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LOGÍSTICA INTERNACIONAL Joaquim Jose Rodrigues da Fonseca Exportação Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar a documentação adequada para exportar. � Reconhecer a documentação utilizada para cadastro no SISCOMEX. � Analisar os principais desafios dos exportadores. Introdução O Comércio Internacional envolve basicamente os processos de com- pra e venda de bens e/ou serviços entre países. Dentre esses, estão as operações comerciais definidas como exportação e importação. Falar sobre operações internacionais é trabalhar com normas internacionais que norteiam esses produtos e serviços e, além disso, facilitar a negocia- ção entre as nações envolvidas e o crescimento do potencial de trocas comerciais entre elas. Neste capítulo, você irá estudar especificamente sobre o processo de exportação. O ato de exportar consiste em enviar algo para fora do país, e, portanto, conhecer as características da exportação ajuda-nos a definir soluções mais efetivas para que possamos alcançar os objetivos da nossa empresa. O objeto de estudo irá se basear na compreensão desse procedimento logístico dentro do cenário atual, buscando garantir a tomada segura de decisão e percebendo a sua grande importância para o desenvolvimento tecnológico, o aumento da competitividade, o atendimento à expectativa do cliente e o desenvolvimento do capital humano. Documentação básica para exportação O planejamento é a base para todo e qualquer procedimento logístico. Na expor- tação, é preciso estar atento para que os processos sejam executados de forma correta, sem gerar inconvenientes, como, por exemplo, o impedimento de entrada ao país de destino e problemas jurídicos para a empresa remetente. Sendo assim, a documentação ocupa o topo de prioridades que devem ser avaliadas com rigor. Os principais documentos requeridos para mercadorias que serão expor- tadas são: � Fatura proforma (proforma invoice): é o documento que formaliza a sua oferta perante o seu importador. Nela, estão contidas informações, como: produto, preço unitário, forma de pagamento, prazo da entrega, etc. Alguns exportadores abrem mão de elaborar esse tipo de documento. � Fatura comercial (commercial invoice): é emitida pelo exportador e representa a concretização da operação comercial. Confirma todas as informações colocadas na fatura proforma, ou seja, é uma espécie de cópia formalizada desta. � Packing list ou romaneio de carga: descreve a carga, ou seja, faz refe- rência à embalagem, aos volumes, etc. É o documento que dá suporte à logística, porque, tendo o conhecimento sobr eas mercadorias que chegarão, o importador consegue melhor adequar os seus recursos para recebê-las. � Nota fiscal: é o documento fiscal usado na circulação de mercadorias ou prestação de serviços que, neste caso, será apresentada à Receita Federal. � Instrução de embarque: é um documento de instrução, ou seja, descreve como a operação de exportação será realizada. Por exemplo, contém dados do exportador e do importador, trajeto, documentos que precisam ser emitidos, etc. Alguns exportadores abrem mão de elaborar esse tipo de documento. � Registro de exportação (R.E.): o despachante aduaneiro solicita esta autorização. Segundo a Receita Federal Brasileira, é o conjunto de informações de natureza comercial, financeira, cambial e fiscal, que caracteriza a operação de exportação de uma mercadoria e define o seu enquadramento (BRASIL, 2011, art. 184). � Declaração de exportação (D.E.): é também realizada por intermédio do despachante aduaneiro. Contém informações da nota fiscal e do registro de exportação. É o momento em que se dá início ao despacho perante as autoridades aduaneiras. Exportação2 Atualmente, o registro e a declaração de exportação podem ser substituídos pelo documento denominado Declaração Única de Exportação (DU-E). As informações contidas na DU-E são provenientes da nota fiscal. � Conhecimento de transporte ou carga: o conhecimento de transporte marítimo é denominado B/L (bill of landing), o aéreo é o AWB (airway bill), o rodoviário é o CRT(conhecimento rodoviário de transporte) e o ferroviário é o TIF(conhecimento de transporte de mercadorias por ferrovia). Ele é emitido pelo transportador e contém basicamente: ■ dados do exportador e do importador; ■ local de embarque e desembarque; ■ tipo de embalagem; ■ valor da mercadoria; ■ valor do frete. � Certificado de origem: este documento atesta a origem da mercadoria e, por meio dele, exportadores e importadores podem obter vantagens em decorrência de acordos internacionais ou de legislação específica. Ele depende do tipo de mercadoria que está sendo enviada e do local de destino. É preciso ressalvar que os documentos acima apresentados são os mais utilizados, não excluindo de apreciação outros que venham a ser necessários para o envio de mercadorias específicas. Portanto, fique atento ao tipo de mercadoria e país de destino. A Figura 1, a seguir, exemplifica o processo de exportação. 