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8ª ETAPA – MÓDULO 02 – PROBLEMA 04.1: HIV E AIDS INTRODUÇÃO • DEFINIÇÃO: O HIV é um retrovírus, vírus de RNA, que para infectar o ser humano necessita ter seu material genético transcrito de forma “reversa” em DNA, o único que pode se integrar ao genoma e ditar a síntese das proteínas virais utilizando a maquinaria enzimática do hospedeiro. • HIV-1 e HIV-2 são retrovírus da família Lentiviridae. • Pertencem ao grupo dos retrovírus citopáticos e não oncogênicos, necessitando, para se multiplicar, de uma enzima denominada transcriptase reversa, responsável pela transcrição do ácido ribonucleico (RNA) viral para uma cópia do ácido desoxirribonucleico (DNA), que pode então se integrar ao genoma do hospedeiro. • HIV-1 subtipo M é o mais comum. • Teoria da origem africana pela detecção de vírus semelhantes em primatas não humanos dessa região. • Teoria das variantes virais (subtipos) com diferentes índices de transmissibilidade e/ou patogenicidade. CARACTERÍSTICAS GERAIS • Reservatório: homem. • Modo de transmissão: via sexual (esperma e secreção vaginal), pelo sangue (via parenteral e vertical) e pelo leite materno. o O portador é transmissor desde o momento da aquisição. o O período de infecção aguda, a imunossupressão avançada ou outros processos infecciosos e inflamatórios (como outras ISTs) elevam o risco de transmissão. o Embora o vírus tenha sido isolado de vários fluidos corporais, como saliva, urina, lágrimas, somente o contato com sangue, sêmen, secreções genitais e leite materno têm sido implicados como fontes de infecção. • Incubação: 1-3 semanas entre a aquisição e a fase aguda. • Latência: média de 10 anos para AIDS e variável para sinais e sintomas da infecção pelo HIV. • Susceptibilidade: geral. Maior vulnerabilidade para HSH, mulheres profissionais do sexo, travestis, transexuais e pessoas que usam drogas. • Janela imunológica: 29 dias. HISTÓRICO • Em 1981, a vigilância epidemiológica dos EUA detectou aumentos significativos e absolutamente inesperados em certas doenças incomuns, porém típicas de portadores de imunodepressão avançada, como a pneumonia pelo Pneumocystis jiroveci (antigo P. carinii) e o sarcoma de Kaposi. o No entanto, em pouco tempo novos casos daquelas condições “esquisitas” também foram relatados em: ▪ Usuários de drogas ilícitas injetáveis ▪ Receptores de hemoderivados (ex.: hemofílicos) ▪ Mulheres que fizeram sexo com homens doentes e crianças nascidas dessas mulheres • Em 1982 o CDC mudou a denominação oficial de “GRID” para Aids (Acquired Immune Deficiency Syndrome). • Somente em 1983 o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) foi isolado e em 1984 sua relação causal com a Aids estabelecida. • Em 1985, surgiu a primeira geração de testes diagnósticos, permitindo a surpreendente constatação de que o HIV – naquela altura – já havia se Publicações preconceituosas do ano de 1983. disseminado por todo o globo terrestre, numa verdadeira pandemia da infecção. o Morte de o ator Rock Hudson, vítima da AIDS • 1986 – Nome oficial o O vírus recebe oficialmente o nome de Vírus da Imunodeficiência Humana – HIV o Presidente Reagan usa publicamente a palavra AIDS pela primeira vez. • Em 1987 o Proibida entrada de imigrantes com HIV nos Estados Unidos o Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz isolam o HIV-1 pela primeira vez na América Latina. o Início da administração do AZT (Zidovudina), medicamento utilizado em pacientes com câncer, para o tratamento da Aids. • Em 1988 a 1990 o FDA libera o uso de drogas ainda em estudos clínicos para tratamento de pessoa com AIDS o 01 de dezembro de 1988 – primeiro dia mundial contra a AIDS o Mudança do alvo terapêutico o Cientistas descobrem que o vírus circula no sangue e vai reduzindo a imunidade, muito antes do aparecimento dos sintomas da AIDS o O objetivo do tratamento passa a ser manter os níveis de vírus no sangue baixos. o Morre aos 32 anos, o cantor Cazuza, vítima da AIDS • 1991 a 1992 o O laço vermelho torna-se o símbolo da consciência sobre a AIDS o O atleta Magic Johnson anuncia que é portador do vírus do HIV o Cantor Freddie Mercury morre, vítima da AIDS o A AIDS se torna a primeira causa de morte entre homens de 25-44 anos nos Estados Unidos o FDA licencia o primeiro teste rápido o O AZT (Zidovudina) começa a ser distribuído pelo SUS • 1993-94 o Anúncio para o uso de preservativos como forma de prevenção da transmissão do HIV na televisão. o AZT começa a ser produzido no Brasil o Estudos mostram que o AZT pode cortar a transmissão do vírus de mãe para filho. • 1996-97 – Inicio da Era TARV (Tratamento Antirretroviral) o Inicio do uso do coquetel (zidovudina + Didanosina) para tratamento do HIV. o O tratamento é capaz de reduzir a taxa viral a níveis quase indetectáveis no sangue e reduz as mortes por HIV em 40%. o Morre o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, vítima da AIDS • 1998-2000 – Efeitos adversos dos ARV o Aumentam os casos de efeitos colaterais graves aos antirretrovirais o Aumenta o número de falhas ao tratamento o FDA aprova novas classes de ARV (inibidores de protease) o AIDS se torna a principal causa de morte no mundo entre pessoas de 15 a 59 anos • 2006-07 o UNAIDS recomenda a circuncisão como forma de redução do risco de transmissão da mulher para o homem em locais de alto risco. • 2008 o Novo aumento de casos novos entre homens que fazem sexo com homens. • 2010 Presidente Reagan demorou cinco anos para reagir à epidemia de Aids, período em que 21 mil americanos morreram da doença. o Revogação da lei de proibição de imigrantes portadores de HIV • 2012 – PrEP o FDA aprova o uso de Tenofovir/Entricitabina como Profilaxia Pré- Exposiçao – PrEP com o objetivo de prevenir novas infecções entre pessoas de alto risco. • 2016-17 – PrEP no Brasil / U=U o Anvisa libera o uso do Truvada (medicação usada para a Profiláxia Pré- exposição) no Brasil que passa a ser disponibilizada pelo SUS o CDC – Centro de Controle de doenças dos Estados Unidos, define que pessoas com Carga Viral indetectável não transmitem o vírus, mesmo em relações