações necessárias a quem deseja fazer uma leitura mais linear do conteúdo. Os termos e as expressões destacadas de laranja são definidos ao final da apostila em um conjunto organizado de texto denominado NOTAS. Nele, você encontrará explicações detalhadas, exemplos, biografias ou comentários a respeito de cada item. Além disso, há três caixas de destaque ao longo do conteúdo. A caixa de atenção é usada para enfatizar questões importantes e implica um momento de pausa para reflexão. Trata-se de pequenos trechos evidenciados devido a seu valor em relação à temática principal em discussão. A galeria de vídeos, por sua vez, aponta as produções audiovisuais que você deve assistir no ambiente online – aquelas que o ajudarão a refletir, de forma mais específica, sobre determinado conceito ou sobre algum tema abordado na disciplina. Se você quiser, poderá usar o QR Code para acessar essas produções audiovisuais, diretamente, a partir de seu dispositivo móvel. Por fim, na caixa de Aprenda mais, você encontrará indicações de materiais complementares – tais como obras renomadas da área de estudo, pesquisas, artigos, links etc. – para enriquecer seu conhecimento. Aliados ao conteúdo da disciplina, todos esses elementos foram planejados e organizados para tornar a aula mais interativa e servem de apoio a seu aprendizado! Bons estudos! NEGÓCIOS DIGITAIS 2 .......................................................................................................................................................0 Aula 2: Conceitos de economia da informação............................................................................. 3 Introdução ............................................................................................................................. 3 Conteúdo ................................................................................................................................ 3 Quanto custa uma informação? ..................................................................................... 3 Baixo custo marginal ......................................................................................................... 4 Descentralização da criação, produção e distribuição ............................................... 6 Proteção de conteúdo ...................................................................................................... 7 Espaço de prateleira .......................................................................................................... 8 Escassez ............................................................................................................................... 9 Cauda Longa ..................................................................................................................... 10 Representação gráfica da cauda longa ....................................................................... 12 Atividade proposta .......................................................................................................... 13 Aprenda Mais ............................................................................Erro! Indicador não definido. Referências........................................................................................................................... 14 Exercícios de fixação ......................................................................................................... 14 Notas ........................................................................................................................................... 20 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 21 Aula 2 ..................................................................................................................................... 21 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 21 Conteudista ................................................................................................................................. 25 NEGÓCIOS DIGITAIS 3 Introdução Vimos na última aula um panorama das mudanças ocorridas ao longo do século XX (e no início do século XXI) em relação à forma como negócios são feitos, sob a nova lógica da Economia da Informação. Empresas sólidas desapareceram rapidamente –como a Kodak – em função das mudanças econômicas, enquanto outras surgiram e se estabeleceram em um período relativamente pequeno de tempo – como a Google –, atingindo posição de destaque na economia. Nesta aula, estudaremos alguns conceitos importantes para que possamos compreender melhor o funcionamento da Economia da Informação, e que serão fundamentais para o trabalho do analista da área, bem como para todos os que desejam empreender um negócio digital. Examinaremos o conceito de cauda longa e como ele está na base da Economia Digital. Objetivo: 1. Explicar o conceito de custo da informação; 2. Examinar os conceitos de espaço de prateleira, escassez e cauda longa. Conteúdo Quanto custa uma informação? É possível que você assista ou