3Exportação Figura 1. Exemplo de exportação. Fonte: DreamStime. Para que possamos começar a exportar, é preciso estar cadastrado no RADAR (Registro e Rastreamento da Atuação de Intervenientes Aduaneiros). Documentação utilizada para o cadastro no SISCOMEX Segundo o próprio portal SISCOMEX (Sistema Integrado de Comércio Exterior), o objetivo é aumentar a transparência e eficiência nos processos logísticos, além de controlar as exportações e importações, simplificando o acesso aos serviços e sistemas governamentais e à legislação pertinente às operações de comércio exterior. O portal possibilita o cadastro de pessoas físicas e jurídicas que têm interesse em realizar operações de importação e exportação. A empresa precisa solicitar a habilitação de seu responsável legal ao SISCOMEX e credenciar seus representantes, para que estes possam realizar as atividades relacionadas ao despacho aduaneiro. Esse processo divide-se em três etapas: indicação do responsável legal, requerimento e credenciamento dos representantes legais. Exportação4 O SISCOMEX foi instituído pelo Decreto nº 660, de 25 de setembro de 1992. No site da Receita Federal Brasileira, para o requerimento, são necessários: 1. Formulário de Requerimento de Habilitação. 2. Cópia do documento de identificação do responsável legal pela pessoa. jurídica e do signatário do requerimento (se pessoas distintas). 3. Instrumento de outorga de poderes para representação da pessoa jurídica (quando for o caso). Além desses documentos, outros podem ser necessários. É bom lembrar que nem toda operação de exportação precisa de habilitação no SISCOMEX, como, por exemplo, importação, exportação ou internação intermediadas pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) ou de empresa de transporte expresso internacional. Os desafios da exportação O maior desafio dos exportadores, como já dito anteriormente, é buscar sempre o desenvolvimento tecnológico, o aumento da competitividade de seu negócio, o atendimento às expectativas do cliente e o desenvolvimento do capital humano. A tecnologia da informação, sendo empregada em prol da logística, ajudou a quebra de distâncias, e o que parecia impossível foi tornando-se realidade. Por exemplo, o transit time, que é o prazo que vai do embarque da carga para o frete internacional até o desembarque no ponto de destino, vem conseguindo ser reduzido de meses para dias, já que a informatização dos processos diminuiu o tempo gasto com a burocratização, otimizando as operações, principalmente no âmbito global. Isso possibilita que as organizações tornem-se cada vez mais competitivas na busca por participação nos mercados. 5Exportação O que falar a respeito dos clientes? Eles são a chave para a evolução dos negócios. Entendê-los não é apenas mais uma questão de lucro, mas de so- brevivência. Todo cliente cria valores por meio das experiências vividas nasrelações com os seus fornecedores. Portanto, a cada expectativa não atingida, menos valor será atribuído àquela empresa. A solidez nas organizações é oriunda das relações estabelecidas com os seus clientes. Devemos lembrar que todos os envolvidos nos processos logísticos são peças fundamentais para a manutenção da cadeia de suprimentos, que vai desde o fornecedor primário até o consumidor final. Cada ponto deve ser trabalhado para que os efeitos gerados sejam satisfatórios. Nenhum empreendimento ou negócio deslancha se não houver investimentos em capital humano. Por mais planejamento, tecnologia empregada e processos bem definidos que uma empresa possa ter, somente irá gerar valor se o capital humano estiver sendo bem empregado. Assim como qualquer outro recurso, sua manutenção e desenvolvimento tornam-se indispensáveis ao efetivo alcance de resultados. Esse é o caso dos despachantes aduaneiros, analistas logísticos, especialistas da área de gestão de pessoas, etc. Os despachantes aduaneiros são os responsáveis pelos trâmites alfande- gários, pelas exportações e