sexuais sem preservativo. É a campanha U=U (undetectable is untransmittable) ou seja, I=I (Indetectável é igual a Intransmissível) MORFOLOGIA DO VÍRION • Partícula icosaédrica de cuja superfície despontam espículas formadas por glicoproteínas (gp120 e gp41). • Quando o vírus brota da célula infectada ele carreia consigo um envoltório lipoproteico roubado de sua membrana e, nesse “envelope externo”, além das glicoproteínas virais encontram-se moléculas oriundas do hospedeiro, como o complexo principal de histocompatibilidade (MHC). • O HIV contém ainda um capsídeo (envelope interno) composto pelo antígeno p24. • Dentro do capsídeo estão encerrados o genoma viral (RNA) e enzimas como a transcriptase reversa. • Há dois tipos principais do vírus: HIV-1 e HIV2. o Cada tipo é dividido em grupos: ▪ M, N, P e O para o HIV-1 ▪ A a G para o HIV-2 • O grande responsável pela maioria dos casos de Aids no mundo é o HIV-1 do grupo M (“M” de Major), sendo o HIV-2 encontrado quase que exclusivamente no oeste da África (os casos de HIV-2 diagnosticados em outros países ― incluindo o Brasil ― em geral puderam ser diretamente relacionados a fontes do oeste africano). HISTÓRIA NATURAL CICLO REPLICATIVO DO HIV • O primeiro evento é a ligação da gp120 à molécula de CD4 presente na superfície da célula hospedeira. • Três tipos celulares principais expressam o CD4 e, por conseguinte, são estas as células primariamente infectadas pelo HIV: o Linfócito T helper; https://www.drakeillafreitas.com.br/profilaxia-pre-exposicao-ao-hiv/ https://www.drakeillafreitas.com.br/profilaxia-pre-exposicao-ao-hiv/ https://www.drakeillafreitas.com.br/hiv-indetectavel-e-intransmissivel/o Monócito/macrófago; o Célula dendrítica/célula de Langerhans. • A interação com o CD4 promove uma mudança conformacional na gp120 que expõe o sítio de ligação de um correceptor. • Dois correceptores podem estar presentes nas células hospedeiras: CCR5 e CXCR4. • A ligação do correceptor produz mais uma mudança conformacional que leva à exposição da gp41 o Estava “escondida” embaixo da gp120. • É a gp41 que realiza a FUSÃO entre o envelope externo do vírus e a membrana da célula. • O passo subsequente à fusão é a inoculação do capsídeo (envelope interno contendo o genoma e enzimas virais) no citoplasma. • No interior do citoplasma, tem início o processo de transcrição reversa. • Quando a transcrição do RNA genômico em DNA dupla-fita termina o capsídeo se abre liberando o DNA proviral. • Para que o DNA proviral penetre o núcleo da célula é preciso que a mesma esteja ATIVADA o Quando isso acontece, o DNA proviral é “costurado” ao DNA humano por ação da enzima viral integrase. o Estímulo imunogênico ativa a transcrição dos genes de defesa ABRINDO OS POROS DA MEMBRANA NUCLEAR o É pelos poros abertos que o DNA proviral consegue acessar o núcleo • Uma vez integrado ao genoma do hospedeiro, o DNA proviral começa a ser “lido” e, tanto RNA mensageiro quanto RNA genômico começam a ser sintetizados. o O RNAm é traduzido em proteínas. • Essas, por sua vez, se organizam próximo à membrana plasmática, onde são clivadas pela enzima viral protease tornando-se funcionalmente ativas. • O capsídeo é então montado (com incorporação do RNA genômico e enzimas), e brota da superfície celular “roubando” parte de sua membrana (que constitui o envelope externo do vírus). • A progênie viral recém-liberada está pronta para infectar novas células. • A doença causada pelo HIV é essencialmente caracterizada por uma queda progressiva na contagem de linfócitos T CD4+ (linfócitos T helper). • A perda dessas células ― que têm o papel de “maestros” do sistema imune – resulta no aparecimento de infecções e neoplasias oportunistas, culminando num estado de profunda imunodeficiência. • Diversos são os modos pelos quais o HIV compromete os linfócitos T CD4+ o Ocorre destruição direta pela replicação viral (efeito citopático) o Destruição indireta mediada pelo próprio sistema imune do hospedeiro, que reconhece e agride as células infectadas ▪ Ex.: citotoxicidade de linfócitos T CD8+, células natural killer e anticorpos anti-HIV o Ocorrem ainda os fenômenos de “exaustão celular” ou anergia (disfunção qualitativa) e apoptose (morte celular programada), ambos desencadeados pela ativação imune exagerada. DISSEMINAÇÃO DO VÍRUS • A maioria das infecções pelo HIV é adquirida pela via sexual • O HIV pode atravessar o epitélio de uma mucosa íntegra “pegando carona” em células dendríticas (que transitam entre esta camada e a lâmina própria) ou pode ser diretamente inoculado na lâmina própria através de uma solução de continuidade na mucosa (ex.: DST ulcerativa). • Uma vez na submucosa ele procura as células CD4+, em geral linfócitos T helper dispersos pelo interstício. • São as células “ativadas” as responsáveis pelos primeiros ciclos de replicação viral no organismo (primeiras horas da infecção) • Os vírions produzidos nesta etapa são drenados para os linfonodos regionais, onde encontram uma grande concentração de alvos suscetíveis • A partir daí a multiplicação viral se torna exponencial e o HIV invade a corrente circulatória atingindo a cifra de bilhões de cópias por ml nas próximas semanas (pico inicial de viremia), disseminando-se por todos os órgãos e tecidos do corpo. • Essa amplificação inicial do HIV será “freiada” pelo surgimento de uma poderosa resposta imune adaptativa especificamente voltada contra ele (que utiliza os braços celular e humoral da imunidade). o Tal resposta consegue apenas um controle parcial da viremia (fazendo- a cair em proporções variáveis). • Por este motivo, deve-se entender que a magnitude do pico inicial de viremia NÃO é fator prognóstico, porém, a viremia basal, após cerca de seis meses a um ano (que reflete a capacidade do sistema imune em atingir um “estado de equilíbrio” com o vírus, determinando o chamado set point da carga viral), permite uma previsão muito mais acurada da taxa de progressão da doença • Quanto mais alto for o set point da carga viral após seis meses a um ano do início da infecção, mais rápida será a evolução para a fase de imunodeficiência, pois