conheça alguém que assiste ao seriado Game of Thrones, produzido pela HBO e considerado um dos maiores sucesso dos últimos tempos. A série aborda conflitos políticos, pessoais e familiares, ambientado em um mundo fantástico e complexo. No entanto, sendo ou não um fã de Game of Thrones (GoT), poderá ficar impressionado ao saber que cada episódio da série custa 6 milhões de dólares http://omelete.uol.com.br/game-thrones/#.VHM2-DTF-Xw http://omelete.uol.com.br/game-thrones/#.VHM2-DTF-Xw NEGÓCIOS DIGITAIS 4 para ser produzido. Para ter uma ideia do que isso significa, um capítulo de Joia Rara uma das novelas mais caras da TV Globo, custava 800 mil reais para ser produzido. Você achou caro? No entanto, como em qualquer investimento, ele não seria feito caso não houvesse uma chance significativa de recuperá-lo e com lucro. A recuperação desse investimento ocorre por meio da venda de direitos de exibição da série de diversas maneiras, como através de serviços de exibição online e sob demanda. O custo de cada episódio da série GoT é de 6 milhões de dólares. Logo, imagine quanto custa cada cópia desse episódio? Um valor próximo a zero. A equação, que parece complexa a princípio, é bem simples. A maioria dos custos para a produção desse conteúdo é realizada logo no início. Dessa maneira, para que exista um episódio, são gastos 6 milhões de dólares. No entanto, o custo de criação de cada exibição subsequente desse conteúdo é próximo a zero – o episódio já está produzido, é apenas uma questão técnica de reproduzi-lo para o consumidor. Os valores recebidos com o licenciamento para exibição, bem como publicidade e outras receitas, entrarão na conta ajudando a recuperação dos custos iniciais envolvidos na criação do conteúdo. Baixo custo marginal Observe um outro exemplo relacionado ao custo da informação! Imagine que você seja um autor de romances, que acabou de assinar um contrato com uma grande editora. A empresa propõe um adiantamento integral dos honorários pela obra – 50 mil reais. Esse valor será pago a você antes mesmo de começar a escrever. Uma vez pronta a obra, a editora decide comercializá-la sob a forma de um e- book (livro eletrônico). Podemos dizer, ao menos em tese, que a versão original (o arquivo de texto) da obra custou 50 mil reais para a editora. Entretanto, quanto custa para a empresa uma cópia desse conteúdo? A rigor, um valor próximo a zero – pois o conteúdo já está pronto. NEGÓCIOS DIGITAIS 5 Um ponto importante é que o baixo custo marginal não é um privilégio da nossa era digital. Em uma época na qual a impressão era muito cara e complexa, havia poucas opções para se copiar o conteúdo impresso em um livro e, normalmente, a editora mantinha um bom controle sobre as receitas advindas da venda do mesmo – lembre-se que um valor inicial foi pago, e é necessário recuperá-lo. Entretanto, com o surgimento das máquinas de fotocópias, ficou relativamente fácil duplicar o conteúdo do livro – e uma cópia do conteúdo, para as editoras, representava uma oportunidade a menos para recuperação dos investimentos realizados inicialmente. Por isso as editoras brigavam – e ainda brigam – com a reprodução não autorizada do conteúdo por meio de fotocópia. Entretanto, a qualidade da reprodução era reduzida gradualmente: a leitura ficava mais difícil a cada cópia feita da cópia. Chegava o ponto de ser impossível ler o conteúdo. Com a digitalização do conteúdo tudo mudou. Uma matriz digital pode ser copiada, em tese, infinitas vezes sem afetar sua qualidade. Vamos ver como isso acontece? Voltemos ao exemplo do livro. Em tese, alguém que está comprando o livro está, na verdade, comprando o conteúdo. Conforme falamos na aula anterior, o conteúdo do livro está em um suporte de mídia (o livro em si, as páginas, encadernação, etc.), mas o interesse principal – e o que dá valor econômico ao mesmo – é o seu conteúdo. NEGÓCIOS DIGITAIS 6 Descentralização da criação, produção e distribuição Você já ouviu falar no Projeto Gutenberg? O Projeto Gutenberg é um antigo projeto na internet que visa a digitalização do conteúdo de livros e a disponibilização gratuita do mesmo, respeitando as leis dedireito autoral. Agora, imagine que você tenha interesse em ler a Poética, do filósofo grego Aristóteles e vá procurá-lo no site do Projeto Gutenberg. Originalmente, o arquivo original consumiu bastante tempo e esforço de diversos voluntários que a digitaram e revisaram. Entretanto, caso você queira consumir conteúdo do livro, poderá baixá-lo para seu computador sem prejuízo da matriz. A informação permanece inalterada, pois a cópia que você realizou não a prejudicou. Dessa maneira, temos dois conteúdos idênticos: a matriz e cópia. Caso você tenha interesse em repassá-la a um amigo que gosta de Aristóteles, teremos então três cópias, todas absolutamente idênticas, sem que sua minha cópia – ou a matriz – tenha sofrido prejuízo em sua qualidade. Essa é uma das principais características do conteúdo digital: além de ele não possuir um aspecto