importações. Acabam tornando-se uma espécie de consultores aduaneiros, já que buscam alcançar os resultados esperados pelos envolvidos e tornar esses processos mais eficientes. Os analistas logís- ticos encarregam-se de todos os processos que envolvem a cadeia logística e geralmente têm uma atribuição específica, compatível com a sua área de conhecimento. Existem analistas que apenas trabalham com operações de exportações, enquanto outros, apenas com importações, ou aqueles que se especializam em compras ou armazenagem — o objetivo é alcançar o que foi definido pela empresa. Já os profissionais de gestão de pessoas são peças fundamentais para a composição da equipe que desenvolverá o que foi definido no planejamento estratégico da organização. É de suma importância a escolha perfeita das pessoas adequadas para exercer cada tipo de função — caso contrário, os resultados esperados correm o risco de não serem atingidos. Portanto, podemos concluir que decisões logísticas certas provêm de um conjunto de atividades baseadas no planejamento, na cooperação e em previsões que contenham o mínimo de risco para o negócio. Exportação6 Acesse os links a seguir para saber mais sobre os desafios, as soluções, documentações, legislações e outras informações sobre exportações. Ministério da Fazenda: https://goo.gl/JRBYxA Portal Único SISCOMEX (legislações e exportações): https://goo.gl/PWdnXw A empresa ACB decidiu começar a exportar seus produtos para o mundo. Seu pla- nejamento associou três pontos que o departamento logístico julgou fundamentais, que são: � estudar o mercado que se pretendia atuar (pontos positivos e negativos do negócio); � verificar se a empresa tinha real capacidade para atender à demanda; � iniciar o processo de habilitação da empresa para tal operação. 7Exportação https://goo.gl/JRBYxA https://goo.gl/PWdnXw BRASIL. Decreto nº 660, de 25 de setembro de 1992. Institui o Sistema Integrado de Comércio Exterior - SISCOMEX. Brasília: Presidência da República, 1992. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d0660.htm>. Acesso em: 23 jan. 2018. BRASIL. Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Portaria SECEX nº 23, de 14 de julho de 2011. Brasília: MDCI, 2011. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/co- mercio-exterior/legislacao/862-portaria-secex-consolidada>. Acesso em: 23 jan. 2018. Leituras recomendadas AGRISHOW. Pensando em exportar? Entenda as vantagens de ter produtos com certifi- cação de origem. [S.l.]: Agrishow, 2017. Disponível em: <http://blog.agrishow.com.br/ pensando-em-exportar-entenda-as-vantagens-de-ter-produtos-com-certificacao- -de-origem/>. Acesso em: 29 dez. 2017. BALLOU, R. H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais, distribuição física. São Paulo: Atlas, 2010. BARSANO, P. R. Administração: guia prático e didático. São Paulo: Érica, 2013. BRASIL. Instrução normativa RFB nº 1.702, de 21 de março de 2017. Disciplina o despa- cho aduaneiro de exportação processado por meio de Declaração Única de Expor- tação (DU-E). Diário Oficial da União, Brasília, seção 1, p. 25, 23 mar. 2017. Disponível em: <http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotad o&idAto=81483>. Acesso em: 25 dez. 2017. BRASIL. Ministério da Fazenda. Receita Federal. Habilitação no comércio exterior. Brasília: MF, 2015. Disponível em: <http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/ manuais/habilitacao/Manual%20de%20Habilitacao%20-%20Arquivos/lista-docs- -pj-lim-ou-ilim.pdf>. Acesso em: 27 dez. 2017. CAXITO, F. Logística: um enfoque prático. São Paulo: Saraiva, 2011. COMEX BLOG. Site. [S.l.]: Comex Blog, c2018. Disponível em: <https://www.comexblog. com.br/>. Acesso em: 25 dez. 2017. IBSOLUTIONS. Site. São Paulo: IBSolutions, [2018?]. Disponível em: <http://www. ibsolutions.com.br>. Acesso em: 27 dez. 2017. PORTO GENTE. Conhecimento de embarque. [S.l.]: Porto Gente, 2016. Disponível em: <https://portogente.com.br/portopedia/73167-conhecimento-de-embarque>. Acesso em: 22 dez. 2017. Exportação8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d0660.htm http://www.mdic.gov.br/co- http://blog.agrishow.com.br/ http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotad http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/ https://www.comexblog/ http://com.br/ http://ibsolutions.com.br/ https://portogente.com.br/portopedia/73167-conhecimento-de-embarque Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo:
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