menor é a capacidade do indivíduo em conter a replicação do HIV! • Desse modo, alguns pacientes evoluem em pouquíssimo tempo para a fase sintomática (Aids), enquanto outros levam anos para chegar lá ou mesmo não atingem tal estágio (“controladores de elite”). • Em média, transcorrem cerca de dez anos entre a infecção primária e o surgimento da Aids. • Vale lembrar que durante o pico inicial de viremia costuma surgir a síndrome retroviral aguda INFECÇÃO AGUDA (SÍNDROME RETROVIRAL AGUDA - SRA): • Síndrome retroviral aguda ou infecção primária • Manifesta-se em 50% dos pacientes • Caracteriza-se tanto por viremia elevada, quanto por resposta imune intensa e rápida queda na contagem de linfócitos T CD4+ de caráter transitório Imunidade celular eficiente – Sorologia negativa SET-POINT • Primeiras semanas da infecção pelo HIV até o aparecimento dos anticorpos ANTI-HIV (4 semana pós infecção!). • Viremia em níveis elevados (indivíduo altamente infectante). • É autolimitada e maior parte dos sinais e sintomas desaparece em três a quatro semanas. • A sorologia para infecção do HIV é geralmente negativa nessa fase. • Principais sintomas: (FAMFEC) febre, adenopatia, mialgia, faringite, exantema, cefaleia. • Cefaleia e dor ocular: manifestações neurológicas mais comuns! LATÊNCIA CLÍNICA (ASSINTOMÁTICA): • Fase de sintomas clínicos mínimos ou inexistentes • Os exames sorológicos para o HIV são reagentes e a contagem de linfócitos T CD4+ pode estar estável ou em declínio • Geralmente, a única alteração é a linfadenopatia (persistência da infecção aguda). • Presença da Linfadenopatia Generalizada Progressiva (LGP): linfadenopatia (>1 cm) em 2 ou mais cadeias por período > 3 meses, na ausência de uma causa óbvia. • Alterações laboratoriais: Plaquetopenia, Anemia e leucopenia leves, contagem de L TCD4+ > 350. FASE SINTOMÁTICA INICIAL (COMPLEXO RELACIONADO À AIDS - ARC): • Complexo relacionado à aids (ARC) Sinais e sintomas inespecíficos de intensidade variável, além de processos oportunistas de menor gravidade • Diminuição na contagem de LT-CD4+ (200 e 300 células/mm³). • Sintomas constitucionais (febre baixa, perda ponderal, sudorese noturna, fadiga), diarreia crônica, cefaleia, alterações neurológicas, infecções bacterianas (pneumonia, sinusite, bronquite) e lesões orais, como a leucoplasia oral pilosa, tornam-se mais frequentes, além de herpes-zoster. • Candidíase oral é um marcador de imunodepressão grave. AIDS: APARECIMENTO DE INFECÇÕES OPORTUNISTAS. • Paciente HIV+ compatível com os critérios Rio de Janeiro/Caracas* (mais sensível, menos específico) ou CDC adaptado • Entre as infecções oportunistas destacam-se: pneumocistose, neurotoxoplasmose, tuberculose pulmonar atípica ou disseminada, meningite criptocócica e retinite por citomegalovírus. • As neoplasias mais comuns são sarcoma de Kaposi, linfoma não Hodgkin e câncer de colo uterino. AIDS - SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA EPIDEMILOGIA • Maiores prevalências de HIV: o Sexo masculino o 20-29 anos o HSH (45% em 2018, heterossexuais 35% e outras causas 10%) o Maior em pardos (mais de 40%). • Maiores prevalências de AIDS: o Homens de 30-34 anos o Região Norte e depois Sul. • A principal forma de exposição em todo o mundo é a sexual• Nos países desenvolvidos, a exposição ao HIV por relações homossexuais ainda é maior, embora as relações heterossexuais estejam aumentando proporcionalmente como uma tendência na dinâmica da epidemia • A transmissão mediante transfusão de sangue e derivados é cada vez menos relevante nos países industrializados e naqueles que adotaram medidas de controle da qualidade do sangue utilizado, como é o caso do Brasil. FISIOPATOLOGIA 1. ligação de glicoproteínas virais (gp120) ao receptor específico da superfície celular (principalmente linfócitos T-CD4); 2. fusão do envelope do vírus com a membrana da célula hospedeira; 3. liberação do "core" do vírus para o citoplasma da célula hospedeira; 4. transcrição do RNA viral em DNA complementar, dependente da enzima transcriptase reversa; 5. transporte de DNA complementar para o núcleo da célula, onde pode haver integração no genoma celular (provírus), dependente da enzima integrase, ou a permanência em forma circular, isoladamente; 6. o provírus é reativado, e produz RNA mensageiro viral, indo para o citoplasma da célula; 7. proteínas virais são produzidas e quebradas em subunidades, por intermédio da enzima protease; 8. as proteínas virais produzidas regulam a síntese de novos genomas virais, e formam a estrutura externa de outros vírus que serão liberados pela célula hospedeira; e 9. o vírion recém-formado é liberado para o meio circundante da célula hospedeira, podendo permanecer no fluído extracelular, ou infectar novas células. • A interferência em qualquer um destes passos do ciclo vital do vírus impediria a multiplicação e/ou a liberação de novos vírus. • Atualmente estão disponíveis comercialmente drogas que interferem em duas fases deste ciclo: a fase 4 (inibidores de transcriptase reversa) e a fase 7 (inibidores de protease). QUADRO CLÍNICO FASE AGUDA • As manifestações clínicas podem variar, desde quadro gripal até uma síndrome que se assemelha à mononucleose o SÓ DETECTA O VÍRUS SE PEDIR CARGA VIRAL o SÓ DETECTA O VÍRUS SE PEDIR CARGA VIRAL o SÓ DETECTA O VÍRUS SE PEDIR CARGA VIRAL • Surge nas primeiras semanas de infecção pelo HIV (2-4 semanas) até o aparecimento dos anticorpos (soroconversão); o Linfadenopatia, letargia e astenia que podem persistir por meses • Ocorre em 50-90% dos contaminados; • Caracteriza-se por: Intensa resposta imune + Queda rápida e transitória do CD4 + Carga viral transitoriamente elevada; • Febre (80-90%), adenopatia, faringite, mialgia, artralgia, exantema maculopapular eritematoso; ulcerações mucocutâneas, envolvendo mucosa oral, esôfago e genitália; hiporexia, adinamia, cefaleia, fotofobia, hepatoesplenomegalia, perda de peso, náuseas e vômitos • Alguns pacientes, ainda, podem apresentar candidíase oral, neuropatia periférica, meningoencefalite asséptica e síndrome de Guillain-Barré • Os sinais e sintomas da SRA, por serem