físico como um livro impresso, ele não perde o valor com cada cópia realizada. A descentralização da criação, produção e distribuição de conteúdos demonstra que há uma nova forma de se relacionar com as obras culturais. Atenção Em relação às novas formas de se relacionar com as obras culturais, Lemos (2007) afirma que “esse relacionamento diz respeito à maneira como o indivíduo sai da condição de receptor para tornar-se usuário mediante as possibilidades oferecidas nos https://www.gutenberg.org/wiki/PT_Principal http://www.projectgutenberg.org/ NEGÓCIOS DIGITAIS 7 novos espaços midiáticos e, por conseguinte, a forma de propagação digital incorporada pelos setores do mercado”. Proteção de conteúdo Neste cenário em que a reprodução com qualidade de qualquer conteúdo se tornou fácil, a indústria se viu obrigada a repensar suas formas de proteção. Desde o desenvolvimento e posteriormente proibição do Napster, a todo momento são criados sistemas de propagação de conteúdos a partir da mesma perspectiva de descentralização e rede colaborativa com o objetivo de distribuir filmes, músicas, textos, imagens de forma gratuita e sem a autorização das empresas que detêm os direitos sobre tais obras. Devido às tecnologias de suporte, como os gravadores de CD/DVD, reprodutores digitais de música e filmes, pendrives e conexão banda larga e, apesar das campanhas contra esse tipo de comportamento, as pessoas não sentem qualquer constrangimento para essa prática, conhecida como pirataria. O mesmo se aplica para qualquer outro tipo de conteúdo digital com direitos autorais. No momento em que uma cópia é feita e distribuída livremente, há autores, artistas, produtores e outras partes que deixam de receber pelos direitos do conteúdo. Estima-se que o valor perdido com a distribuição de filmes piratas na internet é de quase 6 bilhões de dólares por ano. Já existe inclusive um termo conceitual – Gestão de Direitos Digitais ou GDD – que consiste em um conjunto de métodos e ferramentas responsáveis por restringir a cópia e reprodução de conteúdo digital, visando conter o avanço da pirataria digital. O fato é que estruturas de proteção a obras desenvolvidas no cenário atual como, por exemplo, o copyright, estão defasadas em relação à realidade das novas tecnologias. NEGÓCIOS DIGITAIS 8 Atenção A indústria de jogos, por exemplo, conseguiu certo controle ao estabelecer o número máximo de instalações de um jogo. Plataformas como o Steam® permitem que os jogos sejam executados apenas no computador com o software autenticando o usuário mediante username e senha, impedindo assim a cópia direta para outro computador. Na indústria da música, durante muito tempo, as compras feitas no iTunes®, sistema de distribuição de conteúdo da Apple®, só podiam ser executadas em um aparelho da Apple®, hoje o comprador também pode ouvir em outros dispositivos. Espaço de prateleira Imagine um mercado. Logo virá à sua cabeça uma grande quantidade de produtos, enfileirados em diversas prateleiras. Cada seção possui uma organização própria: produtos de limpeza, higiene pessoal, nutrição animal, panificação etc. Cada produto, entretanto, ocupa certo espaço. Na seção de higiene pessoal, por exemplo, esperamos encontrar enfileiradas diversas opções de pastas de dente. Posso ter as pastas de dente A, B, C e D naquele espaço, cada marca com uma quantidade significativa de produtos disponíveis, pois um cliente que desejar comprá-la precisa poder pegá-la para levar ao caixa e pagar. Entretanto, para que eu tenha os produtos A, B, C e D disponíveis nas prateleiras da seção de higiene pessoal, é necessário que eu não tenha uma ampla gama de outras pastas de dente que poderiam ser vendidas ali. Pode ocorrer que uma pasta para dentes extremamente sensíveis não esteja disponível ou que outra premium também não. A escolha dos produtos que NEGÓCIOS DIGITAIS 9 estarão disponíveis para o consumidor naquele espaço implica em negativas de outros – afinal, o espaço físico é finito. Chamamos essa ideia de espaço de prateleira, um termo bastante comum no varejo. Mas qual a relação entre essa ideia e os negócios digitais? Veremos a seguir. Escassez Imagine que você tenha uma pequena livraria de esquina, em uma grande cidade. O ponto é movimentado e frequentado por uma quantidade grande de pessoas interessadas em livros. O aluguel é um pouco caro, mas o negócio dá lucro. Entretanto, há um problema. Você provavelmente terá em estoque uma edição de algum bestseller recente, como 50 tons de cinza ou Harry Potter. Mas dificilmente comprará de seu fornecedor muitas cópias, ou mesmo apenas uma, de livros mais difíceis de saírem, como Last Exit to Brooklyn, de Hubert Selby Jr. Isso não acontece porque você não gosta de Selby Jr. ou gosta de 50 tons de cinza, mas porque você tem um espaço limitado para expor os livros para os clientes. Além disso, cada livro em estoque significa dinheiro investido – seja na própria compra do livro do fornecedor, seja na manutenção do espaço. O mesmo ocorre