semelhantes aos de outras infecções virais, são habitualmente atribuídos a outra etiologia e a infecção pelo HIV comumente deixa de ser diagnosticada. FASE LATENTE • 5-10 anos (+/- 6 anos); • Queda gradativa do CD4 (>350cels/mm3) + Elevação da Carga Viral; • Assintomática (pode haver linfadenopatia generalizada em 50-70%). • Alguns pacientes podem apresentar uma LINFOADENOPATIA GENERALIZADA PERSISTENTE, flutuante e indolor o Pode aparecer em região cervical (mais frequente), submandibular, occipital ou também epitroclear o 2 ou + cadeias extrainguinais o Elásticos o > 1 cm o >3 meses o Cervical anterior e posterior • Se achou a linfadenopatia no exame físico...bora pedir um uns examezinhos complementares! FASE SINTOMÁTICA INICIAL • CD4 200-300cels/mm3; • A medida que a infecção progride aparecem sintomas constitucionais (febre, sudorese noturna, perda pondera e fadiga), diarreia crônica, cefaléia, alterações neurológicas, lesões orais, infecções bacterianas (pneumonia) e virais (herpes-Zoster). • Candidíase oral + um dos seguintes sinais e sintomas, com duração superior a 1 mês, sem causa identificada: linfadenopatia generalizada, diarreia, febre, astenia, sudorese noturna e perda de peso superior a 10% AIDS • CD4 < 200cels/mm3; • Aparecimento de infecções oportunistas (principalmente pneumocistose, neurotoxoplasmose, tuberculose atípica/disseminada, neurocriptococose, retinite/meningite por CMV). • As neoplasias mais comuns são o sarcoma de Kaposi, linfoma não-Hodgkin e câncer de colo uterino. • Complicações Crônicas: doenças cardiovasculares, alterações hepáticas, renais e ósseas, alterações • Neurocognitivas e neoplasias • CDC de 1993 • Inútil além para avaliação e estudos epidemiológicos • Em azul: FASE AIDS DIAGNÓSTICO • O diagnóstico de HIV é laboratorial. • A associação de fatores de risco com epidemiologia e evolução natural da doença só podem contribuir com a suspeição. DOENÇA DEFINIDORA DE AIDS! • AIDS não laboratorial: será considerado Caso de Aids todo indivíduo com 13 anos de idade ou mais, com teste laboratorial para o HIV não realizado ou de resultado desconhecido e que, eliminadas outras causas de imunodeficiência, apresentar pelo menos uma das seguintes doenças indicativas de aids diagnosticada definitivamente: o Candidíase extra o Citomegalovirose o Criptosporíase o Herpes simples extra o Leucoencefalopatia multifocal progressiva o Linfoma primário do cérebro o Micobacteriose o Pneumocistose o Sarcoma de Kaposi ou toxoplasmose cerebral o Afastadas outras causas de imunodeficiência grave • Janela diagnóstica: Considera-se adequado trabalhar com o período médio de janela imunológica de 30 dias. o No período de janela diagnóstica, os únicos testes capazes de identificar o vírus seriam os de biologia molecular, com a detecção de partículas virais, como a carga viral. o O resultado não reagente é liberado com base em um único teste; entretanto, caso persista a suspeita de infecção pelo HIV, uma nova amostra deverá ser coletada 30 dias após a data da coleta da primeira amostra. o O resultado reagente deve ser confirmado com um segundo teste diferente. Com base na especificidade dos testes de triagem, dois resultados reagentes são utilizados para o diagnóstico da infecção. o É importante ressaltar que todos os indivíduos recém-diagnosticados devem realizar o exame de quantificação da carga viral (CV) que, em realidade, compõe um terceiro teste e cujo resultado ratifica a presença da infecção no indivíduo. • Os testes para detecção da infecção pelo HIV podem ser divididos basicamente em quatro grupos: o Detecção de anticorpos; o Detecção de antígenos; o Cultura viral; e o Amplificação do genoma do vírus. A) TESTES RÁPIDOS • Imunoensaios simples: formação de complexos antígenos-anticorpos em precipitados. B) TRIAGEM SOROLÓGICA • ELISA (imunoenzimático): adsorção de antígenos virais com acréscimo do soro do paciente + antiimunoglobulina + peroxidase para, em caso positivo, provocar uma reação corada ao adicionar o substrato da enzima. • Imunofluorescência indireta (IFI): fixação de células infectadas (portadoras de antígenos) e incubação com o soro que se deseja testar. Depois acrescenta-se anti-Ig e avalia. • Imunoblot (IBI): teste com a metodologia DPP (plataforma de duplo percurso) que utiliza, como fase sólida, uma membrana de nitrocelulose que possui, fixados, antígenos do HIV distribuídos de acordo com seu peso molecular. C) CONFIRMAÇÃO SOROLÓGICA • Western Blot (WB): separação de proteínas virais por eletroforese. • Alta complexidade, especificidade e sensibilidade. TESTES MAIS COMUMENTE UTILIZADOS: IMUNOENSAIO • Primeira geração o Tem o formato indiretoo A presença de anticorpos específicos é detectada por um conjugado constituído por um anticorpo anti-IgG humana. o Em média, a janela de soroconversãoG dos ensaios de primeira geração é de 35 a 45 dias o Atualmente, esses ensaios deixaram de ser utilizados na rotina diagnóstica dos laboratórios • Segunda geração o Também tem formato indireto o Utiliza antígenos recombinantes ou peptídeos sintéticos derivados de proteínas do HIV o Em comparação com os ensaios de primeira geração, os de segunda geração são mais sensíveis e específicos, por conterem uma maior concentração de epítopos imunodominantes relevantes. o Em média, a janela de soroconversão dos ensaios de segunda geração é de 25 a 35 dias • Terceira geração o Tem o formato “sanduíche” (ou imunométrico) o Utiliza antígenos recombinantes ou peptídeos sintéticos tanto na fase sólida quanto sob a forma de conjugado. o Esse formato permite a detecção simultânea de anticorpos anti-HIV IgM e IgG o A possibilidade de detectar anticorpos da classe IgM torna esse ensaio mais sensível do que os de gerações anteriores o Em média, a janela de soroconversão dos ensaios de terceira geração é de 20 a 30 dias • Quarta geração o O ensaio de quarta geração detecta simultaneamente o antígeno p24 e anticorpos específicos anti-HIV o O componente de detecção de anticorpo tem o formato de “sanduíche”; portanto, detecta todas as classes de imunoglobulinas contra proteínas recombinantes ou peptídeos sintéticos derivados das glicoproteínas gp41 e gp120/160. o Em média, a janela diagnóstica dos ensaios de quarta geração é de aproximadamente 15 dias, dependendo do ensaio utilizado • As gerações de imunoensaios estão representadas como testes imunoenzimáticos do tipo ELISA (do inglês Enzyme-Linked Immunosorbent Assay) porque os primeiros testes que surgiram no mercado, de primeira geração, usavam essa metodologia. TESTES RÁPIDOS (TR) • Os testes rápidos (TR) são imunoensaios (IE) simples, com resultados em até 30 minutos, realizados preferencialmente de forma presencial (teste realizado na presença do indivíduo ou presencial) em ambiente não laboratorial com amostra de sangue total obtida por punção digital ou amostra de fluido oral. • Existem vários formatos de TR, e os mais frequentemente utilizados são: dispositivos (ou tiras) de imunocromatografia de fluxo lateral, imunocromatografia de duplo percurso (DPP) e imunoconcentração • Tendo em vista que os TR são desenvolvidos para detectar anticorpos anti-HIV em até 30 minutos, em comparação com os IE utilizados em laboratórios, cujo resultado pode levar até quatro horas, os dispositivos são otimizados para acelerar a interação antígeno/anticorpo. TESTES COMPLEMENTARES • Os testes complementaresG utilizam diferentes formatos e princípios. • Estão incluídos nessa categoria: o Western blot (WB) o Imunoblot (IB) ou imunoensaios em linha (LIA, do inglês line immunoassay), incluindo o imunoblot rápido (IBR) o Imunofluorescência indireta (IFI) • A IFI foi muito utilizada como teste complementar durante a primeira década da epidemia de HIV, mas atualmente foi substituída pelo WB e IB. • O WB e o IB empregam proteínas nativas do HIV separadas por eletroforese e transferidas para uma membrana (WB), ou proteínas recombinantes ou peptídeos sintéticos impregnados diretamente em membranas (IB). DIAGNÓSTICO POR DETECÇÃO DIRETA DO HIV • A infecção pelo HIV pode ser diagnosticada por meio da detecção direta de componentes do vírus, como o antígeno p24, ou com testes moleculares (TM) que detectam RNA ou DNA pró-viral. • A detecção do antígeno p24 do HIV-1, de RNA ou DNA, desempenha um papel importante quando a detecção de anticorpos não é possível. • Esses testes são especialmente úteis para o diagnóstico em crianças com idade inferior a 18 meses e na infecção aguda em adultos • É importante ressaltar que a maioria das pessoas com infecção aguda apresenta carga viral elevada e, consequentemente, maior risco de transmitir a infecção aos seus parceiros DIAGNÓSTICO UTILIZANDO AMOSTRAS DE SANGUE SECO EM PAPEL- FILTRO • As amostras de sangue seco em papel-filtro (DBS; do inglês dried blood spots) oferecem mais uma alternativa para a obtenção e transporte de amostras para o diagnóstico da infecção pelo HIV em locais em que a coleta por punção digital ou venosa ou a cadeia de frio para conservação e transporte de amostras não estiverem disponíveis • Independentemente de a amostra ter sido colhida em DBS, o diagnóstico da infecção pelo HIV somente será realizado por meio da completa execução de um dos fluxogramas definidos neste manual para testagem em laboratório. FLUXOGRAMAS PARA A TESTAGEM DA INFECÇÃO PELO HIV • Desde o início da epidemia do HIV, o diagnóstico sorológico da infecção é realizado com pelo menos dois testes, um inicial e um segundo, mais específico, para complementar o resultado do teste inicial • Dois ou mais testes combinados, formando um fluxograma, têm o objetivo de aumentar o valor preditivo positivo (VPP)G de um resultado reagente no teste inicial. Na maioria das situações, o fluxograma mais comumente utilizado inclui o emprego de testes em série ou sequenciais (fluxograma em série). • O fluxograma em série é lógico e custo-efetivo. O primeiro teste a ser realizado deve ser o mais sensível, seguido por um segundo teste mais específico, a fim de eliminar resultados falso-reagentes. Dessa forma, é importante selecionar a correta combinação de testes para garantir o diagnóstico preciso (WHO, 2015). • Apresentamos a seguir seis fluxogramas recomendados para o diagnóstico da infecção pelo HIV, considerando as diversas situações nas quais se faz necessária a realização do diagnóstico da infecção, além dos esclarecimentos e fundamentação de cada um desses fluxogramas. • Os Fluxogramas 1, 2 e 3 são os preferenciais por combinarem os testes que permitem agilizar o diagnóstico da infecção, sendo também os que apresentam maior resolutividade e, por esses motivos, o DIAHV os indica como sendo os de primeira escolha nas situações nas quais está recomendada sua aplicação. ESTRATÉGIAS PARA O DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO PELO HIV EMPREGANDO TESTES RÁPIDOS • Fluxograma 1 – Dois testes rápidos (TR1 e TR2) realizados em sequência com amostras de sangue • Todos os indivíduos que apresentarem resultados reagentes em dois testes rápidos devem realizar imediatamente o exame de quantificação da carga viral, cujo resultado confirma a presença do vírus, e contagem de linfócitos T-CD4+. • O Fluxograma 1 não é adequado para o diagnóstico da infecção pelo HIV em crianças com idade inferior ou igual a 18 meses, devido à transferência de anticorpos maternos anti-HIV pela placenta. • Este fluxograma não define o diagnóstico de infecção por HIV-2. • O Fluxograma 1 não é adequado para o diagnóstico da infecção aguda pelo HIV- 1. • Fluxograma 2 – Um teste rápido utilizando fluido oral (TR1-FO) seguido por um teste rápido utilizando sangue (TR2) • Todos os indivíduos que apresentarem resultados reagentes em dois testes rápidos devem realizar imediatamente o exame de quantificação da carga viral, cujo resultado confirma a presença do vírus, e a contagem de linfócitos T CD4+. • O Fluxograma 2 não é adequado para o diagnóstico da infecção pelo HIV em crianças com idade inferior ou igual a 18 meses, devido à transferência de anticorpos maternos anti-HIV pela placenta. • Este fluxograma não define o diagnóstico de infecção por HIV-2. • O Fluxograma 2 não é adequado para o diagnóstico da infecção aguda pelo HIV- 1 • Fluxograma 3 – Imunoensaio de 4ª geração seguido