com outros negócios. Suponha que, ao invés da livraria, você tenha uma sala de cinema. O espaço para exibição dos filmes é limitado, sem possibilidade de colocar uma quantidade grande de filmes em cartaz ao mesmo tempo. Dessa forma, considerando que a sua sala não é uma sala voltada para um público muito específico – nicho –, caso seu distribuidor de filmes ofereça uma escolha entre uma cópia do Homem Aranha ou uma cópia do filme iraniano ganhador do último festival de cinema alternativo na Croácia, você provavelmente escolherá o primeiro. Novamente, isso não se deve necessariamente a gostos pessoais, mas sim a uma lógica de maximização do retorno do investimento. A probabilidade de você conseguir mais gente pagando para assistir ao Homem Aranha é maior do que pagantes para o filme iraniano. NEGÓCIOS DIGITAIS 10 Dessa maneira, em um cenário em que o tempo de exibição – e, consequentemente, de realização de lucros – é restrito, a tendência é dar preferência aos que oferecem melhor perspectiva de retorno financeiro. Nesse caso, o Homem Aranha vence. Como você viu nos exemplos da livraria e do cinema, a escolha do que será oferecido é pautada principalmente em função do que provavelmente terá maior retorno financeiro. Há demanda por livros do Selby Jr. e mesmo pelo filme iraniano. Porém, em condições normais, confia-se mais no retorno do que é mais famoso por, potencialmente, ter mais gente interessada. A Economia chama essa situação de escassez: há demanda, mas ela não é suprida pelas ofertas existentes naquele mercado. Se considerarmos esse pequeno mundo da sala de cinema do exemplo, as pessoas que gostariam de assistir a um filme menos famoso no circuito comercial provavelmente terão dificuldades em obtê-lo na sala. Haverá, portanto, uma demanda não atendida pela oferta. Essa diferença entre o que é possível ser ofertado no espaço existentee a demanda – a escassez – é importante para entendermos o outro conceito, de cauda longa. E se houvesse uma maneira de superar essa escassez? E se houvesse uma maneira de termos uma oferta tão grande que satisfaria quase todos os potenciais consumidores daquele produto ou serviço? A parte interessante é que há – e talvez você já utilize alguma dessas maneiras. Veja a seguir! Cauda Longa Você lembra que foi mencionado anteriormente que o custo marginal de reprodução de um conteúdo é praticamente zero, considerando seu custo inicial? NEGÓCIOS DIGITAIS 11 Há uma variedade de serviços que levaram muito a sério a questão de resolver essa escassez, que é ditada principalmente pelo espaço disponível – basta que utilizemos um meio no qual o espaço não é um componente tão importante, como o meio digital. Veja o exemplo da Amazon! A Amazon, varejista americano, começou seus negócios vendendo livros pela internet. Ao contrário da livraria da esquina, utilizado no exemplo de escassez, a Amazon não possuía nenhuma loja física. Todos os livros eram vendidos por meio de seu site. Com uma política de gestão de estoques, ela conseguia ter uma grande quantidade de livros disponíveis, mesmo aqueles que praticamente nunca eram pedidos. Entretanto, como não era limitada por uma questão de espaço, a Amazon foi capaz de oferecer ao consumidor final uma possibilidade de escolha significativamente maior que suas concorrentes – afinal, a prateleira da empresa era um registro em um banco de dados, que poderia ser buscado pelo consumidor a qualquer momento. Sem a limitação física de espaço de prateleira, a Amazon acabou ficando com uma espécie de prateleira ilimitada, na qual todos os títulos de seu catálogo, por menos requisitados que fossem, estavam disponíveis para busca e potencial compra. E o Netflix? Outro exemplo bastante atual é o Netflix, o serviço de vídeo sob demanda que recentemente iniciou suas operações no Brasil – porém, nesse caso, as vantagens são ainda mais evidentes. Como o custo de manutenção de uma cópia de um filme (digamos, Titanic) nos servidores do Netflix é bastante inferior ao custo de produção desse conteúdo, o serviço pode oferecer uma gama muito maior de opções que suas contrapartes físicas – no caso, as locadoras de filmes. Sem limitação de espaço físico, o mesmo efeito que ocorreu com a Amazon também ocorre com o Netflix: o custo de espaço em servidor para armazenar uma cópia de Titanic é praticamente o mesmo que uma cópia de Cidadão Kane, NEGÓCIOS DIGITAIS 12 ambos baixos. Dessa maneira, o Netflix pode oferecer ambos os filmes – e mais milhares – ao mesmo tempo, sem restrição de espaço de prateleira, satisfazendo desde aquela pessoa que curte apenas os filmes blockbusters, até a pessoa que curte filmes que outras sabem sequer que existem. Atenção Para as locadoras, a lógica da escassez se aplicava: o limitado espaço de prateleira significava que a escolha do conjunto de filmes disponibilizados ao consumidor final provavelmente privilegiaria opções que tivessem maior potencial de serem demandados pelos consumidores. Nessa lógica, um filme clássico como Cidadão Kane, por melhor que fosse, provavelmente não constaria do catálogo físico. A ideia de reestruturação da lógica de oferta e demanda, possibilitada principalmente através dos meios digitais, chama-se de cauda longa. Representação gráfica da cauda longa Observe a figura a seguir! A parte à esquerda representa os mais populares – e, em tese, os que estariam disponíveis mesmo em um cenário de restrição de oferta –, enquanto a cauda à direita representa os menos populares, mas que também possuem demanda, ainda que não tão forte quanto os mais populares. NEGÓCIOS DIGITAIS 13 Fonte: Adaptado do livro A Cauda Longa http://www.noix.com.br. A transição de negócios baseados na escassez para negócios que exploram mecanismos de satisfação da demanda existente nos diversos mercados é uma característica muito importante da chamada Economia Digital. Sobre esse tema continuaremos na próxima aula. Atividade proposta Vamos fazer uma atividade! Nesta aula, falamos muito de espaço físico e espaço digital, motivos para a escassez de produtos na demanda. E em casa? Você já imaginou o que fazer para compartilhar ou armazenar com segurança o conteúdo de seu computador? O que você faria para acessá-los de maneira eficiente e rápida? Onde seria esse armazenamento? Chave de resposta: Apple, Amazon, Google, Microsoft e o DropBox ofertam serviços de nuvens (armazenamento digital) e são consideradas boas alternativas para usuários que querem acessar seus arquivos de qualquer lugar. As empresas perceberam que as nuvens vão encontrar um imenso mercado junto a pessoas físicas, pois nós produzimos cada vez mais imagens, vídeos, enfim, conteúdo que precisa ser armazenado e distribuído. http://www.noix.com.br/ NEGÓCIOS DIGITAIS 14 Referências BRIGGS, A.; BURKE, P. Uma História Social da Mídia. Rio de Janeiro: Zahar, 2006. LEMOS, A. Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura contemporânea. 3. ed. Porto Alegre: Sulina, 2007. NEGROPONTE, N. Being digital. New York: Alfred Knopf, 1995. SHAPIRO, C.; VARIAN, H. Information Rules. Cambridge: Harvard University Press, 1999. URKE, P. Uma História Social do Conhecimento. Rio de Janeiro: Zahar, 2003. Exercícios de fixação Questão 1 No modelo tradicional do mercado fonográfico, um ponto extremamente importante era a descoberta de novos artistas que tivessem potencial de fazer sucesso. Para as gravadoras, a identificação dessas potenciais estrelas ainda em sua fase inicial poderia gerar ganhos imensos, especialmente através dos contratos assinados com elas. Uma vez identificados e contratados esses artistas, a gravadora entrava em cena com suporte à divulgação, publicidade, gravação, edição, shows, venda de músicas etc. Caso o artista fizesse sucesso, a gravadora, então, lucrava com a venda de suas músicas ao grande público. Em relação ao modelo de mercado fonográfico descrito acima, sob a perspectiva do custo do conteúdo, é correto dizer que: a) O sucesso de um novo artista não depende diretamente do dinheiro investido pela gravadora para sua divulgação. b) A música produzida pelo artista pode ser considerada um conteúdo de alto custo inicial (dados os investimentos da gravadora), mas com baixos custos marginais, já que o custo de cada reprodução da música para os NEGÓCIOS DIGITAIS 15 consumidores tem um custo bem inferior ao de produção original da mesma. c) Um ponto importante para a rentabilidade da gravadora é a quantidade de shows que o artista realiza ao longo do ano. d) Os contratos firmados entre as gravadoras e os artistas não são fundamentais para o modelo de rentabilidade. Questão 2 A chamada pirataria de músicas, movimento que teve seu maior destaque na virada do século com serviços como o Napster, permitia que esse conteúdo digital fosse compartilhado entre diversas pessoas sem o pagamento às detentoras dos direitos sobre as músicas. Sob a visão das gravadoras, que alegavam serem prejudicadas com essa prática, é correto dizer que: a) A pirataria permitia que mais pessoas conhecessem os artistas, potencialmente aumentando as vendas. b) A pirataria fazia com que as gravadoras não obtivessem as receitas diretas necessárias para bancar os altos custos de investimento inicial na produção das músicas. c) A legislação de direitos autorais era antiga e necessitava revisão. d) Tal prática era benéfica para os artistas, que aumentavam sua popularidade. Questão 3 Analise as afirmações abaixo: • O custo de produção de um conteúdo (como um livro ou uma música) é mais alto do que o custo de reprodução do mesmo em meios digitais. NEGÓCIOS DIGITAIS 16 • Cadacópia digital de um conteúdo não necessariamente reduz a qualidade da mesma. Assinale abaixo a opção que indica quais afirmações estão corretas: a) Ambas estão incorretas. b) I está correta, II está incorreta. c) I está incorreta, II está correta. d) Ambas estão corretas. Questão 4 Uma das principais características do mercado de conteúdo digital é que o mesmo pode ser reproduzido sem prejuízo de sua matriz original, com baixo custo