de teste molecular como teste complementar • O Fluxograma 3 é o que permite o diagnóstico mais precoce da infecção pelo HIV. • O Fluxograma 3 não é adequado para odiagnóstico da infecção pelo HIV em crianças com idade igual ou inferior a 18 meses, devido à transferência de anticorpos maternos anti-HIV pela placenta. • Este fluxograma não define o diagnóstico de infecção por HIV-2 • • • • Fluxograma 4 – Imunoensaio de 3ª geração seguido de teste molecular como teste complementar • O Fluxograma 4 emprega um imunoensaio de 3ª geração (IE3ªG) como teste inicial e um teste molecular (TM) como teste complementar • O IE3ªG deve ser capaz de detectar anticorpos anti-HIV-1, incluindo o grupo O, e anticorpos anti-HIV-2. • O Fluxograma 4 não é adequado para o diagnóstico da infecção pelo HIV em crianças com idade igual ou inferior a 18 meses, devido à transferência de anticorpos maternos anti- HIV pela placenta. • Este fluxograma não define o diagnóstico de infecção por HIV-2. • • Fluxograma 5 – Imunoensaio de 3ª geração seguido de western blot, imunoblot ou imunoblot rápido como teste complementar • O Fluxograma 5 emprega um imunoensaio de 3ª geração (IE3ªG) como teste inicial e um western blot (WB), imunoblot (IB) ou imunoblot rápido (IBR) como teste complementar para amostras reagentes no teste inicial • O IE deve ser capaz de detectar anticorpos anti-HIV-1, incluindo o grupo O, e anticorpos anti-HIV-2. • O Fluxograma 5 não é adequado para o diagnóstico da infecção pelo HIV em crianças com idade igual ou inferior a 18 meses, devido à transferência de anticorpos maternos anti-HIV pela placenta. • Este fluxograma não define o diagnóstico de infecção por HIV-2 • Fluxograma 6 – Imunoensaio de 4ª geração seguido de western blot, imunoblot ou imunoblot rápido como teste complementar • O Fluxograma 6 emprega um imunoensaio de 4ª geração (IE4ªG) como teste inicial e um western blot (WB), imunoblot (IB) ou imunoblot rápido (IBR) como teste complementar para amostras reagentes no teste inicial • O Fluxograma 6 não é adequado para o diagnóstico da infecção pelo HIV em crianças com idade igual ou inferior a 18 meses, devido à transferência de anticorpos maternos anti-HIV pela placenta. • Este fluxograma não define o diagnóstico de infecção por HIV-2. ESTRATÉGIAS PARA IDENTIFICAÇÃO PRECOCE DA INFECÇÃO PELO HIV EM CRIANÇAS MENORES DE 18 MESES • A passagem transplacentária de anticorpos maternos do tipo IgG anti-HIV, principalmente no terceiro trimestre de gestação, interfere no diagnóstico sorológico da infecção por transmissão vertical. • O EXAME DE CARGA VIRAL, para fins diagnósticos em crianças com idade inferior a 18 meses, deve ser realizado considerando as indicações do “Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em Crianças e Adolescentes” • Confirma com 2 positivos EXAMES COMPLEMENTARES INICIAIS PARA TODO PACIENTE HIV+ • Contagem de CD4. • Carga viral do HIV. • Hemograma. • Lipidograma. • Glicemia de jejum. • Bioquímica Hepática. • Bioquímica renal. • EAS. • Testes não treponêmicos (VDRL, RPR). • Sorologias para hepatites virais (A, B e C). • IgG anti-toxoplasma. • Sorologias para HTLV I e II e Chagas (em áreas endêmicas). • Prova tuberculínica. • RX de tórax. PREVENÇÃO E CONTROLE • Preservativos, espermicidas (associados aos preservativos), acolhimento de usuários de drogas injetáveis, normas de biossegurança para exposição ocupacional. • Quatro etapas: o (1) avaliação do risco da exposição; o (2) prescrição do esquema ARV; o (3) outras medidas no atendimento à pessoa exposta; o (4) acompanhamento clinicolaboratorial. AVALIAÇÃO DO RISCO DA EXPOSIÇÃO • Decidirmos se existe ou não indicação de PEP! • Temos que esclarecer: o (1) quando ocorreu a exposição; ▪ Urgência médica, pois, se houver indicação de PEP, o ideal é que esta seja iniciada em até 2 horas após o evento. ▪ O período máximo para se iniciar a PEP é de 72 horas após a exposição. Acima de 72h a PEP passa a ser contraindicada, pois não existe benefício documentado o (2) material biológico a que o paciente foi exposto; ▪ A PEP só poderá ser indicada na exposição a materiais infectantes ou potencialmente infectantes. o (3) tipo de exposição; ▪ A PEP só poderá ser indicada nas exposições que efetivamente acarretarem risco de transmissão. ▪ o (4) status sorológico do indivíduo exposto; ▪ A sorologia anti-HIV do paciente exposto SEMPRE deve ser determinada. Isso porque se o resultado for positivo (isto é, paciente previamente infectado pelo HIV) não fará sentido instituir a PEP ▪ Realizar teste rápido o (5) status sorológico da fonte. ▪ Sempre que possível o status sorológico da fonte também deve ser avaliado, e o método de escolha é igualmente o teste rápido • Profilaxia Pré-Exposição (PrEP): • Profilaxia Pós-Exposição (PeP): o Medida de prevenção de urgência à infecção pelo HIV, hepatites virais e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST), que consiste no uso de medicamentos para reduzir o risco de adquirir essas infecções em casos de violência sexual, relação sexual desprotegida ou acidente ocupacional. o Deve ser iniciada preferencialmente nas primeiras duas horas após a exposição e no máximo em até 72 horas. • A duração da PEP é de 28 dias e a pessoa deve ser acompanhada pela equipe de saúde. tra TRATAMENTO MEDICAMENTOS 1)INIBIDORES DA TRANSCRIPTASE REVERSA NUCLEOSÍDEOS (ITRN): • Nome genérico: Abacavir (ABC), Didanosina (ddI), Lamivudina (3TC), Zidovudina (AZT), Tenofovir (TDF), Estavudina (d4T) • Mecanismo de ação: Agem competindo com os nucleosídeos naturais na ligação com a transcriptase reversa. Impedem a infecção das células, pois atuam sobre a transcriptase reversa, impedindo que o RNA viral se transforme em DNA complementar. 2) INIBIDORES DA TRANSCRIPTASE REVERSA NÃO NUCLEOSÍDEOS (ITRNN) • Nome genérico: Efavirenz (EFZ), Nevirapina (NVP), Etravirina (ETR). • Mecanismo de ação: Agem de modo direto e não competitivo, interagindo com a enzima e causando sua inativação. 