marginal. Para os modelos de negócio que operam sob essa lógica, seria correto dizer que: a) Há um risco maior envolvido na produção do conteúdo, já que uma boa parcela dos investimentos totais é realizada antes de se ter retorno sobre o mesmo. b) O custo marginal baixo é pouco relevante para o modelo de negócios. c) Os investimentos na matriz original do conteúdo são pequenos, comparados ao custo marginal subsequente. d) A matriz original tem o mesmo custo que suas cópias. Questão 5 Por que a proteção do conteúdo digital, dentro de um modelo mais tradicional de produção do mesmo, é importante? a) Garante a recuperação dos altos investimentos realizados no início para produção. NEGÓCIOS DIGITAIS 17 b) Evita que pessoas não autorizadas alterem o conteúdo. c) Permite que o detentor dos direitos sobre o conteúdo possa abrir mão deles. d) Impede que o mesmo seja distribuído sem prejuízo da qualidade. Questão 6 Assinale a alternativa que representa o conceito de espaço de prateleira ligado à cauda longa: a) As lojas físicas possuem espaço para todos os produtos de uma mesma categoria. b) Os consumidores conseguem encontrar produtos menos famosos em lojas físicas. c) Lojas como a Amazon conseguiram subverter a limitação de espaço de prateleira das lojas físicas ao oferecer uma extensa variedade de produtos à disposição do consumidor. d) Um maior espaço de prateleira significa vender maior quantidade dos produtos campeões de venda. Questão 7 A chamada escassez pode ser compreendida como o fenômeno decorrente da existência de demanda por um produto ou serviço no mercado, porém não atendida pela oferta no mesmo. No mercado digital, em relação à escassez, assinale a opção que não indica uma empresa que trabalha primariamente com a lógica de cauda longa. a) Amazon b) Netflix NEGÓCIOS DIGITAIS 18 c) Spotify d) Volkswagen Questão 8 Em relação ao chamado espaço de prateleira, analise as afirmativas e indique a opção mais adequada. • A informação, enquanto bem de natureza não física, pode ser ofertada ao mercado sem a restrição do espaço de prateleira física. • Um produto para o qual a demanda é baixa é menos interessante para o vendedor que um produto com demanda mais alta, quando há restrições físicas de espaço de prateleira. • Serviços de filmes online sob demanda (com o Netflix) atendem apenas aos que buscam filmes que possuem baixa demanda, por conseguirem encontrá-los ali, mas não conseguem atender aos que buscam filmes mais famosos. As opções corretas são: a) I e II. b) I e III. c) II e III. d) Todas estão corretas. Questão 9 Por que o Netflix pode ser classificado como um exemplo de cauda longa? a) O custo de espaço em servidor para armazenar filmes é praticamente ilimitado e a restrição de espaço de prateleira, inexistente. NEGÓCIOS DIGITAIS 19 b) Por que sempre tem os títulos preferidos do público, o que gera uma grande demanda. c) O Netflix não oferta filmes sob a perspectiva da cauda longa, pois só abrange filmes de maior demanda. d) Por que ele é limitado pelo número de assinantes. Questão 10 As limitações tecnológicas e de espaço físico motivaram os modelos de negócio, ao longo dos séculos, a trabalharem com escolhas que maximizassem o potencial de rendimento do espaço alocado para exposição de produtos. Um produto que não era visto diretamente pelo consumidor teria mais dificuldade de ser vendido (mesmo que estivesse em estoque). Sobre essa mudança, possibilitada pela tecnologia, que originou o fenômeno da cauda longa nos negócios, podemos falar que: a) Ter vários produtos em estoque nunca é uma vantagem sob a perspectiva do consumidor final. b) A existência de sistemas que atuam como prateleiras virtuais possibilitou a extensão do espaço disponível para expor um produto e tornar mais provável sua aquisição pelo consumidor final. c) A restrição de espaço de prateleira é algo impossível de ser lidado pela tecnologia. d) O espaço no varejo tradicional físico não é uma variável importante. NEGÓCIOS DIGITAIS 20 Gestão de Direitos Digitais ou GDD: Do inglês Digital Rights Management ou DRM. Joia Rara: Foi transmitida pela TV Globo entre setembro de 2013 e abril de 2014. Napster: Criado em 1999 por Shawn Fanning e Sean Parker, foi o programa de compartilhamento de arquivos em rede P2P (peer-to-peer/ponto a ponto) que permitia que os usuários fizessem o download de um determinado arquivo diretamente do computador de um ou mais usuários de maneira descentralizada. Pirataria: Refere-se à ausência da permissão para a reprodução dos produtos culturais. A Microsoft, no Brasil, realizou uma pesquisa em 2012 na qual foi detectado que a expressão “pirataria”, em vez de provocar repúdio nos cidadãos, provocaria uma simpatia, tal qual a personagem literária Robin Hood, ou seja, uma contravenção que seria justificada por razões de maior importância. NEGÓCIOS DIGITAIS 21 Aula 2 Exercícios de fixação Questão 1 - B Justificativa: A primeira opção é incorreta porque o sucesso de um artista novo era influenciado diretamente pela quantidade de recursos investidos pela gravadora (especialmente em divulgação e publicidade). A terceira opção está correta, mas não sob a perspectiva do custo de conteúdo; embora uma maior quantidade de shows realizados pelo artista tivesse a possibilidade de aumentar as vendas do mesmo, isso não é diretamente relacionado com o custo marginal do conteúdo. A quarta opção é incorreta porque o contrato garantia juridicamente o retorno do investimento realizado no início (custos iniciais) pela gravadora. A segunda opção se mostra a mais adequada, porque representa a realidade dos custos marginais baixos na reprodução de conteúdo. Questão 2 - B Justificativa: A primeira opção é verdadeira, porém não representava a visão das gravadoras. Efetivamente, a segunda opção se revela correta pela perspectiva da pergunta, pois cada cópia não autorizada do conteúdo representava uma receita direta a menos para as gravadoras. As terceiras e quarta opções não representam a perspectiva de reprodução de conteúdo. Questão 3 - D Justificativa: Ambas estão corretas. A produção comercial de um conteúdo é tipicamente o custo mais alto sob a perspectiva da Economia Digital, sendo que sua reprodução geralmente apresenta custo marginal próximo a zero. Além disso, cada cópia digital não implica na redução de qualidade do conteúdo original, ou mesmo da cópia. Questão 4 - A NEGÓCIOS DIGITAIS 22 Justificativa: A segunda opção é incorreta porque o custo marginal baixo é extremamente relevante para o modelo de negócios. A terceira opção é incorreta porque o custo marginal subsequente à criação da matriz original de conteúdo é muito mais baixo que o custo para produção do mesmo. A quarta opção revela- se incorreta porque o custo da matriz original (que representa a produção do conteúdo em si) é muito mais alto que suas cópias – daí o baixo custo marginal. Questão 5 - A Justificativa: A segunda opção é incorreta porque não se relaciona diretamente com a lógica de recuperação de investimentos no mesmo. A terceira opção é irrelevante no contexto da pergunta, enquanto a quarta opção não é verdadeira para o conteúdo digital. Questão 6 - C Justificativa: A terceira alternativa está correta,pois o conceito de espaço de prateleira efetivamente tem suas origens no varejo físico tradicional, representando a limitação que o varejista tem para expor produtos. Um maior espaço de prateleira significa, a princípio, maior possibilidade de ter uma melhor variedade de produtos à disposição do consumidor e não somente os campeões de vendas. A primeira alternativa é incorreta, pois as lojas físicas não possuem espaço para todos os produtos de uma mesma categoria, tendo assim, um espaço de prateleira limitado. A segunda alternativa se contrapõe ao conceito de cauda longa, pois as lojas físicas, ao terem espaços de prateleira limitados, acabam oferecendo somente produtos de grandes volumes de venda. A quarta alternativa está incorreta, pois um maior espaço de prateleira não significa vender somente produtos campeões de venda, pois o consumidor terá mais alternativas. Questão 7 - D Justificativa: Tanto Amazon, Netflix, quanto Spotify são exemplos de empresas que se aproveitam da cauda longa (através da imensa oferta) para angariar consumidores. A Volkswagen representa uma empresa da economia industrial, NEGÓCIOS DIGITAIS 23 que ainda é restrita em função do seu produto (carros e caminhões) a uma entrega que privilegia os com maior potencial de venda. Questão 8 - A Justificativa: A afirmativa I está correta porque a informação é um bem que não depende de espaço físico e pode ter sua reprodução a custo marginal próximo a zero. A afirmativa II está correta porque quando há restrição de espaço físico de prateleira, a opção mais lógica, sob o ponto de vista econômico, é privilegiar os produtos que saem com maior frequência, que terão maior chance de serem vendidos. A afirmativa III está incorreta porque a oferta sob a perspectiva da cauda longa abrange não apenas os produtos de menor demanda, mas também os de maior demanda (a parte inicial à esquerda da cauda). Dessa maneira, esse tipo de oferta potencialmente satisfaz tanto quem busca itens de maior demanda quanto os que buscam itens de menor demanda. Questão 9 - A Justificativa: A primeira alternativa é correta, pois o Netflix oferece todos os tipos de filmes ao mesmo tempo, sem restrição de espaço de prateleira, satisfazendo desde aquela pessoa que curte apenas os filmes blockbusters, até a pessoa que curte filmes que outras sabem sequer que existem. A segunda alternativa está incorreta porque o Netflix oferta filmes de grande demanda, bem como os de pequena demanda, configurando uma cauda longa. A terceira alternativa está claramente incorreta, pois o Netflix ao oferecer filmes de baixa demanda é um exemplo de cauda longa. A quarta opção é incorreta, pois o serviço independe do número de assinantes. Questão 10 - B Justificativa: A segunda alternativa está correta, pois as prateleiras virtuais possibilitaram a