3) INIBIDORES DA PROTEASE (IP): • Nome genérico: Fosamprenavir (FAPV), Atazanavir (ATV), Darunavir (DRV), Lopinavir (LPV), Nelfinavir (NFV), Ritonavir (RTV), Saquinavir (SQV), Tipranavir (TPV). • Mecanismo de ação: Atuam impedindo a clivagem da protease do polipeptídeo precursor viral e bloqueia a maturação do vírus. 4) INIBIDORES DA INTEGRASE – (II): • Nome genérico: Dolutegravir (DTG) e Raltegravir (RAL). • Mecanismo de ação: Impede a integrase (integra o material genético do HIV no genoma do hospedeiro). 5) INIBIDORES DA FUSÃO - IF: • Nome genérico: Enfuvirtida (T20). • Mecanismo de ação: Inibe a ligação do vírus com a célula. 6) INIBIDORES DO CCR5-ICCR5: • Nome genérico: Maraviroc (MOC). • Mecanismo de ação: Inibe correceptores responsáveis pela entrada do vírus na célula. • Ocorre o acoplamento no receptor CD4, porém a glicoproteina gp41 do vírus NÃO interage com os co-receptores, não havendo a penetração do vírus na célula. • A estavudina (d4T), bem como o indinavir (IDV), não devem compor esquemas antirretrovirais! • Obs: ITRN + Inibidor de Integrase -Associa pelo menos 3 drogas!! Padrão: 1 ITRN + Inibidor de Integrase. Pelo menos 2 categorias de drogas. INÍCIO DO TRATAMENTO • As indicações de TARV vinham se tornando cada vez mais precoces, isto é, o valor de CD4 que autorizava o início do tratamento em indivíduos assintomáticos estava cada vez mais alto! • Passou-se a “estimular” o início imediato da TARV em todas as pessoas HIV+!!! • Quando Iniciar a TARV? TODAS AS PESSOAS HIV+, independentemente da contagem de CD4 e sintomas • COM QUE DROGAS COMEÇAR? • a HAART (HighlyActive Antirretroviral Therapy – introduzida na prática médica em 1995) revolucionou o tratamento do HIV ao demonstrar que o uso combinado de três agentes Antirretrovirais (ARV) é significativamente superior à monoterapia e à terapia dupla, promovendo uma redução na morbimortalidade da ordem de 60-80%. • Esquema preferencial: 2 ITRN/ITRNt (Lamivudina – 3TC e Tenofovir – TDF) + 1 INI (Dolutegravir – DTG) 3TC + TDF 300mg/300mg (2x1) + DTG 50mg 1x/dia • (ITRN = Inibidor de Transcriptase Reversa Análogo de Nucleosídeo; ITRNt = Inibidor de Transcriptase Reversa Análogo de Nucleotídeo) • A dupla de escolha é a associação de tenofovir com lamivudina (TDF/3TC). O tenofovir é o único ITRNt em uso clínico. • A TARV costuma ser bastante eficaz. Cerca de 80% dos indivíduos alcançam carga viral < 50 cópias/ml (abaixo do limite de detecção) após um ano de tratamento! • A durabilidade dessa supressão viral potente, inclusive, também tende a ser prolongada quando a TARV é utilizada da maneira correta, seja como tratamento inicial ou como “esquema de resgate”. • Falha virológica: o a) CV-HIV detectável após seis meses do início ou da modificação do tratamento, ou o b) Rebote da CV-HIV em indivíduos que haviam atingido supressão viral sob tratamento • OBS: Confirmar CV-HIV detectável com nova coleta após intervalo de quatro semanas do exame anterior. • 15% a 30% das pessoas que iniciam TARV se comportam como não respondedores imunológicos, isto é, apresentam deficiência na recuperação dos níveis de LT-CD4+. • A ausência de resposta imunológica ocorre mais frequentemente no início tardio de TARV, quando a contagem de LT-CD4+ inicial é muito baixa, e em idade avançada. • Principais causas: baixa adesão (esquecimento), esquemas inadequados (subótimos), fatores farmacológicos (quebra de comprimidos, interações) e resistência viral (em até 90% dos casos de falha virológica). • OBS: Chama-se blip viral uma medida isolada de CV-HIV detectável entre outros exames indetectáveis. COMORBIDADES A) RISCO CARDIOVASCULAR: • Pacientes infectados pelo HIV possuem um risco aumentado de doença cardiovascular, quando comparados à população geral. A ativação imune persistente, promovida pela infecção, com inflamação e lesão endotelial, colaboram para o aumento do RCV. Exemplos: dislipidemia, aumento da agregação plaquetária. B) LIPODISTROFIA: • A lipodistrofia tem um impacto importante na qualidade de vida das PVHIV, causando-lhes problemas físicos, psicológicos e sociais. A adesão à TARV tende a diminuir ao longo do tempo, após o diagnóstico de lipodistrofia. C) ALTERAÇÕES NEUROCOGNITIVAS: • O HIV apresenta um neurotropismo bastante acentuado, levando, frequentemente, ao aparecimento de manifestações neurológicas, tais como encefalopatia e neuropatia periférica, particularmente nas fases mais avançadas da infecção. D) TRANSTORNOS DA SAÚDE MENTAL: • Ansiedade, psicose, consumo de álcool e outras drogas. E) NEFROPATIAS: • Alterações da função renal relacionadas à imunodeficiência incluem distúrbios hidroeletrolíticos, glomerulopatias (glomeruloesclerose segmentar e focal), e até a doença renal crônica (DRC) por nefrotoxicidade direta viral. F) ALTERAÇÕES HEPÁTICAS: • Hepatites virais crônicas, toxicidade medicamentosa, abuso de álcool, doença gordurosa não alcoólica do fígado, esteatose e esteatohepatite são fatores importantes da doença hepática nessa população, com desfecho para cirrose hepática. A toxicidade hepática é um dos efeitos adversos graves mais comumente associados aos ARV. G) ALTERAÇÕES OSTEOARTICULARES: • Pacientes infectados pelo HIV podem desenvolver várias complicações ligadas aos ossos, as quais incluem baixa densidade mineral óssea (osteopenia), osteoporose, osteonecrose e mais raramente osteomalácia. INFECÇÕES OPORTUNISTAS TCD4 < 250 Coccidiomicose TCD4 < 200 Pneumocistose, Histoplasmose, Candidíase orofaríngea e esofágica TCD4 < 100 Neurotoxoplasmose e Neurocriptococose TCD4 < 50 Complexo micobactéria avium (MAC) e CMV grave A) NEUROCRIPTOCOCOSE (MENINGITE OU MENINGOENCEFALITE CRIPTOCÓCICA): • Causa mais frequente de meningite oportunista em PVHIV. As manifestações clínicas mais comuns são cefaleia, febre, mal-estar geral, náuseas e/ou vômitos, e rebaixamento do nível de consciência. • Além disso, o impacto sistêmico é frequente, podendo haver envolvimento pulmonar (por exemplo, consolidação lobar, infiltrados nodulares ou intersticiais) e cutâneo (por exemplo, pápulas umbilicadas semelhantes às lesões de molusco contagioso). • A punção lombar diagnóstica deve ser sempre realizada na suspeita clínica de meningite criptocócica e na ausência de contraindicações ao procedimento. • O tratamento