oferta de um número extremamente maior de produtos do que os disponíveis em um ambiente físico e assim uma empresa pode almejar conquistar diferentes públicos. Na primeira alternativa é justamente ao contrário: sob a perspectiva do consumidor final sempre é melhor ter diferentes produtos NEGÓCIOS DIGITAIS 24 em estoque, pois aumentam suas opções de escolha. A terceira alternativa está incorreta, pois a tecnologia consegue subverter as limitações e restrições de espaço de prateleiras de lojas físicas nas lojas virtuais. A quarta alternativa está incorreta, pois o espaço no varejo tradicional físico é uma variável determinante para a variedade das ofertas. NEGÓCIOS DIGITAIS 25 Pedro Ivo Rogedo Costa Dias é Advogado, Mestre e Doutor em Administração de Empresas pelo Instituto Coppead de Administração, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente é líder de estratégia da Movimento Comunicação, agência de publicidade do grupo FLAG/Interpublic, atendendo os seguintes clientes: Lojas Americanas, OLX, Coca-Cola, Oi, Bodytech, Formula e Purina. Possui artigos científicos publicados em revistas e congressos nacionais na área de Marketing Digital e Estratégia. Foi professor da graduação da UFRJ. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7871436371217249 http://lattes.cnpq.br/7871436371217249 NEGÓCIOS DIGITAIS 1 Prezado aluno, Esta apostila é a versão estática, em formato .pdf, da disciplina online e contém todas as informações necessárias a quem deseja fazer uma leitura mais linear do conteúdo. Os termos e as expressões destacadas de laranja são definidos ao final da apostila em um conjunto organizado de texto denominado NOTAS. Nele, você encontrará explicações detalhadas, exemplos, biografias ou comentários a respeito de cada item. Além disso, há três caixas de destaque ao longo do conteúdo. A caixa de atenção é usada para enfatizar questões importantes e implica um momento de pausa para reflexão. Trata-se de pequenos trechos evidenciados devido a seu valor em relação à temática principal em discussão. A galeria de vídeos, por sua vez, aponta as produções audiovisuais que você deve assistir no ambiente online – aquelas que o ajudarão a refletir, de forma mais específica, sobre determinado conceito ou sobre algum tema abordado na disciplina. Se você quiser, poderá usar o QR Code para acessar essas produções audiovisuais, diretamente, a partir de seu dispositivo móvel. Por fim, na caixa de Aprenda mais, você encontrará indicações de materiais complementares – tais como obras renomadas da área de estudo, pesquisas, artigos, links etc. – para enriquecer seu conhecimento. Aliados ao conteúdo da disciplina, todos esses elementos foram planejados e organizados para tornar a aula mais interativa e servem de apoio a seu aprendizado! Bons estudos! NEGÓCIOS DIGITAIS 2 ....................................................................................................................................................... 0 Aula 3: Oferta e demanda em rede ............................................................................................... 3 Introdução ............................................................................................................................. 3 Conteúdo ................................................................................................................................ 3 Oferta e demanda em rede.............................................................................................. 3 Oferta e demanda: as figurinhas da Copa do Mundo ................................................ 5 O mercado de figurinhas ................................................................................................. 6 Oferta e demanda: linhas telefônicas ............................................................................ 9 O caso do Friendster ......................................................................................................... 9 Externalidade de rede ..................................................................................................... 11 Características das redes e negócios digitais ............................................................. 13 Atividade Proposta........................................................................................................... 14 Aprenda Mais ....................................................................................................................... 15 Referências........................................................................................................................... 16 Exercícios de fixação ......................................................................................................... 16 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 21 Aula 3 .....................................................................................................................................
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