é em três etapas: inicial de duas semanas (anfotericina B), consolidação de 8 semanas (fluconazol) e manutenção de 1 ano (fluconazol). B) NEUROTOXOPLASMOSE: • As manifestações clínicas mais comuns são cefaleia, sinais focais (hemiparesia, disfasia e outras alterações motoras). • Febre, convulsões e alteração do estado mental podem estar presentes. • O diagnóstico definitivo de NTX requer confirmação histopatológica. • Diagnóstico presuntivo com clínica e TC de crânio com e sem contraste. • Tratamento com Sulfadiazina + Pirimetamina (Bactrim) + ácido folínico. C) PNEUMOCISTOSE: • O início dos sintomas é tipicamente insidioso, sendo as manifestações clínicas mais comuns: febre (mais de 80% dos casos), tosse seca e dispneia progressiva. • O achado radiográfico mais típico de PCP é o infiltrado intersticial peri-hilar e simétrico. • Amostras biológicas obtidas por broncoscopia com LBA e biópsia pulmonar transbrônquica elevam a precisão do diagnóstico etiológico. • Tratamento com SMX-TMP em doses dependentes da gravidade clínica e corticoides em alguns casos. D) DOENÇA CITOMEGÁLICA: • Os principais sítios de infecção são retina e aparelho digestivo, podendo ser acometidos também pulmões, fígado, vias biliares e SNC (demência, ventriculoencefalite e polirradiculomielite). • Diagnóstico clínico complementado por fundoscopia sob dilatação pupilar, endoscopia digestiva alta (ulceração) e biópsia (inclusão intranuclear). • Tratamento à base de ganciclovir. E) CANDIDÍASE ESOFÁGICA E OROFARÍNGEA: • O sintoma mais comum de candidíase orofaríngea é o aparecimento de placas removíveis esbranquiçadas. • Pode se apresentar também como queilite angular ou pápulas eritematosas na mucosa. • Os sintomas típicos de candidíase esofágica incluem dor retroesternal difusa, disfagia e/ou odinofagia, normalmente sem febre. • O diagnóstico é clínico e pode ser indicada Endoscopia Digestiva Alta em caso de persistência dos sintomas. • O tratamento é à base de Fluconazol. F) HISTOPLASMOSE: • A pneumonia é a principal forma de apresentação, sendo o infiltrado pulmonar retículo-nodular difuso o achado radiológico mais característico. • Exames de cultura de sangue, amostras respiratórias e outros tecidos, especialmente medula óssea, são o padrão-ouro para o diagnóstico. • O tratamento é em três etapas: inicial de duas semanas (anfotericina B), consolidação de 1 ano (itraconazol) e manutenção (itraconazol). G) DIARREIAS CRÔNICAS: • Dois ou mais episódios de diarreia por dia com duração maior ou igual a 1 mês. • Determinar a causa da diarreia pode ser difícil e o exame das fezes para agentes específicos se faz necessário. • Agentes como Cryptosporidium parvum e Isospora belli, geralmente reconhecidos em fase mais avançada da doença causada pelo HIV, podem apresentar-se como expressão clínica autolimitada. • A diarreia pode ser manejada com adequações de dieta e medicamentos sintomáticos, como a loperamida. • Outras co-infecções de manifestação dermatológica: Sífilis(goma sifítica) e Leishmaniose tegumentar (lesões atípicas caracterizadas por máculas ou pápulas disseminadas podem ser encontradas). MANIFESTAÇÕES DERMATOLÓGICAS • Mais de 90% dos soropositivos apresentam uma ou mais dessas condições HANSENÍASE • A hanseníase é hiperendêmica nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil, bem como nas periferias das grandes metrópoles do Sul e Sudeste. • A coinfecção HIV-hanseníase é um problema crescente em nosso meio, principalmente na região Norte. DERMATITE SEBORREICA • Presente em metade dos casos, tende a ser mais grave quanto menor for o CD4. • Pode ser manifestação da SRI. • Caracteriza-se pelo surgimento de placas eritemato-descamativas em áreas naturalmente ricas em glândulas sebáceas (ex.: centro da face, ouvido externo, couro cabeludo, tronco superior e regiões intertriginosas). • Melhora com a TARV. FOLICULITE • Presente em até 20% dos casos, sendo mais grave quanto menor for o CD4. • Caracteriza-se por um rash papular e pruriginoso, acometendo face, tronco e superfícies extensoras. Melhora com a TARV. • Em longo prazo, o prurido pode resultar numa lesão cutânea crônica denominada prurigo nodularis. PSORÍASE • Esta condição NÃO É mais frequente nos soropositivos, porém é importante ter em mente que portadores prévios de psoríase (uma dermatose comum) geralmente evoluem com grande piora clínica após infecção pelo HIV+. • Inclusive, a doença pode assumir um padrão de "psoríase gutata" e se tornar refratária ao tratamento. HERPES-ZÓSTER • Presente em 10-20% dos casos, já pode se manifestar na fase de imunodepressão "moderada". • Na Aids propriamente dita, o zóster costuma acometer múltiplos dermátomos ao mesmo tempo. • A neuralgia pós-herpética (dor crônica após resolução das lesões cutâneas) tende a ser mais frequente nesses indivíduos. HERPES-SIMPLEX • Tende a ser crônico ou recorrente na Aids, com lesões mais graves (grandes áreas de ulceração confluente e dolorosa). • Faz diagnóstico diferencial com câncer em pacientes com úlceras perirretais que não cicatrizam. FARMACODERMIAS • Diversas drogas utilizadas por portadores do HIV podem ter a pele como "alvo" de reações adversas. Condições potencialmente letais, como a síndrome de Stevens-Johnson e a necrólise epidérmica tóxica (síndrome de Lyell), já foram descritas em associação a vários ARV. • Exemplos clássicos são a nevirapina e o abacavir, mas drogas mais recentes como darunavir e tipranavir também já foram responsabilizadas. • As sulfas, de um modo geral, são os desencadeadores mais comuns de farmacodermia na Aids. OUTRAS • Molusco contagioso e condiloma acuminado (verrugas anogenitais) são frequentes e podem ser abordados com medicações tópicas. • Rash eritematoso nodular pode ser um sinal de micose sistêmica (ex.: histoplasmose) ou micobacteriose (ex.: MAC), ou mesmo sarcoma de Kaposi. CD4 (céls/mm³) Profilaxia Cobertura < 200 Bactrim 800/160 mg, 3x/semana Pneumocistose < 100 Bactrim 800/160 mg, 1x/dia Pneumocistose + Toxoplasmose < 50 + Azitromicina 1.200 mg/semana Pneumocistose + Toxoplasmose + MAC
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